Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 64 Natal/RN | Agosto de 2021
Vocação:
UM CHAMADO DE DEUS
A ORDEM
SUMÁRIO EDITORIAL
A IGREJA, ESSE “ENTE VIVO”
Vocação:
UM CHAMADO DE DEUS
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CAPA
ENTREVISTA - “A oração é um grande meio para criar uma cultura vocacional”
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REPORTAGEM - Rádio 91.9 FM comemora 63 anos de história
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ARTIGO - Eu sou cringe, pago boleto e uso “rsrs” e “hahaha”
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VIDA PASTORAL - TV Santa Rita, motivação para evangelizar
EXPEDIENTE
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira CONSELHO EDITORIAL: Cacilda Medeiros Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida
EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) FOTO DA CAPA: Pixabay
Esta edição da revista convida o leitor a ampliar conhecimentos sobre a Igreja de Natal e suas ações. A Voz do Pastor, por exemplo, lembra o Mês vocacional, vivenciado agora em agosto. A entrevista também segue no chamado ao serviço na Igreja, abordando temas vocacionais, no mês dedicado às vocações. O artigo da Igreja é escrito por José Ferreira, fundador da comunidade Veni Creator, enfocando o chamado a ser “pai espiritual”. Completando as matérias na perspectiva das vocações, uma das reportagens aborda como descobrir a vocação, seja religiosa ou laica. Um artigo bem interessante traz um tema novo e até desconhecido para algumas pessoas, ao falar sobre várias rotulações, entre as quais a geração “cringe”. A segunda reportagem remeterá você aos anos de origem das Rádios Rurais do Rio Grande do Norte, começando por Natal, depois Mossoró e Caicó. A Rádio Rural de Natal completa 63 anos. As Rádios Rurais, no Rio Grande do Norte, tiveram papel importante no processo de alfabetização, com as escolas radiofônicas. Outros vários temas completam esta edição, como a TV Santa Rita, na editoria Vida Pastoral; o trabalho transformador de vidas por meio da Fraternidade São Camilo, que foi fundada pela Paróquia de São Camilo de Léllis, em Natal, na sessão “Em Ação”; e você ainda vai conhecer mais a sua Igreja, com abordagem sobre o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), sobre as paróquias que compõem o 4º Zonal e como ser um missionário, através do trabalho da Paróquia das Quintas. Por fim, você vai saber como “viajar sem sair de casa”, na coluna Viver. Como pode perceber, a Igreja é um “ente vivo”, porque é formada por pessoas em ação. Boa leitura!
COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Vitória Élida Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal
DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464 COMERCIAL: (84) 3615-2800
ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
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A ORDEM
PALAVRA DA IGREJA
NOVAS NORMAS SOBRE A MISSA ANTIGA
Francisco Papa
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As missas com o rito antigo não serão mais realizadas nas igrejas paroquiais; o bispo determinará a igreja e os dias de celebração”
4 AGOSTO DE 2021
O Papa Francisco publicou um motu proprio, no último dia 16 de julho, para redefinir as modalidades de uso do missal pré-conciliar. Após consultar bispos do mundo inteiro, ele decidiu mudar as normas que regem o uso do missal de 1962, que foi liberalizado como “Rito Romano Extraordinário” há catorze anos, por seu predecessor Bento XVI. O motu proprio «Traditionis custodes», sobre o uso da liturgia romana anterior a 1970, traz algumas principais novidades. A responsabilidade de regulamentar a celebração, segundo o rito pré-conciliar, volta para o bispo, moderador da vida litúrgica diocesana: “é de sua exclusiva competência autorizar o uso do Missale Romanum de 1962 na diocese, seguindo as orientações da Sé Apostólica». O bispo deve certificar-se de que os grupos que já celebram com o antigo missal «não excluam a validade e a legitimidade da reforma litúrgica, os ditames do Concílio Vaticano II e o Magistério dos Sumo Pontífices». As missas com o rito antigo não serão mais realizadas nas igrejas paroquiais; o bispo determinará a igreja e os dias de celebração. As leituras devem ser “na língua vernácula”, utilizando traduções aprovadas pelas Conferências episcopais. O celebrante deve ser um sacerdote delegado pelo bispo. O bispo também é responsável por verificar se é ou não oportuno manter as celebrações de acordo com o antigo missal, verificando sua “utilidade efetiva para o crescimento espiritual”. Na carta que acompanha o documento, o Papa Francisco explica que as concessões estabelecidas por seus predecessores para o uso do antigo missal foram motivadas sobretudo «pelo desejo de favorecer a recomposição do cisma com o movimento liderado pelo bispo Lefebvre». O pedido, dirigido aos bispos, de acolher generosamente as «justas aspirações» dos fiéis que solicitavam o uso daquele missal, «tinha, portanto, uma razão eclesial de recomposição da unidade da Igreja». Essa faculdade, observa Francisco, «é interpretada por muitos dentro da Igreja como a possibilidade de usar livremente o Missal Romano promulgado por São Pio V, determinando um uso paralelo ao Missal Romano promulgado por São Paulo VI». O Papa diz ficar triste com os abusos nas celebrações litúrgicas “de um lado e do outro”, mas também diz contristar-se por um “uso instrumental do Missale Romanum de 1962, cada vez mais caracterizado por uma crescente rejeição não só da reforma litúrgica, mas do Concílio Vaticano II, com a afirmação infundada e insustentável de que ele traiu a Tradição e a ‘verdadeira Igreja’”. Duvidar do Concílio, explica Francisco, “significa duvidar das próprias intenções dos Padres, que exerceram solenemente seu poder colegial cum Petro et sub Petro no Concílio ecumênico, e, em última análise, duvidar do próprio Espírito Santo que guia a Igreja”. Por fim, Francisco acrescenta uma razão final para sua decisão de mudar as concessões do passado: “é cada vez mais evidente nas palavras e atitudes de muitos que existe uma relação estreita entre a escolha das celebrações de acordo com os livros litúrgicos anteriores ao Concílio Vaticano II e a rejeição à Igreja e suas instituições em nome do que eles julgam ser a ‘verdadeira Igreja’. Este é um comportamento que contradiz a comunhão, alimentando aquele impulso à divisão... contra o qual o Apóstolo Paulo reagiu com firmeza. É para defender a unidade do Corpo de Cristo que sou obrigado a revogar a faculdade concedida por meus Predecessores”. FONTE: Portal Vatican News
A VOZ DO PASTOR
MÊS
A ORDEM
vocacional
Queridos irmãos e irmãs!
No mês de agosto, a Igreja no Brasil celebra o mês das vocações. A Igreja celebra, todos os anos, durante o mês de agosto, o mês vocacional e os quatro domingos já contam com sugestões de oração, que foram elaboradas pela Pastoral Vocacional do Brasil, em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É um momento importante para reflexão e celebração do dom recebido por Deus para o serviço do Reino. Em primeiro lugar, vocação é dom, é chamado. Mas, um chamado a uma relação. Deus não chama para fazer “coisas”, como se Ele quisesse escravos, empregados. Ele nos chama para dar-nos o seu amor. O amor de Deus, que é Deus mesmo, estabelece uma união, misteriosa sim, mas real. Claro, é uma união diferente da “união hipostática”, o que acontece na Encarnação do Verbo. É uma união com a mesma vida de Deus. Deus e nós, uma comunidade de amor, reflexo daquela que é a melhor comunidade, a Santíssima Trindade. Portanto, vocação, chamado dirigido a todos, é a experiência da intimidade divina, da santidade de Deus em nossa vida, da espiritualidade que não significa cuidado com a alma e desprezo pelo corpo, mas cuidado com a pessoa inteira, na unidade de corpo e alma, espírito e matéria. Deus nos chama a fazer parte de sua vida, a entrar na sua relação de Pai e Filho e Espírito Santo. Como Deus nos criou à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26-27) e, sendo Cristo Jesus a imagem do Deus invisível (cf. Cl 1,15), podemos dizer que Deus nos cria para sermos “filhos no Filho”, para imprimir em nós a imagem do seu Filho. Ah! Dom inestimável, maravilhoso intercâmbio! Deus dá origem à natureza humana para unir a ela a sua própria natureza. Eis o sentido primordial, fundamental da vocação. Mas, o dom recebido não é para proveito somente de quem recebe. Sim, o primeiro beneficiário do dom é o próprio receptor. Porém, o dom de Deus é, por natureza, dom para os outros. Vocação, portanto, é dom que se une ao serviço, à missão. Jamais Deus chama para uma relação unilateral: Deus e eu. Mas, sempre, Deus para nós. Vemos isso claramente no modo como Jesus nos ensina a dirigir nossa oração a Deus: “quando orardes, dizei Pai nosso” (Lc 11,2). Ou ainda: “Vai dizer aos meus irmãos: subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20, 17b). Viver a vocação é sempre viver com e para os outros. Isso requer compreensão de que os outros vivem com a mesma vocação: todos são chamados por Deus a participar da vida de Deus. Ninguém é excluído. Também é para todos o chamado à missão. Papa Francisco, em duas ocasiões, ressaltou essa universalidade da missão: “Em todos os batizados, desde o primeiro ao último, atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar... Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28, 19)” (FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 119-120). E, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate nos ensina: “Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo. Assim nos ensinaram os Bispos da África ocidental: ‘Somos chamados, no espírito da nova evangelização, a ser evangelizados e a evangelizar através da promoção de todos os batizados para que assumam as suas tarefas como sal da terra e luz do mundo, onde quer que se encontrem’ – Conferência Episcopal Regional da África Ocidental, Mensagem pastoral no final da II Assembleia Plenária (29 de fevereiro de 2016), 2 (n.33). Vivamos o mês vocacional com alegria e empenho, agradecidos pelo chamado e prontos para colocar nossos dons a serviço do Povo santo de Deus. Amém!
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
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Vocação é dom, é chamado”
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A ORDEM
Há cerca de 40 anos, a Igreja Católica, no Brasil, dedica o mês de agosto às vocações. A cada semana, os fiéis são chamados a refletir e a rezar sobre uma vocação específica. Na opinião do Pe. João Cândido da Silva Neto (Padre Joãozinho), assessor da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “está crescendo a consciência de que o Mês Vocacional não é uma coisa de apenas um grupo ou uma pastoral, mas é de toda a Igreja, isto é, de todas as pastorais, organismos, comissões; enfim, é um tempo oportuno para que cada pessoa possa pensar a sua própria vocação”.
“A ORAÇÃO É UM GRANDE MEIO PARA CRIAR UMA CULTURA VOCACIONAL” 6 AGOSTO DE 2021
ENTREVISTA A ORDEM
Por que agosto é o “Mês Vocacional”? Padre Joãozinho: Agosto é o Mês Vocacional na Igreja do Brasil, desde o início da década de 80. É um mês especialmente dedicado às vocações porque em agosto já celebramos o dia do padre (dia 04), o dia do diácono (dia 10) e o dia dos pais no segundo domingo do mês. Então, a Igreja pensou em dedicar cada domingo a uma vocação especial, sendo o primeiro dedicado às vocações dos ministros ordenados (diáconos, padres e bispos); o segundo, a vocação à vida matrimonial; o terceiro, dedicado à vocação dos religiosos/as e dos consagrados/as seculares; e o quarto domingo, comemoramos a vocação dos cristãos leigos e leigas. E, no ano que tem cinco domingos, o último é dedicado especialmente à vocação do catequista. Qual o tema e seu significado para o Mês das Vocações 2021? Padre Joãozinho: Cada ano, a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB escolhe um tema e um lema para ajudar as comunidades na reflexão e oração sobre a vocação. Para este ano de 2021, o tema escolhido é “Cristo nos salva e nos envia”. E o lema: “Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna” (cf. Jo 5,24). O tema foi escolhido a partir das três verdades fundamentais que o Papa Francisco escreveu na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit. São elas: Deus te ama, Cristo te salva, Ele vive! No ano passado, 2020, o tema refletiu sobre o amor de Deus por nós. Somos amados e chamados por Deus. Este ano de 2021, o tema quer refletir sobre esta outra grande verdade: Cristo te salva. Por isso, ficou assim: “Cristo nos salva e nos envia”. O
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É um mês especialmente dedicado às vocações porque em agosto já celebramos o dia do padre (dia 04), o dia do diácono (dia 10) e o dia dos pais no segundo domingo do mês
Evangelho de João (13,1) diz que Jesus “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Foi por amor que Jesus entregou a sua vida para nos libertar do pecado e nos dar a salvação. O papa Francisco disse que “Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (EG 1). Na origem e na descoberta de toda vocação, está a experiência de se sentir amado e salvo por Jesus, a experiência de um encontro com Ele que enche o coração de alegria, de luz e de sentido para a vida. O lema do Mês Vocacional nos remete à importância e à centralidade da Palavra de Deus. Jesus diz: “Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna” (Jo 5,24). O Evangelho é Palavra de salvação, que nos dá a vida eterna, isto é, a vida verdadeira. No contato com o Evangelho, a pessoa vai escutando o chamado de Jesus para estar com ele e também escuta a sua palavra que envia para a missão. O mesmo Jesus que chama é o mesmo Jesus que envia. Cristo nos salva e nos envia. Que iniciativas serão realizadas, em nível nacional, para celebrar este mês? Padre Joãozinho: Temos algumas iniciativas, em âmbito nacional. Toda sexta-feira, na TV Aparecida, das 11h35 às 11h45, temos um momento de reflexão sobre as várias vocações específicas no Programa Igreja em Saída. A Comissão, através da Edições CNBB, realiza no mês de agosto, toda segunda-feira à noite, uma Live Vocacional. No site da CNBB, temos cada semana um artigo de um bispo, refletindo sobre um tema vocacional. E a Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada preparou um subsídio, chamado Hora Vocacional. Este subAGOSTO DE 2021 7
A ORDEM
ENTREVISTA
sídio, publicado pela Edições CNBB, contém várias Leituras Orantes da Palavra de Deus, Rodas de Conversa, Vigília Vocacional e um Terço Vocacional. É um livro sobretudo de oração. É destinado aos jovens, aos casais, aos religiosos, religiosas, consagrados, consagradas, catequistas, padres. É um subsídio para todas as comunidades cristãs. O Hora Vocacional pode e deve ser usado também em outros momentos do ano; não é um livro restrito apenas para o mês de agosto. Esta é uma grande vantagem deste subsídio. Quais as recomendações da Comissão da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, da CNBB, para as Dioceses e paróquias, para este mês de agosto? Padre Joãozinho: A Comissão da CNBB deseja que toda a Igreja do Brasil viva intensamente este Mês Vocacional, porque “toda vida é vocação”, como dizia São Paulo VI. É muito importante que as arquidioceses, dioceses, prelazias, paróquias e comunidades utilizem com criatividade o subsídio Hora Vocacional. Além deste material, é claro, temos tantos outros que podem ajudar as nossas comunidades a refletir sobre o tema deste mês. Está crescendo a consciência de que o Mês Vocacional não é uma coisa de apenas um grupo ou uma pastoral, mas é de toda a Igreja, isto é, de todas as pastorais, organismos, comissões, enfim, é um tempo oportuno para que cada pessoa possa pensar a sua 8 AGOSTO DE 2021
ENTREVISTA A ORDEM
própria vocação. As vocações são diversas, diferentes, assim como diferentes são as pessoas. Então, se faz necessário que a Igreja, em cada local, propicie momentos de celebração, reflexão e oração para a descoberta, o discernimento e o processo de caminhada vocacional de cada membro da comunidade. Como o senhor vê o despertar para as vocações religiosas e sacerdotais, no Brasil, nos tempos atuais? Padre Joãozinho: Esta pergunta foi dirigida de forma bem pessoal, de como eu vejo o despertar das vocações, sobretudo para a vida religiosa e sacerdotal. Antes, porém, gostaria de lembrar que a humanidade está vivendo uma grande crise, uma verdadeira mudança de época, e a Igreja, consequentemente, também vive no meio desta crise. Portanto, hoje há uma crise religiosa, de fé e uma crise de vocações. Mas, sempre depois de uma noite escura, vem o amanhecer de um novo dia. De uma situação de crise, nasce algo novo. Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos, é a esperança que nos anima e fortalece. Em meio a situações difíceis, como sempre em toda a história, o bom Deus continua chamando homens e mulheres para o seu seguimento. A vocação, seja ela qual for, é sempre um chamado de Jesus. Por isso, a Igreja promove as vocações pela oração e pelo testemunho alegre dos que já são consagrados ao Senhor. Em sintonia com o tema do Mês Vocacional 2021, que mensagem deixa para os leitores da revista A Ordem? Padre Joãozinho: Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer por esta oportunidade para falar sobre o Mês Vocacional da Igreja no Brasil. Desejo a você, meu irmão e minha irmã, que aproveite bem este tempo de graça do Senhor para a sua vida. O mês vocacional constitui um momento especial para escutar a Palavra de Deus e experimentar a salvação que Ele nos dá. A alegria que nasce desta experiência de encontro com Cristo nos leva a querer comunicar o amor e a salvação dele para todas as outras pessoas (Cristo nos salva e nos envia). Temos também uma boa notícia. De novembro de 2022 a novembro de 2023, vamos celebrar o 3º Ano Vocacional do Brasil. Desde já, queremos pedir a você a oração por este grande acontecimento da nossa Igreja. A oração é um grande meio para criar em nossas comunidades uma cultura vocacional. Rezemos por todas as vocações!
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No contato com o Evangelho, a pessoa vai escutando o chamado de Jesus para estar com ele e também escuta a sua palavra que envia para a missão.
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A ORDEM
O ÇÃO M O PR
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2 concorra 1 Geladeira + R$ 1.000 em compras no Rede Mais
3 sorteio Dia 29 de agosto, durante o aniversário da 91.9 FM, com transmissão ao vivo pela rádio, YouTube e Facebook.
10 AGOSTO DE 2021 Promoção válida para doações realizadas no período de 09 a 29 de agosto de 2021.
ARTIGO A ORDEM
Paternidade ESPIRITUAL Pais espirituais, na tradição católica, são todos os padres, bem como, todos aqueles que deram origem a um caminho de vida evangélica (fundadores), nos quais, Deus, o Pai por excelência, inscreveu sua essência criadora, a fim de que, pelo Espírito, gerassem filhos e filhas, seja no âmbito das famílias paroquiais ou no seio das diversas instituições de vida consagrada, espalhadas em todo o mundo. Paternidade espiritual, em sentido amplo ou estrito, é sinônimo de origem, raiz, gênesis... Sua menção sempre me reporta à criação, quando a terra, informe e vazia, é significativamente transformada, e o caos inabitável torna-se cosmos, porque o Espírito Paterno, que pairava, pousou sobre a obra. Aqui, em breve síntese, se faz necessário dizer: Somos, originariamente, “um terra” em criação e, portanto, necessitados dessa essência que confere significado, harmonia e identidade. Todas as coisas criadas foram, anteriormente, um projeto que, em si, já comportavam uma razão de ser. Quem criou o clipe (prendedor de papel), por exemplo, antes pensou na sua funcionalidade, no seu lugar preciso, na sua essência e, porque não dizer, na sua vocação. Nessa ótica, porém, longe e incomparável a um clipe, podemos focar o homem como um pensamento Divino antes da criação do mundo (cf. Ef 1, 4); projeto que também comportava em si a sua vocação, ou seja, o seu chamado a ser, a realizar-se, a encontrar o seu lugar preciso e sua “funcionalidade”. Inscrito no coração do homem, encontra-se, também, o desejo de conhecer esse pensamento, esse projeto, esse eu ideado por Deus; enfim, a sua identidade, o seu significado que, se desvelados, conduzem o homem a uma harmonia interior, e, em sentido contrário, o fazem retroceder ao caos, ao informe, ao vazio, à poeira originária (cf. Sl 103, 29b). Mas, como desvendar esse projeto? Como conhecer esse eu ideado por Deus? Voltemos àquela essência criadora inscrita por Deus no coração dos padres e fundadores. Pois bem, tal essência, também chamada carisma, “é precisamente esse projeto. Descobri-la significa conhecer-se. Vivê-la significa realizar-se em plenitude, [...].” (CENCINI, 2002, p. 56). É, aqui, precisamente, onde entra a figura dos pais espirituais. Essa matriz carismática geradora de identidade e de sentido torna-se visível e compreendida, a partir da presença dos pais espirituais. Sim, porque portadores, por graça de Deus, de um determinado carisma, são os únicos capazes de transmitir essa “genética espiritual”, formando a família, o espaço habitável, o cosmos onde tudo tem forma, nome e harmonia. Hoje, a figura paterna e, leia-se também, a figura dos pais espirituais, vem sendo atacada e desconstruída por vãs doutrinas e, como consequência, podemos identificar um mundo já caótico, no qual as pessoas, sem os parâmetros aqui traçados, buscam diversas formas de autoidentificação, numa espiral cada vez mais distante daquilo que foi idealizado por Deus. Concluo, aqu,i com o vigente apelo da parábola do filho pródigo. De volta à casa, um abraço, cura daquilo que faz pesar o coração. As sandálias restituem a segurança e o anel, a dignidade de filho. A roupa nova recompõe a sua imagem; a alegria do amor promove a festa da reintegração do seu amado.
José Ferreira Santos Fundador da Comunidade Católica Veni Creator Spiritus
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“Paternidade espiritual, em sentido amplo ou estrito, é sinônimo de origem, raiz, gênesis...”
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A ORDEM
CAPA
Agosto: UM MÊS DEDICADO ÀS VOCAÇÕES
Durante este período, Igreja nos convida ao zelo e compromisso para com a vocação Por Luiza Gualberto
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Neste mês de agosto, a Igresagrada e, no quarto, a vocação ja católica, no Brasil, vivencia as dos leigos. Nos anos em que o vocações. A cada domingo, uma mês possui cinco domingos, o úlvocação é contemplada e celetimo é dedicado a celebrar o miA palavra brada. Esse período foi assuministério do catequista. do em âmbito nacional desde vocação vem 1981, por Dioceses e Regionais O que é vocação? do latim da Conferência Nacional dos Bis O dicionário define vocação pos do Brasil (CNBB), com o in- vocare, que como o ato ou efeito de chamar tuito de ser um tempo especial de (-se); denominação. Para a Igreja, significa reflexão e oração pelas vocações esse significado vai muito além. É chamar, e ministérios. Neste ano, a equia partir da vocação que nos insechamado” rimos na vida da Igreja e com ela pe organizadora escolheu como tema para o período, “Cristo nos fazemos comunhão. Segundo o salva e nos envia” e lema “Quem seminarista Felipe Andrew, aluno escuta a minha Palavra possui a do 3º ano do curso de Teologia do vida eterna” (cf. Jo 5-24). Quais são as vo- Seminário de São Pedro e que é promotor vocações celebradas no mês de agosto? No cacional da Pastoral Vocacional do Seminário, primeiro domingo, celebra-se a vocação do além de integrar o Serviço de Animação Vocaministro ordenado, onde estão inseridos os cional (SAV) arquidiocesano, para a Igreja, a padres e diáconos. Já no segundo domingo, vocação tem o sentido de continuar a missão se comemora a vocação familiar, pegando o de Jesus. “A palavra vocação vem do latim vogancho do dia dos pais. No terceiro domingo, care, que significa chamar, chamado. E esse a Igreja faz memória à vocação à vida con- é o chamado que Jesus faz a cada um de nós, 12 AGOSTO DE 2021
CAPA A ORDEM
para sermos felizes, conforme os desígnios de Deus e o projeto de vida que não é só nosso, mas do Pai”, afirma. Ainda de acordo com Felipe, esse projeto de vida visa a edificação do reino de Deus. “Cristo nos convida de modo peculiar a realizar esse anúncio, a partir da forma como ele nos chama a servir”, frisa.
Arquivo pessoal
Como discernir a vocação? Ninguém nasce sabendo para qual vocação Deus nos chama. É preciso discernir, por meio da caminhada e vivência da fé. A partir desses aspectos, vamos identificando qual o propósito de Deus em nossas vidas. Segundo Felipe Andrew, o despertar vocacional acontece no dia a dia, a partir dos acontecimentos da nossa vida. “O despertar vocacional é um processo. E quando a gente fala em processo, se remete a um caminho. É preciso que o vocacionado esteja disposto a trilhar este caminho. Um caminho que exige, sobretudo, oração. Oração, não para que Deus faça a nossa vontade, mas, sim, que a vontade dele se cumpra em nós. É nesse diálogo com Deus, que Ele vai revelando o seu amor, a sua vontade e inflamando no vocacionado o desejo, cada vez mais ardente, de segui-lo e servi-lo”, destaca.
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Desde 1981, CNBB incentiva Dioceses e Regionais do Brasil à celebrar o Mês Vocacional”
Felipe Andrew, aluno do 3º ano do curso de Teologia do Seminário de São Pedro
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A ORDEM
CAPA Cedida
Encontro vocacional promovido pelo SAV na Casa do Menor Trabalhador
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Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso eisme aqui” (Papa Francisco)
Crise nas vocações É verdade que as vocações em suas variadas formas passam por um tempo de crise, advindas, muitas vezes, das mudanças na sociedade. São os sinais dos tempos. A Igreja deve estar atenta a esses sinais e incentivar, cada vez, novas vocações, principalmente nos jovens. Segundo dados da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), com base no censo anual da Igreja, em 2009, já era possível constatar uma crise na renovação de religiosas na Igreja Católica no Brasil. Na mensagem para o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, em 2018, o Papa Francisco destacou que o Senhor continua, hoje, a chamar para O seguir. “Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso “eis-me aqui”, nem nos assustar com as nossas limitações e pecados, mas, acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no hoje que Deus nos concede”, reforçou. De acordo com o padre João Cândido, assessor da Comissão para os Ministérios ordenados e a vida consagrada da CNBB, o mês vocacional é um período oportuno para rezar pelas vocações. “O melhor modo de promovermos a cultura vocacional e o incentivo para a realização do Mês vocacional em todo o Brasil é através da oração”, ressalta. Vivência do Mês Vocacional Para a vivência do Mês Vocacional, na Arquidiocese de Natal, o Serviço de Animação Vocacional (SAV), preparou uma programação virtual, tendo em vista a pandemia do novo coronavírus. Será um “Bate-papo vocacional”, transmitido pela página do Instagram @savnatal durante todas as quartas-fei-
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CAPA A ORDEM
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Ninguém nasce sabendo para qual vocação Deus nos chama. É preciso discernir, por meio da caminhada e vivência da fé ras do mês de agosto, às 20h30, sempre refletindo uma vocação. Vocação profissional Além do chamado à vocação para as várias formas de servir à Igreja, somos chamados às diversas vocações na vida profissional. Segundo a psicóloga Lavínia Vasconcelos, em entrevista publicada na Revista A Ordem, edição de agosto de 2016, cada pessoa tem sua história de vida e quando se fala em vocação, a psicologia atua no sentido de uma orientação vocacional para auxiliar nesse processo de escolha. “Antigamente, a gente vivia o que se chamava de teste vocacional, mas, ao logo do tempo, percebemos que cada indivíduo tem sua história e quando pensamos em teste, nos remetemos a algo com padrões pré-estabelecidos, mas, existem inúmeros padrões na sociedade, que não conseguimos mensurar com uma simples testagem”, diz. “A pessoa tem que analisar o que ela quer para o futuro, quais habilidades possui e de que forma isso interfere na forma de se inserir no mercado de trabalho. Uma coisa importante a ser analisada na escolha profissional, é se a pessoa se vê fazendo aquilo para a vida toda. Acredito que não tenha uma coisa que interfira mais na escolha de uma profissão, mas, sim, um conjunto de fatores”, acrescenta Lívia.
Cedida
Encontro vocacional no Seminário de São Pedro AGOSTO DE 2021 15
, Ser Missionario
Uma vida dedicada à vocação do laicato Por Maria Beatriz Melo Coordenadora da Pastoral da Comunicação Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Quintas, Natal-RN
João Maria Batista do Nascimento Júnior, 57 anos, casado com Maiza de Souza, com quem tem um filho, participante do Movimento Vicentino, coordenador do Terço dos Homens, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e colaborador da coordenação arquidiocesana do movimento. João, como é conhecido, iniciou a vida missionária na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no ano de 1991, com o sacramento da crisma, a convite da sua esposa, Maiza. Mas, desde o início da caminhada, desenvolveu trabalhos no Bairro do Bom Pastor, onde residia na época, ajudando crianças e adolescentes, através do esporte e da formação intelectual e religiosa. Após o crisma, ingressou no grupo de Jovens JSC/RCC e na Pastoral da Catequese, permanecendo até o ano de 1995. Em 1993, participou dos encontros vocacionais no seminário de São Pedro e, em 1994, participou do Grupo Vocare, até o ano de 1996, quando retornou à Pastoral da Catequese e realizou um trabalho de visita missionária na comunidade. Em 1995, participou, também, da fundação da conferência vicentina na Igreja Matriz, nas Quintas, atuando na arrecadação de alimentos e auxílio a dez famílias. Foi ministro da eucaristia e, fundou em 2007, o Terço dos Homens. Atualmente, João desenvolve ações de solidariedade para pessoas e famílias carentes, trabalho iniciado em 2019. Dentre tantas ações desenvolvidas durante toda a sua caminhada, muitas histórias o marcaram, mas a que mais o tocou foi a Pedalada da Fé, que aconteceu neste ano de 2021, no mês de fevereiro. A ação teve como objetivo a arrecadação de alimento para famílias carentes e contou com a mobilização de toda a comunidade e com o apoio do atual pároco, Pe. José Silvio de Brito. Na ação, foram arrecadados 500kg de alimentos, distribuindo 53 sacolões para 53 famílias, nas comunidades do Bairro Nordeste, Quintas e Rio Potengi.
A ORDEM
CELAM: O QUE É? O JUSTO FLORIRÁ! Quando olhamos para a história da Igreja, percebemos ao longo do tempo as diversas formas de santidade suscitadas pelo Espírito de Deus. Desde as primeiras comunidades cristãs, quando o Martírio despontou como a forma de santidade mais elevada sendo a expressão dos que testemunhavam a fé em Jesus e depois com a vida monástica que deu tantos frutos a espiritualidade cristã e a formação das grandes cidades medievais. Mas qual o tipo de santidade que São José viveu para ser tão grande no Céu e ocupar o alto posto de Patrono da Santa Igreja? Sabemos bem que não foi Apóstolo; não derramou seu sangue como os nossos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu; também São José não morou em nenhum mosteiro, nem mesmo os primeiros situados nos desertos; não foi o nosso Patrono que fundou nenhuma das ordens religiosas; não produziu nenhum tratado teológico para ocupar lugar entre os santos doutores; nem mesmo uma palavra sua pode ser encontrada na Sagrada Escritura, diferentemente de sua Santíssima Esposa. Um homem cujo grande testemunho ecoa no silêncio. Não tendo sido Apóstolo, é Patrono da nova Israel, o povo da Nova Aliança; não tendo derramado seu sangue, derramou suor abundante na oficina de Nazaré para prover o sustento da Sagrada Família; não tendo sido monge, foi quem, junto de Nossa Senhora, mais pôde contemplar e adorar o rosto de Jesus a quem podia chamar seu filho, a quem pôs-lhe o nome; não tendo fundado ordem religiosa, segue como baluarte e Padroeiro de tantas casas de formação e de espiritualidade que a ele se consagram confiantemente; não tendo deixado escrito ao menos um bilhete, é mestre de oração, de vida interior e de virtudes a todos quantos se colocam debaixo de seu patrocínio; e, mesmo não tendo dito nenhuma palavra que tenha sido registrada pelos autores sagrados, recebeu o maior elogio que um judeu poderia dar a outro como o evangelista São Mateus o descreve: “José era um homem justo” (Mt 1,19). Nessa afirmação se encontra aquilo que há de mais precioso para olharmos para o Carpinteiro de Nazaré, ele era justo. Apesar de a Igreja ensinar que a virtude da justiça é dar aos homens o que é dos homens e a Deus o que é de Deus, a justiça que São Mateus atribui a São José é a contraposição de termos que aparecem com frequência na Bíblia: o justo e o ímpio. Se o ímpio é aquele que peca e desagrada a Deus, o justo é aquele que caminha sem pecado (Sl 14) e se faz agradável aos olhos do Senhor e digno de morar em sua casa. No caso de São José, antes de ele herdar a morada de Deus, pôde ofertar a sua própria morada para Deus. A santidade desse homem se eleva à dos outros santos como cumprimento daquilo que disse Jesus: “o maior dentre vós será aquele que vos serve”. E se destaca pela virtude citada por São Mateus chamando-o de Justo: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como cedro que há no Líbano”(Sl 91, 13). Assim como essas árvores se destacam entre as outras por suas estaturas, também São José se mostra como um santo entre os santos. Sem. Lucas França Paróquia Santuário de São José dos Angicos
O Conselho Episcopal Latinoamericano (CELAM) é um organismo de comunhão entre as conferências episcopais, criado em 1955. Ele reúne 22 conferências episcopais dos países da América Latina e Caribe, com sede em Bogotá, capital da Colômbia. Talvez você já tenha lido ou ouvido falar sobre as Conferências Gerais dos Bispos latino-americanos e caribenhos, organizadas pelo CELAM. Provavelmente, você já leu alguma coisa sobre a “Conferência de Aparecida”. Pois bem! A primeira conferência geral aconteceu no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, em 1955, ano da criação do próprio CELAM. A segunda foi realizada em 1968, em Medellin, no México; a terceira, em 1979, na cidade de Puebla, na Colômbia; a quarta conferência aconteceu em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, e a quinta foi realizada em 2007, na cidade de Aparecida, no interior de São Paulo. Todas elas trouxeram pistas e reflexões sobre a ação da Igreja Católica, especialmente para os países localizados na América Latina e Caribe, como é o caso do Brasil. Agora, a Igreja se prepara para a primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontecerá de 21 a 28 de novembro deste ano, no Santuário de Nossa Senhora do Guadalupe, na cidade do México. Para conhecer mais sobre o Conselho Episcopal Latinoamericano é só acessar o site www.celam.org AGOSTO DE 2021 Por Cacilda Medeiros
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A ORDEM REPORTAGEM Rivaldo Júnior
Padre Nunes, diretor geral da 91 FM
Rádio 91.9 FM COMEMORA
63 ANOS DE HISTÓRIA Por Cacilda Medeiros
Uma senhora, de 63 anos de idade, que nasceu com um destino bem definido: ser educadora e evangelizadora. Isso mesmo! Com o nome de registro de “Emissora de Educação Rural de Natal”, a rádio, que funcionou na frequência AM por seis décadas e, hoje, é sintonizada em Frequência Modulada (FM), foi idealizada e fundada pelo então bispo auxiliar de Natal, Dom Eugênio de Araújo Sales. Ele fundou esse meio de comunicação para ensinar a ler, escrever, contar e noções de cidadania a milhares de pessoas, especialmente as que moravam na zona rural, em diversos municípios ao redor da capital, e que não tinham acesso à escola convencional. Além disso, a Rádio Rural também era um meio de levar a Palavra de Deus aos ouvintes.
18 AGOSTO DE 2021
REPORTAGEM A ORDEM
Uma referência para a Igreja Para o arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, a história da Rádio Rural significa uma referência fundamental para a vida da Arquidiocese. “Isto desde o final da década de 1950, quando foi se configurando o Movimento de Natal, fruto da sensibilidade pastoral daqueles que estavam à frente da nossa Igreja”, diz o arcebispo. Ele ressalta a figura de Dom Eugênio Sales, que, naquele tempo, era bispo auxiliar de Dom Marcolino Dantas, 4º arcebispo da Arquidiocese de Natal. “Nas visitas pastorais, Dom Eugênio se sensibilizava em ver índices tão altos de analfabetismo e de pobreza. Isso inquietou o coração dele e, a partir daí, foram surgindo as iniciativas, como a alfabetização através do rádio, inspirada no modelo já existente na Colômbia”, recorda Dom Jaime. Surgiram, assim, com a Rádio Rural de Natal, as Escolas Radiofônicas, em 1958. Três anos depois, 1961, nasceu o Movimento de Educação de Base (MEB), inspirado na experiência potiguar, numa iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com o Ministério da Educação. Dom Jaime destaca que, ainda hoje, a experiência da Rádio Rural de Natal é motivo de estudos e pesquisas. “Uma experiência exitosa para a transformação da realidade, o anúncio do Reino de Deus e a promoção humana, sobretudo combatendo o analfabetismo”, comenta. “Nós só podemos agradecer a Deus todo esse legado da nossa Rádio Rural, hoje, Rádio 91 FM. São 63 anos de história e, hoje, funcionando em Frequência Modulada, acompanhando as exigências do tempo presente”, ressalta o arcebispo. Festa de aniversário Em tempos de pandemia, não tem como fazer Rafaella Batista
Rivaldo Júnior
Desde a fundação, a Rádio funciona na Rua Açu, no centro de Natal
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Nós só podemos agradecer a Deus todo esse legado da nossa Rádio Rural, hoje, Rádio 91 FM” (Dom Jaime Vieira Rocha)
Rivaldo Júnior, coordenador do Clube do Ouvinte. Através do Clube, os ouvintes colaboram com a manutenção financeira da emissora AGOSTO DE 2021 19
A ORDEM REPORTAGEM Rivaldo Júnior
Cláudio Sandêgi, diretor de programação e locutor
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Nas minhas idas a Natal, sempre gostei de sintonizála, porque ela falava da fé e isto me enchia o peito de satisfação” (Pe. Welson Rodrigues)
20 AGOSTO DE 2021
uma festa de aniversário, convidando os milhares de ouvintes para participar presencialmente. Mas, a direção da 91 FM Natal, que tem à frente o Padre Antônio Nunes, elaborou uma programação festiva, obedecendo aos cuidados que o tempo presente requer. Sabe aquela conhecida frase: “nós aniversariamos e quem ganha o prêmio é você”? Assim, será o aniversário da Sintonia do Bem! Durante todo o mês de agosto, a Rádio vai sortear prêmios com os ouvintes. Para concorrer e ganhar, é só ficar atento à programação, diariamente. Para fechar o mês festivo, na tarde do dia 28 de agosto, será realizado um evento, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, em Neópolis, zona sul de Natal, com a participação do arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha; do diretor da Rádio, Padre Nunes, e de uma atração nacional. Esse evento vai poder contar com a presença dos ouvintes, em número limitado. Quem não puder participar, presencialmente, poderá sintonizar a Rádio ou acompanhar pelo Facebook e youtube – 91 FM Natal. Felicitações das rádios “irmãs” Pouco tempo após o nascimento da Emissora de Educação Rural de Natal, as Dioceses de Mossoró e de Caicó também decidiram fundar uma rádio, com o objetivo de ser um canal de evangelização e de educação. A Rádio Rural de Mossoró foi inaugurada em 02 de abril de 1963 e a Rural de Caicó em 01 de maio do mesmo ano. Agora, os diretores gerais das rádios das outras dioceses potiguares felicitam a Rural de Natal (91.9 FM) pelos 63 anos de história. Padre Welson Rodrigues, que é diretor geral do Sistema de Comunicação da Diocese de Caicó afirma que sempre que ia a Natal, gostava de sintonizar a emissora da Arquidiocese: “Sou amante do rádio e, na minha história de vida, o rádio é uma presença constante. Obrigado pela oportunidade que estou tendo em parabenizar a Rádio Rural de Natal, hoje 91.9 FM. Nas minhas idas a Natal, sempre gostei de sintonizá-la, porque ela falava da fé e isto me enchia o peito de satisfação. E, hoje, por incrível que pareça, estou tão próximo dela, já que estou à frente das rádios da Diocese de Caicó. Sou feliz por isto. Meus sinceros parabéns pelos seus 63 anos e aos que hoje a fazem existir, cuide bem dela”. Padre Ricardo Rubens, diretor da Rádio Rural de Mossoró, pede as graças divinas necessárias para que a 91 FM continue agindo na missão de evangelizar: “Congratulo-me com todos os irmãos que fazem a Rádio Rural de Natal, louvando e bendizendo a Deus por suas maravilhas realizadas através da 91.9 FM, ao longo de 63 anos, comunicando o mistério de Cristo. Nós que fazemos a Rádio Rural de Mossoró, em prece, rogamos a Deus por cada um para que se realize na atividade que desempenha; que Ele conceda as graças necessárias para que a FM 91.9 continue sua missão de forma frutuosa, e seja evangelicamente cada vez mais fecunda na vida do nosso povo.”
ARTIGO A ORDEM
Eu sou cringe, PAGO
BOLETO E USO RSRS E HAHAHA Na “treta” entre as gerações, o termo “cringe” dominou as redes sociais nos últimos dias. Uma verdadeira “guerra de memes” entre a geração Z, nascida de 1995 a 2010, e a geração Y, também conhecida como millennials, nascidos entre 1980 e 1994. Nessa história, os mais jovens estão acusando a geração mais antiga de ser antiquada. Para isso, usam o termo “cringe”, que significa algo do tipo “vergonha alheia”. Segundo os jovens com menos de 20 anos, os internautas mais antigos passam vergonha na internet. Mas é claro que nós dos anos 80 e 90 (me incluo nessa), não deixaríamos barato – afinal, somos nós que pagamos os boletos! Para matar a curiosidade, ser cringe é: usar termos como “litrão” e “boleto”; tomar café; assistir Harry Potter, Friends e A Usurpadora; ouvir pagode anos 90; usar calça skinny; usar “rs” ou “hahaha” na troca de mensagens; usar emojis no sentido literal; começar frases com letra maiúscula; e usar Facebook. E aí, se identificou? Com toda essa história, a geração Y acabou por assumir com orgulho o “rótulo cringe”. Nós, os cringes, superamos esse momento. Mas, nem todos superam os “rótulos” e seus julgamentos. Então, vale destacar que sempre houve essa ideia de “rotular” as pessoas. Tem rótulos como “inteligente”, “feio”, “baixinho”, “gordinho”, a “beata”... até na Igreja acabamos por rotular os irmãos. Rotular alguém é fácil, mas o efeito é muito complicado. Podemos ofender e gerar barreiras no crescimento e desenvolvimento da pessoa, desde sua infância. Cuidar do próximo também é evitar os “rótulos”. O próprio Jesus Cristo nos ensinou o amor o próximo. Por meio desse, é possível colocar em prática todos os outros ensinamentos, pois quando amamos o próximo, fazemos ao outro tudo o que gostaríamos que fizessem conosco, como respeitar, acolher e ter empatia. Nesse contexto de gerações, o importante é que o rótulo não seja depreciativo, que não separe as gerações. Pelo contrário, que una a todos numa jornada de partilhas, aprendizados e entretenimento – afinal, quem não gosta de recordar o passado e passar um tempo navegando na internet? Agora, se você já foi chamado de cringe, essa não é uma das piores notícias. Todo mundo será cringe um dia e - quando isso acontecer - você será mestre na arte da vergonha rs.
Fabiano Fachini Estrategista digital
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Segundo os jovens com menos de 20 anos, os internautas mais antigos passam vergonha na internet”
AGOSTO DE 2021 21
A ORDEM
Arquidiocese NOSSA
PARÓQUIAS DO 4º ZONAL Nesta edição, vamos conhecer as nove paróquias que compõem o quarto Zonal, que abrange a zona oeste da capital potiguar e o município de Parnamirim.
Rivaldo Jr.
Paróquia de São Sebastião – Alecrim Pároco: Pe. José Freitas Campos Telefone: (84) 3615-2874
Cedida
Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora – Felipe Camarão Pároco: Pe. César Luiz Lima de Morais Telefone: (84) 3605-0941 / 99803-1549 (whatsapp)
Cedida
Paróquia de Nossa Senhora da Assunção – Guarapes Administrador paroquial: Pe. Eliano Firmino Silvestre Telefone: (84) 8767-1439
Rivaldo Jr.
Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Quintas Pároco: Pe. José Sílvio de Brito Telefone: (84) 3301-0215
22 AGOSTO DE 2021
A ORDEM Pe. Gentil Pereira
Paróquia de São José – Cidade Nova Pároco: Pe. Gentil Pereira do Nascimento Neto Telefone: (84) 99948-1429
Rivaldo Jr.
Paróquia de São José de Anchieta – Lagoa Nova Pároco: Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro Telefone: (84) 3615-2857
Rivaldo Jr.
Paróquia do Santuário dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu – Nazaré Pároco: Pe. Fábio Pinheiro Bezerra Telefone: (84) 3646-3189 / 98823-9293
Fábio Figueiredo
Paróquia de Jesus Bom Pastor – Bom Pastor Pároco: Pe. Cláudio Régio da Silva Bezerra Telefone: (84) 3653-6555
George Amorim
Paróquia Santuário de Nossa Senhora da Esperança e Santo Inácio de Loyola - Cidade da Esperança Pároco: Pe. Jonerikson Gomes da Silva Telefone: (84) 3615-2891 (whatsapp) ERRAMOS Na edição de julho, erramos em relação ao nome da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima que, na verdade, fica na cidade de Parnamirim e não em “Nova Parnamirim”. Os dados corretos são: Paróquia de Nossa Senhora de Fátima – Parnamirim Pároco: Pe. Antônio Murilo de Paiva Telefone: (84) 99434-7122 AGOSTO DE 2021 23
A ORDEM
Viagem virtual: SOLUÇÃO BARATA E POSSÍVEL EM TEMPOS DE PANDEMIA Por Cione Cruz
Viajar é preciso? Viver também é. Em tempos de pandemia do coronavírus (Covid-19), quando o distanciamento social é recomendação preponderante e essencial para conter a disseminação da doença que tem ceifado, diariamente, milhares de vidas no Brasil e no mundo, viajar não é recomendado. Com a indústria do turismo sofrendo as piores consequências - embora nos últimos meses ela venha se recuperando, com o afrouxamento das restrições impostas pelos governos e o avanço da vacinação “muita gente tem optado por ficar em casa, literalmente. Viajar, só virtualmente, como é o caso de Michelynne Stefany Gomes Bispo, 48 anos, bacharel em Direito e, atualmente, concluindo o bacharelado em Psicopedagogia. Nessa pandemia, que ainda persiste, várias foram as opções encontradas pelos “confinados”, para driblar possibilidades de adoecer por conta do isolamento social. O aumento do contato virtual, ampliação do conhecimento através de cursos e palestras virtuais e a popularização das lives, foram algumas dessas opções. Mas, viajar, mesmo que virtualmente, foi uma saída para quem gosta de conhecer novos lugares. E quando isso pode ser feito com toda família, não tem preço. Esse foi o caso de Michelynne. 24 AGOSTO DE 2021
A ORDEM Fotos: arquivo pessoal
Michelynne durante viagem a Santa Catarina
A ideia de viagem virtual, começou com a observação de que estava havendo um excesso de informações nos jornais (televisão), que Michelynne Stefany chama de “poluição”, durante todo o dia. Notícias locais e nacionais. “Não é que eu não queria saber e não me interessasse, mas, se você ficar assistindo muitas coisas negativas, você acaba adoecendo, o que aconteceu, de fato, com muita gente. Quem não adoeceu com o vírus, adoeceu de outras formas. Muita gente mesmo. Então eu estava quase que sendo mais uma, não só eu, mas meus pais, que são idosos. Então, comecei a procurar formas de distraí-los. Não só a eles, mas a mim também”, afirmou. Diante dessa realidade, começou a ligar a televisão no Youtube e a pesquisar lugares que achava interessante. Começou pela Grécia “amo a cor do mar e a sua história”, contou. Seu pai foi chegando aos poucos. Ela começou a acessar lugares que tivessem mar, flores, natureza, de uma forma geral, e história, além de cidades religiosas (católicas). E, com isso, conseguiu a adesão de toda família. A mãe, que gostava de assistir aos noticiários, mas estava adoecendo com as notícias negativas, foi convencida a aderir às viagens e ver o jornal somente em um horário. Michelynne afirma que não foram somente as viagens virtuais que eles acessavam no Youtube, mas, também, assistiam a vídeos que abordassem atualidades, português, geografia, ou seja, “assuntos diversos”. “Então, sentávamos todos na sala, para assistir numa única televisão. Todos assistindo e respondendo às perguntas. E quando não sabíamos a resposta, a gente ficava naquela brincadeira e, assim, foram passando os dias, melhorando a situação em casa mesmo. Para todos”, contou. A vantagem da opção pelas viagens virtuais, é que se pode conhecer muitos lugares diferentes, o que age de maneira terapêutica, tranquilizando em relação a tantas informações ruins que chegam neste momento. “Isso tranquilizava, acalmava e fazia com que todos do ambiente da casa ficassem mais leves, porque fomos na Grécia, Itália, conhecemos jardins, animais”.
Segundo Michelynne, dos lugares que visitou virtualmente, o que mais gostou foi a Itália. Embora não costumasse viajar com muita assiduidade anteriormente à pandemia, Michelynne confessa que gosta muito de viagens e já fez algumas pelo Brasil, mas depois de ter assistido tantos vídeos e conhecido tantos lugares, está pensando em conhecer outros dentro do país, e também no exterior, que ainda não conhece. Os lugares que conhece presencialmente são Salvador (onde foi várias vezes), Rio de Janeiro, Maceió, Fortaleza, João Pessoa, Recife e, a última, que foi a mais distante e muito especial, Santa Catarina, para onde viajou com seus pais, sua irmã e sobrinha e realizou o sonho de presenciar uma temperatura de 1 grau. Michelynne Bispo sugere que as pessoas façam viagens virtuais e sonhem com elas. “E quando também achar que um dia não pode se tornar realidade, assista aos vídeos, que valem à pena pelas informações e os lugares que você vai conhecer. Lugares belíssimos, tanto dentro de nosso país, como fora dele. Então, boa viagem virtual e não lhe custa nada sonhar e depois, quem sabe, transformar em realidade”, finalizou.
Michelynne mantém rotina com a família de viagens virtuais para conhecer novos lugares e culturas AGOSTO DE 2021 25
A ORDEM VIDA PASTORAL
TV Santa Rita, MOTIVAÇÃO
PARA EVANGELIZAR
Por Wallace Azevedo Jornalista e coordenador da Pastoral da Comunicação, na Paróquia de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz
Fotos: arquivo Pascom
Agentes da Pascom são os responsáveis pelas transmissões
A
implantação da PASCOM foi um passo importante para os trabalhos paroquiais, e, logo em 2016 (ano de formação da pastoral) registrou a maior procissão da história da Paróquia. Extasiada pelo ano produtivo, o grupo de jovens e adultos logo recebeu o desafio de criar uma WebTV. Eu tinha a função de coordenador técnico, naquela época, e me colocaram como articulador da proposta, em virtude de ser estudante do 6º período de jornalismo. As dúvidas? Muitas e quase ninguém sabia como responder àquelas demandas. Comentavam até se as transmissões esvaziariam as igrejas e atividades pastorais. Fizemos testes de transmissão com smartphone nas missas da Coroa de Santa Rita (celebração votiva), mas a qualidade não nos agra26 AGOSTO DE 2021
dava diante das dimensões do altar da Igreja Matriz; o som e imagem não eram satisfatórios para os internautas. Naquele momento tudo era um grande desafio, e contamos com a colaboração de Adriano Israel, de Ceará-Mirim, que nos mostrou algumas ferramentas. Eu me vi fascinado por aquela técnica, e, mesmo estudando na universidade, parte daqueles conhecimentos, nada teve o mesmo efeito que colocar a “mão na massa”. Após as conversas e testes, fizemos a primeira transmissão, utilizando um notebook e um software gratuito, em 16 de fevereiro de 2017, na missa em ação de graças pelo aniversário do Padre Vicente. Não foi o ideal, e era preciso buscar mais aprendizado para colocar em prática. Foi na ordenação episcopal de Dom Edil-
VIDA PASTORAL A ORDEM
Entre 2020 e 2021, a Pascom de Santa Cruz já fez mais de 600 transmissões
son Nobre, na Catedral Metropolitana de Natal, que tivemos contato com a PASCOM da Paróquia de Santa Rita dos Impossíveis, de Ponta Negra, com os amigos Brunno Antunes e Raimundo Lino. De Rita para Rita, entendemos o passo a passo que era preciso ser feito numa “aula-visita in loco”, que só foi possível porque minha atividade como imprensa me permitiu entrar no espaço reservado ao redor do altar. Ali eu fotografava o evento e ainda parava um pouquinho para receber orientações dos agentes de como fazer uma transmissão. O que fizemos foi uma pesquisa de preços, orçamentos e mais planejamento, que resultou numa extensa compra paroquial, mas conseguimos montar um projeto básico de transmissões. Nada fácil, com muitas dificuldades técnicas e ajustes para fazer. No entanto, os avanços realizados resultaram em um aumento da audiência, e a festa de Santa Rita 2017 chegou ao pico de 800 mil internautas. A prática das transmissões, quando feita com seriedade e dedicação, pode te levar a um caminho de mais aprimoramento que parece não ter fim. As “lives”, como são chamadas, constituem, hoje, uma base de conhecimentos, ferramentas e técnicas que é incomparável com a realidade de anos atrás.
Wallace Azevedo (trabalhando no computador), coordena a equipe da Pascom, em Santa Cruz
Um bom agente da PASCOM nunca pode dispensar uma formação, pois as técnicas de transmissão passam por revisões em curto espaço de tempo. Foi a pandemia da COVID-19 que acentuou essa realidade e necessidade por transmitir as celebrações, pois com as igrejas fechadas, distanciamento social e outras limitações, foi preciso transformar as ferramentas tecnológicas como os “canais da esperança” neste momento tão difícil. Em Santa Cruz, isso não foi complexo porque a TV Santa Rita, a webTV que nasceu de duas webcams e um notebook, já tinha avançado em 2018 e 2019 para modelos mais sofisticados com equipamentos de uma TV profissional. Os números já estavam na casa dos milhões, e a pandemia multiplicou esses dados que, mesmo sendo apenas números, representam um sentimento imensurável de cada pessoa que acessa aquela plataforma. E é preciso sempre lembrar de que não é um trabalho; o que fazemos é um serviço, uma entrega. “Em tudo o que fizerdes ponde a vossa alma, como para o Senhor e não para os homens” (Cl 3,23). A pandemia 2020-2021 resultou em uma pastoral com mais de 600 transmissões, e recordes ainda mais altos de internautas acompanhando as celebrações online. Na palma da mão, seja um celular ou um controle remoto nós podemos levar Cristo para muitas famílias. Olhar para a trajetória da TV Santa Rita é como um pai revendo a vida da sua filha desde o nascimento. Do celular até as filmadoras, mas sempre mantendo uma marca de sua história, que é levar esperança para aqueles que fisicamente não podem ir até as celebrações. Não tinha Covid, quando idealizamos que ela seria o canal da fé, mas a pandemia confirmou a necessidade de manter viva essa motivação em evangelizar pelas transmissões. Não é algo simples, mas é preciso amadurecer a comunicação feita nas paróquias e lembrar que nossa missão é levar o Evangelho a todos, e, neste momento, se preciso, “proclamai-o sobre os telhados” (Mt 10, 27b). AGOSTO DE 2021 27
A ORDEM EM AÇÃO
Paróquia inaugura
FRATERNIDADE PARA ASSISTIR PESSOAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE Casa Fraternidade São Camilo está em funcionamento com diversos serviços à população
Atendimentos estão sendo conduzidos por equipe multidisciplinar
No último dia 13 de maio, a Paróquia de São Camilo de Léllis, no bairro de Lagoa Nova, em Natal, inaugurou a Casa Fraternidade São Camilo de Léllis. A fraternidade tem como finalidade, oferecer atendimentos na área de saúde, assistência social, apoio psicológico e espiritual às famílias em situação de vulnerabilidade social da capital potiguar. Os atendimentos estão sendo feito de forma gratuita por uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais voluntários, incluindo médicos, enfermeiros, 28 AGOSTO DE 2021
psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, dentistas, nutricionistas e assistentes sociais. De acordo com Geórgia Suassuna, diretora da fraternidade, o espaço foi pensado a partir de um momento vivenciado pelo pároco da comunidade, o padre Valtair Lira Lucas, ao contrair a COVID-19, que tem vitimado tantas pessoas e as deixado em maior situação de vulnerabilidade social. “Ele teve COVID na segunda quinzena de maio de 2020 e durante o período da doença, percebeu o
quanto estava debilitado, mesmo tendo acesso às medicações, atendimento médico, alimentação e uma estrutura que o auxiliasse. Daí, ele pensou em como estariam os doentes que não tem acesso a nenhuma dessas coisas, passando por essa pandemia”, conta. E complementa: “Nesse mesmo período, ele releu a história de São Camilo de Léllis, cuja espiritualidade estava fundada no atendimento aos doentes mais necessitados. Isso fez com que ele tivesse uma moção interior, no sentido de criar
EM AÇÃO A ORDEM Fotos: João Eurico
Inauguração da casa contou com missa e bênção conduzida pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha
uma forma de ajudar as pessoas que não tem acesso aos serviços de saúde”. Ainda de acordo com Geórgia, já se somam a esse projeto, mais de 15 médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, que estão se doando ao serviço voluntário na fraternidade. Além desses atendimentos, a casa conta com uma capela para levar o apoio espiritual aos assistidos. Daniela Sousa é uma das voluntárias da fraternidade e está desenvolvendo um trabalho com um grupo de mães. “A gente trabalha vários temas com essas mães, como acolhimento, inclusão, a importância do cuidado com os filhos, prevenção de doenças. A gente também busca envolver a parte emocional. Aqui, elas conversam, desabafam os problemas que estão enfrentando e a gente faz essa partilha. Cada uma fala um pouco do momento que vive e elas se fortalecem”, destaca. Segundo o padre Valtair Lira, pároco da Paróquia de São Camilo de Léllis, a comunidade sempre desenvolveu um trabalho social mais abrangente em cidades do interior do estado e a fraternidade visa dar uma assistência maior às famílias da capital. “Os nossos atendimentos são extensos a todas as paróquias da nossa capital. Todos que precisem e que estejam em situação de vulnerabilidade, podem nos procurar que teremos alegria em acolher”, frisa.
Serviço A Casa Fraternidade São Camilo está localizada na rua Cesimar Borges, 2351, no bairro Candelária, em Natal. Os atendimentos acontecem das 08h às 12h e das 13h às 17h. Mais informações podem ser obtidas por meio do Whatsapp: (84) 99601-4848.
Desejo de inaugurar fraternidade veio a partir de um momento de doença, vivido pelo pároco, o padre Valtair Lira AGOSTO DE 2021 29
A ORDEM
30 AGOSTO DE 2021