Revista A Ordem - Setembro/2021

Page 1

Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 64 Natal/RN | Setembro de 2021

CELEBRAÇÃO DO

Mês da Bíblia COMPLETA 50 ANOS



A ORDEM

SUMÁRIO EDITORIAL Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 64 Natal/RN | Setembro de 2021

LER FAZ UM BEM DANADO!

CELEBRAÇÃO DO

Mês da Bíblia COMPLETA 50 ANOS

06

12

CAPA

ENTREVISTA - Arquidiocese celebra o mês do dízimo

10

ARTIGO - Paulinos no Brasil: 90 anos de serviço à Igreja

20

VIDA PASTORAL - Escola Diaconal: organismo de formação da Igreja

24

viver - Setembro convida à prevenção ao suicídio

EXPEDIENTE

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira CONSELHO EDITORIAL: Cacilda Medeiros Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) FOTO DA CAPA: André Kinal

A cada mês a revista A Ordem chega às suas mãos através das telas dos computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos, recheada de informações atualizadas sobre o ser e o agir da Igreja de Natal e seus agentes, sejam eles leigos ou ministros ordenados. O grito dos excluídos, no contexto da celebração do Dia da Independência do País, é abordado no espaço A Voz do Pastor, pelo Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha. Os desafios do Dízimo e o exercício da Caridade também são temas desta edição, assim como os 90 anos da presença dos Paulinos no Brasil e a celebração dos 25 anos da Escola Diaconal Santo Estêvão. Também há uma matéria sobre os 20 anos do Espaço Solidário em Mãe Luíza, uma abordagem sobre o Documento de Aparecida e você ainda conhecerá quais são as paróquias que formam o 5º Zonal. Duas reportagens destacam a celebração do Mês da Bíblia e a exaltação da Santa Cruz. A Bíblia é a fonte de todo o ensinamento cristão, desde as origens, no Antigo Testamento, até a presença do Filho de Deus, Jesus Cristo, no meio da humanidade, e suas ações relatadas no Novo Testamento. A Exaltação da Santa Cruz tem estreita relação com a vivência cristã, porque foi na cruz que Cristo foi crucificado e morto, para depois vencer a morte, ressurgir para a Vida Eterna e assegurar a Ressurreição para o gênero humano. No Espaço Viver, há uma importante matéria sobre o dia de prevenção ao suicídio, importante nestes tempos de pandemia, em que muitas pessoas foram forçadas a mudar de hábitos e até ficar confinadas em suas habitações. Enfim, a revista lhe traz muitas e excelentes matérias. Leia! As leituras lhe farão um bem danado!

COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Vitória Élida Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464 COMERCIAL: (84) 3615-2800

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br

SETEMBRO DE 2021 3


A ORDEM

PALAVRA DA IGREJA

VACINAR-SE É UM ATO DE AMOR

Francisco Papa

“Vacinar-se, com vacinas autorizadas pelas autoridades competentes, é um ato de amor. E ajudar a fazer de modo que a maioria das pessoas se vacinem é um ato de amor. Amor por si mesmo, amor pelos familiares e amigos, amor por todos os povos.”

4 SETEMBRO DE 2021

“Com espírito fraterno, uno-me a esta mensagem de esperança por um futuro mais luminoso. Graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da Covid-19. Elas dão a esperança de acabar com a pandemia, mas somente se elas estiverem disponíveis para todos e se colaborarmos uns com os outros.” É o que afirma o Papa Francisco numa mensagem em vídeo dirigida aos povos latino-americanos, lançando um apelo à consciência de cada um, fazendo votos de uma atitude responsável para enfrentar juntos a pandemia. “Vacinar-se, com vacinas autorizadas pelas autoridades competentes, é um ato de amor. E ajudar a fazer de modo que a maioria das pessoas se vacinem é um ato de amor. Amor por si mesmo, amor pelos familiares e amigos, amor por todos os povos. O amor também é social e político, há amor social e amor político, é universal, sempre transbordante de pequenos gestos de caridade pessoal capazes de transformar e melhorar as sociedades”, prossegue o Papa. Francisco conclui a mensagem afirmando que vacinar-se é uma forma simples, mas profunda de promover o bem comum e de cuidar uns dos outros, especialmente dos mais vulneráveis. “Peço a Deus que cada um possa contribuir com seu pequeno grão de areia, seu pequeno gesto de amor. Por menor que seja, o amor é sempre grande. Contribua com estes pequenos gestos para um futuro melhor.” O apelo do Papa é reforçado por vários cardeais do continente latino-americano, que foram unânimes em nos lembrar da necessidade de vacinar-se contra o coronavírus. José Horacio Gómez, do México, espera que com a ajuda da fé as pessoas possam enfrentar os riscos da pandemia e que todos nós possamos nos vacinar. Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Cidade do México, pediu a vacinação do norte ao sul do continente porque - afirma - estamos todos interligados e a esperança deve ser sem exclusão. O cardeal Cláudio Hummes, do Brasil, se faz porta-voz das mesmas palavras do Papa: “vacinar-se é um ato de amor por todos, e aponta que os esforços heroicos dos profissionais da saúde produziram vacinas seguras e eficazes para toda a família humana”. O cardeal salvadorenho Rosa Chávez falou de uma “responsabilidade moral para toda a comunidade”: “Nossa escolha de vacinar afeta os outros”. O cardeal hondurenho Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga também expressou seu apoio à campanha de conscientização: “Ainda temos mais a aprender sobre o vírus, mas uma coisa é verdade: as vacinas autorizadas funcionam e salvam vidas, são uma chave para a cura pessoal e universal”. Do Peru, dom Miguel Cabrejos Vidarte, presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), apelou à unidade e voltou ao aspecto de proteger nossa saúde integral, convidando as pessoas a se vacinarem porque “a vacinação é segura e eficaz”. FONTE: Portal Vatican News


A VOZ DO PASTOR

A ORDEM

UM DIA PARA REFLETIR:

7 de setembro

Prezados leitores/as Nesta semana, celebramos o dia da Pátria: 7 de setembro. Há 27 anos, acontece o “Grito dos Excluídos”, movimentação de agentes cristãos e de homens e mulheres de boa vontade que chamam a atenção para uma sociedade mais justa e fraterna, no respeito à dignidade de cada pessoa e na busca por extinguir de nossas atitudes qualquer preconceito, discriminação e violência. “Todos somos irmãos”, afirma o título do último grande documento publicado pelo Papa Francisco, a Encíclica Fratelli tutti, grande hino à fraternidade universal e à amizade social. Somente no respeito ao outro podemos construir uma sociedade melhor. A fraternidade é um tema que sempre deve animar nosso comportamento. Nós somos cristãos, seguidores daquele que tratou a todos como irmãos e irmãs, o Homem de Nazaré. O sumo de sua mensagem se expressa no seu mandamento, entregue por Ele na Última Ceia: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12). É essa a lei que deve reger-nos. É bem verdade, todos somos pecadores, nem sempre somos fiéis a esse mandamento. Ninguém é perfeito, porém, o Cristo nos deu o seu Espírito, para que possamos seguir nesse caminho. Celebramos a nossa Pátria. Amamos a nossa Nação. Somos cidadãos e cidadãs. Mas, “porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14) e, ainda, “nós, ao contrário, somos cidadãos do céu. De lá, aguardamos como salvador o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3,20). Nossa responsabilidade para com a Nação se torna imperativo do nosso discipulado missionário. Somos chamados a santificar nosso ambiente, a testemunhar e viver a nossa cidadania à luz do mandamento novo de Jesus Cristo e buscar sempre o bem comum. De fato, a Igreja reconhece a importância de cada Nação, da democracia e da missão dos cidadãos e cidadãs: “Um juízo explícito e articulado sobre a democracia se encontra na Encíclica ‘Centesimus annus’: ‘A Igreja encara com simpatia o sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade, quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se torne oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes, que usurpam o poder do Estado a favor dos seus interesses particulares ou dos objetivos ideológicos. Uma autêntica democracia só é possível num Estado de direito e sobre a base de uma reta concepção da pessoa humana. Aquela exige que se verifiquem as condições necessárias à promoção, quer dos indivíduos através da educação e da formação nos verdadeiros ideais, quer da ‘subjetividade’ da sociedade, mediante a criação de estruturas de participação e co-responsabilidade’” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 406). E o Papa Francisco nos orienta nesse caminho. “Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum. Mas, hoje, infelizmente, muitas vezes a política assume formas que dificultam o caminho para um mundo diferente” (FRANCISCO. Carta Encíclica sobre a fraternidade e amizade social Fratelli tutti, n. 154). Oxalá, o 7 de setembro nos leve ao alvorecer de um País melhor e mais justo.

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

Uma autêntica democracia só é possível num Estado de direito e sobre a base de uma reta concepção da pessoa humana.

SETEMBRO DE 2021 5


A ORDEM

ARQUIDIOCESE CELEBRA MÊS DO DÍZIMO

6 SETEMBRO DE 2021

Há vários anos, a Arquidiocese de Natal realiza uma programação especial, dedicada ao Dízimo, nas paróquias, durante o mês de setembro. Dentre a programação, acontece o tradicional Encontrão Arquidiocesano do Dízimo que, em 2021, acontecerá dia 19 de setembro, na Catedral Metropolitana. Nesta entrevista, os coordenadores arquidiocesanos, Washington Reis e Mirian Néri, explicam como será o Mês do Dízimo.


ENTREVISTA A ORDEM

Qual a programação planejada para o Mês do Dízimo? Washington e Miriam - Nossa programação está focada nas ações paroquiais, orientadas pela coordenação arquidiocesana. Como sugestão nós encaminhamos as seguintes orientações: 1º domingo – abertura do Mês do Dízimo com leitura da mensagem do arcebispo metropolitano Dom Jaime Vieira Rocha; 2º domingo – entronização da Bíblia, realizada pelos agentes da Pastoral e palavras de motivação para novos dizimistas; 3º domingo – Encontrão Arquidiocesano do Dízimo; 4º domingo – missa de encerramento do Mês do Dízimo, com a apresentação da logomarca dos 25 anos da Pastoral em nossa Arquidiocese. Agradecimentos com prestação de contas e coleta de alimentos para a ação de caridade paroquial. Especificamente, como será o tradicional Encontro Arquidiocesano do Dízimo neste ano? Como os agentes poderão participar? Washington e Miriam - Diferente do ano passado, que, por causa da pandemia, aconteceu de forma virtual, o Encontrão, em 2021 será de forma híbrida-presencial. O encontrão ocorrerá dia 19 de setembro, na Catedral Metropolitana, com início às 8 horas, com animação, palestras e testemunhos. O encerramento será às 11h, com a missa presidida por Dom Jaime. Ainda cumprindo os protocolos de segurança à saúde, serão disponibilizadas cinco inscrições por paróquia, entre os agentes da Pastoral do Dízimo. A previsão é de que participem aproximadamente 600 pessoas. O Encontrão também poderá ser acompanhado através das redes sociais da Arquidiocese.

Desde o ano de 2020, a coordenação iniciou os preparativos para o jubileu de prata com a divulgação dos pilares a serem desenvolvidos em todas as formações e reuniões paroquiais da Pastoral do Dízimo.

Em 2022, serão comemorados os 25 anos de atuação da Pastoral do Dízimo, na Arquidiocese de Natal. A coordenação arquidiocesana já está planejando como será a comemoração do jubileu? Washington e Miriam - Desde o ano de 2020, a coordenação iniciou os preparativos para o jubileu de prata com a divulgação dos pilares a serem desenvolvidos em todas as formações e reuniões paroquiais da Pastoral do Dízimo. Os temas do triênio são: 2020 – formar, 2021 – anunciar e 2022 – celebrar. Como planejado para 2022, a comissão arquidiocesana irá lançar, no encontrão deste ano, a logomarca alusiva a esta comemoração. O evento festivo será no centro de Convenções, no dia 18 de setembro de 2022. A coordenação arquidiocesana do dízimo está planejando um grande evento com a presença massiva dos agentes da pastoral, bem como de nomes importantes que contribuíram para o fortalecimento de nossa Pastoral, desde sua criação, em 1997. Será um momento especial de evangelização e comemoração deste jubileu. Faremos uma retrospectiva e, com certeza, resgataremos momentos históricos vivenciados pela pastoral. Um marco referencial e forte na Arquidiocese de Natal. Que avaliação vocês fazem da atuação das equipes paroquiais da Pastoral do Dízimo, especialmente frente aos desafios impostos pela pandemia? Washington e Miriam - Percebemos que a Pastoral do Dízimo está consolidada em nossa Arquidiocese. Mesmo com os grandes desafios apresentados por esta pandemia, a pastoral se manteve ativa e forte. Os agentes idosos e com comorbidades tiveram que se ausentar, mas os que ficaram foram firmes e atuaram de forma decisiva para a continuidade do trabalho pastoral. Hoje, o dízimo é uma realidade paroquial e arSETEMBRO DE 2021 7


A ORDEM

ENTREVISTA

quidiocesana. Durante o ano de 2020 e, ainda em 2021, os agentes se adaptaram à nova realidade, fazendo com que a pastoral não perdesse seu ímpeto missionário. A pandemia nos levou a uma reflexão e daí a uma mudança de atitude no processo de evangelização. Avaliamos que as mudanças impostas pelo mundo digital e o novo modelo de missão fez com que os agentes seguissem confiantes e vencessem os obstáculos que surgiram. Apresentando uma pastoral com resiliência, força e amor à missão no servir a sua comunidade. Muitas vezes, as pessoas pensam no dízimo apenas “dinheiro que se dá a Igreja”. Mas qual é o verdadeiro sentido do dízimo? Washington e Miriam - O sentido é o amor e zelo as coisas do Senhor. A igreja é nossa fonte de esperança e vida e, quando batizados, pertencemos a esta comunidade cristã, onde Deus, 8 SETEMBRO DE 2021


ENTREVISTA A ORDEM

Quando cremos que nosso trabalho é uma transformação pessoal, nos sentimos fortes para lutar e vencer as dificuldades, sem jamais se deixar abater

em sua presença amorosa e providencial, nos sustenta e nos torna capazes para a vida nos vários aspectos de sua realização, incluindo as nossas vocações pessoais e as nossas relações interpessoais, aptidões fundamentais que favorecem a nossa integridade de homens e mulheres, integridade essa que se plenifica em vista do bem comum de toda a humanidade. Como pessoas de fé, cresce em nós a consciência de que tudo ao nosso redor remete ao amor generoso do Pai, que nos doa os bens da natureza, para que deles desfrutemos com responsabilidade e cuidado devidos, sempre em comunhão com toda a criação. Assim, em sinal de nossa gratidão, oferecemos a Deus, junto à comunidade, o fruto do nosso trabalho – nosso dízimo. O dízimo é, portanto, um convite à generosidade, à fraternidade e à solidariedade. A contribuição de cada cristão é a prática de um dom e não o pagamento de uma conta: “dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama a quem dá com alegria” (2cor 9,7). Na generosidade de nossa oferta, assumimos o compromisso com o reino de Deus, que precisa

ser anunciado em todos os lugares e a todas as pessoas. Nesse sentido, o dízimo é aplicado em quatro importantes dimensões: a religiosa, a eclesial, a missionária e a caritativa. O compromisso cristão em relação ao dízimo deve significar mais que uma contribuição, deve espelhar a nossa responsabilidade e o nosso comprometimento com a igreja na evangelização da messe do Senhor. Qual a mensagem da coordenação arquidiocesana para os agentes e para os dizimistas, por ocasião do Mês do Dízimo? Washington e Miriam - Acreditamos que a riqueza da Pastoral do Dízimo está no seu coração missionário. Quando cremos que nosso trabalho é uma transformação pessoal, nos sentimos fortes para lutar e vencer as dificuldades, sem jamais se deixar abater. Antes de sermos agentes de uma pastoral, somos dizimistas, atuamos como irmãos dentro de uma igreja que nos acolhe quando crianças, nos dá o sinal de pertença a uma comunidade de fé e nos forma com amor a sermos discípulos missionários na evangelização do povo de Deus.

SETEMBRO DE 2021 9


A ORDEM ARTIGO

Paulinos no Brasil: 90 ANOS DE SERVIÇO À IGREJA Os Paulinos completaram, no último dia 20 de agosto, 90 anos de presença em terras brasileiras. Em 1931, nosso bem-aventurado fundador, Pe. Tiago Alberione (1884-1971), enviou ao Brasil dois missionários, motivados pelo forte desejo de anunciar Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida às pessoas de seu tempo, valendo-se dos meios que a tecnologia humana dispusesse. Atualmente, somos um grupo de aproximadamente 40 religiosos, contando com a ajuda de muita gente que reza e trabalha para responder aos desafios da evangelização em nossa terra. Sendo um grupo pequeno, os religiosos paulinos não conseguem estar presencialmente em todos os estados de nosso país continental. Entretanto, com a graça de Deus, o trabalho realizado atinge um público incontável. Muitos sacerdotes, catequistas e agentes de pastoral testemunham que são beneficiados pela Paulus. Esse é um sinal de que o sonho do bem-aventurado Pe. Tiago Alberione permanece atual. Ao longo destes anos, os Paulinos têm se esforçado para realizar seu apostolado em consonância com a Igreja no Brasil. Fazemos nosso o objetivo geral de evangelização que guia a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano... à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”. De fato, nosso trabalho de chegar a todas as pessoas, mesmo àquelas que não creem ou não professam nossa fé, só faz sentido “por Cristo, com Cristo e em Cristo”, ou seja, em comunhão com a Igreja. Contamos com vossas orações em favor do nosso apostolado. Um pedido especial que fazemos é para que o Senhor continue a despertar no coração dos jovens o desejo de evangelizar de maneira criativa e atraente, a fim de que a vida em abundância do Evangelho chegue a todos. Que Maria Rainha dos Apóstolos e São Paulo Apóstolo sejam sempre nossos intercessores junto a Deus, para bem vivenciarmos nossa missão!

10 SETEMBRO DE 2021

Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp Superior Provincial dos Paulinos do Brasil

Somos um grupo de aproximadamente 40 religiosos, contando com a ajuda de muita gente que reza e trabalha para responder aos desafios da evangelização em nossa terra. Sendo um grupo pequeno, os religiosos paulinos não conseguem estar presencialmente em todos os estados de nosso país continental.


A ORDEM

CONFERÊNCIA DE APARECIDA Vivendo o mês de setembro, debruçamo-nos ainda mais no estudo e na contemplação das Sagradas Escrituras. Esse é o mês da Bíblia dentro do ano do Patrono da Santa Igreja. Como pode nos ajudar São José na meditação e no aprendizado dos escritos sagrados? Na Bíblia não se encontra nenhuma palavra de São José; apenas sua história e suas decisões firmes em cumprir a vontade Deus. A predisposição do Chefe da Sagrada Família em compreender os sonhos em que Deus se manifestava é o reflexo de uma atitude (que vivida à luz da fé, torna-se uma virtude preciosa) muito importante para o contato com a Revelação Divina: o silêncio. Hodiernamente, informações e notícias nos bombardeiam de todos os lados e somos todos muito propensos a emitir opiniões de forma quase que espontânea. Olhar para São José nesse tempo nunca foi tão essencial. É preciso que descubramos junto ao nosso Patrono o segredo de até dormindo estar atento ao que Deus quer comunicar. Silenciar não é manter-se passivo dos acontecimentos, mas se colocar numa posição de escuta que favorece, além de uma maior compreensão do que vivemos, um meio de apresentarmos a Deus as realidades em que nos inserimos e nas que nos são impostas para assim podermos melhor reagir. Lembremos de que a Palavra de Deus se encarnou (Jo 1,14); a Palavra é alguém. Como poderia um santo falar alguma coisa diante desse mistério? Como poderia aquele que foi escolhido para guardar em seu lar a Palavra Eterna do Pai dizer alguma coisa? Embora São José seja apresentado emudecido pelos escritos, não foi emudecido no testemunho sagrado da escuta, do discipulado e da disponibilidade. O silêncio de São José permitiu-lhe estar sempre pronto, inclusive nas situações tensas. Tantas vezes somos tentados por palavras ditas no calor das emoções e que causam tanto sofrimento. Sejamos senhores do nosso silêncio e das nossas palavras para que resplandeça através de nós a Palavra de Deus. Supliquemos a São José que nos faça a todos praticantes dessa virtude tão rara e valiosa

No período de 13 a 31 de maio de 2007, foi realizada a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, na cidade de Aparecida (SP). “A conferência procurou responder à pergunta: como ser Igreja na atual situação da América Latina? Para tanto, analisou a realidade social, econômica, política, cultural, religiosa e eclesial do continente. Confrontou-a com a perspectiva teológica escolhida, a saber, como ser discípulo e missionário em tal contexto histórico. E terminou com propostas de ação pastoral. Assumiu-se, por conseguinte, o método ver-julgar-agir.” (artigo do Pe. J. B. Libânio, publicado na Revista Vida Pastoral, nº 257). Aparecida foi a 5ª Conferência promovida pelo Conselho Episcopal Latino americano (CELAM). Passados 14 anos e por vontade do Papa Francisco, não haverá agora a 6ª Conferência, mas a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, no Santuário de Nossa Senhora do Guadalupe, no México, 21 a 28 de novembro próximo. Com o tema geral: “Somos todos discípulos missionários em saída”, a Assembleia Eclesial vai seguir três eixos: a) a vida dos nossos povos; b) o encontro vivo e decisivo com Jesus Cristo; e c) a conversão pessoal, comunitária, pastoral e social. Tudo isso vai ser discutido à luz da Conferência de Aparecida, à luz dos sinais dos tempos e à luz do Pontificado do Papa Francisco. Aliás, o então arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, presidiu o documento final da 5ª Conferência do CELAM, ou seja, o “Documento de Aparecida”. Portanto, Francisco conhece bem o conteúdo de Aparecida. E, certamente, por isso mesmo, um dos objetivos da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontecerá em novembro próximo, consiste em reassumir tanto o Concílio Vaticano II como o Documento de Aparecida. (Por Cacilda Medeiros)

SETEMBRO DE 2021 11


A ORDEM

CELEBRAÇÃO DO MÊS DA BÍBLIA completa 50 anos

Presidente da CNBB chama a atenção para o cristão descobrir, sempre mais, a importância da Palavra de Deus Por Luiza Gualberto

Tradicionalmente, a Igreja no Brasil, celebra em setembro, o Mês da Bíblia. Neste ano de 2021, a celebração completa o jubileu de 50 anos. Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira, nesse tempo, a Igreja no Brasil tem vivenciado o Mês da Bíblia como um momento importante, buscando anunciar a Palavra de Deus e a beleza de fazer ecoar no coração dos ouvintes, a Palavra que renova e impulsiona à missão. “Podemos dizer que foi um dos frutos do Concílio Vaticano II, buscando aprofundar e vivenciar a Palavra, sendo proposto o estudo de um dos livros da Bíblia para cada ano”, ressalta. No dia 01 de setembro,

12 SETEMBRO DE 2021

“A Igreja no Brasil instituiu o Mês da Bíblia a partir da urgência de anunciar a Palavra de Deus e a beleza de fazer ecoar no coração dos ouvintes a Palavra que renova e impulsiona à missão”

abrindo as comemorações do jubileu, aconteceu uma celebração no Santuário Nacional de Aparecida (SP), presidida por Dom Walmor, que reforçou a comemoração como “uma pérola preciosa”, sendo um momento para agradecer a Deus pelo caminho de 50 ano na Igreja do Brasil, em que tem sido colocada a Palavra de Deus em primeiro lugar. “O Mês da Bíblia nasceu com o impulso inicial das irmãs paulinas que, depois, se tornou um patrimônio da Igreja no Brasil inteiro, colocando a Palavra de Deus em primeiro lugar”, frisou. Segundo o padre Jânison de Sá, assessor da Comissão para a animação bíblico-catequética da CNBB, celebrar o


A ORDEM CNBB

Dom Walmor Oliveira, presidente da CNBB

jubileu de ouro do Mês da Bíblia é muito importante para fortalecer a animação bíblica, o estudo, a reflexão e a oração a partir deste livro, em toda a Igreja no Brasil. “Comemoraremos essa caminhada tão bonita na Igreja no Brasil, nas comunidades e paróquias, celebrando o Mês da Bíblia em setembro, com um livro estudado a cada ano e, ao mesmo tempo, neste ano celebrativo/ formativo, apontamos novos caminhos, passando de uma

pastoral bíblica para a animação bíblica de toda a pastoral. Todas as pastorais e movimentos são motivadas a assumir a animação bíblica”, afirma. Para a irmã Izabel Patuzzo, também assessora da comissão, este é um jubileu que deixou marcas na vida de tantas comunidades que se reúnem ao redor da Palavra de Deus para dela se alimentar. “A organização dos círculos bíblicos são encontros fecundos de grupos, comunidades e pasto-

rais que partilham a Palavra de Deus e a colocam como alma de toda a ação evangelizadora. Esta leitura comunitária da Bíblia, tem como objetivo que a Palavra de Deus seja fonte de vida e esperança para todos os povos. Com metodologias simples e profundas, ao mesmo tempo, ajudam o povo de Deus a descobrir, nas Escrituras, o valor sagrado da dignidade humana e o convite ao discipulado missionário de Jesus em nossos dias”, frisa.

SETEMBRO DE 2021 13


A ORDEM

CAPA

“Neste ano, a Igreja convida à reflexão a partir da Carta de São Paulo aos Gálatas. O lema proposto para este Mês da Bíblia é “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus”

Carta aos Gálatas é refletida durante Mês da Bíblia 2021

“A organização dos círculos bíblicos são encontros fecundos de grupos, comunidades e pastorais que partilham a Palavra de Deus e a colocam como alma de toda a ação evangelizadora (Ir. Izabel Patuzzo)” 14 SETEMBRO DE 2021

Subsídios Como forma de fomentar a presença bíblica na vida das comunidades ao logo desses 50 anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem criado subsídios nas diferentes formas de comunicação, a fim de facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades. Ao longo do mês de setembro até a festa de São Jerônimo, tradutor da Bíblia do hebraico para o latim, no dia 30 de setembro, os fiéis são convocados a aprofundar os conhecimentos da Palavra de Deus. Neste ano, a Igreja convida à reflexão a partir da Carta de São Paulo aos Gálatas. O lema proposto para este Mês da Bíblia é “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus”. “Cresçamos no sentido de pertença, cresçamos no sentido de respeito mútuo e de diálogo, cresçamos no conhecimento da doutrina bonita da nossa fé, não como conceitual, simplesmente, não como rigidez, mas, como experiência que brota e faz brotar em nossos corações a sabedoria do amor”, foi o que pediu Dom Walmor ao estudarmos e refletirmos este livro, neste mês de setembro. O presidente da CNBB destacou também a importância da Bíblia no dia a dia da Igreja, nas circunstâncias da vida e nas famílias, como instrumento para produzir em nós o amor que nosso coração precisa


CAPA A ORDEM

nutrir e ter em abundância para nos permitir viver um testemunho bonito e amoroso. “A escuta da Palavra de Deus é a experiência importante, bonita, de fazer nós, servidores e servidoras da vida, especialmente daqueles que precisam mais, os pobres, os enfermos, os vulneráveis, aqueles que estão numa luta maior pelo dom da vida, que é dom sagrado, inviolável, dado por Deus a cada um de nós”, enfatizou. Por ocasião do cinquentenário de celebrações do Mês da Bíblia, a Comissão para a animação bíblico-catequética da CNBB, convida os fiéis a utilizarem os subsídios preparados para as reflexões em volta da celebração. A Edições CNBB publicou um texto-base para auxiliar os encontros bíblicos durante este mês. O subsídio tem como objetivo, auxiliar as comunidades e paróquias no aprofundamento bíblico, na preparação e vivência do Mês da Bíblia 2021. Para ter acesso aos materiais, basta acessar o site: edicoescnbb.org.br.

André Kinal

Como surgiu o Mês da Bíblia? O Mês da Bíblia surgiu em 1971, na Arquidiocese de Belo Horizonte (MG). As Irmãs Paulinas, através do Serviço de Animação Bíblica (SAB) deram o primeiro impulso e, posteriormente, a CNBB assumiu-o como uma proposta nacional. Entre os objetivos, estão o de contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia na ação evangelizadora da Igreja, no Brasil; criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades. A Igreja no Brasil instituiu o Mês da Bíblia a partir da urgência de anunciar a Palavra de Deus e a beleza de fazer ecoar no coração dos ouvintes a Palavra que renova e impulsiona à missão. À luz do Concílio Vaticano II, o Mês da Bíblia foi criado para mobilizar o aprofundamento e a vivência da palavra, através de um itinerário com a Palavra com um tema específico para cada ano. Fonte: cnbb.org.br

Homem em situação de rua folheia sua Bíblia SETEMBRO DE 2021 15


, Ser Mi iоario

Conceição dos Anjos: leiga engajada há mais de 40 anos Por Vitória Duarte e equipe pastoral da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - Parnamirim

Maria da Conceição de França Medeiros ou, simplesmente, “Conceição dos Anjos”, é uma mulher forte que, como leiga, se dedica há mais de 40 anos à missão de evangelizar por meio de seus múltiplos dons e habilidades. Natural de Macau (RN), casada há 45 anos com Francisco Assis de Medeiros, mãe de duas filhas e avó. Em 1994, chegou à Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim, vinda de Lajes, onde já atuava nos trabalhos pastorais daquela paróquia. Ao chegar a Parnamirim, envolveu-se nos trabalhos pastorais. Entre as atividades desenvolvidas podem ser citadas: a Liturgia, na Matriz, catequese, organização da festa de Nossa Senhora de Fátima e coroação da Imagem, envolvendo crianças vestidas de anjos, daí ser conhecida por Conceição dos Anjos. Na catequese, já há 27 anos, é uma excelente jardineira que leva o Mistério do Cristo às crianças e adolescentes para receberem a Primeira Comunhão. Seu trabalho vai além do contato com as crianças e os adolescentes, envolve as famílias, com esperteza, os pais nos encontros e celebrações da caminhada catequética que, por exemplo, fazem questão de estar nos encontros como ouvintes, participam das missas, muitas vezes assumindo a Liturgia, realizam encontros nas famílias, como Natal em Família, Campanha da Fraternidade, Hora da Família. Com os pais, faz campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos, entre tantas outras ações que são sinais de Solidariedade. No ano de 2018, desenvolveu um trabalho de catequese com uma turma de jovens da APAE de Parnamirim, levando-os à Primeira Eucaristia e ao Sacramento do Crisma, pelas mãos do nosso Arcebispo Metropolitano Dom Jaime Vieira Rocha. Organiza, com fidelidade, as liturgias dos domingos, na igreja matriz, e, junto a seu esposo, participa da Pastoral Familiar, celebrando a Sagrada Família nas comunidades. Anualmente, anima e coordena um cortejo celeste de anjos para coroar Nossa Senhora, rainha do céu e nossa mãe. Conceição dos Anjos, Conceição, Ceiça, qualquer um desses nomes fala da mesma pessoa. Uma mulher, esposa, mãe, avó, missionária, amiga, catequista, profissional de beleza, dedicada e comprometida com o Projeto de Deus, a quem agradecemos por sua alegria, dedicação e amor a Deus e à Mãezinha do Céu.


ARTIGO A ORDEM

O EXERCÍCIO DA CARIDADE COMO

Sinal de Conversão

O fiel cristão que busca viver a fé que professa no cotidiano de sua vida e, por isso, sente-se chamado a ser discípulo-missionário de Jesus Cristo, sente-se constantemente interpelado a proclamar o Evangelho transfigurado no Serviço à Caridade da Igreja junto aos mais pobres. O grande seguidor de Jesus Cristo, São Vicente de Paulo, traduz numa frase, sem dilações, toda a práxis de Jesus Cristo e seu ensinamento às pessoas que O seguem ao longo das épocas: “dez vezes irão aos pobres, dez vezes irão a Deus”. Nessa esteira, a Santa Igreja adverte que “somos chamados a descobrir Cristo nos pobres: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles” (EG, 198). E mais, toda ação da Caridade cristã deve ser iluminada pelas palavras de Jesus: “todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Somos impelidos pelas palavras do Evangelho a sermos ‘bons-samaritanos’ (cf.Lc 10,25-37), que ao verem a precariedade da vida dos irmãos fazem-se próximos, compartilhando não só seus bens materiais, mas a própria humanidade. É missão e dever de todo povo cristão testemunhar o amor de Deus. Por isso, a Igreja reivindica as obras de caridade como seu dever e direito inalienável e as têm em estima particular. Porém, para que as práticas de caridade estejam acima de qualquer crítica e produzam frutos de libertação, é preciso que respeitem a liberdade e a dignidade da pessoa que recebe o auxílio, cuidando para que não sejam maculadas pela intenção de vantagem pessoal, ou mesmo pelo desejo de dominação (cf.Mt 6,2-4); e que satisfaçam em primeiro lugar as exigências da justiça, afim de que não passe por caridade o que é devido a título de justiça (cf. AA, 8). São Gregório Magno ensina em sua Regra Pastoral que “quando damos aos pobres as coisas indispensáveis, não praticamos com eles grande generosidade pessoal, mas lhe devolvemos o que é deles. Mais que cumprir uma obra de misericórdia, saldamos um débito de justiça”. O grande São João Crisóstomo nos questiona: “De que adianta se a mesa eucarística estiver sobrecarregada com cálices de ouro quando seu irmão estiver morrendo de fome? Comece satisfazendo a fome dele e depois com o que resta, você também pode adornar o altar”. No Evangelho de São Mateus, cap. 25, vemos a descrição de uma práxis discipular, a ser vivenciada por todas as pessoas que seguem a Jesus Cristo. O apóstolo nos convida a volvermos o olhar para as pessoas que devem receber a nossa atenção e cuidados, graças à situação de vulnerabilidade na qual se encontram – famintos, sedentos, enfermos, presos, maltrapilhos, migrantes etc. A partir desse trecho, podemos considerar que há muitas pessoas a serem incluídas no grupo dos “pobres”. No fundo, esse grupo é constituído por todas as pessoas cuja vida se encontra ameaçada, e não apenas o órfão, a viúva, os pobres e estrangeiros, como já propõe a ética bíblica do Antigo Testamento. Assim, como o Evangelho não é estático, mas está sempre sendo lido no confronto com a vida real, quais outras pessoas em nossa sociedade integrariam esse grupo no tempo presente? Fazendo uma leitura orante-reflexiva, será possível compreender que a práxis aí descrita –”Eu tive fome e me deste de comer… tudo que fizestes a um desses pequeninos foi a mim que o fizeste…” – vai além de um conjunto de ações executadas para o gosto individual ou coletivo dos fiéis ou frequentadores de igrejas cristãs. Trata-se de uma práxis decisiva para o ser cristão. E isso significa que ela é determinante para nossa mais profunda e radical adesão ao Reino de Deus. Nessa perspectiva, é sinal da conformação das nossas vidas às bem-aventuranças, ao projeto de vida abundante e plena que Deus deseja para todos as pessoas, sem distinções. É sinal evidente de conversão. É também critério para nossa participação no Reino. Deve consistir no esforço cotidiano de quem se coloca disponível para seguir Jesus, ontem e hoje. Aos diáconos, ministros ordinários da caridade, nossas orações sob a proteção do glorioso São Lourenço, neste mês em que a Igreja nos convoca para rezarmos pelas vocações.

Diác. Francisco Teixeira Articulador do Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC)

É missão e dever de todo o povo cristão testemunhar o amor de Deus. Por isso, a Igreja reivindica as obras de caridade como seu dever e direito inalienável e as têm em estima particular.

SETEMBRO DE 2021 17


A ORDEM REPORTAGEM Tatiana Pedroso (Adora Comunicação Católica)

Exaltação da Santa Cruz: A FESTA DA VITÓRIA

A Igreja Católica celebra a festa da Exaltação da Santa Cruz em 14 de setembro

18 SETEMBRO DE 2021


REPORTAGEM A ORDEM

A origem dessa festa está ligada à dedicação de duas importantes basílicas construídas em Jerusalém, por ordem de Constantino, filho de Santa Helena. Uma construída sobre o Monte Gólgota e outra no lugar onde Jesus Cristo foi sepultado e ressuscitado. “A dedicação dessas duas basílicas remonta ao ano de 335, quando a Santa Cruz foi exaltada ou apresentada aos fiéis. Encontrada por Santa Helena, foi roubada pelos persas e resgatada pelo imperador Heráclio”, explica o texto publicado no https://santo.cancaonova.com/. O arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG), Dom Eurico dos Santos Veloso, em artigo publicado no site cnbb.org.br, em 14 de setembro de 2020, destaca que “a essência principal da Festa da Exaltação da Santa Cruz é recordar e vivenciar a Paixão que nos libertou de nossas paixões; é exaltar a Cruz que condenou e esmagou o pecado em cada um de nós; é recordar dos cravos encravados nas mãos d‘Aquele que apagou o castigo do mal em cada um de nós. Afinal, todo aquele que olha a Cruz encontra Jesus Cristo que, “existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6-8)”. “Nós, cristãos e cristãs, seguidores de Jesus, salvos pela cruz redentora, somos convidados pelo Mestre a também carregar a cruz. Não que a nossa vida seja condenada ao sofrimento pelo sofrimento, não que estejamos condenados a um destino de dor e de destruição. A Cruz é a condição para o seguimento a Jesus: “se alguém quer me seguir, renuncie

a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). Sendo condição para o seguimento a Jesus, a cruz se torna indispensável para o discipulado e a missão. E isso quer dizer que para sermos discípulos missionários precisamos ter a sequela de Jesus. E essa sequela não significa uma vida de bem-estar, de felicidade terrena, mas de uma vida doada em favor dos outros. O sentido de ‘carregar a cruz’ está todo no ato de doação, de entrega como Jesus o fez”, escreveu o arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, em artigo publicado no site arquidiocesedenatal. org.br, em 14 de setembro de 2018. Simbologia e devoção à cruz Para os cristãos, a cruz tem um sentido especial: lembra Jesus Cristo, que deu a vida pela salvação de todos. Segundo o Padre Fernando Sampaio, em matéria publicada no portal A12, o poder do cristianismo está na mensagem da cruz. “Ela é um sinal nosso como cristãos. Não existe cristianismo verdadeiro sem cruz”, explica. Na mesma matéria, o sacerdote ainda acrescenta que, quando morremos, é o momento em que se torna o dia da nossa passagem. “Então, quando se coloca uma cruz no lugar que alguém morre, é porque contemplamos o mistério pascal de Cristo, o mistério da Salvação. Quem foge da Cruz é o inimigo de Deus. Nós cristãos nos gloriamos na Cruz do Nosso Senhor Jesus Cristo”, finaliza. A cruz está presente nas indumentárias dos bispos (cruz peitoral), nos objetos litúrgicos, nos altares e nas celebrações. Muitas pessoas também costumam usar uma cruz, em formato de pingente, em anéis e até em tatuagens, como uma indicação de compromisso com a fé cristã.

Carlos Eduardo Santana / Adora Comunicação Católica

“Nós, cristãos e cristãs, seguidores de Jesus, salvos pela cruz redentora, somos convidados pelo Mestre a também carregar a cruz” (Dom Jaime Vieira) SETEMBRO DE 2021 19


A ORDEM REPORTAGEM

Escola diaconal Santo ESTEVÃO

COMPLETA JUBILEU DE PRATA

BRUNNO ANTUNES

Criada no governo de Dom Heitor Sales, escola surgiu para dar resposta a uma necessidade canônica de ter os três graus da ordem completos

Arquidiocese de Natal conta com atuação de 101 diáconos permanentes

A Escola Diaconal Santo Estevão, da Arquidiocese de Natal, vivencia o jubileu de prata de criação, com um ano celebrativo, que iniciou em 2020 e se estende até este ano. Criada no governo do então arcebispo de Natal, Dom Heitor Sales, a escola surgiu para dar resposta a uma necessidade canônica de ter os três graus da ordem completos e responder a uma decisão da Igreja, que havia restaurado o diaconato permanente durante o Concílio Vaticano II. A escola foi fundada no dia 07 de maio de 1995. Dois anos após ser criada, aconteceu a ordenação dos dois primeiros diáconos, Francisco Teixeira e Francisco Adilson, que já haviam feito o processo formativo. Na primeira fase de seu funcionamento, a Escola Diaconal foi dirigida por quatro diretores, iniciando com o padre Francisco Lucas e concluindo com o monsenhor Lucas Batista. No ano de 2015, foi nomeado o diácono Edmar Conrado para esta função. “Hoje, a Escola Diaconal tem sua formação geral em seis anos e meio, ficando assim distribuído este tempo de formação e discernimento vocacional: o aspirante, ao chegar à escola, passa por um período de dois anos de encontros vocacionais, que 20 SETEMBRO DE 2021

acontecem, no primeiro ano, uma vez por mês e, no segundo, a cada 15 dias. Após este período, a escola ingressa o aspirante para uma formação de quatro anos. Ao final deste processo, após ter recebido todos os ministérios, o aspirante é apresentado ao Conselho de Ordens e Ministérios, que vai aprovar ou não a ordenação diaconal”, explica o diácono Edmar. De acordo com o diácono Eduardo Wanderley, que é integrante da coordenação de formação da escola, a vocação diaconal é uma configuração ao Cristo servo. “Configurar significa moldar-se a um aspecto particular da vida de Cristo. Portanto, nós somos configurados para o serviço na Igreja e ao povo de Deus”, diz. Segundo o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, quando falamos do diaconato permanente, nos voltamos para a graça do Concílio Vaticano II, que restaurou o diaconato para a vida da Igreja. “Aqui em nossa Arquidiocese, estamos celebrando os 25 anos de atuação da Escola Diaconal Santo Estevão. É uma escola que cresceu e se adaptou às exigências do tempo presente. Só podemos louvar e agradecer a Deus por este serviço à nossa Igreja”, comemora.


ARTIGO A ORDEM CEDIDA

Processo formativo na Escola Diaconal dura seis anos e meio

Importância da Escola Segundo o diretor geral da escola, o diácono Edmar Conrado, esse espaço formativo se constitui como um importante instrumento de condução, formação e preparação de homens que tem se sentido chamados à vocação diaconal e desejam se tornar diáconos permanentes, servidores do Reino de Deus, em primeiro lugar e, depois, à Igreja, sinal visível deste Reino entre nós. “É importante que tenhamos claro que a Escola é um fundamental ambiente de preparação técnica, espiritual, humana e missionária destes vocacionados. Sabemos que a messe é grande e poucos são os operários, mas, quantos mais se apresentarem e atenderem ao chamado de Deus para servir ao mestre como operário nesta messe, mais o Reino se estabelecerá entre nós”, reforça. CACILDA MEDEIROS

Diácono Edmar Conrado, diretor geral da Escola Diaconal

A Escola hoje Nestes 25 anos de atuação, a Escola Diaconal ordenou mais de 100 diáconos permanentes para servirem à Igreja de Natal nos mais diversos espaços paroquiais e serviços pastorais, sejam nas comunidades particulares, quanto em nível de trabalhos arquidiocesanos. Atualmente, a escola conta com 13 vocacionados e 30 alunos candidatos. “O diaconato permanente é e sempre será importante para a evangelização e, de modo específico, para os novos tempos, marcados por desafios, de crescimento de mentalidade urbana, além do crescimento territorial e populacional, em que a presença da Igreja é de suma importância. Nada é mais real e oportuno que a presença de homens ordenados”, frisa o diácono Edmar. Como ingressar na Escola Segundo o diácono Edmar, é preciso: “Primeiro, é necessário que o chamado seja pessoal. A vocação é de cada um, é o chamado que Deus faz a cada um de modo particular. A palavra vocação vem de vocare (uma voz interior, uma voz que vem de dentro). Também é preciso que a comunidade reconheça esta vocação e este vocacionado, como um servidor da comunidade, como membro daquela comunidade”. Muito antes da vocação surgir, o vocacionado já vive a sua vida cristã a serviço da Igreja e da comunidade como um discípulo missionário. Ainda de acordo com o diácono Edmar, após este discernimento pessoal, o vocacionado vai se apresentar ao seu pastor (pároco, administrador paroquial, vigário paroquial) e expressará este desejo. Vendo no vocacionado um coração e um pedido sincero, o sacerdote solicita um tempo de observação, pedindo que o vocacionado continue o seu serviço missionário na comunidade, naquilo que ele já faz e fazia, para depois de um tempo favorável, que dura em torno de um ano, encaminhá-lo para ser apresentado à direção da Escola Diaconal, que iniciará o processo formativo. SETEMBRO DE 2021 21


A ORDEM

Arquidiocese NOSSA

PARÓQUIAS DO 5º ZONAL Nesta edição, vamos conhecer as nove paróquias que compõem o quinto Zonal, que integra o Vicariato Episcopal Norte e reúne sete municípios da região do Sertão Central do Rio Grande do Norte.

Flávio Filho Rivaldo Jr.

Paróquia de Nossa Senhora da Conceição – Lajes, Caiçara do Rio do Vento e Pedra Preta Pároco: Pe. Raimundo Renato da Rocha Ciríaco Telefone: (84) 3532-2248

Cedida

Paróquia de Nossa Senhora da Conceição – São Rafael Pároco: Pe. Ândreson Madson Ferreira do Nascimento Telefone: (84) 98779-2383

Naide Cardoso

Paróquia de Nossa Senhora das Graças – Afonso Bezerra Administrador paroquial: Pe. Emerson da Fonseca Gomes Telefone: (84) 3533-2505

22 SETEMBRO DE 2021


A ORDEM Cedida

Paróquia de Sant’Ana – Sant’Ana do Matos e Bodó Pároco: Pe. Francisco Clodoaldo Leitão de Farias Telefone: (84) 3434- 2076

Rivaldo Jr.

Rivaldo Jr.

Paróquia de São José – Angicos e Fernando Pedroza Pároco: Pe. Jailton da Silva Soares Telefone: (84) 3531-2036

Dênis Silva

Paróquia de São Paulo Apóstolo – Pedro Avelino Administrador paroquial: Pe. Clóvis da Silva Santos Telefone: (84) 3534-2223

Cedida

Paróquia de São Vicente Férrer – Itajá Administrador paroquial: Pe. José Marcos Silva de Lima SETEMBRO DE 2021 23


A ORDEM

Suicídio – A IMPORTÂNCIA DE

CONHECER SOBRE, ACOLHER E PREVENIR Por Vitória Élida Em 2003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, e, desde 2014, o Centro de Valorização da Vida (CVV) em parceria com a Associação Brasileira de Psicologia (ABP) criaram a campanha do Setembro Amarelo, que tem a cor amarela como forma de representar este sentimento. A campanha tem como objetivo prevenir e reduzir os números de suicídios no país. Além disso, pretende incentivar o diálogo sobre o tema junto à sociedade. O maior desafio desta campanha está em conscientizar as pessoas de que transtornos emocionais como a depressão, que estão diretamente associados ao suicídio, são doenças, e devem ser tratadas e respeitadas como tal e não como “besteira, falta de fé”. No Brasil, cerca de 12 mil casos de suicídio acontecem por ano. No mundo, esse número passa de um milhão. E um dado considerado preocupante é de que essa realidade se dá, principalmente, entre os jovens de 15 a 24 anos, e a depressão é um dos motivos que levam a essa estimativa. Durante muito tempo o suicídio foi considerado um grande pecado, isso devido a crenças religiosas, morais ou culturais. Isso pode estar associado com a dificuldade que as pessoas sentem em falar abertamente sobre o assunto, o medo ou vergonha de serem julgadas. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em setembro de 2020, a cada 40 segundos uma pessoa tirou sua própria vida no mundo. Mais de 800 mil pessoas acabam com a própria vida ao ano. No Brasil, foram registrados mais de 13 mil casos de suicídio, dos quais 10.203 foram co24 SETEMBRO DE 2021

metidos por homens. Ainda de acordo com o relatório da OMS, as principais formas de suicídio foram através de enforcamento, seguida por envenenamento e o uso de armas de fogo. A OMS acredita que restringir o acesso destes meios a possíveis suicidas é uma das possibilidades para reduzir o número de casos. Várias são as causas que agem como gatilho para um ato suicida. Dados de pesquisas registram que questões financeiras, de não aceitação de si e relacionamentos são as principais causas de atentados contra a própria vida. Por isso, é importante que se fique atento aos diversos sinais dados pela pessoa, para que se inicie imediatamente um acompanhamento com uma equipe especializada. É importante também que as pessoas ao redor atuem como uma rede de apoio e cuidado. Estar presente, demonstrar interesse e carinho aos familiares é uma das maneiras de identificar e prevenir problemas de depressão. Sinais como mudança de comportamento, reclusão e até alterações no sono e apetite, podem ser sinais de depressão. Participar do processo de cura do familiar também é extremamente importante, além, é claro, de contar com a ajuda de especialistas da área da saúde mental. O CVV, que já existe há quase 60 anos, promove apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma gratuita quem quer e precisa conversar, seja pelo telefone 188, e-mail e chat, diariamente, disponível no site oficial do Centro. No Brasil, o CVV conta com mais de 4 mil voluntários, os quais realizam entre 9 e 10 mil atendimentos diários. No ano passado, o CVV disponibilizou um curso gratuito à distância para quem tivesse


A ORDEM

Erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para a formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida. Por isso, é preciso lembrar dos principais mitos acerca desse comportamento. 1. O suicídio é uma decisão individual, já que cada pessoa decide sobre sua vida, pois exerce seu pleno direito de livre arbítrio: os suicidas sofrem quase sempre por uma doença mental, a qual altera de forma radial a sua percepção da realidade, interferindo, assim, até mesmo no seu livre arbítrio, e na forma como lida com seus problemas. Ou seja, essa informação é um MITO. 2. Quando uma pessoa pensa em se suicidar uma vez, correrá risco pelo resto de sua vida: caso a pessoa passe por um tratamento eficaz ela não correrá esse risco. 3.Quem quer se matar não ameaça, vai lá e faz: maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. De alguma forma, boa parte dos suicidas expressam seus desejos de se matar. Se ela diminui a intensidade desse desejo, significa que o problema está passando. Mas o alerta deve permanecer ligado. 4. O pensamento suicida é causado pela falta de Deus, basta rezar que passa: Deus é extremamente poderoso e pode sim trazer a cura, mas é preciso que a pessoa com esses pensamentos busque ajuda. O apoio emocional e psicológico é de extrema importância na luta contra a depressão e seus possíveis efeitos. interesse em ser voluntário. Os pré-requisitos foram “ter 18 anos, coração e técnica”. Em razão de todos os reflexos da pandemia causada pelo coronavírus, a campanha do Setembro Amarelo ganhou, desde o ano passado, uma importância ainda maior. Pelo fato de o suicídio ser resultado do agravamento de doenças relacionadas à saúde mental, todas as limitações impostas pelas medidas de segurança adotadas podem acabar agravando ou gerando quadros de ansiedade ou depressão que merecem atenção. A solidão provocada pelo isolamento social torna a situação ainda mais complicada. Por este motivo, segundo os especialistas, vale redobrar a atenção, especialmente com os idosos. Além disso, o mundo vive um estado profundo de luto pelas milhares de vidas perdidas, e ainda continua tendo que conviver com as incertezas quanto à contaminação, prevenção, eficácia de vacinas, a luta pela própria vida em leitos de UTI, entre tantas outras preocupações vin-

das com a pandemia. Por isso, mesmo diante de tanta adversidade, aprender com a pandemia e aprender a localizar melhor as nossas verdadeiras necessidades é fundamental. Encarar de forma real a situação e se colocar na posição de alguém que tem consciência do que tem que passar, mas que se fortalece nas mais simples e mínimas situações e relações, também é extremamente eficaz nessa grande e dura batalha que é viver em tempos de pandemia. É de suma importância lembrar que todo dia é setembro amarelo, que a prevenção ao suicídio e a valorização da vida e da saúde como um todo devem ser prioridades para além de um mês. Por isso, é indispensável que a saúde mental seja um tema mais abordado e acima de tudo, respeitado, com consciência, considerando as opiniões dos especialistas e daqueles que precisam conviver diariamente com as angústias causadas pelos transtornos mentais. Sem o contínuo respeito, investimento, ação e atenção por parte do governo às políticas públicas de saúde mental e saúde em geral, as consequências apenas aumentarão a conta da (ir)responsabilidade política e social.

SETEMBRO DE 2021 25


A ORDEM VIDA PASTORAL

Espaço Solidário: 20 ANOS

DE SERVIÇOS AOS IDOSOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE Por Cione Cruz

26 SETEMBRO DE 2021


VIDA PASTORAL A ORDEM Fotos: Cedidas

Espaço Solidário abriga 24 idosos residentes

Neste início de agosto, de 02 a 08, teve festa em Mãe Luiza, com as comemorações dos 20 anos do Espaço Solidário, uma obra social da Igreja Católica, vinculada à Paróquia Nossa Senhora da Conceição, que se propõe a acolher idosos em situação de vulnerabilidade, em sistema de abrigo e de atendimento diário ou diarista. O padre Robério Camilo, que é o pároco da Paróquia de Nossa Senhora a Conceição, em Mãe Luíza, afirma que o espaço funciona como uma espécie de creche para o idoso. O Espaço Solidário beneficia os idosos do Bairro de Mãe Luiza e de todo município de Natal, que são indicados pela SEMTAS (Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social), Promotoria Pública ou mesmo pela própria direção do Centro Sócio-Pastoral, através da equipe de coordenação desse projeto. Segundo o padre Robério, “foi criado pelo padre Sabino e é uma casa que faz muito bem à comunidade de Mãe Luiza. É muito respeitada, porque é uma casa muito digna. Celebrar os 20 anos agora no mês de agosto foi uma coisa muito bonita, uma manifestação de alegria muito grande. Grandes vitórias foram cele-

Padre Robério Camilo, pároco da Paróquia de Nossa da Conceição, em Mãe Luíza

bradas ali. Muito bonito ouvir dos idosos que o espaço não é a casa onde eles querem morrer, mas, sim, a casa onde eles querem viver o resto dos dias”. Padre Robério Camilo está em Mãe Luiza há 13 anos e quando ali chegou, no ano de 2008, descobriu esse “espaço de vida”, chamado Espaço Solidário, que é uma casa de longa permanência para o idoso que, hoje, nas políticas públicas, chama-se de IlPI (Instituição de Longa Permanência de Idoso). Ele conta que, quando chegou em Mãe Luiza, ficou admirado e logo se apaixonou pelo nome, porque, segundo contou, padre Sabino, seu fundador, preferiu colocar o nome Espaço Solidário, ao invés de colocar Abrigo de Idosos. Pra ele, era uma necessidade exaltar a dignidade desta casa, que iria, de fato, cuidar dos idosos. “Depois de 20 anos, o projeto chamado Espaço Solidário continua cumprindo a sua função. Foi uma obra do padre Sabino para dar respostas às necessidades do bairro de Mãe Luiza”, reforçou. Quando foi criado, o Espaço Solidário era vinculado à Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, onde padre Sabino era vigário paroquial (a Paróquia Nossa Senhora da ConSETEMBRO DE 2021 27


A ORDEM EM AÇÃO

Iniciativa faz parte do trabalho social do Centro Sócio-Pastoral Nossa Senhora da Conceição, em Mãe Luíza

ceição, em Mãe Luiza, foi criada somente em 23 de novembro de 2020), porém o trabalho social dele foi iniciado há 38 anos, quando começou fazendo atendimento às crianças, porque, naquela época, a mortalidade infantil era alta, em virtude da desnutrição. E, antes de ter o agente de saúde do bairro, já existiam os amigos da comunidade. Padre Robério conta que ele contava com o apoio de voluntários, que faziam visitas de casa em casa e, nessas visitas, foram descobrindo que havia muitos idosos; às vezes em situação muito precária na família, porque estas famílias precisavam sair para trabalhar e o idoso não tinha com quem ficar. Também foi ficando visível a própria luta pelos direitos dos idosos na sociedade. A partir dessa situação, o padre Sabino idealizou esse Espaço Solidário e com a ajuda de cristãos da Alemanha e da Suíça, construiu a casa. Hoje, a casa abriga 24 idosos residentes e, dentro do projeto, são acolhidos, também, os idosos que passam somente o dia no local. Para esse atendimento diário, o Espaço dispõe de um veículo, com motorista, que vai pegar o idoso pela manhã, logo cedo, e devolve à família no final da tarde. Amparado pelo Centro Sócio-Pastoral Nossa Senhora da Conceição, que é uma espécie de guarda-chuva maior do trabalho social em Mãe Luiza, o atendimento não se restringe somente aos idosos, mas, atende também a crianças, adolescentes e jovens, através de duas escolas, uma escola de música, bem como um Centro Administrativo, onde são desenvolvidas várias atividades, como cursos e capacitações de um modo geral, voltadas, principalmente, à juventude. 28 SETEMBRO DE 2021


EM AÇÃO A ORDEM

São quatro modelos com variações de cores e tamanhos

SETEMBRO DE 2021 29


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.