Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 62 Natal/RN | junho de 2021
Catequista PAPA INSTITUI MINISTÉRIO DO
A ORDEM
SUMÁRIO EDITORIAL
O RECONHECIMENTO DE MILÊNIOS DE MISSÃO
Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 62 Natal/RN | junho de 2021
Catequista PAPA INSTITUI MINISTÉRIO DO
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CAPA
ENTREVISTA - Pastoral Universitária inicia ação na Arquidiocese de Natal
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REPORTAGEM - Campanha “Fraternidade: compromisso de amor – É tempo de cuidar” faz balanço das ações
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EM AÇÃO - Dia Mundial do Meio Ambiente convida a práticas sustentáveis
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Movimento oferece apoio emocional e espiritual para viúvas, viúvos e pessoas sós
EXPEDIENTE
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira CONSELHO EDITORIAL: Cacilda Medeiros Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida
A matéria de capa desta edição traz como conteúdo a instituição do Ministério de Catequista, pelo Papa Francisco, através do Motu próprio “Antiquum ministerium”, assinado no dia 10 de maio deste ano. O Santo Padre descreve a “Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente” como condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo. Ele também afirma ser “necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese”. Francisco chama a atenção para a necessidade de “um encontro autêntico com as gerações mais jovens e a necessidade de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária da Igreja”. O Papa Francisco é um homem de visão aguçada em relação às necessidades atuais da Igreja. Ele percebe necessidades que muitos cristãos nem cogitam abordar. A instituição desse ministério é uma dessas percepções enxergadas pelo Santo Padre. A missão de “catequisar” é bem antiga e na maioria das paróquias é desempenhada por leigos e leigas preparados “in loco” pelos párocos, sob cuja responsabilidade evangelizadora estão todos os paroquianos. São homens e mulheres engajados na missão de evangelizar, agora reconhecidos oficialmente pela Igreja de Cristo como Ministros de Catequese. O Ministério é novo, mas o seu exercício é exercido há milênios. “Toda a história da evangelização nestes dois milênios manifesta com grande evidência como foi eficaz a missão dos catequistas”, reconhece o Papa Francisco.
EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) FOTO DA CAPA: Fotografia Religiosa Adora
COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Vitória Élida Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal
DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464 COMERCIAL: (84) 3615-2800
ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
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A ORDEM
PALAVRA DA IGREJA
A BELEZA DO MATRIMÔNIO
Francisco Papa
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Deus tem um sonho para nós, o amor, e pede-nos que o tornemos nosso. Façamos nosso o amor que é o sonho de Deus
4 JUNHO DE 2021
A intenção de oração do Papa Francisco, para este mês de junho, intitulada «A beleza do matrimônio”. No dia primeiro de junho, a Santa Sé publicou um vídeo do Santo Padre, no qual ele fala sobre a intenção. Ele inicia a mensagem de vídeo, fazendo a seguinte pergunta: “Será verdade o que alguns dizem, que os jovens não querem se casar, especialmente nestes tempos tão difíceis? Casar e partilhar a vida é algo maravilhoso”. Esse questionamento ecoa as dificuldades e complicações que muitas famílias e casamentos tiveram durante a pandemia. A taxa de casamentos, segundo alguns dados, vem diminuindo notavelmente desde 1972, a ponto de, em países como os Estados Unidos, atingir os pontos mais baixos da história. Além disso, em muitos países, a queda nas taxas de casamento foi acompanhada por um aumento na idade em que se casa. A média na Suécia, por exemplo, se aproxima agora aos 34 anos. Em termos de famílias, não se observa apenas que a proporção de filhos nascidos fora do casamento aumentou consideravelmente em quase todos os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas que se multiplicou o número de divórcios, que em alguns países chegam a mais da metade dos casamentos. O confinamento, em muitos casos, gerou tensões e conflitos familiares e tornou a vida em comum uma tarefa mais árdua do que o normal. Porém, a mensagem do Papa encoraja a continuar: “É uma viagem trabalhosa, por vezes difícil, chegando mesmo a ser conflituosa, mas vale a pena animar-se. E nesta viagem de toda a vida, a esposa e o esposo não estão sozinhos; Jesus acompanha-os. O casamento não é apenas um ato ‘social’; é uma vocação que nasce do coração, é uma decisão consciente para toda a vida, que exige uma preparação específica”. “Por favor, nunca se esqueçam disto. Deus tem um sonho para nós, o amor, e pede-nos que o tornemos nosso. Façamos nosso o amor que é o sonho de Deus”, diz ainda o Papa na mensagem de vídeo, convidando a rezar “pelos jovens que se preparam para o matrimônio com o apoio de uma comunidade cristã, para que cresçam no amor, com generosidade, fidelidade e paciência”. “Porque para amar é preciso muita paciência. Mas vale a pena, não é mesmo?”, conclui Francisco. A videomensagem do Papa sobre o matrimônio chega num momento oportuno. Na festa da Sagrada Família de 2020, Francisco convocou um Ano especial dedicado à família que começou em 19 de março de 2021 com o seguinte lema: “Amor em família: vocação e caminho de santidade”. Essa convocatória coincide com o quinto aniversário da Exortação apostólica Amoris Laetitia e com o terceiro aniversário da Exortação apostólica Gaudete et Exsultate, dando destaque à vocação ao amor que cada pessoa tem dentro de sua casa. Além disso, acompanha outro acontecimento importante: o Ano de São José, que se estenderá até 8 de dezembro de 2021.
A VOZ DO PASTOR
A ORDEM
A devoção AO CORAÇÃO DE JESUS E AO CORAÇÃO DE MARIA
Prezados leitores/as No mês de junho, a Igreja celebra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria. Dentro das solenidades do Senhor, que são colocadas no calendário litúrgico, nas primeiras semanas da retomada do Tempo Comum (a primeira parte do Tempo Comum tem início após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira de Carnaval, interrompe-se na quarta-feira de Cinzas e a segunda parte vai da segunda-feira após a solenidade de Pentecostes até a última semana, a 34ª após a solenidade de Cristo Rei), a Igreja celebra o Sagrado Coração de Jesus. Além de ser uma grande devoção da Igreja, o Coração de Jesus é outra forma de manifestar o grande acontecimento da Revelação divina: a Encarnação do Verbo, do Filho eterno de Deus, Jesus Cristo (cf. Jo 1,14; também Lc 1,26-38). Que o Filho de Deus tenha um coração significa que Ele assumiu a condição humana e está tão próximo de nós que, a nossa natureza, o nosso coração, está no seio de Deus. O Coração de Jesus lembra a todos nós que a Humanidade de Jesus é o grande sacramento da manifestação de nosso Deus para todos os homens e mulheres. Ao assumir um “coração”, isto é, tornar-se Homem, o Filho de Deus assume e revela aos homens e mulheres tudo o que as Sagradas Escrituras indicam sobre o “coração de Deus”, especialmente no Antigo Testamento. São, no total, 26 afirmações sobre o coração de Deus, que indicam, não sentimentos, mas a própria existência divina. Trata-se de sua afeição pelo ser humano, criado à sua imagem e semelhança. E uma afeição motivada sempre pela sua misericórdia (Os 11,8: “Como te entregarei, Efraim, te abandonarei, Israel? Como te entregarei como Adma, te tornarei como Seboim? Meu coração se contorce dentro de mim, juntas, comovem-se minhas entranhas”). É nítido que se expressa o Plano de Deus e os pensamentos de seu coração: ao criar o homem desejou dar-lhe o seu amor e sua misericórdia. Que o homem viva na sua companhia e amizade, que viva da escuta de sua palavra e se torne seu filho. Para isso, o Filho eterno que se fez Homem se apresenta como o modelo: Mt 11,19: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso...”). A Igreja celebra, também no mês de junho, a memória do Imaculado Coração de Maria. A proximidade das duas celebrações indica, também, a realidade humana do Filho de Deus. A formação do “Coração” humano de Jesus passa, logicamente, pela realidade humana de sua Mãe, o que mostra a participação, colaboração da Virgem Maria na obra redentora de Deus, realizada por Jesus Cristo. Como a relação de Jesus com sua Mãe vai para além do fator biológico, tendo profundo significado teológico, podemos afirmar: o Coração do Filho eterno feito Homem está em perfeita sintonia com o Coração Imaculado de sua Mãe. Claro, isso acontece por expressão da ternura divina, pela iniciativa amorosa do bom Deus e Pai, criador da realidade humana de seu Filho, como também o criador do coração e da humanidade daquela que foi escolhida para ser a Mãe de seu Filho, a Mãe de nosso Senhor.
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
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A proximidade das duas celebrações indica, também, a realidade humana do Filho de Deus”
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A ORDEM
Neste ano de 2021, a Pastoral Universitária (PU) começa a dar os primeiros passos, na Arquidiocese de Natal. Recentemente, o arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, nomeou o Padre Matias Soares, pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, no Conjunto Mirassol, como coordenador arquidiocesano da Pastoral. “A PU trabalha para que a presença da Igreja no mundo universitário tenha um viés mais dialógico, a fim de que o encontro com o próprio Evangelho seja fonte de respostas aos grandes anseios da humanidade”, explica o coordenador.
PASTORAL UNIVERSITÁRIA INICIA AÇÃO NA ARQUIDIOCESE DE NATAL 6 JUNHO DE 2021
ENTREVISTA A ORDEM
Qual a missão da Pastoral Universitária? Pe. Matias: Como toda ação da Igreja, ela é mais um canal de evangelização de todos aqueles que estão no mundo das academias, seja federais, estaduais ou particulares. A Pastoral Universitária (PU) é para todos os que estão envolvidos no processo acadêmico, contemplando professores, funcionários e estudantes. Eles são alvo de preocupação da Igreja para que assim tenham a oportunidade do Evangelho. Em resumo, a missão fundamental da Pastoral Universitária é o anúncio do Evangelho, na perspectiva dialógica, complementar, que leve a todos aqueles estão nas academias a fazer uma experiência de encontro com Jesus. Historicamente, a Igreja Católica sempre esteve tentando fazer a relação entre a fé e a razão. Então, quando pensamos a PU, temos de pensá-la nessa perspectiva, nessa preocupação de fazer com que a fé e a razão sejam trabalhadas num ambiente universitário, considerando os aspectos históricos da vida da Igreja Católica. A Igreja que sempre esteve envolvida com a cultura, para que ela fosse, de fato, um meio de evangelização. Vale, aqui, ressaltar que as próprias universidades surgiram sob a proteção da Igreja Católica. A própria universidade existe com essa preocupação de fazer com que a verdade buscada pela razão encontre eco e adequação na verdade que é revelada por Deus, na pessoa de Jesus Cristo. Vejamos que a missão da Pastoral Universitária se encontra numa perspectiva de fronteira. É um mundo para o qual a Igreja precisa sair, promovendo a cultura do encontro. A PU trabalha para que a presença da Igreja no mundo universitário tenha um viés mais dialógico, a fim de que o encontro com o próprio Evangelho seja fonte de respostas aos grandes anseios da humanidade. Que passos estão sendo
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Historicamente, a Igreja Católica sempre esteve tentando fazer a relação entre a fé e a razão.
dados para a implantação e fortalecimento da PU, no território arquidiocesano? Pe. Matias: Primeiramente, a Arquidiocese de Natal sempre teve uma ligação muito próxima com o mundo da academia. Padres, que eram professores da universidade, a presença de seminaristas, todo o Movimento de Natal que muito valorizou a presença dos leigos no mundo acadêmico, com a Juventude Universitária Católica (JUC), que foi tão importante para o fortalecimento da Igreja, a partir dos anos 60. Também foi um instrumento de presença dos professores e alunos na universidade, na vida social do estado do Rio Grande do Norte. Grandes homens e mulheres, que, vivendo a experiência do Movimento de Natal, foram sinais e presença do Evangelho nas universidades e faculdades, dentre elas a de Serviço Social, que começou com uma ação da própria Igreja Católica, em nossa Arquidiocese. Aqui, lembramos, de modo muito especial, do Monsenhor João Penha, que teve um trabalho muito específico junto à Universidade Federal do Rio Grande do Norte; e do Cônego José Mário de Medeiros, que até há pouco tempo deu assistência religiosa à capela do campus da UFRN. Já tivemos sinais bem consistentes da presença da Igreja no mundo universitário. Agora, por iniciativa do nosso arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, assumi a responsabilidade de coordenador arquidiocesano da Pastoral Universitária. Isso porque sou pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, cujo território abrange também o campus central da UFRN. A Paróquia de Santo Afonso passou a ser responsável pela assistência religiosa católica ao campus da UFRN. Já temos uma célula da PU, na Paróquia de Santo Afonso. Antes, quando fui pároco de São José de Mipibu, também implantei uma célula da Pastoral Universitária lá. JUNHO DE 2021 7
A ORDEM
ENTREVISTA
Atualmente, estamos entrando em contato com os coordenadores de cada zonal da Arquidiocese, para que indiquem um casal que estejam no mundo da academia e possa colaborar conosco para a organização de uma equipe de coordenação arquidiocesana da Pastoral Universitária. Este é o primeiro passo. A partir daí, vamos começar a trabalhar gradativamente em todas as paróquias da Arquidiocese. Há necessidade de uma adequação da linguagem eclesial no meio universitário? Pe. Matias: Sem dúvidas. Algo fundamental que temos presente nesse processo de implantação da Pastoral Universitária, em nossa Arquidiocese, é que a sua perspectiva precisa ser, antes de tudo, dialógica. Considerando o significado da cultura, da linguagem, da narrativa do mundo universitário, sabendo que seu paradigma é científico, não podemos fazer proselitismo. Queremos ser uma presença e testemunho na cultura universitária. Além de toda a história da Igreja, temos o embasamen8 JUNHO DE 2021
ENTREVISTA A ORDEM
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Queremos ser presença e testemunho na cultura universitária
to do Concílio Vaticano II, principalmente de um de seus documentos: a constituição Gaudium et Spes, que trata da Igreja no mundo contemporâneo. Esse documento lembra que os discípulos de Jesus são a alegria e a esperança da Igreja. Reforço: há necessidade, sim, da adequação da linguagem eclesial no meio universitário. Como a coordenação arquidiocesana pretende trabalhar a Pastoral junto às universidades, faculdades e paróquias? Pe. Matias: Queremos começar este trabalho nas paróquias para dar suporte à nossa assistência religiosa à capela do campus da UFRN, os chamados para os atos ecumênicos, em formaturas, e demais demandas, especificamente espirituais. Temos também a presença de alguns grupos das novas comunidades que trabalham a questão das universidades renovadas, mas é algo ainda embrionário.
cedida
Professores e estudantes universitários que desejarem conhecer e participar da Pastoral, como proceder? Pe. Matias: Primeiramente, pode procurar a Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, no Conjunto Mirassol, em Natal. Ela está como a paróquia referencial para a PU, devido eu ser o pároco e o coordenador arquidiocesano da Pastoral e, também, pela proximidade geográfica com o campus central da UFRN. Pode me procurar, na Igreja Matriz de Santo Afonso, de segunda a sexta-feira, das 15h às 19 horas. Estarei sempre à disposição para ouvir e conversar com professores, funcionários e estudantes universitários. Os estudantes também podem conversar com seus párocos sobre a implantação da Pastoral Universitária, em suas paróquias. JUNHO DE 2021 9
A ORDEM
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10 JUNHO DE 2021
A ORDEM
DIA DO PAPA O TRIGO DOS ELEITOS Iniciamos o mês de junho tendo nos seus primeiros dias a celebração da Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo (03/06); solenidade esta tão cara à fé católica e celebrada sempre com elevado espírito de júbilo. Aqui devemos nos debruçar num assunto que não pode deixar de ser lembrado: a relação de São José com o mistério Eucarístico. Mas existe alguma ligação entre o Santíssimo Sacramento e São José? Existe ligação entre a Eucaristia, instituída por Jesus na Última Ceia com um homem que sequer estava vivo quando da instituição? Já tivemos a oportunidade de meditar aqui a respeito da prefiguração de São José feita em José do Egito (Gn 37-50) no que se refere a alguns sinais, como, por exemplo, a docilidade de compreender a mensagem de Deus manifestada através de sonhos; há agora de se meditar sobre um outro elemento da vida de José do Egito que a partir da interpretação de um sonho rendeu-lhe favores para muito além do que as paredes do calabouço de Faraó pudessem lhe ofertar. Quando o Faraó sonha com as vacas belas e gordas sendo engolidas por vacas feias e magras e em seguida sonha com espigas grossas e belas que são devoradas por espigas magras e ressequidas (Gn 41, 1-7), José do Egito logo interpreta os sonhos como sendo sinal de um tempo de fartura seguido por duro tempo de escassez e satisfaz ao Faraó que de imediato o encarrega de ser quem irá governar o Egito nesse tempo de fartura para abastecer os celeiros. Assim foi feito e “a fome assolou todos os países, mas havia pão em toda a terra do Egito.” (Gn 41,54). Esse trigo plantado e colhido nas terras egípcias que alimentou os outros filhos de Jacó, tem sua completude em São José que não diferentemente de sua prefiguração se refugia no Egito (Mt, 13-15) - este não vendido como escravo, mas fugindo da fúria Herodes. Superando a dor de ir a terra da escravidão do seu povo, dirige-se a essa terra estrangeira e pagã levando consigo o menino Deus para lá o resguardar, aquele menino que um dia proclamaria sobre si mesmo “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome” (Jo 6,35). É São José, antes mesmo da Última Ceia, que desponta como participante de um mistério ainda a ser revelado; livrando Jesus menino da ira de Herodes e escondendo-o no Egito, São José armazena nos celeiros egípcios um trigo que não só alimenta num período curto de penúria, mas alimenta eternamente quem deste pão encontra a vida (Jo 6,57); o trigo que é triturado não apenas para o povo que juntou nos celeiros, mas que se multiplica sobre os altares cotidianamente e está guardado em todos os sacrários da terra. Lucas França Paróquia de São José dos Angicos
A Igreja Católica Apostólica Romana foi instituída por Jesus Cristo e os Apóstolos são o seu alicerce, conforme o Evangelho de Mateus: “... Jesus perguntou a seus discípulos: no dizer do povo, quem é o Filho do Homem? Responderam: uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. ... e vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus, então, lhe disse: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai, que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus”(Mt 16,13-19). São Pedro, portanto, foi o primeiro Papa da Igreja Católica Apostólica Romana. Ao todo, até os tempos atuais, a Igreja teve 266 Papas, entre os quais dois ainda vivos: Bento XVI, Papa Emérito por ter renunciado ao Papado, e Francisco, atual Chefe da “Cátedra de Pedro”. Desde o tempo de São Pedro até os dias atuais, a Igreja Católica ficou com sede vacante em sete períodos: de 20 de janeiro de 250 a 6 de março de 251; de 6 de agosto de 258 a 22 de julho de 259; de 24/25 de outubro de 304 a 27 de maio de 308; de 29 de dezembro de 1268 a 1º de setembro de 1271; de 4 de abril de 1292 a 5 de julho de 1294; de 20 de abril de 1314 a 7 de agosto de 1316 e de 4 de julho de 1415 a 11 de novembro de 1417. (fonte: https://pt.wikipedia.org/ wiki/Lista_de_papas) O Dia do Papa é celebrado na solenidade de São Pedro e São Paulo, 28 de junho. Quando este dia não coincide com o domingo, a Solenidade é celebrada no domingo seguinte. Neste ano de 2021, por exemplo, será no dia 4 de julho, data em que também a Igreja faz a coleta do Óbolo de São Pedro, destinado ao Vaticano. JUNHO DE 2021 11
A ORDEM
CAPA
Papa Francisco INSTITUI
MINISTÉRIO DO CATEQUISTA O documento, intitulado Antiquum ministerium, foi apresentado no último dia 11 de maio Por Cacilda Medeiros
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A carta apostólica, do Papa na Arquidiocese de Natal. Francisco, em forma de Motu próprio, Antiquum ministerium, Ser catequista: uma vocação estabelece a função do cateHá algum tempo, Francisco já vi“Ser quista como um ministério insnha manifestando o desejo de inscatequista é titucionalizado na Igreja Católitituir esse ministério. Em julho de ca. A intenção do Santo Padre, uma vocação 2017, em mensagem enviada aos ao publicar o documento, é de serviço na participantes do Simpósio Internaestabelecer formalmente o micional sobre Catequese, promovido Igreja, que pela Pontifícia Universidade Católinistério do catequista, que desenvolve a dimensão evangelise recebeu ca da Argentina, em Buenos Aires, zadora dos leigos, desejada já ele afirmou que “ser catequista não como dom pelo Concílio Vaticano II. é uma profissão, mas uma vocação”. do Senhor A carta apostólica foi apreNo texto, o Papa lembrou que, sentada na sala de imprensa para ser “em primeiro lugar, a catequese não da Santa Sé, no último dia 11 é um trabalho ou uma tarefa externa transmitido de maio, com a presença do à pessoa do catequista, mas se é capresidente do Pontifício Conse- aos demais” tequista e toda a vida gira em torno lho para a Promoção da Nova (Papa Francisco) desta missão”. E acrescentou: “De Evangelização, Dom Rino Rifato, ser catequista é uma vocação sichella, e do delegado para a de serviço na Igreja, que se recebeu catequese, do mesmo dicastério, Dom Fran- como dom do Senhor para ser transmitido aos z-Peter Tebartz-van Elst. demais. Por isso, o catequista deve constan“Esse ministério é um reconhecimento da temente regressar àquele primeiro anúncio ou missão que nós realizamos em nossas comu- kerygma, que é o dom que transformou a prónidades. Com a instituição desse ministério, pria vida. Para Francisco, este anúncio deve a Igreja reconhece o trabalho, a missão que o acompanhar a fé que já está presente na relicatequista desempenha, na comunidade pagiosidade do povo. roquial”, comenta o Diácono Sérgio Leandro, O Diácono Sérgio Leandro recoordenador da Comissão de Catequese, corda que a vocação do catequista Vatican Media
Papa Francisco: “ser catequista não é uma profissão, mas uma vocação”
12 JUNHO DE 2021
CAPA A ORDEM
se fundamenta na missão que todos recebem no batismo. “Todos nós, por meio do batismo, recebemos do Cristo ressuscitado a missão de evangelizar. Assim, o catequista quando diz ‘sim’ ao chamado, está correspondendo à missão que recebeu no batismo”, acrescenta.
Lílian Paixão / Fotografia Religiosa Adora
Novo ministério com origens antigas De acordo com matéria publicada no portal Vatican News, no dia 11 de maio, o novo ministério institucionalizado pela Igreja Católica tem origens que remontam ao Concílio Vaticano II e até ao Novo Testamento. “Toda a história da evangelização nestes dois milênios manifesta com grande evidência como foi eficaz a missão dos catequistas, que asseguraram que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano, chegando ao ponto de até dar a sua vida para este fim”, escreve Francisco. O Santo Padre recorda que desde o Concílio Vaticano II, que foi realizado na década de 1960, tem havido
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Todos nós, por meio do batismo, recebemos do Cristo ressuscitado a missão de evangelizar. Assim, o catequista quando diz ‘sim’ ao chamado, está correspondendo à missão que recebeu no batismo” (Diác. Sérgio Leandro)
Na catequese, as crianças aprendem valores da fé cristã
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A ORDEM
CAPA Cedida
Comissão arquidiocesana de Catequese, com o arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha
uma crescente consciência de que a tarefa dos catequistas é importante e necessária para o desenvolvimento da comunidade cristã. “Ainda hoje, muitos catequistas competentes e perseverantes realizam uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé, enquanto uma longa série de beatos, santos e mártires catequistas marcaram a missão da Igreja, constituindo uma fonte fecunda para toda a história da espiritualidade cristã”, escreve o Papa no Motu próprio.
Carta Apostólica foi publicada dia 11 de maio
14 JUNHO DE 2021
Missão de todos No documento Antiquum ministerium, Francisco destaca que o novo ministério institucionalizado não vai diminuir em nada a missão própria do bispo, que é o primeiro catequista da diocese, nem a responsabilidade peculiar dos pais quanto à formação cristã dos filhos. O Pontífice incentiva a todos os leigos e leigas a colaborarem no serviço da catequese, indo ao encontro “dos muitos que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã”. O Pontífice escreve, no documento: “É tarefa dos pastores reconhecer ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade, através da penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico”.
CAPA A ORDEM
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Esse ministério é um reconhecimento da missão que nós realizamos em nossas comunidades. Com a instituição desse ministério, a Igreja reconhece o trabalho, a missão que o catequista desempenha, na comunidade paroquial” (Diác. Sérgio Leandro) Responsabilidade das Conferências Episcopais No Motu próprio Antiquum ministerium, o Papa convida as Conferências Episcopais a tornarem realidade o ministério do catequista. Segundo o Diácono Sérgio Leandro, agora as Dioceses aguardam a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), estabelecer os critérios normativos sobre como será instituído esse ministério junto aos catequistas. “O Papa Francisco deixa claro que as Conferências, no nosso caso, a CNBB, vai nos orientar sobre os critérios para que os catequistas possam ser admitidos no ministério laical de catequista”, explica o coordenador da Comissão de Catequese, na Arquidiocese de Natal. “No documento, o Papa já sinaliza que para ser admitido ao novo ministério, é necessário passar pelo itinerário catequético, ou seja, a pessoa precisa ter uma boa formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica. Deve ser uma pessoa que tenha uma boa comunhão fraterna e estar ligado à sua comunidade”, esclarece. Cedida
Catequistas da Paróquia do Bom Jesus das Dores, na Ribeira JUNHO DE 2021 15
, Ser Mi iоario
Meu bem fazer Por Minervino Wanderley Agente da Pastoral da Comunicação Paróquia de Nossa Senhora da Candelária – Natal (RN)
O nosso caminhar na vida, sempre norteado pelas palavras Dele, nos deixa muitos ensinamentos. Dentre esses, está o prazer em fazer o bem sem esperar retorno ou agradecimentos. Sabemos que nem sempre as pessoas vão reconhecer as boas intenções. Pouco importa. Mais vale a atitude. Sobre isso, é oportuno falar sobre uma pessoa que retrata bem esse espírito católico. Dona de uma fé inabalável, simples, profundamente generosa, sempre disponível e com suas mãos constantemente abertas para ajudar aos mais necessitados. Ivani Ferreira da Silva é essa personagem. Sua caminhada na fé católica teve início na sua infância, quando participou do Clube de jogos Nossa Senhora do Ó, em Serra Negra do Norte (RN), sua terra natal. Quando veio morar na capital, Ivani continuou com o seu propósito, engajando-se em diversos movimentos criados pelas paróquias de São Sebastião, no Alecrim, e de Nossa Senhora da Candelária, no bairro da Candelária, onde se encontra até hoje. Além de coordenadora da Comunidade Eclesial Missionária São José, é integrante da Pastoral da Comunicação e participa dos movimentos Mães que oram pelos filhos, Discípulo da Associação Irmã Dulce e do Ofício de Nossa Senhora da Conceição. Mas sua generosidade fica cristalina quando, tocada pelas necessidades dos irmãos que passam dificuldades, ela mesma confecciona e distribui cestas básicas àqueles que fazem parte desse segmento que vive à margem da sociedade, num gesto de verdadeiro amor ao próximo. Ivani resume seu trabalho com uma frase: “Me sinto feliz fazendo isso.”
REPORTAGEM A ORDEM
Vicariato Social FAZ BALANÇO
DE CAMPANHA SOLIDÁRIA
“Fraternidade: compromisso de amor – é tempo de cuidar” é o nome da iniciativa que está sendo realizada desde o mês de abril no território da Arquidiocese de Natal Por Luiza Gualberto Diante dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, diversos problemas sociais ficaram evidentes. O acesso ao alimento foi um deles. Pensando em atender à população mais vulnerável, a Arquidiocese de Natal lançou no mês de abril, a campanha “Fraternidade: compromisso de amor – é tempo de cuidar”. Segundo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, a inspiração da ação veio da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano. “Foi a partir da motivação da Campanha da Fraternidade Ecumênica que se constituiu um legado tão feliz já nesses 60 anos de história. Nós, motivados nessa prática da sensibilidade das pessoas mais necessitadas, promo-
vemos a campanha para muitas famílias que estão em situação de vulnerabilidade social, em virtude, principalmente, da pandemia da COVID-19”, explica. São mais de 100 paróquias ou áreas pastorais envolvidas na ação, que já está sendo um sucesso. “Tem sido plenamente exitosa, vindo do gesto generoso de empresários e até de quem não pode doar tanto e fazem doações menores”, diz o Arcebispo. Segundo um levantamento feito pelo Vicariato Social da Arquidiocese, a ação já soma mais de 5 mil famílias beneficiadas pela Igreja nos cinco primeiros meses do ano. Antes da oficialização da campanha, outras ações já vinham sendo JUNHO DE 2021 17
A ORDEM REPORTAGEM Fotos: Arquivo Vicariato Social
Ação social da Arquidiocese de Natal já beneficiou mais de 5 mil famílias em situação de vulnerabilidade
implementadas pelo Vicariato junto às pessoas assistidas. São moradores de assentamentos e comunidades carentes, na capital e interior do estado, que estão sendo atendidos com a iniciativa da Igreja, por meio das campanhas nas paróquias e instituições arquidiocesanas, Serviço de Assistência Rural (SAR), além das pastorais sociais. As doações são, também, de ordem financeira, de pessoas de boa vontade, assim como empresas solidárias. De acordo com o assessor do Vicariato Social, o diácono Márcio Andrade, o SAR está desenvolvendo um projeto de banco de alimentos, intitulado de Bodega Solidária, situado no município de João Câmara, que está atendendo 230 famílias, por meio da distribuição de cestas básicas. Essa é uma iniciativa que tem tido êxito e, por essa razão, já se prepara para uma expansão, com a preparação de lideranças para a instalação de mais duas bodegas: uma em Macau, na comunidade de Diogo Lopes e outra no município de Lagoa Salgada. A previsão é de que isso aconteça até o mês de julho. Para a viabilização desse projeto de assistência social, a Igreja conta com a parceria da instituição alemã Adveniat, que vem contribuindo com ações emergenciais, assim como o SAR e a Cáritas arquidiocesana e regional. “Continuamos recebendo doações. Já contamos, inclusive, com a parceria do Governo do Rio Grande do Norte, que doou 180 cestas, que foram destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade, como catadores de material reciclável, famílias de pescadores, assentados, entre outros. A campanha é solidária, então também estamos contribuindo com famílias acompanhadas pelas Igrejas Anglicana e Católica Brasileira”, conta. Doações As doações de gêneros alimentícios e de materiais de higiene pessoal podem ser entregues diretamente nas paróquias do território da Arquidiocese, assim como, na Toca de Assis, situada no bairro Lagoa Seca, em Natal. O Vicariato Social também disponibilizou uma conta bancária e chave PIX para doações em dinheiro: Caixa Econômica – Ag. 0035 Op. 013 Conta: 237874-7, em nome da Arquidiocese de Natal – CNPJ: 08.026.122/0001-69. Chave PIX: solidaria@arquidiocesedenatal. org.br.
Projeto “Bodega Solidária” tem contribuído com a distribuição de alimentos para famílias carentes 18 JUNHO DE 2021
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O celular COMO EXTENSÃO DO CORPO Cada dia mais popularizado, o celular deixou de ser apenas um acessório Por Cione Cruz
Fazer compras, transações bancárias, se informar, jogar, assistir filmes, séries e lives, chamar serviços de táxis e outros transportes alternativos (Uber, 99), adquirir ingressos, comprar comida, interagir com outras pessoas através de redes sociais. Essas são apenas algumas utilidades que encontramos no aparelho celular, além do tradicional e já superado hábito de falar ao telefone, hoje substituído com bastante sucesso pelo Whatsapp. Cada dia mais popularizado, o telefone celular deixou de ser um acessório para, em muitos casos, especialmente entre os mais jovens, se transformar em uma extensão do corpo. Quem não tem um celular hoje em dia? Democratizado em todas as classes sociais e segmentos da sociedade, entre jovens, pessoas maduras, idosos e até crianças, sem essa ferramenta de comunicação, quem há de viver? Acordar e dormir, dando uma primeira e última olhada no celular, tornou-se um hábito para a maioria das pessoas. Reconhecendo que o celular deixou de ser um acessório, utilizado esporadicamente
ou em determinadas situações, a psicóloga Taciana Chiquetti afirmou que hoje essa ferramenta é fundamental, com sua importância ampliada, mais ainda, por conta da pandemia da Covid-19. “É por meio do celular que a gente trabalha, estuda e se diverte”, afirmou. “Então o que aconteceu foi que o simbolismo desse celular foi se alterando com as circunstâncias globais”, justificou. Como a gente não está podendo sair de casa, às vezes queremos assistir um filme, assistir uma live, ou seja, assistir algo de entretenimento e o celular acaba fazendo esse papel, disse Taciana. O fato é que o aparelho celular está presente em todos os cômodos da casa, no sofá, no intervalo de uma programação da televisão, na cozinha, na sala de jantar, no quarto e até no banheiro. Sim, muitas pessoas levam seu aparelhinho para o banheiro. E, extrapolando a residência, está nas academias, nas mesas de bares, restaurantes, clínicas e, apesar do perigo de assaltos, no meio da rua. Por isso, ele é visto, para muitos, como uma extensão do corpo. Para Rebeca Costa, que trabalha com
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Marketing Digital, normalmente os aplicativos que ela mais usa, segundo o relatório do próprio Instagram, é o Whatsapp, para se comunicar com as pessoas “normais”, ou seja, de seu círculo pessoal, mas também em relação ao trabalho. Os clientes costumam falar por esta rede social, informou. “Eu uso muito aplicativo de música. Na verdade, é o que mais uso, depois do Whatsapp e Instagram. Fora esses, também utilizo aplicativos para editar fotos, porque eu trabalho com fotografia e, muitas vezes, edito no próprio celular, para ser mais prático”. Segundo Rebeca, que costuma ser acordada pelo despertador do celular, ele está sendo muito utilizado por ser mais prático, pois tudo que tem no celular, normalmente tem no computador. Houve uma substituição do computador pelo celular, por ser mais prático, por caber na bolsa, “por estar sempre na palma de nossa mão. Então, a gente acaba que usa menos o computador e mais o celular”, disse. Uso saudável Segundo a psicóloga Taciana Chiquetti, é importante identificar se o uso do celular está sendo feito de forma saudável, se interfere na qualidade de vida. “Se o uso desse celular estiver interferindo na nossa qualidade de vida, roubando da gente momentos que também são importantes e que não incluiriam o celular, aí a gente precisa começar a prestar um pouco mais de atenção na frequência, embora essas percepções fiquem mais complicadas nesse contexto em que até me divertindo eu preciso do celular. Então, é ficar atento para que a gente também possa desligar e voltar para o mundo real”, disse a psicóloga. Embora estejamos vivendo numa situação de isolamento social, é preciso interagir com quem está próximo em nossa casa, ter contato com a natureza. Enfim, manter a nossa vida natural, o mais próximo do que era possível. A psicóloga também observou que o uso intermitente do celular pode também ser prejudicial à saúde mental, se for estabelecida uma relação de dependência, uma relação de vício com o celular ou com qualquer coisa. Ela explicou que, geralmente o vício está relacionado com algum vazio interno, que não foi compreendido pela pessoa. Então, só um trabalho de autoconhecimento é que vai ajudar a pessoa a entender melhor os seus vazios e o porquê de estar usando o celular ou qualquer outra coisa para preencher esse vazio interno. E esses vazios podem ser preenchidos também com sexo, comida, bebida e, até mesmo, re20 JUNHO DE 2021
ligião (dependendo de como é colocado). Quando a gente fala de dependência, de vício, mais importante até do que identificar em que a gente está viciado, é compreender que vazio é esse que está me levando a buscar essas saídas, essas distrações. O ponto é a dependência e não o objeto. Taciana frisa a necessidade de estar atento, justamente porque o celular ganhou esse espaço central em nossas vidas. Tem que ser analisado se esse aparelho está trazendo benefícios, está facilitando nossas conexões “ou se ele está entorpecendo a gente, nos distraindo, fazendo com que a gente saia do nosso foco, saia de nossa essência e desvalorize as coisas que realmente tem valor na vida e, principalmente, não olhe para gente mesmo, que é o ponto central”.
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Estatísticas A ansiedade, justificada pela necessidade de estar conectado, tem aumentado o uso desses equipamentos, segundo a pesquisa do Ibope Media. Das pessoas que compram smartphones, 58% declaram que consomem, principalmente, aplicativos e jogos. Há 41% que fazem compras coletivas e 32% que adquirem ingressos pelo celular. Mas, o dado que mais chama a atenção, revela que a primeira atividade que cerca de 33% fazem ao acordar, é acessar o smartphone logo que acorda e 27% usam o aparelho até no banheiro. Daniela Mittelstadt, 27 anos, já perdeu as contas de quantos aplicativos instalou no smartphone e no tablet. Formada em Letras e moradora de Porto Alegre (RS), ela dá aula de Português para estrangeiros e confessa a dependência pelo aparelho, já que resolve quase todos os problemas diários através do celular. “Praticamente não uso meu celular para receber ou fazer chamadas. Ele é, principalmente, uma fonte de informações, como “Vai chover? Por que está lento o trânsito? Já recebi meu pagamento? Como faço para chegar em tal parte da cidade? Quem ganhou o jogo? Quais compromissos tenho hoje? Saiu uma nova matéria da minha jornalista favorita?”, cita, ao tentar mensurar a importância do celular na própria vida. O uso do celular para acessar a internet cresceu no Brasil. Os aparelhos são o principal meio de acesso à rede no país, usados por quase todos os brasileiros. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (PNAD Contínua TIC) 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até o ano passado, três em cada quatro brasileiros, tinham acesso à internet e, entre eles, o celular era o equipamento mais usado. Entre 2017 e 2018, o percentual de pessoas de 10 anos ou mais que acessaram a internet pelo celular, passou de 97% para 98,1%. O aparelho é usado, tanto na área rural, por 97,9% daqueles que acessam a internet, quanto nas cidades, por 98,1%.
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Arquidiocese NOSSA
PARÓQUIAS DO 2º ZONAL Desde a edição do mês de abril, a revista A Ordem vem apresentando como está organizada a Arquidiocese de Natal, em relação a vicariatos, zonais e paróquias. Nesta edição, vamos conhecer as oito paróquias que compõem o segundo Zonal, que abrange parte da zona sul da capital potiguar: César Leite
Paróquia de São Camilo de Léllis Lagoa Nova Pároco: Pe Valtair Lira Lucas Contato: (84) 3615-2859
Emely Varela
Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório Mirassol Pároco: Pe. Matias Soares Contato: (84) 3615-2855
Daniely Barbosa
Paróquia de Santana – Capim Macio Pároco: Pe. Marcelo de Araújo Cunha Contatos: (84) 2020-5323 / 99856-8056
Paróquia do Sagrado Coração de JesusMorro Branco Pároco: Pe. Tiago de Melo Correia, C.Ss.R Contato: (84) 3615-2813
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Paróquia de São João Batista Vila de Ponta Negra Pároco: Pe. Luiz Martins de Carvalho Contato: (84) 3025-9202
Cedida
Paróquia de Nossa Senhora da Candelária Candelária Pároco: Pe. Júlio César Souza Cavalcante Contato: (84) 3615-2851 / 2852
Rodrigo Galvão
Paróquia de Nossa Senhora Aparecida Neópolis Pároco: Pe. Antônio Nunes de Araújo Contato: (84) 3615-2831
Brunno Antunes
Paróquia de Sta Rita de Cássia dos Impossíveis Ponta Negra Pároco: Pe. Francisco Flávio Herculano do Nascimento Contatos: (84) 3615-2840 / 3615-2841 / 98896-4242
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A ORDEM
VIVER
Dia Mundial do Meio Ambiente convida a pr
s u t s e n s a t á c i ve t á
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Data foi celebrada em 05 de junho. Segundo Fundação Getúlio Vargas (FGV), cada brasileiro descarta, em média, 41,6 Kg de comida por ano Por Juçara Ramalho / @jucara.ramalho Palestrante e Consultora em Sustentabilidade Embaixadora e Consultora do Instituto Lixo Zero Brasil Gestora Ambiental e Mestre em Engenharia Sanitária Quando falamos, vou ali jogar o lixo fora, parece ou a sensação é que de alguma forma, o lixo vai desaparecer. Bom, pelo menos o cheiro e talvez o incômodo que ele proporciona, sim. Mas, na verdade, o lixo que geramos não vai para um lugar desconhecido quando sai das nossas casas. O problema é apenas direcionado para outro lugar. Segundo dados da Associação Brasileira de Limpeza Pública (ABRELPE), aproximadamente 60% dos resíduos sólidos urbanos coletados têm como disposição final os aterros sanitários, porém 40% ainda é descartado em lixões. O Brasil tem, hoje, quase 3 mil lixões ou aterros irregulares que impactam a qualidade de vida de 77 milhões de brasileiros. Infelizmente, esta é a realidade em cerca de 3 mil dos mais de 5 mil e 500 municípios do país. Nós vivemos neste mundo, onde não é possível jogar as coisas fora e esperar que elas sumam, simplesmente porque não existe fora. E, infelizmente, os oceanos são o jardim, a calçada e o quintal de muita gente. Eles recebem, anual24 JUNHO DE 2021
mente, mais de 25 milhões de toneladas de resíduos, sendo que cerca de 80% tem origem nas cidades e correspondem ao lixo que não é coletado e tem destinação inadequada. Estima-se que só de plástico, entrem, por ano, nos oceanos, cerca de 8 milhões de toneladas. Um dado que é importante destacar aqui, é que quase todos os plásticos já produzidos ainda estão no planeta em alguma forma. Nos últimos 10 anos, fizemos mais plástico do que no último século e metade desses materiais são considerados descartáveis, ou seja, são usados apenas uma vez e logo em seguida são descartados. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010) determina que todo material produzido pelas atividades domésticas e comerciais que são coletados, deve ser encaminhado para destinação final (os aterros sanitários) apenas quando não é possível seu reaproveitamento, seja por meio da reciclagem, da reutilização ou da compostagem. Dos nossos resíduos domésticos, apenas
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10% não pode ser efetivamente aproveitado, o que corresponde aos rejeitos. Enquanto que, 90% pode ter um destino ambientalmente adequado e ser reciclado. Desse percentual, aproximadamente 40% são compostos por materiais recicláveis (plástico, vidro, papel e o metal) e 50 % dos nossos resíduos domésticos são orgânicos (restos de comida). Enquanto milhões de brasileiros convivem com a fome, diariamente são geradas mais de 40 mil toneladas de resíduos orgânicos. Mais da metade dos resíduos das nossas casas são alimentos, restos de comida como frutas, legumes e folhagens que consumimos diariamente. Somente na cidade de São Paulo, mais de 5 mil toneladas de resíduos orgânicos domésticos são enviados diariamente para os aterros sanitários. Lá, eles causam problemas ambientais, como por exemplo, a formação de um líquido escuro chamado chorume, que ao se misturar a outras substâncias, tem um potencial tóxico, que pode infiltrar no solo e contaminar a água subterrânea. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), cada brasileiro descarta, em média, 41,6 kg de comida por ano. Desse volume, 38% são arroz e feijão; 35% carnes de frango e bovina; 4% leite e derivados e outros 4% de frutas e hortaliças. O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam alimento no mundo. Diante da problemática atual dos resíduos sólidos, o que nós cidadãos podemos fazer para mudar essa realidade? Primeiro, se enxergar como parte do meio ambiente. A pandemia do coronavírus nos afirmou que estamos todos conectados, e o que fazemos na natureza (as
nossas atitudes) afeta direta ou indiretamente a vida do outro. Portanto, o caminho para a sustentabilidade está relacionado à adoção de práticas sustentáveis, tais como: Repensar os hábitos de consumo. Antes de comprar, avalie se realmente precisa daquele produto; Evitar as embalagens e os materiais descartáveis. Leve sempre com você uma ecobag (sacola reutilizável) e a sua própria garrafa de água; Reutilizar os materiais. Sempre que possível, reutilize os materiais em casa ou na sua empresa. Use a criatividade! Além de trazer benefícios para o meio ambiente, implicará, muitas vezes, em reduções de custos; Se informar sobre qual o destino dos resíduos da sua casa, do seu condomínio, da sua empresa. Perceba como pode participar encaminhando os resíduos para a coleta seletiva; Dar preferência por consumir de empresas comprometidas com a sustentabilidade, que tenham práticas para reduzir, reutilizar, reciclar e dar o destino correto dos resíduos gerados em suas atividades; Participar das discussões e eventos da sua cidade sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos; Fazer um cardápio semanal ou mensal das suas refeições. Preparar uma lista dos itens que vai comprar no supermercado baseado nesta lista; Optar, sempre que puder, pelo aproveitamento integral dos alimentos; Aproveitar as sobras dos alimentos em outras receitas; Fazer compostagem dos resíduos orgânicos.
Juçara Ramalho mantém uma página no Instagram, onde compartilha dicas de sustentabilidade
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COMUNIDADE NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA
Movimento oferece apoio emocional e espiritual para viúvas, viúvos e pessoas sós Por Vitória Élida
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o último ano, temos acompanhado em todo mundo a dor pela perda de entes queridos. Diariamente, famílias são obrigadas a conviver com o luto. E, neste momento, de forma tão repentina, também somos impedidos de viver esta ocasião, já que os rituais de despedida não podem ser realizados. A psicóloga e coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto (Lelu/ PUC-SP), Maria Helena Franco, uma das maiores referências em luto no país, cita o escritor moçambicano Mia Couto na tentativa de explicar esse processo: “A morte é como um umbigo – o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência”. Segundo a psicóloga, o luto pela perda é como a cicatriz por estar ali, lembrando que a gente passou por aquele sofrimento, por aquela ruptura. Porém, ela também afirma que “a cicatriz não tem que doer para sempre, já que o vínculo com aqueles que perdemos permanece em um novo jeito de viver e em cada recomeço”. Para conviver com essa realidade, diversas ações de apoio psicológico são incentivadas. E esse processo de ajuda e acolhida foi um pontapé para a iniciativa que há anos serve de apoio a muitos homens e mulheres enlutados, chamado de Comunidade Nossa Senhora da Esperança. A iniciativa, criada por Nancy Cajado Moncau em 2003, foi inspirada no padre Henri Caffarel que, ao longo da
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VIDA PASTORAL A ORDEM
Pe. Henri Caffarrel, francês, foi inspiração para a criação da Comunidade Nossa Senhora da Esperança
2ª Guerra Mundial, atendeu aos pedidos das jovens viúvas francesas (Equipistas de Nossa Senhora), cujos maridos haviam falecido em campos de batalha. O padre iniciou com elas um trabalho de apoio no campo espiritual, o qual ficou conhecido, inicialmente, por “Fraternidade Nossa Senhora da Ressurreição”, posteriormente sendo chamado de “Grupamentos Espirituais de Viúvas”. Nancy foi casada com Pedro Moncau, casal pioneiro do Movimento das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, trazendo-o também da França, do mesmo Pe. Caffarel. O grande mérito de Nancy foi intuir que deveria adotar, no Brasil, a mesma linha metodológica das Equipes de Nossa Senhora e acolher, além de quem vive o estado de vida da viuvez, também as pessoas sós, entendendo-se como tal as solteiras (já com certa idade) e também as separadas ou divorciadas que continuam sós. A criadora do movimento, dois meses antes do seu falecimento, que se deu em 15 de agosto de 2006, presidiu a Assembleia Geral de fundação da entidade, dando-lhe, conforme era de seu desejo, personalidade jurídica. Nessa ocasião, o Movimento já estava se espalhando por diversas cidades e em condições de atuar em qualquer parte do Brasil. Seus documentos básicos, linha temática e orientações gerais estavam prontos. Sendo assim, a Comunidade Nossa Senhora da Esperança apresenta uma equipe dirigente, composta por uma coordenação nacional e vários órgãos auxiliares. A estru-
tura orgânica prevê coordenadorias regionais e locais, que garantem a unidade de funcionamento, como ocorre exatamente com as Equipes de Nossa Senhora. A Comunidade Nossa Senhora da Esperança chegou ao Rio Grande do Norte há 15 anos. Na ocasião, foram criados dois grupos em Natal, um em Ceará-Mirim e um na cidade de Parelhas. Foi então que, no mês de outubro de 2017, o casal Elizabeth Araújo e Silva e José de Arimatéia e Silva, que fazem parte das Equipes de Nossa Senhora, Setor D, da Região do RN – I, receberam o convite para coordenar a Comunidade na região do Rio Grande do Norte. O casal participou, em abril de 2018, do encontro dos coordenadores da comunidade, sendo assim enviados para a missão. Porém, foi apenas no ano de 2019, que o casal, juntamente com a viúva e participante da comunidade, Maria da Conceição Araújo, apresentou o Movimento ao Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, o qual prontamente acolheu o Movimento. Esse reconhecimento arquidiocesano é um dos requisitos exigidos pelos documentos que norteiam a Comunidade, assim como ocorre com as Equipes de Nossa Senhora. Segundo o casal coordenador, o objetivo principal de criação da Comunidade é “desenvolver um trabalho onde Deus, como o Senhor da vida, seja amado e louvado. Dessa forma, aqueles que convivem na Comunidade, buscam nela um novo caminho, uma nova maneira de viver”, onde a solidão não possa mais fazer parte do dia a dia. A busca por essa vida onde a solidão não seja mais a companheira, é regada de leituras e reflexões do Evangelho, momentos de orações, ajudas mútuas, estudos, confraternizações e passeios. A ajuda mútua fraterna deveria ser, como de fato é, o ponto de toque para se vivenciar uma espiritualidade adequada, tanto às viúvas e viúvos, como para as pessoas sós. Outra preocupação especial do Movimento é mostrar, à luz da Doutrina da Igreja, que a solidão não é querida por Deus e que em Comunidade, ou seja, em pequenos Grupos, novo sentido certamente será dado à vida. Uma vida será o instrumento da outra para fazer da provação, não uma resignação, mas uma prova de confiança e amor a Deus. Em um dos documentos de estudo do movimento, podemos ler o seguinte trecho: “Está implícita na proposta básica das CNSE que a razão de ser desse trabalho é ajudar o seu público alvo a ver o mundo, as pessoas e os acontecimentos – bons e maus – com o olhar apaixonado de Deus e, mais do que isso, percebê-lo no
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A Comunidade Nossa Senhora da Esperança chegou ao Rio Grande do Norte há 15 anos” JUNHO DE 2021 27
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No Movimento, as reuniões são realizadas mensalmente, na residência dos membros, acolhendo de oito a doze participantes e um conselheiro espiritual (sacerdote) ou orientador espiritual (religiosa ou diácono)” centro de sua vida. Para tanto, é proposto, de forma simples, porém objetiva, exercitar a confiança, a oração ativa e fecunda, o que inclui a leitura bíblica, tudo objetivando buscar novos caminhos que levem ao Senhor da Vida”. No Movimento, as reuniões são realizadas mensalmente, na residência dos membros, acolhendo de oito a doze participantes e um conselheiro espiritual (sacerdote) ou orientador espiritual (religiosa ou diácono). Durante esse período de pandemia, o movimento também precisou se adaptar, realizando, assim, as reuniões mensais e terços através de plataformas digitais. Hoje, existe, no Brasil, um total de 302 comunidades, compostas por 2.464 pessoas, distribuídas em 14 Estados mais o Distrito Federal. Movimentos como esse são de grande importância, pois vão de encontro ao cuidado que a Igreja Católica tem aos mais necessitados. Hoje, mais do que nunca, diante do enfrentamento à pandemia, causada pela Covid-19, a Igreja precisa voltar o seu olhar para essas pessoas que precisam vencer o luto, reorganizar suas vidas e encontrar um sentido válido e estimulante para lidar com a viuvez. No Diretório da Pastoral Familiar (de 2004 – Documentos da CNBB – nº 79) nº 433, 5º, aponta-se como ação pastoral a ser assumida: “Ajudar viúvos e viúvas no cultivo da espiritualidade da viuvez como prolongação das graças do matrimônio. E, ao se favorecerem as reuniões de pessoas viúvas, propiciar que se enriqueçam espiritualmente e se apoiem mutuamente. Toda a comu-
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nidade, em sua ação pastoral, tem de se sentir responsável pela felicidade e bem-estar dos viúvos da Paróquia, sobretudo, na velhice”. Em suas palavras, a Sra. Nancy dizia que “Este é um movimento amado e querido por Deus, quando “Ele” me abre uma porta, eu logo entro por ela. Nele misturam-se dois elementos expressivos: A fragilidade das pessoas que dele participam, e a força poderosa da mão de Deus. São pessoas que trazem em si uma fragilidade humana, por viverem uma situação de solidão existencial, ou seja, que lhes impõe ônus de várias ordens e que as deixam, quase sempre, diante de desafios que parecem lhes tirar o tapete debaixo dos pés”. Diante do momento em que vivemos, onde vários “tapetes foram puxados” da vida de milhares, é preciso ter empatia, caridade e cuidado com cada uma dessas pessoas. Sendo assim, incentivar a participação dessas viúvas e viúvos em comunidades como a Nossa Senhora da Esperança possa ser um passo nesse auxílio e apoio. É preciso que essas pessoas percebam que não ficaram sós. É preciso também, que haja colaboração, para que outros tantos tapetes não sejam retirados. O recomeçar é um processo natural na vida do ser humano, mas diante de uma pandemia, o recomeçar tem sido algo tão constante, que é preciso unir forças, não só com aqueles que vivem suas perdas, mas com todos, para que, uma vez um tapete puxado, haja mãos estendidas para reerguer as vidas.
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