Revista A Ordem - Abril/2021

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Fundação Paz na Terra Ano XLV - Nº 60 Natal/RN | Abril de 2021

TEMPOS LITÚRGICOS MARCAM CELEBRAÇÕES NA

IGREJA CATÓLICA



A ORDEM

SUMÁRIO EDITORIAL

ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Fundação Paz na Terra Fundação na Terra Ano XLV -Paz Nº 60 Ano XLV - Nº 58 de 2021 Natal/RN | Abril Natal/RN | R$ 7,00 Fevereiro de 2021

TEMPOS LITÚRGICOS MARCAM CELEBRAÇÕES NA

IGREJA CATÓLICA

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CAPA

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ENTREVISTA - Jornalista potiguar fala sobre atuação na cobertura da pandemia

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PERSONALIDADE - Paróquia instala associação Santa Dulce dos Pobres

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VIDA PASTORAL - Missao.com oferece palestras e oficinas para agentes da Pascom

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REPORTAGEM - Pandemia e a era de eventos digitais

EXPEDIENTE

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

CONSELHO CURADOR: Pe. Antônio Nunes Vital Bezerra de Oliveira CONSELHO EDITORIAL: Cacilda Medeiros Luiza Gualberto Josineide Oliveira Jeferson Rocha Cione Cruz André Kinal Milton Dantas Vitória Élida

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1752) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN) FOTO DA CAPA: Júlio Abel

Os cristãos, católicos ou evangélicos, desde os mais assíduos frequentadores dos templos até os de “missa ou culto dominical”, estão privados das celebrações por causa da pandemia provocada pelo Coronavírus. Muitos se conformam e cumprem o preceito através das missas e cultos transmitidos pelas redes sociais. Outros, porém, sentem falta da visita ao templo; da comunhão eucarística e das confissões e do atendimento pessoal por parte dos padres e pastores. O que fazer? Não há outra saída a não ser preservar a vida, mantendo-se longe das aglomerações. A vida é tão preciosa que Jesus a entregou para retomá-la pela ressurreição e vencer a morte de uma vez por todas. Por isso, é melhor privar-se das celebrações do que arriscar perder a vida! A matéria sobre a Páscoa, nesta edição, mostra que Jesus venceu a morte. Outra matéria é sobre o trabalho da cobertura jornalística dos meios de comunicação, durante a pandemia. Da mesma forma que outros profissionais, como médicos, enfermeiros(as) e outras pessoas da linha de frente da saúde, os jornalistas e repórteres também correm riscos de contrair a COVID-19. Ao contrário dos fiéis, que se queixam por ficar em casa e não poderem ir às celebrações, os jornalistas e repórteres têm que sair do aconchego do lar e enfrentar os riscos de contaminação, produzindo suas matérias e reportagens. Tanto os fiéis quanto os repórteres e jornalistas estão “entre a cruz e a espada”, como diz um antigo adágio popular. Quem puder, portanto, é melhor ficar em casa!

COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal

DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (47) 9 9618-3464 COMERCIAL: (84) 3615-2800

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br

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A ORDEM

PALAVRA DA IGREJA

São José: O SONHO DA VOCAÇÃO

Francisco Papa

“Por isso, gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações”

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A Santa Sé divulgou, no último dia 19 de março, a mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado em 25 de abril. “São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias”, ressalta o Papa no texto. Em outro trecho da mensagem, Francisco destaca que a vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. “A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efêmeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se perguntássemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se doa, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, São José tem muito a nos dizer, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom.” A segunda palavra, serviço, marca o itinerário de São José e da vocação. Segundo os Evangelhos, “ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O serviço, expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas se tornou regra da vida diária. Em resumo, adaptou-se às várias circunstâncias com a atitude de quem não desanima se a vida não lhe corre como queria: com a disponibilidade de quem vive para servir”. “Por isso, gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações”, ressalta o Papa. O terceiro aspecto que atravessa a vida de São José e a vocação cristã, cadenciando o seu dia a dia é a fidelidade. “Como se alimenta esta fidelidade? À luz da fidelidade de Deus”, frisa o Pontífice. “Esta fidelidade é o segredo da alegria. Como diz um hino litúrgico, na casa de Nazaré reinava «uma alegria cristalina». Era a alegria diária e transparente da simplicidade, a alegria que sente quem guarda o que conta: a proximidade fiel a Deus e ao próximo.” “Como seria belo se a mesma atmosfera simples e radiante, sóbria e esperançosa, permeasse os nossos seminários, os nossos institutos religiosos, as nossas residências paroquiais!”, sublinha Francisco. “Que São José, guardião das vocações, os acompanhe com coração de pai”, conclui o Papa. FONTE: Vatican News


A VOZ DO PASTOR

A ORDEM

PÁSCOA: RENOVAÇÃO E ALEGRIA Prezados leitores/as A Igreja se alegra pela Páscoa do Senhor. Jesus ressuscitou, a nossa esperança renovou. Após o tempo da Quaresma, onde a Igreja nos exortou à penitência, à conversão, à pratica do jejum, da esmola e da oração, como sinais de conversão, agora ela nos introduz no tempo Pascal, tempo de alegria, de ação de graças e de renovação de nossa fé. Tempo de confiança na vitória de Cristo. Ele venceu a morte, vencerá tudo o que traz treva e tristeza para os homens e as mulheres. A Páscoa, em hebraico “Pesach”, significa passagem, saída de uma situação. Originalmente, na experiência do povo eleito de Deus, Israel, era a festa de comemoração libertação da escravidão, simbolizada já no ato de Deus livrar seu povo da passagem do anjo exterminador dos primogênitos dos egípcios (cf. Ex 12,1-28). Trata-se da última advertência de Deus ao Faraó, na intenção de fazer o seu povo sair da escravidão do Egito. A partir daquele momento o povo de Israel comemorará essa festa com atenção e desvelo. Também Jesus ia todos os anos a Jerusalém, ainda mesmo como criança (cf. Lc 2,41). No Evangelho de São João encontramos relatos de que, enquanto realizava sua missão de pregador do Reino de Deus, Jesus foi a Jerusalém em várias ocasiões (cf. Jo 2,13 – episódio do gesto profético no templo; Jo 5,1s – cura do paralitico; Jo 7, 1-14.37; Jo 10,22s; Jo 11,55; 12,12 – a última páscoa). Entre essas ocasiões estava a festa da Páscoa. Na última Páscoa, Jesus celebra com seus discípulos, e realiza a mudança de sentido: agora, não se trata de um “anjo exterminador” que passa, mas o Filho que vem para salvar. Sua passagem não condena ninguém, mas redime. E mais, não será pelo sangue de animais, ao contrário, será o seu próprio sangue, que também não será mais exposto nos portais de nossas casas, mas será alimento, bebida de salvação (cf. Mt 26,2629; Mc 14,2325; Lc 22,14-23; ver também 1Cor 11,23-26). A o celebrar a festa da Páscoa, memorial da passagem de Jesus Cristo, da morte para a vida, a Igreja se revigora e se rejuvenesce. Ela encontra, na Ressurreição do Senhor, a força para seguir anunciando o seu Evangelho, boa nova para todos os homens e mulheres. Sim, o Cristo que foi crucificado, derramou seu sangue, morto injustamente; é a revelação do amor gratuito de Deus por cada homem e cada mulher. Ele se sacrificou por nós, entregou sua vida por nós (cf. Jo 3,16; Gl 2,20; Lc 23,46). A revelação de Jesus alcança seu cume, pois por ela deu a vida. Ele mesmo tinha afirmado: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos” (Jo 15,13). A revelação de Deus, realizada por Jesus levou a isso. Sua morte se torna redentora porque o amor de Deus é redentor, renova, transforma. Ele não se furta a esse sacrifício, mas ama até o fim. Destrói o pecado naquilo que parecia ser a consequência mais funesta da ingratidão dos homens e das mulheres em relação ao amor recebido: a morte, e morte de Cruz, isto é, como rejeição de um inocente, de alguém que passou a vida fazendo o bem. Pelas suas chagas fomos curados (Is 53,5). Eis que estamos renovados, envolvidos pelo poder da Ressurreição. Deixemo-nos guiar por Ele, o Senhor vitorioso e vivente, ressuscitado não morre mais, e nele, nós temos a verdadeira vida. Celebremos a Páscoa, e tenhamos confiança: Ele venceu e nos deu essa vitória. Boa Páscoa. Que sejamos felizes!

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal

“Ao celebrar a festa da Páscoa, memorial da passagem de Jesus Cristo, da morte para a vida, a Igreja se revigora e se rejuvenesce”

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A ORDEM

“Minha realização profissional é transformar encontros em entretenimento”

Esta frase é da jornalista Anna Alyne Cunha, cujo talento para a comunicação foi despertado quando ainda era adolescente e residia na cidade de Jardim do Seridó, no interior potiguar. Quando chegou a época de fazer um curso superior, logo ingressou em Comunicação Social. Há alguns anos, exerce a profissão em Natal. Apaixonada pelo que faz, Anna Alyne afirma que “adora conhecer pessoas com boas histórias para contar e nos inspirar”. 6 ABRIL DE 2021


ENTREVISTA A ORDEM

Por que você escolheu a profissão de jornalista? Anna Alyne: A comunicação sempre esteve presente na minha vida. Ainda jovem, adolescente, eu fazia parte de projetos voltados para a comunicação, como uma rádio amadora no tempo da escola e da pastoral da palavra, na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Jardim do Seridó. Eu sempre tive a comunicação como motivação. Então, usei isso a meu favor. Entrei na faculdade de jornalismo, em 2005, e aceitei a missão de usar o dom da comunicação para fazer a minha parte na sociedade. Informando, entretendo e sendo porta-voz de tantas pessoas. Como tem sido seu dia a dia, no campo profissional, neste período da pandemia? Anna Alyne: Sem dúvida, o maior desafio da minha carreira profissional. O jornalismo tem como premissa noticiar os fatos da nossa realidade. Dessa vez, os fatos nos levaram para um campo cheio de incertezas, medos e desafios pessoais. E como profissional, eu fui desafiada todos os dias. Meus medos se tornaram companheiros cada dia mais presentes. Manter o foco na notícia, sem me envolver nas histórias foi, de longe, o meu maior obstáculo. Eu sou muito coração. Preciso muitas vezes me recompor nos bastidores para enfim conseguir passar a informação, quando esta é dura e difícil. Das inúmeras matérias que você fez, de março de 2020 para cá, teria alguma que mais lhe marcou? Anna Alyne: Algumas matérias me marcaram durante esse período. Em especial, uma que fizemos sobre artistas circenses no início pandemia. Palhaços, malabaristas e suas famílias que encontraram nos sinais de trânsito um novo palco para se apresen-

tar e conseguir algum recurso para sobreviver.

Eu sou muito coração. Preciso muitas vezes me recompor nos bastidores para enfim conseguir passar a informação, quando esta é dura e difícil”

De tudo o que tem vivenciado, seja nas ruas, nos hospitais, seja nas coletivas de imprensa do governo ou autoridades sanitárias, quais as lições que ficam para você, como pessoa e como profissional? Anna Alyne: Que tudo tem um reflexo do nosso próprio comportamento. É como se estivéssemos reconstruindo um mundo a partir das nossas atitudes (ou a ausência delas). Eu ouvi de muitos especialistas que as coisas poderiam se tornar muito graves. E assim foi. Parecia uma visão pessimista de uma situação completamente incontrolável e imprevisível. Porém, era uma visão realista. Hoje me pergunto o que a gente, como ser humano, evoluiu em meio ao caos. Lembro, quando ouvi, durante uma coletiva de imprensa do Governo do Estado, sobre a morte por covid do primeiro bebê potiguar. Era um recém-nascido que morreu com quatro dias de vida. As pessoas choraram na ocasião. Atualmente, falamos em dezenas (DEZENAS) de mortes diariamente no Rio Grande do Norte e não desce uma lágrima. Questiono-me para onde foi a sensibilidade diante de tantas vidas perdidas. A gente perdeu ou se perdeu? Saindo do tema “pandemia”, o que mais lhe dá prazer no exercício do jornalismo? Anna Alyne: Contar boas histórias. Eu sou fã de gente. Adoro conhecer pessoas com boas histórias para contar e nos inspirar. E quantos mais simples, melhor. Eu sou da conversa de calçada de interior. Aquelas que começam despretensiosas e terminam com uma grande lição de vida. Minha realização profissional é transformar encontros em entretenimento. ABRIL DE 2021 7


A ORDEM

ENTREVISTA

Fotos: Cedidas

“O jejum deve transbordar na solidariedade aos mais necessitados”

Comemoramos o Dia do Jornalista, em 7 de abril. Qual seria a matéria que você mais gostaria de fazer nesse dia? Anna Alyne: No momento atual, a realização de uma pauta sobre recomeços. Mostrar negócios prosperando, famílias se reestruturando e comemorando a vida. Logicamente, tudo sem pandemia, sem caos, vírus... sem medo.

Eu sou fã de gente. Adoro conhecer pessoas com boas histórias para contar e nos inspirar. E quantos mais simples, melhor. 8 ABRIL DE 2021


ARTIGO A ORDEM

A Igreja de Natal E O SEU LAICATO A nossa Arquidiocese tem uma história muito intensa de articulação, promoção e protagonismo do seu Laicato. Essa façanha tem no Movimento de Natal a sua maior referência. Não se trata de saudosismo, nem anacronismo; mas, acima de tudo, de reconhecimento desse maravilhoso fato que, nos dias atuais, está um pouco arrefecido. Muitos sinais ainda são perceptíveis. Contudo, somos chamados a reconhecer que novos horizontes precisam ser contemplados, para que possamos adentrar até águas mais profundas. A nossa pastoral é muito clericalizada, sacramentalista e de sacristia. Em tempos de pandemia e pós-pandemia, somos chamados à ousadia. As paróquias parecem mais feudos do que lugar de aproximação dos distantes. Não é à toa que a palavra paróquia quer dizer "casa de estranhos, estrangeiros". A partir desta noção, já temos uma diretiva e o porquê da preocupação da V Conferência de Aparecida da conversão missionária das paróquias. Uma revitalização se faz necessária. As luzes conciliares, traduzidas nas quatro últimas conferências latino-americanas, já foram acesas, e agora com o magistério e testemunho pastorais do Papa Francisco, que denuncia amiúde o clericarismo, deveriam ser recepcionados. Parando para ver o cenário, será que conseguimos acolher, internalizar e praticar estas diretivas? O que nos falta, enquanto Igreja Particular de Natal? Mesmo que em outro contexto, sem cairmos em anacronismos, por que seis padres fizeram o que quase duzentos ainda não conseguimos, que é promover esse protagonismo, com mais parresia?

Pe. Matias Soares Pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório – Mirassol - Natal

“A nossa pastoral é muito clericalizada, sacramentalista e de sacristia”

Esses e tantos outros questionamentos poderiam ser meditados em nossos encontros de zonais e vicariatos! Nós temos algumas estruturas, mesmo que estejamos carentes de um Centro Pastoral arrojado, e podemos sim inteligir que sem o envolvimento dos Fiéis Leigos em todas as instancias da sociedade, nós teremos muitas dificuldades de ser sal da terra e luz do Mundo. Continuaremos a viver correndo atrás das celebrações sacramentais, principalmente daquelas que têm alguma retribuição de taxas, e faltando naquelas que exigem também muito de nós, como é o caso dos sacramentos da confissão e da unção dos enfermos. Enfim, deixo aqui estas provocações e espero ser acolhido nas minhas preocupações. Não podemos nos cansar de querer o bem, mesmo quando a escuridão parece querer bater às nossas portas para nos amedrontar e desafiar. Mas, com a força do Espírito Santo, conseguiremos projetar o que Deus nos inspira. Assim o seja!

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A ORDEM

CAPA

A CELEBRAÇÃO DOS “TEMPOS” NA

Igreja Católica

Durante o ano civil e o “ano litúrgico”, a Igreja destaca ciclos litúrgicos tidos como fortes. Exemplos são o “Ciclo Pascal”, tendo como centro o Tríduo Pascal Por Diác. José Bezerra Selton Gleydson

A Igreja Católica tem suas particularidades na vivência da liturgia dentro de cada ano civil. Ela tem também o seu “ano litúrgico” no qual “revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano civil, desde a Encarnação e Nascimento até a Ascenção, ao Pentecostes e à expectativa da feliz esperança da vinda do Senhor” (SC, nº 102). Trata-se de “um caminho espiritual, ou seja, a vivência da graça própria de cada aspecto do mistério de Cristo, presente e operante nas diversas festas e nos diversos tempos litúrgicos”. Liturgia, portanto, “é a celebração do Mistério Pascal de Cristo” (Diretório Litúrgico, CNBB/2020). 10 ABRIL DE 2021

“O tríduo Pascal “É o ápice do Ano Litúrgico, porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor!”

Ao longo dos anos civil e litúrgico há outros três “anos”, destinados às leituras de textos escritos pelos evangelistas. Tem o Ano “A”, que foca a leitura do Evangelho de São Mateus (foi vivenciado em 2020); o “B”, que prioriza leituras do Evangelho de São Marcos (está sendo vivenciado em 2021); e o ano “C”, enfocando as leituras do Evangelho de São Lucas, e que será vivenciado em 2022. Leituras do Evangelho de São João são inseridas durante a vivência dos três anos litúrgicos (A, B e C), assim como também dos outros evangelistas cujo “ano” não esteja no calendário litúrgico/civil em vivência, como


CAPA A ORDEM

é o caso, em 2021, dos evangelistas Mateus e Lucas. Por exemplo, na quinta semana da Quaresma deste ano, seis dos sete dias da semana tiveram leituras do Evangelho de São João, e uma do Evangelho de São Lucas. Celebração dos “tempos” Durante o ano civil e o “ano litúrgico”, a Igreja destaca ciclos litúrgicos tidos como fortes. Exemplos são o “Ciclo Pascal”, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o “Ciclo do Natal”, com sua preparação para o Advento e o seu prolongamento até a festa do Batismo do Senhor; e o “Tempo Comum”. A vivência da fé dos fiéis na Igreja Católica ocorre através de diversos “tempos”, cada um com a sua particularidade e objetividade, dentro do calendário civil e do ano litúrgico. São o Tempo Pascal, o Tempo da Quaresma, o Tempo do Natal, o Tempo do Advento e o Tempo Comum, este último dividido em dois períodos, dentro dos anos litúrgico e civil. Há uma particularidade também do Tempo do Natal, em relação ao ano civil. Começa com a celebração do Nascimento de Jesus Cristo, no dia 25 de dezembro de cada ano, e se estende até o domingo do “Batismo do Senhor”, em janeiro do ano seguinte. Na sequência das celebrações dentro do ano civil, após a festa do Batismo do Senhor, tem-se o primeiro de dois períodos do Tempo Comum, dentro do ano litúrgico: o primeiro, com seis (6) semanas, começa depois do Batismo do Senhor e segue até o Tempo da Quaresma. O segundo período do Tempo Comum é retomado na segunda-feira após a celebração do domingo de Pentecostes e segue por 34 domingos, até a chegada do Tempo do Advento. O “Tempo da Quaresma” começa com a celebração da quarta-feira de cinzas até o dia antes da missa da Ceia do Senhor. “É um tempo de preparação para a celebração da Páscoa. Neste tempo, a recomendação da Igreja é que tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação para o Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, nº 109). As celebrações do Tempo do Advento começam da quarta-feira de Cinzas e segue por cinco (5) semanas, até o sábado antes da celebração do “domingo de Ramos”. É “um tempo de preparação para a celebração do Natal e, também, um tempo em que, por meio da lembrança da primeira vinda do Filho de Deus, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo, no fim dos Tempos”(cf.NALC, nº 39).

Júlio Abel

O Tempo Pascal vai desde o domingo da Ressurreição do Senhor até o domingo de Pentecostes, totalizando 50 dias ABRIL DE 2021 11


A ORDEM

CAPA Júlio Abel

As celebrações do Tempo do Advento começam da quarta-feira de Cinzas e segue por cinco semanas, até o sábado antes da celebração do “domingo de Ramos

Tempo Pascal A vivência do Tempo Pascal começa com a participação dos fiéis na celebração da “Semana Santa, que inclui o tríduo Pascal, e visa recordar a Paixão e Ressurreição de Cristo, desde a sua entrada messiânica em Jerusalém” (NALC, nº 31). O tríduo Pascal “É o ápice do Ano Litúrgico, porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor, quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a morte e ressuscitando renovou a vida” (NALC, nº18). A Vigília Pascal, que ocorre no Sábado Santo, “é o cume do Ano Litúrgico”. Celebra-se à noite, de maneira que não comece antes do início da noite e termine antes da aurora do domingo. O Tempo Pascal vai desde o domingo da Ressurreição do Senhor até o domingo de Pentecostes, totalizando 50 dias. “É tempo de alegria e de exultação, um só dia de festa ‘um grande domingo’” (cf.NALC, nº 22). “Os oito (8) primeiros dias do Tempo Pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor” (NALC, nº 24). A semana após a oitava da Páscoa, “até Pentecostes, caracteriza-se pela preparação à celebração da vinda do Espírito Santo. Em sintonia com outras Igrejas Cristãs, no Brasil, realiza-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos” (Diretório Litúrgico, CNBB/2020, pág.13). 12 ABRIL DE 2021

“Uma das solenidades marcantes na vivência do Tempo Pascal é a celebração do Domingo de Pentecostes, que encerra o ciclo do Tempo Pascal”


CAPA A ORDEM Selton Gleydson

Com a solenidade de Pentecostes conclui-se o Tempo Pascal e recomeça o Tempo Comum, com as celebrações da 8ª semana

Solenidades O termo “solenidade” é utilizado nas celebrações importantes dentro do Ano Litúrgico. A “Semana Santa” tem vários momentos. Começa com o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, que é a preparação de Jesus para o que viria depois. A procissão dos ramos simboliza a “entrada do Senhor em Jerusalém” para “sofrer”, digamos assim, “a crucificação e morte” para, depois de morto e sepultado, ressuscitar. Na quinta-feira Santa celebra-se a “Missa do Crisma”, presidida pelo Bispo, na Catedral. Na sexta-feira santa tem a ação litúrgica, normalmente às 15 horas, e a adoração da Cruz. É dia de Jejum e abstinência, em que a Igreja também concede a “Indulgência plenária” aos que participam da veneração da Santa Cruz. No sábado santo celebra-se a vigília pascal, normalmente com nove (9) leituras, sendo sete (7) do Antigo Testamento e duas (2) do Novo Testamento. No domingo, celebra-se a “Páscoa na Ressurreição do Senhor. É o início do Tempo Pascal. No segundo domingo da Páscoa celebra-se a solenidade da “Divina Misericórdia”. Uma das leituras é dos Atos dos Apóstolos e atesta observância dos ensinamentos de Jesus pelos fiéis e pelos apóstolos: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus”(cf. At 4,32-33). O sétimo domingo da Páscoa é dedicado à solenidade da Ascenção do Senhor, em que Jesus é elevado ao céu, na presença dos Apóstolos. É, também, outro momento em que Jesus “aparece” aos discípulos, depois da morte e ressurreição. Enquanto os discípulos estavam reunidos, ele “aparece”, censura-lhes a incredulidade e os envia em missão. Em seguida, é elevado ao céu, como está escrito: “Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi elevado ao céu...” (cf. Mc 16,15-20). Uma das solenidades marcantes na vivência do Tempo Pascal é a celebração do Domingo de Pentecostes, que encerra o ciclo do Tempo Pascal. “No Brasil, celebra-se no sétimo (7º) Domingo da Páscoa a solenidade da Ascenção do Senhor”(mini Diretório Litúrgico, CNBB/2021, pág. 40). Este é outro dos momentos em que Jesus “aparece” aos apóstolos. Na ocasião, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas, e Jesus se põe no meio deles e lhes deseja a paz. Mostra-lhes as mãos e o lado e os discípulos O reconhecem. Jesus, então, envia os discípulos. “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”, disse Jesus. Depois, soprou sobre eles, infundindo neles o Espírito Santo: “Recebei o Espírito Santo”(cf.Jo 20,19-23). Com a solenidade de Pentecostes conclui-se o Tempo Pascal e recomeça o Tempo Comum, com as celebrações da 8ª semana. ABRIL DE 2021 13


A ORDEM

EM AÇÃO

Paróquia de Candelária

IMPLANTA ASSOCIAÇÃO SANTA DULCE DOS POBRES Iniciativa tem a finalidade de dar suporte às ações sociais da Paróquia e assistir pessoas em situação de vulnerabilidade social Por Luiza Gualberto Paróquia Candelária

Pessoas podem se associar, contribuindo, mensalmente, com R$ 20

A Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, no bairro Candelária, em Natal, fundou no mês de março, a Associação Santa Dulce dos Pobres (ASDP). A entidade beneficente tem a finalidade de promover a dignidade da pessoa humana para os mais necessitados, visando a prestação de assistência social, material, moral, de saúde e formação profissional. Segundo o pároco, o padre Júlio César, diante desse contexto de pandemia, as desigualdades sociais aumentaram e é preciso estar atentos e sensíveis às pessoas em situação de vulnerabilidade social. A assembleia de fundação aconteceu no dia 23 de março, em reunião virtual, diante das restrições impostas pela pandemia, em que foi discutido e votado o projeto de estatuto social, além da eleição dos membros da diretoria executiva. Os que desejarem se associar, podem buscar a secretaria paroquial e realizar um cadastro. A contribuição é de R$ 20 reais mensais. Para saber mais sobre a associação, siga a página no Instagram: @santadulcedospobresrn

14 ABRIL DE 2021


EM AÇÃO A ORDEM

OSID As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) nasceram no dia 26 de maio de 1959, tendo como sua fundadora a Santa Dulce dos Pobres. A instituição é fruto da trajetória de amor e serviço e da persistência da religiosa que peregrinou durante mais de uma década em busca de um local para abrigar pobres e doentes recolhidos das ruas de Salvador. As raízes da OSID datam de 1949, quando a Irmã, sem ter para onde ir com 70 doentes, pediu autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro. Atualmente, a entidade filantrópica abriga um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do país, com cerca de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, na Bahia, a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas e crianças e adolescentes em situação de risco social. A organização conta com um perfil de serviços único no país, distribuídos em 21 nú-

cleos que prestam assistência à população de baixa renda nas áreas de Saúde, Assistência Social, Pesquisa Científica, Ensino em Saúde, Educação e na preservação e difusão da história de sua fundadora. Fonte: www.irmadulce.org.br Santa Dulce dos Pobres Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (Salvador, 26 de maio de 1914 — Salvador, 13 de março de 1992), conhecida como Irmã Dulce, canonizada com o título de Santa Dulce dos Pobres, foi uma religiosa católica brasileira. Por suas ações humanitárias de caridade e assistência aos desfavorecidos, ficou também conhecida como o “anjo bom da Bahia”. Santa Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do Convento Santo Antônio. Hoje o hospital atende diariamente mais de cinco mil pessoas.

OSID

Santa Dulce tinha como objetivo de vida a assistência e suporte aos mais necessitados ABRIL DE 2021 15


A ORDEM

VIDA PASTORAL

Miss@o.Com OFERECE PALESTRAS E OFICINAS

DE CAPACITAÇÃO PARA AGENTES DA PASCOM NA ARQUIDIOCESE DE NATAL Agora, em abril, está prevista para acontecer a terceira edição, no dia 11

Oficinas e palestras estão acontecendo de forma online, utilizando a plataforma Google meet

A formação é um dos eixos em que se alicerça a atuação da Pastoral da Comunicação (Pascom). Isso é o que destaca o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, publicado como Documento 99 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esse eixo possibilita que os agentes tenham “a oportunidade de uma formação adequada aos processos e meios de comunicação, que os torna aptos a exercer sua missão de comunicadores no anúncio da Palavra de Deus” (Doc. 99 da CNBB, n. 250). Pensando em promover ações nesse sentido e com o objetivo de contribuir para aprimorar o serviço da Pastoral da Comunicação nas paróquias e áreas pastorais, a coordenação da Pascom na Arquidiocese de Natal promove, nos meses de fevereiro a abril de 2021, o Miss@o.Com, um evento de formação e articulação, com realização de palestras e oficinas. A iniciativa, que já faz parte da história da Pascom, havia sido realizada pela última vez em 2018, mas foi retomada em 2021, em formato virtual. A migração para a internet foi uma estratégia para manter as atividades de formação durante o período da pandemia da Covid-19, uma vez que é recomendado evitar eventos presenciais, que possam gerar aglomerações. Em 2021, a coordenação arquidiocesana da Pascom realiza quatro edições do even16 ABRIL DE 2021

to. A primeira ocorreu no dia 27 de fevereiro e reuniu agentes da Pastoral da Comunicação das paróquias localizadas no 1º, 2º , 3º e 4º zonais da Arquidiocese de Natal. O encontro ocorreu por meio da plataforma Google Meet, das 14h às 17h e contou com a participação de mais de 70 agentes. Já o segundo Miss@o.Com foi realizado no dia 14 de março, das 8h às 11h, tendo como público alvo os agentes da Pascom nas paróquias do 5º, 6º, 7º e 13º zonais. Nessa edição, cerca de 50 agentes acompanharam as formações. Agora, em abril, está prevista para ocorrer a terceira edição, voltada para o 8º, 9º e 10º zonais, no dia 11 e o quarto Miss@o.Com, para paróquias do 11º, 12º e 14º zonais, no dia 25 deste mês, alcançando, assim, todas as paróquias e áreas pastorais do território arquidiocesano. Ao final do ciclo dessas formações, a coordenação da Pascom espera ter capacitado mais de 250 agentes. Programação A programação do evento foi pensada para seguir o mesmo padrão em todas as quatro edições. O Miss@o.Com começa sempre com acolhida aos participantes, oração inicial e reflexão do Evangelho. Depois, acontece uma palestra, sobre o tema “Ser Pascom”, que aborda conceitos


VIDA PASTORAL A ORDEM

importantes para compreender a prática pastoral sugerida pela Igreja para a Pascom, com base no Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (Doc. 99 da CNBB). Na última parte, os participantes escolhem uma oficina, entre três oferecidas, mais voltadas para as práticas de comunicação. Após decidir, o agente migra para a sala virtual onde acontece a formação, uma vez que essas ações ocorrem simultaneamente. Em todas as edições, são oferecidas as oficinas Noções Básicas de Design, A Pascom na Celebração Eucarística e Técnicas de Entrevista, que são ministradas por integrantes do Núcleo de Formação arquidiocesano. Para dar mais tranquilidade aos assessores durante a formação, foram designados monitores para as salas virtuais das oficinas. Avaliação A avaliação geral do evento é positiva, por parte da Arquidiocese de Natal. “Nós nos desafiamos a realizar o evento de forma virtual, com oficinas simultâneas e, graças a Deus, foi bem proveitoso. Temos recebido comentários dos agentes, ressaltando e agradecendo pela iniciativa de promover formações virtuais, a i n d a que seja necessário manter o isolamento social nesse tempo da pandemia”, destacou Cezar Barros, articulador arquidiocesano da Pascom. Essa também é a percepção dos agentes que participaram do evento. “Gostei muito do Miss@o.Com. Pode continuar nesse formato até voltamos ao normal”, disse Fabrício Batista, agente e coordenador da Pascom na Paróquia do Santuário dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, em Natal, que participou da 1ª edição do Miss@o. Com, ocorrida no dia 27 de fevereiro. O coordenador da Pascom na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Lajes, Júnior Martins, após participar do 2º Miss@o.Com, ficou na expectativa de mais ações como essa. “Muito bom o momento. Quando será o próximo? Já estamos querendo mais”, revelou ele. Para o jornalista Cezar Barros, articulador arquidiocesano da Pascom, o bom êxito do Miss@o.Com se deve principalmente à colaboração dos coordenadores paroquiais da Pastoral da Comunicação e aos membros do Núcleo de Formação da Pascom. “Sem o apoio dos coordenadores, incentivando que os agentes participem do evento, seria difícil fazer essa avaliação tão positiva. Ao mesmo tempo, a qualida-

de técnica das formações, extremamente bem preparadas pelos assessores do Núcleo de Formação, foi indispensável para assegurar que os participantes do Miss@o.Com saiam do evento refletindo sobre como aprimorar suas ações pastorais”, pontua o articulador. Próximos eventos Além do Miss@o.Com, a coordenação da Pascom pretende promover, em 2021, o Seminário Arquidiocesano de Comunicação, que acontece no dia 16 de maio, com o objetivo de celebrar e refletir sobre a mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociai,s que aborda, neste ano, o tema “Vinde ver (João 1,46). Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão”. O Seminário Arquidiocesano de Comunicação vai contar com a participação do professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Ciências da Comunicação, Elson Faxina; da teóloga e jornalista Andréia Gripp, doutoranda em Teologia Pastoral; e do coordenador geral da Pascom Brasil, Marcus Tullius. Ao final da programação, será lançado o subsídio “Espirit u a l i - dade do Comunicador”, produzido pelo diácono José Bezerra, um dos assessores eclesiásticos da Pastoral da Comunicação na Arquidiocese de Natal. O evento vai ser veiculado pela WebTV Apresentação, no YouTube. Para o segundo semestre deste ano, está prevista a realização de dois cursos pela Escola de Comunicação da Arquidiocese de Natal (Ecan). Essas formações devem ocorrer de forma presencial, caso haja controle da pandemia do novo coronavírus no Rio Grande do Norte e autorização da Província Eclesiástica de Natal para o retorno de atividades de formação presenciais. Se for necessário manter as medidas de isolamento social para prevenir o contágio da doença, a coordenação arquidiocesana da Pascom vai se reunir virtualmente com o Núcleo de Formação, para planejar ações de capacitação desenvolvidas pela internet. Os integrantes do Núcleo de Formação também se disponibilizaram para assessorar oficinas e outros treinamentos virtuais específicos durante o período da pandemia, de modo que as equipes paroquiais tenham um suporte para auxiliar no serviço pastoral. ABRIL DE 2021 17


A ORDEM

REPORTAGEM

Portal da CNBB

Conselho Permanente da CNBB decidiu que a Assembleia Geral seria online

PANDEMIA E A ERA DE

EVENTOS DIGITAIS

Principais eventos nacionais da Igreja continuarão a ser realizados de forma remota

Por Vitória Élida Há um ano enfrentando a pandemia causada pela Covid-19, o mundo precisou de adaptações. Empresas, escolas e comércios tiveram suas rotinas alteradas, a fim de se encaixarem em uma demanda sanitária urgente, visando o controle de transmissão da doença. Com isso, as pessoas se viram diante da necessidade de adesão com maior intensidade do uso das plataformas digitais. Agora, a utilização das mídias não é apenas para acessar aplicativos de imagens, vídeos e conversas, é também para trabalhos, reuniões, aulas e até para a realização de eventos. Para a Igreja isso não foi diferente; com os decretos que foram sendo publicados, os fiéis se viram diante de templos com portas fechadas, mas que se abriram a alternativa de propagação da fé apenas pelas telas de smartphones, de computadores e da TV. Para muitos, foi uma nova forma de viver o sagrado, se adaptando a um processo já existente, anteriormente à pandemia, porém pouco utilizado, que é o uso das redes sociais onli18 ABRIL DE 2021

ne. Dessa forma, as missas, encontros e reuniões passaram a ser realizadas através de chamadas de vídeos e aplicativos. Com a continuidade da pandemia, nesse ano de 2021, vários eventos nacionais católicos agendados, precisaram modificar suas estruturas e estratégias para garantirem a realização. Abaixo, veremos alguns deles: 58º Assembleia Geral da CNBB A Assembleia Geral da CNBB, que ocorre entre os dias 12 e 16 de abril, traz para esse ano o tema central referente ao Pilar da Palavra proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023). O evento será realizado de forma virtual devido a pandemia, e, por isso, será mais breve em duração, onde os bispos estarão reunidos nos turnos da manhã e tarde. Apesar de não haver a possibilidade de votação de um documento, a Assembleia discutirá o tema “Casas da Palavra – Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunida-


REPORTAGEM A ORDEM

des eclesiais missionárias”, além de outros o lema “Comunicar encontrando as pessoas assuntos referentes à atuação da Igreja Ca- onde estão e como são”. Segundo o assessor tólica no Brasil. da Comissão para a Comunicação, o padre Tiago Sibula, o evento busca estreitar laços I Congresso Brasileiro de Teologia Pasto- entre a Pascom Brasil, a Assessoria de Coral: Discernir a Pastoral em tempos de Crise municação da CNBB e a Signis Brasil, junO Congresso Brasileiro de Teologia Pasto- tamente com as Pastorais de Comunicação ral, previsto inicialmente para 2020, tem como Regionais. A programação traz em suas lives, temática: “Discernir a pastoral missas, aprofundamentos e em tempos de crise – realidatestemunhos. A utilização de, desafios, tarefas”. O evendas mídias não to acontece entre os dias 03 Mutirão de Comunicação é apenas para e 06 de maio, e também será O Mutirão de Comunirealizado de forma virtual. cação – Muticom também acessar A temática leva em consiacontecerá de forma online, aplicativos de adaptando-se ao cenário da deração o cenário atual enfrentado pela humanidade, imagens, vídeos pandemia. O evento se dará bem como as muitas maneientre os dias 23 e 24 de jue conversas, ras de viver a religião duranlho, e traz como tema printe esse período. Busca dis- é também para cipal “Por uma comunicação trabalhos, cutir questões como: O que é integral: o humano nos noevangelizar? Como ser teste- reuniões, aulas e vos ecossistemas”. munha da alegria do Evange As inscrições se enconaté para a lho, sobretudo nas periferias tram abertas no site do evenno cuidado da casa comum? to e são totalmente gratuitas. realização de Como ter atitudes samaritaO Muticom 2021 busca com o eventos. nas? Como participar ativaseu tema de discussão trazer mente do processo de reforaos participantes uma oporma da Igreja ao que nos chatunidade de dialogar sobre a ma o Papa Francisco? comunicação inclusiva e democrática, dando voz O congresso contará com palestras e se- aos que são impedidos de ser manifestarem, faminários que trarão temas voltados à Igreja, zendo uma verdadeira valorização do humano. evangelização, consciência socioambiental, Os eventos específicos previstos para questões voltadas à mulher e a juventude, acontecer juntamente com o Mutirão: o 7º Enentre outros. As inscrições são gratuitas. contro Nacional da Pastoral da Comunicação, o 2º Congresso da Signis Brasil, o 3º ConSemana de Comunicação gresso de Rádios Católicas e o 10º Encontro Também no mês de maio (entre os dias de Jornalistas das Assessorias de Comuni10 e 16) acontece a Semana da Comunica- cação na Igreja – se darão posteriormente, ção, com o tema “Vinde e Vede” (Jo 1, 46), e organizados pelos próprios grupos.

O 1º Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral também será online ABRIL DE 2021 19


A ORDEM REPORTAGEM

O 11º Mutirão Brasileiro de Comunicação será realizado nos dias 23 e 24 de julho, no formato online

2ª Assembleia Nacional de coordenadores regionais dos Conselhos Missionários de Seminaristas A coordenação nacional dos Conselhos Missionários de Seminaristas (COMISEs), assim como os demais eventos deste primeiro semestre, ocorrerá de forma virtual, e será realizado de 16 a 18 de abril. O evento pretende avaliar a caminhada realizada até então, e pretende eleger a nova coordenação nacional dos COMISEs, bem como definir o Plano Trienal de Animação e Ação dos conselhos para os anos de 2021-2023. O objetivo desta articulação é garantir uma formação missionária aos candidatos ao ministério ordenado, através de iniciativas específicas de animação e engajamento, de modo que «não exista um só clérigo em que não arda este sagrado fogo de caridade pelo apostolado missionário»” (Estudos da CNBB 108, Missão e cooperação missionária, 34). Além desses eventos, muitos outros estão sendo elaborados para acontecerem de forma virtual. Semanalmente, as Pastorais de Comunicação paroquiais e tantas outras representações da Igreja Católica estão realizando lives e encontros para discutirem temas relevantes. Neste momento de crise que o mundo está vivendo, é importante ressaltar a necessidade da fé, da solidariedade e da resiliência. As adaptações são bem-vindas, reinventar-se também. A evangelização precisa continuar. Apesar da vivência em comunidade ser significante para a realização e efetivação da nossa vivência cristã, é importante lembrar que a fé independe das estruturas físicas. Crer e falar sobre as obras de Deus, discutir melhorias para a Igreja não depende de estarmos reunidos em um mesmo lugar. A Igreja precisa continuar, mesmo que virtual, até o dia em que vencermos todos os obstáculos e pudermos estar todos juntos novamente.

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Arquidiocese NOSSA

A ORDEM

Aldair Dantas

Catedral Metropolitana de Natal

Organização

DA ARQUIDIOCESE DE NATAL

A extensão geográfica da Arquidiocese de Natal é longa, compreendendo 88 municípios. Atualmente, o território arquidiocesano é formado por 109 paróquias e três áreas pastorais, distribuídas pela capital, região metropolitana, litoral sul, região agreste, trairi, potengi, sertão central, parte do Vale do Açu, região salineira, mato grande e litoral norte. Diante de tamanha extensão, a Arquidiocese está organizada em três Vicariatos Episcopais (Urbano, Norte e Sul). Cada Vicariato é composto por Zonais que, por sua vez, são formados por um conjunto de paróquias. Cada Vicariato tem um vigário episcopal. O Vicariato Urbano é formado pelas paróquias do 1º, 2º, 3º, 4º. 11º e 12º zonal, situados em Natal e em alguns municípios da grande Natal. O vigário episcopal é o Padre Flávio Herculano do Nascimento, que também é coordenador arquidiocesano de pastoral e pároco da Paróquia de Santa

Rita de Cássia dos Impossíveis, em Ponta Negra. O Vicariato Norte é composto pelas paróquias do 5º, 6º, 7º e 14º zonal, localizados nas regiões do sertão central, parte do Vale do Açu, salineira, mato grande e litoral norte. O vigário episcopal é o Padre Josino Raimundo da Silva, que também é pároco da Paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, em João Câmara. Já, o Vicariato Sul é formado pelas paróquias do 8º, 9º, 10º e 13º zonal, situados no litoral sul e nas regiões do agreste, trairi e potengi. O vigário paroquial é o Padre Ramos Vicente, que também é pároco da Paróquia de São Paulo Apóstolo, em São Paulo do Potengi. A partir da próxima edição, na revista A Ordem, vamos destacar cada zonal e suas respectivas paróquias. Na edição de maio, vamos conhecer o primeiro Zonal, composto de nove paróquias, situadas na região central da capital.

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A ORDEM

EM AÇÃO

SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LEITURA EM

tempos de pandemia

E num abalo de segundos a nossa vida sejam decifrá-los, compreendê-los – porque virou pelo avesso com a pandemia de CO- eles são a chave que abre o mundo das deVID-19. A nossa rotina no ambiente familiar lícias que moram dentro de um livro! A fantapassou por mudanças e muitas delas foram sia, como num estalar de dedos, evapora-se, necessárias para que percebêssemos o que quando o leitor fecha o livro e a criança fica é realmente importante e essencial. Mas não com aquela sensação de querer mais. E tevamos falar aqui sobre a pandemia, vamos mos muitos livros que deixam esse suspense falar do que podemos fazer em casa para no ar que só será revelado com as cenas dos afastarmo-nos um pouquinho dela; vamos fa- próximos capítulos, ou melhor, com a virada lar sobre a importância e os benefícios do há- de uma página. O fechamento do livro e a dependência bito da leitura. de que alguém leia, aos Tudo começa na infânpoucos, vai despertando cia... Num primeiro momenna criança um desejo de to, podemos pensar que o autonomia: ser capaz de que fascina no livro é a sua chegar ao prazer do texto forma concreta: sua capa, suas cores, suas figuras, o Nesses tempos de sem precisar da mediação da pessoa que lê. Num dia, farfalhar de suas folhas ou pandemia voltei ela, enfim pedirá: Por favor, até o seu cheiro caracterísa ler como nunca ensine-me! Eu quero poder tico. E, hoje em dia, muitos antes, voltei a entrar no livro por minha deles têm o poder de capturar a atenção de qualquer deleitar-me com conta própria...Aí entra em cena um personagem que criança – Quem nunca se as partituras das terá um papel fundamental surpreendeu com o brilho páginas de um – o professor. no olhar de um pequenino Roland Barthes (escriao abrir um daqueles livros bom livro para tor, sociólogo, crítico liteinfantis em que, como uma mágica, surge um castelo, esquecer um pouco rário e filósofo francês) fez uma flor, um passarinho, ou das intempéries do uso de uma linda metáfora poética para descrever uma borboleta? E o pai diz mundo exterior e, o que ele desejava fazer um sonoro Uauuu e a criança arregala os olhinhos com para isso, tive que como professor: maternasurpresa e emoção? Depois manter um hábito gem – continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso desse primeiro contato, ela que sugiro a todos: mesmo, na escola, o prodeixa um pouco essa experiência visual e o que passa reservar um período fessor deverá continuar o processo de leitura afetuoa fascinar são as letras, as do dia, desligar sa iniciada em casa pelos sílabas e as palavras com a TV e o celular pais. E que responsabilidatodas as suas sonoridades e mergulhar nas de e missão foi dada aos e potencialidades que carregam. Mas a experiência páginas de um livro nossos professores, hein? Uma missão de artista. torna-se ainda mais interesCerta vez, o escrito Rusante, quando passam a ouvir as palavras sendo proferidas pela boca de bem Alves disse: “Todo texto é uma partitura um leitor – o pai, a mãe, a babá, os irmãos ou musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, os professores nas escolas. Quando alguém lê, as crianças despertam se ele desliza sobre as palavras, se ele está para o prazer, voltam sua audição para aque- possuído pelo texto – a beleza acontece. E les sinais misteriosos chamados letras. De- o texto apossa-se do corpo de quem ouve.

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EM AÇÃO A ORDEM

Mas se aquele que lê não domina a técnica, se luta com as palavras, se não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos logo que ela acabe”. Conseguem perceber com esta frase curta o quão importante é a figura de um professor? Mas a responsabilidade deve recair apenas sobre os professores na escola? – Não! O hábito da leitura deve ser iniciado e mantido em casa. Nesses tempos de pandemia voltei a ler como nunca antes, voltei a deleitar-me com as partituras das páginas de um bom livro para esquecer um pouco das intempéries do mundo exterior e, para isso, tive que manter um hábito que sugiro a todos: reservar um período do dia, desligar a TV e o celular e mergulhar nas páginas de um livro. Foi quase que uma introdução à meditação. No início, tudo conspira a nosso desfavor, mas à medida que vamos nos adaptando, os benefícios vão surgindo: relaxamento muscular, diminuição da tensão, da ansiedade e do estresse. E quem não precisa disso hoje em dia? Todos nós sabemos que os benefícios não param por aí, pois temos muitos outros: aumento do conhecimento e do vocabulário, melhoria da concentração e memorização, despertamento do senso crítico e reflexão analítica e estímulo à criatividade – apenas para citar alguns. Eu proponho esse desafio aos pais: Durante a noite, conversem com seus filhos, desliguem a TV e os celulares e façam uma leitura conjunta. Quem sabe, um clube do livro dentro de casa? Com todos do núcleo familiar lendo ao mesmo tempo, com troca de experiências ao final da leitura? Prometo que será muito enriquecedor.

Bruno Emanuel Carvalho Oliveira Médico alergista, autor do livro “O canto do sabiá-laranjeira” e semeador de livros junto ao grupo Semear Livros RN

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A ORDEM VIVER

O desafio da alimentação saudável:

LUXO PARA POUCOS OU HÁBITO ACESSÍVEL? Por Milton Dantas

Fotos: cedidas

Recipientes podem ser reaproveitados para o cultivo de algum tempero, alimento ou erva medicinal 24 ABRIL DE 2021

Ao longo do tempo, muito se tem visto a preocupação com a alimentação como algo que funciona muito bem na contribuição para a nossa saúde. Este é um aspecto que herdamos, principalmente dos povos indígenas que muito nos deram o exemplo de como cultivar hábitos saudáveis para a alimentação, funcionando quase que como remédio para cura de suas enfermidades. Se formos observar os hábitos antigos em relação aos hábitos de hoje, podemos ver que a modernidade tem praticado um verdadeiro morticínio através de comidas que não fazem bem à sua natureza humana, ou seja, vemos muitos enlatados nas mesas das famílias, principalmente em se tratando da juventude que não tem se preocupado com sua alimentação. É um grande desafio para a humanidade vivenciar a cultura do bem estar alimentício, o cultivo das hortas caseiras, da alimentação saudável, dada a grande demanda de inovações que aparecem nas nossas mesas. São poucos os que se dedicam a este cultivo, são poucos os que reservam em suas casas, um espaço para plantar, para cultivar hortaliças e comerem algo que favoreça sua boa forma de vida. Tudo passa pela cultura. Antes era natural que as famílias tivessem em suas moradias espaços para este cultivo saudável com variedade de produtos e dali retirarem seu sustento de maneira saudável, sem agrotóxicos, sendo, então, um lugar privilegiado e de poder para todos os que ali habitavam. Era, de fato, acessível a todos. Era comum, nas mesas, todos se alimentarem destes produtos colhidos de maneira simples e favorável à vida. Hoje, até acontece, mas parece funcionar como um certo modismo, isto é, faz parte da moda, cultivar o saudável muito mais para aparecer diante da sociedade moderna como algo moderno. Quem não fizer isso estará fora de moda. Às vezes até mesmo sem consciência do hábito como era antes. Diante de tudo isso é preciso mais consciência de que pode ser desafio cultivar este hábito, porém ainda é possível fazê-lo enquanto é tempo. Ainda dá tempo cuidar da saúde, cuidando da mesa, não consumindåo produtos envenenados como tanto vemos no dia a dia. E uma forma de ter esse cuidado é utilizando pequenos espaços em nossas residências para cultivar hortaliças, fruteiras, espaços saudáveis que sejam o luxo substituindo o lixo que muitas vezes acumulamos.


VIVER A ORDEM

A lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006 assegura que “Todos têm direito a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, e em quantidade suficiente e de modo permanente”. Isso é o que é chamado de Segurança Alimentar e Nutricional. Alimentação adequada é direito básico de todo ser humano e indispensável, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população. Ter direito à alimentação é conquistar a garantia de acesso diário a alimentos em quantidade e qualidade suficientes para atender as necessidades básicas do corpo, mantendo a saúde física e mental. O acesso aos recursos necessários para produzir ou comprar alimentos saudáveis e seguros (sem contaminações por resíduos de produtos químicos ou por germes); a possibilidade de ter para a família uma alimentação de acordo com os hábitos e práticas alimentares próprios da sua cultura, de sua origem étnica ou da sua região; a garantia de poder comer alimentos seguros e saudáveis, sejam eles preparados e distribuídos em casa, na escola, no trabalho, ou vendidos em restaurantes, bares ou outros estabelecimentos comerciais; o acesso a informações corretas sobre os componentes dos alimentos – ingredientes, nutrientes... são alguns dos direitos que todos queremos que sejam alcançados em sua plenitude. Por isso mesmo é que, em nossos dias, muito lutamos nas pastorais, serviços ou movimentos, principalmente na Pastoral da Criança, para que os espaços da família sejam bem utilizados, e estas famílias compreendam a formação recebida em torno do cultivo de hortas caseiras, tendo em vista que, hoje, não precisamos cultivá-las apenas quando tivermos um terreno grande, mas usar a criatividade para aproveitar recipientes como latas, garrafas pet, vasinhos, bacias ou outros vasilhames que estejam à disposição, colocando-os em lugares seguros, e, aí, cultivarmos algum tempero, alimento ou erva medicinal. Vê-se, então, que três a mais variantes já se constituem uma horta caseira.

Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006 assegura que “Todos têm direito a uma alimentação saudável” ABRIL DE 2021 25


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VIVER

CNBB E REGIONAIS ONDE ESTAVA SÃO JOSÉ NO CALVÁRIO? Tendo nos preparado quarenta dias durante o tempo forte da quaresma para bem vivermos as alegrias do mistério pascal, iniciamos o mês de abril dentro daquela que é a semana mais especial e mais cheia de sentido para o povo católico – a Semana Santa. Essa semana ocupa lugar privilegiado no calendário litúrgico da Igreja e não podemos passar por ela neste ano josefino sem nos fazermos uma pergunta muito válida que tantas outras pessoas já investiram seu tempo na procura de uma resposta; trato aqui da presença de São José na concretização do mistério redentor de Jesus. Basta olhar o Evangelho - sobretudo os trechos que tratam da infância de Jesus – para percebermos o protagonismo do Patrono da Igreja na iminência da Encarnação do Verbo, protagonismo esse que parece diminuir sem muitos detalhes, quando do início da vida pública de Jesus. O último acontecimento que narra a presença de São José junto a Jesus e a Nossa Senhora é a perda do menino Jesus e o seu encontro no Templo. Justamente por ser o último evento em que vemos sua presença, cresceu uma hipótese da morte de São José ter acontecido logo após esse episódio; houve ainda quem defendesse a ideia de que não havia morrido e estava aos pés da cruz; no entanto, o que sempre foi mais apoiado pelos estudiosos e autores é que o venerável Patriarca morreu logo quando Jesus iniciou sua vida pública (após o batismo no Jordão); necessário falar porque se refutam as ideias já mencionadas: primeiro, não poderia ter morrido na adolescência de Jesus, pois teria deixado o Salvador e a Virgem Santíssima desamparados e não teria cumprido sua missão; como também não há sentido São José estar vivo durante o calvário e Jesus ter entregue sua Santíssima Mãe a São João evangelista. Tendo esclarecido sua ausência em mais episódios, ainda nos resta refletir a forte ligação de São José com o calvário, sobretudo com a cruz, que rompe os limites da presença física e tem como elo a profissão que desempenhou de carpinteiro - mesmo sabendo que o artífice de Nazaré tenha realizado vários trabalhos além da carpintaria, como era próprio do tempo - e também sua vida profundamente austera e cercada de renúncias faz do Chefe da Sagrada Família tão próximo desse mistério, tendo ele em sua oficina preparado o Divino Redentor a lidar desde cedo com os instrumentos da Paixão (martelo, pregos e a coroa) e apontava, com a matéria prima de seu trabalho, para o sagrado madeiro. Lucas França Paróquia de São José dos Angicos 26 ABRIL DE 2021

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja católica no País, na qual, a exemplo dos Apóstolos, conjuntamente e, nos limites do direito, exercem algumas funções pastorais em favor de seus fiéis e procuram dinamizar a própria missão evangelizadora, para melhor promover a vida eclesial, responder, mais eficazmente, aos desafios contemporâneos, por formas de apostolado adequadas às circunstâncias, e realizar evangelicamente seu serviço de amor, na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária, a caminho do Reino definitivo. São membros da CNBB: arcebispos, bispos diocesanos, bispos auxiliares, bispos titulares e prelados das igrejas orientais católicas. A CNBB tem sede em Brasília (DF) e está organizada por regionais. Em 1964, na 6ª. Assembleia Geral Ordinária da CNBB, realizada em Roma, durante o Concílio Vaticano II, foram votados os desdobramentos de alguns Secretariados que hoje são os chamados regionais. De lá para cá houve uma evolução na constituição dessas estruturas das regiões. Hoje, são 18 regionais organizados no Brasil. A Arquidiocese de Natal, por exemplo, está ligada ao Regional Nordeste 2, que reúne outras 20 arquidioceses e dioceses dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Conheça mais sobre a CNBB, acessando www.cnbb.org.br e sobre o Regional Nordeste 2, visitando www.cnbbne2.org.br. FONTE: Assessoria de imprensa da CNBB


A ORDEM

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