Revista A Ordem - Março/2018

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A Ordem |

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A Ordem | Editorial

Protagonismo gera vida nova

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ENTREVISTA

Coordenador arquidiocesano de liturgia explica simbologias do tempo quaresmal

No início da década de 1960, um adolescente, nascido e criado na zona rural, disse aos pais: “quero ir estudar na cidade”. O pedido se fundamentava na constatação da cruel realidade da falta de funcionamento das poucas escolas do campo. Elas mal conseguiam alfabetizar as crianças e jovens da época. Para os pais, atender ao pedido implicava uma realidade dura das famílias do campo, porque era menos uma mão de obra braçal para o trabalho do plantio e cultivo da terra que gerava os alimentos de sobrevivência daquela família. O adolescente teve o pedido aceito pelos pais e foi morar na cidade. Lá, teve que se adaptar aos costumes citadinos, enfrentar a discriminação por parte dos colegas, por causa da origem humilde e campesina, e delimitar seu espaço na comunidade escolar de então. Aquele adolescente, naquela época, não tinha noções do que vinha a ser protagonismo. Mas, na verdade, foi protagonista da própria história de vida. Protagonismo se constrói com atitudes e com coragem para enfrentar os desafios e buscar os ideais de vida, seja para si ou para o grupo que representa, no campo ou na cidade. É a construção de uma nova realidade pela superação dos entraves que emperram a vida das pessoas e das comunidades onde vivem.

Expediente

Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689

CONSELHO CURADOR: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra CONSELHO EDITORIAL: Pe. Rodrigo Paiva Luiza Gualberto Adriano Charles, OFS Héverton Freitas Josineide Oliveira Cione Cruz Vicente Neto Filipo Cunha EDIÇÃO E REDAÇÃO: Luiza Gualberto (DRT-RN 1248) Cacilda Medeiros (DRT-RN 1752) REVISÃO: Milton Dantas (LP 3.501/RN)

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22 PARÓQUIAS

Nesta edição, em destaque as comunidades paroquiais de Monte Alegre e Santo Antônio do Potengi

VIDA PASTORAL 32

Conheça o grupo das mães que oram pelos filhos

38 VIVER

Ginástica laboral: benefícios do exercício no trabalho

FOTO CAPA: Rivaldo Jr. COLABORADORES: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal PROJETO E DIAGRAMAÇÃO: Akathistos Comunicação (84) 9 9948-4140 www.akathistoscomunicacao.com

COMERCIAL: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 IMPRESSÃO: Gráfica Sul – (84) 3211-2360 TIRAGEM: 1.000 exemplares

ASSINATURAS: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 – Tirol – Natal/RN – (84) 3615-2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br


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A Ordem | Palavra da igreja

Oração, esmola e jejum A mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano é inspirada no Evangelho de Mateus: “Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos” (Mt 24, 12). Esta frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos fiéis: diante de fenômenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar apagarse, nos corações, o amor que é o centro de todo o Evangelho. O Papa Francisco adverte que os falsos profetas podem assumir formas de “encantadores de serpentes”, ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde querem. “Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e

caem vítimas da solidão”, lembra. Neste tempo de Quaresma, o Santo Padre diz que os cristãos devem se dedicar à oração, à esmola e ao jejum. Ele assegura que dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas com que nos enganamos a nós mesmos para procurar finalmente a consolação em Deus. A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajudanos a descobrir que o outro é nosso irmão. “Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos”, diz o Papa. Por fim, Francisco comenta que o jejum tira força à nossa violência, desarmanos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário. Na mensagem, o Papa expressa o desejo de que a sua voz ultrapasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando todos os homens e mu lheres de boa vontade.

francisco

Papa

“Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos”

Fonte: Portal Vatican News

A PROFISSÃO DA FÉ

CATEQUESES SOBRE O CREDO Bento XVI e Papa Francisco

O livro reúne as catequeses do papa emérito Bento XVI e do Papa Francisco a respeito do Credo, proferidas em 2013 durante as audiências gerais na Praça de São Pedro. “O Credo é uma afirmação fundamental, aparentemente simples na sua essencialidade, mas que abre ao mundo infinito da relação com o Senhor e com o seu mistério.”

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6 | Março 2018

@editorapaulus


Voz do pastor | A Ordem

Dom Jaime Vieira Rocha

Quaresma e Campanha da Fraternidade 2018

Arcebispo Metropolitano de Natal

Queridos irmãos e irmãs! Iniciamos o Tempo da Quaresma, e com ele, a Campanha da Fraternidade. É um tempo especial, tempo de preparação para a Festa da Páscoa, centro do Ano Litúrgico. A Quaresma é tempo de conversão. Por meio da oração, da esmola e do jejum, os fiéis são chamados a viver o seguimento a Jesus com a liberdade de espírito, a generosidade e a intimidade com o Senhor. Na mensagem para a Quaresma deste ano, o Papa Francisco exorta a todos “a empreender com ardor o caminho da Quaresma, apoiados na esmola, no jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar”. Continuando a sua mensagem, o Papa lembra os caminhos já conhecidos neste tempo quaresmal: o “remédio doce” da oração, o jejum e a esmola. Sobre a esmola o Papa manifesta um desejo: “Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que, como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão que vivemos na Igreja”. Junto à Quaresma, de modo especial na Igreja no Brasil, vivemos a Campanha da Fraternidade. Este ano com o tema: “Fraternidade e a superação da violência”, e lema: “Vós sois todos irmãos”. A Campanha da Fraternidade desse ano lida com uma realidade

complexa, geradora de morte. “A experiência de estar exposto a situações de violência é relatada por um grande número de brasileiros. Não se trata de uma percepção isolada e meramente subjetiva. Os episódios de violência intensificaram-se e tornaram-se comuns também em cidades pequenas e médias, deixando de ser um fenômeno típico das grandes metrópoles” (CNBB. Campanha da Fraternidade 2018. Texto-base. Introdução, n.4). A Campanha da Fraternidade lembra os diversos tipos de violência: violência racial, contra os jovens, contra mulheres e homens, violência doméstica, exploração sexual e tráfico humano, violência contra os trabalhadores rurais e contra os povos tradicionais. Ainda se pode constatar a ineficiência do aparato judicial, a relação entre violência e narcotráfico, polícia e violência, violência e direito à informação, religião e violência e violência no trânsito. Mas, a Igreja clama e tem esperança. Ela reconhece: “No entanto, sempre encontramos muitos lugares onde existe a preservação da harmonia e da paz ou foi construída uma vida pacifica e fraterna” (CNBB. Campanha da Fraternidade 2018. Texto-base, idem). A Igreja no Brasil, com a Campanha da Fraternidade 2018 deseja “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência” (CNBB. Campanha da Fraternidade 2018. Texto-base. Objetivo Geral). Vivamos essa cultura da paz, procuremos lutar pela superação da violência. Que o Senhor nosso Deus, nos ajude.

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Quaresma:

A Ordem | Entrevista

caminho para a Páscoa Cacilda medeiros

A Quaresma é o período de quarenta dias, durante os quais a Igreja se prepara para celebrar a Páscoa. O coordenador arquidiocesano da Pastoral Litúrgica, Padre Elielson Cassimiro de Almeida, explica o sentido deste tempo, bem como da Semana Santa e da Páscoa e orienta os fiéis sobre como vivê-los bem.

8 | Março 2018


A Ordem: Quando começa e quando termina a Semana Santa? Padre Elielson: A Semana Santa corresponde, de fato, aos dias de semana comum. Assim, ela tem início no Domingo de Ramos, quando a Igreja faz uma dupla memória na mesma celebração: a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, na procissão de Ramos, e sua paixão e morte, durante a missa que se dá logo após a procissão. Seu término se dá no sábado santo. O Tríduo Pascal está dentro da Semana Santa.

la y francesco

A Ordem: O que significa Quaresma? Padre Elielson: De modo geral, a Quaresma é o período de quarenta dias, durante os quais a Igreja se prepara para celebrar a Páscoa. O simbólico número de quarenta dias é carregado de significados. Inspirase nos quarenta dias que Jesus permaneceu no deserto antes de iniciar seu ministério público, mas faz referência também aos quarenta dias que Moisés passou sobre o monte Sinai recebendo a Lei de Deus e aos quarenta anos da caminhada do povo hebreu rumo à terra prometida. No Rito Romano, o início da Quaresma é antecipado para a quarta-feira de cinzas, e seu término se dá na quartafeira da Semana Santa. Os elementos fortes que expressam o significado preparatório, penitencial da Quaresma são o jejum, a oração mais intensa e a prática da caridade.

A Ordem: O que é o Tríduo Pascal e qual o significado das celebrações do período? Padre Elielson: O Tríduo Pascal corresponde às celebrações solenes que ocorrem desde a quinta-feira até o sábado santo. Diferentemente da Quaresma, as celebrações do Tríduo devem ser vivenciadas não como preparação para a Páscoa, mas, sim como sua celebração em três dias, como verdadeira passagem da paixão e morte à sepultura e, finalmente, à ressurreição. Com efeito, o Tríduo Pascal tem início na Missa da Ceia do Senhor (desde o entardecer até às 19h da quinta-feira), passa pela Celebração da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo (a partir das 15h da sexta-feira) e termina na Vigília Pascal (na noite do sábado). São especialmente significativos os ritos que são celebrados somente nestes dias. Na missa da Ceia do Senhor, após a homilia, tem lugar o rito do Lava Pés.


A Ordem | Entrevista Neste rito, o presidente da celebração repete o gesto de Jesus que deseja imprimir na mente e no coração dos discípulos o sentido de sua própria vida, paixão e morte: o serviço humilde do amor testemunhado até seu extremo que é a morte. No final da missa, não há bênção final. No seu lugar, dá-se início ao traslado das espécies do pão consagrado Corpo de Cristo até a Capela da Reposição, onde permanece até a celebração da Vigília Pascal e servirá para a comunhão dos fiéis na Celebração da Paixão. Após este rito, o edifício da igreja é despojado de seus adornos, o altar é desnudado, o Crucifixo coberto com um véu vermelho, a lâmpada que indica a presença de Jesus Eucarístico no tabernáculo é apagada, os sinos são silenciados. Além do silêncio interior, toda a Igreja entra numa espécie de silêncio espacial: o noivo foi tirado do convívio dos seus amigos. Os fiéis são convidados a permanecer junto do Senhor, na Capela da Reposição, até à meia noite. Depois desta hora, não deve acontecer nenhuma celebração até a Celebração da Paixão, a partir das 15h da sextafeira. Não há missa em nenhuma parte do mundo. A celebração da Paixão tem início em silêncio, com prostração do presidente da celebração. No final da Liturgia da Palavra, faz-se a Oração Universal, onde a Igreja ora pelo mundo inteiro. Em seguida, na adoração da Santa Cruz, o Crucifixo é desvelado aos poucos, enquanto a assembleia o aclama. Com a comunhão eucarística se encerra a Celebração. No sábado, não há nenhuma celebração. A Vigília Pascal marca o início do domingo da Páscoa. Esta celebração é marcada pela preparação e acendimento do Círio Pascal e sua entrada na igreja onde as trevas são dispersadas pela luz do Ressuscitado que se comunica às velas portadas pelos fiéis. O Círio é posto solenemente junto 10 | Março 2018

afp/observatore romano

“Os elementos fortes que expressam o significado preparatório, penitencial da Quaresma são o jejum, a oração mais intensa e a prática da caridade”

do ambão. O canto do Precônio ou Exultet é o solene anúncio pascal. Nas sete leituras proclamadas, é narrada a história da salvação, desde a criação até a Ressurreição do Senhor. A entonação do Aleluia – omitido desde o início da Quaresma – antecipa o canto do Glória, que também foi omitido nesse período. É neste momento que os sinos voltam a tocar, todas as luzes da igreja são acesas e as velas do altar recebem a chama que vem do Círio Pascal. Após a Liturgia da Palavra, há o Batismo e Confirmação dos catecúmenos e toda a assembleia renova suas promessas batismais que se encerra com a aspersão com a água abençoada nesta missa. Já é domingo de Páscoa. A Ordem: Na sexta-feira santa, em especial, a Igreja recomenda “jejum e abstinência”. Qual o sentido desta orientação da Igreja, nos tempos atuais? Padre Elielson: Em primeiro lugar, não se trata de uma recomendação, mas obrigação dos fiéis que não têm as dispensas prescritas, e são obrigatórios, também, na quarta-

feira de cinzas. Desde os tempos bíblicos, o jejum é um exercício espiritual no qual o fiel busca disciplinar a própria vontade e desejo para adquirir maior domínio de si. Junto com a abstinência de carne, o fiel é chamado a experimentar uma mais profunda abertura de coração e mudança de mentalidade para renunciar ao supérfluo, abrirse aos verdadeiros valores, aos bens eternos e, consequentemente, às necessidades do próximo, sobretudo, dos mais pobres.


Entrevista | A Ordem

A Ordem: Quais são as orientações para o cristão viver bem a Quaresma, a Semana Santa e a Páscoa? Padre Elielson: O que já está milenarmente consolidado, ou seja, escuta mais atenta da Palavra, intensificação da oração e abertura de si para a necessidade e a dor do outro. Somente assim pode haver verdadeira conversão de vida e adesão ao Evangelho da Salvação.

“O presidente da celebração repete o gesto de Jesus que deseja imprimir na mente e no coração dos discípulos o sentido de sua própria vida, paixão e morte: o serviço humilde do amor testemunhado até seu extremo que é a morte”

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A Ordem | Centenário Henrique José

Dom Nivaldo Monte:

centenário do “bom pastor” Diversas atividades vão marcar a celebração de 100 anos de nascimento do segundo Arcebispo Metropolitano de Natal

Neste mês, família, amigos e a Arquidiocese de Natal celebram o centenário de nascimento de Dom Nivaldo Monte, segundo Arcebispo Metropolitano. Simplicidade, otimismo e cuidado com o próximo foram características que marcaram a figura do sacerdote, carinhosamente apelidado pelas pessoas mais próximas de “Niniu”. “Tio Niniu era uma pessoa que agregava. Estava sempre junto 12 | Março 2018

ao povo e era a pessoa que procurávamos para pedir um conselho ou uma orientação. O seu jeito alegre e a forma pacífica e otimista como levava a vida eram suas maiores marcas”, diz o economista Roberto Monte, sobrinho de Dom Nivaldo. Para celebrar a data, uma programação especial está sendo planejada e será desenvolvida ao longo deste ano, tendo início no próximo dia 15.


Centenário | A Ordem História de vida Nivaldo Edson do Monte nasceu em Natal, no dia 15 de março de 1918, sendo o caçula dos irmãos. Seus pais, Pedro Alexandre do Monte e Belarmina Sobral do Monte, agricultores e de família simples, vindos do sertão pernambucano, tiveram oito filhos, mas apenas sete sobreviveram. Segundo Roberto Monte, a religiosidade era uma marca forte da família. “Vovó era muito católica, tanto é que três de seus filhos se tornaram sacerdotes: o cônego Luiz Gonzaga do Monte, Dom Nivaldo Monte e o padre Orígenes Monte”, conta. Nivaldo Monte fez seus estudos secundários no Seminário Menor de Natal, em 1931. Ele tinha 13 anos de idade quando ingressou na vida religiosa. Encerrou sua formação em Filosofia e Teologia no Seminário Maior de Fortaleza (CE). Foi ordenado sacerdote em 12 de janeiro de 1941 pelo primeiro Arcebispo de Natal, Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas. Sua primeira Paróquia foi a de São Gonçalo, em São Gonçalo do Amarante. Além da formação religiosa, ele também atuou nas áreas de educação, ciências humanas e literatura. O sacerdote Como Padre, Nivaldo Monte fundou a Escola de Serviço Social, em 1945, primeira instituição de ensino superior em Natal, além de oito centros sociais, em bairros periféricos. Com o então padre Eugênio de Araújo Sales, ele foi um dos fundadores do Movimento de Natal, responsável por diversas ações sociais na Arquidiocese, como a Campanha da Fraternidade, além de ser o co-fundador da Rádio Rural de Natal, no ano de 1958. Foi nomeado administrador apostólico de Aracaju (SE), no dia 27 de abril de 1963, pelo então Papa João XXIII. A sagração episcopal ocorreu no dia 21 de julho de 1963, em Natal. Foi nomeado administrador apostólico de Natal, no dia 20 de abril de 1965, pelo Papa Paulo XVI e Arcebispo da mesma Arquidiocese, em 06 de setembro de 1967. Tomou posse em Natal, no dia 17 de setembro de 1967, e renunciou ao governo arquidiocesano em 6 de abril de 1988. Como bispo, Dom Nivaldo fundou o Serviço de Assistência Urbana (SAUR); construiu a Granja do Clero, em Emaús e criou oito paróquias. Escreveu numerosos livros, entre eles

“Eu nasci numa cidade, mas sempre pensei que não foi o lugar certo de eu nascer. Foi errado. Eu devia ter nascido numa fazenda, aliás, numa granja, porque fazenda é uma coisa muito grande e eu não gosto de coisas grandes demais”. (Dom Nivaldo Monte – Livro: “A Granja e eu” - Fundação José Augusto – Natal – 1980)

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A Ordem | Centenário “Formação do Caráter”, “A Dor” e “O Coração é para Amar”. Faleceu no dia 10 de novembro de 2006 e foi sepultado em Emaús, nos jardins do Mosteiro de Sant`Ana. Ele atuou na formação de muitos seminaristas e ordenou 21 padres, entre eles, o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. “Tive a oportunidade de conhecê-lo quando era seminarista. Para nós, ele representava uma figura muito humana, um grande homem no aspecto do conhecimento. O otimismo também era uma marca presente em Dom Nivaldo. Com ele, vivemos momentos fortes na Igreja, como o pós-Concílio, a crise nas vocações e o fechamento do Seminário de São Pedro. Ele enfrentou todas essas situações de forma serena e otimista”, relembra. Fruto de uma crise vocacional que atingiu muitos seminários do Brasil, o Seminário de São Pedro fechou entre os anos de 1969 e 1977. Com muito empenho, sacrifício e obstinação, Dom Nivaldo Monte, ex-aluno, reabriu

o seminário menor em 10 de fevereiro de 1977, com nove alunos. Dom Jaime recorda que uma das grandes contribuições de Dom Nivaldo foi para o campo social. “A grande referência foi a criação da Escola de Serviço Social, que ajudou na formação de muitos assistentes sociais. Além disso, ele criou os centros sociais e o movimento da Juventude Feminina Católica Brasileira de Natal. Então, são marcas de um pastor que tinha a preocupação com o seu rebanho”, frisa. O jeito simples e manso de levar a vida foram características adquiridas na infância e levadas à vida adulta por Dom Nivaldo. Roberto Monte mantém um acervo completo do religioso, com diversos materiais em áudio, vídeo, texto e fotografias. O seu contato e zelo pela natureza também faziam parte da sua personalidade. Como forma de homenageá-lo, o Parque da Cidade, na zona sul de Natal, foi batizado com seu nome.

Edvanilson Lima

Reunião da comissão que está organizando as comemorações do centenário com o Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha 14 | Março 2018

Comemorações A programação celebrativa do centenário de Dom Nivaldo Monte vai iniciar no próximo dia 15 e vai se estender até 15 de março de 2019. As atividades vão ter início com uma celebração eucarística, na Catedral Metropolitana, às 19h, presidida por Dom Jaime. Também estão previstas exposições, sessão solene na Câmara Municipal e Assembleia Legislativa, lançamento de um selo comemorativo pelos Correios, publicação de um DVD contando a história de Dom Nivaldo, além da criação de música e história em quadrinhos sobre a vida do sacerdote. Já está no ar, um memorial contendo diversos aspectos da vida dele em textos, fotos, vídeos e áudios: www.dhnet.org.br/nivaldomonte. “Celebrarmos este centenário, dá ao momento atual, um rosto de otimismo, encanto, poesia e zelo, valores cultivados por Dom Nivaldo e que são tão necessários nos dias de hoje”, reforça Dom Jaime.


| A Ordem

Marรงo 2018 | 15


A Ordem | Reportagem

Barreta luta por água potável A comunidade despertou para a reivindicação através do trabalho missionário da Igreja Católica Por Cacilda Medeiros As cerca de duas mil pessoas que moram na praia de Barreta, litoral sul do Rio Grande do Norte, além das dezenas de veranistas, convivem com um problema permanente: a falta de água potável. Não há na comunidade, apesar de ser bem habitada, um serviço

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de água saneada. Alguns moradores possuem poços em suas residências ou estabelecimentos comerciais, porém, o líquido não é favorável para o consumo humano, pois é salgado, tem cor amarelada e é poluída. As pessoas que têm um melhor poder aquisitivo, compram água mineral


Reportagem | A Ordem Fotos: Rivaldo Júnior

Ó.

Moradores locais discutem a falta de água potável

para beber, cozinhar, tomar banho, lavar louça e até lavar a roupa. Os mais pobres não têm outro jeito, senão consumir o líquido salobro e poluído. “Na minha casa, a gente gasta 80 reais em água mineral, por semana, porque necessitamos dela até para tomar banho”, conta Canindé Silva. Nos últimos meses, a comunidade de Barreta resolveu ir à luta e reivindicar, junto à Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), o abastecimento de água potável para o consumo humano. O despertar para a luta aconteceu durante o trabalho missionário desenvolvido pela Paróquia de Nossa Senhora do Ó, de Nísia Floresta. Água é vida “O povo de Barreta convive com esse problema há muito tempo. E sem água não se vive, porque água é vida”, diz o Diácono Paulo Felizola, responsável pelo trabalho missionário, desenvolvido em Barreta e nas praias vizinhas, ligadas à Paróquia de Nossa Senhora do

A luta da comunidade, despertada a partir das missões, começou em setembro do ano passado. De lá para cá, já foram realizadas várias reuniões com a Igreja Católica, outras igrejas e os moradores. Aos poucos, foram discernindo o que reivindicar. “Um dos pontos que discernimos foi de onde deverá vir a água para abastecer Barreta. Já sabemos que não pode ser daqui, porque é poluída e salobra. A prefeitura do município de Nísia Floresta construiu dois poços, com o intuito de abastecer a comunidade, mas um tem água salgada e o outro é contaminado. As pessoas que utilizam a água dos poços sofrem com problema de diarreia”, explica o Diácono. Diante dessa realidade, a comunidade sugere que a CAERN leve água de Campo de Santana, que fica em torno de três quilômetros de distância, possui estação de captação e água de qualidade. Outra alternativa apontada é a Lagoa do Bonfim, que já abastece vários municípios potiguares. De acordo com o Diácono Paulo, o grupo encomendou laudos para ver o nível de poluição de água e o resultado é que há coliformes totais. “Pelas normas técnicas é inviável para o consumo humano”, conta. “Pela Constituição Brasileira, em seu artigo 1º, a água é um direito de todos. Então, o poder público tem o dever de garantir esse direito. Também é inerente à conduta cristã: reivindicar aquilo que promover a vida”, comenta o Diácono. Causas e consequências O que provoca a poluição da água, em Barreta? Provavelmente um conjunto de fatores. Um deles é a presença de laboratórios onde são criadas larvas de camarão. Outro, é a falta de saneamento nas ruas. Contam os mais velhos, que Barreta, antigamente, era região de mangue. Daí, a cor amarelada da água ser ainda resquícios do antigo mangue. Outro ponto a ser observado é que, antes, havia uma lagoa. Aos poucos, foram sendo construídos imóveis dentro dela, aproveitando a época

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A Ordem | Reportagem

“Sem água não se vive, porque água é vida” Diácono Paulo Felizola de estiagem. Quando chove, é fácil ver as ruas alagadas. E por não haver saneamento básico, as águas acumuladas nas ruas ficam poluídas e terminam por também contaminar o lençol freático. Adélia Silva, 75 anos, nasceu e ainda reside em Barreta. Os pais dela foram os primeiros moradores da praia de Barreta. “Antigamente, a gente cavava cacimbas para pegar água e era boa, limpa, docinha”, recorda. Ela também lembra que o local tinha mesmo características de mangue. “Meu pai tirava barro e encontrava ostras enterradas. Por isso, achamos que aqui já foi região de mangue”, conta. Adélia, que é uma das responsáveis pela capela de Nossa Senhora da Conceição, guarda água da chuva para lavar as alfaias, porque se lavar com água do poço tubular, as toalhas, que são brancas, ficam amareladas. “Eu acredito que a causa da poluição da nossa água está na presença dos grandes sumidores e das fossas existentes”, diz Francisco Willian da Cruz, residente na comunidade desde 1999. Segundo Willian, tempos atrás a comunidade recebeu visita da CAERN, mas o órgão nunca se manifestou sobre a situação enfrentada pelos moradores. Descaso O Diácono Paulo Felizola resume o problema: é um descaso do poder público

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Reportagem | A Ordem para com a população nativa de Barreta. “Por trás do glamour da Praia de Barreta há uma população pobre. Nas praias vizinhas não há o problema da água, mas há outros problemas sociais”, diz. Quem passa pela rua principal, que margeia o mar, nas comunidades praianas, como Pirangi, Cotovelo, Búzios, Tabatinga, Camurupim e Barreta, vê condomínios, pousadas, casas luxuosas e, muitas vezes, nem imagina que por trás há as famílias nativas, que residem em casas bem mais simples. “Essa população sofre porque não tem serviço de saúde que funcione bem, a educação é precária, não tem transporte, e, no caso de Barreta, não tem água potável”, denuncia. Reivindicações Com o intuito de apoiar a comunidade na luta pela água potável, a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, assessorada pela Rede SAR, do Vicariato Episcopal para as Instituições Sociais, da Arquidiocese de Natal, organizou um abaixo-assinado para ser enviado à direção da CAERN e à promotoria de justiça de Nísia Floresta. Além de ser assinado por quase 500 moradores de Barreta, o documento também foi assinado pelo arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha. O requerimento pleiteia que “sejam realizadas providências, com a devida brevidade, por meio dessa Companhia, no sentido de providenciar a instalação e regular funcionamento dos serviços de abastecimento de água potável para o consumo humano à população do Distrito de Barreta.” O abaixo-assinado foi entregue à CAERN em 22 de novembro de 2017, e ao Ministério Público, em Nísia Floresta, em 8 de janeiro deste ano. “Agora, aguardamos a manifestação da CAERN e do ministério público”, diz o Diácono Paulo Felizola.

Adélia mostra a diferença na cor do piso, em frente a casa dela. A cor avermelhada é causada pela água

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A Ordem | Notas

Capela do Pajuçara é demolida para duplicação da Moema Tinoco João Maria Araújo

Missa celebrada no dia 17 de fevereiro

Em virtude das obras de duplicação da avenida Moema Tinoco, na zona norte de Natal, a capela de Nossa Senhora das Dores, no bairro Pajuçara, teve de ser demolida no último mês de fevereiro. As atividades, na Igreja, foram encerradas no dia 17 do mesmo mês, com um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento e celebração eucarística, presidida pelo pároco, o Pe. João Maria do Nascimento e contou com a participação de agentes de pastorais,

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movimentos e serviços, além de fiéis em geral. A capela pertence ao território da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Parque das Dunas. A Igreja foi inaugurada no dia 08 de outubro de 1991 e atendia à população da região. Está em processo a aquisição de um terreno para a construção da nova capela. Enquanto isso, as celebrações seguem acontecendo de forma campal, em um local próximo de onde estava erguida a Igreja. Segundo o padre João Nascimento,

mesmo após a demolição, a comunidade deve seguir com a missão de evangelização que foi implantada no bairro. “O que foi plantado aqui, deve ser preservado. O templo de pedra vai ao chão, mas o templo vivo permanece em nossos corações. Vamos continuar com nossas atividades pastorais e a comunidade não vai deixar de ser assistida. Para este novo momento, contamos com o apoio e orações de toda a comunidade. É o momento de nos unirmos”, reforça.


| A Ordem

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CD Cód. 068810

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Quem é esse Jesus? Coletânea

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Março 2018 | 21


A Ordem | Paróquias Fotos: Airton Silva

Nossa Senhora da Penha: padroeira de Monte Alegre

Igreja matriz de Monte Alegre

Distante 39Km de Natal está a cidade de Monte Alegre. Nossa Senhora da Penha é a padroeira do município. O início da religiosidade

22 | Março 2018

popular da comunidade data de 1905, época em que existia uma capelinha erguida onde hoje está um canteiro em frente ao atual

mercado público municipal. A Igreja tinha a frente voltada para o por do sol, uma porta central e duas janelas de cada lado. Ali, seria o centro


Paróquias | A Ordem do povoado, na época. Segundo livro “Paróquias potiguares – uma história”, de autoria do Pe. Normando Pignataro Delgado (in memoriam), o povoado era o caminho natural dos produtores da região que se dirigiam ao importante centro exportador e de comércio, que era o porto de Guarapes, em Macaíba. “A construção da capela dedicada a Nossa Senhora da Penha favoreceu o aumento das residências no lugar. Em 1938, Monte Alegre foi elevado à condição de Distrito Administrativo de São José de Mipibu. Em 25 de novembro de 1953, pela lei 929, assinada pelo então governador Sílvio Pedrosa, foi criado o município de Monte Alegre”, diz a obra. Antes, no ano de 1917, foi iniciada a construção da Igreja matriz. A obra foi concluída em

1949 e inaugurada. Os historiadores da região relatam que o mosaico e as imagens sacras que estão na Igreja foram importados da França e, por essa razão, a obra demorou tantos anos para ser concluída. Em dezembro passado, a Igreja completou 100 anos de construção. Criação da Paróquia A Paróquia de Nossa Senhora da Penha, em Monte Alegre, foi criada no dia 18 de dezembro de 1999, pela então arcebispo de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales. O primeiro sacerdote a conduzir os trabalhos pastorais foi o padre Aerton Sales. Atualmente, a comunidade tem como administrador paroquial, o padre Manoel José da Silva e como vigário paroquial o padre José de Souza dos Santos.

Arquivo Arquidiocese

Vida Pastoral Cerca de 30 comunidades pertencem ao território paroquial. De acordo com o Pe. Manoel José, são 20 grupos de pastorais, movimentos e serviços que dão a dinâmica pastoral. “Nossa Paróquia procura seguir o que pede o nosso papa Francisco, de ser uma Igreja em saída. Assumimos a dimensão missionária, orientada pela Arquidiocese de Natal no Marco Referencial Pastoral, como uma Paróquia em estado permanente de missão. Nesse sentido, realizamos encontros de formação, visitas aos lares, capacitação para agentes pastorais, entre outras ações”, diz. No campo social, o sacerdote fala que a comunidade desenvolve um trabalho junto às mães, com orientações acerca de doenças infectocontagiosas e educação dos filhos.

Endereço: Pe. José Souza, vigário paroquial

Av: Juvenal Lamartine, S/N, Centro - Monte Alegre Telefone: (84) 3276-2363

Funcionamento (Secretaria

paroquial): Terça a sexta-feira, das 08h às 12h

Horário de missa (Igreja

Pe. José Manoel, administrador paroquial

matriz): Domingos: 09h/ 19h30 Primeira sexta-feira e todo dia 18 de cada mês: missa da Mãe Rainha

Março 2018 | 23


A Ordem | Paróquias Fotos: Rivaldo Júnior

Igreja Matriz de Santo Antônio

Santo Antônio: dos Barreiros ao Potengi Em fevereiro passado, a Paróquia de Santo Antônio, na comunidade de Santo Antônio do Potengi, no município de São Gonçalo do Amarante, comemorou cinco anos de criação. Em 11 de fevereiro de 2007, o então arcebispo, Dom Matias Patrício de Macêdo, criou a Área Pastoral de Santo Antônio, desmembrando-a da Paróquia de São Gonçalo do Amarante. Na época, o Padre Ednaldo Virgílio da Cruz

24 | Março 2018

foi nomeado responsável pela Área. Seis meses depois, a administração da Área Pastoral foi entregue à Ordem dos Cônegos Premonstratenses. O Padre Felipe Anderson, OPraem, ficou como responsável pela comunidade, até junho de 2017, quando a Congregação fechou a casa, na Arquidiocese de Natal. A Paróquia foi criada em 4 de fevereiro de 2013, por Dom


Paróquias | A Ordem Jaime Vieira Rocha. Após a saída do Padre Felipe, o Padre José Sílvio de Brito foi designado para assumir a Paróquia, durante um mês. Em agosto do ano passado, Dom Jaime nomeou o Padre Iranildo Virgílio da Cruz como pároco da Paróquia de Santo Antônio. Recentemente, a Área Pastoral de Santo Expedito, em Jardim Petrópolis, foi desmembrada da Paróquia de Santo Antônio. Devoção A devoção ao padroeiro, Santo Antônio, é antiga, na região. À beira do Rio Potengi, há uma igreja dedicada ao Santo, construída por volta de 1885. De acordo com uma lenda, contada por antigos moradores, duas herdeiras das terras da região encontraram uma imagem de Santo Antônio, à beira do rio. Elas levaram a imagem para casa, mas, algum tempo depois, a imagem começou a desaparecer e reaparecer no local onde havia sido encontrada, pela primeira vez. Por causa desse episódio, surgiu a decisão de construir uma capela dedicada a Santo Antônio. A capela localiza-se num local elevado, de onde se pode ter uma visão panorâmica da comunidade do Rio Potengi. De acordo com Padre Virgílio, a religiosidade popular e o devocionismo são características marcantes na região de São Gonçalo do Amarante. “Todos os anos, no mês de janeiro, caravanas daqui partem para o Juazeiro do Norte, no Ceará”, comenta. Além disso, o pároco destaca a expressiva participação dos fiéis nos novenários das festas de padroeiros das comunidades.

Igreja primitiva, construída em 1855

ENDEREÇO: Rua João Veras, s/n – Solar dos Ypês Santo Antônio – São Gonçalo do Amarante (84) 3278-3294 paroquiadesantoantoniopotengi@gmail.com EXPEDIENTE (secretaria paroquial) Segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 14h às 18h, e aos sábados, das 8 às 12h MISSAS (Igreja Matriz) Domingo – 7h e 19h Quinta-feira – 19h Primeira sexta-feira – 19h

Padre Iranildo Virgílio, pároco

SAIBA MAIS www.facebook.com/redeoantonio

Março 2018 | 25


Liturgia

A Ordem |

da

Palavra

Pe. José Lenilson de Morais

Pároco da Paróquia de Santana e São Joaquim – São José de Mipibu

Renovação das promessas batismais “Não se trata de um mero rito externo, é uma coisa muito séria que estamos prometendo”

Após a Quaresma, os cristãos católicos vivem o Tríduo Santo que culmina com a Vigília Pascal, a “mãe de todas as vigílias”. É a mais longa e mais bela celebração de todo o Ano Litúrgico, pois nela fazemos a recapitulação de toda a história da Salvação através das leituras bíblicas, da salmodia, da bênção do fogo e da água, elementos que recordam a Luz que nos retira das trevas e nos lava e purifica. Durante a Vigília pascal também realizamos a renovação das promessas batismais. Vejamos bem, não se trata da renovação do batismo, mas das promessas batismais. O batismo dado uma só vez tem a sua eficácia para sempre, pois ele age por sua própria força e não pode ser dado uma segunda vez. Aliás, nenhum sacramento que imprime caráter (marca indelével de configuração ao Cristo) por ser recebido mais de uma vez: batismo, crisma e ordem. Não se faz, absolutamente nunca, renovação do batismo, da ordem ou da crisma. O que se renova são as promessas do batismo, as promessas sacerdotais e se invoca constantemente o Espírito Santo, dado uma vez por todas no sacramento da Crisma. Por que se renova as promessas batismais? O batismo nos retirou da vida da morte, da condenação, nos fez renascer em Cristo, tornando-nos filhos de Deus no Filho Amado, Jesus Cristo. No dia do batismo foram nossos pais e padrinhos que prometeram que nos educariam no caminho da fé para perseverarmos na graça de Deus, no estado da amizade com ele. Quando se é batizado, jovem ou adulto, a própria pessoa assume esse compromisso. De um jeito ou de outro,

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infelizmente, ao longo da caminhada, nós acabamos nos esquecendo ou mesmo negando voluntariamente o que nos comprometemos a viver. Faz-se necessário, portanto, retornar à fonte da Vida eterna e da Misericórdia de Deus que é a Páscoa de Jesus. Entenda-se Páscoa em seu sentido mais pleno: paixão, morte e ressurreição do Senhor, não apenas a ressurreição. A quaresma proporciona esse retorno, pois o essencial desse tempo litúrgico é fazer o cristão morrer para o pecado e ressurgir para Deus, nas palavras do Senhor: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Essencialmente, a renovação da promessas batismais, realizada na Vigília Pascal, é composta de duas partes: primeiro se manifesta a fé em Deus Uno e Trino com a resposta “creio” e depois se renuncia a “satanás e todas as suas obras” com a resposta “renuncio”. Não se trata de um mero rito externo, é uma coisa muito séria que estamos prometendo, e é de dar dó vê o modo como muitos cristãos respondem... Vejam que estamos diante do Altíssimo, na noite da Ressurreição, dizendo que não queremos mais ter parte com Satanás e com o pecado, seja de que tipo for, que queremos permanecer na graça batismal para sermos salvos. Será que temos consciência disso? Será que temos coragem de abandonar aqueles velhos pecados, vícios, “amores”, corrupções, costumes... que nos afastam da comunhão com Deus? Disso depende a nossa comunhão sacramental. Se não renunciamos ao pecado não podemos comungar da e na Páscoa do Senhor (1 Cor 11, 17-34).


Personalidade | A Ordem

Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal

Monsenhor Pinto, vigário pontifício No último dia 21 de janeiro, Deus chamou o Monsenhor Pinto, pároco emérito da Paróquia de São José, dos Angicos. Nascido no município de Pedro Avelino, em 26 de setembro de 1926, ele faleceu dia 21 de janeiro passado, aos 91 anos de idade. Mesmo nascido em Pedro Avelino, a maior parte da sua vida foi em Angicos. Em 1939, começou a estudar em uma escola particular, onde funciona a Escola Estadual José Rufino, na cidade de Angicos. No ano seguinte, frequentou a Escola Paroquial Santo Cura D’Ars. Em 1941, passou a estudar no Educandário Padre Félix, fundado pelo então pároco, Padre Manoel Tavares de Araújo, onde concluiu o primário. Em 1945, ingressou no Seminário de São Pedro, em Natal, e, depois, seguiu para Fortaleza, a fim de fazer os cursos de filosofia e de teologia. Foi ordenado presbítero em 8 de dezembro de 1955, pelo então bispo auxiliar de Natal, Dom Eugênio de Araújo Sales. Logo em seguida, foi nomeado vigário coadjutor da Paróquia de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz. Em 1956, foi nomeado vigário da Paróquia de Nossa Senhora das Graças e Santa Teresinha, no Tirol,

em Natal, ficando até julho de 1959, quando foi nomeado pároco de Angicos, pelo então Papa João XXIII, substituindo o Pe. Manoel Tavares de Araújo, que no momento deixava a paróquia de Angicos para ser bispo da Diocese de Caicó. Por ter sido nomeado pelo Papa, recebeu o título de “vigário pontifício” (título que era dado aos padres que substituíam nas paróquias sacerdotes nomeados bispos). Por cerca de 40 anos, Monsenhor Pinto foi professor e diretor de duas escolas. Foi um padre educador, que promoveu a dignidade humana. Em 4 de agosto de 2008, passou a administração da paróquia de São José, dos Angicos, ao Pe. Vicente Fernandes Neto, tornando-se assim pároco emérito. Mesmo depois de emérito, continuou residindo em Angicos e servindo à Igreja. Todos que conviveram com ele têm a imagem de um homem muito pacífico, tranquilo, discreto, bem informado e que nunca perdeu o seu humor. Tinha muito zelo para com a Igreja, muito atencioso para com os bispos. Com sentimento profundo, somos gratos ao Senhor pelo legado, pelo testemunho, pela vida do Monsenhor Pinto: um homem de Deus, que se tornou referência na região do Sertão Central.

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A Ordem | Artigo

Fortalecer a fraternidade para superar a violência Pe. Robério Camilo da Silva Coordenador Arquidiocesano de Campanhas

“A lógica do amor é o único instrumento eficaz diante das ações violentas.”

Com o tema, Fraternidade e superação da violência, e o lema, “Vós sois todos irmãos”, a Igreja Católica realiza mais uma Campanha da Fraternidade. Convida todos os fiéis e a sociedade em geral a “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.” Os alarmantes dados da violência no Brasil e, particularmente no RN, tiram o sossego dos que têm fé e prezam pela fraternidade. O tempo da quaresma vem nos lembrar que precisamos nos converter fugindo do risco de aumentarmos cada vez mais em nossa vida e nas nossas instituições, o pecado da indiferença. Precisamos, através do agir consequente, sugerido pela campanha, intensificar os esforços para construir a cultura da paz. O agir que supera a violência tem como fundamento o Evangelho que aponta para a grandeza da vida e a beleza do viver. Testemunhar a beleza da vida e a graça de vivermos todos como irmãos! Essa verdade do Evangelho deveria ecoar em nossos corações, em nossas comunidades e em nossa sociedade. Por isso, a Campanha da Fraternidade de 2018 nos

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convoca a viver a prática de Jesus no exercício da escuta, da saída missionária, do acolhimento, do diálogo, do anúncio e da denúncia da violência na dimensão pessoal e social. A lógica do amor é o único instrumento eficaz diante das ações violentas. A Igreja está intimamente ligada às pessoas, à sua história e aos acontecimentos que marcam a vida de todos. Fiel a Jesus Cristo, que quer que todos os povos sejam seus discípulos e vivam o mandamento do amor, para isso é preciso trilhar um caminho feito de passos. E o primeiro deles é a conversão pessoal; sem este, não há envolvimento. Antes de tudo, o nosso foco não é a violência, e sim, a superação dela. A Campanha da Fraternidade, abordando a realidade, provoca-nos a sermos construtores da paz e gestores da fraternidade. Superar a violência é tarefa de todo cristão, pois recebemos o mandamento do amor como vocação e missão. Fomos em Cristo adotados como filhos e filhas, recebemos a dignidade filial (Gl 4,5). Superamos a violência quando fomos tomados pela paternidade de Deus e pela filiação em Jesus. Em Cristo, somos todos irmãos.


Informe | A Ordem

Ser frade dominicano Frei Elizanias dos Reis Nascimento, OP (fr. Hélio) Frade Dominicano

“Ordem é a da

A palavra frade vem do latim (fratre) A vida fraterna constitui um dos pilares Santa Madre que significa irmão. O termo é aplicado aos de sustentação da nossa instituição; por isso Igreja, ou seja, membros de uma ordem religiosa, mais nossa formação inicial, que normalmente tem a teologia notadamente das ordens mendicantes duração de 8 anos, é antes para ser frade; isto surgidas na idade média. Entre as mais é, irmão, pois, afinal, nos propomos a viver clássica cujos conhecidas surgidas nesse período, em comunidade. A linha teológica da Ordem fundamentos estamos nós, frades dominicanos, e os que é a da Santa Madre Igreja, ou seja, a teologia são a Sagrada consideramos “primos”, os franciscanos, clássica cujos fundamentos são a Sagrada Escritura e a por sermos contemporâneos. Trazemos o Escritura e a Patrística, tudo isso enriquecido Patrística, tudo com a contribuição do nosso confrade São nome de dominicanos porque a Ordem à qual pertencemos foi fundada por São isso enriquecido Tomás de Aquino. O modelo de inspiração Domingos de Gusmão, na primeira metade com a contribuição para o serviço prestado como operários do século XIII, vindo a completar 800 anos do nosso confrade do Reino de Deus é o nosso pai fundador de existência em 2016. E por ter surgido mesmo, São Domingos de Gusmão, homem São Tomás de num contexto em que a Igreja passava por de profundo zelo apostólico chamado por Aquino” uma grande dificuldade em transmitir a sua alguns dos seus biógrafos de “o Evangelho doutrina devido à escassez de pregadores, Vivo”, incansável pregador da Verdade no pois, até então, a missão de pregar era reservada combate às heresias do seu tempo e na busca pela exclusivamente aos bispos que, com raras exceções, salvação das almas. Durante o dia alguém que falava de conferiam a alguém de muita confiança autoridade para Deus aos homens e, durante a noite falava dos homens a pregar, por causa do avanço das heresias difundidas por Deus. Em Jesus Cristo encontrou inspiração para exercer o grupos religiosos radicais da época, o grupo de irmãos seu amor ao próximo. Sempre tomado de alegria advinda fundado por São Domingos traz o nome de Ordem dos de sua comunhão com Deus, vez por outra não conseguia Pregadores. Ele, sob a ação do Santo Espírito de Deus esconder a tristeza, quando tomado de compaixão pelos teve a inspiração e a ousadia de ser o primeiro a criar pecadores por quem elevava, no silêncio das madrugadas, um grupo de irmãos com o objetivo específico de, assim e em voz forte como trovão, suas preces a Deus. Porque como os bispos, serem pregadores. amava a todos, todos o amavam.

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A Ordem | Para conhecer

turismo e cultura

Carnaúba dos Dantas e sua religiosidade Por Roberto e Ivanize Dantas Carnaúba dos Dantas está localizada na Região Seridó Oriental, distante 227 Km da capital. A cidade da música, como é conhecida, conta com um magnífico campo de sítios arqueológicos de antigos nômades, espalhados nos serrotes e uma excelente atração turística, como o Monte do Galo e o Castelo Di Bivar. O Monte do Galo possui 115 metros de altura e é um marco da cultura religiosa do nosso sertão. A pequena Carnaúba dos Dantas recebe milhares de fiéis de todas as partes do país durante todo o ano, principalmente na semana santa, festa de Nossa Senhora das Vitórias e no período da festa de Santa Luzia. As origens históricas do Santuário de Nossa Senhora das Vitórias têm muito a ver com a devoção particular do carnaubense Pedro Alberto Dantas, que alcançou uma graça por meio da intercessão da santa. No início do século XX, quando morava na região norte do país, foi acometido por uma séria doença. Cessada a enfermidade, Pedro Alberto resolveu voltar para sua terra natal. Antes, passou em Belém (PA) e comprou uma imagem de Nossa Senhora das Vitórias. Ao chegar, conheceu o paraibano e primeiro médico de Carnaúba, Flávio Maroja. Juntos, eles resolveram construir no alto do então “Serrote do Galo”, um santuário dedicado à santa. Nascia assim a devoção a

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Nossa Senhora das Vitórias, que passou a ser protetora da terra carnaubense e também padroeira do Monte do Galo. Na subida, até o topo do monte, também foram colocadas 14 estações que retratam a Paixão de Cristo. Durante a vivência da quaresma, a cidade se torna um

dos pontos turísticos mais visitados da região. Romeiros, filhos da terra ausentes e presentes recorrem à cidade para se emocionar com a encenação da Paixão de Cristo, que é realizada, anualmente, na Praça dos Romeiros, que fica localizada no início da subida para o Monte.


Artigo | A Ordem

Suspiramos por um mundo de paz Diác. Francisco Teixeira, Assessor jurídico da Arquidiocese de Natal

O tema da violência já deixou de ser uma mera notícia de um fato isolado para apoderar-se da liberdade de todos nós. E o Estado já não mais consegue deter o avanço do crime organizado, porque há muito tempo negligenciou as ações sociais preventivas básicas. Simplesmente ignorou a significativa parcela da população brasileira que há séculos vive à margem das políticas de desenvolvimento sempre focadas na economia de mercado e do consumo, para assegurar o lucro e o ganho do capital especulativo. Enquanto isso, multidão de irmãos são obrigados a conviver com a violência que se apresenta silenciosa e disfarçada. E esses irmãos têm rosto e identidade. São os irmãos doentes jogados nos corredores dos hospitais e dos serviços de saúde; são os irmãos presos encarcerados nos calabouços cognominados de penitenciárias do Estado; são os irmãos jovens sem escola de qualidade e excluídos de oportunidade de trabalho, cujas vidas são ceifadas pelas drogas e a morte prematura; são os irmãos idosos que são largados por familiares nos quintais de suas casas ou abandonados em casas-abrigo; são os irmãos trabalhadores e aposentados submetidos às incertezas quanto aos seus direitos trabalhistas e previdenciários, agora ameaçados pelas reformas impostas pelo mercado financeiro; tudo para atender às expectativas de lucro dos agiotas do capital especulativo mundial. Quanta violência imposta pela grande mídia à família humana brasileira, solapando e corroendo princípios e valores cristãos cultivados pela família brasileira e sobre os quais fora edificada. Quanta agressão e afronta à verdade são disseminadas pelas redes sociais, que difundem imagens degradantes e inverdades injuriosas contra irmãos, que envilecem e trituram a vida humana e a dignidade das

pessoas e de suas organizações. Quanta intolerância e desrespeito à diversidade e à pluralidade de opinião, à liberdade de crença e de expressão, de raça e de cor, entre outras formas de descriminação e de preconceito que permeiam o corpus social no qual vivemos, sem esquecer a maior das violências, que é a corrupção sistemática e generalizada, e como está parecendo, institucionalizada, praticada por uma parcela da classe política, ao se locupletarem do bem comum e da república. E o que temos a ver com tudo isso? Sim, caro leitor, temos muito a fazer, como cidadãos e cristãos, para extirpar do nosso meio toda forma ou prática de violência que nos tornam reféns e vítimas, especialmente, quando nos colocamos numa atitude de meros espectadores dos acontecimentos ou indiferentes aos fatos que circundam o nosso lar e adentram ao convívio social de nossas famílias. Neste mundo de injustiça e do direito do mais forte, suspiramos por um mundo de paz, em que todos possam se sentir em casa, em que todos os diferentes agrupamentos possam se integrar no todo, em que uns não persigam os outros, mas todos persigam o mesmo objetivo: uma convivência próspera, vida correta para todos, justiça para todos. E, como cristãos, ansiamos por pessoas que se empenhem, com toda a sua existência, pelos direitos de todos, mesmo que eles próprios só possam esperar insultos e calúnias, pela sua dedicação. Recordemo-nos da Palavra de Jesus: “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. É preciso reagir a tanta violência. Urge sair do comodismo e da indiferença. É preciso ver o sofrimento dos outros, e experimentar a felicidade de o mitigar! Olhar de frente, e não desviar os olhos! Examinar, e não olhar para outro lado! Em vez de nos preocuparmos com os outros, devemos nos ocupar dos outros! Dos cristãos espera-se irresignação diante desse quadro tão aviltante à paz e à justiça social. Março 2018 | 31


A Ordem | Vida pastoral Fotos: Rivaldo Júnior

Mães de joelhos, filhos em pé Por Luiza Gualberto Há nove anos, Maria José Soares do Nascimento, conhecida como Zeza, passou por uma tribulação em sua vida, ao ver sua filha entrar no mundo das drogas. Na oração, ela encontrou forças para superar essa situação.

32 | Março 2018

Segundo ela, em um momento de aflição, conheceu, por meio da internet, o movimento Mães que oram pelos filhos. “Na página do movimento no Facebook, eu pude saber mais e me interessei em participar, só que, aqui no estado, não tinha nenhum grupo. Foi quando a equipe nacional me perguntou se eu tinha interesse em implantar a atividade aqui. Eu já

tinha uma caminhada de Igreja, então resolvi aceitar”, conta. Hoje, a filha de Maria José está restaurada e ela atribui essa graça ao poder da oração. A partir da vivência desta situação, ela passou a ajudar outras mães, que viveram ou vivem a mesma realidade dela. Atualmente, ela é a coordenadora estadual do movimento, que teve seu início na


Vida pastoral | A Ordem comunidade do Mosquito, na capela da Beata Anna Rosa Gattorno. A comunidade pertence à Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nas Quintas, onde Maria José é engajada. “No meu coração, veio o desejo de começar por ali. Sabemos que a droga é um problema muito recorrente em nossa sociedade e eu queria que as mães que ali residiam também pudessem ter esse suporte da oração para a superação das tribulações. Graças a Deus o nosso movimento foi muito aceito. Começamos com 10 mães e, hoje, o grupo já conta com aproximadamente 40 participantes”, comemora. Além da comunidade do Mosquito, Maria José conseguiu implantar o movimento na matriz das Quintas, que conta com aproximadamente 40 mães; além das paróquias de Nossa Senhora da Candelária, no bairro Candelária; Nossa Senhora da Esperança, Cidade da Esperança; e conjunto Potilândia (em fase de consolidação), que pertence à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Morro Branco. Também existem grupos em Patu e Apodi. Como funciona Os grupos se reúnem uma vez por semana. Nos encontros, as mães participam de momentos oracionais e de louvor. “Iniciamos o encontro acolhendo as mães novatas, fazemos louvor e rezamos o terço dos filhos, que é aquele momento forte de oração por nossos filhos. Após o terço, temos um momento de formação, que pode ser baseado no evangelho do dia ou no material fornecido pela

“Graças a Deus o nosso movimento foi muito aceito. Começamos com 10 mães e, hoje, o grupo já conta com aproximadamente 40 participantes” Maria José do Nascimento coordenadora estadual do movimento

coordenação nacional do movimento, que se chama Escola de Nazaré. Também, durante a reunião a gente destina um espaço para testemunhos e troca de experiências”, explica Maria José. A coordenadora explica que cada grupo tem uma coordenação própria, que vai conduzir a programação da reunião. Os encontros são abertos a todas as mães. O movimento surgiu em 2011, na cidade de Vitória (ES), por meio de um grupo de mães que sentia a necessidade de ter um momento de encontro para rezar pelos filhos. Inicialmente, o objetivo era buscar ajuda e orientação para a educação religiosa dos filhos, diante do contexto atual, além de aprender a orar e interceder por eles. Em 2014, a Arquidiocese de Vitória passou a reconhecer o grupo de mães como movimento da Igreja Católica e, a

Março 2018 | 33


A Ordem | Vida pastoral partir deste momento, foi organizado um manual para os encontros e regimento próprio. De lá para cá, o movimento que tem Nossa Senhora da Salete como patrona, foi implantado em diversos estados do Brasil, como Mato Grosso, São Paulo, Sergipe, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte, além de outros países, como Estados Unidos, Japão e Emirados Árabes Unidos. Testemunho Por meio do movimento, Maria José encontrou apoio e conforto diante das tribulações. “Com o movimento, aprendi que só conseguimos superar as dificuldades, por meio da oração, além do exercício diário do amor e da paciência. O que percebo, através das reuniões, é que as mães participantes aprendem os ensinamentos que o movimento proporciona e os coloca em prática na sua vida”, ressalta. “Para as mães que estão em uma situação

de dificuldades com seus filhos, a minha orientação é não desistir deles. Se mantenha firme na vivência da obediência e humildade e nunca se esqueça que o amor e a oração são capazes de vencer tudo”, complementa Maria José.

Para as comunidades paroquiais que desejarem implantar o movimento Mães que oram pelos filhos, basta procurar Maria José. Outras informações, acesse: www. maesqueorampelosfilhos.com.

Movimento Mães que oram pelos filhos Reuniões: Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Quintas): segundas, às 19h30 Capela Beata Anna Rosa Gattorno (comunidade do Mosquito): terças, às 19h30 Matriz de Nossa Senhora da Candelária (Candelária): quartas, às 19h30 Matriz de Nossa Senhora da Esperança (Cidade da Esperança): sábados, às 17h Conjunto Potilândia: quintas, às 15h Outras informações ligue: (84) 98721-1929 (falar com Maria José)

Reunião do grupo de mães na Igreja matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Quintas

34 | Março 2018


Saúde | A Ordem

Ano do Laicato Por Diác. Manoel Carlos

Coord. do Setor dos Leigos

Sujeito eclesial A urgência da vivência e da educação dos sujeitos eclesiais desafia a todos na Igreja. Exige conversão eclesial, saída dos isolamentos e das superioridades e encontros com Cristo vivo no próximo, saída das comodidades comunitárias para as periferias sociais e existenciais, saída da norma instituída para o discernimento dos mais frágeis dentro da comunidade de fé. A noção de sujeito é central no documento 105; na Conferência de Aparecida, os bispos afirmam que a Igreja deveria “favorecer a formação de um laicato capaz de atuar como sujeito eclesial...” (DAp 497). A noção de sujeito pressupõe três notas fundamentais: consciência, autonomia e ação. Se faltar uma delas, pode haver indivíduo, mas não sujeito. Neste contexto, o documento traz, nos primeiros capítulos, já, nos títulos, a importâncias do sujeito: 1º capítulo, “O cristão leigo, sujeito na Igreja e no mundo...”; 2º capitulo: “Sujeito eclesial: discípulos missionários e cidadãos no mundo” e de modo implícito no 3º capítulo, que trata da ação dos leigos como sujeitos na Igreja e no mundo. Mas, o mais importante é que a reflexão sobre o laicato, e sobretudo, define o próprio leigo como sujeito eclesial.

Chocolate

Marcia Roque Braz Nutricionista

O chocolate é considerado um alimento dos deuses, pois ele recarrega nossas energias e é responsável pela sensação de prazer e bem estar, mas deve ser consumido com moderação. O chocolate tem seus prós e contras. Prós - tem propriedades relaxantes, porque tem triptofano e magnésio que estimula a produção de serotonina que é responsável pela sensação de felicidade, rico em cobre, na TPM aumenta a produção de serotonina. Cerca de 100g de chocolate contém uma boa quantidade de magnésio que fortalece os músculos e ossos. Contras- provoca um aumento de glicose (açúcar no sangue). É um alimento rico em gorduras e calorias. Não é adequado para criança com menos de um ano de idade devido ao grande potencial alérgico. No chocolate ao leite, um tablete pequeno de 24g tem 160 calorias. Já o chocolate amargo tem 124 calorias em um tablete pequeno, que possui 30g. Dica legal: o melhor horário para degustar essa delícia que faz a maior diferença é comer no final da tarde; é que nesse período ocorre os picos de secreção de cortisol, hormônio do estresse. Nesse caso, o doce ajuda a aplacar o nervosismo.

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A Ordem | Galeria Cacilda medeiros

Lanรงamento da Campanha da Fraternidade para a imprensa

Campanha da Fraternidade: abertura acontece por vicariatos

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Galeria | A Ordem Nos dias 17 e 18 de fevereiro, a Arquidiocese de Natal realizou a abertura da Campanha da Fraternidade 2018. Neste ano, o tema é “Fraternidade e superação da violência”. Como em anos anteriores, a abertura aconteceu por vicariatos. No Vicariato Urbano, a atividade foi realizada na Paróquia Dom Bosco, no bairro Gramoré, zona norte de Natal. Já no Vicariato Sul, a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Santo Antônio, sediou a abertura. No Vicariato Norte, a programação aconteceu em duas comunidades paroquiais: São José, no município de Angicos e Bom Jesus dos Navegantes, em Touros.

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Antes, no dia 14, o Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha, recebeu a imprensa potiguar em coletiva, oportunidade em que falou sobre a importância da temática da CF 2018, tendo em vista os altos índices de violência no Rio Grande do Norte. O lançamento para a imprensa foi realizado no ginásio Arena do Morro, no bairro Mãe Luiza, considerado um dos mais violentos da capital potiguar. No espaço, são realizadas diversas atividades que visam dar uma oportunidade de lazer e aprendizado para crianças e jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social. Confira alguns registros desses momentos:

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01: Centenas de fiéis participaram da abertura da Campanha da Fraternidade na cidade de Santo Antônio – Foto: cedida | 02: Caminhada marcou programação em Angicos, no Vicariato Norte – Foto: Pascom Angicos | 03: Município de Touros também foi cidade sede para a abertura da CF no Vicariato Norte – Foto: cedida | 04: No Vicariato Urbano, atividades também iniciaram com uma caminhada pela paz – Foto: Tafnes Nóbrega

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A Ordem | Viver

Ginástica laboral Dor nas costas, sensação de peso nas pernas, incômodo nas articulações. Se você trabalha muito tempo em pé, sentado, ou ainda desenvolve algum tipo de atividade repetitiva, esses e outros sintomas podem mostrar que você precisa praticar ginástica laboral. Estudos mostram que este tipo de atividade pode auxiliar no aumento da produtividade, melhorar o fluxo sanguíneo, além de reduzir possíveis acidentes de trabalho e aliviar o stress ocasionado pelas demandas da empresa. Várias instituições adotaram a ginástica laboral como forma de melhorar a qualidade de vida dos colaboradores. Com os exercícios, é possível verificar, por exemplo, redução nas faltas dos funcionários, diminuição 38 | Março 2018

do afastamento por doenças ocupacionais, além de minimização dos custos decorrentes dessas situações. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 3,5 milhões de pessoas com mais de 18 anos de idade têm ou já tiveram diagnóstico de lesões por esforços repetitivos. Os dados mostraram que 18,5 da população adulta do Brasil é acometida por doenças crônicas na coluna, totalizando cerca de 27 milhões de pessoas. De acordo com a Associação Brasileira de Ginástica Laboral, a prática consegue, em poucos minutos, ativar o corpo e oxigenar melhor a parte muscular.

Como funciona A Associação Nacional de Serviços e Recreação para Empregados dos Estados Unidos (NESRA – sigla em inglês), diz que a ginástica laboral consiste em uma prática voluntária de atividades físicas, realizadas pelos colaboradores, dentro do próprio local de trabalho durante sua jornada diária. Ainda segundo a associação, atualmente existem diferentes formatos de programas de ginástica e quando se escolhe um determinado programa, fatores como ambiente de trabalho e o perfil dos funcionários devem ser criteriosamente avaliados. Os exercícios são diversos, constituídos por algumas modalidades: ginástica preventiva, que melhora a resistência cardiovascular e respiratória; ginástica preparatória, que auxilia no preparo do funcionário para a tarefa a ser executada; além da ginástica corretiva, que busca otimizar a ergonomia no trabalho, como postura, posição das pernas etc.


| A Ordem

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