Palestra sobre os indígenas da Paraíba do Pós-Contato em Cuité – PB
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M COMEMORAÇÃO A SEMANA
Evento ocorreu no Museu do Homem do Curimataú - SPA
Nacional dos Museus, o Prof. Juvandi Santos, do LABAP/UEPB e MHN/UEPB, proferiu palestra no Museu do Homem do Curimataú, na cidade de Cuité, no último dia 19. A temática comentada na ocasião foi: “Os indígenas da Paraíba do período do Pós-Contato”. No momento, foram mostrados ao público presente quais os possíveis grupos humanos habitantes do que hoje é a Paraíba na fase colonial. Para esse levantamento dos grupos linguísticos étnico/culturais, há mais de dez anos vem sendo realizado amplo levantamento literário, fontes iconográficas, xilogravuras, documentos de
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arquivos e atividades arqueológicas, objetivando a identificação dos costumes indígenas da região e suas possíveis localizações. O mais interessante dessas pesquisas recentes é o achamento de urnas funerárias do grupo Tupi na cidade de Cuité, no Curimataú. Essa área, segundo levantamentos pretéritos, era de atuação dos Tarairiú, mas a partir desse achamento já existe a possibilidade de se rever as pesquisas anteriores, pois é possível que os Tupi, que antes se acreditava serem habitantes do litoral e suas proximidades, tenham vivido nesses sertões. Se comprovado, teremos, portanto, um enclave arqueológico Tupi numa tradicional área Tapuia, o que é notável e provocativo para novas pesquisas, especialmente arqueológicas, para se tentar elucidar esse novo mistério. Por Juvandi de Souza Santos.
Lançamento em Boqueirão-PB
SPA
NO DIA 13 DE MAIO o consócio Erik Brito realizou um relançamento de seu livro “História Colonial da Parahyba” na cidade de Boqueirão, Cariri Paraibano. O evento foi realizado pela Associação Boquerãoense de Escritores (ABES), sob organização da historiadora Mirtes Waleska Sulpino, e ocorreu a partir das 19h no auditório da Câmara dos Municipal de Boqueirão, contando com a presença de autoridades municipais e da população em geral. O consócio Erik Brito palestrou sobre a fundação da atual cidade de Boqueirão e o contexto desta fundação na história da conquista dos sertões paraibanos.
Expedição a Passagem-PB
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30 e 31 de maio os historiadores Vanderley de Brito e Erik Brito (sócios da SPA) foram até o município de Passagem, no sertão das SPA Espinharas, para acompanhar e registrar as atividades culturais do evento “Último de Maio”, uma festa tradicional da cidade de Passagem que envolve dois dias de eventos culturais, como vaquejada, cantorias, campeonato de futebol, cavalgada e a novena do vaqueiro. Os historiadores foram a cidade a convite prefeito Magno Martins e, além de muitos artistas e intelectuais vindos de diversos estados contaram com a presença do Secretário de Articulação Municipal do Estado.
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NTRE OS DIAS
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ARTIGO 1 __________________________________________________________________ Arte Urbana na Pós-modernidade Carlos Alberto AZEVEDO Antropólogo, Sócio da SPA e do IHGP
Para Flávio Tavares e Alba
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A PÓS-MODERNIDADE A ARTE
das ruas sofreu perdas e danos. Não me perguntem o que é pós-modernidade. Recorram às obras do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017). Mas se insistirem na pergunta, direi que pósmodernidade é “pós-tudo", como a definiu Haroldo de Campos. Quais são as perdas e danos sofridas pela arte das ruas? Primeiramente, o espectador da arte das ruas não é mais o mesmo. É, hoje, o transeunte que não tem mais confiança na cidade (ver Bauman: Confiança e medo na cidade, 2017). Sofre do mal-estar da pós-modernidade: o "medo líquido". De fato, o maior sentimento que a cidade pós-moderna inspira é de medo:
Assim, pois, somos seres opacos, não vemos mais a poesia da cidade, os seus mistérios e belezas escondidos nos vazios urbanos. Àquilo que os artistas plásticos Hélio Oiticica e Lygia Clark descobriram no Rio de Janeiro dos anos 1960, quando praticavam "errâncias urbanas", no sentido dado por Walter Benjamin. Com essa opacidade, isto é, a falta de sensibilidade do transeunte diante da vida pós-moderna - quem perde é a arte das ruas. Os belos e coloridos grafites, as ariscas e enigmáticas pichações tornaram-se "invisíveis" aos olhos do outro - do transeunte. Ninguém olha mais para nada - não é Walter Benjamin? Perdemos nestes "tempos líquidos" a capacidade de olhar. Não existe mais àquela relação: "o que vemos, o que nos olha", desenvolvida na dialética do filósofo francês Georges Didi-Huberman. Não esquecer nunca de que "a arte é algo que se vê". Hoje, nosso olhar é outro: olhamos para baixo, olhamos par o visor do celular e andamos, andamos, andamos e andamos... Não andamos mais à toa - "andar a Zonzo" como enfatizou o arquiteto e urbanista italiano Francesco Careri, autor do notável Walkscapes: O caminhar como prática estética (2013). Careri, com seu projeto Stalker (inspirado no emblemático filme de Andrei Tarkovski de 1979), ensinava os seus alunos de arquitetura "andar a Zonza" pela cidade de Roma. "Seu curso era totalmente paripatético, em que se caminha interagindo in situ com os fenômenos emergentes", salientou Paola Berenstein Jacques, prefaciadora da obra de Francesco Careri.
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Há uma condição de alerta permanente: perigos que se diz estar à espreita bem ali na esquina, fluindo e vagando de acampamentos terroristas disfarçados em escolas e congregações religiosas islâmicas; de subúrbios habitados por imigrantes; de ruas perigosas infestadas de membros das subclasses; de "distritos turbulentos", incuravelmente contaminados pela violência; de áreas de acesso proibido em grandes cidades. Perigos representados por pedófilos e outros delinquentes sexuais à solta, mendigos agressivos, gangues juvenis sedentas de sangue, vagabundos e caminhantes furtivos. As razões para ter medo são muitas... (BAUMAN: Medo e modernidade líquida, 2014).
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Voltemos ao grafite. Não quero com isso, jamais, anunciar a morte desta forma de arte urbana, quero apenas dizer que o grafite perdeu muito de sua visibilidade. Que fazer?... Por que não utilizar as calçadas como suporte? Usar uma nova plataforma artística. Como vem fazendo os artistas do coletivo espanhol Boa Mistura; pintam calçadas com jogos de palavras e ilusão de ótica. O grafiteiro Pablo G. Mena (do Boa Mistura) esteve recentemente em João Pessoa, na Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo, organizada pelo Instituto de Educação Superior da Paraíba (Iesp), expondo suas ideias na mesa-redonda Patrimônio, arte urbana e novas identidades na cidade. De certa forma, isso seria voltar à antiga tipografia da pichação tradicional: letras, frases, ideias. O grafiteiro e pichador paulistano Mauro Neri não abriu mão desse recurso artístico. Escreveu nas calçadas de São Paulo a mesma frase de sempre: "Veracidade", ou seja, "ver (a) (cidade). Um exemplo clássico foi o carioca José Datrino (1917-1996), mais conhecido como "profeta" Gentileza, que escreveu seus aforismos embaixo do Viaduto do Caju, na Avenida Rio Branco. Em 2001, Joãozinho Trinta dedicou a Gentileza o enredo da Escola de Samba Grande Rio: Gentileza o profeta do fogo. Foi também imortalizado pela cantora Marisa Monte com a bela música Gentileza (devo esta informação a escritora Zélia Almeida). Atualmente, os tempos são bastante ásperos para a arte das ruas. Em São Paulo, o prefeito João Doria mandou "apagar" os grafites e as pichações ("Pixo"). Em nome de um projeto absurdo: Cidade Limpa (Cidade Cinza!!!). Não sabe Doria que a potência social do grafite é eterna. Penso naqueles grafites de Pompeia, cidade romana destruída pelo Vesúvio, em 79 d.C. Não se pode apagar a memória social de uma cidade inteira: "Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza" Marisa Monte.
IPHAEP celebra acordo de Cooperação Técnica com Prefeituras
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de parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíb a (Iphaep) e as Prefeituras Municipais cujo Centro Histórico são tombados, bem como compromissos e responsabilidades, com a finalidade de promover a integração de ações, atividades e serviços em defesa do patrimônio cultural do estado. Com esse objetivo, a equipe do Iphaep estará na cidade de Mamanguape, durante todo o dia desta segunda feira (24), para viabilizar o Termo de Cooperação Técnica nº 02/2015 com a Prefeitura local. Pela manhã, a diretora do patrimônio estadual, Cassandra Figueiredo, se reúne com a prefeita Eunice Pessoa, para que possam assinar o documento, que terá validade de 5 anos, podendo ser esse período renovável. O Termo de Cooperação segue uma orientação do Ministério Público Estadual e está composto por quatro cláusulas: Do Objeto; Das Obrigações das Partes; Das
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STABELECER CONDIÇÕES
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Condições Gerais e da Vigência. No tocante à Cláusula Segunda, estão explicitados dois compromissos que devem ser cumpridos pela Prefeitura Municipal de Mamanguape. No ítem 1 está dito que: “Sempre que os proprietários cujos imóveis estejam localizados na área protegida pelo Iphaep, bem como de bens tombados, solicitarem à Prefeitura Municipal alvará de construção, demolição, reforma ou qualquer outra intervenção nos bens, esta se compromete a encaminhar os processos para o Iphaep, e, somente após a análise e deliberação do Órgão de Proteção do Patrimônio, a Prefeitura analisará a solicitação e emitirá os documentos necessários”. Cabe, ainda, à Prefeitura: “Contribuir com as ações de preservação, na disponibilização de dados sobre os imóveis e proprietários sempre que solicitado, e no acompanhamento e fiscalização de obras”. Na mesma Cláusula Segunda estão delineadas as obrigações do Iphaep: “Fornecer o mapa atualizado com a delimitação da área protegida, que versa sobre a delimitação do Centro Histórico do Município, e a localização dos bens tombados, que versa sobre o Tombamento, todos na Cidade de Mamanguape/ Paraiba; dar todas as orientações necessárias ao bom andamento dos trâmites processuais; disponibilizar técnicos para realizar ações educacionais com a população, e capacitação com os técnicos da Prefeitura, responsáveis pela análise de projetos arquitetônicos e emissões de alvarás”. Logo em seguida à assinatura do documento, os técnicos vão realizar reunião com funcionários municipais, no sentido de explicar a legislação do patrimônio estadual, o que significa o tombamento e quais os cuidados que devem ser tomados para que ação conjunta entre o Iphaep e a Prefeitura Municipal de Mamanguape resulte em um processo efetivo de valorização do patrimônio histórico, artístico, arquitetônico, cultural e memorialístico da cidade. Como última atividade do dia desta segunda-feira, os técnicos estaduais vão realizar vistorias no Centro Histórico e nos principais bens tombados no município, a exemplo da casa onde pernoitou o imperador Dom Pedro II. Visitas – Segundo a diretora Cassandra Figueiredo, a previsão é de que, até o final deste ano, o Iphaep estará assinando os termos de cooperação e realizando a formação com os técnicos dos 14 municípios cujos Centros Históricos são delimitados e tombados pelo patrimônio estadual na Paraíba. “Nossa atividade começou em Pilar, já passou por Alagoa Grande, e agora vamos à Mamanguape. Com essa parceria, entre Iphaep e Prefeituras, estamos, efetivamente, desenvolvendo uma política pública de forma articulada e voltada à promoção, à defesa e o cuidado com o nosso patrimônio cultural”, explicou a gestora “As prefeituras que assinarem este documento estarão compartilhando responsabilidades, que visam à proteção da cultura e da identidade de seu município, o que esperamos acontecer com todos eles”. Quando estiveram em Pilar, no dia 4 de abril passado, os técnicos do Iphaep foram recebidos pelo prefeito Benício Neto e alguns assessores. Além da assinatura do Termo de Cooperação, eles também realizaram esclarecimentos sobre a legislação do patrimônio e visitaram a Igreja Matriz, a Casa de Câmara e Cadeia e o Engenho Corredor, onde nasceu o escritor José Lins do Rego. Já na última quarta-feira, dia 12, a equipe esteve em Alagoa Grande, para firmar parceria com o prefeito Antônio Sobrinho. Em seguida, os técnicos do Iphaep realizaram uma reunião, para esclarecimentos sobre a legislação do tombamento, com alguns técnicos da Prefeitura. Entre eles, estiveram presentes, o secretário de Cultura, Marcelo Félix, e o arquiteto José Wilton.
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Durante o restante da manhã e por toda a tarde, o Iphaep visitou o Centro Histórico de Alagoa Grande e alguns dos bens que estão protegidos por estarem inseridos na área de delimitação ou por serem tombados individualmente: a Igreja Matriz, de 1868; o Teatro Santa Ignez, considerado o terceiro mais antigo da Paraíba; e a antiga Estação Ferroviária. Em Alagoa Grande, os técnicos do patrimônio estadual também estiveram no Memorial de Jackson do Pandeiro e na casa onde morou e foi assassinada a líder camponesa Margarida Maria Alves. “Por conta do grande interesse demonstrado por Alagoa Grande, o Iphaep deverá voltar à cidade, nos próximos meses, para realizar oficinas e palestras de educação patrimonial”, revelou a diretora do Iphaep, Cassandra Figueiredo.
Cemitério indígena é escavado no Distrito do Marinho em Boqueirão
Serra da Tesoura - Nupeah
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dos povos Cariri que habitaram a região onde hoje se encontra o distrito do Marinho, município de Boqueirão, interior da Paraíba. Esse é o objetivo dos professores Flávio Moraes e Juvandi de Souza Santos, que, a partir de terça-feira (23), iniciam as escavações no cemitério indígena localizado nas imediações da Serra do Macaco. O arqueólogo Flávio Moraes, pernambucano, é professor da Universidade Federal de Alagoas(Ufal), de onde está afastado para cursar doutorado em Antropologia Biológica na Universidade de Coimbra, em Portugal. Juvandi Souza Santos, paraibano, é arqueólogo e paleontólogo e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), cursando atualmente o terceiro pós-doutorado. Os dois fizeram mestrado juntos, ficaram amigos e, segundo Flávio, descobriram o interesse em comum de entender mais sobre os povos tapuia que habitaram a Paraíba. “Sou arqueólogo de formação, mas na minha pesquisa de doutorado tento perceber as características biológicas dos povos Cariri . Por isso, estamos escavando cemitérios, provavelmente Cariri”, disse o professor Moraes, acrescentando que já foi escavado um
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ANÇAR LUZES SOBRE A HISTÓRIA
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em Pocinhos, “e agora iremos escavar esse em Boqueirão. Espero escavar ainda outros sítios cemitérios em Boqueirão e Pocinhos”. “Pretendo estudar os esqueletos, fazer uma caracterização biológica desses povos que acreditamos ser Cariri, porque eles faziam rituais funerários e enterravam seus mortos, ao contrário Serra da Tesoura - Nupeah de outros povos, como os Tarariu, que consumiam os restos mortais, inclusive os ossos, dos quais faziam uma farinha. Então, se tem esqueletos, o mais provável é que sejam de cariris”, complementou Flávio Moraes. Ele informou que sua intenção é entender as condições de saúde desses índios, quais doenças tinham, como eram seus rituais funerários, dentre Serra da Tesoura - Nupeah outras questões. E que o trabalho também tem um lado educativo, além de arqueológico. “É importante que as pessoas tomem conhecimento do que está sendo feito, para que possam entender a necessidade de se preservar esse patrimônio. Isso faz parte da educação patrimonial”, enfatizou. A equipe ficará na região por cerca de dez dias, trabalhando nas escavações ininterruptamente. Flávio Moraes disse acreditar que haja outros sítios por lá para serem escavados, pois recebeu, de moradores da localidade, várias fotos que dão indício da existência de mais material a ser pesquisado. Os moradores do Marinho, a exemplo dos Condutores do Lajedo e das Crocheteiras, estão dando todo o apoio ao professor Flávio e sua equipe. Até uma casa para que o grupo possa ficar alojado foi providenciada. Eles sabem, também, que a partir dessas escavações o cemitério indígena se tornará mais um dos atrativos turísticos da localidade, que tem atraído muita gente para conhecer o lajedo e fazer as trilhas do entorno. Por Lourdinha Dantas Fonte: oconcierge.com.br
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ESTUDOS HISTÓRICOS EM CABACEIRAS-PB
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29 DE MAIO os pesquisadores Vanderley de Brito e Pe. João Jorge Rietveld se reuniram na cidade de Cabaceiras para debater assutos relacionados à História do município. Enquanto pároco de Cabaceiras, é pretensão do Padre Rietveld recolher o máximo possível de dados sobre a região para um livro que pretende publicar sobre a antiga Freguesia de N. S. da Conceição de Cabaceiras e o historiador Vanderley de Brito, que está em fase de conclusão de um livro que se intitulará de “Cariri Proscrito”, já vem Pe. João Jorge e Vanderley de Brito - SPA recolhendo dados há anos sobre a região, especiamente sobre resquícios da cultura marrana no subconsciente do povo daquela fatia caririzeira, e o encontro destes estudiosos teve por objetivo uma troca de informações e fontes, a fim de enriquecer os dois trabalhos em pauta. O DIA
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UM QUADRO DRAMÁTICO E TENEBROSO PARA A ARQUEOLOGIA NO BRASIL
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26 A 28 DE ABRIL se discutiu em Ouro Preto a questão dos acervos arqueológicos no Brasil . O encontro organizado pela SAB ( Sociedade de Arqueologia Brasileira) contou com expressivo numero de pesquisadores e arqueólogos brasileiros . Na ocasião , mostramos nosso trabalho a frente do IPHARJ, mas nao deixamos de expor algumas de nossas preocupações acerca da venda de material arqueológico no Mercado Livre bem como o crescimento dos DETECTORISTAS , que estão destruindo muitas jazidas arqueológicas de forma lenta e silenciosa . Recebemos semanas atras uma comunicação muito preocupante da Procuradoria do MPF do Rio de Janeiro, pois uma denuncia formal protocolada no RJ em relação a pratica do Detectorismo foi ARQUIVADA . ( !!!!!!!!!!!! ) Sendo assim, caímos na mais plena sensação de impotência e que não se pode fazer nada para conter os danos e exploração ilegais e irregulares nos sítios brasileiros e de outra forma , o resultados dessas escavações irregulares que trazem artefatos de arqueologia brasileira a tona não são combatidos, reprimidos ou evitados pela policia nem gestores. O QUE SE PODE FAZER ? Como sabemos, no exterior e em muitos países, a venda de artefatos de arqueologia provenientes de coleções antigas podem e são comercializados legalmente e a pratica do detectorismo ate estimulada como atividade de passa-tempo e programas como Caçadores de Relíquias sao muito populares. No Brasil a legislação atua de forma distinta e é terminantemente proibida a venda de artefatos provenientes de jazidas nacionais ... configurando um crime inafiançável perante a União . Mas... se não existe Educação Patrimonial levada à Sociedade que lhes ensine o que é ou nao é correto, como a população saberá o que fazer ? IA
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OUTRO PONTO RELEVANTE é que os vendedores do Mercado Livre a cada dia expõem valores mais altos e dessa forma as pessoas ficam a imaginar que essas peças tem esses valores e estão começando buscas sistemáticas as sítios arqueológicos Cláudio Prado de Mello – Acervo pessoal imaginando que elas conseguiriam vender peças a esses preços. Bem ! Em um pais aonde o trabalho do Arqueólogos nao é prestigiado, não é regulamentado, sua categoria profissional não é reconhecida e os profissionais nao sao respeitados ... a pergunta que não pode calar é o que será da Arqueologia no futuro !!!! Veja a materia abaixo:
Aventureiros e caçadores de tesouros investem em rastrear objetos valiosos em cidades do Centro-Oeste mineiro. Em busca de preciosidades, os adeptos do detectorismo viajam e passam horas caminhando por terrenos aguardando um sinal. A prática, que conta com um um equipamento capaz de detectar metais no subsolo, tem crescido na região e o resultado pode render relíquias que, algumas vezes, vão para museus. O tecnólogo em qualidade Vandeir Santos, de 44 anos, pratica o chamado “detectorismo histórico”. Ele mora em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Mas, nos fins de semana, percorre áreas urbanas e rurais de algumas cidades do Centro-Oeste, como Conceição do Pará, Pitangui e Pompéu. Ouro, ele garante que ainda não achou. Mas, já coleciona peças metálicas estimadas em mais de dois séculos. “No dia 19 último, encontrei um pé de castiçal e uma aliança de cobre no local onde existiu o casarão de Joaquina de Pompéu", conta. Neste fim de semana, ele oficializou a doação dos objetos ao Museu Histórico de Pompéu. Alimentado com baterias, o detector é montado em poucos minutos. Suspenso a cinco centímetros do chão, ele emite ondas eletromagnéticas que descem alguns metros no subsolo. Quando se aproxima de algum objeto metálico, o equipamento produz um som específico. Daí, basta deixá-lo de lado e recorrer a uma pá ou picareta para cavar no
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Caçadores de tesouros investem em busca de objetos no Centro-Oeste Adeptos ao 'detectorismo' percorrem cidades mineiras com equipamentos. Objetos encontrados foram doados ao Museu Histórico de Pompéu. Ricardo Welbert Do G1 Centro-Oeste de Minas
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Fonte:http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2014/09/cacadores-de-tesouros-investemem-busca-de-objetos-no-centro-oeste.html Por Cláudio Prado de Mello (Arqueólogo e Historiador)
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local indicado. “Tenho dois detectores. Em Pitangui, costumo garimpar no local da antiga fábrica do Brumado e do casarão da Joaquina, todos repletos de coisas antigas para serem recuperadas. Meu sonho é descobrir onde ocorreu o motim de 1720. Os fuzis da época utilizavam um projétil muito grande. Acredito que eu consiga encontrar algum. Também pretendo detectar algo no terreno onde fica o casarão que pertenceu à lendária Maria Tangará”, explica. O maior desafio é conseguir a permissão dos proprietários dos terrenos onde pretende garimpar. “Temos um caso de um dono que não quer deixar que garimpemos num terreno dele em Brumado, pois diz temer que queiramos tomar a propriedade. Em casos como esse, não desobedecemos”, comenta. O hobby também cria laços de amizade. O leiturista e socorrista Cláudio Faria, 36, conheceu Vandeir Santos há cerca de quatro anos. Desde então, sempre que pode, ele acompanha o amigo nas expedições de detecção. “A gente gosta de bastante de espeleologia [exploração de cavernas]. Praticamos essa atividade pelo menos duas vezes por mês, em antigas minas subterrâneas de Pitangui e região. Como não tenho detector, o Vandeir me empresta um. Já encontrei ferradura, broche, vasilha, camafeu, enxada e até um ponteiro de um equipamento de mineração”, conta Faria. O barbeiro Edson Martins dos Santos, 41, é o detectorista mais experiente da turma. Há 20 anos ele usa as horas vagas à prática. O detector que ele tem é o mais sofisticado do grupo, capaz de encontrar o que eles chamam de “tesouro” – peças produzidas com metais mais pesados, ouro antiga. “Já encontrei muitas coisas gratificantes, como talheres antigos, garfos, colheres e ferramentas. Nunca precisei devolver esses objetos a ninguém, nem devolveria qualquer coisa que eu achasse enterrada”, diz. Encontros Vandeir Santos participa de um grupo de detectorismo de Belo Horizonte, junto com outros quatro praticantes. “Fazemos encontros regionais. Existem dois previstos para os próximos meses. Marcamos sempre em algum local que tem praia, pois é onde as pessoas perdem muitos objetos metálicos, como relógios, anéis e pulseiras. Por isso, dá mais lucro e possui mais adeptos”, explica. Investimento Ainda segundo Santos, o modelo mais simples de detector de metais custa, em média, R$ 1,3 mil. Existem equipamentos específicos para a localização de ouro, mas esses chegam a valer R$ 20 mil. “Os chineses já perceberam que é um mercado em expansão. Na internet, vendem cópias baratas e de qualidade duvidosa. Na Europa, os detectores são bastante usados em locais onde ocorreram batalhas”, contextualiza. Um dos detectores que possui, Vandeir Santos ganhou durante um encontro de detectoristas no Rio de Janeiro. O preço do equipamento é R$ 3,2 mil, segundo o proprietário. “Já que não temos praia em Minas, a possibilidade de lucro com o detectorismo se limita a objetos históricos, como moedas antigas. Eu, particularmente, pratico mais pela aventura de viajar em busca de objetos desconhecidos e pela emoção de se deparar com um bom sinal e curtir a ansiedade do momento de cavar. É um prazer indescritível”, finalizou.
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Iphaep promove debate sobre o bicentenário da Revolução de 1817, dia 08 de junho.
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PASSAGEM do bicentenário da Revolução de 1817 será lembrada no próximo dia 8 de junho, durante a programação do Fórum Permanente de Ciência e Cultura do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). O evento será realizado a partir das 14h30, no Palácio da Redenção, tendo como público alvo os estudantes de escolas públicas e privadas, historiadores e pesquisadores. A palestra “Revolução de 1817: Bicentenário” será conduzida pela historiadora Eliete Gurgão e terá como debatedores: Edvaldo Lira, Gúbio Mariz, o confrade Thomas Bruno Oliveira e Piedade Farias. “A Revolução de 1817 tinha objetivos republicanos e estava ligada à liberdade de pensamento, ao direito de religião, a um Estado livre do absolutismo monárquico português e ao processo que estava sendo iniciado, naqueles dias, de uma utopia democrática, no que é hoje o território da Paraíba, além de outras províncias aqui do Nordeste”, explica o historiador do Iphaep, Edvaldo Lira. Segundo a diretora do Instituto do Patrimônio estadual, Cassandra Figueiredo, o Iphaep entende que o projeto está literalmente integrado à ideia de promover a discussão acerca da memória da Paraíba e de seus personagens históricos. “O objetivo do nosso Fórum, desta vez, se baseia em três pilares básicos: Despertar nos estudantes a importância da Revolução de 1817 e seu sentido republicano; lembrar da importância da Revolução de 1817 para os dias atuais, contextualizando as ideias de liberdade de expressão e religiosa com o momento presente e ajudar aos professores de ensino fundamental e médio para que façam uma discussão em sala de aula de todos os ideais revolucionários”, informou. De acordo com pesquisa do historiador Edvaldo Lira, a Revolução de 1817 envolveu três províncias nordestinas (Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte). “Aqui, ela chegou, principalmente, a partir de Itabaiana e Pilar, pelas mãos de um ex-seminarista de Olinda, e também maçom, Manoel Clemente Cavalcanti”, revelou. “Na capital, as lideranças maiores foram: Francisco José da Silveira (membro do governo), Amaro Gomes Coutinho (coronel), José
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Boletim Informativo da Sociedade Paraibana de Arqueologia - Nº 134 - issn 2176-1574 Peregrino Xavier de Carvalho (tenente) e o tenente-coronel Estevam José Carneiro da Cunha, que libertaram a Paraíba, através de uma proclamação, em 13 de março de 1817”, adiantou. PRESOS E CONDENADOS – Como medidas para mudar as leis vigentes na então província da Parahyba, os revolucionários estaduais criaram leis que diminuíram os impostos e, até mesmo, mudaram a bandeira da Província, confeccionando um artefato todo branco, com vários símbolos: a cruz, o arco-íris, o sol e as três estrelas, representando as três províncias rebeladas. Mas, apesar dos avanços, a Revolução foi derrotada na Paraíba: em 6 de maio de 1817, os realistas (adeptos do rei) dominaram a capital e prenderam os rebelados. Os revolucionários foram, então, julgados e condenados em Recife. Em represália, tiveram seus corpos esquartejados e as cabeças e corpos expostos à visitação popular, nas principais ruas da capital paraibana. A liderança Amaro Gomes Coutinho foi colocada na Ladeira de São Frei Pedro Coutinho, nas proximidades do Hotel Globo; enquanto que os restos mortais de José Peregrino de Carvalho puderam ser vistos nas Trincheiras, nas mediações da Igreja de Lourdes. RESTAURAÇÃO DA HISTÓRIA – Para (re)lembrar os passos da Revolução de 1817, nos anos posteriores, foram confeccionadas várias placas alusivas à morte das principais lideranças paraibanas. No entanto, com o passar do tempo, essas placas foram se deteriorando e se encontravam praticamente apagadas, até serem restauradas e recuperadas pela equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba. O historiador Edvaldo Lira, do Iphaep, explica o porquê da importância do debate desta quinta-feira, que acontecerá no Palácio da Redenção. Sede do Governo da Paraíba, no local também pode ser visto um quadro de Antônio Parreira, alusivo à Revolução de 1817. A obra está, inclusive, aberta à visitação pública e já foi restaurada pelos técnicos do Iphaep. “A comemoração do bicentenário da rebelião vai permitir que os paraibanos, em particular, lembrem o quanto foi importante aquela Revolução de 1817”, diz o historiador. “Até porque estamos comemorando as ideias e atitudes daqueles que consideramos verdadeiros patriotas, sonhadores da liberdade e de uma Nação brasileira soberana”. Fonte: Paraiba.pb.gov.br
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– Mapa de atuação da SPA em maio de 2017 –
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