vitória
Ano VIII
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Nº 05
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Maio de 2013
Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
elas são igreja.
pensar
ENTREVISTA
REPORTAGEM
Em busca da felicidade
O bispo do Xingu
Uma Igreja de mais intuição e escuta
Editora Maria da Luz Fernandes / 3098-ES Repórter Letícia Bazet / 3032-ES Colaboradores Alessandro Gomes Dauri Batisti Gilliard Zuque Giovanna Valfré Edebrande Cavalieri Revisão de texto Yolanda Therezinha Bruzamolin Publicidade e Propaganda comercial@redeamericaes.com.br Telefone: (27) 3198-0850 Fale com a revista vitória: mitra.noticias@aves.org.br Projeto Gráfico e Editoração Comunicação Impressa (27) 3319-9062 Ilustradores ¶ Kiko, · Gabriel Designer Albino Portella Impressão Gráfica 4 Irmãos (27) 3326-1555
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Ano VIII – Edição 05 – Maio/2013 Publicação da Arquidiocese de Vitória
facebook.com/arquivix
Bispos Auxiliares Dom Rubens Sevilha Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias
w w w. a v e s . o r g . b r
Arcebispo Metropolitano Dom Luiz Mancilha Vilela
diálogos
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especial
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A palavra do Arcebispo e Bispos Auxiliares
Em busca da felicidade
ENTREVISTA
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pensar
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PARÓQUIA
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reportagem
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Acontece
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oficial
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Dom Erwin, o bispo do Xingu
A força da maternidade
São Francisco de Assis em Itapoã, Vila Velha
Mais intuição e escuta com a participação das mulheres
Eventos em destaque no mês de maio
Um tempo novo na pastoral
sumário
editorial
arquivo e memória 23 O soro caseiro da Pastoral da Criança
Atualidade
Nova classe média
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projeto
Escola social, ensino de qualidade e gratuito
MICRONOTÍCIAS
Os impostos e a qualidade de vida, casamentos em maio
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ideias e sugestões 26 Para superar o esgotamento
Elas estão na mudança
C
om o Papa Francisco, a Igreja Católica é vista com um outro olhar. Talvez nos perguntemos, mas, afinal, o que mudou? Aparentemente nenhuma mudança ainda aconteceu, mas os sinais e a lembrança de São Francisco de Assis nos falam de mudança radical. Pobreza, fraternidade, amizade, ternura. Engraçado ser um homem de Deus inspirando outro homem de Deus e que eu tomo como referência para falar de mulher. Estamos diante de perspectivas de mudança e, para que elas aconteçam na prática da vida, havemos de superar desigualdades, entre elas o papel de homens e mulheres na Igreja. Como abordar o assunto? Pelo menos neste caso os homens falam mais e com maior facilidade que elas. O papel e a função das mulheres na Igreja é assunto nesta edição. Que seja, então, o sinal que todos querem, mais fraternidade, mais acolhimento, mais ternura, mais Evangelho vivo.
Maria da Luz Fernandes Editora
diálogos
O silêncio diante de Deus
Perguntaram a um monge eremita como
é o amor, que pode ser traduzido, também,
ele conduzia sua vida espiritual. Ele consertou
pela palavra bondade. As boas obras devem
a pergunta dizendo que era conduzido e não
ser feitas no silêncio, no escondimento, na
conduzia sua própria vida espiritual e, em
discrição. O cristão não pode “tocar as trom-
seguida, respondeu: “Sobre Deus, pouco sei
betas” diante das suas obras, mas é preciso
dizer. Para Deus, menos ainda sei o que dizer.
que a mão esquerda não saiba o que faz a
Todavia, olhando para Cristo no Evangelho,
direita e que tudo seja feito para a glória
sei exatamente o que fazer”.
do Pai e não para alimentar nossa vaidade.
De fato, não basta a justa compreen-
Portanto, silêncio também nas obras boas
são das coisas de Deus, nem somente as
que fazemos, para que os homens, vendo-as,
bonitas orações. É preciso que tudo isso se
glorifiquem o Pai que está nos céus.
transforme em gestos concretos. Na Palavra
de Deus, olhando para Cristo, aprendemos
mam o verdadeiro cristão.
Enfim, a reta razão, oração e ação for-
como devemos nos comportar em todas as situações da vida. O preceito central de Jesus
O PORQUÊ E O PARA QUÊ DO CURSILHO
“O Movimento de Cursilhos é um movimento católico com a vocação fundamental da Igreja, que é EVANGELIZAR o homem e a mulher. Informações sobre o Cursilho: Antonio Gomes: 3339-6125
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revista vitória
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“Sobre Deus, pouco sei dizer. Para Deus, menos ainda sei o que dizer. Todavia, olhando para Cristo no Evangelho, sei exatamente o que fazer.
Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
O Movimento de Cursilhos é um movi-
o movimento assume o termo cultura no seu
mento católico com a vocação fundamental
aspecto globalizante, como processo de hu-
da Igreja, que é EVANGELIZAR o homem e a
manização profunda decorrente da natureza
mulher de hoje e as estruturas nas quais eles
livre e racional da pessoa, após um encontro
se movem e que, por sua vez, os condicionam.
pessoal com Jesus Cristo.
Na Arquidiocese de Vitória, o Cursilho
É aí que o Movimento de Cursilhos encon-
tem, desde os seus inícios, há 40 anos, em-
tra o campo de sua presença evangelizadora. É
pregado todos os esforços para caminhar
nesse ambiente, no qual se elabora e se decide
segundo as orientações da Igreja, permitindo
a caminhada pessoal e social.
aos participantes uma oportunidade para
uma auto-avaliação no contexto da fé cris-
convidando homens e mulheres, adultos e
tã, visando a transformação das estruturas
jovens, inquietos com a situação do mundo e
sociais e dos ambientes.
desejosos da transformação da sociedade, nas
dimensões do amor, da justiça e da fraternida-
É no ambiente da família, profissão, po-
lítica, entre outros, que se cria, se transmite e, também, se transforma a cultura com os valores do Evangelho. Sem descer a maiores detalhes,
Terminamos esta breve apresentação
de, a fazerem a experiência de um Cursilho. Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
Paróquias, Comunidade de Comunidades Uma pessoa acaba de me interrogar sobre a Assembleia dos Bispos, realizada em Aparecida há poucos dias. Ela ouviu pela TV que os bispos disseram que agora as paróquias terão comunidades e pergunta: Nossas paróquias, há muito tempo têm comunidades, mudará alguma coisa?
T
enho notado que o conceito sobre “Comunidade Eclesial” não é entendido da mesma maneira por muitos bispos e leigos. Tenho observado que o nosso conceito capixaba de Comunidade Eclesial de Base expressa uma maneira da Igreja ser e viver bem diferente dos conceitos em outras regiões do Brasil. O mesmo percebi no documento que nos foi apresentado para estudo, correção e aperfeiçoamento pela CNBB. E por isso mesmo, ouso escrever mais uma vez sobre este assunto, levando em conta que o nosso conceito de Comunidade Eclesial de Base recebeu a bênção e a aprovação do Bem Aventurado João Paulo II. E para ser o mais claro possível acredito que seja necessário e conveniente antes de dizer o que é uma Comunidade Eclesial de Base explicitar o que não é uma Comunidade Eclesial de Base. Uma Comunidade Eclesial de Base não é uma
Associação de Bairro, pois não precisa ter fé cristã para ser membro dela; não é um partido político, pois nela acolhe-se todos os cristãos de diferentes opções políticas partidárias. A Comunidade Eclesial de Base não é um Movimento Eclesial ou uma Associação Religiosa, Grupo de oração ou Círculo Bíblico. A Comunidade Eclesial de Base é estrutura de Igreja, uma mini-paróquia, como dizia Dom Aldo Gerna ao Santo Padre o Papa João Paulo II. Nesta mini-paróquia acontece toda a vida da Igreja com suas Pastorais, Movimentos Eclesiais com os seus grupos de oração e de estudo, as Associações Religiosas, que são dons de Deus para a vida da Igreja. Assim temos uma única realidade expressa em duas dimensões: a estrutura, composta pela Comunidade Eclesial, Paróquia, Área Pastoral e Diocese e dentro desta estrutura os Carismas, presentes de Deus à Igreja
que são as Ordens Religiosas, as Congregações, Vida Consagrada, Movimentos Eclesiais e Associações Religiosas. Não são paralelas, mas compõem, em um único mistério de unidade, um sinal da Santíssima Trindade. A Comunidade Eclesial é lugar para formar e animar as pessoas, também as que têm vocação política partidária para atuar nos partidos e nos grupos de bairro sem que estes venham a confundir uma coisa com outra. É na comunidade que se formam os discípulos missionários. A Paróquia é constituída de várias Comunidades de base, todas unidas e presididas pelo pároco que tem na sua igreja paroquial o ponto de unidade, embora as celebrações sejam feitas nas Comunidades e na igreja paroquial. O pároco constitui em cada Comunidade Eclesial um Conselho que dirige e anima a vida da Comunidade sob a sua orientação. E destes conse-
lhos forma-se o Conselho Paroquial. Assim se dá em cada paróquia que, por sua vez, está unida às demais em área pastoral e estás formam juntas a Diocese. A Comunidade Eclesial de Base tem sua razão de ser e sua vida na Palavra de Deus e na Eucaristia. Ali está a força motriz da Comunidade Eclesial como Comunidade Missionária através do testemunho e do anúncio da Boa Notícia para os que não crêem. Voltando à pergunta inicial, parece-me importante que divulguemos esta experiência de tantos anos em nossa Província Eclesiástica para outras Igrejas Irmãs, pois estamos convictos e fomos abençoados neste modo de ser e viver a Igreja. Portanto, é neste sentido que entendemos: paróquia, comunidade de comunidades. Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc Arcebispo Metropolitano
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Atualidade
Nova classe média ou
baixa renda?
A classificação das pessoas em classes sociais é uma divisão econômica e tem como objetivo avaliar o poder de compra de um determinado grupo. Na versão simplificada existem três classes: baixa, média e alta. Mas, a Abep, Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa definiu, em 1997, alguns critérios para aferir quem pertence a qual classe levando em consideração os bens que a família possui, a escolaridade e a renda familiar. À quantidade de banheiros na residência, geladeira, TV, carro, entre outros bens, são atribuídos números que, na soma e acrescidos da renda, definem a classe.
O
lhar as pessoas na perspectiva do consumo pode-se afirmar que é uma tendência do capitalismo, alimentada constantemente por pesquisa de consumo e projetos de marketing de vendas. Diversas análises têm sido propostas pelas áreas de sociologia, psicologia, antropologia, entre outras e merecem atenção por seus alertas quanto ao respeito pelo ser humano enquanto tal, independente de sua renda ou posição social. Mas queremos observar nesta matéria, as recentes indicações sobre uma das classes mais citada nos últimos tempos: a classe média.
A maneira simplificada, atualmente adotada pelo mercado (classe alta, média e baixa), aponta um crescimento na classe média e indica como lugares de moradia dessa nova classe as favelas e morros nas maiores cidades brasileiras. Os números dizem que a população destes lugares é de 12 milhões, sendo 67% negros e com ganho anual de 56,1 bilhões de reais. O critério de classificação está mais simplificado, contrariando o discurso da sociologia de que muitos fatores devem ser observados para classificar classes sociais, tais como cultura e lazer. Hoje o
% Posse de bens nas comunidades brasileiras 89 2002
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critério que define a classe social a que pertence é a renda per capita e a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), considera, pertencentes à classe média, pessoas que ganham entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00 e “com baixa probabilidade de passarem a ser pobres no futuro próximo”. Seguindo este critério, quem recebe acima de R$ 1.019,00 pertence à classe alta. Quem fica entre R$ 162,00 e R$ 291,00 pertence à classe intermediária ou grupo vulnerável e, abaixo de R$ 162,00 mensais temos a classe baixa. A divulgação dos novos números foi estampada em revistas e jornais como incentivo ao consumo, com o apoio do Governo que insiste em mostrar com eles a mudança social que opera. A quem interessam estes dados e estas pesquisas? Sem negar as melhorias nas moradias e no estudo, precisa lembrar os endividamentos, também divulgados pelos economistas, a qualidade de vida e o tempo de lazer. Se temos um novo retrato da chamada nova classe média, fica a pergunta: a classe média
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40 25
Máquina de lavar roupas
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26 3 Celular
tradicional migrou para a classe alta? O que diferencia uma da outra, apenas o lugar de moradia? A divisão ou classificação de classe social tem alguma razão de ser que não a de incentivar o consumo? Renda de R$ 291,00 mensais enquadra-se no
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31
1
Microcomputador Computador com Internet
Telefone Fixo
perfil definido na Wikipédia: “A classe média é uma classe social presente no capitalismo moderno que se convencionou tratar como possuidora de um poder aquisitivo e de um padrão de vida e de consumo razoáveis, de forma a não apenas suprir suas necessidades de sobrevivência como também a permitir-se formas variadas de lazer e cultura”. O professor Roberto Simões faz a seguir uma análise sobre a nova classe média no Estado.
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Atualidade
Qual classe média?
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Como interpretar que a “classe média” no Es-
do Centro de Políticas Sociais da FGV, e atual
pírito Santo é formada por 2 milhões de pessoas?
ministro da SAE, esclarece: “desde o começo a
Consideremos duas famílias de 3 pessoas. Uma
gente não está falando de classes sociais, mas de
com renda mensal total de R$ 873,00 pouco mais
classes econômicas”. Diz ele que “não olhamos
de 1 salário mínimo (SM). Segundo a Secretaria
só a renda”, na medida em que “há melhoras
de Assuntos Estratégicos da Presidência da Re-
em indicadores de educação e, principalmente,
pública (SAE), os seus três integrantes pertencem
de trabalho”. O grande símbolo da “nova classe
ao limite inferior da “classe média”, com renda
média não é o celular nem o cartão de crédito,
pessoal de R$ 291,00. Concorda?
mas a carteira assinada”.
Passemos à outra família. Seus integrantes
Sintetizo duas críticas às visões da “classe
estão no topo dessa classe: a renda mensal atingiu
média”, tanto a “nova” quanto a “oficial”. O eco-
R$ 3.057,00, 4,5 SM. Surge uma pergunta comum
nomista Marcio Pochmann, ex-IPEA, identifica
às famílias: só a renda, e nos limites usados, ex-
uma mobilidade social decorrente de três fatores:
pressa o que é estar na classe média? Em 2012,
mercado de trabalho – com expansão de empre-
52% da população brasileira compunha a “classe
gos de baixa renda (até 1,5 SM), aumento real
média” oficial; no Espírito Santo, ela alcançava
do SM e transferência de renda. Mas, o “grosso
57% da população, sendo que as classes alta e
da população emergente” amplia as “classes
baixa se aproximavam de 22%. A classe média
populares assentadas no trabalho” - divergindo
tradicional passou para a “classe alta”.
da classe média.
Essa formulação repercute na política e na
O sociólogo Jessé Souza fala em “nova classe
sociedade. A presidenta Dilma, afirmou: “Nós
trabalhadora precarizada”. Dista da clássica classe
queremos um Brasil classe média” (Financial
média devido ao seu baixo “capital cultural”.
Times, outubro 2012). Já aqui no estado, a ênfase
Ambos os críticos deslocam a tônica da renda-
principal se dá nas mudanças no consumo.
consumo para o trabalho – precário.
Para o idealizador da passagem da “classe C”
Não se deve fazer média com a “nova classe
para a “nova classe média”, com limites de renda
média”, inclusive porque é enorme a diferenciação
diferentes, o economista Marcelo Neri, ex-diretor
de renda (e de vida) das famílias.
revista vitória
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especial
POR QUE BUSCAMOS A FELICIDADE?
P
or que investimos tanto nesta busca e ela nos parece cada vez mais distante? Será que precisamos de tudo o que buscamos ou desejamos para sermos felizes? Para algumas pessoas a felicidade é ter paz. Para outras é a conquista de algum grau acadêmico, um bem material, a constituição de uma família, a realização de um sonho, uma viagem. A felicidade seria a ausência de problemas? É uma busca solitária como se ela fosse um bem particular? Para muitas pessoas a vida parece ser dura demais. Viver cada momento, com tantos afazeres, reveste-se de um enorme desafio. Entre viver e morrer pouca diferença parece existir. Em razão disso, entregam-se facilmente às alternativas de fuga desse mundo através das drogas em geral ou preenchem o tempo diário com mais afazeres, mais trabalho, mais TV e internet. Para outro grupo grande de pessoas, o desafio para serem felizes está nos limites que o outro lhes impõe. Parece que se houver possibilidade de eliminar o outro da própria vida, aí sim, haverá felicidade. E há, ainda, um grupo de pessoas que situam a felicidade no desejo do mercado e das novas tecnologias. Vivem na via da contemplação dos produtos no comércio à compulsão irresistível de possuir imediatamente aquele bem que está sendo lançado. Pode ser um simples objeto de uso
pessoal ou uma residência luxuosa. Filósofos de todas as épocas sempre se debruçaram reflexivamente sobre a questão da felicidade. Aristóteles dizia que os homens aspiram à felicidade e que ela não se encontra nos bens exteriores. E completava dizendo que era preciso, para sermos felizes, ter algo para fazer, algo para amar e algo para esperar. Já Albert Camus entendia que, em sua busca mais fundamental, encontrava em si mesmo o gosto pela felicidade. René Descartes afirmava que para que alguém fosse feliz era preciso que o outro também o fosse. A felicidade não é um bem privado, individualista. Nietzsche propunha que a chave da felicidade deveria estar na eliminação do medo e na constância dos bons sentimentos. Quem nutre pensamentos e sentimentos ruins não pode esperar ser feliz um dia.
O nosso corre-corre diário perde sentido quando Jesus nos pede para observarmos as aves dos céus, os lírios dos campos, a duração de nossa vida”.
E para o cristão, como ficaria a questão da felicidade? O Evangelho de Jesus Cristo sempre se refere à felicidade. Em Mt 6, 25-34 ele se refere à nossa “busca fundamental”. O nosso corre-corre diário perde sentido quando Jesus nos pede para observarmos as aves dos céus, os lírios dos campos, a duração de nossa vida. Os desafios e sofrimentos de cada dia não devem nos desviar da busca do Reino de Deus. Em destaque temos a síntese da vida feliz descrita por Jesus Cristo nas Bem-aventuranças: (Mt 5, 3-12). Nas Bem-aventuranças, a fórmula da felicidade evangélica está descrita em duas dimensões correlativas. Não é possível entender a primeira parte sem considerar a segunda, que se refere à dimensão futura, escatológica. A felicidade cristã se nutre profundamente da esperança, que é uma das três virtudes teologais de nossa existência, ao lado da fé e da caridade. Ao mesmo tempo, a medida da felicidade expressa pelas bem-aventuranças exige uma profunda transformação em nosso modo de agir e pensar. A felicidade cristã não exclui o sofrimento, não exclui nossa responsabilidade com o cotidiano de nossas vidas, mas não aprisiona nossa vontade apenas aos bens terrenos.
Edebrande Cavalieri Doutor em Filosofia
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micronotícias
A ameaça das armas químicas
Impostos x Qualidade de vida Em um ranking que relaciona o volume de impostos e a qualidade de vida da população, o Brasil apareceu em último lugar pela quarta vez seguida. Ou seja, entre os 30 países com as maiores cargas tributárias, o Brasil é o que oferece o menor retorno em serviços públicos de qualidade para a sociedade. A pesquisa foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O estudo teve como base a carga tributária dos países em 2011, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que considera nível de educação, renda e expectativa de vida. Nas últimas posições do ranking, à frente do Brasil, aparecem Dinamarca, na 29ª posição, França, na 28ª e Finlândia, na 27ª. Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul lideram a pesquisa, como provedores de serviços públicos de qualidade, entre saúde, transporte, segurança, educação e outros.
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Países como Angola, Coreia do Norte, Egito, Israel, Mianmar, Somália, Sudão do Sul e Síria ainda não aderiram ao tratado de desarmamento químico proposto pela ONU. Durante a Terceira Con-
ferência de Revisão dos Estados Parte da Convenção sobre Armas Químicas (CWC), em Haia, Holanda, o Secretário-Geral da ONU fez um apelo aos 188 países integrantes da Convenção, solicitando união
de forças para que todas as nações assinem o documento. De acordo com a Organização, 80% dos estoques de armas químicas no mundo já foram destruídos, e o esperado é que em cinco anos, esse número chegue a 100%. A questão ganhou mais força após alegações de que armas químicas teriam sido utilizadas no conflito na Síria, onde 70 mil pessoas foram mortas desde o início da revolta contra o presidente, em março de 2011.
Casamentos em maio Uma das explicações para a tradição de considerar o mês de maio como o mês das noivas está baseada nos costumes dos países do hemisfério norte. No período, a primavera atinge sua plenitude e as flores ganham destaque nas paisagens. Ao longo dos séculos esses elementos foram sendo as-
sociados à celebração do amor no casamento. Para realizar o casamento religioso os noivos têm preferência por algumas igrejas, mesmo quando frequentam a própria comunidade cotidianamente. Na Arquidiocese de Vitória, ao longo do ano de 2012, foram realizados aproximadamente dois mil enlaces matrimoniais. Liderando a
Brasileiros em Harvard A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais importantes e reconhecidas instituições do mundo, admitiu esse ano um número recorde de alunos brasileiros. Foram seis jovens selecionados, de diferentes partes do país, que estudarão de agosto deste ano até 2017. O ingresso na universidade não significa isenção de mensalidade. Por ano, o custo pode chegar a U$ 60 mil. Além da vaga, os alunos batalham por bolsas de estudo, que podem ser de até 100%, de acordo com a condição socioeconômica do estudante. Nos Estados Unidos os alunos não são submetidos ao
vestibular. O processo chamado application reúne provas, cartas de recomendação, entrevista, redações e avaliação das atividades extracurriculares.
preferência dos capixabas para a realização da cerimônia religiosa está a Catedral Metropolitana, localizada no Centro da Capital, que em sua área geográfica conta com as igrejas São Gonçalo e Nossa Senhora do Carmo, também muito procuradas e, juntas, realizaram ao todo 100 casamentos. Em segundo lugar está a Basílica de Santo Antônio, com 95 e
em terceiro, a Paróquia São Francisco de Assis, em Itapoã, Vila Velha, com 88 matrimônios, no mesmo período. Enquanto alguns casam, outros se divorciam. Em número bem inferior aos casamentos, o Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Vitória registrou, também em 2012, 61 solicitações de nulidade matrimonial.
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entrevista
Dom Erwin Kräutler Vitória -
O senhor é conhecido como um homem de luta permanente em favor dos mais pobres. Esse rótulo agrada-lhe? Dom Erwin - Acho que a missão é essa. Eu sou bispo e penso que aqui, na América Latina, depois do Concílio Vaticano II, Medellín, Puebla a opção preferencial pelos pobres tem que se concretizar e o bispo não pode se omitir. A segunda coisa neste contexto é que eu vi muita pobreza e miséria em minha vida e eu creio que a primeira atitude é uma compaixão que tem que se tornar concreta e se expressar em atitudes e em uma defesa que tem duas vertentes, uma é anunciar que o mundo pode ser diferente e que a missão de Jesus foi outra. A segunda é denunciar aquilo que se opõe à opção de Jesus. E aí a coisa começa a
“Não sou bispo para mim, não sou bispo para uma entidade, pessoa jurídica, eu sou bispo para o povo e fui escolhido para servir esse povo, no meu caso ao povo do Xingu.
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ficar meio difícil porque pelo anúncio todo o mundo aplaude, mas quando você denuncia estruturas que são responsáveis pela pobreza, pela miséria, pela exclusão você corre risco. Nossos mártires da Amazônia são todos mártires por causa dessa coragem que tiveram de denunciar as agressões, o desrespeito, a exclusão e a discriminação. Vitória - E, dentro da Igreja como se dá esse movimento de opção pelos mais pobres? Dom Erwin - É complicado, eu diria. Eu sempre pergunto quem é a Igreja. A Igreja é o povo de Deus. A Igreja em si subsiste em algum lugar onde o povo se reúne, então o povo assume, e eu também me incluo quando falo povo. Eu tenho uma função a serviço do povo, não sou bispo para mim, não sou bispo para uma entidade, pessoa jurídica, eu sou bispo para o povo e fui escolhido para servir esse povo, no meu caso ao povo do Xingu. Então eu não tenho outra opção a não ser me dedicar e me doar enquanto for bispo a esse povo. O Ad Gentes, documento do Vaticano II, no número 10, diz que a missão da Igreja é anunciar e comunicar o amor de Deus a todos os povos, a todas as pessoas, então não se trata apenas do anúncio, mas de comunicar e comunicar significa que ‘meto a minha cara’,
dê no que der. Comunicar nesse sentido do Concílio, creio que é assumir uma causa, lutar junto com o povo e a favor do povo. Vitória -
Neste momento, acontece a Assembleia anual dos Bispos do Brasil, essas realidades concretas da Igreja Local são trazidas para a Assembleia. As realidades particulares conseguem ser refletidas no conjunto? Dom Erwin - É sempre muito difícil porque o episcopado brasileiro é muito heterogêneo. Tem um grupo de bispos que pensa exatamente como estou pensando, principalmente do Norte e Nordeste, mas tem outros que têm outra história, outra experiência. Eu não vou condenar nem julgar, mas esses têm muita dificuldade de entender nosso empenho e às vezes criticam ou às vezes aplaudem, mas quando aplaudem é como dizer assim ‘graças a Deus que ele faz’. Eu creio que a Igreja, hoje, necessita de mais coragem e o Papa Francisco está dando o exemplo de que pode ser diferente do que foi nas últimas décadas. Espero que ele sustente e mantenha essa linha, a coragem que nos falta às vezes. Essa é a 33ª Assembleia que participo e lembro com muito carinho os ‘velhos caciques’ que me impressionaram muito e foram um grande exemplo. Lembro que como
bispo novo eu pensava: ‘assim deve ser’. Lembro, por exemplo o Cardeal Arns, Cardeal Aloísio Losheider, Dom Helder Câmara, Dom Ivo, Dom Luciano Mendes de Almeida, depois Dom Fragoso, Dom Pedro Casaldáliga que está vivo e tantos outros que me impactaram porque me ajudaram a descobrir qual o papel e a missão do bispo. Vitória - Como bispo o senhor
sempre ficou no Xingu? Eu cheguei no Xingu em 1965. Fui ordenado na Áustria em 3 de julho de 1965 e cheguei no Xingu no dia 21 de dezembro do mesmo ano. Fui padre lá por 15 anos e em 1980 fui chamado à Nunciatura e o Núncio disse-me que eu era o futuro bispo do Xingu. Eu tinha 41 anos. Não tenho outra experiência em minha vida. Toda a minha vida pastoral eu vivi no Xingu. A minha experiência é do Xingu. Aprendi e vivi minha vida lá e continuo vivendo até o dia que Deus quiser. Dom Erwin -
Vitória - Existe a vontade de
fazer outra experiência, em outro lugar? Dom Erwin - Eu não vou dizer que sou velho, mas tenho 73 anos e, arrancar uma árvore com esta idade para plantar em outro canto não tem jeito. Eu duvido. Eu acho que teria muita dificuldade de me adaptar com esta idade e, eu amo o Xingu, é minha terra, é meu lugar, meu chão, eu conheço o
povo, o povo conhece o bispo, eu amo aquele povo e nunca em nenhum momento de minha vida eu pensei que poderia ter sido diferente ou me arrependi. Eu estou ligado à questão indígena, estou ligado à questão do meio ambiente, à Amazônia. Vitória - Nessas experiências
pastorais que o senhor fez, questão indígena, ambiente, a Amazônia, se tivesse que escolher um caminho e dizer agora vou trabalhar só com isso, o que escolheria? Dom Erwin - Acho que é difícil escolher um caminho porque quando eu falo da questão indígena ela está entrelaçada com o meio ambiente, quando eu falo ‘o povo ribeirinho’ está ligado ao rio e o rio só vive quando a gente respeita, quando eu falo
das cidades da Amazônia elas também dependem do meio ambiente. Acho que tudo está entrelaçado e a gente não pode separar. Quando eu cheguei não falava nem uma palavra. Aprendi em um mês para fazer meu primeiro sermão. E, quando comecei a entender o Português perguntei aos homens, lá em Belém, pelos Índios Kayapó e eles me disseram, o que para mim foi uma ducha de água gelada, para eu não me preocupar com os índios porque dentro de 20 anos não existiria mais um. E acrescentaram, se Deus quiser! E eu jurei, dentro do meu coração, ‘isso não pode acontecer’! Depois, em 1983, fui preso porque me solidarizei com os canavieiros da Transamazônica que durante nove meses não tinham
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entrevista
recebido o pagamento de sua safra e, nesse mesmo ano, o CIMI, Conselho Indigenista Missionário elegeu-me então, como presidente. Fiquei por dois mandatos, de 1983 a 1991, e desde 2006 exerço de novo esta função. Aí eu entranhei e assimilei a causa indígena em nível de todo o Brasil.
soa que não morreu de malária ou acidente automobilístico, foi morta e isso dói... e interessante, na hora de levar para a cova desapareceram todos os políticos e eu fiquei sozinho com esse povo simples, de chapéu de palha, o rosto queimado pelo sol, eu nunca esqueço.
Vitória -
Por que fala tão bem Português? Dom Erwin - Porque em Belém tinha uma irmã que era muito caxias e fazia eu repetir até... Depois eu fui para a sala de aula e pedia aos meninos e às meninas que eu queria aprender a falar Português como eles. Ensinaram-me e, acho que aprendi. Vitória - O senhor se naturalizou? Dom Erwin - Sim. Nasci na Áustria
e sou brasileiro desde 1978.
Vitória - É diocesano? Dom Erwin - Sou padre missionário
do Sangue de Cristo. Vitória - Desses
anos todos qual experiência considera que vale a pena ser contada? Dom Erwin - Tem experiências positivas e tem experiências muito tristes. Vou começar pela triste. A morte de padre Salvatore, do meu lado, quando foi abalroado por um caminhão em 1987. Esse desastre até hoje não foi esclarecido e o padre morreu. Eu fiquei seis semanas no hospital porque ‘quebrei a cara’ e tiveram que me consertar, mas o padre morreu. Eu me lembro que ainda bati no ombro e chamei o nome dele, mas vi que estava morto. Naquela vez eu vi o rosto de Jesus
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ensanguentado e nunca me esqueço. Vitória - Vocês estavam em mis-
são?
Dom Erwin - Sim. Nós íamos para participar de uma manifestação dos colonos da Transamazônica que pediram para consertar as estradas vicinais antes do inverno e queríamos ir lá para mostrar nosso apoio e nossa solidariedade e aconteceu esse desastre, esse acidente. Depois descobriu-se que não foi bem acidente, mas o padre deu a vida. Depois, quando levaram o corpo para a pedra veio um homem que puxou o lençol, olhou o rosto dele e disse que morreu o errado. A outra experiência, neste mesmo sentido que me tocou profundamente foi a morte e o enterro da irmã Dorothy. Ela trabalhou comigo em Altamira e na Transamazônica desde 1982. Em 15 de fevereiro de 2005 encontrei-me diante do caixão de uma irmã que foi morta porque se colocou do lado dos mais pobres entre os pobres. É uma experiência que a gente nunca esquece. Você está diante do corpo de uma pes-
Vitória - Quando o homem disse que morreu o errado, o certo era o senhor? Dom Erwin - O povo começou a comentar porque entendeu perfeitamente. Depois os jornalistas também vieram me dizer que o acidente foi encomendado. Isso nunca foi esclarecido. Eu deveria ter sido ouvido porque não perdi a consciência, mas não fui e o padre Salvatore morreu. Vitória - E a experiência positiva? Dom Erwin - A primeira vez que
fui para a aldeia em Kayapó não falei uma palavra porque não sabia. Fiquei calado e quando saí de lá eu disse que nunca mais iria para a aldeia sem saber ao menos um pouco me comunicar com essa Língua deles, e aprendi. A segunda vez que fui lá eu falei e o pessoal ficou encantado, aceitaram-me e criou-se uma amizade. De repente, um índio velho disse para mim que eu não era branco. Eles chamam os não indígenas de Kuben. Então ele disse que eu era parente deles, isso para mim foi ser aceito. Da outra vez veio a mulher do cacique e exigia de mim que eu não a chamasse mais pelo nome dela, Moiangri, mas Nhirwa que quer dizer mãezinha e ela aceitou-me como filho... então é uma experiência e tanto. Tem outras tantas experiências nas
Comunidades Eclesiais de Base, de como o povo se organiza, se reúne e leva a sério o seu compromisso. Outra experiência positiva é que eu admiro muito as mulheres do Xingu por causa de sua coragem, de sua intrepidez na defesa da causa. Os homens pensam no dinheiro, as mulheres pensam na futura geração. Na questão de Belo Monte, os homens pouco se mexeram, as mulheres não largaram e isso eu conto por tudo quanto é canto. As mulheres são ameaçadas e querem silenciá-las, apenas porque são contra e se manifestam. Mas não são apenas ativistas, têm uma profunda religiosidade por trás disso. Vitória - Além das lutas, também
na questão religiosa as mulheres têm mais firmeza? Dom Erwin - Sim, têm. Elas sabem. Elas são firmes. Vitória - O senhor falou de Comunidades Eclesiais de Base e esse é o tema da 51ª Assembleia dos Bispos. A discussão vai nessa direção da experiência das Ceb’s no Xingu? Dom Erwin - Eu defendo muito essa experiência que surgiu na Amazônia. E aí voltamos ao Vaticano II, Medellín e ao grande encontro dos bispos da Amazônia em 1972. Ali optou-se por uma pastoral diferente da chamada desobriga. A partir de então pipocaram as comunidades em tudo quanto é canto da Amazônia. Ao longo dos rios, nos igarapés, nas estradas e suas viscinais. E, quando eu falo em comunidade, não é apenas a aglomeração de gente, mas as várias dimensões que para mim são as características
da Igreja e da comunidade cristã, a dimensão samaritana, o pessoal se conhece mutuamente, sabe, também das dificuldades e quer ajudar especialmente no meio dos pobres, ninguém é tão pobre que não pode dar alguma coisa de sua pobreza. Depois, a dimensão profética, que anuncia outro Reino, outro mundo, que coincide com o Reino. A dimensão familiar, nós somos uma família e a dimensão contemplativa, de oração, de meditação da Palavra de Deus. Eu digo contemplativa porque nosso povo é contemplativo e eu aprendi muito. Vitória - Depois da exposição do tema principal o senhor acha que o Xingu, a Amazônia estão na frente? Dom Erwin - Nada contra os movimentos, eles têm todo o direito de existir, mas vamos ser sinceros todos os movimentos foram importados, as Comunidades Eclesiais de Base surgiram aqui. Não é um movimento, é um modo de ser Igreja ou o modo da Igreja ser. Exige do padre e do bispo também outro modo de ser padre e ser bispo. É uma dádiva divina para a Amazônia e para a América Latina. Todos os movimentos, por mais queridos que sejam e não estou negando a ninguém o direito de participar, mas são movimentos que nasceram e se criaram fora e foram importados. Vitória - E se o Erwin voltasse no tempo, fosse ordenado padre agora e começasse uma nova vida de doação, repetiria a história, ia para o Xingu? Dom Erwin - Faria exatamente o mesmo. Sabendo o que iria aconte-
cer talvez certos erros não cometeria, mas aprende-se, também, com os erros e, até hoje estou convicto que este é o caminho que Deus escolheu e quero ser fiel até o fim Vitória - O Espírito Santo também tem uma história bonita com as Comunidades Eclesiais de Base, o que o senhor diz para esse povo que o admira? Dom Erwin - Eu lembro com muito carinho das duas vezes que estive lá, fui convidado para congressos e gostei muito do capixaba e, aliás, sempre me relaciono com os capixabas da Transamazônica, eu diria que a missão que nós temos é a mesma, de zelarmos e lutarmos para que essas comunidades realmente sejam comunidades que vivem o Evangelho e mostrem, através de seu testemunho, o que é o Evangelho. Tanto faz no Espírito Santo como também na terra do Xingu. Eu queria dar um abraço em cada uma e em cada um que conheci naquele tempo e lembro os nomes. Eu me afeiçoei muito ao Espírito Santo.
“As várias dimensões que para mim são as características da Igreja e da comunidade cristã, a dimensão samaritana, a dimensão profética, a dimensão familiar e a dimensão contemplativa.
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pensar
A FORÇA DA MATERNIDADE X ABORTO
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uando o ser humano se encontra livre de obrigações para com o outro é porque está sozinho. Não existe civilização que não se alicerce na solidariedade humana, sendo para mim difícil entender que uma das melhores formas de se garantir dignidade humana é praticar o homicídio de seres humanos no ventre materno, em virtude de má formação ou, simplesmente, por ser indesejado. Ambos considerados seres socialmente inconvenientes. Temos no nosso país leis severas que garantem a preservação dos filhotes das baleias, filhotes das tartarugas marinhas, mas para o filhote do ser humano, para quem a natureza está sendo preservada, não existe garantia à sua dignidade. Na capa da edição de janeiro de 2013, a revista americana TIMES, assegura que em 40 anos de legalização do aborto, nos EUA, os Pró-vidas vêm ganhando espaço e convencendo a sociedade americana que a vida humana deve ser preservada. Isto se deve, provavelmente, ao fato de que o segundo lugar no índice de morte nos EUA é de mulheres
que fizeram aborto. Na Espanha, segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, a morte delas ocupa o primeiro lugar no índice de mortes. A maior das indignações causadas a nós, mulheres Pró-Vida, por ativistas do direito ao aborto é a ideia infundada de que aborto é expressão de respeito a liberdade de escolha da mulher. Quem se sente livre matando? Aborto não é liberdade, é rendição! Quando nada dá certo surge como uma infeliz opção. Dez anos à frente do movimento nacional Mulher Pró-Vida convivi com várias mulheres, de todo tipo social e moral que fizeram abortos. Nenhuma delas convive bem com o fato de ter negado a vida ao filho. Aprendi com a minha experiência que, quando se ocupa a posição de mãe, é preciso respeitar que o posto é muito maior que você. Com as mulheres do movimento nacional que fizeram aborto, entendi que a gravidez pode ser interrompida, mas a maternidade nunca. Uma mulher não se sente mãe quando o filho sai de dentro dela e, sim, quando entra. Ali,
mãe e filho se tocam pela primeira vez. Este toque é intenso, forte e eterno. Este coquetel de sentimentos é o nascer da maternidade que não pode ser abortado junto com a criança. Quem nunca ouviu uma mulher relatar a perda de um filho no início da gestação quando lhe perguntam quantos filhos possui? Este registro de filhos não nascidos, é a prova incontestável da força da maternidade. Louco, amoroso, forte e eterno, nada se pode contra a força da maternidade. A Cultura da Morte está avançando a passos largos no Brasil. O papel exercido pelas universidades para a sua implantação – de acordo com o cânone gramsciano-althusseriano – está aí, escancarado, exposto a quem quiser ver. Se cruzarmos os braços diante dessa situação abjeta e ultrajante, não poderemos culpar efetivamente os agentes da Cultura de Morte por fazerem seu serviço sujo: só poderemos culpar-nos a nós mesmos por não assumirmos a nossa responsabilidade de impedi-los. Drª Fátima Miguel - Advogada Movimento Pró-Vida
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Foto: Albino Portella
Paróquias
São Francisco de Assis
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ivia uma vida de festas e luxo, até ouvir o chamado Divino que lhe pedia para restaurar a Casa de Deus. Despojado de toda a herança de seu pai comerciante, entregou-se ao serviço de Deus e dos mais pobres, fazendo voto de pobreza. Decidido a cumprir as Escrituras Sagradas, saiu pregando o Evangelho e conquistando seguidores para
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Jesus. Junto com alguns destes fundou a Ordem dos Irmãos Menores de Assis que mais tarde foi reconhecida pelo Papa Inocêncio III para disseminar a fé cristã. Além da humildade e renúncia aos bens materiais, São Francisco de Assis é também conhecido por ser o protetor dos animais e defensor da mãe natureza.
Paróquia São Francisco de Assis Itapoã - Vila Velha w A Paróquia tem 05 comunidades w Criada em 2007, pelo Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela w Pároco: Padre Hiller Stefanon Sezini
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Reportagem
as
mulheres na Igreja
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assunto não é considerado uma bandeira a ser defendida. Também não é objeto de discussão interna, como é para a sociedade, o tema mulher. Mas, para a Igreja, falar sobre o papel da mulher em suas atividades e missão não é uma questão fácil. A prova disso foi quando começamos a buscar pessoas, especificamente mulheres, e elas se esquivaram e se recusaram a participar desta reportagem, dizendo apenas, que nada vai mudar. Contudo, tivemos contribuições claras e objetivas. Reitor do Seminário Maior,
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o Padre Helder Salvador, aponta a raiz da discussão: “a minha convicção é que o problema está na crise de identidade vivida pelo homem. As mulheres hoje têm
um referencial em si mesmas, enquanto o homem ainda não tem. Na medida em que ele passa a ter consciência e segurança disso, vai poder dialogar com o diferente que é o feminino, porque não são duas metades que se completam, mas sim dois inteiros que dialogam. Se o homem e a mulher não forem inteiros por si mesmos, não pode haver reconhecimento, nem direitos páreos”, afirmou. Para a questão ganhar corpo e ser amplamente debatida, ele acredita que é necessário resgatar o princípio do Concílio Vaticano II, onde a Igreja é mistério de
comunhão. “A comunhão é sempre inclusiva. Ela agrega, soma, convive com as diferenças e não dispersa. Não é como a democracia, pois nesta, quem vence é a maioria e quem perdeu tem que aceitar essas decisões. Na comunhão, enquanto todos não tiverem aderido àquela proposta, ela não pode ser efetivada. Então, o desafio maior é essa mentalidade, que tem que ser colocada e assimilada por todos”. De acordo com o Padre Helder, há uma sensibilidade interna surgindo, sinalizada nos primeiros discursos do Papa Francisco, em que ele afirma a importância da mulher para a Igreja. “É preciso sentar e discutir sobre isso, porque não pode ser nas mangas dos homens que vamos encontrar a resposta, mas é só em torno de uma mesa de diálogo e aprofundamentos que vamos descobrir e redimensionar os papéis e as funções no interno da Igreja”. A Irmã Isabel Tonon, da Congregação Religiosa, Pias Discípulas do Divino Mestre, de São Paulo, afirma que há um longo caminho a ser feito, principalmente, no que diz respeito a participação e poder de decisão das mulheres, pois a Igreja sente os reflexos de ser fruto de uma sociedade patriarcal. “Segundo os padres sinodais as mulheres
Irmã Isabel Tonon
participam da vida da Igreja sem discriminação alguma, também nas consultas e na elaboração de decisões, mas na prática de nossas comunidades e paróquias ainda temos conflitos a serem superados. Porém, acreditamos que aos poucos eles serão ultrapassados, pois somos chamados a ser uma Igreja de comunhão no mundo”. Citando a passagem bíblica “não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus”, frase do capítulo três do livro de Gálatas, a religiosa diz que a própria Palavra possibilita a inclusão das mulheres na ordenação. “Não resta dúvida, no meu ver, do ganho que a Igreja teria, se a mulher fizesse parte do sacramento da ordem, talvez ela pudesse ser mais intuitiva, cuidadosa, uma Igreja mais da escuta, mais servidora e misericordiosa”, disse.
Ainda assim, Irmã Isabel acredita que a mulher está presente nas mais diversas prestações de serviços na vida da Igreja. “Antes do fazer, a mulher é Igreja. E o fazer é consequência do ser. Elas exercem um papel importante na transmissão da fé, não só na família, mas também nos mais variados lugares educativos; no que diz respeito ao acolhimento da Palavra de Deus; na sua compreensão e comunicação, também através do estudo, da investigação, da teologia e na presidência da Celebração Dominical da Palavra de Deus”. Incisiva nas críticas contra o posicionamento da Igreja em relação às mulheres, a teóloga Ione Buyst não respondeu às nossas perguntas, mas indicou entrevista dada por ela para a Revista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), em julho de 2012, onde afirmou que elas continuam sendo tratadas como membro eclesial de segunda categoria, não tendo acesso à ordenação, não podendo coordenar plenamente uma comunidade, nem presidir as assembleias litúrgicas, além de não participar das decisões realizadas em nível de episcopado. Para o Vigário Geral da Arquidiocese de Vitória, Padre Ivo Amorim, a realidade vivida pelas paróquias e comunidades
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Reportagem
da região é de plena participação das mulheres, e citou como exemplo a Comunidade Rainha da Paz, localizada no bairro Joana D’arc, que desde a sua fundação, há 39 anos, é presidida e coordenada por mulheres. “Percebemos que esse é um dado comum das nossas comunidades. As mulheres estão à frente, normalmente, de todas as equipes pastorais, são elas na sua grande maioria que presidem as celebrações dominicais, ao redor da Palavra de Deus, muitas estão assistindo
matrimônio, participam como ministras de batismo e creio que 80% ou mais dos ministros da distribuição da Sagrada Comunhão, são mulheres”. Padre Ivo afirma ainda que as mulheres são responsáveis por conduzir a vida e caminhada das comunidades. Porém, o sacerdote reconhece a falta de participação feminina nas instâncias decisórias da Igreja, mesmo estando presente nos diversos conselhos. Ele admite que o panorama atual é fruto de um caráter doutrinário da religião
e uma interpretação machista da Sagrada Escritura, que ao longo dos séculos privilegiou os homens à frente dos ministérios estáveis e ordenados. Mas ressalta que o contexto de mudança da sociedade irá, em algum momento, refletir-se na Igreja. “As mulheres assumiram papel decisivo na sociedade, à frente da economia e da política, por exemplo. É uma questão de tempo e eu acredito que o Espírito de Deus vai conduzindo a instituição para o caminho que ele acha que deve. Eu gostaria de ver mulheres presidindo eucaristia”.
O que elas dizem “Eu gosto e acredito na orientação da nossa Igreja e acompanho as decisões. É importante que a mulher perceba a hierarquia masculina, mas saiba que sua ajuda é fundamental no processo de evangelização”. Penha Tavares Coordenadora de Liturgia da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia
“Me sinto feliz na forma que atuo na Igreja. A Liturgia é uma área que requer estudo e preparação e as mulheres atuam em maior número. É um espaço que a Igreja abre para os leigos atuarem como lideranças. Não me sinto cerceada, em momento nenhum, no meu direito de servir”. Magda Cola Ferreira Agente de Pastoral da Liturgia na Paróquia Sagrada Família, Jardim Camburi
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“A participação das mulheres é muito maior do que a dos homens. Muitas são estudiosas, possuem grande vivência na Igreja, mas ainda são rebaixadas na hierarquia”. Maria da Juda Rigo Coordenadora da Comunidade Santa Clara, Vitória
“Nós ainda ficamos muito restritas, pois muitos fiéis e a própria Igreja têm preconceito e dificuldade de aceitar que as mulheres têm a mesma, ou mais capacidade do que muitos homens. Ainda há resistência, por exemplo, das próprias mulheres, com os Ministros de Batismo ou Testemunhas Qualificadas para o matrimônio do sexo feminino”. Alessandra Carvalho. Coordenadora da Comunidade Imaculado Coração de Maria, Morro do Moscoso
ARQUIVO E MEMÓRIA
PASTORAL DA CRIANÇA, HÁ 26 ANOS DEFENDENDO A VIDA NA ARQUIDIOCESE
O
trabalho da pastoral da Criança está presente na Arquidiocese de Vitória há 26 anos. Pela sua atuação nas comunidades, muitas famílias carentes recebem apoio e orientação. O trabalho, inicialmente, foi coordenado por padre Emídio Soares da Costa e Irmã Solange Valentim, que muito ajudaram a salvar vidas orientando como preparar o soro caseiro. A mistura de água, sal e açúcar foi amplamente divulgada nos anos 80. A Pastoral da Criança Nacional percebeu que a maioria de nossos meninos e meninas, com idade de 0 a 6 anos, morriam de desidratação causada pela diarreia. O trabalho das lideranças era orientar as famílias sobre como preparar o soro e a impor-
tância de seu uso na prevenção da desidratação, beneficiando, assim, crianças e gestantes pobres. A Pastoral da Criança sempre esteve presente na defesa da vida humana, nos momentos mais delicados, cuidando da mãe antes da criança nascer, acompanhando o parto e o bebê, dando o soro caseiro e a alimentação alternativa para atender mãe e filho. Na Arquidiocese de Vitória, hoje, são atendidas quase dez mil famílias e mais de mil lideranças continuam aquele trabalho pioneiro de padre Emídio e Irmã Solange. Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc
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projeto
Escola Soci Educação gratuita e de qu A Escola Marista Champagnat de Terra Vermelha localiza-se no bairro que é o 2º lugar no ranking de violência do Estado, mas tem mudado a vida de jovens da região com a educação.
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m meio às dificuldades sociais vividas pelos jovens moradores de 19 bairros da Região 5, do município de Vila Velha, a Escola Marista Champagnat de Terra Vermelha busca resgatar valores e dar outro significado às vidas de seus alunos, por meio da educação de qualidade. Ainda que imersos em uma realidade de problemas na família, violência e insegurança, que muitas vezes provocam a evasão e a falta de interesse nos estudos, 296 estudantes recebem, gratuitamente na unidade, aulas de arte, cultura, cidadania e direitos humanos,
além das disciplinas determinadas pelo Currículo Escolar. A Escola Social é totalmente financiada pelo Marista, que disponibiliza aos estudantes uniformes, livros didáticos e o acesso ao Portal Educacional Católico. A congregação dos Maristas possui 17 colégios no Brasil e, pretende atingir o mesmo número de escolas sociais, sendo que no momento já existem 16. A equipe é formada por 43 profissionais, entre professores, assistente social, coordenador, bibliotecário, entre outros. Em um ano de funcionamen-
ial
alidade to do colégio, mudanças já podem ser notadas no comportamento dos alunos que, com a construção da educação básica, passam a assimilar as noções de respeito, disciplina e responsabilidade, voltando a acreditar em um futuro cheio de possibilidades, inclusive a de ingressar em uma Universidade Federal. Estrutura
Com uma excelente estrutura física, a escola conta com laboratório de Informática e Ciências, quadra e um amplo pátio multiuso. A unidade possui 6 salas de aula e, para oferecer reforço no contra-turno escolar, foram instaladas 4 salas contêineres, equipadas com ar condicionado. Entre as atividades extracurriculares estão o coral, com apresentações de música e dança, e as atividades esportivas como handball, futsal, aikidô e judô. Os estudantes também participam de ações de evangelização, por meio das atividades da pastoral.
Critérios para matrículas No mês de outubro é lançado o edital para o recebimento de matrículas. A família precisa preencher um questionário socioeconômico que avalia, entre outros fatores, a situação de vulnerabilidade social em que o aluno se encontra e a renda familiar. O primeiro critério a ser atendido é de uma renda per capita de meio salário mínimo, seguido da proximidade entre a residência e a escola.
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ideias e sugestões
O esgotamento pode carregar
outras intensidades
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arca-se a vida humana com um traço. Marca-se a sensibilidade, a alma, e o corpo do homem contemporâneo. E essa marca é o esgotamento. Passamos por um esgotamento. Esgotados somos, vamos. A despeito do avassalador consumo de bens lá vamos nós em permanentes insatisfações. Apesar da parafernália eletrônica que nos cerca e nos serve lá vamos todos esgotados, impacientes, estressados. A vida se dá em exaustões. As instituições e suas estruturas se sobrecarregam do mesmo modo de cansaços e esgotamentos. A Igreja também. Os jeitos de ser e de fazer na Igreja de Vitória – quiçá em
muitas outras dioceses – levam essa marca. Nesse estado de esgotamento o que é feito se faz não pelo prazer de fazer, mas porque se deve fazer. Um esforço grande é necessário para se fazer o que poderia ser feito com um esforço menor. As ações vão se dando nem tanto pelas mudanças e transformações que do agir podem surgir, mas porque se tornou um costume, e mesmo que aquilo não se conjugue mais com eficácia, ainda assim se repete. Alguns se amparam no que sempre fizeram, e que acreditam saber fazer. Outros veem como alternativa o ir levando e esperar que surja uma ideia, um rumo, um novo “documento da
“Marca-se a vida humana com um traço. Marca-se a sensibilidade, a alma, e o corpo do homem contemporâneo. E essa marca é o esgotamento.
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CNBB”, etc., a indicar o que fazer. Para outros se faz a hora de procurar outras experiências, buscar outras agremiações, outras tribos. Para não poucos o passado, mesmo que anacrônico, e a despeito disso, é tomado como amparo, seja no resgate de indumentárias ou nos modos rigoristas de propor a fé católica às novas gerações. Mas, prestemos atenção, pensemos. O esgotamento pode carregar outras intensidades, pode ser portador de outras notas para as quais é preciso afinar a sintonia. E este estado de diferente intensidade – o esgotamento – pode estar nos libertando do pragmatismo pastoral que nos enche de documentos e nos esvazia de poesia, entre outras coisas. Ah, pois, sim, é certo que a realidade se pauta por muitas durezas, a luta não é fácil e há muitas por lutar. Sim, não se pode fugir da luta. Mas quem disse que precisamos compartilhar com a realidade de
sua dureza? Quem disse que podemos dispensar a poesia na execução das ações? Quem disse que podemos dispensar a cordialidade em função de metas? Há muitos outros caminhos. Preciso me presentear sempre com a recordação de que é possível fazer de outro jeito. Apela-me o esgotamento a dar às minhas atitudes o olhar de revisão. Então, o esgotamento não necessariamente é retraimento e descomprometimento. A vagareza não é frouxidão, mas, bem pode ser gestação. A lentidão e o silêncio podem ser modos bem ativos de se dizer: calma, calma, uma coisa de cada vez. Calma, calma, a pastoral demanda tempo, redes e muitas conexões, uma construção incessante, e o empoderamento de muitos. Calma, calma, recordem-se, o maior tempo litúrgico é o tempo comum. Calma, calma, não precisamos a cada hora propor coisas “novas” pra garantir que
a Igreja está viva. A vida dela, da Igreja, atravessando milênios, nos dispensa do superdimensionamento do nosso “eu” e da nossa importância. Quem sabe o esgotamento esteja favorecendo a destilação de suave licor de sabedoria e humildade. Amparemos nossas
...esgotamento não necessariamente é retraimento e descomprometimento. A vagareza não é frouxidão, mas, bem pode ser gestação. A lentidão e o silêncio podem ser modos bem ativos de se dizer: calma, calma, uma coisa de cada vez.” taças sobre a mesa do nosso tempo com um novo sabor em nossos lábios, e olhemo-nos com o olhar da amizade, da solidariedade, da ajuda mútua. Sustentemo-nos.
Um escritor italiano contemporâneo, Niccolò Ammaniti é a minha sugestão do mês. No livro “Como Deus manda” o autor vai tecendo as vidas e ações de quatro personagens, pobres, esgotados, que vivem ao mesmo tempo a marginalização e pertença aos tempos atuais. A relação entre um pai e um filho, o amor que os une apesar das mazelas e sofrimentos, se torna o fluxo mais emocionante da história. O livro bem retrata a sociedade contemporânea, em sua brutalidade, com suas muitas tragédias. Não sem intenção o autor faz a história se desenrolar numa tempestade, com muita chuva e enchente e lama. Dauri Batisti
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acontece
Treinamento da Campanha do Dízimo 2013 Durante os dias 18 e 19 e 25 e 26 de maio, a Arquidiocese de Vitória realiza, nas seis áreas pastorais, o treinamento sobre a Campanha do Dízimo 2013. O encontro contará com a presença de representantes do dízimo, das pastorais e de outros serviços das paróquias. O objetivo é divulgar e orientar os presentes sobre a temática e o funcionamento da campanha. Para mais detalhes sobre o treinamento, fique atento ao site da Arquidiocese de Vitória - www.aves.org.br e acompanhe as notícias nas rádios parceiras, América e FM Líder.
Orientação para as vocações Voltado para o público jovem, o Retiro de Orientação de Vida (ROV) irá acontecer nos dias 04 e 05 de maio, em Ponta Formosa, Vitória, sob a temática ‘As vocações, sinal de esperança fundada na fé’. O encontro terá momentos de vivência, espiritualidade e visa, principalmente, suscitar nos jo-
vens o discernimento vocacional. Com a presença de algumas áreas da Igreja, como a Pastoral Familiar, Congregações Religiosas, Comunidades de Vida e Conselho de Leigos, os participantes poderão tirar suas dúvidas sobre as atividades desempenhadas pelos grupos e refletir sobre sua caminhada religiosa.
Romaria das mães Maio é o mês das mães! Para homenageá-las, será celebrada uma missa, presidida pelo Frei Valdecir, no Campinho do Convento da Penha, dia 11 de maio, às 15h. A preparação começa às 13h30, no mesmo local, com a acolhida das romarias que
vêm de diversas partes do Estado. Com rosas, as romeiras também fazem suas homenagens a Maria, Mãe da Igreja. É esperada a presença de um grande número de fiéis para mais um ano da comemoração, que acontece há mais de 15 anos.
Consagração de crianças e adolescentes missionários Em comemoração aos 170 anos da Infância e Adolescência Missionária (IAM) no mundo e 20, no Brasil, terá início no dia 26 de maio a I Jornada Nacional da IAM. Na data, serão consagradas as crianças missionárias de todo o país, com a entrega dos símbolos
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da obra: o lenço com o escudo e a vela. No Estado, a celebração acontece em todas as paróquias que possuem a IAM. Durante todo o ano, diversas atividades serão realizadas, entre elas, o XIII Congresso Estadual da IAM, que acontece em Aracruz. O evento vai de 31 de maio a 02
de junho, na Paróquia São João Batista, e tem como tema: Infância e Adolescência Missionária 170 anos. A Infância Missionária do Espírito Santo nasceu na Paróquia Bom Pastor, em Campo Grande, Cariacica, e hoje existe em 22 paróquias da Arquidiocese de Vitória.
Encontro com comunicadores católicos Para recordar o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Arcebispo Dom Luiz Mancilha reúne, no dia 11 de maio às 8h30, em Ponta Formosa, Vitória,
profissionais de comunicação católicos para uma conversa sobre o tema ‘Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização’.
Formação para Diáconos Permanentes No dia 18 de maio, os Diáconos Permanentes irão se reunir no Salão Padre Gabriel, na Cúria Metropolitana, em Vitória, para discutirem sobre o ano da fé e as orientações do Concílio Vaticano
II. A intenção do encontro é aprofundar a temática e provocar a reflexão sobre o assunto. Estarão presentes o bispo auxiliar, Dom Rubens Sevilha e o Vigário Geral, Padre Ivo Amorim.
Formação Permanente dos Presbíteros Entre os dias 06 e 09 de maio, acontece em Santa Isabel, Domingos Martins, a Formação Permanente dos Presbíteros do Sub-Regional Leste 2. Com a assessoria de Dom Eduardo Pinheiro, bispo de Campo Grande (MS), os padres irão refletir sobre o jovem no mundo de hoje, no contexto das constantes mudanças, da violência e acima de tudo, do seu protagonismo na sociedade e na Igreja.
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Um tempo novo na pastoral
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o último dia 14 de março, um dia após a eleição do Papa Francisco, o clero da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, convocado pelo Sr. Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela, estava reunido em Ponta Formosa para uma reunião em que a pauta era a eleição de um novo Coordenador de Pastoral para esta Igreja, já que o então, Pe. Kelder Brandão, havia entregado o cargo ao Arcebispo por já estar a frente dessa missão há mais de 4 anos. O coordenador de Pastoral numa Igreja é o auxiliar direto do bispo nas questões que tocam a pastoral da diocese. Tem como missão fazer gerar a tão desejada “pastoral de conjunto”, que corresponde a uma unidade nos trabalhos desenvolvidos nas paróquias. Na Arquidiocese de Vitória temos 68 paróquias, portanto, a coordenação de pastoral tenta garantir a unidade destas em torno do bispo, promovendo formações, favorecendo o diálogo, indicando caminhos para todos andarem juntos. Este objetivo, por sinal, tem sido o foco mais acentuado do departamento de Pastoral desde o início do Primeiro Sínodo Arquidiocesano realizado em nossa Arquidiocese. Bom, o processo eletivo se
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deu de forma muito aberta pelo nosso arcebispo. Poderia ele simplesmente indicar alguém, mas preferiu que o clero o fizesse. Assim, em forma de votos secretos, foram feitos 4 escrutínios até que se chegasse ao nome do escolhido pela maioria dos presentes. Éramos quase 80 sacerdotes presentes à reunião. E concluída a votação e visto que meu nome havia sido votado pela maioria o Sr. Arcebispo perguntou-me diante dos presentes se aceitaria tal missão. Confesso que precisei ponderar algumas questões, mas, depois senti como um novo chamado em minha vida sacerdotal e pude dizer “sim”. Desde a eleição minha tarefa tem sido tomar conhecimento da “engrenagem” do departamento de Pastoral. É verdade que sou padre desta Igreja, que a conheço muito bem, mas uma coisa é ver
“de fora” outra coisa é ter que decidir caminhos junto ao arcebispo estando “dentro”. Assim, a missão é dar continuidade aos direcionamentos acertados da coordenação anterior agregando novos direcionamentos que o Espírito indicar. Estamos em fase de escuta e planejamento. Sim, pois não podemos parar. O tempo urge. Até porque os bispos, numa reunião após a eleição, me indicaram um caminho que toca na reestrutura da Pastoral desta Igreja em sintonia à organização da CNBB. Qual seria esse caminho? Ainda é cedo para falar dele. Temos que respeitar as etapas de conselhos. Quem sabe nas próximas edições desta revista possamos melhor esclarecer. Algumas coisas nós, do departamento de pastoral, já temos presente em nossas ações: dar continuidade à implementação dos encaminhamentos do Sínodo; revigorar os conselhos em todos os níveis de nossa Igreja; incluir todas as pastorais, movimentos, associações, instituições, ministérios no departamento. Para tanto, peço a oração e compreensão de todos. Vamos “Caminhar juntos, na alegria fraterna e na esperança”. Pe. Anderson Gomes Coordenador de Pastoral
40 lojas em todo o estado para melhor te atender.
A rede da famĂlia capixaba.
14 DE MAIO IEAB – Igreja Anglicana: Rua Duque de Caxias,121 - sala 206 - Ed. Juel (na sala do CEBI-ES) - Vitória. Na sobreloja da Livraria Paulus. 15 DE MAIO IPU – Igreja Presbiteriana: 2ª Avenida, 54 - Bairro Laranjeiras - Serra. Entre o Cedtec e o Colégio Aristóbulo. 16 DE MAIO IECLB – Igreja Luterana: Rua Altiva da Silva, quadra 10 - lote 9 - Bairro Primavera - Viana. Entrar à direita próxima a loja de piscinas às margens da BR.262. 17 DE MAIO ICAR – Igreja Católica: Paróquia Nossa Senhora da Glória - Bairro da Glória - Vila Velha. Fica em frente a fábrica de Chocolates Garoto.