Revista Vitória - Agosto 2013

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vitória

Ano VIII

Nº 08

Agosto de 2013

Revista da Arquidiocese de Vitória - ES

Quando a

entrega é

total

ATUALIDADES

PENSAR

PROJETO

Plebiscito X Referendo

Comportamento juvenil

A tradição de ser solidário


Ano VIII – Edição 08 – Agosto/2013 Publicação da Arquidiocese de Vitória Editora Maria da Luz Fernandes / 3098-ES Repórter Letícia Bazet / 3032-ES Colaboradores Alessandro Gomes Dauri Batisti Gilliard Zuque Giovanna Valfré Edebrande Cavalieri Revisão de texto Yolanda Therezinha Bruzamolin Publicidade e Propaganda comercial@redeamericaes.com.br Telefone: (27) 3198-0850 Fale com a revista vitória: mitra.noticias@aves.org.br Projeto Gráfico e Editoração Comunicação Impressa (27) 3319-9062 Ilustradores

¶ Kiko, · Gabriel

Designer Albino Portella Jane Maria Gorza Impressão Gráfica 4 Irmãos (27) 3326-1555

youtube.com/mitraaves

diálogos Revide, família e para quê ser padre

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ATUALIDADE

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PENSAR

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Plebiscito X Referendo

@arquivix

vitória

facebook.com/arquivix

Bispos Auxiliares Dom Rubens Sevilha Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias

w w w. a v e s . o r g . b r

Arcebispo Metropolitano Dom Luiz Mancilha Vilela

Comportamento juvenil

MICRONOTÍCIAS

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ENTREVISTA

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PARÓQUIA

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REPORTAGEM

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PROJETO

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ACONTECE

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Descobertas da ciência e da tecnologia

Quando a entrega é total

Bem-aventurado João XXIII

A cultura transforma

A tradição de ser solidário

Semana da família e coleta para a Igreja de Lábrea


sumário

editorial ARQUIVO E MEMÓRIA 23 Lembrando Dom João Batista

ARTE SACRA

O significado da cruz

N

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IDEIAS E SUGESTÕES 26 Um novo olhar para reencontrar o mundo

ESPECIAL

Façam barulho

A fé além dos números

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SAÚDE Sucos

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a véspera da chegada do Papa Francisco ao Brasil o Instituto de Pesquisa Datafolha divulgou a queda do núnero de católicos no país. Na linguagem de mercado a ocasião era propícia, pois os católicos estavam no centro das notícias no país e no mundo. É verdade que números não se discutem, mas se não se discutem os números da pesquisa também não se discutem os números da participação dos jovens católicos do mundo todo que se envolveram nas Semanas Missionárias em tantas dioceses do Brasil e “encheram” o Rio de Janeiro de esperança e fé. Sim, o surgimento de novas Igrejas diminui o número de fiéis das existentes, mas os jovens que seguiram o Papa Francisco na JMJ no Rio de Janeiro mostram uma Igreja viva e forte. A fé não se mede em números.

Maria da Luz Fernandes Editora


diálogos

A VINGANÇA

Jesus nos deu o supremo exemplo de per-

na nossa sociedade é o aumento da vingança e

dão no alto da cruz ao perdoar seus inimigos. Na

a diminuição do perdão no comportamento de

oração do Pai Nosso, Jesus nos ensinou a pedir

muitas pessoas que se autodenominam cristãs.

perdão ao Pai “assim como nós perdoamos a

quem nos ofendeu”.

esforça-se para: perdoar sempre, perdoar tudo

A natural dificuldade humana para perdoar

e perdoar a todos. O primeiro passo é olhar

tem uma causa: o orgulho. O nosso orgulho

para Jesus e se decidir imitá-lo: Jesus perdoou

ferido pela ofensa deseja espontaneamente

e nos pede que nós também perdoemos. Rezar

o revide, a vingança. O nosso instinto pede

pedindo ao Senhor a luz e a fortaleza para

“olho por olho e dente por dente”, ou seja,

dominar os próprios instintos egoístas e, ao

desejamos pagar o mal com o mal, desejamos

perdoar, acolher o outro no próprio coração.

causar no outro a mesma dor, angústia ou

Quem ama perdoa. O amor tudo desculpa, tudo

constrangimento que ele nos causou.

crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor 13, 7).

O discípulo e missionário do Mestre Jesus

O filhotinho da vingança chama-se: pirra-

ça. Se a alimentarmos, aos poucos ela vai crescendo. Um dos sinais de falta de “cristianismo”

“Um dos sinais de falta de “cristianismo” na nossa sociedade é o aumento da vingança e a diminuição do perdão no comportamento de muitas pessoas que se autodenominam cristãs.

Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

FAMÍLIA NO SEGUIMENTO DE JESUS CRISTO

“Nenhuma família pode seguir Jesus sem ter uma profunda experiência de vida com Ele. É ela que deve proporcionar a educação da fé cristã.

Desde o ano de 1992, a Conferência Nacional

revista vitória

Os pais devem incentivar os filhos na prática

dos Bispos do Brasil (CNBB), promove a “Semana

da oração, através da Leitura Orante da Palavra de

Nacional da Família”, este ano com o tema “A

Deus (Lectio Divina), na participação da celebração

Transmissão e Educação da Fé Cristã na Família”.

dos sacramentos e da vivência dos valores do

Evangelho.

O objetivo é mobilizar a sociedade brasi-

leira para refletir e colocar em prática os valores

humanos e cristãos da família, num tempo de

sua missão no mundo”, disse João Paulo II.

crise moral e espiritual.

mílias uma reflexão profunda, em especial, no

Nenhuma família pode seguir Jesus sem ter

uma profunda experiência de vida com Ele. É ela

“Sem a família a Igreja não pode cumprir a Que possamos despertar em todas as fa-

relacionamento com Deus.

que deve proporcionar a educação da fé cristã, que não se constitui em mero ensinamento, mas vivência familiar.

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Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória


Por que ser padre?

P

ara quê ser padre? À primeira vista não é muito fácil responder a estas duas perguntas. Entrei muito criança, muito novo no seminário. Eu tinha nove anos. Minha família, muito religiosa, tinha grande admiração pelos padres e eu respirava este ambiente de fé simples e sincera. Eu queria ser padre como nosso pároco porque ele presidia muito bem a Sagrada Liturgia, cantava e falava com entusiasmo. Fazia gestos bonitos. A gente via que ele gostava de ser padre. O imaginário religioso de uma criança, estimulado pelo imaginário religioso da família, gerou um desejo sincero e propício no coração daquele menino que não sabia bem o que era ser padre e nem o para quê ser padre. Mais tarde, depois de longos anos de estudo e o aprofundamento da fé, este menino recebeu uma formação específica, e, aos

dezenove anos de idade, pronunciou os seus primeiros votos. Fez sua entrega absoluta como religioso dos Sagrados Corações. Sete anos mais tarde a Igreja o chama para o sacerdócio, seu primeiro e profundo desejo desde criança. Com certeza, neste tempo, ele já sabia por quê e para quê ser padre. Porém, volto a afirmar que não é simples e fácil responder as duas perguntas. Ser padre não é o mesmo que ser um bom técnico. Não se trata de saber celebrar bem a Santa Missa e os Sacramentos. Não se trata também de saber cantar ou fazer gestos bonitos na Sagrada Liturgia, como o imaginário de um menino de sete anos projetava para a sua vida. Também não é ser um bom técnico administrador de uma paróquia. Talvez, com essas qualidades, o candidato ao sacerdócio pudesse ser um bom funcionário, um bom técni-

co, capaz até de fazer rezar, ensinar a cantar e impor uma reta disciplina religiosa. Porém, estas qualidades técnicas não definem e não justificam o “ser padre” e nem o “para quê” ser padre. Poderia gerar uma profunda crise na pessoa do padre, deixando-o insatisfeito consigo mesmo depois de alguns anos de exercício do ministério presbiteral. Sofre o padre e sofre o povo a quem ele serve e, ainda, sofre o Bispo que tem a obrigação de ajudá-lo a ser feliz. O sentido da vida do padre e de sua missão provém de uma fé viva, recebida no Santo Batismo e cultivada durante toda a sua vida na escuta da Palavra e vida sacramental, caminho do discípulo e missionário. O Mistério da fé leva-o a viver o Mistério da Igreja no mundo. Surge a Vocação Sacerdotal do seio da Igreja! Surge o vocacionado para ser um Mistagogo, homem envolvido e a

serviço do Mistério da fé! Nasce, assim, o padre! Nasce o padre missionário, o para quê ser padre! O ser padre e o para quê ser padre surgem, ao mesmo tempo, do seio da Igreja. A Igreja o convoca para fazer as vezes de Cristo, do Milagre de Cristo na Comunhão e Missão Eclesial! É, por natureza, Servo da Igreja, apresentando Cristo Eucarístico, Sustento, Remédio, Caminho e Vida da Igreja, Povo Santo e pecador, em Marcha para a terra prometida, o céu! Vale a pena ser padre! Entendeu o para quê ser padre? “Quem puder compreender, compreenda”! (Mt.19,12) Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc Arcebispo Metropolitano

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Atualidade

Plebiscito X Referendo:

Quem vai pagar a conta atrasada?

S

er brasileiro é muito mais do que ter nascido no Brasil, é ter a certeza de que o que está ruim pode melhorar, é ter a oportunidade de conviver com um povo festeiro, que gosta de gente e que “sabe ser o que é”, como diria o poeta Gonzaguinha. No momento atual, esta nação coloca pra fora um grito que vem em forma de festa e traz

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consigo a essência da democracia, ou seja, a liberdade. Esta pode ser a nova história de quem “Trabalha e Confia” num futuro com “Ordem e Progresso”. Por tudo isso, mas especialmente diante dos últimos fatos, os movimentos da classe política são de cautela, mas de ação. O momento exige decisão rápida, e quem não agir assim

poderá estar perdendo espaço. A Presidente Dilma Rousseff foi a primeira governante a apresentar um pacote com propostas para serem imediatas e dar respostas às reivindicações vindas das ruas. O conjunto de ações envolvem vários níveis de governos e outros poderes da Federação. De todos eles, o que causa mais polêmica é a convocação


de um plebiscito para saber a opinião popular sobre a reforma política que, vale ressaltar, já está no Congresso faz alguns anos e não avançou muito. No entanto, uma parte dos parlamentares, especialmente a oposição, é contra o plebiscito. Para eles a melhor alternativa de consulta é o referendo. Mas qual é a diferença entre os dois? Para que servem? Quais são as implicações da realização de um ou de outro? As duas formas são consultas ao povo e estão previstas na Constituição Federal. Elas têm o objetivo de decidir sobre questões constitucionais, legislativas ou administrativas. Porém, o plebiscito é uma consulta antecipada e vem antes do decreto legislati-

vo, ou seja, antes da proposta ser formatada no Congresso. Neste modelo, o povo aprova ou não as questões em discussão e o Congresso segue a orientação após a decisão popular. Exemplo deste tipo de consulta foi o plebiscito realizado em 21 de abril de 1993 para definir entre monarquia ou república e parlamentarismo ou presidencialismo. Essa consulta consolidou a forma e o sistema atuais de governo no Brasil. Neste caso, depois da escolha definida pelo voto popular é que o Congresso elaboraria as alterações caso tivesse sido escolhida outra forma de governo que não o presidencialismo, pois este já estava em vigor no país. Naquela época, foi a população

quem deu a palavra final e definiu o que o Congresso deveria discutir. Já o referendo parte de uma proposta fechada. Ele traz uma discussão prévia do Congresso. Cabe ao eleitor votar para aprovar ou não uma proposta do legislativo. Segundo o site do TSE “no dia 23 de outubro de 2005, o povo brasileiro foi consultado sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munições no país. A alteração no art. 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) tornava proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º do estatuto. Como o novo texto

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Atualidade

causaria impacto sobre a indústria de armas do país e sobre a sociedade brasileira, o povo deveria concordar ou não com ele. Os brasileiros rejeitaram a alteração na lei”. Neste modelo, coube ao povo brasileiro opinar apenas entre o sim e o não, pois já havia uma proposta fechada e votada por deputados federais e senadores. No caso da reforma política existe o clamor popular. As pessoas nas ruas estão pedindo que ela saia do papel. A Presidente da República sinalizou a importância da realização do plebiscito. Dilma recomendou, mas quem pode convocar o plebiscito é o legislativo. No entanto, os parlamentares federais, valendo-se da independência dos poderes, levantaram a dúvida sobre qual tipo de consulta deve ser adotada. Se plebiscito ou referendo. Ao que parece, apenas queriam ganhar tempo para que as mudanças não estivessem valendo nas próximas eleições de 2014, pois, de acordo com a proposta do executivo, o plebiscito seria realizado em 7 de setembro, e as discussões e a votação no congresso deveriam

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acontecer ainda neste ano para já valerem para o próximo pleito eleitoral. Diante da vontade dos brasileiros de que as mudanças aconteçam de forma urgente, além da desconfiança e da falta de credibilidade da classe política junto à população, seria interessante a realização do plebiscito, seguido da reforma feita pelo congresso e, na sequência, o referendo popular para validar os atos dos deputados federais e senadores da república. No entanto, esta é uma proposta praticamente inviável devido ao tempo e aos custos - além de que seria algo novo e geraria mais polêmica por isso a população precisa ser ouvida antes, afinal ela já está falando. O que resta agora é fazer a escuta, organizar as propostas e transformá-las em plebiscito, pois é ele quem vai direcionar os rumos dessa reforma, mesmo que só valha para 2016 quando serão eleitos os novos prefeitos e vereadores. Vale ressaltar, que a democracia deve respeitar as diferentes opiniões, ainda que elas estejam embasadas nos interesses políticos de cada partido ou individuais. Isso é legítimo no sistema

democrático. Para tanto, existe o debate no parlamento. Lá é (ou deveria ser) a casa das discussões, dos debates e do confronto de ideias. Tudo concorrendo para o bem comum. O fato é que a oposição conseguiu segurar a discussão e a situação não teve competência e agilidade necessárias para fazer a proposta tramitar rapidamente. Passado o prazo para fazer valer as novas regras para 2014, agora é continuar insistindo para que o povo diga o que os congressistas devem discutir, ou seja, a realização do plebiscito. Caso o referendo seja aceito, a população terá sofrido duas derrotas no mesmo momento em que ela parece ter o controle da situação através dos movimentos que se espalharam pelo país. Os cidadãos foram para as ruas fazer valer os seus direitos, mas em especial o artigo quinto da Constituição Federal. Lá está escrito que “todo poder emana do povo”. Num país livre como o nosso, o povo pode falar, votar e fazer valer a sua vontade. Viva a “Brava Gente Brasileira”! Alessandro Gomes, professor universitário e mestrando em Ciências das Religiões


pensar

Jovens

Dicípulos e missionários O protagonismo jovem teve grande destaque no mês de de julho passado tanto na dimensão social quanto religiosa. Eles mobilizaram o país reivindicando mudanças e defendendo direitos. No campo da fé na Arquidiocese de Vitória os jovens das comunidades prepararam a Semana Missionária, acolheram peregrinos de nove países e mostraram como vivem e expressam suas experiências e sentimentos religiosos. Essa confraternização culminou com um grande encontro no dia 21 de julho na Praça do Papa em Vitória marcado por apresentações culturais, música, partilhas e Celebração Eucarística com envio dos jovens para o Rio de Janeiro.

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micronotícias

Movimentos pelo celular Uma prótese eletrônica que pode ser programada por um aplicativo de Iphone está sendo testada por um estudante inglês de 16 anos. Com ícones para combinar os dedos de 24 maneiras diferentes, o programa possibilita

Rede antissocial

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a imitação de gestos simples. Ao clicar nos ícones, a mão se movimenta sozinha. A prótese possui o polegar mais flexível e facilita movimentos como segurar um lápis, um mouse de computador e amarrar cadarços do tênis.

Em tempos de intensas conexões entre as pessoas, um americano saiu na contramão ao criar um aplicativo para quem não deseja encontrar conhecidos em restaurantes, teatros e etc. A ‘Hell is Other People’ (o inferno são os outros, em tradução livre) indica, em laranja, locais onde os conhecidos e amigos estão. Em verde, o aplicativo mostra zonas seguras, livres de conhecidos. Ele ainda calcula a distância segura de pessoas conhecidas. O aplicativo funciona a partir do Foursquare.


Caminhada produz energia Já imaginou carregar o seu celular enquanto caminha? A novidade, que ainda não está

à venda, foi elaborada por uma empresa americana, e funciona através de um dispositivo para o calçado, o qual possibilita a geração de energia. Ao pisar com o calcanhar, um dispositivo absorve a força e a utiliza para girar um pequeno gerador eletromagnético. Assim, a energia gerada é armazenada em uma bateria que fica presa ao tornozelo. A inovação ainda busca investimentos para ser colocado em linha de produção.

Pílula contra o HIV O Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), inicia

neste mês de agosto um estudo para avaliar a melhor forma de implantar o uso do antirretroviral ‘Truvada’, como forma adicional de evitar a infecção pelo HIV, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. Nos Estados

Unidos, o uso preventivo do medicamento Truvada por pessoas HIV negativas já é aprovado. O resultado do estudo poderá ser um instrumento para o Ministério da Saúde definir se deve ou não adotar a estratégia no país e qual seria a melhor maneira de fazê-lo. Participarão do estudo 400 voluntários.

Espresso do bem Uma pesquisa realizada por um professor de Santos comprovou os benefícios proporcionados

pelo café espresso. Quatro xícaras diárias de café ajudam a evitar doenças como câncer, alzheimer, parkinson e diabetes. Porém, doses em excesso da bebida devem ser evitadas por mulheres após a menopausa e por pessoas que têm pressão alta. Após três anos de estudo, o professor constatou que, na dosagem ideal, o café aumenta as defesas em relação às doenças degenerativas, pois é capaz de aumentar o número de enzimas que combatem os radicais livres, responsáveis por algumas doenças.

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entrevista

Quando a entrega é vitória - A senhora viveu na

favela?

Sim, o Fernandinho Beira-Mar era coroinha lá na paróquia. Ele era um rapaz que não se drogava, não fumava, não bebia e quando ele conversava comigo dizia: é o destino, irmã, é o destino....

Ana Paula -

vitória - O contato direto com

vitória - A senhora é feliz?

Ana Paula - Sim, eu sempre digo

que na Itália aprendi as regras de ser religiosa, na Baixada Fluminense, onde fiquei 15 anos, aprendi o que é ser religiosa e aqui em Cobilândia a alegria de ser religiosa. vitória - E o que é ser religiosa?

Quando a pessoa se consagra não é mais para si mesma, é para os outros. Então, conformidade a Jesus ressuscitado é se doar para o outro. E lá na Baixada eu aprendi que ser religiosa é para doar a vida. É doar tudo que se tem e se pode dar até às últimas consequências, e eu aprendi isso com o povo.

Ana Paula -

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vitória - O que a atraiu para

a congregação? Desde pequena eu queria ser freira. Aos 18 anos conheci as irmãs de Maria Imaculada. Eu não tinha muito conhecimento, mas o desejo de servir a Deus foi grande e deu-me força para continuar. Eu queria ir para a missão na África, mas vim para o Brasil e sinto que aqui é a minha família. Ana Paula -

vitória - A senhora morou no

RJ e em Vitória? Sim, na Baixada Fluminense, 15 anos. Foi muito duro porque nas favelas não é fácil viver. Não pela vida, mas por ver o povo sofrer.

Ana Paula -

o tráfico e as consequências fez a senhora mudar de ideia sobre os traficantes? Ana Paula - Sim, faz mudar mesmo, porque os pobres são os que consomem, vendem e morrem. E muitos jovens morreram e todo o mundo conhece, sabe quem mata, mas fazem silêncio para poder viver. Os jovens começam bem pequenos. Com 10, 11 anos os traficantes dão um salário para ficar no beco e vigiar, e depois que entra nisso é difícil sair e ficar lá. Tem que sair e sumir de lá. vitória - Lá não dava para

ser feliz?

Ana Paula - Eu era feliz. Quando

o povo sofre, a gente sofre com o povo, quando o povo se alegra a gente se alegra com o povo. O povo quando a polícia chegava vinha nos avisar: irmã hoje não dá para rezar o terço na rua porque sobe a polícia e pode acontecer alguma coisa. E outra coisa interessante é que os traficantes batizavam seus filhos. A equipe


total Irmã Ana Paula Zuin. Congregação Dimesse Filhas de Maria Imaculada

tinha medo de dar a palestra, então chamavam as irmãs. Um dia eu falei: como vamos batizar os filhos, se os pais precisam dar testemunho? E o chefão falou: irmã eu não concordo com a senhora, porque nós somos assim, mas não queremos que nossos filhos sejam assim, por isso vamos batizá-los. E isso eu guardo bem, porque nós julgamos de uma maneira e Deus é que vê o coração do povo.

imagem de Jesus ressuscitado? Ana Paula - Esse Jesus eu trouxe da Itália e na ocasião eu falei para a madre geral que a cruz eu ia deixar na Itália porque aqui no Brasil já tem muita cruz para carregar. Então trouxe só Jesus para Ele dar a força a nós e ao povo para carregar a cruz e também tirar cruzes como a miséria, a injustiça, a fome que carregam o povo, mas que o povo não deveria carregar.

vitória - Foi um choque para

vitória - O que a senhora

a senhora a chegada à favela? Ana Paula - Não, eu me adapto e aquilo era como eu pensava viver a vida religiosa....viver no meio do povo simples e fazer missões em todas as casas, sentir-me mesmo missionária. vitória - Visitar as famílias

nas casas faz parte da missão da sua congregação? Ana Paula - O nosso carisma é a conformidade e amor a Jesus Crucificado. Então nós deveremos estar aonde o outro não vai. Sempre procuramos encontrar aquele que precisa de nossa ajuda naquilo que se pode. Nas favelas sente-se muito bem quem é Jesus Crucificado. vitória - A imagem de Jesus

na capela da senhora não está na cruz. Porque a Congregação que tem o carisma de amar Jesus crucificado tem na capela a

faz de atividade hoje em Vila Velha? Ana Paula - Organizamos missões, acompanhamos o Círculo Bíblico, a pastoral do batismo, a casa do menor que tem 200 crianças de 7 a 15 anos, que é uma casa de apoio, no Vale Encantado, como contraturno para que as crianças não fiquem na rua. vitória - Se a senhora pudesse escolher ficaria em Vila Velha ou voltaria para o RJ? Ana Paula - Eu viveria nos dois lugares. Aqui nós formamos também a fraternidade leiga. São 102 leigos que vivem o nosso carisma. O nosso padre fundador fundou primeiro a fraternidade leiga e depois de 400 anos a fraternidade ressuscitou e começou aqui em Cobilândia. vitória - Três irmãs na sua

comunidade e mais uma comu-

nidade no RJ não traz um certo isolamento, uma certa solidão? Ana Paula - Temos casa também em Soretama e em Pernanbuco, mas não nos sentimos isoladas, nos comunicamos e nos encontramos duas vezes ao ano. vitória - Como vocês olham

para o futuro. Virão outras irmãs de fora? Ana Paula - Para o futuro nós olhamos com a esperança que venham vocações daqui. vitória - A exigência da vida

religiosa não vai na contramão quando o mundo faz propostas de cada um viver do seu jeito e ganhar dinheiro? Ana Paula - Hoje acho que é muito difícil o jovem decidir pela vida religiosa. O jovem pensa pouco, não só sobre a vida religiosa, mas sobre a vida. vitória - Essas ofertas que a

sociedade oferece hoje, alguma vez atraíram a senhora? Ana Paula - Não. Eu sinto-me feliz de ficar com o meu povo. Nunca senti o desejo de sair da congregação.

vitória - A vida religiosa, a congregação da senhora poderia mudar alguma coisa para atrair mais as jovens de hoje? Ana Paula - Nós estamos pensando que tem que descobrir um jeito

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entrevista

novo, mas ainda não descobrimos o que fazer para que a vida religiosa seja diferente e o jovem se sinta atraído. Nós estamos nos perguntando como viver a conformidade com Jesus sem ser assim como somos nós, mas não é fácil. Eu fico triste quando eu vejo que os jovens casam, separam, mas não são felizes. Eu acho que a coisa mais bonita é ser feliz e eu gostaria que todo o mundo fosse feliz. Eu digo para as jovens que precisam pensar porque a cruz tem sempre, mas Deus nos criou para sermos felizes, para todo o mundo encontrar o caminho da

“No meio da mesa. No dia da festa o pelicano e o tronco não podem faltar. A congregação, os meus pais, a minha família.

felicidade não da tristeza. vitória - O que a senhora diria

para os jovens que não conseguem ser felizes? Ana Paula - Tá faltando a firmeza de dizer vou começar um caminho e vou continuar. A fraternidade vive a felicidade junto. Que o jovem possa escolher o caminho da felicidade. vitória - O que a senhora não fez e gostaria de fazer? Ana Paula - Eu gostaria de ir a outros lugares como missionária. Não para morar, mas para falar com o povo nos lugares distantes. vitória - A senhora escreve po-

esia o que mais a senhora faz? Ana Paula - Eu gosto de escrever. A poesia foi um dom que descobri no Brasil. Na Itália eu não tinha esse dom. Em qualquer canto que vou faço uma poesia. Já fiz muitas, mas não guardei todas. vitória - Como saiu a primeira

poesia?

Ana Paula - Foi na Baixada Flumi-

nense. Enquanto outros falavam eu escrevia. Depois comecei a fazer em todos os encontros. Agora se não faço eles pedem.

vitória - Tem outros dons que

a senhora descobriu ao longo da caminhada? Ana Paula - O dom de trabalho manual. Faço biscuit e pintura com o povo. A fraternidade vem uma vez por semana e fazemos trabalho manual para preparar as missões.

Preparamos as missões e fazemos terapia. vitória - A senhora mostrou-

-me um símbolo da congregação misturado com um de sua família. Ana Paula - O símbolo da congregação é o pelicano, o pássaro que alimenta os filhotes nos primeiros dias com o próprio sangue e que simboliza a presença de Jesus e eu coloquei junto com um tronco de videira que meu pai cortou porque eu pedi dizendo que eu precisava de um tronco como aquele. vitória - Qual a relação entre a sua família de sangue e a congregação? Ana Paula - Somos 7 irmãos e meu pai deu tudo. Ele trabalhou e trabalhou. Fazia quilometros a pé porque quebrava a bicicleta e não tinha 50 centavos para consertar. Deu tudo o que podia dar e viveu alegre. Eu nunca vi meu pai triste. Ele deu para todos nós a educação e a liberdade de ser filhos como só ele podia ensinar. vitória - A congregação foi uma

continuação de sua família de sangue? Ana Paula - Foi. Ano que vem faço 50 anos de vida consagrada e falei que não vou à Itália. Convidei as irmãs e a minha família para vir aqui pra festejar. vitória - E no dia da festa esse

tronco e o pelicano vão ficar aonde? Ana Paula - No meio da mesa. No dia da festa o pelicano e o tronco não podem faltar. A congregação, os meus pais, a minha família.


arte sacra

a cruz e suas representações

A

palavra Cruz, do latim cruce, é um dos símbolos mais antigos da humanidade, mas, somente a partir do momento em que Jesus Cristo se oferece em sacrifício é que ela passa a mostrar um sinal de contradição: morte e vida, derrota e vitória. No primeiro milênio da igreja a cruz não traz a representação do crucificado, mostra, acima de tudo, seja na pintura, mosaico ou escultura, um caminho vitorioso. Mais tarde aparece o crucificado

e, posteriormente, o mesmo é apresentado de forma dramática e sangrenta. Esse realismo tende a encobrir a imagem da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte e a reconciliação da humanidade com Deus. O Concílio Vaticano II nos orienta sobre a representação do crucificado nas igrejas atuais, dizendo: “haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem do Cristo crucificado que seja bem visível para o povo reunido (...) permaneça junto ao altar também fora das celebrações litúrgicas”. Pode-se usar a cruz processional ou a cruz pendurada sobre o altar. A iconografia deve atender às orientações, podendo trazer o crucificado nas cúpulas ou fundos de presbitério, desde que não haja duplicidade de símbolo, mas sempre nos remetendo ao capítulo final da nossa história: a Ressurreição e a entrada do homem na Glória, o encontro com o Amor Trinitário.

Na capital do nosso estado, a “Cruz do Papa”, um símbolo da cidade de Vitória, com forma moderna e levemente curvada para baixo, nos recorda o amor de Deus de quem sempre é a iniciativa de vir ao nosso encontro e nos resgatar. Raquel Tonini, membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do Setor Espaço Clebrativo da Comissão Litúrgica da CNBB

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Paróquias

Paróquia Bem- Aventurado João XXIII

Â

ngelo Giuseppe Roncalli nasceu em uma pequena cidade da Itália, filho de uma família de camponeses. O ambiente religioso da família e a fervorosa atividade paroquial foram a sua primeira escola de vida cristã. No conclave de 1958 foi eleito papa, tomando o nome de João XXIII. O seu pontificado durou menos de cinco anos, o suficiente para o pontífice ser reconhecido como o “papa bom”. Tornou-se muito apreciado, sobretudo,

porque lançou as encíclicas “Pacem in Terris” e “Mater et magistra”. Também convocou o sínodo romano, instituiu uma comissão para a revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1962. No Jubileu do ano 2000, o papa João XXIII foi beatificado pelo sumo pontífice João Paulo II. Em 2013, o papa Francisco autorizou a sua canonização, a qual deve ocorrer ainda no mesmo ano.

Paróquia Bem-Aventurado João XXIII Planalto Serrano - Serra w A Paróquia tem 08 comunidades w Criada em 2008 pelo arcebispo metropolitano, Dom Luiz

Mancilha Vilela w Pároco: Padre Paulo Sérgio Vaillant

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Reportagem

A Cultura transforma

O Morro do Alagoano é reduto dos festivais de músicas que reúnem intelectuais e autoridades e levam identidade e respeito à comunidade local

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ara promover mudanças na vida de uma comunidade é preciso apostar em infraestrutura, educação, saúde, lazer, cultura, enfim, valorizar o seu espaço e mostrar o seu potencial. Essas iniciativas podem partir do incentivo público, através de investimentos diversos no local, ou então, quando a própria comunidade começa a se descobrir e levar o caminho da sua história para um rumo diferente. Esse é o caso do Morro do Alagoano, em Vitória, que por meio de uma figura carismática e inteligente, que apostou na música e na cultura, tornou-se nacionalmente conhecido. Seu Raimundo de Oliveira, o profeta da gentileza, morador do Alagoano há 66 anos, foi o responsável por levar a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo ao morro no ano de 1991, pela primeira vez em sua história. Foi ele também o idealizador de festivais de música como o ‘Chorinhos e Chorões’, e o ‘Femusquim’, que reúne um público de até 10 mil pessoas. Com música, sarais de poesia e outras atividades culturais, Seu Raimundo conseguiu mostrar ao restante da cidade a identidade e o valor de sua comunidade. Outra ação do morador foi a pintura da chamada ‘Escadaria da Gentileza’. “Em época de Copa do Mundo todos pintam

seus muros de verde e amarelo, eu não gosto disso, mas resolvi pintar a escadaria de verde e amarelo. Ninguém me dava um bom dia, boa tarde ou boa noite, eu pintava ali e ninguém falava comigo, até passavam por cima de mim, e eu achei aquilo muito interessante. Quando acabou a Copa do Mundo, pensei em fazer uma ação diferente, então peguei a escada varri, limpei e escrevi ‘Sorria’, ‘Dê bom dia’, ‘Dê boa tarde’, ‘Dê boa noite’, ‘Gentileza gera gentileza’. E isso pegou, virou uma bola de neve, e aí veio o Dia Nacional da Gentileza, que é quando eu faço alguma ação pela cidade”, contou. Ele afirma que no período dos festivais, a comunidade se envolve na organização do comércio e auxilia na montagem da estrutura física dos eventos. “Nesse período é efervescente e contagiante a alegria da população, a satisfação. É peculiar neste momento a presença do poder público, que faz a intervenção necessária, com iluminação, capina e pintura, por exemplo; a imprensa também circulando aqui a todo o momento, artistas andando e conversando, então é importante para a vida aqui no morro”, diz Seu Raimundo. Dona Ernestina Silva, moradora do Alagoano há 64 anos reconhece o quanto os festivais influenciaram no comportamento

“Depois dos festivais percebemos todos mais educados, mais gentis, dando bom dia, boa tarde, e nós precisamos desse incentivo. Dona Ernestina Silva, moradora do Alagoano há 64 anos

da comunidade: “É muito bom para todos, pois temos momentos de lazer, incentiva as pessoas a virem para o nosso bairro, e isso tem que ser valorizado. O morro se alegra em receber essas pessoas, muitas vezes até gente de fora do país. Depois dos festivais percebemos todos mais educados, mais gentis, dando bom dia, boa tarde, e nós precisamos desse incentivo”. O trabalho no início foi marcado pela rejeição dos moradores, ao apresentar o samba de raiz, um

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Reportagem

“Os festivais são bons demais para a comunidade. Se tivesse todo mês seria uma maravilha para nós comerciantes e para os moradores. A cada ano fica melhor. Maurício da Conceição, comerciante há mais de 30 anos no Alagoano

estilo de música mais erudito, bem diferente dos funks e raps, ritmos comuns no local. “Os festivais não conseguiram enfraquecer o funk, pelo contrário, ele foi fortalecido, pois é um movimento muito forte, que muitas vezes atrai aqueles que não querem nada, não querem estudar. Não adianta haver repreensão, tem que ter educação. Mas recentemente eu entrei em um baile funk aqui em cima para ver como é, e achei lindo na sua essência, as pessoas alegres, a performance. Mas é mal divulgado para a sociedade, a gente compra um produto que a gente não viu, não conhece e cai na cultura do ‘me disseram’, falamos de coisas que não conhecemos. É o que acontece com o funk”, disse Seu Raimundo. De acordo com ele, as produções culturais fizeram do morro um local mais respeitado e valorizado perante o olhar da sociedade. “O frequentador é bem recebido, vemos a satisfação das pessoas em receber, a autoestima aumenta e o movimento do tráfico não aparece. Em 16 edições do

O Festival de Música de Botequim, Femusquim, acontece sempre no mês de setembro e cada edição homenageia um nome da música brasileira. O Morro do Alagoano é o único no Brasil a fazer um evento dessa natureza. A proposta é resgatar e valorizar a história do samba de raiz e da música popular. Este ano, será comemorado o centenário de Jamelão. O Festival de Chorinhos e Chorões acontece todo dia 23 de abril, aniversário de nascimento de Pixinguinha. Além do Alagoano, cerca de 10 cidades do Brasil também comemoram a data, instituída como o ‘Dia Nacional do Chorinho’.

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Femusquim já passaram mais de 100 mil pessoas aqui e nunca tivemos um caso de polícia, nada que viesse desmerecer a continuidade ou manchar a ação. Já tivemos casos de pessoas perderem máquina fotográfica, carteira com dinheiro e ser encontrada e devolvida, então é o resultado dessa mudança, de respeito dos moradores aos frequentadores”. “Sentimos as mudanças aqui, pois as pessoas se integram, entendem os objetivos do evento e sabem se comportar”, contou o comerciante Antônio Bernardo Pinto, morador há 49 anos. O padre Roberto Camillato, pároco da paróquia Santo Antônio, à qual pertence o Bairro Alagoano, reconhece a importância dos movimentos como incentivadores da cultura local. “A comunidade do Alagoano e de Caratoíra têm tradições muito dignas de reconhecimento. Junto a essas tradições, temos há mais de 80 anos a festa religiosa de São Sebastião, padroeiro dessa comunidade, que também desejamos que se torne referência no calendário de eventos na cidade de Vitória. Então, os eventos culturais e religiosos integram a comunidade em seu todo como festas populares, e a Igreja, como vive e constrói a comunidade, está sempre junto a esses eventos com sua solidariedade e presença, pois a comunidade de bairro forma conosco uma família”.


especial

Façam barulho

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le não trouxe nem ouro, nem prata, mas somente a fé em Cristo. Trouxe também um propósito: alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração. E, não só alimentou, como fez nascer em muitos corações. O vigário de Cristo, papa Francisco, esteve no final de julho em terras brasileiras para participar da Jornada Mundial da Juventude. Falou para todos, mas especialmente aos jovens do mundo inteiro. Mas, qual o seu legado? O que nos deixou? Muitas perguntas foram lançadas pelo pontífice e ainda ecoam nos corações dos peregrinos. Não era para responder na hora. São perguntas que ainda precisam ser respondidas. Logo na chegada, o Papa afirmou que Cristo “bota fé” nos jovens e os mesmos em Cristo. É pela juventude, que o papa chamou de janela, que o futuro entra no mundo. Para tanto, é preciso que se dê espaço aos jovens oferecendo fundamentos sólidos, transmitindo valores duradouros e entregando uma herança de um mundo que corresponda à medida da vida futura.

Já no encontro que o Santo Padre teve com os jovens argentinos, ele confidenciou o que esperava da JMJ: espero que façam barulho. “Aqui farão barulho, sem dúvida. Aqui, no Rio, certamente farão barulho. Mas eu quero que se façam ouvir também nas dioceses, quero que saiam, quero que a Igreja saia pelas estradas, quero que nos defendamos de tudo o que é mundanismo, imobilismo, nos defendamos do que é comodidade, do que é clericalismo, de tudo aquilo que é viver fechados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as instituições são feitas para sair; se não o fizerem, tornam-se uma ONG.” Mas barulho, de fato, quem provocou foi o Papa. Um barulho interior. Com muitas perguntas, muitos questionamentos, muitas indagações diretas que exigem respostas pessoais: Quer ser discípulo de Cristo? Quer ser seu amigo? Quer ser testemunha do Evangelho? O que significa “bote fé”? Em quem pomos nossa fé? O que a Cruz nos ensina? Como quem você quer ser, Pilatos, Cireneu, Maria? Outras perguntas o Papa colocou na primeira pessoa: Eu rezo? Eu falo com Jesus ou

tenho medo do silêncio? Tenho coragem ou sou um covarde? O papa convidou os jovens a pôr Cristo em suas vidas para que essa tenha um novo sabor. Não sejamos o centro de nós mesmos, nem nos deixemos levar pela tentação e idolatria do dinheiro. Jovem, o Senhor continua a precisar de você. Não deixem para outros o ser protagonista da mudança. Não olhe da sacada a sua vida, entre nela. Ide, façam barulho, façam discípulos, sem medo e com muita alegria. Cristo conta com você. A igreja conta com você. O papa Francisco bota fé em você. Padre Anderson Gomes Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Vitória

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ARQUIVO E MEMÓRIA

As Insígnias de Dom João Batista da Mota e Albuquerque

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om João Batista da Mota e Albuquerque foi ordenado bispo em 25 de julho de 1957, na Matriz da Glória, no Rio de Janeiro, e em agosto do mesmo ano tomou posse como 6º Bispo do Espírito Santo. Quem o conheceu o descreve como pessoa simpática, emotiva, simples, de fácil comunicação e convivência. Dom João revela um espírito renovador, que marcará seu episcopado, ao apresentar suas insígnias episcopais. Um belo trabalho, de gosto refinado desenhado por Mons. Guilherme

Schubert, especialista em arte sacra, mostra um desenho de uma cerâmica marajoara, antecipando a atitude de respeito de Dom João com as religiões não-cristãs e, principalmente, de reconhecimento da não superioridade cultural e espiritual, e da proximidade e solidariedade para com as lutas e os projetos de vida de todas as comunidades. A cerâmica marajoara é fruto do trabalho das tribos indígenas da Ilha de Marajó (PA), na foz do rio Amazonas, durante o período pré-colonial de 400 a

Paramentos com o bordado inspirado na arte marajoara

Vaso dos índios marajoara que inspirou Dom João

1400 d.C., no Brasil. Os índios de Marajó faziam peças decorativas e confeccionavam vasilhas, potes, urnas funerárias, apitos, chocalhos, machados, bonecas de criança,cachimbos, estatuetas, porta-veneno para as flechas e tangas. Báculo, mitra, anel, cruz peitoral, cálice foram os objetos de Dom João Batista, marcados com os desenhos da arte marajoara. O trabalho artístico de Mons. Guilherme Schubert foi muito valorizado e por isso, em 1968 foram expostos na Alemanha, num evento importante de Arte Sacra. Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc

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projeto

Solidariedade que virou tradição


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ãos habilidosas que transformam, há 30 anos, pedaços de tecido em peças para enxoval de crianças carentes, fazem do Salão da Fraternidade, em Afonso Cláudio, um porto seguro para recém-nascidos, crianças, enfermos e grávidas com poucas condições financeiras. A ideia nasceu a partir de visitas missionárias, lideradas pelo padre Arlindo Moura, aos morros da região, onde residiam famílias em extrema pobreza. Além da necessidade de alimentos, medicação e outros subsídios oferecidos nas visitas, o padre percebeu a grande carência das grávidas e mães de recém-nascidos, de roupas e agasalhos para os bebês. A partir daí, reuniu um grupo de pessoas dispostas a ajudar para, voluntaria-

mente, costurar as peças de enxoval e doar para os necessitados. Todas as famílias ajudadas faziam parte de um cadastro, no qual se avaliava a necessidade de cada uma. As roupas eram levadas até as casas, e quando necessário, até o hospital. A mobilização da comunidade foi essencial para alavancar a ideia. As frequentes contribuições com máquinas de costura, tecidos e aviamentos fizeram com que o trabalho social realizado ajudasse muitas famílias carentes. Atualmente, são 12 voluntárias, de 36 a 82 anos, que dão continuidade ao projeto em uma sala anexa a paróquia São Sebastião, no município. As contribuições continuam

chegando para o desenvolvimento das atividades: tecidos, principalmente, enchem os armários, e logo se transformam em casaquinhos, cobertas, calças e blusas para crianças de até 12 anos. O projeto é mantido pelo incentivo da paróquia, pela disposição das voluntárias e pela boa vontade de todos que auxiliam com as doações. O grupo se reúne toda segunda-feira a partir de meio dia. As doações são realizadas no próprio salão, onde diversas pessoas aguardam para receber o seu enxoval. Ao longo de 20 anos, foram quase 32 mil peças confeccionadas pelo projeto.

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ideias e sugestões

Combatei pelo frágil desabrochar da vida

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utro dia deparei-me com uma bela palavra de D. H. Lawrence, famoso escritor inglês. E sob sua luz escrevi o que segue e que dá prosseguimento às minhas indagações sobre nossos modos de ser e sobre nossas práticas, inclusive indagações às nossas práticas como Igreja. Pressionados por sonhos grandes, endurecidos

por desafios, seduzidos por fundamentalismos dos mais variados matizes, saturados de tensões e quereres de realizações imediatas seguimos. Seguimos cheios de demandas e preocupações, sem tempo para amizades e abraços, mas ávidos por re-existências, por delicadezas, por outros jeitos de ser, de viver. A cultura globalizada

“O que fazer da vida senão viver? Busquemos a vida onde se possa encontrá-la. Uma vez que a tivermos encontrado, ela mesma resolverá os problemas. Cada vez que nós negamos a vida a fim de resolver uma dificuldade, fazemos nascer dez outros problemas em vez do primeiro. Quando os homens buscarem em primeiro lugar a vida, eles não mais buscarão as terras nem o ouro. Buscai a vida e a vida trará a mudança. Tudo o que é vida é vulnerável. Só o metal é invulnerável. Combatei pelo frágil desabrochar da vida, mas então não cedei jamais”. (D. H. Lawrence)

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nos molda e nos força a sermos todos iguais. Os modos contemporâneos de ser com suas classificações genéricas e estereotipadas solapam desejos, singularidades, diferenças. Muitos de nós acabam por acreditar que ação eficaz é aquela que todos fazem da mesma maneira. Mas somos questionados pelos dissabores que amargam nossas bocas em nossas malfadadas empreitadas. Questiona-nos os nossos fracassos. Havemos de admitir: carecemos de outros jeitos, de outras práticas, de delicadezas. Precisamos de levezas para outros voos. Já se vão pesados os velhos moldes. Já antes do ano 2000 Ítalo Calvino, pensador e romancista italiano, falava destes bens que deveríamos trazer para o novo milênio. Há excessos de imposição e uniformização, excessos de autoridade, de irritabilidade e pressa, e se espera as novidades


dos gestos e atitudes que se colocarão como contraponto às ações agressivas, aos modos imperativos, às durezas. A leveza e a delicadeza se apresentam como recursos e habilidades que podemos somar às nossas práticas. E elas se configuram como especial e carinhosa atenção à vida. Aí está a possibilidade de reencantar o mundo por um novo olhar, aquele a se deter nos lírios, nos pássaros, nas sementes de mostarda, nas crianças, nas pessoas. Tudo que é vida é vulnerável... Buscai a vida e a vida trará a mudança, diz Lawrence. Então, não é pelo motivo de estarmos acostumados a ações sempre muito racionalmente planejadas, aos excessos e aos padrões sedimentados que não podemos fazer de outro modo. Há que se perguntar o médico ao se ver diante do seu cliente, o professor ao entrar na sala de aula, o padre ao subir o

altar: o que torno presente para as pessoas pela minha palavra e pela minha vida? Como corporifico a esperança e a novidade? Que maciez ofereço a este mundo marcado pelas asperezas? Conclama-nos, portanto, a vida com vários apelos. Dentre tantos somos convidados a traçar linhas de fuga. Fugir do endurecimento, do mando, do desmando, da intriga, do burocrático, da arrogância, da solidão. E ainda, somos chamados à renovação do desejo de bons encontros, de nos associar às vontades potentes - como as manifestações de ruas mostraram - ao invés de

constituir alianças que se articulam por interesses egoístas e pela mera vontade de poder. Combatei pelo frágil desabrochar da vida...

Dauri Batisti

Um pequeno livro de contos é a minha indicação, de um jovem autor inglês, Simon Van Booy. O amor começa no inverno. São histórias de pessoas que a despeito da solidão e das dificuldades seguem pelas trilhas da esperança e pela busca do amor. O autor parece querer mostrar que a delicadeza e a suavidade ainda se constituem em poderosos instrumentos para tornar a vida mais bonita. É, decerto, uma boa leitura para nos facilitar a entrada em outras paisagens mais humanas e calorosas.

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acontece

Marcha das famílias Entre os dias 11 e 17 de agosto, as orações para as famílias se intensificam com a ‘Semana da Família’ e as paróquias são incentivadas a realizarem atividades voltadas para a relação familiar. No dia 17, a partir das 13h, haverá a marcha das famílias ao Convento da Penha. Os grupos se concentrarão no colégio Marista e seguem rumo ao Campinho, para participarem da Missa, às 15h30. Este ano, o tema da Semana da Família trata sobre a responsabilidade dos pais em transmitirem a fé para seus filhos.

Coleta para Lábrea

A Arquidiocese de Vitória realiza nos dias 24 e 25 de agosto a coleta em prol de sua Igreja-irmã, Prelazia de Lábrea, localizada na região amazônica. As doações feitas durante as celebrações litúrgicas nas paróquias e comunidades têm como objetivo auxiliar o trabalho de evangelização desenvolvido no local. A campanha tem como tema ‘O amor sabe o que é preciso’. A ajuda financeira contribui para o auxílio em três dimensões: saúde, formação e evangelização.

Novos agentes da Pastoral da Sobriedade A Pastoral da Sobriedade realiza nos dias 24 e 25 de agosto um encontro de formação, em Ponta Formosa, para novos agentes atuarem nas paróquias. O encontro será assessorado pela equipe de formadores da própria pastoral, que irão abordar assuntos como o perfil do agente, a identidade, história, ações e frentes de trabalho da pastoral, a vivência dos passos e as drogas e seus efeitos. Para participar, os interessados devem ter atuação na comunidade onde estão inseridos e estar de acordo com o trabalho desenvolvido pela pastoral. As fichas de inscrição devem ser retiradas na paróquia.

Barzinho Cristão Música e barraquinhas irão animar o Barzinho Cristão, promovido pelo Serviço de Animação Vocacional, no dia 31 de agosto, no colégio Sacré-Couer, a partir das 19h30.

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A entrada é gratuita e um dos objetivos do evento é reunir os jovens que participaram da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.


Área pastoral Serrana

Área da Serra/Fundão

w No dia 03 de agosto, de 08 às 17h, na Paróquia de Sant´Ana em Marechal Floriano, acontecerá o segundo encontro, neste ano, da “Escola Litúrgica”. Os representantes das Equipes de Liturgia de todas as Paróquias da Área Serrana terão a oportunidade de aprofundar e atualizar seus conhecimentos litúrgicos, sendo depois multiplicadores em suas Comunidades Paroquiais. A Equipe Litúrgica da Arquidiocese de Vitória coordenada pelo Pe. Jorge Campos Ramos irá assessorar o encontro. w No dia 17 de agosto, a partir das 17h, em Santa Maria de Araguaia, na Paróquia de Sant´Ana, em Marechal Floriano, acontecerá a II Festa Alemã, cujo objetivo é conservar e divulgar as tradições alemãs, principalmente culinárias e musicais, presentes na cultura da população serrana. Este evento será organizado pelos Grupos de Dança Alemã de Santa Maria: “ Grünes Tal e Kinder Danz “. Mais informações podem ser obtidas através de Sr. Werner Bruske, no telefone 9983 – 7146.

w Em dezembro de 2012, na Assembleia de Área constatou-se a necessidade de criar uma Equipe Itinerante de Animação Missionária para assessorar, promover e dinamizar o espírito missionário da Igreja em nossas paróquias e comunidades. A grande movimentação em torno da Jornada Mundial da Juventude e da Semana Missionária Arquidiocesana motivou-nos ainda mais a responder este desafio pastoral com entusiasmo. Para tanto, foi formada uma equipe com seis membros, afinados com este jeito de evangelizar tão peculiar de nossa Igreja. Ficou determinado que a Equipe central deverá ser ampliada: leigo, seminarista, religiosa, diácono permanente, presbítero e leiga consagrada. A Equipe teve seu primeiro encontro, e ficou definido que neste semestre iremos iniciar visitas às diversas paróquias que já desenvolvem algum trabalho missionário, tais como Missões Populares, Infância e Adolescência Missionária e a prática de celebrar o mês missionário em outubro de cada ano.

Área pastoral Benevente w Visita Pastoral em Alfredo Chaves Do dia 14 ao dia 18 de Agosto, o Arcebispo Metropolitano de Vitória Dom Luiz Mancilha Vilela, realiza uma visita pastoral a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Alfredo Chaves. A paróquia está localizada na área pastoral Benevente e possui 45 comunidades eclesiais, dividida em nove setores pastorais. Segundo o Padre Diego, a vinda do Arcebispo Dom Luiz ajudará no processo de revitalização da pastoral que a paróquia vem vivendo: “A vinda de Dom Luiz ajudará aos fiéis leigos a estreitar os laços de amizade e respeito para

com seu pastor, e reafirmará as orientações dadas pelo I Sínodo Arquidiocesano”. w Semana Nacional da Família 2013 No Domingo dia 11 de Agosto todas as Paróquias da Área Pastoral Benevente, estarão iniciando a Semana Nacional da Família, Cujo Tema para 2013 é: “A Transmissão e Educação da Fé Cristã na Família”. Cada Paróquia oferece às suas comunidades subsídios para melhor trabalhar o tema e fortalecer a ação evangelizadora realizada pela pastoral da família.

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saúde

Sucos

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alimentação equilibrada deve fazer parte da rotina diária de todos. Isso inclui uma dieta que contenha carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e fibras. Vale ressaltar que a hidratação também é importante para a manutenção da saúde. Água, chás, leite e sucos naturais são importantes fontes de líquido e consequentemente, hidratam o corpo. Os sucos naturais, além de hidratarem, fornecem vitaminas, minerais e fibras. Podem ser úteis em dietas de perda de peso, além de eliminarem toxinas, auxiliarem

no bom funcionamento do intestino, melhorarem o aspecto da pele e do cabelo, darem mais disposição, entre outros benefícios. Algumas receitas podem ser direcionadas para situações específicas, por exemplo: sucos diuréticos, laxantes, energizantes, etc. O ideal é que sejam preparados com frutas in natura, legumes e verduras frescos, e consumidos logo em seguida, para não ocorrer a oxidação de vitaminas. Além disso, outra dica importante é evitar coar o suco para as fibras não ficarem perdidas no coador. O uso de açúcar também não é recomendado, para que o sabor das frutas prevaleça e as “calorias vazias” contidas no açúcar não estejam presentes. As versões em pó, caixinha ou concentrados devem ser evitadas, uma vez que podem conter açúcar ou adoçante, além de apresentarem sódio e outros conservantes na composição.

Seguem abaixo algumas receitas de sucos naturais e nutritivos Suco 1 w 100ml de água w 1 fatia de abacaxi w 4 morangos w ½ colher de sopa de hortelã w Gelo

Suco 2 w 200ml de água de coco w ½ folha de couve manteiga w 1 fatia grossa de melão w Gelo

Suco 3 w 100ml de suco de limão w ¼ de cenoura w 1 fatia fina de abacaxi w 1 talo de salsão

Suco 4 w 50ml de chá de hibisco w 6 morangos w 3 folhas de hortelã w 100ml de água

Lembrem-se: os sucos podem ser consumidos diariamente. São uma ótima opção para complementar um lanche e fornecer vitaminas e minerais. Mas não deixem também de consumir as frutas in natura. Carol Sessa - Nutricionista

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