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2.2 PARTIDO ARQUITETÔNICO
2.2.1 Quartel Tabatinguera
Devido ao processo de tombamento do quartel, o edifício em questão não poderia sofrer mudanças significativas, por isso, o foco principal da intervenção foi solucionar as patologias constatadas atualmente na edificação, fortalecer a estrutura já existente através da adição de sistemas suplementares de estruturação, a fim de manter ao máximo a forma original do edifício.
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Diagrama 7: Remoção do volume
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. Adequou-se o programa de maneira a remover ou alterar o menor volume possível de paredes da construção, optando aqui somente pela remoção da parte adicionada posterior (diagrama 7) a construção original que descaracterizava a unidade do mesmo e sua unicidade, fazendo com que seja uma nova estrutura, servindo como um ponto de articulação e ligação entre os dois braços do edifício.
O programa para o edifício já existente no lote foi pensado de forma que os espaços atendessem, principalmente, ao uso expositivo e público, estando assim em sincronia com o terreno, que teve seu paisagismo planejado de forma a não existir barreiras e nem caminhos obrigatórios a ser seguido ao caminhar pelo terreno, mas sim espaços livres de circulação entre os diferentes ambientes.
O pátio interno encontra-se, após anos de desuso e falta de cuidado, com uma vegetação alta que impossibilita qualquer acesso a este. A intervenção do projeto revitalizará o local removendo as plantas e árvores que ali cresceram, visto que essas não apresentam qualquer potencial paisagístico, retomando o espaço aberto a circulação no terreno criando espaços de estar e descanso com bancos e locais de sombra,
adicionando uma nova área de convivência. Assim como pontuado anteriormente sobre a topografia, o pátio interno localiza-se em nível diferente da edificação principal, para conectar ambas foi inserido rampa para fins de acessibilidade, pois atualmente a conexão se dá somente por escadas existentes ao pátio central. A revitalização do pátio é de caráter fundamental para o projeto pois através dele se abre outro acesso ao interior do terreno e, consequentemente, do museu, através de uma via com calçadas mais largas do que o acesso principal atual e que possibilita melhor locomoção aos visitantes do local, considerando ainda que após intervenção o local abrigará bancos e pontos de sombra o que aumentará o fluxo de pessoas a este lado da via.
Imagem 40: Setorização do pavimento térreo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. O pavimento térreo, por ser o nível do acesso principal e conter o acesso ao pátio onde se localiza a entrada secundária ao edifício, concentrará o fluxo de pessoas ao interior da edificação e por isso concentrará os ambientes destinado a serviços e suportes diversos, como: sanitários, bilheteria, loja e cafeteria, que foram inseridos próximo à entrada principal criando um núcleo para assim manter os ambientes internos voltados e focados somente as exposições, sem um ambiente multiuso que pudesse prejudicar a compreensão artística.
Pensando também em promover, além da divulgação, o aspecto educacional relacionado a arte com possibilidades e frentes multidisciplinares de atuação, instalou-se no pavimento, próximo ao núcleo de serviço, salas de usos diversos para a realização de oficinais, palestras e projetos de conscientização, para tal e afim de não estabelecer um tamanho único, podendo variar de acordo com o evento em questão a ser realizado, será inserido paredes retráteis que permitirão alterar as dimensões do local para atender a demanda.
Os dois longos corredores, existentes tanto no térreo quanto no primeiro pavimento, servirão também como espaços expositivos além do seu papel de passagem e conexão entre ambos os
núcleos do edifício, permitindo ao visitante acesso a parte do quartel que faz frente ao Rio Tamanduateí que possuirá novas escadas metálicas, instaladas proximas das originais outra que se encontrava em estado de conservação e condições precárias e inseguras para ser mantidas, assim como pensando na acessibilidade, a instalação de elevadores para circulação vertical.
No primeiro pavimento, seguindo a intenção de manter um fluxo amplo de circulação, manteve-se os sanitários no local exato do andar inferior, e o mesmo ocorre com as escadas, que conectam os pavimentos através das extremidades do edifício, a existente localizando-se no núcleo de serviços próximo à entrada principal da edificação e as metálicas inseridas na intervenção nas faces opostas, ampliando assim as possibilidades sem criar um fluxo específico a ser seguido.
Imagem 41: Setorização do 1º pavimento
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
É ainda neste pavimento que se dará a conexão entre o edifício tombado já existente e a nova construção anexa, feita por passarelas existentes tanto na extremidade do núcleo de serviço quanto na extremidade oposta localizada mais próxima a via expressa da Avenida do Estado.
A parte superior da junção dos edifícios, realizada onde antes existia a adição que não respeitava o aspecto histórico construtivo da edificação, permitiu a inserção de um novo espaço ao ambiente criando uma grande varanda que, além de servir de espaço de circulação por conectar os corredores do primeiro pavimento do edifício, possibilita uma ampla vista da cidade
de São Paulo, ponto de destaque em todo o projeto, e pode ser utilizado como praça de descanso.
Buscando ainda manter vivo o aspecto histórico do edifício e seus usos passados, no local que atualmente abriga a capela do edifício, será criado um memorial para representar todas as mudanças históricas, não somente de uso mas também construtivas, ocorridas no edifício assim como um espaço de memória da Polícia Militar, que atuou ali a maior parte da existência do edifício e foi um local de marco para a histórica da corporação.
O edifício tombado conta ainda com um andar subsolo, inicialmente construído com objetivo de elevar o edifício do solo por conta das enchentes causadas pelo Rio Tamanduateí, que devido ao desnível do terreno, este não foi planificado para o uso, tem grande parte inutilizável, não permitindo circulação ou intervenção por conta do baixo pé direito. Tendo em vista essa limitação, optou-se por utilizar a parte acessível do pavimento, localizada na curva de nível 726,0 mais próxima ao rio, somente como apoio técnico, como alocação de caixa d’água e poço dos elevadores além de local de abrigo as novas estruturas que darão suporte ao edifício.
2.2.2 Edifício anexo
O programa do edifício anexo foi criado com o intuito de abrigar espaços relacionados ao uso administrativo, assim como áreas técnicas e acervo documental, permitindo assim que no edifício tombado, com suas características históricas, o foco principal seja um programa ligado as áreas expositivas e educacionais. O visitante pode acessar o local por dois acessos externos: um deles através da praça lateral do lote de implantação do projeto, onde localiza-se a rampa de conexão com a estação Pedro II, e o outro através da praça de integração localizada entre ambas as construções, fazendo assim com que o edifício anexo esteja integrado ao ambiente externo, ainda que o mesmo não esteja na mesma curva de nível do terreno, permitindo assim maior fluidez ao espaço.
A construção apresenta um layout com os seus espaços de uso concentrados em ambas as extremidades, fazendo com que o bloco central do mesmo fique reservado para a circulação, tanto horizontal realizada dentro de cada pavimento, quanto vertical através das escadas localizadas no átrio central, este por sua vez figura de significante importância para o edifício por receber iluminação natural vindo das vedações,
feitas com U-Glass, presentes em frente as escadas e cortando todos os andares do edifício.
No pavimento térreo, o edifício apresenta, conforme já citado, conexão com as praças do lote através de seus dois acessos que guiam o visitante diretamente ao balcão de informações, o espaço conta ainda com espaço destinado a exposições temporárias dispostos em sequência e uma sala multiuso para apresentações ou seminários. Em uma de suas extremidades estão localizados os ambientes destinados ao apoio administrativo, como refeitório para funcionários, vestiários e depósitos e a sala de segurança, como o pavimento apresenta uso misto entre funcionários e o público em geral, permitiu-se aqui uma exceção a diretriz da fluidez de fluxo dos visitantes para fazer com que, uma vez acessado o pavimento em questão os mesmos sejam levados ao balcão de informação e dali para as áreas de exposições, distanciando estes das áreas de uso interno.
Imagem 42: Setorização do pavimento térreo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
Por ser o pavimento no qual ambos os prédios se conectam, o primeiro pavimento, apresenta um programa de voltado mais ao acesso público e com apelo cultural, contendo salas de acervo documental disponível ao público para pesquisas, assim como laboratórios de estudos como acervo fotográfico, cartográfica e bibliográfico.
Vale destaque específico aqui a disposição do programa quanto a implantação das passarelas de conexão entre os edifícios, pensada com foco na fluidez de circulação entre ambas as instalações, criou-se espaços livres de ambos os lados de cada passarela, fazendo com que fos-
sem evitadas barreiras visuais ao indivíduo que utilize a mesma, seja indo para o edifício do museu ou vindo para o edifício anexo, destacando assim o existente contraste entre o novo e velho e também as vistas, com espécie de olhar infinito, inseridas na frente da rampas, permitindo ainda que de dentro edifício sinta-se em conexão com o externo por conta das sacadas.
Imagem 43: Setorização do primeiro pavimento
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
O segundo pavimento da edificação anexa também apresenta um programa mais voltado ao uso interno do que o acesso ao público dedicada a áreas administrativas e de gestão, como diretoria e curadoria, assim como ambientes de apoio técnico, como sala de conservação e restauro, que possuem vidros para que quem estiver passando por ali, consiga ver o que estar acontecendo dentro dessas salas, além de espaços para serviços de manutenção e marcenaria.
Reiterando ainda a importância de uma arte acessível e de fácil compreensão a todos foi instalada neste pavimento uma sala para a instauração de um setor educativo no museu que acompanhe e torna as visitas inclusiva.
Imagem 44: Setorização do segundo pavimento
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
O terceiro e ultimo pavimento, se encontra o acesso aos terraços de acesso público com visão ampla de todo o terreno e visão para a lateral do museu, além de fazer frente para a avenida de maior movimento do local e mais ampla visão permitida da cidade a partir do terreno em questão.
Imagem 45: Setorização do terceiro pavimento
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020. Imagem 45: Setorização do edifício proposto
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
Imagem 45: Setorização do edifício histórico
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.