Higienópolis - Edição 04

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aQuadra

O JORNAL DE HIGIENÓPOLIS E DOS ARREDORES

VIDA DE BAIRRO GENTE GASTRONOMIA ARQUITETURA COMPORTAMENTO VIVER BEM INSPIRAÇÃO D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA - H 0 4

Momento do Nabuco Bar, rabiscado por Francesc Petit, habitué do lugar

De volta a São Paulo e aos palcos, Carolina Ferraz fala sobre seu amor antigo por Higienópolis

O arquiteto Fábio Penteado que faria 90 anos, ganha exposição e livro


Arquitetura Por MAIÁ MENDONÇA

Arquiteto Fábio Penteado. Conhece? Ele faria agora 90 anos. Mestre de obras criativas, ousadas, à frente de seu tempo, participou de dezenas de concursos e projetos, muitos engavetados. Não fosse a homenagem em Portugal, talvez continuasse esquecido

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squecer ou desconsiderar o passado é típico deste país, onde ainda sofremos, nas palavras de Nelson Rodrigues, de “complexo de vira-lata”. O arquiteto Fábio Penteado é um exemplo. Uma das histórias que marcaram sua carreira é a de um concurso promovido pela prefeitura de Campinas, para a construção de um teatro de ópera para a cidade. Ficou em segundo lugar. Depois, seus desenhos foram enviados, quase por engano, para a I Quadrienal de Teatro de Praga, que contava com a participação de arquitetos do mundo inteiro, e a obra recebeu a Medalha de Ouro. Não era bom para Campinas, mas era perfeito para Praga... A situação desagradável acabou sendo contornada com o convite da prefeitura para que projetasse o Centro de Convivência Cultural.

Premiadíssimo, considerado um dos maiores arquitetos brasileiros, reconhecido no mundo inteiro, Fábio Penteado ficou esquecido em algum lugar dos anos 1960 e 1970. Não fosse estar, neste momento, sendo homenageado com a exposição Irradiações, na Casa de Arquitectura, na cidade do Porto, em Portugal. Por aqui? Até agora nenhuma manifestação oficial. Salvo as ações programadas pelo Arquivo Fábio Penteado para o segundo semestre, que incluirão a montagem de uma exposição a respeito da história do mestre, da qual irão constar desenhos de projetos feitos para concursos ou sob encomenda, muitos dos quais não chegaram a ser construídos. Fábio será lembrado, também, em livro assinado pelo jornalista Paulo Markun.

Fotos e desenhos: Acervo Fábio Penteado

No alto, fachada, piscina e restaurante da Sociedade Harmonia de Tênis, clube hoje tombado. No centro, ilustração para o Monumento Comemorativo dos 30 anos de Goiânia. Abaixo, ilustração feita para o Mercado do Portão, Curitiba. Na extrema esquerda, o arquiteto em sua prancheta, e perspectiva do Monumento da Playa Girón, Cuba, 1962


Memória

Nabuco: bar e restaurante pioneiro A ideia era que, ali, todo mundo sempre encontrasse um amigo ou conhecido

Acima, o logo do Nabuco, desenhado por Francesc Petit, que aqui aparece num autorretrato. À direita, Lygia Fagundes Telles e Pedro Paulo Sena Madureira

Corria o ano de 1993, quando o sociólogo e amante de uma boa mesa Carlos Alberto Dória teve a ideia de instalar, na Praça Vilaboim, um conceito novo de bar e restaurante. Reuniu uma turma de pesos-pesados, como Fernando Morais e Pedro Paulo Sena Madureira, entre outros, e com eles abriu o Nabuco Bar (batizado em homenagem ao jornalista e historiador Joaquim Nabuco, e referência à ópera de Verdi). Carlos Alberto era a figura inventiva; Felipe Crescenti, o arquiteto; Pedro Paulo fazia o social; e, na cozinha, estava Ana Soares (hoje Mesa 3) e seu menu de sotaque brasileiro diferente e delicioso. A proposta era manter

a casa aberta o maior tempo possível e fugir da culinária italiana que o vizinho Café Romano servia. E era tudo o que tinha ao redor da pracinha. O Nabuco foi um sucesso desde o dia em que abriu. A fórmula era simples: o bar, logo na entrada, servia bebidas, petiscos exclusivos, sanduíches maravilhosos (o com queijo do reino é inesquecível); o restaurante, no mezanino ao fundo, tinha cardápio criativo (um dos carros-chefes era o carioca camarão com chuchu); e a frequência misturava intelectuais, artistas, socialites e a mais fina sociedade paulistana. “Tônia Carreiro, quando vinha a São Paulo, me ligava e pedia para reservar a mesa

dela”, conta Pedro Paulo, que assistia, todo final de tarde, ao dr. Olavo Setúbal e sua mulher Daisy chegarem discretamente para tomarem uma caipirinha de verdade, de pinga e limão. Assíduos, também, eram a família Petit (leia-se DPZ), a turma da W/Brasil, Ignácio de Loyola Brandão, Beatriz Segall, a família Nabuco e outros quatrocentões, entre tanta gente que chegava a fazer fila na porta. “Era uma loucura, e muito divertido”, relembra Pedro Paulo.

Carlota e a melhor gastronomia desde 1995 Fotos: Gil Cesar; Lucas Terribili; Roberto Sebá (arquivo pessoal); Ilustração: Francesc Petit (arquivo Pedro Paulo Sena Madureira)

O famoso restaurante, da chef Carla Pernambuco, está instalado na mesma casinha branca da rua Sergipe

Como você teve a ideia de abrir o restaurante em Higienópolis? Vivo há trinta anos no bairro. No início da década de 90, morei por três anos em Nova York com minha família. Na época, bairros como Soho, Village, Chelsea eram cheios de pequenos bistrôs de comida autoral, tocados por casais de proprietários. O Fernando e eu ficamos inspirados. Você imaginava a grande mudança que o bairro viria a sofrer? Imaginava que um bairro histórico atraísse mais gente para seguir o nosso estilo de vida.

Qual era sua proposta original? Era atender a vizinhança com comidinhas para take out, mas o rumo mudou e virou um restaurante. Você se mantém fiel ao menu? Sim e não. Todos os anos, damos uma renovada no cardápio e mantemos alguns pratos. Este ano, de 24 pratos, conservei seis. Quais são as novidades do novo menu? Comida saborosa, com pouca gordura, muitas verduras orgânicas, ervas, especiarias, peixes e carnes especiais. Você sempre cozinhou? Sim. Fiz vários cursos e frequentei escolas em Nova York. Aprende-se muito em 59 anos de vida... Você é a autora do famoso suflê de goiabada com catupiry? É uma adaptação de uma receita de minha avó uruguaia. Ainda bem que registrei, em 1998, no meu primeiro livro, Comidas favoritas. Ele é extremamente copiado. Como é sua rotina aqui no bairro? Faço pilates na Itacolomi e compro pão na Fabrique. Adoro a Quitanda da Dalva. Gosto do restaurante La Frontera, da pizza de atum da Camelo e do delivery do Sushi Papaia. Sou a verdadeira moradora do bairro.

Acima, Carla Pernambuco, a superchef, e o famoso suflê de goiabada, muito copiado em todo o país. À esquerda, a fachada do Carlota, sempre a mesma.

Carlota Rua Sergipe, 753 Tel.: (11) 3661-8670


Gastronomia

Nosso Meatpacking District Desde os anos 1990, moradores e frequentadores estão assistindo à transformação de Higienópolis numa versão paulistana do mais apetitoso bairro de Nova York. Depois, chegaram o La Frontera, o Ici Bistrô, a Mercearia do Francês, a Trattoria Tavolino, o Antonietta, o Nambu Cozinha de Raiz, o MoDi... E não para por aí

Vegano, bacana e delicioso Daniele e Fabio Zuckerman moraram em Miami por seis anos. Foi lá que adotaram a alimentação vegana e conheceram Matthew Kenney, o primeiro chef plant base do mundo e precursor dos restaurantes especializados em alimentação vegana saborosa, bonita e balanceada. Ficaram amigos, e resolveram abrir uma filial do renomado Plant Made em uma das casinhas em torno da Praça Vilaboim, que deve abrir as portas em meados de maio. O menu se apoia em plantas, raízes e condimentos, todos orgânicos. Carne, leite, ovos e outros produtos de origem animal não passam da porta, assim como quase nenhum alimento processado. Até mesmo a soja, por não ter certificação 100% garantida, não tem lugar em seu cardápio. “Estamos com uma carteira de fornecedores bem sérios”, confessa Daniele. Segundo ela, abrir o Plant Made envolveu um traba-

lho minucioso de pesquisa de ingredientes, a manutenção de dois cozinheiros por três anos com Matthew Kenney, e a procura do ponto ideal em Higienópolis. O menu do Plant Made brasileiro tem um leve sotaque local, “Optamos por uma leitura das delis judaicas de Nova York, com os reubens, iogurtes, panquecas e alimentos o mais light possível”, diz Daniele, que revela terem sido feitas releituras do pão de queijo, da Nutella com açúcar de coco e do tostex de queijo elaborado com nozes germinadas, fermentadas, envelhecidas e aromatizadas com ingredientes orgânicos e nutritivos. E a batata frita entrou no cardápio, para acompanhar os búrgueres. As surpresas do menu são o macarrão cacio e pepe com molho caseiro e a lasanha de abobrinha com tomate seco e ricota feita com castanhas. Praça Vilaboim, 111 @plantmadesp

The Little Cronin Rua Goiás, 46A Tel.: (11) 3667-2354

Esse pequenino pub é tocado por um irlandês, Jeff Cronin, com larga experiência em restaurante e hotelaria em Nova York e Londres, e pela mulher, a cineasta paulistana Tayla Tzirulnik. Resolveram abrir o The Little Cronin, um lugar onde trabalhadores e moradores do bairro pudessem tomar um café, almoçar, petiscar e, claro, beber um chope ou coquetel. Da vasta carta de drinques ao menu de pratos e acompanhamentos, o sotaque é irlandês: o chope é Guinness, o bloody mary é um mix feito na casa de suco de tomate e espumante Fausto Brut branco tradicional. Para petiscar, sanduíche de bacon de carneiro e queijo gruyère. Para adoçar o Irish cake, bolo de maçã verde com calda butterscotch e chantili. E, para terminar, um espresso bem tirado ou o verdadeiro Irish coffee. Confira!

www.brennheisen.com

@brennheisen

Fotos: Divulgação

Como na Irlanda


Gastronomia

Le Jazz is coming soon. Welcome Comemorando os dez anos de sua inauguração, o Le Jazz se instala no Pátio Higienópolis, com 95 lugares e uma enorme varanda, onde antes estavam a Livraria da Vila e o Café Santo Grão. “Adoramos o espaço, o bairro sempre nos atraiu e nossa varanda dá para o jardim e para um casarão tombado e lindo”, comenta Gil Leite, um dos sócios. “O padrão é o mes-

mo dos outros Le Jazz”, explica o arquiteto Fabio Bruschini, assim como os pratos que sairão da cozinha comandada pelo chef-sócio Chico Ferreira. Clássicos como Ovo Mollet, Moules et Frites, L’Entrecôte e Steak Tartare estarão lá, mas estão previstas outras novidades. Abrirá em junho. Shopping Pátio Higienópolis Piso Pacaembu

Pizzas clássicas ou inusitadas

Monte o seu burguer

A Rua Mato Grosso acabou virando um point de restaurantes interessantes. O Antonietta, já conhecido do bairro, mudou-se para onde era o extinto José, e ficou ainda mais charmoso. Onde era o Antonietta está o bistrô Oui. Mas a última novidade é a pizzaria Ciccillo, projeto do ex-gerente do Vicapota, José Araújo, que se instalou num enorme espaço todo de vidro escuro que mais parece um restaurante futurista do que uma pizzaria. No comando do forno, está o pizzaiolo Ivano Sommadossi, que faz questão de montar suas pizzas em massa fermentada naturalmente e de ter as coberturas clássicas e outras combinações mais exóticas como a pancetta não defumada com molho de tomate, ovo de codorna, cebola-roxa, parmesão e pimenta-do-reino, e a tagliata com molho de tomate, fatias de carne, azeite e parmesão.

O chef Dado Lima fez o caminho inverso: primeiro foi para Marbella, na Espanha, onde abriu a hamburgueria Toro, e então trouxe o conceito para cá. A pegada exclusiva do Toro são os ingredientes de primeira, as verduras orgânicas, os pães especiais e os molhos incrementados, e proporcionar a combinação de ingredientes inusitada (como pães, o queijo edam, o jamón espanhol, a mostarda com mel...). Exemplo? O Torre Eiffel combina o búrguer com brie, rúcula, tomate chapeado e geleia de pimenta. E mais a possibilidade de o cliente montar seu próprio burguer – como diz o chefe, “lanche bom é aquele que o cliente monta do seu jeito”. A casa oferece, num ambiente de restaurante, saladas, sobremesas e uma vasta carta de drinques criada pelo barman Milton Lopes.

Rua Mato Grosso, 428, tel.: (11) 2628-9157

Praça Vilaboim, 77, tel.: (11) 3661-1294

Fotos: Divulgação

#achamosegostamos

JAGUAR BAR O carro-chefe são as milanesas de carne bovina, porco, cogumelos e aquafaba. De noite, a casa é bar. Ao lado, fica a pizzaria Napolitano. Rua Duque de Caxias, 421 @jaguar.bar.sp

CAFÉ BENTO 43 Ocupa a varanda e o mezanino do prédio do IAB, com mesas e cadeiras descoladas e diferentes. Cafés variados, salgadinhos e sandubas estão no menu. Rua Bento Freitas, 306 @bento43cafe

VELA MADE IN SÃO PAULO Uma loja que só vende velas, aromatizadores e essências puras, e que tem a cidade como inspiração. Rua Cesário Motta, 367 Tel.: 3129-8993 @vela_madeinsaopaulo

BAR DO COFRE SUBASTOR Ele fica dentro do cofre do hoje Farol Santander. É tocado pelo pessoal do SubAstor e serve drinques e outras delícias. Rua João Brícola, 24 @bardocofre

MR. CHENEY Cobiçados nos Estados Unidos, esses cookies são feitos com a mesma receita americana e chocolate ruby da Barry Callebout. Pátio Higienópolis, piso Buenos Aires Tel.: (11) 3823-2588


Gente

Um caso de amor declarado

Já faz um ano que as calçadas sóbrias de Higienópolis reverenciam o jeito casual-agitado da atriz Carolina Ferraz, essa quase nova moradora, apaixonada pelo bairro, que faz questão de curtir a pé os seus encantos e hortaliças, prefere as do sacolão Higienópolis, na Dona Veridiana, enquanto o pão é na Fabrique. E ela adora as coxinhas do árabe Schehrasade e o hambúrguer artesanal do Q-Burger, ótimo para levar crianças. E quais são seus planos?, eu pergunto. “Estou com a peça Quando tudo estiver pronto, de novo com o Otávio Martins e mais quatro atores, que estreia dia 21 de junho e fica no Teatro Folha até setembro.” Mais um livro de gastronomia?, quero saber. “Adoraria, mas ainda não está nos meus planos.”

O apartamento da atriz como que se espalha por um grande corredor, com ambientes interligados e uma cozinha montada para quem adora cozinhar

Teatro Folha Pátio Higienópolis Avenida Higienópolis, 618 Tel.: (11) 3823-2323

andar alto de um edifício com vista para o céu. De sua janela, enxerga a copa das árvores do Colégio Sion e, no pôr do sol, a luz é linda. É ali que ela vive com as duas filhas, cercada pelos móveis que a acompanham aonde vai, em meio a uma decoração “ainda em construção”, descontraída, que é a cara dela. E com uma cozinha bem equipada para quem ama cozinhar. “Adoro cozinhar, aprendi muito com minha mãe, mas, como sou curiosa e não tenho medo de errar, vou fazendo minhas tentativas, até ficarem boas. Uma receita de família de muito sucesso é a farofa feita com farinha de pão dormido, ralada no ralo grosso, temperada, que pode ser misturada com tudo. É uma delícia”, diz ela, que faz suas compras na feira da Rua Mato Grosso. Para frutas

Luiza Sato

Shiatsu Relaxante Acupuntura Reflexologia Shiatsu facial Drenagem linfática Massagem desportiva Ayurvédica

E OLUÇÃO PILATES UNIDADES Higienópolis Rua Goiás, 121, tel.: (11) 38257542 Moema Av. Sabiá 208, Te.: (11) 5051 3116 Morumbi Av. Dr. Alberto de Oliveira Lima 105, tel.: (11) 37588337 Alto de Pinheiros Av. São Gualter, 1362, tel (11) 3022 2926 Parque do Ibirapuera Rua Manoel da Nóbrega, 1934. tel.: (11) 3887 5577

Fotos: Ana Mello

C

omo foi a volta a São Paulo?, é a primeira pergunta que faço. “Fui muito bem-recebida. Eu me sinto acolhida aqui. Depois de vinte anos morando no Rio, mesmo sempre vindo e indo na ponte aérea, voltar com móveis e bagagens é diferente”, conta ela, que escolheu Higienópolis por achar que, de todos os bairros que conhece na cidade, é um dos mais humanos, onde as calçadas são largas, as pessoas fazem cooper na rua, passeiam com seus cachorros, vão ao shopping, tudo a pé ou de bicicleta. “Esse é um bairro que tem tudo, muita coisa a ser descoberta, não pego o carro para nada. É como morar no Leblon com um mordomo descolado só seu”, completa. Carolina Ferraz mora em um


Gente

Profissão: repórter Paulo Sampaio queria ser o “sombra”, passar despercebido e só sacar o que rola sem ser notado Marcamos de nos encontrar na padaria. Somos quase vizinhos. Cheguei antes. Pouco depois, chega ele, Paulo Sampaio. Senta-se à mesa e dispara uma metralhadora de perguntas sobre mim... Comento: “O entrevistado aqui é você...”. Ele ri, concorda, e diz que é vício da profissão: adora entrevistar pessoas, descobrir o que está por trás da máscara social.

Ótimo nas perguntas que faz, é capaz de tirar leite de pedra nas entrevistas

Fotos: Divulgação

Zum-zum-zum em Higienópolis Foi aprovada uma lei pelo Conpresp referente à derrubada de duas casas na Rua Tinhorão e uma na Rua Piauí, para a construção de um edifício. Vai descaracterizar o bairro? É uma das perguntas. aQuadra Higienópolis buscou respostas com o advogado dr. Marcelo Manhães, um dos nove conselheiros do Conpresp. “Foram levadas em conta duas deliberações: o tombamento da Praça Vilaboim e do edifício Louveira, e restrições de gabarito.” A conclusão: já há um prédio na Tinhorão e a equação entre largura da rua e volumetria da construção em nada afetaria o bairro, já bastante verticalizado.

Essa intimidade que se cria não deixa de ser o background da nossa entrevista. Ele pede um café forte e segue na sua caça para me descobrir. E ele é bom: respondo a tudo o que pergunta. Não é à toa que ele é conhecido como “maldito”: não só descobre os segredos de seus entrevistados como os revela em um texto ácido e com humor. Mas quem é Paulo Sampaio? Carioca, veio para São Paulo com 20 e poucos anos, e conviveu nas redações com os grandes nomes do jornalismo. Paulo hoje assina uma coluna no UOL, onde entrevista de musas de ontem a jovens estrelas. “Não saio de casa pensando em ser malvado. Mas não vou comprar o que querem me vender. Não abro mão da minha matéria para sair bem na foto.” Paulo mora em Higienópolis há 20 anos. E vive o bairro a pé. Faz academia na Blue Fit todos os dias, recomenda o falafel do Fadafala. Mas gosta mesmo é de curtir seu apê. Ele é “maldito” no papel. Na vida real... só conhecendo.

Personalidade e estilo Quem gosta de moda se acostumou a ver a a jornalista – e nossa vizinha – em todas as mídias

Com cabelos curtíssimos, óculos enormes e um jeito próprio de se vestir, Lilian Pacce está sempre com seu microfone nos bastidores dos desfiles de moda mais prestigiados. “Tirei folga da televisão, em 2018, para cuidar da minha plataforma digital, do meu site, de minhas redes sociais e de meu atual xodó, o YouTube”, conta ela, que acaba de ser nomeada embaixadora da startup Ready to Go Tech, um programa de aceleração de startups que busca soluções inovadoras e sustentáveis para a indústria têxtil e de moda. “Se as empresas não reduzirem gastos e maximizarem lucros, elas vão per-

der o trem da história”, explica. “Ou as empresas de moda acordam para essa nova realidade ou... É preciso repensar a cadeia inteira, tanto as empresas quanto o consumidor.” Mas não é só. Ela acaba de lançar O biquíni made in Brazil, pela Editora Arte e Ensaio, livro que levou 13 anos para ficar pronto, nas versões ebook e audiobook. Lilian sempre foi fã de Higienópolis. Quando se casou (com o jornalista Leão Serva), mudou-se para o bairro, onde criou seus filhos, estimulando o convívio com a cidade, o uso de outras formas de transporte. “O mundo está muito maluco e muito fascinante”, conclui.

Ela tem um jeito único. E foi amiga de nomes como Karl Lagerfeld

A elegância que veio de Curitiba

A Lafort desembarca, com suas impecáveis criações, em pleno Pátio Higienópolis

Irit Czerny praticamente nasceu dentro da malharia da família. Passou anos fazendo tricôs – entende tudo de fios, misturas, resultados – até lançar sua coleção: a Lafort. Abriu a primeira loja em Curitiba (terra natal), outra no Rio de Janeiro e, agora, em São Paulo. A loja, em tons nude e linhas arredondadas, projeto do Studio Galvez De Vitto, parece ter sido feita para as peças que estão nas araras. “A dupla Beto e Nórea traduziu o que eu queria”, conta Irit, que escolheu o Pátio por considerá-lo o shopping mais gostoso da cidade, com um público com o perfil da marca.

Como é a mulher Lafort? “Elegante e moderna”, explica ela, que dá atenção especial à modelagem. Tons macios, como o rosa cremoso e o azul-água, foram baseados em uma exposição de Hilda Klint que ela viu em Nova York. A textura dos materiais, as tendências internacionais são suas inspirações. No mais, a liberdade dos anos 80 está na releitura de brilhos e formas. A malharia é ponto forte e conversa com tecidos mais estruturados. Couro fake aparece aqui e ali, até porque projetos de ecologia, sustentabilidade e inclusão social estão por trás da marca. Com

Irit faz questão de chegar todos os detalhes antes de aprovar um modelo

duas coleções por ano , a Lafort tem tudo para cair no gosto da paulistana, que, ao contrário do que cantou Caetano no passado, faz questão de elegância.

Piso Higienópolis Tel.: (11) 3823-2893


Viver Bem Ilustração FABRIZIO LENCI, VAPOR 324

Mais sono, mais saúde

S

e você está lendo o jornal aQuadra logo cedo, tomando um café na padoca, dando um bom-dia sorridente para todos, é quase certo que você é um dos raros humanos de sorte que escapou da sedução das redes sociais e do excesso de demandas profissionais que se prolongam na calada na noite. O tal feixe de luz entra diretamente pelo núcleo do quiasma óptico e chega aos fotorreceptores interrompendo o ciclo do sono e vigília, e nos dizendo que neste exato momento, três e meia da manhã, já é dia. Mas e os nossos hormônios? Será que entendem o novo ritmo do planeta? Tantas mudanças nessa nova natureza confundem a glândula pineal (que produz melatonina), com tantas luzes piscando em janelas, ruas, TVs, computadores e o maldito celular insistindo em impedir os nossos sonhos. Mas, afinal, por que não A dra. Vânia conseguimos dar o fim nesse modelo de sobrecarga Assaly é médica neurótica? Será a tal voracidade do conhecimento, endocrinologista o café, o cigarro, o jantar, ou a pavorosa solidão? e nutróloga. Hoje estamos mais doentes por conta da poluição Atua na área luminosa, com tantas luzes nos tornamos hipertende medicina funcional e sos, cardiopatas, gordos, diabéticos, deprimidos, perpreventiva demos músculos, temos até osteoporose e câncer.

Sim, os estudos mostram que mudanças no ritmo circadiano confundem os nossos ritmos internos colocando em risco todos os modelos de sincronicidade do homem com o universo. Essa inteligência biológica, que se valoriza na medicina oriental e hoje na área de medicina do sono, é estudada como um dos principais vetores de múltiplas doenças crônicas. Com o conhecimento da biologia molecular, pudemos compreender que cada célula tem um ritmo e, assim, os órgãos trabalham de forma integrada pela simples regência de feixes de luz que oscilam como maestros de uma orquestra chamando cada gene para agir no momento certo. WOW! Tanta magia nessa tal sinfonia epigenética que abre e fecha a sanfona dos genes tecendo proteínas, hormônios e toda matéria que nos torna humanos. Uma incompreensível inteligência biológica que repete o mundo externo em cada pedacinho de nós. E eu aqui acordada, subjugando o risco de sincronização do eixo psiconeuroimunoendócrino e obcecada em terminar o texto, vou passar por você amanhã cedo na padaria e morrer de inveja do seu bom humor.

Apaixonados por arquitetura O desafio de encontrar o lar ideal nunca foi tão prazeroso

Fachada do escritório na avenida Angélica, Nº 2395 Loja 5. Foto André Scarpa.

A paixao por arquitetura rendeu também três livros sobre os "Prédios de São Paulo"!

CRECI 27450 - J

Foto: Divulgação

Interior da loja com reforma assinada pelo Arquiteto Almiro Dias. Foto André Scarpa.

Quando Matteo e Octávio, fundadores da Imobiliária Refúgios urbanos, entraram pela primeira vez no edifício Helena Arluzia (no alto da avenida Angélica), foi amor à primeira vista. Estavam buscando um apartamento para um cliente que queria uma sala "gigante" e encontraram ali a pérola que cobiçavam. Naquela oportunidade foi impossível atravessar o jardim sem notar as oito lojas do térreo, todas com pé direito duplo e vão livre. Bastou um olhar e estava decidido: um dia o escritório da firma teria aquele endereço. O sonho demorou, mas se tornou realidade. Alguns muitos meses depois, conseguiram negociar a loja que virou a nova “casa” da Refúgios Urbanos. E é isso que essa galera de consultores apaixonados pelas histórias e arquiteturas da cidade faz no dia a dia. Procuram espaços especiais para pessoas únicas. Uma curadoria de atendimento e produto para uma das tarefas mais importantes da vida moderna: conectar moradores e seus novos lares. Ficou curioso? Descubra mais em refugiosurbanos.com.br


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