A participação indígena no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina1 Viviane Wermelinger Guimarães * Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo (MAE-USP) O Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral (MArquE) teve sua formação a partir de objetos coletados por pesquisadores da universidade, objetos que são frutos de pesquisas de campo e que posteriormente são utilizados para o ensino, a pesquisa e a extensão. Originou-se do Instituto de Antropologia, criado por meio da Resolução nº 017/68 do Conselho Universitário, do dia 2 de maio de 1968, 6 anos depois da criação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), utilizando como cenário de fundo o Curso de História da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFSC.1 O principal articulador do instituto foi o Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, titular da cadeira de Antropologia, com os professores Walter Fernando Piazza e Silvio Coelho dos Santos,2 este último assistente do Professor Oswaldo no início da década de 1960. O Professor Silvio Coelho dos Santos foi um dos primeiros pesquisadores na área de etnologia indígena. Em 1962, fez seu primeiro trabalho de campo quando era aluno do Curso de Especialização em Antropologia no Museu Nacional. Nesse trabalho realizado junto à População Indígena Ticuna, Silvio Coelho coletou artefatos e fez imagens que foram depositadas no Instituto para serem utilizadas como material didático e de pesquisa.
1. Este artigo baseia-se na dissertação de Mestrado da mesma autora, intitulada Exposições museológicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina: espaço para construções de parcerias (Guimarães, 2014).
A reforma universitária implantada na UFSC em 1970 culminou na transformação do Instituto de Antropologia em Museu de Antropologia, pois na época acreditava-se que a palavra Instituto era incompatível com a estrutura da Universidade que contava com departamentos, centros e subreitorias. No começo, a mudança de nomenclatura não transformou o caráter científico da Instituição, que ainda priorizava as atividades de pesquisa, mas com o tempo passou a assumir, paralelamente, atividades próprias de museu, principalmente nas áreas de Arqueologia e Etnologia Indígena. Assim, foi o primeiro museu universitário de Santa Catarina. O visitante sentiu-se mais próximo da Instituição quando ela se transformou em Museu, pois estes são abertos ao público e oferecem atividades relacionadas às suas pesquisas e acervos, diferentemente de um instituto de pesquisa, que tem o seu foco internalizado, pois seus trabalhos são realizados com os seus pesquisadores, professores e alunos. Nesse momento, o público interno e externo da UFSC passou a procurar o Museu para conhecer o acervo originário das pesquisas arqueológicas, etnológicas e de antropologia física. Mas os pesquisadores não estavam preparados para o atendimento ao público, principalmente escolar, e as instalações não contemplavam espaço para exposições do acervo. Foram construídos três anexos para abrigarem as exposições, mas essas construções eram de caráter temporário, inseguras para os acervos e os visitantes.
2. Diretor do museu no período de 1970 a 1975.
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