Sobre os frigoríficos estrangeiros
e sua relação com o mercado exterior
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O
investimento dos países europeus em terras sul americanas apropriadas à pecuária remonta ao século XIX. Um dos elementos desse interesse residiu na história do “extractum carnis”, assim batizado pelo químico alemão Justus Von Liebig, que junto com seu sócio Friedrich Von Wohler elaborou a fórmula e processo desse produto alimentício por volta de 1850. O interesse de Liebig em um alimento indicado para doentes que não poderiam ingerir sólidos motivou-se pela enfermidade de uma grande amiga. As características do produto deveriam ser a facilidade do preparo, a riqueza nutricional e o custo mais baixo em relação aos similares que se produziam em casa. Assim, Liebig e seu sócio desenvolveram um processo de cocção da carne bovina que a reduzia a uma essência cremosa com alta concentração dos seus principais nutrientes. Desenvolvendo o processo, Liebig chegou a produzir um pó que quando misturado à agua fervente e depois de cozido, resultava em uma sopa concentrada. Em meados da década de 60 do século XIX, o extrato de carne era um produto aclamado e muito consumido na Europa: Foi vendido na Farmácia Real de Munich e à princípio era usado para tratar de convalescentes ou pessoas enfraquecidas. Seu preço era muito alto, razão pela qual seus consumidores constituíam um grupo seleto de pessoas com dinheiro. O alto custo não se devia ao processo mas ao valor da matéria prima necessária. Já naquela época o gado bovino na Europa era caro e para elaborar 1kg de extrato eram necessários 32 de carne. Assim, produzir um extrato a nível industrial neste contexto não era possível. (EL OBSERVADOR, 2011, p. 16).