Street Art Magazine

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LISBOA, PORTUGAL 2021

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CONTEÚDO: ENTREVISTA - Mrs. Papillon - El Barto - Keith Haring

REPORTAGEM - Campo Chicago de Halfstudio - Big Trash Animals - Elevador de Entrecampos

ROTEIRO - Meet Vincent Van Gogh - Banksy: Genius or Vandal? - Museu Coleção Berardo - Soul: Uma Aventura

CRÓNICA - Arte ou Destruição?

com Alma

- Fundação Calouste Gulbenkien: Hergé - Ler Devagar

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MRS. PAPILLON KEITH HARING EL BARTO

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ENTREVISTA

FOTOGRAFIA: ARTISTAS


MRS. PAPILLON, EL BARTO E KEITH HARING Entrevista

Mr. Papillon– Bom dia caros amigos, estamos aqui com El Barto, e... El Barto– Bom dia! sou o El Barto, aquele que pinta as ruas de Springfield. Mrs. Papillon– E o famoso Keith Haring. Keith Haring– Boas. Sou o Keith Haring, sou street artist. Mrs. Papillon– E viemos aqui contar um pouco do percurso de cada um. Começando, como é que cada um de vocês começou a sua carreira na street art? El Barto– posso começar? Então, eu chamo-me Bart Simpson. Comecei desde pequeno a passar o tempo livre no estúdio do meu pai, que tinha uma paixão por aquarelas, óleo e típicas cenários da cidade, aventuras por volta de graffiti ilegal em Springfield e por todo o mundo. Fui tirar um curso superior na faculdade de belas artes em Springfield, descobrindo a variedade de materiais possíveis para fazer a minha arte. Keith Haring– eu comecei a ficar

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conhecido nos anos 80, considerado um dos melhores ativistas, e também se referem a mim com um dos artistas mais diferenciados da altura pois trabalhava com cores e um estilo único. E tu Mrs. Papillon? Mrs. Papillon- chamo-me Beatriz fora do mundo da arte. Tirei um curso na Universidade das artes em Londres. Iniciei pintura em 1998 com apenas onze anos. Pintava muros de ruas e nas estações de metro em Lisboa.

INSPIRO-ME NAS PESSOAS À MINHA VOLTA, NA EMOÇÃO QUE SE TRANSMITE COM APENAS UM OLHAR OU UM SORRISO.


El Barto- O que é que vos inspirou/ influenciou para descobrirem o vosso estilo artístico? Keith Haring- Isso é uma pergunta muito interessante... pena que não tenha pensado ainda uma resposta muito elaborada sobre a questão. Mas penso que a minha principal foi exprimir uma ideia diferente de arte... à minha maneira. Mrs. Papillon- eu inspirei-me nas pessoas à minha volta, na emoção que se transmite com apenas um olhar ou um sorriso. El Barto– Para as minhas peças inspirei-me no mundo cartoon e o problema aqui é que as pessoas não se podem esquecer da sua infância então quero transmitir a mensagem de nunca esquecer a sua criança interior. Keith Haring- Então... Agora é a minha vez de fazer uma pergunta. Para vocês o que é a street art hoje em dia? Mrs. Papillon– Para mim street art é uma forma impressionante de poesia visual, exibida em todo o mundo em ambientes internos e externos, descrita como brutal e complexa, mas imbuída de uma simplicidade que fala ao cerne das emoções humanas. Uma reflexão contínua sobre a identidade, sobre a vida nas sociedades urbanas contemporâneas e seus ambientes saturados, explora temas como a luta entre as aspirações do indivíduo e as demandas da

vida cotidiana, ou a erosão da singularidade cultural em face do modelo dominante do desenvolvimento globalizado e da realidade cada vez mais uniforme que vem impondo em todo o mundo. El Barto- Para mim street art é uma maneira de comunicar mensagens para todo o mundo de uma maneira criativa e chamativa... Keith Haring– Concordo com tudo o que disseram, mas ainda tenho a acrescentar que a street art não é só uma maneira de comunicar diferente do normal, é também uma forma de nos expressarmos da maneira os teus sentimentos ou opiniões sobre temas que se fossem abordados de outra maneira poderiam ser levados a mal.

STREET ART É UMA FORMA IMPRESSIONANTE DE POESIA VISUAL

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FICÁMOS AMIGOS QUANDO A ENTREVISTA TERMINOU... 8 STREET ART MAGAZINE


CORONAVÍRUS EA

Mrs. Papillon– como é que a pandemia afetou o vosso trabalho? El Barto– Bem, posso dizer que foi realmente complicado, porque que quando apareceu o vírus fomos todos para casa, e o nosso trabalho é lá fora então foi difícil continuar a comunicar com as pessoas durante uns 6 meses, então optei por comunicar através das redes sociais e ia ás escondidas de vez em quando lá para fora não só para respirar, mas também para criar algo...e quando ia lá para fora e ver que não havia ninguém na rua foi extremamente triste visto que estamos habituados a ver todos os dias pessoas na rua... Keith Haring– No início não liguei muito, pelo simples motivo de eu não ter trabalho em nenhum projeto importante ultimamente, mas depois de algum tempo comecei a sentir falta de voltar à rotina. Respeitando todos os conselhos que nos davam sobre o distanciamento social, e para ficarmos resguardados em casa, voltei mais aos trabalhos manuais mais simples como nos velhos tempos. Mrs. Papillon– também afetou

muitas exposições que tinha pelo mundo, já não podemos estar todos juntos sem correr algum tipo de risco e as viagens infelizmente estão muito mais escassas. E para terminar, querem falar sobre alguma aventura que já tenham vivido graças a esta vida de artista de rua? Eu cá nunca tive muitos problemas. Keith Haring– Hamm... Agora que penso ultimamente tenho me mantido pouco aventurado nos últimos tempos, graças as obras que posso fazer com permissão. Mas antes, quando mais miúdo, era um grande rebelde. El Barto– Sempre que saio á rua tenho sempre medo das autoridades, mas o meu skate sempre me ajudou a escapar da polícia... Keith Haring – bem, muito obrigado por esta conversa interessante, deu para distrair-nos um pouco desta realidade muito estranha em que nos encontramos agora. Mrs. Papillon– Obrigado e até à próxima! El Barto- Foi um prazer estar aqui convosco e espero que continuemos a estabelecer contacto...

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LISBOA, 2010

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REPORTAGEM

FOTOGRAFIA: VÁRIAS OBRAS DE ARTE


FOTOGRAFIA: Campo Chicago, Chelas

CAMPO CHICAGO DOS HALFSTUDIO 12 STREET ART MAGAZINE


A ARTE URBANA CHEGOU AO CAMPO DE BASQUETEBOL EM CHELAS E SAM THE KID DÁ-LHE MÚSICA! A intervenção esteve nas mãos da dupla Halfstudio. O campo está aberto à comunidade para todos poderem voltar a jogar basquetebol com mais cor. O projecto de revitalização deste campo esteve a cargo da Hoopers – plataforma para praticantes e fãs de basquetebol que combina e promove campos, conteúdos e produtos – da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Marvila. Foi em 1992 que a história deste espaço começou a ser contada por Oliveira Donbell, mais conhecido no bairro por “Maninho”. Montou, na altura, uma tabela de basquetebol e pintou no chão um touro, em jeito de homenagem à equipa Chicago Bulls – é daqui que vem o nome Chicago pelo qual o campo continua a ser conhecido. Desde então tornou-se um ponto de encontro entre gerações e ainda hoje o continua a ser. Foi, aliás, por continuar a ser um campo no activo que a intervenção aconteceu. Frederico Umbelina, treinador, mobilizou um dos seus ex-jogadores e fundador da Hoopers, André Costa, para fazer acontecer. “Depois da chamada do Fred (Frederico) e da primeira visita ao espaço, rapidamente percebemos

o enorme potencial deste campo, não só pela sua localização, mas sobretudo pela energia da comunidade. Encontrámos ali a primeira geração de jogadores a ensinar o amor pelo jogo aos mais novos: isto é a essência da Hoopers e da nossa comunidade”, explica em comunicado André Costa, fundador da Hoopers, que há pouco tempo intervencionou também um campo em Braga. A eles juntaram-se outros membros da comunidade local como foi o caso de Maposse, mais conhecido na música por Daddy-O-Pop, rapper e parceiro de Sam The Kid no seu primeiro grupo criado no liceu, os Official Nasty. Com esta adição, Daddy-O-Pop acabou por convidar Sam The Kid, que continua a ser o miúdo de Chelas – o bairro de onde nunca saiu –, a juntar-se ao grupo para agora lançarem, juntos, um novo single “Não é só um game”, marcando o regresso passageiro aos Official Nasty.

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DO LIXO À “Big Trash Animals” de Artur Bordalo é uma série de obras de arte que visam chamar a atenção para a poluição através de obras criadas com lixo recolhido nas ruas. O artista português teve tanto sucesso em transmitir a sua mensagem que se tornou num fenómeno global. Os seus trabalhos mais recentes, variando de lugares tão diversos quanto os EUA, Estónia e, claro, Portugal. Bordalo II recolhe os seus materiais de resíduos que foram deixados na área e produz impressionantes esculturas de animais para simbolizar tanto a beleza da natureza quanto os resíduos que a ameaçam. Artur Bordalo nasceu em 1987, em Lisboa, teve no avô, o pintor Real Bordalo, a grande fonte de inspiração para se transformar também ele em artista plástico (ou “artivista” como se define). Em 2007 entrou na faculdade de Belas Artes em Lisboa, mas nunca concluiu o curso. Ainda assim, os três anos em que frequentou o curso permitiram-lhe descobrir a escultura e experimentar diversos materiais, o que acabou por o distanciar do objetivo inicial que era a pintura. Bordalo II acredita que arte e cultura são a base que pode mudar uma geração inteira e, por

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isso, usa a sua arte para abordar pontos sensíveis e relevantes da sociedade.

SIMBOLIZAR TANTO A BELEZA DA NATUREZA QUANTO OS RESÍDUOS QUE A AMEAÇAM.


FOTOGRAFIA: Sapo, Rua da Manutenção

BIG TRASH ANIMALS STREET ART MAGAZINE 15


FOTOGRAFIA: ENTRECAMPOS

ELEVADOR DE ENTRECAMPOS DE VANESSA TEODORO 16 STREET ART MAGAZINE


A artista Vanessa Teodoro foi convidada pela EMEL para finalizar a intervenção do elevador e do espaço superior da passagem de peões. A identidade visual dos seus trabalhos não deixa grande margem para dúvida sobre a sua autoria, definida por padrões gráficos, elementos figurativos e cores contrastantes. Vanessa Teodoro trabalha com marcas internacionais (Louis Vuitton incluída), mas a arte de rua e os grandes murais também entraram na sua vida. A última aventura de rua foi parar ao Elevador de Entrecampos, numa intervenção inspirada em padrões africanos e na pop art, uma solução que, para a EMEL, tem uma

dupla função. Além do prazer de olhar para a criação de Teodoro, a obra “pretende desincentivar, atenuar e até camuflar as intervenções ilegais”, na sequência do “vandalismo constante nestas

O ELEVADOR DE ENTRECAMPOS GANHOU UMA NOVA VIDA E COR

infraestruturas”, diz a empresa municipal de mobilidade em comunicado. Neste trabalho, a artista optou por usar apenas o preto e o branco, no sentido de “garantir uma maior harmonia entre as várias frentes, sem que a peça se tornasse muito cansativa visualmente, devido à sua densidade gráfica”, explica a EMEL que lembra que estas são também as cores da bandeira de Lisboa.

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ROTEIRO

FOTOGRAFIA: EXPOSIÇÃO MEET VAN GOGH FT. RAFAEL VAZ


ROTEIRO 01. MEET VINCENT VAN GOGH Estação Fluvial Belém Transtejo, 1300-598 Lisboa Segunda-feira a Domingo 10h00- 19h00

03. MUSEU COLEÇÃO BERARDO

Coleção Berardo de 1960 à atualidade,exposição eterna - Centro Cultural de Belém

04. MUSEU COLEGENIUS OR VANDAL? ÇÃO BERARDO

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AVENTURA COM ALMA

1h 40min-2020-Comédia, Animação 25 de Dezembro, Disney +

Joe é um professor de música do ensino médio apaixonado por jazz, cuja vida não foi como ele esperava. Quando ele viaja para outra realidade para ajudar outra pessoa a encontrar a sua paixão, ele descobre o verdadeiro sentido da vida.

02. BANKSY:

Cordoaria Nacional,Lisboa 14 de Jun - 27 de Out. Segunda-feira a Domingo 10h00- 19h00 Sábado até as 20h

05. SOUL: UMA

Percurso online pela Coleção Berardo: Pop Art - Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Lucas Samaras - Centro Cultural de Belém


06. FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN: HERGÉ uma exposição que reúne uma importante seleção de documentos, desenhos originais e várias obras criadas pelo célebre autor de Tintin. MUSEU: Quarta a segunda 10:00 – 18:00 (última entrada às 17:30) JARDIM: Todos os dias

07. LER DEVAGAR

R. Rodrigues de Faria 103 - G 0.3, 1300-501, Lx Factory

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CONSUMO

LATAS DE TINTA SPRAY

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LATAS DE TINTA SPRAY BRANCA Ute fac obsenam nonovid emquit isse reo, ublica pritioratra noret; nos hicum inam, us, consuperum tum.Loc, noctussi iam, sena, que nium partem dentus, ventium et vilina, ni intiu cons hum mo cricael utemovidete pris consimm

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LATAS DE TINTA SPRAY PRETA Ute fac obsenam nonovid emquit isse reo, ublica pritioratra noret; nos hicum inam, us, consuperum tum.Loc, noctussi iam, sena, que nium partem dentus, ventium et vilina, ni intiu cons hum mo cricael utemovidete pris consimm

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LATAS DE TINTA SPRAY CINZENTO Ute fac obsenam nonovid emquit isse reo, ublica pritioratra noret; nos hicum inam, us, consuperum tum.Loc, noctussi iam, sena, que nium partem dentus, ventium et vilina, ni intiu cons hum mo cricael utemovidete pris consimm

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CRÓNICA

FOTOGRAFIA: VEXX (ARTISTA)


ARTE OU DESTRUIÇÃO? Longe vão os tempos em que o graffiti era o “patinho feio” da arte. Era considerado um ato de vandalismo, muitas vezes punido por lei, que retirava o prestígio e a beleza às cidades Vandalismo para uns, destruição para outros e mais vulgarmente, o popularizado graffiti. Arte urbana é o conceito mais abrangente e que está em voga. Mais do que chamar a atenção e assim cumprir o seu objetivo, esta ideia atrai cada vez mais pessoas de todo o mundo, começando mesmo já a surgir um novo modelo de turismo. Rembrandt, Van Gogh, Picasso, nomes grandes e que todos associamos à arte, vão dando origem a Banksy no Reino Unido, Vhils em Portugal e Blu em Itália. Mas o que é então esta arte urbana? Não é um simples graffiti ou um ato de vandalismo? Mais do que isso, é uma expressão que está a renascer culturalmente um pouco por toda a Europa, bem como a mudar a sua própria visão na sociedade. Longe vão os tempos em que o graffiti era o “patinho feio” da arte. Era considerado um ato de vandalismo, muitas vezes punido por lei, que retirava o prestígio e a beleza às cidades. Nos dias que

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correm, é um fenómeno global que tem captado a atenção não só de turistas e viajantes, como também de artistas e críticos de artes. Está ainda a impulsionar um modelo de turismo muito próprio, que tem levado diversas capitais, sobretudo europeias, a apostar na arte urbana. Um pouco por toda a Europa, edifícios antigos e emblemáticos estão a ser transformados em autênticas paredes coloridas, expressivas e cheias de vida com fortes mensagens de cariz político e social. Este último ponto é precisamente o destaque da arte urbana. Encontra-se cada vez mais veiculada como uma arma de combate às desigualdades e uma forma de expressão, que expõe os problemas sociais de uma forma bastante própria, despertando a atenção de qualquer um que se depare com uma destas representações. Lisboa é mesmo pioneira e considerada uma das maiores capitais, a nível mundial, de arte urbana. A capital é tida como um exem-

plo a seguir, pois as autoridades colaboram, apoiam e promovem este tipo de arte, ao invés desta ser restringida. É mesmo a única cidade com um departamento urbano de arte de rua, patrocinado pelo Estado.



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