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O MERCADO DE CEBOLAS BRASILEIRO

O Brasil vem colhendo ao redor de 1,5 milhão de toneladas de cebolas já há vários anos, o que demonstra que o consumo vem mantendo seu ritmo. É sabido que o consumo de cebola por parte do brasileiro está abaixo dos países da África, por exemplo, que tem renda per capita bem menor do que muitos Estados brasileiros. A maior safra ainda está em Santa Catarina, com oferta média de 400 mil toneladas. Esta é considerada a região alta, que ainda tem uma média de 15% da sua produção para ser comercializada, enquanto a cebola da região baixa já foi toda escoada. À frente da produção estão Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, e o restante nos Estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. O Nordeste, em especial Mossoró, tem começado a produzir, mas ainda não impacta tanto na produção brasileira.

A realidade brasileira

As chuvas deste ano, que foram bem mais intensas, atingiram bastante o Nordeste, Minas Gerais, Goiás e São Paulo, afetando especialmente o Nordeste, que ofertou pouca cebola. A principal região que ainda mantém volume é Irecê (BA), que está no mercado e deve continuar até junho. Já Goiás e Minas Gerais sofreram muito com as chuvas no plantio, prejudicando o cultivo. Essa realidade deve resultar em uma redução na oferta de cebola a partir de 20 de abril até 20 de julho, e reflete diretamente na redução de área dos dois Estados. Já São Paulo teve dificuldade, nos meses de janeiro e fevereiro, com a realização de um bom preparo de solo e também de plantio da cebola. Mas, a partir de março, todas as regiões, Goiás, Minas Gerais e São Paulo conseguiram plantar, que resultarão na oferta de julho. Os dados apresentados foram colhidos ao final do mês de abril/2022

Programas de incentivo

Para amparar os cebolicultores brasileiros, atualmente há o Plano Nacional de Desenvolvimento da Cebola, lançado na década de 70. Depois deste, existem apenas campanhas regionais feitas por empresas privadas e produtores.

Importação x exportação

O Brasil importa muita cebola em épocas de quebra de safra, o que aconteceu em 2015, quando precisamos importar 288 mil toneladas, grande parte da Comunidade Europeia e depois tivemos outras entradas de importação ao redor de 200 mil toneladas. No ano passado, o Brasil recebeu 100 mil toneladas, como complemento da produção nacional. Quando o preço começa a subir muito, aí entra a importada. Já quanto à exportação, é esporádica. Foram aproximadamente 20 mil toneladas para o Mercosul nos últimos anos.

Consumo interno

O consumo permanece praticamente estável no Brasil. Não temos dados atualizados até o momento, sendo os últimos de 2015, e a ANACE não permite divulgar informações defasadas. O

Brasil é autossuficiente na produção de cebolas, e só importa quando realmente há quebra de safra.

Preços nacionais

Os preços de cebola atuais estão na média de R$ 55,00 a saca de 20 kg de ‘caixa três’. Observase que a oferta tem reduzido, podendo até aumentar o preço dessa cebola nos próximos meses. De maneira geral, os custos de produção subiram ao redor de 25% em relação a 2021, devido ao aumento do preço dos combustíveis, fertilizantes, defensivos, EPI’s, energia e mão de obra em função da pandemia, que dificultou a atividade e fez crescer principalmente o custo das embalagens. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação piorou ainda mais para os combustíveis e fertilizantes, fazendo subir muito o preço no Brasil. Isso preocupa porque, a exemplo da região de Goiás (no ano passado), fizemos o custo da cebola com R$ 80 mil e a produção ao redor de 70 toneladas. Hoje, com todos os aumentos dos custos de produção, podemos chegar a cerca de R$ 100 mil ou mais, dependendo da região.

Rafael Jorge Corsino Engenheiro agrônomo, produtor rural e presidente da Câmara Setorial da Cadeia de Hortaliças - MAPA, ANAPA e ANACE rafajc@yahoo.com.br

Margem de lucro apertada

Atualmente, é muito difícil dizer ao certo a margem de lucro, ou até mesmo o prejuízo dos cebolicultores. Como o preço oscila bastante, de acordo com a oferta, não é possível fazer uma conta exata. Importante é não permitir uma competição desleal com outros países. A Anace conseguiu elevar a taxa Letec da cebola para 25%, que antes era de 10%. Essa tarifa diminuiu a predominação da Comunidade Europeia e igualou a competição com o produtor nacional. A Câmara Setorial da Cadeia de Hortaliças representa e sempre discute as demandas do setor cebolicultor. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos para buscar uma concorrência leal com todos.

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