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3.1 Ironia eclética: Noções gerais

3.1 Ironia eclética: Noções gerais

Jim Collins identifica uma exaustão no panorama cultural americano e propõe que esse desgaste afeta em cheio o cinema de gênero americano a ponto de iniciar uma transformação em seus valores mais essenciais, e identifica duas correntes principais nas quais essa transformação acontece.

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À primeira dessas correntes ele dá o nome de “ironia eclética”, caracterizada pela dissonância, pela justaposição de imagens que claramente não pertencem ao mesmo universo. Essa justaposição pode se dar nas mais variadas formas, através de inúmeras estratégias visuais e narrativas.

A ecleticidade decorre da justaposição de imagens, e a ironia decorre da consciência de que essas imagens são anacrônicas e dissonantes entre si. Os filmes que trabalham com gênero através de “ironia eclética” tendencialmente utilizam grande arcabouço de referências ou metalinguagem.

Em De Volta para o Futuro III, essa corrente é observada na mescla do gênero faroeste com imagens e comportamentos contemporâneos, além de constante uso de referências a outros filmes, especialmente aos dois anteriores da franquia.

Em Pânico, a metalinguagem faz as vezes de protagonista, revelando não só que os filmes são capazes de articularem redes autorreferenciais, mas que o público de massa é capaz de captar perfeitamente essa mensagem.

E em Coração Selvagem, David Lynch se apropria do vocabulário imagético de O Mágico de Oz para falar sobre uma história que, através do surrealismo e dos gêneros de drama, romance e road movie, fala sobre uma nova e maculada classe média.

Existem obviamente outras maneiras nas quais a “ironia eclética” acontece, não sendo possível mapeá-las num estudo tão curto – nem mesmo Collins, que cunhou o termo, foi capaz de fechar a definição de seu conceito. Mas ele identifica os parâmetros gerais dessa vertente, possibilitando futuros aprofundamentos e/ou argumentações a partir das ideias que ele desenvolve.

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