Daniela Oliveira Souza Ribeiro

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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DANIELA OLIVEIRA SOUZA RIBEIRO

A CONTABILIDADE FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE AUXILIO PARA INVESTIDORES NO MERCADO DE CAPITAIS

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA 2019


DANIELA OLIVEIRA SOUZA RIBEIRO

A CONTABILIDADE FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE AUXILIO PARA INVESTIDORES NO MERCADO DE CAPITAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR Curso de Ciências Contábeis como pré-requisito para a obtenção do grau de bacharel em Ciências contábeis. Orientador: Prof. Esp. Wilton Ferraz dos Santos

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA 2019



DANIELA OLIVEIRA SOUZA RIBEIRO

A CONTABILIDADE FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE AUXILIO PARA INVESTIDORES NO MERCADO DE CAPITAIS

Artigo apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, curso de Ciências Contábeis como requisito parcial para obtenção do título em Bacharel em Contabilidade.

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA / COMISSÃO AVALIADORA

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Prof. Esp. WILTON FERRAZ DOS SANTOS Orientador

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Nome do 2º componente: FAINOR

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Nome do 3º componente: FAINOR


A CONTABILIDADE FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE AUXILIO PARA INVESTIDORES NO MERCADO DE CAPITAIS

Daniela Oliveira Souza Ribeiro 1 Wilton Ferraz dos Santos 2 RESUMO A contabilidade financeira é uma poderosa ferramenta na gestão do negócio ,especialmente pelas informações que gera, facilitando o controle e a segurança nas decisões de seus usuários. Nesse sentido, a contabilidade financeira favorece nas tomadas de decisões ao ser possível fazer uma análise de dados, verificando assim os possíveis riscos e retornos de um investimento.Assim sendo, buscou-se com este trabalho apresentar a importância da contabilidade financeira como ferramenta de avaliação de risco e retorno para investimentos. Para atender ao objetivo geral fezse necessário apresentar os conceitos de contabilidade financeira e o mercado de capitais, bem como discutir a importância da análise de risco e retorno em investimentos financeiros e identificar os índices fornecidos pela contabilidade financeira e utilizados pelos investidores no mercado de capitais.

Palavras-chaves:Contabilidade Financeira,Investidores, Índices Financeiros, Risco e Retorno. ABSTRACT Financial accounting is a powerful tool in business management, especially for the information it generates, facilitating the control and security of its users' decisions. In this sense, financial accounting favors decision-making by being

1 Graduanda em Ciências Contábeis pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. E-mail: daniela.osr2@gmail.com 2 Especializado em Gestão Tributária pela Faculdade Visconde de Cairú- Graduado em Economia pela UESB. E-mail: @fainor.com. br


able to perform data analysis, thus verifying the possible risks and returns of an investment. Thus, this paper aimed to present the importance of financial accounting as a risk and return assessment tool for investments. In order to meet the overall objective, it was necessary to present the concepts of financial accounting and the capital market, as well as to discuss the importance of risk and return analysis on financial investments and to identify the financial ratios provided by financial accounting used by investors.

Keywords: Financial Accounting, Investors, Financial Ratios, Risk and Return.

1. INTRODUÇÃO A contabilidade financeira é o campo que monitora as variações do patrimônio, sendo de grande importância para a gestão do negócio, uma ferramenta administrativa e estratégica para empresas, uma vez que fornece informações relevantes aos gestores. No entanto, não é somente aos empresários que a contabilidade financeira atende, mas principalmente, aos agentes externos à empresa, como investidores, que buscam informações seguras no mercado. Nesse sentido, este trabalho se ocupou em trazer informações acerca da origem e evolução da contabilidade financeira, bem como a importância dos índices fornecidos pela mesma para o desenvolvimento do mercado de capitais. Por meio desses índices, é possível avaliar a situação do equilíbrio do negócio, bem como sua liquidez e rentabilidade. Cada indicador tem sua finalidade, mas em conjunto é possível identificar informações úteisdo cenário geral da empresa. Desse modo, é possível dizer que os indicadores financeiros são formas práticas de analisar as demonstrações contábeis de uma empresa, sendo assim de grande relevância, também para o investidor. Nas últimas décadas o mercado financeiro vem ganhando força na economia brasileira. Diversos setores tiveram conhecimento do mesmo, como por exemplo, o mercado de capitais. Entretanto os riscos em investimentos financeiros são constantes, e, nem sempre o retorno acontece como planejado. Cada vez mais


o mercado tem feito uso das informações fornecidas pela contabilidade financeira para melhorar seus investimentos. A partir dos aspectos abordados, surge então o seguinte questionamento: até que ponto a contabilidade financeira pode ser utilizada como ferramenta de avaliação de risco e retorno para investidores? A justificativa desse trabalho pode ser analisada sob três aspectos: o pessoal, o acadêmico e social. Do ponto de vista pessoal esse trabalho se justifica pelo desejo da autora em melhor conhecer a temática. Pelo aspecto acadêmico o trabalho poderá servir como base de pesquisa para outros artigos. Já pelo aspecto social a relevância do trabalho poderá servir de auxilio a possíveis investidores no mercado de capitais. O objetivo principal dessa pesquisa é analisar a importância da contabilidade financeira como ferramenta de avaliação de risco e retorno para investimentos.

Para atender ao objetivo geral fez-se necessário apresentar os

conceitos de contabilidade financeira e o mercado de capitais, bem como discutir a importância de analise de risco e retorno em investimentos financeiros e identificar os índices financeiros fornecidos pela contabilidade financeira utilizados pelos investidores. No que diz respeito á metodologia, utilizou-se a pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica consiste na explicação de um determinado problema através das referências já publicadas, sejam elas em livros, artigos científicos, entre outros. De acordo Marconi e Lakatos (2017)” a pesquisa bibliográfica é um tipo específico de produção científica: é feita com base em textos, como livros, artigos científicos, ensaios críticos, dicionários, enciclopédias,jornais, revistas, resenhas.” sentido, a pesquisa

bibliográfica

se

fez

necessária

para

Nesse

fundamentar

teoricamente o tema proposto.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2. 1. A CONTABILIDADE FINANCEIRA E O MERCADO DE CAPITAIS


A contabilidade surgiu da necessidade do homem acompanhar e controlar a evolução de seu patrimônio. Iudícibus (2000, p. 30) descreve que “a contabilidade é tão antiga quanto à origem do homem pensante. Historiadores remontam os primeiros sinais da existência de contas aproximadamente á 4000 anos a.C”. Ainda segundo Iudícibus (2000)talvez antes disto o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponível, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas de bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. A origem da contabilidade está relacionada à necessidade de registros do comércio, pois á medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses, tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros . (IUDÍCIBUS, 2000). De acordo com Eldenburg e Wolcott (2007), a contabilidade financeira "é o processo que trata da preparação e do fornecimento das informações financeiras que os tomadores de decisão externos à empresa, como os acionistas e os credores utilizam com bastante freqüência". De acordo com Padoveze (2012, p.14), a contabilidade financeira "fornece informações objetivas, precisas e direcionadas por regras e princípios fundamentais da contabilidade e autoridades governamentais, em contraste com a gerencial que não é regulamentada, onde as informações sofrem apenas as restrições determinadas pela administração, sendo subjetivas e menos precisas". A contabilidade financeira é a responsável por estabelecer um canal de comunicação entre a empresa e os agentes externos, tais como: Investidores, Bancos, Fornecedores, entre outros. Fazendo uma interação entre a empresa e o externo. (TAFFAREL, 2009) Conforme Ribeiro (2013) a contabilidade financeira busca fornecer informações relevantes aos seus usuários, influenciando assim na tomadas de decisão dos mesmos.

Sua maior função consiste em demonstrar fielmente os

resultados econômicos e financeiros da empresa, dentro dos padrões legais.


Já segundo Marion, “a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões” (2009, p.28). Dentre os usuários externos está o mercado de capitais, no qual o investidor é um grande usuário das informações oriundas da contabilidade. Nesse sentido, as informações fornecidas pela contabilidade financeira são fundamentais para o bom funcionamento do mercado de capitais. Conceitualmente, um mercado de capitais é definido como um sistema de distribuição de valores mobiliários constituído por bolsas de valores, sociedades corretoras e demais instituições financeiras habilitadas com o propósito de liquidez aos títulos emitidos pelas empresas e tornar viável seu processo de capitalização (PINHEIRO, 2014). Para Assaf Neto (2011) o mercado de capitais exerce papel relevante no desenvolvimento econômico, pois está estruturado para suprir as necessidades de todos aqueles que o procuram, sendo o grande provedor de recursos permanentes para a economia, em virtude da conexão que estabelece entre agentes com capacidade de poupança como os investidores e aqueles carentes de recursos de longo prazo que são os tomadores de capital. De acordo com esse autor, os principais títulos negociados nesse mercado são ações, debêntures, Letras de câmbio, Certificados de depósitos bancários (CDB/RDB), Caderneta de Poupança, Letras hipotecárias, entre outros. O surgimento do mercado de capitais, como explica Pinheiro (2014), deu-se pela escassez de recursos no mercado de crédito em condições adequadas de prazo, custos e exigibilidades para atender às necessidades do setor produtivo e se embasaram nos seguintes princípios: a) Contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando como propulsor de capitais para os investimentos, estimulando a formação da poupança privada; e b) Permitir e orientar a estruturação de uma sociedade pluralista, baseada na economia de mercado, permitindo a participação coletiva de forma ampla nas riquezas e nos resultados da economia (PINHEIRO, 2014, p. 186)

No mercado de capitais são muitos agentes envolvidos que se utilizam das informações contábeis para auxilio na tomada de decisão, principalmente na identificação das melhores empresas dentre as existentes para aplicarem seu


capital. Especialmente para os investidores efetivos ou em potencial, as informações contábeis são fundamentais na análise de fatores como retorno e risco do investimento, tendências de mercado e perspectivas de resultados de determinado investimento (TAFFAREL, 2009)

2.2 A CONTABILIDADE FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE RISCO E RETORNO EM INVESTIMENTOS Esse ponto do trabalho apresenta informações de como o usuário da contabilidade financeira pode se beneficiar das informações cedidas pela mesma no intuito de reduzir os riscos e aumentar o retorno do investimento financeiro. Qualquer investimento envolve algum grau de incerteza sobre os retornos futuros, pois sempre se tem algum tipo de risco inerente a qualquer investimento que se faz e mesmo com risco muito baixo, as perdas podem acontecer. Em geral, quanto maior o risco de um investimento, maior a possibilidade de bons retornos. Segundo Assaf Neto (2011) a idéia de risco é um conceito voltado para o futuro, revelando uma possibilidade de perda, estando diretamente associada ás probabilidades de ocorrência de determinados resultados em relação a um valor médio esperado. Risco é considerado como a probabilidade de ganho ou perda associado a um investimento. Tem-se então uma relação natural entre Risco e Retorno que diz que quanto maior o risco maior o retorno, de modo que quando um investidor assume riscos maiores naturalmente está esperando retornos maiores e de outro lado quando deseja riscos menores vai esperar retornos mais baixos. (ASSAF NETO, 2009) O risco relacionado aos investimentos financeiros é definido por Toscano Junior (apud NEVES, 2007, p.24), como “a possibilidade de se obter um retorno abaixo do esperado ou, em casos extremos, a perda de todo o capital investido”. Os principais riscos ao investidor são separados em dois grandes grupos. Os riscos sistêmicos e os riscos não-sistêmicos.


Os riscos sistêmicos são aqueles que afetam a economia como um todo e não podem ser controlados, sendo determinado por eventos de natureza política, econômica e social. Este é um risco do qual o investidor não tem controle. Não há como se evitar totalmente o risco sistemático, sendo indicada a diversificação da carteira de ativos como medida preventiva para redução desse risco. (ASSAF NETO, 2011) O risco não sistêmico é possível ser minimizado através da diversificação dos investimentos. Diferente do risco sistêmico, o risco não sistêmico afeta apenas determinado investimento, empresa ou setor. É um risco próprio de cada investimento realizado, e sua eliminação de uma carteira é possível pela inclusão de ativos que não tenham correlação positiva entre si. (ASSAF NETO, 2011) Existe uma infinidade de riscos não sistêmicos, sendo os principais a que os investidores estão expostos são apresentados por Lima, Galardi e Neubauer (2006) como: a)

Risco de mercado: este é o risco da volatilidade, decorre de

mudanças futuras nas condições de mercado, tais como preço de um ativo, taxas de juros, volatilidade de mercado e liquidez. É impactado por fatores como a variação nos preços de mercado nas carteiras próprias ou fundos de ações, índices, entre outros. Variação na taxa de câmbio ou por fundos de renda fixa. b)

Risco de crédito: é o risco de inadimplência, corresponde a

possibilidade de uma obrigação (principal ou de juros) não vir a ser honrada pelo emissor, na data e condições contratadas. É o risco implícito na quebra da instituição financeira que emite os títulos. c) Risco de liquidez: ocorrências de desequilíbrios entre ativos negociáveis e passivos exigíveis, que podem afetar a capacidade de pagamento das instituições. Assim como o risco, é de grande importância conhecer o retorno de um investimento, afinal todo investidor procura um resultado positivo para a sua aplicação no mercado. Para Gitman (2010), o retorno sobre um investimento é medido como total de ganhos ou prejuízos dos proprietários, decorrentes de um investimento durante um determinado período de tempo, sendo medido como


distribuições de caixa durante o período mais a variação de valor, este, expresso como porcentagem do valor do investimento no início do período. De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2002), o retorno esperado é o que o indivíduo espera que uma ação possa proporcionar no próximo período. Trata-se de uma expectativa, podendo o retorno efetivo ser mais alto ou mais baixo. Portanto, qualquer investimento envolve algum grau de incerteza sobre os retornos futuros dos períodos do investimento e na maioria dos casos, esta incerteza é considerável, pois há diversas fontes de risco que vão determinar o nível de retorno dos investimentos. A contabilidade financeira é uma importante ferramenta redutora de risco para investimento, já que ela oferece aos investidores informações precisas sobre os resultados operacionais das empresas que trazem vantagens de atuações no mercado possibilitando ter resultados positivos no investimento. 2.3

ÍNDICES

FORNECIDOS

PELA

CONTABILIDADE

FINANCEIRA

UTILIZADOS PELOS INVESTIDORES Esse ponto aborda os principais indicadores fornecidos pela contabilidade financeira e utilizados pelos investidores no mercado, são eles: Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Geral. Dessa forma através dos indicadores de liquidez, pode-se avaliar o equilíbrio ou desequilíbrio financeiro da empresa. Entretanto para uma boa análise financeira da empresa, identifica-se o índice de grau de endividamento das empresas, mostrando a participação de capitais de terceiros e capitais próprios, sendo consideradas as duas fontes de recursos da empresa. Em seguida avalia-se o retorno sobre o investimento, ROI e o retorno sobre o Patrimônio Líquido, ROE. Desse modo, sendo possível identificar informações úteis do cenário geral da empresa. 2.3.1. Indicadores de Liquidez Os indicadores de liquidez visam medir a capacidade da empresa de pagar suas dívidas, ou seja, sua habilidade em cumprir corretamente as obrigações assumidas. Para Marion (2010) os Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a


capacidade de uma empresa para saldar seus compromissos, considerando os pagamentos de longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. De acordo com Iudícibus (2017), o principal objetivo do uso de indicadores financeiros é o de possibilitar ao usuário da contabilidade extrair tendências e comparar os quocientes com padrões preestabelecidos, relatando o que aconteceu no passado e gerando bases de ação para possíveis resultados futuros. 2.3.1.1 Liquidez Corrente Liquidez corrente é um dos indicadores mais conhecidos para se analisar a capacidade de pagamento de uma companhia. Segundo Silva (2012) este índice é o mais utilizado para medir a situação financeira das empresas, demonstrando quanto a empresa possui em dinheiro, em bens e em direitos realizáveis no curto prazo, comparando com as dividas a serem pagas no mesmo período. Conforme afirma Iudícibus (2017), o índice de liquidez corrente é considerado o melhor indicador de liquidez da organização, e por isso o mais amplamente divulgado. Ele relaciona quantos reais possui, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação à dívidas de curto prazo. Índice Liquidez Corrente = Ativo Circulante/ Passivo Circulante

2.3.1.2 Liquidez Seca A liquidez seca considera os valores de que a empresa dispõe para pagar suas contas no curto prazo ainda que não consiga vender nada do que tem estocado. Segundo Silva (2012), este índice é interessante quando se quer avaliar a capacidade de pagamento da empresa nas ocasiões em que a mesma apresenta giro baixo de estoques, podendo refletir uma gestão falha sobre o volume de compras de materiais. Elimina-se do cálculo os estoques do valor total do ativo circulante. Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante


Segundo Padoveze e Benedicto (2004) é importante salientar que a analise desse indicador deve levar em conta o tipo da empresa. Empresas comerciais tendem a ter mais estoques realizáveis que empresas industriais.

2.3.1.3 Liquidez Geral Este índice leva em consideração a situação á longo prazo da empresa, incluindo no cálculo os direitos e obrigações de longo prazo. Conforme Padoveze e Benedicto (2004) este indicador detecta a saúde financeira de longo prazo da empresa, mostrando sua capacidade de pagamento geral, sendo calculada como numerador os ativos circulantes e realizáveis á longo prazo e como denominador os passivos totais ( circulante e exigível á longo prazo).É expresso pela seguinte fórmula:

Índice de Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizávela Longo Prazo)/ (Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo)

Para Assaf Neto (2012) a liquidez geral de cada $ 1 que a empresa possui a receber, o quanto o total de dividas a pagar, considerando tanto o curto quanto o longo prazo. “A liquidez geral é utilizada também como uma medida de segurança financeira da empresa á longo prazo, revelando sua capacidade de saldar todos os seus compromissos.” (ASSAF NETO, 2012, p. 177) .

2.3.2Índices de Endividamento Os Índices de endividamento indicam o grau de alavancagem de uma empresa, informando se a empresa utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. Para Silva (2014) estes indicadores demonstram as decisões financeiras adotadas pela empresa, em termos de obtenção e aplicação de recursos, servindo para suas decisões de financiamento e investimento.


2.3.2.1 Participação de Capital de Terceiros sobre recursos totais Conforme Assaf Neto (2007) esse quociente relaciona o Exigível Total (capital de terceiros) com os Fundos Totais Providos (por capitais próprios e capitais de terceiros), expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais. Também significa qual a porcentagem do ativo total financiado com recursos de terceiros. Para Iudícibus (2014) são quocientes de grande importância, pois indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital de terceiros, relacionando as fontes de fundos entre si, indicando o quanto de dividas a empresa tem com terceiros em relação ao total de obrigações.Tendo como formula: Quociente de Participação de Capitais de terceiros sobre os Recursos Totais = Exigível Total/ Exigível Total + Patrimônio Líquido

2.3.2.2 Composição do Endividamento Segundo Silva (2014) este índice expressa em porcentagem as dívidas vencíveis em curto prazo em relação á divida total, permitindo visualizar o perfil da divida da empresa. “O alongamento do perfil da dívida pode ser explicado pela renegociação de dividas antigas vencíveis no curto prazo ou pela contratação de novos empréstimos com prazos mais dilatados.” (SILVA, 2014, p.144). O índice é avaliado pela fórmula:

Composição do endividamento = Passivo circulante / Capital de Terceiros (PC+ELP) * 100 A proporção favorável seria demaior participação de dívidas a Longo Prazo, favorecendo à empresa tempo maior para gerar recursos que saldarão os compromissos. De acordo Marion (2010) se a composição do endividamento apresentar significativa concentração no passivo circulante, a empresa poderá ter dificuldades no momento de reversão de mercado.


Portanto as empresas devem procurar concentrar suas dívidas, em grande parte, com endividamento de longo prazo, pois em momento de crise terá tempo para avaliar sua situação financeira. 2.3.3.Rentabilidade da Empresa x do Empresário (ROI x ROE) Dentre dos índices fundamentais para Análise Financeira estão o ROI (Retorno sobre Investimento), e o ROE (Retorno sobre Capital Investido pelos proprietários). Segundo Marion (2010), a rentabilidade é medida em função dos investimentos, sendo importante para saber quanto de retorno teve o seu investimento. Um dos métodos para avaliar o desempenho econômico da empresa é aplicando o indicador de rentabilidade sobre os investimentos (ROI). Segundo Assaf Neto (2012) o Investimento (ou Capital Investido) refere-se ao valor do Ativo Total excluído de passivos inerentes às atividades da empresa, como fornecedores a pagar, salários e encargos sociais a recolher, dividendos a pagar e etc.; denominados de Passivo de Funcionamento. Segundo Marion (2010) o Retorno sobre o Investimento ROI é calculado de acordo com a equação matemática, abaixo descrita, onde o denominador indica o total dos recursos investidos pelos detentores de capital: ROI= TRI= Lucro Líquido/Ativo Outro método utilizado é o Retorno sobre o Patrimônio Líquido, conhecido também como ROE. Este indicador demonstra a rentabilidade dos recursos próprios aplicados pelos sócio-acionistas na empresa. Segundo Santos e Barros (2013) este quociente é o que mais costuma despertar o interesse dos investidores, pois reflete o rendimento do capital aplicado por eles na empresa. É obtido a partir da aplicação da seguinte equação matemática: ROE= TRPL= Lucro Líquido/ Patrimônio Líquido Percebe-se assim que a Análise de Balanços é um importante instrumento de auxílio à tomada de decisão por parte dos investidores. A partir dos indicadores financeiros obtidos por este instrumento é possível ao investidor analisar cenários e tomar decisões em busca dos melhores resultados de suas aplicações.


3. ANÁLISE DA PESQUISA A Contabilidade Financeira, por sua importância e constante avanço nos mais variados espaços que necessitam dela, configura-se como uma necessária fonte de dados que auxilia sobremaneira na relação entre empresa e os agentes externos. Ela atua, dessa forma, por meio do fornecimento de informações úteis às tomadas de decisões. Tais decisões são pautadas naquilo em que consiste a Contabilidade Financeira, a saber: uma forma de resumir a situação financeira. Isso é importante porque, no geral, os dados financeiros numa empresa costumam ser muito grandes. Dessa forma, se perder em meio aquele emaranhado de números é algo passível de acontecer. Nesse sentido, a contabilidade financeira vem no intuito de comprimir, resumir os dados, a fim de que, visualmente, eles fiquem de uma maneira mais palpável, de fácil compreensão. Nessa perspectiva, a contabilidade financeira favorece as tomadas de providências em relação à análise dos dados. Com isso é possível avaliar melhor os riscos, pensar o retorno e em qual(is) ponto(s) há a necessidade de mexer, tendo em vista melhores resultados dos investimentos. Isso, portanto, exige uma série de indicadores e muita assertividade dos números. Assim, a contabilidade financeira é fundamental para o mercado de capitais, pois este, amparado por ela, viabiliza a identificação das melhores empresas, dentre as existentes, para investimento de capital, ponderando sobre tendências de mercado e perspectivas de ganhos. Essa relação, naturalmente, como todo investimento, envolve risco, ou seja, a possibilidade de obter perdas financeiras. Nesse sentido, o risco tem a ver com as incertezas nos retornos de um ativo financeiro. O que se espera, contudo, no campo dos investimentos, é um bom retorno. Esse entendido como o excedente do valor final obtido em um investimento, é pensado a partir desse excedente em relação ao valor inicialmente aplicado. Assim, a contabilidade financeira, enquanto análise de risco e retorno, assim o faz fornecendo aos investidores informações precisas sobre os resultados operacionais das empresas. Ademais, dentro da Contabilidade financeira, a Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Geral gravitam como os principais índices utilizados no intuito de avaliar o equilíbrio ou não das finanças de uma determinada empresa. A grosso


modo, esses instrumentos têm o objetivo de avaliar a situação da empresa em todos os seus aspectos econômicos, inclusive, em relação às decisões tomadas como, por exemplo, detectar os pontos fortes e fracos do processo. A seguir serão apresentados alguns modelos de liquidez calculados a partir do Balanço Patrimonial no ano de 2019.

Fonte: Portobello

O índice de liquidez corrente é obtido pelo resultado da divisão entre o ativo circulante e o passivo circulante, representando quantas vezes o primeiro corresponde ao segundo. LC= 872.190 / 590.134 = 1,48 Pode-se observar que a liquidez corrente dessa empresa é positiva, uma vez que seu índice de liquidez foi maior do que 1, sendo que para cada real de dívidas vencíveis em curto prazo possui 1,48 de ativos de curto prazo. Resultado que demonstra folga no disponível para uma possível liquidação das obrigações.


Para se obter o índice de liquidez seca é necessário subtrair os estoques do ativo circulante, e deste resultado divide-se pelo passivo circulante. Esta análise é interessante para empresas que possui estoques relevantes, pois tirar os estoques da análise significa desconsiderar a possibilidade de não vender os produtos acabados. LS= (872.190- 236.266) / 590.134= 1,08 Como pode ser observado este resultado é satisfatório, pois apresentou o indicador maior que 1, significando que a empresa tem mais ativos líquidos (exceto os estoques) que obrigações de curto prazo na data do balanço, ou seja, existe uma folga no disponível para liquidação das obrigações. O índice de liquidez geral retrata quantos reais a empresa dispõe de curto e longo prazo para cobrir cada real de dívida contraída. Sendo calculados os ativos circulantes e realizáveis á longo prazo dividido pelos passivos totais (curto e longo prazo). LG= (872.190 + 400.163) / (590.134 + 869.729) = 0,87 Conforme observado a empresa possui R$ 0,87 disponíveis do curto e longo prazo para quitar cada real de dívida de curto e longo prazo. No entanto, os seu resultado foi menor do que 1, significando que a empresa não possui nesse momento, capital suficiente para quitar todas as suas obrigações. É importante considerar também o Índice de Endividamento, usado para entender até que ponto os ativos de uma empresa são financiados com o capital de terceiros. Assim como, o Retorno sobre Investimento (ROI) e o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE), que, como foram apresentados, configura-se como aspectos fundamentais para a Análise Financeira. Enquanto o ROI funciona como métrica, usada para medir os rendimentos obtidos a partir de uma determinada quantia de recursos investidos, ou seja, um mecanismo para aferir a rentabilidade, o retorno, dos investimentos que foram efetuados, o ROE figura como uma medida de rentabilidade sobre o capital que os acionistas colocaram na empresa, que é medido pelo patrimônio líquido.


Mediante o exposto, fica demonstrado a atualidade e a importância da Contabilidade Financeira enquanto dispositivo administrativo e estratégico para as empresas. Sua funcionalidade contribui para as diversas decisões, sendo feita para apreciação de usuários externos, na medida em que forma os valores que aparecem nas demonstrações contábeis, como o Balanço Patrimonial, a partir de princípios e normas que devem ser seguidas. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho analisou a utilização da contabilidade financeira como ferramenta de avaliação de risco e retorno para investidores. Para tanto, foram mobilizados alguns conceitos da área de contabilidade financeira, os quais envolveram também o mercado de capitais. Nesse sentido, os trabalhos de Iudícibus (2000), Eldenburg e Wolcott (2007),Padoveze (2012) e Marion (2010) foram cruciais para o processo de compreensão e conceituação de termos chaves para este trabalho, a saber: Contabilidade

e

Contabilidade

Financeira.

Além

desses

teóricos,

também

contribuíram para o objetivo desta pesquisa, autores que se propuseram a examinar aspectos relacionados ao mercado de capitais, como Pinheiro (2014), Assaf Neto (2011) e Taffarel (2009). As análises mostraram, inicialmente, a importância da Contabilidade Financeira para o mercado de trabalho, mas, sobretudo, o seu papel crucial no mercado de capitais, haja vista a viabilidade dessa contabilidade para as análises de investimentos de capital, considerando os riscos, e tendo em vista possíveis ganhos. Dessa forma, foi possível constar a necessidade da utilização da contabilidade financeira como ferramenta de avaliação de risco e retorno para investidores. Partindo desse pressuposto e da constatada contribuição da contabilidade financeira como ferramenta de avaliação de risco e retorno, este trabalho, de modo geral, mostrou aspectos relevantes acerca dessa questão. Tais aspectos apontam para a necessidade de investir nessa área da ciência contábil, dadas as suas várias formas de contribuição. Por isso, este trabalho, ao agregar ao campo científico mais uma abordagem sobre a contabilidade financeira, figura-se como uma nova fonte de pesquisa e, por isso mesmo, relevante.


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SILVA, Alexandre Alcantarada. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 4. ed.São Paulo: Atlas S.a, 2014


TAFFAREL, M. A influência dos indicadores contábil-financeiros no valor das empresas brasileiras de capital aberto no curto prazo. 2009. 146 f. Dissertação (Mestrado em Contabilidade e Finanças) - Programa de Pós-Graduação em Contabilidade, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2009. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/19577/Microsoft%20Word%20%20DISSERTACAO_MARINES_TAFFAREL_2009.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 16 SET. 2019.


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