Sugestão de leitura educação 04/2014

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Faculdade de Psicologia | Instituto da Educação UNIVERSIDADE DE LISBOA

Sugestão de Leitura

~ Educação

GOODSTEIN, Phyllis Kaufman – How to stop bullying in classrooms and schools: using social architecture to prevent, lessen, and end bullying. New York: Routledge, 2013, XIV, 248p.

Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft

Sugestão de Leitura— Educação Uma iniciativa da Divisão de Documentação Abril de 2014 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação

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Este livro defende que o bullying começa em casa sempre que não se ensina ou não se dá o exemplo do respeito, da tolerância, da inclusão da bondade. O problema depois recai, injustamente, nos professores, porque a escola é o lugar onde as crianças passam a maior parte do dia e onde se ensinam e praticam competências de socialização. Espera-se por isso que os educadores controlem o bullying. Uma forma de o fazer é pela vigilância, mas como pode um professor vigiar 20 a 30 alunos e como podem as crianças ser cuidadosamente monitorizadas nos corredores, nos refeitórios e nas áreas de recreio, onde se movem grandes quantidades de crianças e adolescentes em grandes espaços? Se os educadores proactivamente criarem salas de aula anti-bullying antes de os alunos entrarem, o bullying não qualquer hipótese de prevalecer. Este livro de Phyllis Kaufman Goodstein baseia-se na premissa de que o bullying é um problema relacional. Quando há desentendimentos nos relacionamentos, observamos desrespeito, intolerância, exclusão e bullying. Utiliza-se o modelo de arquitectura social, da investigadora e professora canadiana Debra J. Pepler, aplicando-o à educação, através da criação de uma caixa de ferramentas de baixo custo ou custo zero, facilmente acessível, e de estratégias práticas empiricamente testadas, exercícios, técnicas pedagógicas utilizadas com sucesso, recomendações, e recursos. A arquitectura social ocorre quando os adultos “integram as crianças vitimizadas num contexto positivo de pares” e “promovem uma atmosfera geral positiva, respeitadora, aceitante e apoiante dentro de um grupo social” (PREVNet, 2007, p. 15). Goodstein desenvolveu um programa de 10 pontos para mostrar aos professores, administradores e outros técnicos educacionais como trazer a arquitectura social para dentro das suas salas de aula e escolas. Papel do professor – Os professores são modelos e líderes nas suas salas de aula. Tudo o que dizem e fazem, ou não dizem e não fazem, pode influenciar os alunos. A forma como tratam determinado aluno afecta essa criança bem como a turma inteira porque todos os alunos estão a ver. Por exemplo, os educadores não devem referir-se a ninguém como uma ‘vítima’ ou como ‘bully’. Estes termos rotulam injustamente e estigmatizam os seus destinatários, podem levá-los a assumir as características desse título, e serão copiados pelos colegas. Estes dez tópicos são elencados seguidamente: Educação – A educação é a base das salas de aula anti-bullying. O conhecimento acarreta consciencialização, competências e estratégias. Por exemplo, ensinar aos alunos como responder a boatos pode quebrar a progressão da dor. Denunciar (“Isso não é verdade, não vou espalhar mentiras”), recusar-se a repetir rumores, responder com comentários positivos (“Eu gosto da Sofia. É amigável e brinca sempre comigo”) mudar de assunto, ou afastar-se são formas eficazes de enviar a mensagem “Não vou espalhar rumores.” Gestão da Sala de Aula – Uma boa gestão da sala de aula é a espinha dorsal das salas de aula livres de bullying. Se os professores conferirem um carácter de não-bullying no primeiro dia de aulas, dizendo por exemplo que “O bullying é prejudicial e não será permitido nesta sala” e fizerem desta declaração uma expectativa não-negociável, desenvolver-se-ão culturas pró-sociais. Se os professores debaterem, reforçarem e interromperem a aula para terem um momento de aprendizagem de cada vez que ocorrer bullying, esta expectativa será interiorizada.

Sugestão de Leitura Passivos/Activos (upstanders) – Por si só, até os alunos passivos (bystanders) já conseguem fazer estragos no bullying porque as crianças são sensíveis à aprovação dos seus pares. Os riscos sociais podem sobrepor-se aos benefícios do bullying. Uma estratégia é sentir ou colocar os miúdos junto da pessoa que está a sofrer bullying. Se os pares estiverem junto de alvos potenciais, aqueles que praticam o bullying não se conseguem aproximar. Isto também desencoraja o bullying porque aqueles que o praticam terão menos propensão a escolher pessoas que estejam com alguém que as possa defender ou apoiar. Amizades – As amizades podem dar protecção. Os amigos impedem, acalmam, param ou defendem contra o bullying. Também reconfortam os amigos e ensinam-lhes competências anti-bullying e sociais. Os professores podem criar actividades que transfiram os solitários das margens para ambientes de construção de amizades. Em vez de dizer às crianças sem amigos que “se juntem” ou aos colegas que “o deixem brincar convosco”, porque não descobrir o que a criança gosta, preparar essa actividade, e chamar outros colegas que partilhem do mesmo interesse? Apoio dos Pares – Os programas de apoio de pares ajudam as crianças que sofrem bullying e as que o praticam a desenvolver relacionamentos saudáveis e positivos. Pelo meio, aprendem-se competências e a autoestima e aceitação aumentam. O befriending é uma forma de apoio de pares que pode ser tão informal quanto fazer amizade com alguém, ou pode ser um programa estruturado, como um banco de amizade. Os bancos oferecem às crianças solitárias ou que sofrem bullying um lugar sossegado onde podem encontrar companhia amiga ou um sítio seguro onde estar. Empatia – Quem pratica o bullying tem falta de empatia, que é a capacidade de sentir o que os outros sentem. Se conseguisse sentir a dor não practicaria o bullying. A aprendizagem empírica com uso da estimulação pode colocar os alunos no lugar daqueles com incapacidades – uma população que sofre de bullying de modo desproporcional. Os alunos podem andar com vendas nos olhos, carregar livros ao mesmo tempo que usam muletas, ou olhar-se ao espelho enquanto percorrem um labirinto, para mostrar aos alunos os desafios que enfrentam aqueles que são invisuais, que têm dificuldades físicas ou dislexia. Actividades Incompatíveis – As actividades que sejam incompatíveis com o bullying não podem ser realizadas ao mesmo tempo. A professora Margaret Singleton pede aos seus alunos que façam uma boa acção por dia e que façam um desenho ou escrevam sobre os seus actos de bondade num “jornal solidário.” Parar Incidentes de Bullying – A forma como os educadores reagem aos incidentes de bullying pode ter impacto sobre acontecimentos no futuro. Os relacionamentos podem ser reparados ou ficar ainda mais danificados, dependendo da forma como se lida com o bullying. A primeira resposta deve consistir sempre em parar o bullying e garantir a segurança. Seguem-se investigações, consequências, e modos de prevenir bullying no futuro. Apoio dos Adultos – Haver um só adulto que se preocupe pode marcar a diferença entre uma vida bem sucedida ou atormentada por problemas. Uma forma de ajudar é participando na campanha da National Education Association, “Bully Free: It Starts With Me” (Livre de Bullying: começa comigo), que pede aos professores que sejam esse adulto. Tradução e revisão de Sofia Coelho, Divisão de Documentação


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