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Sugestão de Leitura

~ Psicologia

O’CONNOR, Anne – Understanding transitions in the early years: Supporting change through attachment and resilience. New York: Routledge, 2013, 142p.

Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft

Sugestão de Leitura—Psicologia Uma iniciativa da Divisão de Documentação Maio de 2013 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação

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O conteúdo deste livro está dividido em seis capítulos sobre aspetos importantes da teoria do apego desenvolvida por John Bowlby. Começa-se por apresentar um comentário de uma mãe sobre os primeiros dias de escola da sua filha de quatro anos, pretendendo compreender as transições na perspetiva desta teoria e o relacionamento com o desenvolvimento do cérebro. Apresentam-se três tipos de transições: a horizontal, a vertical e a interna. Esboçada em 1958, a teoria foi, em geral, referida à ligação parental, por necessidade instintiva de proteção e segurança. Inicialmente explicado pela necessidade de alimentação da criança, a compreensão do apego foi cientificamente desenvolvida pelos avanços tecnológicos na neurociência. Afirma-se que as crianças aprendem a regular as suas emoções e aprendem padrões positivos de autorregulação. Quando as crianças não alcançam uma figura de apego, existem uma série de comportamentos dissociativos instintivos e aprendidos que parecem não afetá-las com a separação ou que podem torná-las mais violentas e agressivas. Foi desenvolvida uma técnica para avaliar a qualidade do apego em crianças dos 12 aos 18 meses pelo “Strange Situation Test” que permite observar as reações e padrões de comportamento quando se deixam estas crianças com pessoas que não lhes são familiares. A criança apegada com segurança constrói uma imagem de si como amável e bem-amada. Constroi uma memória dos seus pais como alguém que as faz sentir seguras. Acrescenta-se que, nesta idade, as crianças devem reagir chorando quando o pai sai de casa e mostrando-se alegre, quando regressa. A criança pode sentir-se ameaçada na sua sobrevivência ao perceber que os seus pais não estão presentes. Quando se sente ameaçada, a criança chora. Bowlby descreve o apego inseguro como esquivo ansioso, resistente ansioso e desorganizado-desorientado. Este autor acreditava que a qualidade das nossas relações de apego ajudam a construir “um modelo funcional interno” para cada um de nós, que descreve o modo no qual vemos o mundo, contrariamente a Maria Robinson, que sugere que o nosso “modelo interno funcional” orienta o modo como nos sentimos sobre nós próprios e como abordamos ou nos separamos das pessoas e das situações. Explora-se a natureza das hormonas de stress e dos químicos cerebrais e porque são importantes quando se pensa sobre transição. O desenvolvimento da neurociência confirma as teorias de apego de Bowlby. Embora se tenha a tendência de pensar na neurociência como um assunto muito complexo e difícil, adquirir alguma informação básica sobre o modo como os nossos cérebros funcionam ajuda a compreender as nossas emoções associadas às mudanças e transições, assim como a compreender também o nosso comportamento em geral. Afirma-se que os nossos cérebros funcionam melhor quando se conjugam as três partes que existem no ser humano: o réptil, que é instintivo, o mamífero, ligado às emoções, e o racional, ao pensamento, que funcionam em combinação. Perante a miríade de serviços oferecidos, questiona-se porque as crianças experimentam tantas transições. Expõe-se a história das origens dos serviços dos cuidados das crianças, descrevendo como a urbanização após a era industrial contribuiu para a mudança dos cuidados das crianças que viviam em comunidades rurais e mudaram-se para as cidades. Em seguida, como as mudanças sociais, económicas e políticas entre 1870 e as grandes guerras, que afetaram os serviços, levaram os governos a tomarem a liderança no papel educativo, não só com a educação da primeira infância como também dos cuidados diários, proteção da criança, playwork e proteção às mães. Criadas as escolas elementares, muitas escolinhas começaram a aceitar crianças até aos cinco anos de idade até se tornar obrigatória a escolaridade até aos dez anos. Outros serviços se seguiram, tais como os jardins

Sugestão de Leitura -de-infância, os berçários, amas e centros infantis. De acordo com os centros, os serviços podem incluir educação integrada e cuidados da criança, apoio aos pais, serviços de saúde para a criança e família e ajuda aos pais no trabalho. As transições escolares das crianças são vistas em termos de “estar preparado para a escola”. As estratégias de transição concentraram o conceito de “preparado para a escola”. As transições bemsucedidas são conseguidas por indivíduos que adquiriram o requisito do conhecimento académico e as capacidades sociais para o desempenho. Estar-se preparado para iniciar a escola é uma questão diferente em vários países, nomeadamente na Inglaterra e no país de Gales, assim como na Europa, que seguem regras distintas, verificando-se que umas crianças iniciam aos seis e outras aos sete anos. Se, por um lado se afirma que qualquer que seja o “mundo” das experiências das crianças como “microssistema” seja ele da casa, da ama, da avó, do infantário ou da escola, cada um destes mundos desempenha um papel no desenvolvimento da criança, por outro se defende que o contributo mais importante para o bem-estar de uma criança é o conjunto de ligações entre o que ele designa de mesosistema e, quanto mais e mais fortes forem as ligações, melhor será a experiência da criança e as consequências que podem trazer. As transições podem ser verticais, que se realizam em fases e idades diferentes, e horizontais, as que se realizam no decurso de um dia normal na vida de uma criança. Partindo das próprias experiências de mudança e transição e como elas podem simpatizar com as crianças e famílias, colocam-se “nos sapatos da criança” para melhor se entender o ponto de vista da criança. Deste modo, podemos refletir sobre a mistura de sentimentos e emoções associadas à mudança e transição. Se a criança se sente como peixe na água significa que se insere na cultura do lar, da família, do habitus, que se desenvolve com a história, a geografia, classe social, etnicidade, experiências de educação e emprego, trabalho, viagens e redes sociais da família. Algumas crianças e os seus pais podem experimentar choques de cultura quando se juntam com grupos voluntários que influenciam no impacto do ajustamento, dependendo das capacidades da criança, nas quais a linguagem constitui um fator importante na cultura familiar da criança. Alguns ambientes contribuem para fazer a diferença na transição, tais como ser-se aguardada com expetativa na escola, ser-se recebida com carinho, tratada com respeito, ter tempo para se adaptar, sentir-se suficientemente segura, ter e ser amigo, e sentir-se valorizada, são pequeninas coisas que favorecem experiências positivas que fazem a diferença. Mas, se as experiências não forem positivas, podem ter impacto nas necessidades e no bem-estar da criança, assim como no processo de aprendizagem, por falta de atenção, fraca concentração, atitude ou motivação, falta de auto-controlo, dificuldades comportamentais, fracas capacidades sociais, auto-ajuda, extrema auto-resiliência o que a impede de se abrir ao ensino. Tendo em conta que muitas crianças são educadas fora de casa, é possível reduzir-se o número de transições horizontais e verticais, quer promovendo o valor das amas e dos modelos que apoiam o desenvolvimento da criança, proporcionar “espaços de transição” em situação de mudança de pessoal ou de atividades e apoiar “viagens” entre grupos. Para concluir, a autora reúne todos os elementos dos capítulos que apoiam o bem-estar da criança durante o processo de transição, para realçar o equilíbrio entre o reconhecimento do stress potencial e as dificuldades que as crianças podiam enfrentar durante o processo de transição enquanto se maximizam os benefícios do potencial desenvolvimento que apoiam a transição adequada a novos ambientes.

Recensão de Edma Satar, Bibliotecária


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