13 06 psi dislex visual

Page 1

Faculdade de Psicologia | Instituto da Educação UNIVERSIDADE DE LISBOA

Sugestão de Leitura

~ Psicologia

STEIN, John; KAPOULA, Zoï, Eds – Visual aspects of dyslexia. Oxford: Oxford University Press, 2012, XIV, 202p.

Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft

Sugestão de Leitura—Psicologia Uma iniciativa da Divisão de Documentação Junho de 2013 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação

UNIVERSIDADE DE LISBOA

UNIVERSIDADE DE LISBOA

Alameda da Universidade

Alameda da Universidade 1649-013 Lisboa

Tel.: 21 794 36 00

Tel.: 21 794 36 00 E-mail: biblio@fpie.ul.pt

1649-013 Lisboa


Faculdade de Psicologia Instituto de Educação UNIVERSIDADE DE LISBOA

O conceito neurológico de dislexia do desenvolvimento (DD) surgiu das dificuldades de leitura apresentadas num seminário, no qual os investigadores apresentaram os resultados de um trabalho. Neste descobriram anomalias microscópicas na estrutura citoarquitetónica de regiões neocorticais em cérebros postmortem de indivíduos diagnosticados com dislexia. As anormalidades conhecidas por ectopias foram localizadas nos lados estratégicos do processamento da linguagem e os autores sugerem que os indivíduos disléxicos podiam ter sofrido de desordens de ontogénese cortical e especialmente por migração de neurónio da zona germinal para as seis camadas do córtex cerebral. A dislexia desenvolvimentista é uma desordem neurobiológica que se carateriza por dificuldades na aquisição da leitura, apesar da inteligência adequada, educação convencional e motivação. As pessoas com DD apresentam fraca consciência fonológica, lenta recuperação lexical e pobre memória a curto prazo. Estas deficiências fonológicas interferem com a descodificação fonológica, que se baseia na conversão letra-som, que permite à criança fazer a ligação entre novas cadeias de letras e palavras já armazenadas no seu léxico fonológico. Os vários estudos que se seguiram da imagem funcional cerebral indicaram a ligação anormal dos circuitos temporal-parietal frontal que envolve a linguagem, que afetam o circuito subjacente da alça fonológica da memória funcional. A dislexia afeta a interação entre os circuitos dorsal e ventral da leitura. As muitas hipóteses patofisiológicas sobre a origem da dislexia resultaram de estudos da neuroimagem que confirmam a existência dos efeitos diferenciais previstos. Faz-se uma evolução do desenvolvimento da linguagem escrita, desde os pictogramas aos ícones do Windows, realçando que a linguagem escrita começou apenas há 250 anos, em comparação com os dois milhões de anos de existência de comunicação entre os seres humanos. As dificuldades de aquisição da leitura reconhecidas no séc. XIX e atribuídas à “cegueira da palavra” não tinham que ver com a desordem da visão, mas dos olhos. A leitura e a escrita nunca foram muito importantes para a vida das pessoas, se atendermos que o cérebro não foi preparado para essas duas atividades e, para além disso, as letras são inúteis, embora aprender, ler e escrever sejam o maior desafio para o cérebro. Afirma-se que o processo de aprendizagem conduz ao estabelecimento de redes neuronais complexas com muitas funções diferentes. A leitura começa com a visão, que é um processo ativo devido aos movimentos sacádicos e de fixação. Os estudos que se seguiram em variáveis envolvidas na leitura em coordenação binocular, estabilidade de fixação e ângulo de convergência, latência de movimentos do olho, precisão, e velocidade visavam os problemas das crianças disléxicas. É também importante a distância da leitura que afeta os ângulos de convergência. Os efeitos dos estímulos visuais e não visuais podem refletir-se em ilusões e dores de cabeça. Pode acontecer as ilusões refletirem a hiperexcitabilidade do córtex visual, por haver provas evidentes que, em caso de enxaqueca, o córtex visual estar hiperexcitável. O desconforto visual provocado pelos sintomas de fadiga visual (dores de cabeça e olhos cansados) e pelas distorções percetivas (ilusões de cor, padrão e movimento) quando expostas à luz brilhante ou cintilante pode ser aliviado com o uso de revestimentos perspex coloridos. Define-se o termo stress visual introduzido para descrever as dificuldades somáticas, percetivas e funcionais induzidas pela leitura textual e pela fluência pobre de palavras de frequência alta apresentada em linhas. Vários autores afirmam existir uma relação ao papel etiológico dos fatores visu-

Sugestão de Leitura ais e, tanto os neurologistas como os oftalmologistas estão de acordo que a dislexia é primeiramente, um problema visual. Crê-se que as dificuldades na fonologia e na memória verbal são caraterísticas fundamentais da desordem e devem-se aos problemas visuais da criança. O stress visual interfere com a capacidade de ler para qualquer duração e daí que os sintomas experimentados tendem a evitar a leitura. A identificação do stress visual nas escolas é uma tarefa dos professores que usam métodos que incluem visualização no computador e possibilidade de tratamento eficaz com tintas coloridas que dão soluções eficazes de custo fáceis de usar na sala de aula. O modelo MTM de leitura da palavra polissilábica foi o primeiro modelo teórico a incorporar um processo de atenção visual como parte do sistema de leitura. Este modelo defende que, a acrescentar a componente fonológica, a componente de atenção visual desempenha um papel crucial na leitura hábil e na aquisição da leitura, postulando a existência de um outro processo de atenção visual que contribui tanto para os processos de leitura lexical (global) como o subléxico (analítico), tornando relevante as unidades ortográficas (toda a palavra num modo global), as sílabas e grafemas (no modo analítico). O modelo inclui um mecanismo específico de mudança para o processo analítico para um processamento sequencial de unidades ortográficas sublexicais em encadeamentos não familiares. As deficiências da DD indicam dificuldades na audição da perceção do discurso, o processamento ortográfico, o processamento percetivo visual, o processamento da atenção visual, o magnocelular via visual dorsal, e a identificação precoce das deficiências da atenção visual espacial. As dificuldades na audição da perceção do discurso afetam o mapeamento grafema-fonema e a memória fonológica a curto prazo, que aumentam o risco da linguagem e dos problemas de literacia. Afirma-se, que um possível substrato neurobiológico de deficiências de orientação e envolvimento da atenção pode ser uma entrada enfraquecida ou anormal (M) para o sistema visual dorsal (D) e uma consequente disfunção do sistema de atenção frontoparietal. Finalmente, de acordo com os modelos cognitivos de aquisição da leitura de desenvolvimento multifatorial, domínio dos mapeamentos automáticos de grafema-fonema é um pré-requisito crucial para o desenvolvimento de leitura hábil. A montagem fonológica multisensorial que vai da entrada visual para a produção linguística exige, para além da segmentação discurso-som, eficiente orientador da atenção de série que segmenta as cadeias de letras em grafemas separados. Estudos recentes confirmaram que as capacidades de leitura pode ser melhoradas por programas específicos de pré-leitura, sugerindo que esses programas podem reduzir a incidência da DD, sendo de prevenir futuras dificuldades de leitura com programas de remediação preventiva. Conclui-se que não existe nenhum processo mágico que transite informação visual da página para a rede de leitura cortical. O reconhecimento da palavra que identifica palavras comuns, descodifica palavras não familiares e reconhece palavras ortograficamente semelhantes tais como “form” e “from”, dependente da codificação espacial que é o domínio do caminho visual dorsal. Apresentam-se as principais causas da etiologia da dislexia, sendo as deficiências fonológicas a ideia mais dominante. Todas as evidências genéticas, desenvolvimentistas, nutricionais, neuroanatómicas, fisiológicas e psicológicas indicam que os problemas de leitura visual e fonológica podem ser devidos ao desenvolvimento deficiente de neurónimos magnocelulares no cérebro.

Recensão de Edma Satar, Bibliotecária


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.