Sugestão de leitura educação 10/2013

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Faculdade de Psicologia | Instituto da Educação UNIVERSIDADE DE LISBOA

Sugestão de Leitura

~ Educação

ZENHAS, Armanda – O papel de director de turma na colaboração escola-família. Porto: Porto Editora, 2004, 199p.

Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft

Sugestão de Leitura— Educação Uma iniciativa da Divisão de Documentação Outubro de 2013 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação

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A importância da escolaridade obrigatória tem evoluído com o desenvolvimento das sociedades e tem sido acompanhada pelo uso das tecnologias, cada vez mais aperfeiçoado. O caso português não é exceção, verificando-se um alargamento de quatro e nove anos, prevendo-se um alargamento para os doze anos de escolaridade obrigatória. No entanto, a escola tem levado tempo a adaptar-se à evolução da sociedade, enfrentando várias dificuldades, tais como o insucesso e o abandono escolar, necessitando, por este motivo, de recorrer ao apoio dos pais e educadores para colmatar a insuficiência do papel da escola na educação das crianças. Os pais têm vindo a ser chamados a colaborar e a legislação publicada para o efeito reconhece o direito da família na participação da vida escolar dos seus educandos e a atribuição de responsabilidades. Questiona-se a colaboração entre a escola e a família pela introdução de um intermediário, o diretor de turma, que estabeleça essa relação. Tanto o conceito de escola como o de família têm vindo também a sofrer alterações que levantam questões não só acerca dos objetivos e das funções da escola e da família, mas também sobre que tipo de colaboração se pretende. Apesar da importância da formação académica dos jovens, a escola enfrenta dificuldades com a diversidade socioeconómica e cultural da população. Várias teorias sustentam os conceitos de família, escola e comunidade, sendo de realçar as teorias de Freud e Piaget/Inhelder em relação ao desenvolvimento da criança, e o modelo ecológico de Bronfenbrenner, na questão dos múltiplos contextos nos quais o indivíduo se integra, bem como a teoria da sobreposição das esferas de influência de Epstein. Convém, no entanto, precisar os conceitos da relação escolafamília, visto a família englobar um número alargado de figuras, que podem desempenhar um papel importante no ambiente de aprendizagem; redefinindo-se o conceito de parceria com origem no partnership como forma de colaboração aplicado ao trabalho informal, sendo de registar a diferença entre este conceito e o de partenariado, que se aplica ao trabalho de equipa formal, decorrente de programas de caráter social e económico. Cita-se um provérbio africano que dá ênfase ao sucesso educativo de uma criança pela aproximação da escola às famílias e à comunidade através do efeito de Pigmalião. Numa perspetiva construtivista de aprendizagem, o processo de construção do conhecimento é beneficiada quando existe uma discrepância entre a informação que já se possui da adquirida. A aprendizagem está sujeita a três tipos de variáveis a saber, que são o ambiente familiar, a natureza psicológica relacionada com metacognição, a motivação e a afetividade, e variáveis de instrução, entre as quais se contam a gestão da aula e a relação pedagógica. A colaboração escola-família-comunidade contribui ainda para a formação de cidadãos mais intervenientes e ativos, embora sejam de se considerar quatro barreiras fortes ao envolvimento das famílias nas escolas: a separação entre a escola e a família, o fato de se culparem sempre os pais pelas dificuldades dos filhos, barreiras estruturais da organização social e a persistência das estruturas organizativas dos estabelecimentos de ensino. Existem várias barreiras que dificultam o envolvimento de alunos no clima organizacional da escola, que continua a ser burocrática, com rituais muito formalistas e uma linguagem pouco acessível aos alunos de baixa escolaridade e que, até se sentem intimidados em virtude da identificação obrigatória à entrada da escola. Por outro lado, os professores tentam evitar as famílias, receando ingerência por parte destas no domínio pedagógico. A relação entre a família e a escola é

Sugestão de Leitura uma relação de culturas e, em geral, a escola privilegia uma cultura urbana. Uma cultura letrada, de classe média e de outros atributos que caraterizam a classe social, o género e a etnia/ raça. Sendo uma relação entre culturas, a escola tende a representar a cultura socialmente dominante e deve dar os primeiros passos para a construção de pontes com as outras culturas. Estas pontes podem ser desenvolvidas em seis tipos de colaboração, que se traduzem em práticas diferentes, que colocam desafios diferentes, que ajudam a redefinir noções e conceitos, de modo a permitir obter resultados que, embora diferentes para pais e alunos, reforçam a relação pedagógica. Ao Diretor de Turma (DT) incumbe-lhe a tarefa dos contatos entre a família e a escola, porque a direção de turma ocupa uma posição privilegiada na comunidade escolar, tendo em vista o desenvolvimento pessoal e a socialização dos alunos. A legislação existente regulamenta o envolvimento parental e individual, referindo-se aos direitos e deveres dos alunos, o direito de acompanhamento na vida escolar, o papel do representante na turma e ao perfil do diretor de turma, a quem são atribuídas competências para o desempenho do cargo. A comunicação entre a escola e a família é feita promovendo o contato direto com os pais, embora se possam usar outras formas, tais como mensagens através da caderneta, cartas, telefonemas e visitas domiciliárias. A realização de reuniões periódicas pode contribuir para atingir os objetivos e estimular o desenvolvimento de parcerias nos diferentes tipos de colaboração, a apresentação de trabalhos dos alunos, os convívios e as festas com as famílias e os atendimentos individuais proporcionam o desenvolvimento de relações de confiança e informais. A autora desenvolveu um estudo que aponta questões e pistas para o desenvolvimento da investigação, sublinhando as áreas consideradas para a definição do problema que originou o estudo. As opções metodológicas no estudo de caso qualitativo compreendem a relação entre a escola e a família, os papéis atribuídos aos atores nesta relação, e as implicações a nível da evolução das conceções, expetativas, atitudes e comportamentos dos alunos. A recolha de dados foi feita em documentos, dos quais contam-se atas de reuniões, artigos de jornais, fotografias, inquéritos, observação direta das reuniões, documentos legislativos e outros que designavam materiais escritos, visuais e físicos relevantes para o estudo. O diário do diretor de turma constituiu o documento mais relevante da investigação. Para a análise dos dados recorreu-se à triangulação, que consiste no cruzamento dos dados sob diversas perspetivas e que reduz a probabilidade de má interpretação. Os resultados foram analisados em função das opções metodológicas escolhidas para o estudo de caso qualitativo, aplicados ao perfil e às funções da DT. Estas, debruçaram-se sobre quatro vertentes, que compreendem o seu papel de coordenação das atividades do Conselho de Turma, as suas funções em relação aos alunos, em relação aos professores e as relativas aos encarregados de educação. As conclusões assentaram em três dimensões principais, a relacionada com a revisão da bibliografia que apoia o estudo, a do estudo propriamente dito e a da avaliação do estudo e das implicações decorrentes, quer ao nível de investigações futuras, onde se apontam os principais quadros teóricos, obstáculos e relevância da colaboração escola-família, quer da intervenção nesta área, que parece merecer uma reflexão mais detalhada. Recensão de Edma Satar, Bibliotecária


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