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Sugestão de Leitura
~ Educação
ADÃO, Áurea, et al, (coord.). – A mirada do outro: Para unha historia da educación na península, Revista de pensamento do eixo Atlântico, nº 4, janeirojunho 2003.
Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft
Sugestão de Leitura—Educação Uma iniciativa da Divisão de Documentação Maio de 2012 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
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Esta publicação reúne o resultado da investigação realizada por um Grupo de Trabalho dedicado aos aspetos educativos e pedagógicos em Portugal e Espanha, no tempo da 1ª República, aqui reunidos no IV Encontro Ibérico de História da Educação. Refere-se que, apesar de a Espanha constituir um perigo para a independência nacional, do ponto de vista do Republicanismo, as políticas educativas procuravam formas de convivência ibérica. As instituições educativas inseridas no contexto político, social e cultural de um país, não podiam dissociar-se dos governos que, nessa altura, aprovaram as ações, fundamentadas no conceito de pátria e na formação dos cidadãos. O iberismo, como política, afirmou-se nos setores das elites políticas intelectuais portuguesas e espanholas, fomentando uma forte corrente federalista que se esbateu com o levantamento da questão colonial africana. Tomou então forma a ideia de um símbolo nacional que legitimasse a independência nacional, originando festejos que se alastraram por todo o país. Este acontecimento passou a ser comemorado no 1º de Dezembro. Os políticos portugueses oscilavam entre um sentimento de hispanofobia e de aproximação diplomática e amizade, mantendo sempre um certo grau de distância e tentando disfarçar a hegemonia de Castela com políticas que incentivavam o sistema de ensino na mentalidade nacionalista e antiiberista na instituição do dia da Mocidade Portuguesa e na mobilização dos professores e alunos nos festejos da independência portuguesa. Fernández Lorenzo (p.13-20) critica a anglomania e realça Oliveira Martins pela opinião acerca da individualidade do génio português e de alguns autores como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Afonso Lopes Vieira, João de Barros, Garrett em prol da história pátria. Observa as dificuldades de relacionamento dos dois países que culminaram com o conflito mundial que lançou o Portugal republicano na primeira guerra mundial, mantendo-se a Espanha neutra. É nesta diferença geográfica e ao mesmo tempo contínua no espaço da Península Ibérica, que M. João Mogarro (p.20-36) refere a representação histórica e geográfica nos manuais do ensino primário, secundário, liceal e técnico. É ignorada a diversidade linguística em Espanha ressaltada a unidade patriótica de Portugal que influenciou na formação de cidadãos cultos, conscientes e educados nos novos valores políticos e sociais, que rejeitavam a velha monarquia e o poder da igreja católica. No seguimento da exposição das representações e imagens de Espanha nos manuais de história e geografia portuguesa, Áurea Adão (p. 36-47) refere a decadência da educação portuguesa e o descontentamento dos professores primários, que propunham reformas que agradavam aos republicanos, criticando a letargia cultural e o analfabetismo da península. Apontando como exemplo de desenvolvimento cultural e educativo de outros países europeus e dos Estados Unidos sugeriu-se a criação de um Ministério de Instrução Pública que se encarregasse de todas as reformas educativas, de entre elas, a introdução dos trabalhos manuais nas escolas primárias, do ensino da agricultura no plano curricular das escolas rurais e a organização de congressos de professores. Acima de tudo, era urgente que a pedagogia deixasse de ser tão tradicional na instrução popular e se abrisse à pedagogia moderna.
Sugestão de Leitura As tentativas de esclarecimento das imagens escolares em relação a Portugal e a Espanha são apresentados por Hernández Díaz (p. 53-82) no quadro do sistema nacional de educação das políticas liberais, que ora apresenta os portugueses como irmãos ora como diferentes. Por sua vez, L. Miguel Carvalho (p.83-103) faz um estudo semelhante, mas sobre a presença espanhola nas revistas pedagógicas portuguesas, pautando pelos discursos e organização da Educação Nova, com vista à inovação pedagógica. Para isso, deram o seu contributo Bernardino Machado e Francisco Giner de los Ríos, que, segundo E. O. Urtaza (p. 107-120) fomentaram o intercâmbio entre educadores espanhóis e portugueses, tendo chegado a surgir a Revista Ibérica e uma Asociación Hispano-Portuguesa, cuja fusão nunca foi bem vista, tendo até os seus protagonistas serem vistos como traidores à pátria. Apesar da constante precaução que mostravam tanto de um lado como do outro, houve aproximações que terminaram em momentos de cordialidade e de simpatia. As conveniências políticas durante o salazarismo e o franquismo suportavam as desigualdades de um, entrincheirado no anti-liberalismo, anti-democracia e anti-comunismo e a indiferença fascista e repressiva de outro. Ajudando-se mutuamente, assumem um papel de salvadores da civilização ocidental e portadores de valores eternos ao serviço das grandes empresas do espírito e da civilização. Os dois povos funcionam como espelhos num jogo de identidades, nas quais também ganham espaço para identidades educativas nas “Revista Española de Pedagogía”, na revista “A Criança Portuguesa”, a revista “Bordón” e outras que defendiam as reformas e a inovação no ensino, que durou até finais dos anos cinquenta, a partir do qual os dois países passaram a viver de costas voltadas um para o outro. A Revolução dos Cravos em Portugal avivou a amizade, que os espanhóis partilharam cantando “Grândola Vila Morena” (Soria, p.123165). A influência alemã na política franquista e salazarista a seguir à Grande Guerra criou uma nova categoria social, constituída pela juventude, de tendência militar, que contrastava com o comunismo e o capitalismo. A resistência tomou forma em Espanha, com as campanhas nacionais sindicalistas que acentuaram o nacionalismo português. A educação das mulheres ganhou paralelismo tanto no sistema educativo português como no espanhol. No campo educativo português desenhou-se o que passou a caraterizar a política do Estado Novo, que proibia a coeducação no ensino primário elementar lecionados por regentes, a quem não se lhes exigia habilitação específica. Esta coletânea de estudos comparativos da história da educação nos dois países ibéricos termina com a referência de Ferrer (p. 287-312) ao período de transição democrática com a queda da ditadura salazarista e franquista, expondo Costa Rico (p.309-312) a nova situação política, económica e educativa no seio da Comunidade Económica Europeia, para cujo grupo entraram em conjunto na colaboração de todos os projetos.
Recensão de Edma Satar, Bibliotecária