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~ Educação
HELLINCKX, Bart; SIMON, Frank; DEPAEPE, Marc – The forgotten contribution of the teaching sisters: A historiographical essay on the educational work of Catholic women religious in the 19th and 20th centuries. Leuven: Leuven University Press, 2009, 125 p.
Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft
Sugestão de Leitura—Educação Uma iniciativa da Divisão de Documentação Junho de 2011 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
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Sugestão de Leitura
Ao estudar o processo de feminização da profissão do ensino na Bélgica nos séculos 19 e 20, no âmbito da História da Educação da Universidade Católica de Lovaina, os autores deste livro apresentam um estudo da educação de raparigas baseado em ensaios de autores americanos, ingleses e franceses. O estudo limitou-se aos ensaios sobre as religiosas, principalmente as católicas e anglicanas, e excluiu investigação sobre as atividades nas colónias e nas missões. Os objetivos do estudo foram os de analisar em detalhe as teorias, os conceitos e as ideias dos tópicos nas abordagens seguidas, assim como as metodologias e as técnicas de investigação usadas. Ao mesmo tempo, pretendeu-se verificar se houve evolução no modo como esses investigadores olharam para o trabalho dessas mulheres. Os estudiosos pretendiam ainda determinar que lugar as religiosas ocuparam no campo da história da educação para admitir, no futuro, a necessidade de investigações neste âmbito. De modo a estimularem as orientações de estudos futuros, são indicados temas e subtemas com várias abordagens, perspetivas e métodos. Esperam, com isto, avançar para estudos comparativos entre congregações de ensino individual, congregações de diversos países e atividades educativas de religiosas católicas por um lado, e sobre o trabalho educacional de mulheres, de educadoras religiosas não católicas, em comparação com os professores masculinos, por outro.
objetivos e papéis como esposas e mães, proclamadas de modo discreto nas motivações e intenções das congregações. As religiosas educavam as raparigas para serem donas de casa competentes, boas companheiras dos maridos, o valor do afeto e da ternura, e para estarem abertas ao consolo e à compreensão. Observaram ainda, que o programa de ensino nas escolas secundárias públicas incluía a música e, noutras, o ensino da religião e da etiqueta moral, o que contrastava bastante com as instituições protestantes.
O estudo consiste de duas partes, uma que sublinha a evolução do interesse escolar no trabalho educacional das religiosas, e outra, que afirma haver necessidade de investigação nesta área. Até à data, não havia sido ainda observado qualquer interesse, desde que fora feito um estudo apresentado em Lisboa sobre Teresa de Saldanha, a fundadora da Congregação Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Sublinham que, em nenhum dicionário biográfico constam biografias de religiosas que se destacaram no ensino, o que demonstra a marginalização que as religiosas sofreram.
Em relação à formação, competência e experiência, vários estudiosos retrataram as religiosas como não qualificadas, com pouca experiência e de modo negativo, devido à influência da historiografia republicana, em França, e ao protestantismo, nos Estados Unidos. Em geral, as irmãs têm uma longa carreira de ensino, porque se dedicam inteiramente ao professorado como vocação, apostando na especialização e na identidade da corporação. Embora seja de notar a relação das associações e dos sindicatos, em geral, na história da educação, pouco se sabe da sua relação com as organizações religiosas. Um outro indicador da profissionalização das religiosas é o seu envolvimento na produção de manuais e outros meios educativos. Os autores concluem, em termos positivos, que estes estudos foram, por um lado, o ponto de partida para outras investigações no campo da história do ensino no feminino, que contribuíram para a aplicação de novas metodologias da história da educação. Por outro lado, admitem o progresso dos estudos, antes limitados a uma escola particular, congregação, cidade ou região, com vista à generalização e aos estudos comparativos e explanatórios. Estudos que contribuíram para a grande qualidade com um currículum académico e progressivo, que ultrapassou o mundo dominado por profissionais masculinos. Contudo, esperam com esta revisão da literatura colocar as mulheres no lugar que merecem na história da educação.
Dá-se ênfase ao contributo das religiosas, como pioneiras da verdadeira escolarização universal, na oferta de educação aberta a raparigas e jovens de todas as camadas sociais, étnicas, culturais e religiosas, embora a crítica admita o facto de as irmãs do Sagrado Coração terem dado oportunidades educacionais apenas aos órfãos, negros e pobres da região americana de S. Louis. Contrariamente, no Québec, as religiosas organizaram o ensino secundário e superior para raparigas, desenvolveram o ensino da música, organizaram programas de formação profissional principalmente para as escolas normais, escolas de enfermeiras, escolas de secretariado ou de profissões femininas. Organizaram também o ensino da economia doméstica, criaram faculdades universitárias, desenvolveram o ensino destinado aos excecionais (delinquentes, surdos, cegos, deficientes mentais, etc.) e equipararam o ensino feminino ao masculino, contra a vontade das autoridades educativas. Os testemunhos desses trabalhos aparecem em discussões e não em livros, publicadas por ocasião dos jubileus. Os investigadores chegaram à conclusão que, apesar da abordagem cronológica das publicações, foram efetuadas análises dos espaços físicos dessas congregações que os levaram a afirmar que a missão das religiosas era a de educarem mulheres com o fim de desempenharem certos papéis na sociedade e que seguiam uma filosofia educacional diferente, no que respeita, por exemplo, ao aspeto carismático do líder de uma instituição, defendido por Max Weber. Observaram que a arquitetura, o local e as imagens colocadas no interior das congregações incitavam a determinados
No que respeita à prática educativa, alguns artigos comentavam o modo como as irmãs disciplinavam as salas de aula. Os castigos infringidos às alunas tinham implícita uma sanção religiosa para obedecer e respeitar, semelhante à disciplina das próprias noviças em relação às suas superioras dos claustros. O ensino foi considerado como parte da secularização, isto é, como um prolongamento do apostolado e por outro lado, como uma das condições da profissionalização do ensino, sendo o setor educativo visto como uma profissão que requer conhecimentos técnicos e experiência profissional. O papel das irmãs na profissionalização do ensino é estudado pela formação, competência, experiência, longevidade da carreira, modelos profissionais, nas relações com as associações e sindicatos de professores, e no seu envolvimento na produção de manuais.
Recensão de Edma Satar, Bibliotecária