programas das firmas aliadas, tais como as de I&D. O paradigma da tecnologia da informação substitui a tecnologia dominada pelas tecnologias e organizações de produção de massa e do consumo. O que está em causa num paradigma técnico-económico é que envolve uma mudança básica de desenhadores, engenheiros e gestores na resolução de problemas em todos os sectores da economia. As mudanças verificam-se também no perfil do equipamento, desde ao computador numericamente controlado (computer numerically controlled - CNC), robótica, instrumentos de controlo do processo, e os sistemas de processamento através do desenho ajudado por computador (computer aided design – CAD), às funções administrativas através dos sistemas de processamento ligados por equipamento de transmissão de dados. Nestas condições, as instituições são obrigadas a uma reconfiguração. As universidades estão no centro destas mudanças na produção do conhecimento, através de acções de I&D. As mudanças mais significativas verificam-se nas funções, no desenvolvimento de novos clientes, que reflectem a distribuição social do Modo 2 da produção do conhecimento. Um conhecimento que é dinâmico, pois surgem novos conceitos, métodos e instrumentação, novas áreas especializadas e crescente divisão do trabalho, necessitando de um novo estilo de gestão da produção do conhecimento distribuído. Sugere-se que a nova política deve gerir melhor a interface entre a competição e a colaboração.
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Sugestão de Leitura de Educação Gibbons, Michael, et al. (2010) – The new production of knowledge: the dynamcs of science and research in contemporary societies. Los Angeles, London, New Delhi: Sage Publications.
Recensão de Edma Satar, Bibliotecária
Sugestão de Leitura— Educação Uma iniciativa da Divisão de Documentação Fevereiro de 2011 Concepção gráfica GAIPE Imagem Microsoft
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Este livro, dedicado à exploração das mudanças no modo de produção do conhecimento tem por objectivo investigar essas mudanças não só na ciência e tecnologia como também nas ciências sociais e humanidades ao longo destes últimos anos, desde a primeira edição, em 1994. As mudanças podem ser descritas em termos de atributos, segundo os quais indicam a emergência de um novo modo de produção do conhecimento, estabelecendo a diferença entre o Modo 1 que caracteriza o modo de produção no contexto académico, homogéneo e disciplinar, e o Modo 2, realizado no contexto da aplicação, heterogéneo e transdisciplinar. Do ponto de vista organizacional, o Modo 1 é hierárquico, com tendência para preservar a sua forma, sendo o Modo 2 transitório. Cada um destes modos emprega tipos diferentes de controlo, mas o Modo 2 é socialmente mais justificável e reflexivo e inclui um conjunto de profissionais mais temporários e heterogéneos, que colaboram numa questão definida num contexto específico e localizado. O conhecimento produzido no contexto de aplicação define-se em relação às normas cognitivas e sociais que governam a investigação básica ou a ciência académica e resulta da usabilidade social industrial ou governamental. O contexto de aplicação depende dos interesses dos actores com fins de negociação no mercado de produção. No Modo 2 de produção, as considerações comerciais ultrapassam a ciência académica pois dirigem-se à sociedade, o chamado conhecimento socialmente distribuído, dependente das exigências intelectuais e sociais. O Modo 2 é essencialmente transdisciplinar, porque os determinantes de uma solução potencial envolvem a integração de capacidades diferentes numa estrutura de acção, que não depende do consenso, mas das solicitações da aplicação. A transdisciplinaridade tem características de criatividade, de consenso teórico, para além dos esforços de resolução do problema e do contexto da aplicação. A transdisciplinaridade é dinâmica, capaz de se ajustar ao contexto no qual se vai desenvolvendo, em novas configurações. O Modo 1 rege-se pelo empirismo e pelo consenso, ao passo que o Modo 2 se rege pelas estruturas teóricas e metodologia. O Modo 2 é coerente com as normas que emergem, adequadas ao conhecimento transdisciplinar. Os dois Modos interagem entre si, embora o Modo 2 seja uma resposta às necessidades tanto da ciência como da sociedade. O conhecimento desempenha um papel crucial em muitos mercados como fonte de vantagem tanto para os produtores como para os utilizadores. Mas são, sem dúvida, o governo e as universidades que consomem os produtos especializados. Não é imperativo que estes adoptem as normas e os valores do novo modo de produção do conhecimento que, aliás, já vêm utilizando através do pessoal que recrutam consoante a formação de cada um. O Modo 2 de produção do conhecimento, por ser transdisciplinar, acumula o conhecimento de mais do que uma disciplina, num processo de “unificação da ciência”, contrariamente ao que se verifica actualmente com a especialização do conhecimento que se diversifica em áreas mais restritas. É a tendência das revistas e jornais científicos que exploram mercados intelectuais cada vez mais especializados, com a cumplicidade dos sistemas de classificação do conhecimento, a pletora de conferências, encontros e outras manifestações de crescimento da força tecnológica científica na especialização e diversi-
Sugestão de Leitura
ficação tanto na terminologia como na metodologia. A dinâmica da produção do conhecimento no Modo 2 é praticada no âmbito da investigação técnico-científica, com a finalidade de alargar a descoberta dos processos e princípios unificadores na física e biologia e no papel constitutivo dos modelos computacionais, no comportamento intelectual e experimental dos cientistas e tecnológicos. Deste modo, os mercados alargam-se para a comercialização do conhecimento. O financiamento da I&D sustenta o trabalho científico, especialmente no sector público. A industrialização da ciência pode ser descrita em termos de adopção de economias de escala e das práticas de gestão industrial. O que torna o mercado superior é que organiza a actividade económica à volta da informação, que passou a ser o centro de produção da riqueza. As microestruturas das comunidades científicas e tecnológicas têm uma influência formativa nos modos como uma firma pode estabelecer uma base de conhecimento. A organização da produção e da distribuição em volta das tecnologias capaz de distribuir um manancial de aumentos de produtividade tem sido guiada por uma busca contínua para economias de escala. Todos os países industrializados experimentaram um crescimento rápido no desenvolvimento e massificação do ensino superior, a seguir à Segunda Guerra Mundial. O crescimento dos modelos de massa na investigação difere dos modelos de educação. A investigação é considerada uma actividade elitista e exige intensa socialização numa disciplina académica. O Modo 2, que emerge precisamente no ambiente académico, envolve relações de trabalho entre as pessoas, as instituições e o pessoal do mundo de negócio e da indústria, exteriores às universidades. A dinâmica destas mudanças indica uma transformação contínua do ensino superior e da transferência da tecnologia. No caso das Humanidades, o Modo 2 de produção do conhecimento tem-se expandido, embora se afirme que este ramo de conhecimento produz fraca riqueza. A tecnologia da informação tem-se desenvolvido com a linguística e tem colocado a produção do conhecimento no contexto da competitividade económica internacional construída em redes e alianças, que abafa a competição, embora esta sirva para desenhar configurações e desenvolver a capacidade da potencialidade, dos recursos e da criatividade das firmas. A mobilização das variadas capacidades e perspectivas na solução de problemas complexos está a ser construída à volta da informação em grupos (clustering) e das tecnologias da informação. Surge um novo paradigma quando as novas tecnologias ameaçam o modo de fazer existente. O autor cita os quatro perfis do novo paradigma técnico-económico de Freeman e Perez (1988): paradigma tecnológico, produção do conhecimento, capacidade e perfil de equipamento de capital. Em face da extensão da globalização da economia, as novas contingências são vistas como consequências paradoxais. As firmas e as alianças estimulam o crescimento das empresas destinadas a identificar problemas que envolvem conhecimento especializado, ligadas em redes. A popularidade das firmas em rede aumentam, possivelmente quando os produtos se tornam diferenciados e moderados e diminuem as pressões de uniformidade. As organizações moveram-se verticalmente para horizontalmente, o que se reflectiu no crescimento de alianças entre as firmas, cujo desejo era não só externalizar custos como também cooperar com