folheto origin concepts

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Faculdade de Psicologia | Instituto da Educação UNIVERSIDADE DE LISBOA

Sugestão de Leitura

~ Psicologia

CAREY, Susan – The origin of concepts. Oxford: The Oxford University Press, 2009, VIII, 598p.

Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft

Sugestão de Leitura—Psicologia Uma iniciativa da Divisão de Documentação Agosto de 2012 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação

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Neste livro, a autora começa por apresentar considerações acerca dos conceitos, delimitando-os na perspetiva lexical. As correntes filosóficas definiram, no passado, os conceitos como representações mentais, isto é, como unidades de pensamento, constituintes de crenças e teorias, o que está de acordo com as representações das significações da palavra. São apresentados exemplos do paradigma dos conceitos, por exemplo, o conceito de número, por oposição ao perceto ou à representação sensorial. Afirma-se que as representações são estados do sistema nervoso que têm conteúdo, que se referem a entidades concretas e abstratas (ou mesmo ficcionais), propriedades e eventos. A autora não vai tentar explicar como alguns estados do sistema nervoso têm conteúdo simbólico e como se determina a extensão de determinada representação, mas dar explicações computacionais, como a representação preenche o seu papel inferencial e como funciona no pensamento. Afirma-se ainda que existem muitos tipos diferentes de representações mentais, que a ciência cognitiva tem tentado demonstrar. E não há dúvida, acrescenta-se, que as representações sensoriais e percetivas desempenham um papel inferencial, em muitos aspetos, diferente das representações concetuais. Estas têm um papel inferencial mais pobre do que os conceitos. Representam o “aqui” e “agora”, o que significa que desempenham papéis situacionais. Segundo o empírico John Locke, os conceitos humanos são baseados em representações primitivas, a que denominou “ideias”, que são representações sensoriais primitivas, porque são entendidas sem necessidade de qualquer definição e porque são, por sua vez, desenvolvidas a partir das ideias primitivas. Faz-se a distinção entre a cognição central das representações percetivas e a cognição central do conhecimento teórico intuitivo. A cognição central tem várias propriedades, uma rica de conteúdo concetivo integrado, isto é, as representações na cognição central não se reduzem aos primitivos percetivos ou primitivos sensoriais-motores, por um lado, e a cognição central é articulada em termos de representações que são criadas por analisadores de input percetivos inatos, por outro. Acrescenta-se que o conhecimento dos objetos da criança apresenta várias propriedades colocadas em hipótese na cognição central e, ao mesmo tempo, pretende-se explorar que espécie de cognição é esta. Segundo a autora, as representações dos objetos são criadas por analisadores percetivos de input modulares e encapsulados, que têm uma história evolutiva, que se estendem profundamente na herança primata dos seres humanos. Essas representações continuam a articular-se com as nossas representações do mundo, ao longo da vida e são importantes no papel que a cognição central desempenha no desenvolvimento concetual. Deste modo, temos os princípios de uma teoria de como os símbolos acabam por ter os conteúdos que têm. Por exemplo, as representações do número desempenham um papel também importante na vida mental humana por serem centrais às matemáticas e à ciência, assim como ao comércio moderno. As representações do número articulam a linguagem humana. O número é a entidade abstrata por excelência e Piaget acreditava que as representações numéricas são construídas por capacidades lógicas, a linear, e a capacidade de

Sugestão de Leitura representar e operar segundo conjuntos. Às duas cognições centrais que dizem respeito ao mundo físico, existe a social, das relações espaciais, dos agentes de interações com o mundo físico, articulado em termos de objetivos, informação, e estados de atenção. Estas linhas das teorias empíricas levantam a questão se todas as representações inatas com conteúdo concetual estão enquadradas ou são distintas da cognição central. Estas possibilidades são exploradas pelas representações de causa, quer seja a perceção causal, as inferências causais, ou a inferência causal dos bebés para além da informação espácio temporal. A origem da cognição, isto é, o compromisso ontológico aqui apresentado, reflete a cognição central que apoia a aprendizagem linguística. A aprendizagem da língua desempenha um papel na construção da quantificação. O número natural é uma construção humana, uma representação culturalmente construída. Seguem-se exemplos de representações numéricas que mostram o que as crianças ganham ao construírem esquemas (mapping), na aprendizagem do número decimal, na compreensão da divisão, na compreensão da divisibilidade infinita do número ou dos números entre 0 e 1. O conhecimento representado com símbolos explícitos e externos, tais como os símbolos da linguagem falada e escrita, os símbolos da matemática e da lógica, os símbolos gráficos e os mapas, diferem da cognição central (núcleo) quanto ao formato, porque os sistemas de símbolos explícitos não são inatos nem se mantêm constantes ao longo do desenvolvimento. Neste ponto, dirige-se para uma questão que vai para além do objeto do núcleo da cognição, uma estrutura diferente das representações matemáticas, as teorias intuitivas, que incluem a representação do conhecimento causal e explicativo, as inferências e as previsões, as propriedades essenciais das espécies. Estas, por sua vez, têm um papel determinante nas decisões de categorização, alguns pontos de vista do conteúdo concetual e os aspetos determinantes do papel concetual que separa a significação da crença. Apresenta-se como exemplo a diferenciação dos conceitos de calor e temperatura. Pretende-se saber se existem provas da mesma espécie para a mudança concetual na infância, por exemplo, nos conceitos de matéria, peso e densidade. Estes conceitos são alterados no decurso do desenvolvimento concetual dos alunos, porque às vezes o desenvolvimento concetual resulta de sistemas representacionais com maior poder expressivo do que os anteriores e, também por vezes, os sistemas concetuais sucessivos são localmente incomensuráveis. Apresentam-se como exemplos disto, a análise histórico-cognitivo da teoria de Darwin e da teoria de Képler acerca do centro de gravidade. Os dois capítulos concludentes resumem os pontos principais tratados nos onze capítulos, sendo o último, o capítulo 13, a considerar as implicações do quadro do desenvolvimento concetual oferecido para uma nova teoria dos conceitos, introduzindo novo material acerca da origem dos mesmos, no contexto das controvérsias da ciência cognitiva, da filosofia e, até da psicologia, no que respeita à natureza dos conceitos.

Recensão de Edma Satar, Bibliotecária


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