folheto origin objetivity

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Sugestão de Leitura

~ Psicologia

BURGE, Tyler – Origins of objectivity. Oxford: Oxford University Press, 2010, XIX, 642p.

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Sugestão de Leitura—Psicologia Uma iniciativa da Divisão de Documentação Outubro de 2012 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação

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O autor começa a introdução questionando as condições necessárias e suficientes para representar objetivamente o mundo físico, admitindo que a condição mínima para obter a mínima forma de objetividade é a representação empírica. Este termo diz respeito à natureza do mandado ou justificação para crença ou decisão, por um lado, e à natureza da representação, por outro. Um mandado empírico é o que depende, em parte, da crença percetiva, da perceção ou de outros estados sensoriais. A representação empírica é um tipo de estado, ocorrência ou atividade representativa. Um exemplo de representação empírica é a perceção, a representação do ambiente físico que constitui a objetividade. Define-se objetividade como o valor de uma representação mental, sob vários tipos de objetividade, tais como a mente, a qualidade verídica, o conhecimento, e o mandado, para além das mencionadas representação e perceção, na dimensão concetual da compreensão da questão da representação. A objetividade tem as suas origens desenvolvimentistas, filogenéticas e constitutivas. A identificação e individuação são as condições constitutivas de objetividade. Voltando às questões iniciais, o autor discute o termo “referência” como um certo tipo de representação. A referência tanto diz respeito à relação com a entidade numa matéria como à função de um estado, evento, ou atividade que estabelece essa relação de referência. A referência contrasta com a indicação e a indicação é duplamente uma relação e uma função. A referência não precisa ser um objeto. Pode ser um evento, instâncias de propriedades, relações ou abstrações. Uma primeira função representacional é a atribuição que depende das instâncias do grupo de perceções, do que é verídico. A representação inclui uma espécie de intencionalidade na perceção, cognição ou linguagem. A referência ocorre na perceção e no modo de representação, de referir, indicar, atribuir e aplicar funcionalmente. Os modos de representação desempenham papéis na explicação psicológica e semântica como modos de representação de conteúdos. Representar “objetivamente” significa representar de modo verídico ou exato. O autor apresenta os fundamentos da perceção objetiva individualizada. Segundo ele, os estados percetivos são espécies que parcialmente possuem em virtude dos seus conteúdos representativos. Os conteúdos percetivos representativos constituem as condições de exatidão. Qualquer objeto é representado de forma geral, incluído numa categoria, e de forma singular, em termos da individualização das ocorrências, sendo os estados percetivos dependentes dos estados físicos subjacentes. Seguem-se as teorias filosóficas (Kant, Berkeley, Mill, Russell, Frege, Carnap, Quine, e outros) e a psicológica (Piaget) sobre a representação individual do objeto, o fenomenalismo, na primeira metade do séc. XX e as teorias sobre o positivismo lógico, behaviorismo e descritivismo, na segunda metade. Estes teóricos acrescentam que a referência objetiva depende da capacidade individual para compreender os métodos ou as descrições, que constituem parcialmente a objetividade. Por sua vez, Strawson apresentou os critérios de representação e Evans, a representação espacial no pensamento. Uma outra forma de representação individual é a linguagem, na qual as noções de significado, referência e representação carecem de estatuto, sendo o conteúdo representativo indeterminado. Os estados representativos, em psicologia, são determinados pelas condições de verdade dos estados e dos sistemas percetivos com origem nas noções teológicas, sujeitas a normas naturais. O autor resume as origens das representações numa citação de I. Kant, que “ a perceção que se relaciona com um assunto como modificação do seu

Sugestão de Leitura estado é uma sensação, uma perceção objetiva é uma cognição, e esta ou é uma intuição ou um conceito, imediatamente relacionado com um objeto, e é singular”. A perceção/sensação carateriza-se por ser uma representação sensorial das noções genéricas, em termos de representação do conteúdo e de objetificação, cujo registo envolve a forma do objeto. A perceção/cognição aplica-se à representação da objetividade através da descrição da perceção e do pensamento proposicional, contrariamente à filosofia de Kant que distingue as sensações das intuições e dos conceitos. Os aspetos representativos da mente incluem raciocínio, autoconsciência, reflexão, seguimento de regras, expressões linguísticas do pensamento, entre outros, tais como a perceção do corpo e das categorias de representação e dos atributos dos objetos. Uma das condições necessárias para a representação dos corpos é a capacidade para os individualizar e quantificar, através dos atributos matemáticos, tais como o número, a grandeza, a proporção, os arranjos espaciais, a duração temporal, etc. Estas capacidades representativas estão associadas a sensibilidades destinadas a agregar ou discriminar objetos, assim como representações matemáticas. O termo “representação” é bastante amplo, podendo ser aplicado entre a estrutura formal do sistema representado e a estrutura formal do sistema representante que é capaz de prever resultados no sistema representado na base de operações conduzidas nesse sistema. A representação espacial é a mais estendida das representações percetivas primitivas, que ocorre nos sistemas visuais e que permite, em termos computacionais, navegar em várias direções (navigation by beaconing) ou por balizamento, de modo a permitir atingir a localização por marcos ou mapas, contrariamente a alguns animais, tais como as aranhas e outros artrópodes, que se orientam no espaço. A representação espacial implica representação temporal, embora não necessariamente para a perceção, a representação ou a objetividade. A representação da cor, por exemplo, não necessita de atributos espaciais. Nesta tese, o autor pretende mostrar a relação entre o registo temporal e a representação temporal, através da interação entre representação temporal egocêntrica e alocêntrica, e da distinção entre estados de informação processados de acordo com os princípios matemáticos e os estados “associacionistas”. A distinção entre a representação perspetival e atributiva de uma questão, por um lado, muito estruturada, sensorialmente não representativa e estados de ação, por outro. O autor conclui a sua investigação sublinhando três questões filosóficas acerca da objetividade percetiva: a determinação do estatuto epistémico dos princípios gerais que governam as condições constitutivas da representação empírica; as relações explicativas entre a perceção e o pensamento proposicional; os níveis de mapeamento e tipos de objetividade. Resumem-se na qualidade verídica representativa e na objetividade per se, sendo a perceção uma representação sensorial objetiva.

Recensão de Edma Satar, Bibliotecária


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