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Sugestão de Leitura
~ Educação
ZHAO, YONG. Who's afraid of the big bad dragon? : why China has the best (and worst) education system in the world / Yong Zhao. - San Francisco : Jossey-Bass, 2014. - XIV, 254 p.
Revisão e Arranjo gráfico Tatiana Sanches, Divisão de Documentação imagem Microsoft
Sugestão de Leitura—Educação Uma iniciativa da Divisão de Documentação Março de 2015 Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
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O desempenho sistematicamente brilhante de estudantes chineses nos exames internacionais PISA – onde se sobrepõem a estudantes de todas as outras nações em matemática, leitura e ciência – tem colocado a China como líder mundial em matéria de educação. Os educadores americanos acreditam que devemos aprender com o sistema educativo da China e muitas das reformas atualmente em vigor em escolas americanas ecoam do sistema chinês, como é o caso de um maior enfoque nos testes padronizados. Mas será essa a direção certa? Escrito pelo premiado Yong Zhao, Who's Afraid of the Big Bad Dragon? oferece-nos um relato por dentro do sistema educativo chinês, revelando os segredos que o tornam ao mesmo tempo no “melhor e pior” do mundo. Nascido e criado na província de Sichuan, pro-
Sugestão de Leitura A China está habituada à hierarquia e classificação e o seu sistema educativo providencia ambas as coisas. Enquanto caminho único para o sucesso, os estudantes são classificados de acordo com o seu desempenho, e muito poucos vencerão a corrida. A concorrência é agressiva pelos lugares cimeiros nas melhores escolas e universidades. Não surpreende que pais ricos recorram à “batota” e ao suborno para poderem dar vantagens aos filhos, como sejam aulas extra, os melhores professores e as melhores escolas. Os vícios académicos abordados por Zhao incluem a “batota” institucionalizada. Por exemplo, há dois anos, na província de Hubei, terá havido um motim depois de alguns estudantes terem sido impedidos de realizar um esquema de batota que tinha sido pago pelos seus pais. Uma multidão de pais e miúdos partiram carros e gritaram: "Queremos justiça! Não há justiça se não
fessor durante muitos anos na China e atualmente cátedra na Universidade de Oregon
nos deixarem fazer batota."
(EUA), Zhao tem uma perspetiva singular sobre a cultura e educação chinesas. Explica
Os educadores chineses queixam-se de que a concorrência torna as crianças infelizes e doen-
detalhadamente como a China produz os estudantes com melhor desempenho no mundo
tes, e que é injusta e desigual. Alguns educadores de topo têm tentado diminuir a importância
em leitura, matemática e ciências – e no entanto, segundo consta, os educadores, pais e
dos exames, mas até agora têm falhado. Zhao chama ao sistema de exames “a bruxa que não
líderes políticos chineses detestam o sistema e anseiam por enviar os seus filhos para es-
se consegue matar”. Por mais que se emitam diretrizes para reduzir os trabalhos de casa e a
colas ocidentais. Repleta de histórias fascinantes e dados convincentes, esta obra faz uma
pressão académica, a pressão continua, reforçada por escolas e pais.
visita guiada ponderada, mas nua e crua sobre a educação na China. Zhao diz-nos que a China tem o melhor sistema educativo porque consegue produzir as
pontuações mais elevadas nos exames. Mas diz que tem o pior sistema educativo do mundo porque essas pontuações são conseguidas pelo sacrificar da criatividade, do pensamento divergente, da originalidade e do individualismo. Argumenta que a imposição dos exames padronizados pelas autoridades é uma vitória do autoritarismo. A China está encurralada pelo elogio ocidental. Zhao crê que os seus líderes educativos
Zhao vê na globalização e na tecnologia as duas grandes mudanças que devem moldar a política educativa. Defende a autonomia de professores bem preparados e o desenvolvimento individual dos seus alunos, advogando o valor das particularidades extracurriculares com especial fervor quando escreve que “se tem demonstrado que a confiança, resiliência, coragem, mentalidade, traços de personalidade e motivação são pelo menos tão importantes quanto as competências cognitivas no trabalho”.
gostariam de se libertar da ortodoxia baseada em exames, que limita a criatividade, mas não se atrevem a abandonar os métodos que produzem os resultados admirados pelo mun-
do ocidental.
Recensão preparada por Sofia Coelho
Divisão de Documentação