02 2022 Recensão PSI

Sugestão de leitura

Fev’ 2022 Psicologia

Santeiro, T.V., Fernandes, B.S. & Fernandes, W.J. (org.) (2021).

Clínica de grupos de inspiração psicanalítica: teoria, prática e pesquisa. Clínica Psicológica.

PSICAN SNT*CLI

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Sugestão de leitura

Fev’ 2022

Psicologia

Santeiro, T.V., Fernandes, B.S. & Fernandes, W.J. (org.) (2021). Clínica de grupos de inspiração psicanalítica: teoria, prática e pesquisa.

Clínica Psicológica.

PSICAN SNT*CLI Este é um livro escrito a muitas mãos, uma verdadeira obra de grupo. Os seus autores têm formações e experiências variadas e abordam temas muito diversos, mas há uma linha comum e uma coerência que conferem uma base consistente à obra. Em termos estruturais, o livro foi desenhado para cobrir aspetos fundamentais dos trabalhos grupais, desde os teóricos até aos técnicos e práticos.

Os três primeiros capítulos constituem como que uma matriz no seio da qual se vão desenvolvendo os diferentes temas que compõem o livro. O capítulo 1, Psicoterapia de Grupo: sua origem, seus caminhos mostra-nos, com uma linguagem clara e acessível, as origens, os fundamentos teóricos e práticos e o desenvolvimento das psicoterapias de grupo em todos os países em que estas se implementaram. Em Conceitos introdutórios sobre grupalidade e psicanálise vincular (capítulo 2), apresentam-se uma série de conceitos e noções básicas que facilitam a leitura e a compreensão dos restantes capítulos. No capítulo 3, Proposta introdutória de classificação do trabalho grupal, os autores fazem uma exegese daquilo que é um grupo, classificando os diferentes grupos existentes em operativos, psicoterapêuticos e de pesquisa.

O capítulo 4 debruça-se sobre o importantíssimo tema da Formação de psicoterapeutas e coordenadores de grupo de inspiração psicanalítica – alicerce seguro e fonte de renovado saber da identidade, do ofício e da arte de ser psicoterapeuta.

Ao longo do livro é dada ênfase à influência e aos contributos que vários autores tiveram no desenvolvimento e na identidade dos grupos analíticos.

De entre os mais representativos, são abordados Freud (capítulo 5), Melanie Klein (capítulo 6), Bion (capítulos 7 e 12), Winnicott (capítulo 13) e Foulkes (capítulo 9).

São apresentadas, com fundamentação teórica e ilustrações clínicas, várias modalidades de psicoterapia de grupo, das quais se salientam os grupos com finalidades operativas e psicoterapêuticas. Sobre os primeiros, o capítulo 8 apresenta o tema de acordo com as conceções de Pichon-Rivière, e o

capítulo 14 apresenta os grupos operativos mais especificamente, em duas modalidades, os grupos psicanalíticos de reflexão e os grupos psicanalíticos de discussão, que são usados como dispositivos de aprendizagem e intervenção em diferentes contextos. Sobre os segundos, os capítulos 10 e 11, respetivamente, abordam a Grupanálise portuguesa e a perspetiva psicanalítica de grupo francesa. O livro contém ainda outro interessante capítulo, muito enriquecido com ilustrações clínicas, sobre a teoria da técnica das grupoterapias psicanalíticas (capítulo 16), e outro, também sobre técnica, abordando O início e o término da intervenção psicológica grupal (capítulo 17).

O conhecimento teórico e técnico, bem como a experiência clínica dos autores do livro, permitiram a estes adaptar e aplicar os princípios da psicoterapia analítica de grupo a uma vasta gama de situações e pessoas.

Isto é da mais alta importância, pois permite ajudar uma população mais ampla e necessitada. São vários os capítulos que mostram isso mesmo: o capítulo 15, Grupos com tempo e/ou objetivos limitados; o capítulo 18, Psicoterapia de grupo com crianças e adolescentes; o capítulo 20, sobre Grupos de crianças com transtornos mentais graves em instituição; e o capítulo 23, que aborda a questão importantíssima dos Grupos nas instituições. O capítulo 19 aborda uma outra questão, nem sempre devidamente valorizada: o Atendimento a famílias de crianças doentes, dentro dos transtornos do espectro autista. Novamente em relação a pacientes adultos, mas ainda com a preocupação focada nos familiares, o capítulo 25 aborda o problema dos transtornos do comportamento alimentar (anorexia e bulimia), enquanto o capítulo 22, valorizando aportes da terapia familiar sistémica, reflete sobre a sua importância numa perspetiva integrativa de abordagem e tratamento das famílias. Numa abordagem diferente, o capítulo 21 consiste num interessante texto sobre Psicoterapia psicanalítica de casal. Dois capítulos versam sobre patologias específicas: pacientes com dor crónica (capítulo 24), e alcoolistas e drogaditos (capítulo 26). Finalmente, a questão dos Processos da pesquisa em grupos (e a importância da sua dimensão operativa) é abordada no capítulo 27 .

Divisão de Documentação

(Extraída do prefácio e apresentação do livro)