Sugestão de leitura
MAR’ 2022 Psicologia
Matos, M.G. (2020). Adolescentes: as suas vidas, o seu futuro. Fundação Francisco Manuel dos Santos. (Ensaios da fundação; 105) PSI/DES MTS*ADO
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Sugestão de leitura
Mar’ 2022
Psicologia
Matos, M.G. (2020). Adolescentes: as suas vidas, o seu futuro. Fundação Francisco Manuel dos Santos. (Ensaios da fundação; 105) PSI/DES MTS*ADO
Amamo-los, estranhamo-los, queremos apoiá-los e compreendê-los. Mas que sabemos nós, adultos, sobre os adolescentes, as suas vidas e o seu entendimento do mundo? Os adolescentes têm características que os unem como grupo e outras que os individualizam, com diversas questões centrais: a relação com o corpo, a tecnologia e o lazer, a tomada de decisões, os consumos, os laços familiares e com a escola, os amigos, os conflitos, os amores, as expectativas. São fruto do tempo em que vivem, mas traçam os seus próprios percursos, diferenciadores. Eliminados os lugares-comuns que os banalizam, como podemos encará-los com simultâneas consistência e flexibilidade? Seguem-se excertos de uma entrevista à autora deste livro. Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro «Adolescentes: as suas Vidas, o seu Futuro»? A ideia foi disponibilizar um livro de divulgação para a população em geral, em especial para pais, educadores e profissionais de saúde com contato com adolescentes. Um livro de fácil leitura, mas pensado a partir de estudos recentes nomeada mente do estudo dos comportamentos de saúde nos adolescentes (HBSC, em www.hbsc.org ) que fazemos em Portugal desde 1998, e fizemos em 2018 pela sexta vez. Com base nestes seis estudos e na evolução dos comportamentos e da sociedade, e ainda na experiência acumulada da equipa Aventura Social com adolescentes e famílias (www.aventurasocial.com), apresento um elenco de questões e pistas para reflexão que podem facilitar e mesmo tornar muito agradável o convívio com os adolescentes, neste período das suas vidas e mesmo apoia-los neste processo, dando ao mesmo tempo espaço, afeto, monitorização e regras. Que retrato é possível fazer hoje dos adolescentes portugueses? Nos últimos 22 anos os pais dos adolescentes tornaram-se mais escolarizados e mais digitais. Passou-se do conflito de gerações baseado em conceitos como a “abertura dos mais novos” e o “tradicionalismo dos mais velhos”, onde os grandes problemas eram a divergência quanto ao estilo de vida (saídas com os amigos, consumo de substâncias, namoros), para um outro tipo de conflito centrado no uso e abuso das tecnologias de informação e comunicação e na gestão do espaço e tempo “lá em casa”. Os pais de “antes” (…) os adolescentes achavam-nos “fechados e autoritários”. Os pais atuais, muito mais informados, centram muito a sua ação com os filhos nos seus próprios conhecimentos, mas com isso por vezes parece quererem protegê-los de “todos os riscos”. Isto aos adolescentes (…) aparece muitas vezes como pouca autonomia e excesso de monitorização que eles entendem
como excesso de controlo: reagem por vezes com tensão a essa “intromissão” e muitos aproveitam para se desresponsabilizar, não se interessando nem colaborando na “vida lá em casa”. (…) Os desafios para os adolescentes e suas famílias vão evoluindo em paralelo aos desafios e mudanças sociais. (…) mais recentemente enfrentámos a COVID, no livro reflito já sobre esse tempo e o seu impacto na vida dos adolescentes e das suas famílias. Os sinais de mudança (…) nos adolescentes portugueses são semelhantes aos de outros países, numa lógica de globalização de comportamentos, hábitos, ideias e expectativas quanto ao futuro? A grande mudança dos últimos anos, com o aparecimento de instrumentos integrados de acesso à internet (smartphones) foi a relação simbiótica e invasiva dos adolescentes com os ecrãs. E um grande desafio que tem de ser gerido com muita atenção. O mais recente associado à vivência da pandemia… ainda estamos a vivê-lo em tempo real embora estejamos já a refletir sobre o impacto que terá a medio e longo prazo sobre a vida das famílias e dos adolescentes: vida familiar, escolar, socialização, saúde mental e física. Entre 1998 e 2018 (o primeiro e ultimo estudo HBSC realizado), os adolescentes portugueses estavam em geral na média europeia, com uma exceção pela positiva relacionada com a alimentação (toma de pequeno almoço, refeições em família, consumo de fruta, embora não tanto de legumes), e relacionada com a família (em geral reportando maior proximidade, quase no limite da excessiva falta de autonomia…). Pela negativa temos os fraquíssimos hábitos de atividade física, nomeadamente no género feminino, e isto mesmo antes da pandemia. Por outro lado a terrível relação com a escola, este desamor associado a pressão, e a perceção de inferioridade (…). Os adolescentes gostam da escola enquanto espaço de socialização, os recreios e o convívio (espaço este que agora com a pandemia perderam enquanto espaço de socialização), mas não gostam das aulas que consideram com excessiva matéria, com matérias desinteressantes e desatualizadas, criticam ainda um excesso de pressão e de foco nas notas. (…) Neste momento com a pandemia esperamos alguma incerteza e inquietação que se pode traduzir em perturbações da saúde mental a médio e longo prazo e já temos estudos sobre isso. Embora alguns refiram que a pandemia tenha vindo a facilitar uma autonomização e responsabilidade individuais. Divisão de Documentação
(Sinopse do livro; https://www.novoslivros.pt/margarida-
gaspar-de-matos-adolescentes-de-hoje-e-de-amanha/)