ioAtivo Nº 9 |Junho de 2012
Farma Júnior
Veto à MP do Senado reforça importância do farmacêutico I nt e f
A Medida, vetada pela presidência, permitia a venda de medicamentos isentos de prescrição em supermercados
As peças que constroem a Farma Jr. pág.3
Nutrigenômica pode ajudar a prevenir câncer pág.6
pág. 4
Conselhos de quem tem muita experiência pág.8 A RQ U I VO P E S S OA L
R E P RO D U Ç ÃO
R E P RO D U Ç ÃO
Editorial
A rotina continua agitada na FJ
Expediente Farma Jr. Projetos e Consultoria Farmacêutica Gestão 2012
Olá, farmacêuticos de plantão!
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Voltamos, depois de um mês sem nada, e estamos com tudo! Junho chegou, junto com provas e o nosso, ou meu, querido EPEJ. O Encontro Paulista de Empresas Juniores, realizado pela FEJESP, ocorreu no feriado de Corpus Christi e foi uma ótima oportunidade para os membros da empresa conhecerem pessoas de outras cidades e até outros estados. Foi um grande aprendizado para todos e voltamos com muita vontade de fazer mais e buscar o que gostamos dentro da empresa. Nesta edição, temos um pouco mais sobre a medida provisória que chocou muitos profissionais da área farmacêutica: a permissão de venda de medicamentos por supermercados e afins, sem a necessidade de um farmacêutico. O veto mostrou que nós, farmacêuticos de todas as idades, temos um grande papel na sociedade e não podemos deixá-lo de lado. Na editoria de Pesquisa, temos um ex-empresário júnior (acreditem se quiserem!)
o prof. Thomas Ong, falando mais sobre seu trabalho com nutrigenômica e câncer. No Raio-X, temos um carismático palestrante do nosso Ciclo de Palestras, com quem tivemos o prazer de conversar durante um bom tempo antes e após sua palestra, o Farmacêutico e nosso veterano sr. Darcio Calligaris. Este mês sempre dá trabalho, mas ele tem seu ponto positivo, seja o IUSP ou o EPEJ. Muitas coisas para fazer, muito para terminar e muitas outras para começar. Desejo boa sorte neste fim de semestre, e vamos que vamos para o esforço final!
por Marcos Moretto (Diretor de Marketing da Gestão 2012 da FJ)
Diretoria: Jéssica Rocha, Jessyca Kuba, Juliana Medeiros, Marcos Moretto, Paulo Souza, Thais Mikami, Vivian Borali. Responsável pela BioAtivo: Marcos Moretto. Presidente: Vivian Borali. Endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 580 - Centro de Vivência, sala 14, Cidade Universitária. Contato: (11) 6901-5926 // farmajr@usp.br Produzido por:
Jornalismo Júnior ECA-USP
Edição: Bruna Romão Equipe: Arthur Deantoni, Fernando Oliveira, Gabriela Malta, Hugo Luiz Araújo, Sophia Kraenkel e Vitor Hugo Moreira Projeto Gráfico: equipe de Comunicação Visual da Jornalismo Júnior. Contato: (11) 3091-4085 // jjr@usp.br // @jornalismojr
Institucional
Entre a faculdade e o mercado Estudantes entram em contato com o mundo empresarial a partir da Farma Júnior Arthur Deantoni Nas atividades da FJ, os futuros farmacêuticos obtêm suas primeiras experiências profissionais. A empresa promove uma aproximação entre os universitários e as indústrias do ramo, permitindo que os estudantes ampliem a visão e o conhecimento sobre as diversas áreas da profissão. A empresa é dividida em sete diretorias, o que facilita a organização e a execução de seus projetos de consultoria. São elas: Presidência, RH, Administrativo-Financeiro (ADM-FIN), Projetos, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Marketing e Eventos. Merece destaque a diretoria de Projetos, que centraliza todas as etapas de consultoria, coordenando-a. As áreas do conhecimento farmacêutico nas quais a empresa atua são: cosméticos, tecnologia e alimentos, esta a de maior importância. Marianne Souza, consultora da diretoria, diz que “Os projetos de consultoria compreendem os serviços que a FJ oferece para micro e pequenas empresas a um valor abaixo do mercado”. Um projeto recente foi um dossiê técnico para a Agência USP de Inovação. A diretoria de P&D dá suporte técnico aos projetos. Isso possibilita melhorias aos serviços de consultoria desenvolvidos, incor-
porando-lhes mais qualidade. Marianne ainda destaca: “A diretoria de P&D atua no desenvolvimento de novos produtos e é a responsável pela coleta e pesquisa de informações que auxiliem no desenvolvimento de nossos projetos”.
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Com um ano e meio de empresa tenho uma ideia mais coerente com a realidade sobre o que é o mundo empresarial.”
Marianne Souza, consultora da diretoria de Projetos As demais diretorias da empresa também têm papéis importantes. Marcos Moretto, diretor de Marketing da FJ, diz que “a diretoria de RH trabalha o plano de carreira dos trainees e o seu respectivo desenvolvimento dentro da Farma
Jr”. Já a diretoria pela qual ele é responsável trabalha para a divulgação da marca e realiza os primeiros contatos com os clientes. Por fim, o ADM-FIN cuida das finanças e da regularização da empresa. A FJ dá todo auxílio a seus trainees para que evoluam como profissionais e decidam em qual área da indústria farmacêutica querem trabalhar. Além disso, através do contato com outras empresas juniores, entende-se os desafios que outras profissões enfrentam no mercado, o que também ajuda no crescimento pessoal e profissional. Marianne Souza acredita que, após um ano e meio na empresa, possui hoje uma visão sobre a profissão e o mundo empresarial mais coerente com a realidade. “Consigo ter uma ideia mais clara do que quero para o meu futuro e o direcionamento que darei à minha carreira”, completa.
Diretorias contribuem para o melhor desenvolvimento da FJ
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Notícias
Função do farmacêutico é debatida
A determinação que permitia a venda de MIPS em supermercados trouxe à tona a discussão sobre Hugo Luiz Araújo Sophia Kraenkel A medida provisória (MP) que permitia a venda dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados foi vetada pela presidenta Dilma Rousseff em maio. No entanto, um mês separou a aprovação da medida pelo Senado e o veto presidencial. Neste intervalo, a MP trouxe algumas polêmicas à tona, como o papel do farmacêutico e se a população estaria educada para usar medicações racionalmente.
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O medicamento é isento de prescrição médica, não de orientação profissional.” Maria Aparecida Nicoletti, responsável pela Farmácia Escola da FCF
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Maria Aparecida Nicoletti, professora da Universidade Guarulhos (UnG) e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da FCF, é assertiva quanto à decisão pelo veto: “Com certeza teria que vetar, qualquer um com um pouco de racionalidade o faria”, diz. A aprovação da MP anularia o cuidado farmacêutico, uma vez que os medicamentos ficariam dispostos nas prateleiras dos supermercados, sem qualquer orientação para a compra. Além disso, verdadeiros problemas de saúde pública poderiam
ocorrer devido ao mau uso destes medicamentos. Para a professora, nos supermercados “não há ninguém responsável pela averiguação de que medicamento a pessoa está levando, porquê ela vai tomar ou se ela já toma outro medicamento”. Nicoletti acredita que o farmacêutico é fundamental porque traz a “orientação necessária para o uso racional dos medicamentos”. Deste modo, sua importância não está restrita ao conhecimento de fármacos. Ele possui uma importante função social, sendo o elo final entre paciente e a medicação. A professora afirma que, muitas vezes, o paciente chega à farmácia sem saber por que deve tomar o medicamento prescrito. Neste contexto, o papel do farmacêutico seria de um verdadeiro educador em saúde. “O paciente em frente ao farmacêutico levanta questões que muitas vezes não levanta para o médico, por vergonha”, afirma Nicoletti. Cabe, portanto, ao farmacêutico o papel de educar e mostrar como a medicação deve ser administrada. Mas afinal porque criar medicamentos de venda livre? Para a professora Nicoletti, “o medicamento é isento de prescrição médica e não de orientação profissional”. Ou seja, espera-se que a automedicação seja consciente. Os MIPs servem para facilitar o acesso à remédios do dia-a-dia e desafogar o sistema de saúde pública,
A orientação profissional é essenci mas é essencial saber que substância está tomando e quais os seus efeitos. Intercalação com fitoterápicos Um dos maiores problemas relacionados com a falta do profissional atrás do balcão, é que poucas pessoas conhecem a interação entre os medicamentos, principalmente com os fitoterápicos. No Brasil, os medicamentos à base de plantas medicinais são usados por 82% da população, devido a enorme diversidade biológica do país e aos antigos costumes familiares. Hoje se tenta estudar os efeitos dessas plantas e de alimentos no organismo, tanto para checar a eficiência dos tratamentos como para ver se eles produzem algum efeito colateral se combinado com outras substâncias. “Normalmente, o paciente não considera que o fitoterápico é um medicamento. Ele ajuda mas nunca
Notícias
após Medida Provisória do Senado
e a importância da profissão na orientação e educação para o consumo racional de medicamentos A Anvisa tenta regulamentar o comércio online, estabelecendo regras, porém a fiscalização ainda é bem complicada. Um medicamento vetado pela Anvisa pode mudar de site, de nome ou ser tirado do ar por um tempo, burlando as normas.
ial na compra de medicamentos faz mal. E muitos médicos, infelizmente, também tem esse pensamento” relata Elfriede Bacchi, professora da FCF especialista na área. A venda ilegal dessas substâncias também estimula a automedicação. Bacchi ressalta que nas cidades existem inúmeras barracas de produtos medicinais em péssimas condições de armazenamento.Com a internet, a fiscalização fica ainda mais difícil. Segundo a OMS metade dos remédios vendidos online são falsos.
Educando o consumidor Num contexto maior, o veto presidencial reforça a importância do profissional farmacêutico e aponta para um problema cultural existente na nossa sociedade, dado que um dos principais temores quanto à aprovação da MP seria a excessiva automedicação. Todavia, mais medidas de conscientização relativas à administração de medicações têm sido feitas. A política de descarte de medicamentos atual é um exemplo da tentativa de educar os pacientes. Pois tenta mostrar à população as consequências que a medicação mal descartada pode causar levando as pessoas a buscarem um descarte correto. A professora Maria Aparecida Nicoletti diz que é importante “dar um trata-
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Normalmente, o pa ciente não considera que o fitoterápico é um medicamento.” Elfriede Bacchi, professora da FCF
mento diferenciado a estes resíduos devido às conseqüências ambientais que podem desencadear”. Por isso, nas farmácias têm se instalado postos de coletas de medicamentos fora do prazo de validade ou que não são mais usados. Para a professora Nicoletti, isto leva “à conscientização do indivíduo a, por exemplo, constantemente verificar o prazo de validade e não descartar o medicamento em qualquer lugar”. Tanto o veto como esta atual política de medicamentos atentam para uma necessidade de educar a população em saúde seja com o auxílio do farmacêutico ou com políticas públicas de conscientização. “Todas estas políticas devem ser incentivadas. Temos o papel de ajudar estas pessoas a ter conhecimento em saúde”, conclui a professora Nicoletti.
Saiba mais sobre as diretrizes legais que regem profissão dos farmacêuticos Nos últimos 30 anos a profissão do farmacêutico foi drasticamente alterada. Em 1998, estabeleceu-se a Política Nacional de Medicamentos que estabeleceu a venda de genéricos, com objetivo de organizá-los, de melhorar a distribuição e o uso racional de medicamentos.
Já em 2002 o governo lança a Lei de Diretrizes e Bases estabelecendo o perfil do farmacêutico. A formação acadêmica passou de técnica e específica para humana e generalista. Essa lei foi um marco na diretrizes das faculdades de farmácia, pois consagrou a importância humana do profissional, de promover a educação em saúde.
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Pesquisa
Alimentação influencia na probabilida
Projeto de pesquisa desenvolvido pelo profesor Thomas Ong estuda como a alimentação dos pais Fernando Oliveira Gabriela Malta No grupo de doenças crônicas não transmissíveis, o câncer é uma das que mais preocupam a população. Câncer é uma designação genérica para um conjunto de mais de 100 doenças provocadas pelo crescimento desordenado das células, formadoras dos tecidos e órgãos. Suas causas são variadas - vão desde herança genética até fatores ambientais - e se inter-relacionam. Um bom exemplo da interação entre elementos internos e externos ao organismo é a alimentação. Dados da OMS mostram que a dieta, junto a outros fatores comportamentais como consumo de álcool, fumo e falta de atividade física, está relacionada a cerca de 30% das mortes por câncer. Procurando entender melhor essa relação, o professor Thomas Ong coordena uma linha de pesquisa que estuda os efeitos da nutrição parental nos casos de câncer de mama dos descendentes. Ele é um
dos responsáveis pelo Laboratório de Nutrição e Câncer da FCF. A pesquisa está intimamente relacionada a uma ciência que estuda a interação entre genética e nutrição, a Nutrigenômica. O genoma não é uma entidade estática e está sujeito a interferência de uma série de fatores, dentre eles a alimentação. Estudos sugerem que o padrão de nutrição dos indivíduos produz alterações em seus genes, com influência inclusive sobre o risco de desenvolver doenças, como o câncer. A relação entre alimentos e genes não ocorre somente em nível molecular: as respostas que cada pessoa tem a uma determinada alimentação, seja mais rica em gorduras ou açúcares , também é influenciada pelo genótipo. Intervenções nutricionais como forma de prevenção Ao conhecer o mapa genético individual e identificar a probabilidade de desenvolvimento de alguma doença, podem ser feitas intervenções e orientações nutricionais para evitar a
Solução para evitar câncer pode estar na Nutrigenômica
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enfermidade. “Ao invés de deixarmos a doença chegar, estimulamos intervenções, que podem ocorrer pela alimentação, ao longo da vida.”, resume Thomas Ong. Algumas empresas já atuam nessa área e realizam a genotipagem apenas de alguns genes, mas ainda há muito a ser pesquisado.
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Ao invés de deixarmos a doença chegar, estimulamos intervenções, que podem ocorrer pela alimentação, ao longo da vida.” Thomas Ong, professorpesquisador da FCF
A grande pergunta é quando começar a intervir. A pesquisa de Thomas Ong mostra que a resposta está na alimentação dos pais antes mesmo da concepção. A nutrição, especialmente da mãe, é responsável por uma série de efeitos no desenvolvimento do embrião, já que no começo da gestação ocorrem inúmeros eventos genéticos, incluindo processos epigenéticos, os mais estudados pelo professor. Processos epigenéticos são aqueles que ocorrem não apenas nas moléculas de DNA, mas também em suas organizações dentro do núcleo. Por muito tempo, pensou-se que esta era uma estrutura estática, porém sabe-se hoje que também é
Pesquisa
ade genética de desenvolver câncer
s pode ter efeitos sobre a ocorrência da doença nos descendentes e busca formas de prevenção O que a ciência já sabe sobre a interação entre alimentos e o genoma humano? O modo como aproveitamos e metabolizamos os Mas os nutrientes da nossa dieta também podem alimentos é regulado por nossos genoma. inibir ou estimular a expressão de certos genes. Estudos indicam que meninas que nascem acima do peso médio têm maior chance de desenvolver câncer de mama no futuro regulatória. Existem regiões do genoma que estão mais compactadas e outras mais “relaxadas”, indicando a intensidade de suas atividades. Muitos desses padrões são estabelecidos durante a formação do feto, devido à intensa atividade celular. Esses processos são importantes para controlar a ativação dos genes e a alimentação direciona e os marca ao longo prazo. Assim, a nutrição não só parental, mas também dos descendentes mais distantes, é um dos fatores que mais vai influenciar na saúde do indivíduo ao longo da vida. Um exemplo já observado está em meninas nascidas com mais peso do que a média dos bebês têm mais chances de desenvolver câncer de mama. A nutrição das mães, portanto, com uma dieta rica em gorduras e deficiente em micronutrientes, teria modulado a saúde futura das filhas. Thomas Ong ressalva que não só a má alimentação influencia os processos epigenéticos. Nas frutas, verduras e legumes, há compostos bioativos, como flavonoides, catequinas
A dieta tanto da mãe quanto do pai, mais ou menos rica em açúcares e gorduras, influencia na saúde da filha
e gingerol. Essas moléculas alteram o comportamento das células e podem impedir divisões irregulares, além de protegerem contra radicais livres e outras funções a serem descobertas. Como se dá a intervenção? A partir do perfil genético dos pacientes, pode-se definir o tipo de resposta dos genes a determinada alimentação. Assim, pode-se sugerir uma dieta específica e preventiva a fim de diminuir o risco de desenvolvimento de alguma enfermidade, em especial o câncer. Essa nova abordagem abre um novo campo para o refinamento das terapias contra a doença. Ao invés de um tratamento agressivo, pode-se observar o genoma de cada indivíduo
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Essa indução pela alimentação deve ser contínua., para manter os níveis de nutrientes.” Thomas Ong, professorpesquisador da FCF
e descobrir meios mais específicos de combate à moléstia. O professor acredita ser possível intervir na alimentação do paciente antes mesmo que ele desenvolva a doença, enquanto as alterações genéticas ainda são pouco expressivas. Mas, para que seja um processo eficiente, é necessário uma mudança no comportamento ao longo de toda a vida. “Essa indução pela alimentação deve ser contínua, para manter os níveis de nutrientes.” explica o professor. Há desafios particulares para a Nutrigenômica. O maior deles é a interdisciplinaridade, pois depende de uma interação entre estatísticos, bioinformartas, nutricionistas, geneticistas e bioquímicos. Além disso, surgem questões éticas, relacionadas ao acesso ao genoma e à empregabilidade dos estudos, por exemplo, que devem ser ainda discutidas tanto pelo governo quanto pelos cientistas. Acima de tudo, é uma pesquisa que vai desde o laboratório até o leito do paciente.
O 6º Congresso da International Society of Nutrigenetics/Nutrigenomics acontece em São Paulo, de 18 a 21 de novembro. Para saber mais: http://www.isnnbrazil.org.br/
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Raio X
Conselhos da voz da experiência Profissional da insdústria farmacêutica há 40 anos, Darcio Calligaris tem muito a contar
Darcio Calligaris tem um currículo extenso, impossível de ser aqui reproduzido. Formado pela FCF, é profissional da indústria farmacêutica há 40 anos. Teve funções em todas as áreas possíveis desse mercado: desenvolvimento, produção e controle. Foi professor durante 20 anos e convidado como palestrante diversas vezes. Também trabalha como consultor. Além disso, e talvez ainda mais importante, é casado, tem dois filhos (um deles formado na Escola de Comunicações e Artes da USP) e um enorme carisma.
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Eu devo tudo isso à USP” Darcio Calligaris, professor e consultor farmacêutico
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A USP e a profissão “Quem entra na USP tem que fazer o vestibular, não é qualquer um que entra lá. Você é uma pessoa diferenciada, por mais humilde que você queira ser”, reflete Darcio. Ele conta que em seu primeiro emprego, quando apareceu a primeira dificuldade, estudou as matérias da faculdade e, ainda estagiário, explicou o processo aos outros funcionários. Depois disso, ele foi efetivado, teve aumento de salário e conseguiu comprar seu primeiro carro: um Fusca 62.
O primeiro emprego de Dárcio foi na indústria Usafarma, por sugestão de um colega da faculdade. Ser o mais novo no trabalho, e estagiário, é sempre mais difícil. A primeira tarefa foi produzir cloreto de sódio, mas havia um detalhe: o trabalho deveria ser feito com as mãos. Após dois anos na Usafarma, Darcio mudou para a Norwich Eaton junto com seu chefe. Ele acabava sua faculdade (sem o uso de calculadoras!) e se casava. Aliás, seu filho assistiu à sua formatura. Ainda como estudante de farmácia, na Norwich Eaton, ele foi um dos primeiros a introduzir as BPF (Boas Práticas de Fabricação), hoje regulamentadas pela ANVISA. Na empresa, foi promovido a gerente e farmacêutico responsável: “Eu devo tudo isso à USP”. Retribuindo o favor, o professor doou todo o acervo da Norwich Eaton à USP. Darcio foi, em julho de 1981, trabalhar como Gerente da Divisão de Produção da Sintofarma, onde trabalhou durante quatro anos para, enfim, mudar para seu emprego mais duradouro, na Fundação para o Remédio Popular (FURP). Lá, trabalhou durante 24 anos, principalmente em desenvolvimento, atingindo grandes sucessos. Conselho aos estudantes Respondendo a uma pergunta sugerida por alunos da FCF, Darcio
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Vitor Hugo Moreira
Darcio Calligaris é grato à USP considera que a generalização do curso (a extinção da especialização) não é uma boa ideia. “Imagine alguém que quer seguir na área de farmacotécnica aprendendo um monte de equações que nunca vai usar na vida”. O professor considera que as grades curriculares são feitas por pessoas de pesquisa acadêmica e por isso a parte teórica é incentivada demais. Ao final de nossa divertida conversa, ele sugere que as áreas de pesquisa para a indústria são suas apostas. Segundo ele, este é um mercado bastante carente e promissor. A outra aposta do professor é no desenvolvimento em si. Nessa área, ele afirma que o crescimento profissional é mais lento. Mesmo assim, o professor recomenda: deixe o orgulho de lado e “comece estágios, principalmente no segundo ou terceiro ano.”
Diversão
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