Número 17 • Ruminantes
Insuficiência energética Balanço energético negativo e perturbações metabólicas em vacas leiteiras
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Uma revista da
Acessando o poder das plantas para promover a criação de bezerros
Editorial Alcançando uma alta produção diária ao longo da vida As vacas dão lucro a partir da terceira lactação. O melhor parâmetro para medir a sustentabilidade é o leite total produzido por uma vaca ao longo da sua vida, dividido pela respectiva idade. A produção diária ao longo da vida (Lifetime Daily Yield, LDY) é um indicador do desempenho global que reflete parâmetros como criação de bezerras, doenças infecciosas, mastite, claudicação, fertilidade, qualidade do leite e nutrição — tendo todos estes fatores impacto nas taxas de concepção e nos volume de leite vendidos. Em termos de LDY, as vacas situadas nos 10% superiores dos rebanhos atingem cerca de 15 litros de leite por dia, em contraste com somente os 6 litros produzidos pelas vacas pertencentes aos 10% inferiores. A média Européia é de cerca de 11 litros por dia. Neste número da Science & Solutions abordamos dois importantes fatores para a obtenção de uma produção diária superior ao longo da vida: prevenção de doenças metabólicas e criação de bezerras. A cetose é uma doença metabólica grave comum durante o período de lactação precoce que, nas formas subclínica e clínica, é responsável por 25% a 35% da taxa de abate nas explorações. Discutimos a causa principal da cetose e os seus impactos, dando indicações para a prevenção. A criação de bezerras também desempenha um papel-chave como influenciador na produção diária ao longo da vida. Uma idade precoce para o primeiro parto de cerca de 24 meses origina um aumento estável na produção diária ao longo da vida e tendo sido observado também uma produção de leite mais elevada na primeira lactação. A utilização de fitogênicos para sustentar o crescimento dos bezerros poderá ajudar na criação de bem-sucedida de bezerras. Há muitos fatores que influenciam a produção diária ao longo da vida e uma produção de leite bem-sucedida exige uma abordagem mais profundada das questões que devem ser consideradas em um rebanho individual para produção leiteira. A prevenção de doenças e a criação de bezerras constituem duas formas de incrementar a produção diária ao longo da vida, podendo ajudar os produtores a atingirem um desempenho superior no presente e no futuro e assim, obterem rentabilidade e assegurarem um futuro sustentável.
Wolfgang MARKERT Diretor de Gestão, BIOMIN Alemanha
Science & Solutions
Índice
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Enfrentando o balanço energético negativo em vacas leiteiras
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Análise da ameaça para a saúde e indicações para a prevenção. Por Luis Cardo
6 Acessando o poder das plantas para melhorar a criação de bezerros Soluções naturais que promovem a saúde intestinal e o desempenho dos animais. Por Annamaria Boczonadi e Carina Schieder
Science & Solutions é uma publicação mensal da BIOMIN Holding GmbH, distribuída gratuitamente aos nossos clientes e parceiros. Em cada número, Science & Solutionsapresenta temas sobre os mais recentes conhecimentos científicos em nutrição e saúde animal com destaque especial para uma espécie (aves, suínos ou ruminantes) em cada trimestre. ISSN:2309-5954 Se desejar obter uma cópia digital e mais informações, visite: http://magazine.biomin.net Se desejar obter cópias de artigos ou assinar Science & Solutions, contate-nos no e-mail: magazine@biomin.net Editora-chefe: Daphne Tan Colaboradores: Annamaria Boczonadi, Luis Cardo, Wolfgang Markert, Carina Schieder Marketing: Herbert Kneissl, Cristian Ilea Gráficos: Reinhold Gallbrunner Pesquisa: Franz Waxenecker, Ursula Hofstetter, Mickaël Rouault Editora: BIOMIN Holding GmbH Industriestrasse 21, 3130 Herzogenburg, Austria Tel: +43 2782 8030 www.biomin.net Impresso na Áustria por: Johann Sandler GesmbH & Co KG Impresso em papel ecológico: Austrian Ecolabel (Österreichisches Umweltzeichen) ©Copyright 2015, BIOMIN Holding GmbH Todos os direitos reservados. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida sob qualquer forma para fins comerciais sem a autorização escrita do detentor dos direitos autorais, exceto em conformidade com as disposições da Copyright, Designs and Patents Act 1998 [Lei relativa aos Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1998]. Todas as fotografias incluídas na presente publicação são propriedade de BIOMIN Holding GmbH ou foram usadas sob licença.
Uma revista da BIOMIN
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Enfrentando o balanço energético negativo Por Luis Cardo – Ruminants Technical Manager
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Durante o período de transição, a vaca usa mais energia do que consome. Este balanço energético negativo torna o animal mais suscetível a diversos problemas de saúde, causados principalmente por fígado gorduroso e cetose e tendo impacto negativo na saúde, reprodução, produção de leite e mortalidade. Uma análise mais atenta salienta a ameaça para a saúde e dá indicações para a prevenção.
Falta de energia A produção de leite tem geralmente o seu pico entre a 3.ª e a 6.ª semana de lactação, enquanto o pico da ingestão de ração só é usualmente atingido a partir da 10.ª semana de lactação. Este desequilíbrio significa que uma vaca com elevada produção terá um balanço energético negativo (BEMN) durante estas fases iniciais da lactação. O balanço energético negativo começa habitualmente antes do parto. Na última fase da gestação, há diversos fatores que originam um balanço energético negativo pré-parto: crescimento rápido do feto, síntese de colostro rico em nutrientes e diminuição da ingestão de ração. Como resultado da mobilização de gorduras que geralmente se inicia nos últimos dias da gestação, pode se observar comumente a ocorrência de cetose subclínica. Esta, poderá ou não evoluir para cetose clínica.
Mais problemas Em situações práticas, o balanço energético negativo pode ser agravado por erros de manejo e está frequentemente correlacionado com outros problemas metabólicos, como hipocalcemia ou acidose. Por exemplo, uma retenção placentária aumenta o risco de ocorrência de cetose na vaca por um fator de 16. A Tabela 1 fornece uma síntese das
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Figura 1. Período de transição
Recém-parida, lactação precoce 30 dias
0 dias
-14 dias
Período Seco - Próximo -21 dias
Período seco distante
Pós-parto
Parto
Pré-parto
-60 dias
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vitar a cetose é o primeiro passo necessário para uma lactação bem-sucedida. 75 % de todos os problemas de saúde nas vacas leiteiras ocorrem entre as 2 semanas pré-parto e as 4 semanas pós-parto (Figura 1). Os resultados de pesquisas sugerem que mais de 50 % de todas as lactações são afetadas por pelo menos uma perturbação metabólica pós-parto. A maioria destes casos está relacionada com a cetose, uma doença metabólica provocada por um desequilíbrio entre as necessidades energéticas e a ingestão energética da vaca. O período peri-parto, que vai de 3 semanas pré-parto até 3 semanas pós-parto, é o período mais crítico de todo o ciclo de produção. O objetivo é manter elevada a ingestão de matéria seca e evitar a quebra associada ao parto.
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75 % de todos os problemas de saúde em vacas leiteiras ocorrem aqui
correlações conhecidas entre NEFA, cetose subclínica e outras perturbações.
Funcionamento da cetose Quando a vaca entra num período de balanço energético negativo, as reservas de gordura do organismosão mobilizadas como ácidos graxos não esterificados (NEFA) para satisfazer as necessidades energéticas. Os NEFAs são utilizados diretamente como fonte de energia primária por vários tipos de células do corpo e podem ser utilizados diretamente na síntese da gordura do leite no úbere. Contudo, os NEFAs que entram no fígado podem seguir caminhos diferentes: podem ser completamente oxidados para produzir ATP (adenosina trifosfato; um resultado desejável), parcialmente oxidados em corpos cetônicos (uma fonte energética ineficiente), re-esterificados em triglicerídios para serem exportados como lipoproteínas de muito baixa densidade, ou VLDL (Very Low-Density Lipoprotein; um resultado desejável), ou acumular-se no fígado, originando fígado gorduroso. O acúmulo de corpos cetônicos (β-hidroxibutirato,
Outra causa Uma má produção de silagem poderá dar origem a produção de ácido butírico. A cetose também poderá ser induzida pelo consumo de 50 g a 100 g de ácido butírico e uma cetose grave pelo consumo de 200 g. Além disso, o ácido butírico tem paladar ruim e, consequentemente, determina uma redução na ingestão de ração.
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Enfrentando o balanço energético negativo
Tabela 1 - Correlação entre NEFA e cetose subclínica para diferentes distúrbios NEFA elevados (> 0,4 mmol/l) nas 2 semanas anteriores ao parto
Cetose subclínica (BHBA > 1,2 mmol/l – 1,4 mmol/l) na lactação precoce
Risco 2 a 4 vezes superior de DAE (deslocamento do abomaso à esquerda) (Cameron et al., 1988; LeBlanc et al., 2005)
Risco 3 a 8 vezes superior de DAE (Geishauer et al., 2000; LeBlanc et al., 2005; Duffield et al., 2009)
Risco 1,8 vezes superior de retenção placentária (LeBlanc et al., 2004)
Diminuição da probabilidade de gravidez na primeira inseminação artificial (Walsh et al., 2007)
Risco 2 vezes superior de abate < 60 DEL (dias em leite) e aumento de 1,5 durante toda a lactação (Duffield et al., 2005)
Aumento da duração e gravidade da mastite (Kremer et al., 1994; Duffield, 1997; Suriyasathaporn, 2000) Aumento da duração e gravidade da mastite (Duffield et al., 2009)
Perda de 1,2 kg/dia na produção de leite para os primeiros 120 dias de lactação (Carson, 2008)
Diminuição da produção de leite (Duffield et al., 2009)
Adaptado de T.F. Duffield de S.J. Leblanc
Tabela 2 - Orientações para a avaliação energética da vaca em período de transição (cetose)
NEFAs*
Pré-parto (2 a 14 dias antes do parto)
Pós-parto (3 a 14 dias em leite)
Teste de nível da vaca
Teste de nível do rebanho
Teste de nível da vaca
Teste de nível do rebanho
>0.30 mEq/L
> 15% das vacas testadas têm valores de NEFA > 0,30 mEq/l
>0.60-0.70 mEq/L
> 15% – 20% das vacas testadas têm valores de NEFA > 0,70 mEq/l
> 10 mg/dL
> 10 % das vacas têm valores de BHBA > 10 mg/dl
Ponto de corte para cetose
11.7 – 14.4 mg/dl (1200 – 1400µmol/L)
Ponto de corte para cetose clínica
29 mg/dl (3000 µmol/L)
BHBA* Pontos de corte usualmente utilizados
BHBA
*Fonte: Cornell University
acetoacetato, acetona) origina a perturbação metabólica designada cetose. Acredita-se que os corpos cetônicos suprimem a ingestão de ração, agravando ainda mais o balanço energético negativo e a mobilização de gorduras do corpo. Entretanto, começando várias semanas pré-parto, há uma grande diminuição das concentrações de insulina plasmática acompanhada por menor sensibilidade ao hormônio pelos tecidos do corpo, aumentando assim a mobilização de gorduras.
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Consequências negativas da cetose Os sinais de cetose clínica são anorexia, diminuição da produção de leite, fezes firmes e secas, perda de peso corporal e, ocasionalmente, sintomas nervosos. A cetose subclínica é definida como um nível anormalmente elevado de corpos cetônicos sem sinais clínicos, acreditando-se que a sua incidência esteja entre 8 % e 34 % (Duffield et al., 1998), embora seja subdiagnosticada em muitos rebanhos. A cetose subclínica tem efeitos negativos na saúde geral do rebanho (aumento
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Luis Cardo Diretor Técnico para Ruminantes
Tabela 3 - Principais passos para a prevenção da cetose n Classificação de Condição Corporal (CCC): calving objective 3 – 3.5. Avoid over-conditioning as it leads to decreased feed intake. To help avoid problems group cows by stage of lactation and parity, and control reproduction to avoid overly long lactations n Meta de IMS para o período seco próximo: 12 kg/vaca/dia (Holstein) e verificações regulares. Não administre ração em excesso durante o período seco distante, uma vez que isso irá determinar uma diminuição da ingestão de ração durante o período seco próximo n Monitore as interações sociais antes e depois do parto, porque as bezerras e vacas de nível hierárquico inferior no rebanho têm necessidades especiais n Utilize uma boa gestão e boas instalações, tendo em atenção práticas de agrupamento, espaço da manjedoura, bebedouros e qualidade da água, tempo de repouso, evitar de sobrelotação, etc. n Forneça um bom ambiente para o parto n Controle outras doenças prestando atenção especial à saúde do aparelho locomotor e cascos n Utilize uma fórmula de ração para evitar perturbações concomitantes (hipocalcemia) e acidose ruminal subaguda (Sub Acute Rumen Acidosis, SARA) através de uma boa adaptação à microflora do rúmen n Assegure a qualidade nutricional Monitore a palatabilidade dos ingredientes n Monitore a palatabilidade dos ingredientes como fator importante. A utilização de fitogênicos no período seco próximo do parto e continuando após o parto é uma boa prática para promover a ingestão de ração e proporcionar às vacas um sabor e odor familiares após o parto n Trate, se necessário: precursores da glicose (propilenoglicol, glicerol, propionato) e/ou substâncias hepatoprotetoras (colina protegida no rúmen, niacina protegida no rúmen, metionina protegida no rúmen) Fonte: BIOMIN
de outros distúrbios metabólicos e debilitação da função imunitária, tornando o animal mais suscetível a doenças infecciosas como a metrite), na reprodução e na produção de leite e está associada a um aumento do abate no período de lactação precoce. Segundo dados da DHIA (Dairy Herd Improvement Association; Associação para melhoria dos rebanhos de produção leiteira) do Minnesota, EUA, 25 % de todas as vacas que saem do rebanho devido a morte ou abate o fazem nos primeiros 60 dias de lactação.
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A cetose subclínica tem efeitos negativos na saúde geral do rebanho, na reprodução e na produção de leite e está associada a um aumento do descarte no período de lactação precoce. Identificação no terreno A cetose clínica e subclínica pode ser monitorada realizando-se testes nas vacas utilizando leite, urina ou sangue. Para uma avaliação mais completa, será necessário testar soro num laboratório. É importante salientar que a cetose clínica é um fator fraco para previsão da cetose subclínica em um rebanho. A Tabela 2 fornece um resumo das orientações para testes e pontos de corte.
Prevenção centrada na ingestão de ração Tanto o fígado gorduroso como a cetose começam com a mobilização de gorduras do organismo devido ao balanço energético negativo. Portanto, é essencial manter a ingestão de matéria seca (IMS) tão elevada quanto possível durante o período seco próximo (3 semanas anteriores ao parto) e seguir assim por várias semanas após o parto. A Tabela 3 fornece uma lista de medidas-chave para a prevenção da cetose.
Conclusão Grande parte dos problemas de saúde das vacas leiteiras ocorre no período em torno do parto. Um balanço energético negativo poderá originar diversas perturbações metabólicas baseadas no acúmulo de gorduras no fígado (fígado gorduroso) e no aumento dos corpos cetônicos em circulação (cetose). Estas perturbações têm efeitos negativos na saúde, reprodução, produção de leite e mortalidade. Para complicar, a ocorrência de cetose também está correlacionada com outros problemas de saúde, como aumento do risco de metrite, mastite ou deslocamento do abomaso. Os produtores de leite podem implementar medidas de prevenção para combater a cetose, devendo dar uma ênfase especial na ingestão de ração.
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o poder das plantas para promover a criação de bezerros
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Por Annamaria e Carina
Boczonadi - Diretora Técnica para Ruminantes Schieder - Diretora de Produto para Fitogênicos
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O reino vegetal oferece uma incrível diversidade e, apesar de anos de estudos científicos, há segredos que continuam guardados nas frutas, flores, folhas, cascas, troncos ou raízes. Mesmo hoje, a descoberta contínua dos segredos das plantas, especiarias e óleos essenciais ou extratos poderá revelar soluções para os desafios enfrentados no cotidiano das explorações.
O
caminho para ter vacas altamente produtivas e com boa longevidade começa com bezerros e bezerras saudáveis. Contudo, segundo o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos de 2007, quase 8 % das bezerras morrem antes do desmame; isto representa não só perdas econômicas diretas, mas também a perda de benefícios econômicos e potencial genético no futuro. Este último ponto é ainda mais grave se for considerado a existência um plano de reprodução progressivo, porque as bezerras têm normalmente um valor genético superior ao das vacas adultas. Mesmo quando a bezerra sobrevive ao período pré-desmame, há doenças e problemas de saúde graves, como diarréia e outras perturbações digestivas, que podem afetar o desempenho de lactação no futuro. Portanto, a melhor estratégia para produzir vacas saudáveis e com elevado desempenho é dar ênfase à gestão de bezerros e criação de bezerras e adotar um sistema de gestão integrado que inclua gestão do parto, administração de colostro, nutrição e práticas veterinárias.
O poder das plantas Como a utilização de antibióticos para promover o crescimento ou tratar preventivamente foi banida em vários países há vários anos, foram encontradas e aplicadas soluções alternativas para melhorar a saúde dos animais. Historicamente, os efeitos curativo das plantas e do incremento da saúde são observados há milênios e tendo sido redescobertos em círculos científicos nas últimas décadas. Os fitogênicos são substâncias derivadas de plantas que podem funcionar como promotor de crescimento natural. Em décadas anteriores, a investigação dos aditivos fitogênicos foi focada sobretudo na sua utilização e eficácia. Desde então, têm sido encontradas respostas para cada vez mais perguntas relativas às suas atividades biológicas. Este conhecimento também é crucial para os bezerros recém-nascidos. Em várias regiões de todo o mundo, a aplicação de fitogênicos para melhorar a ingestão de ração e o desempenho de crescimento está já bem estabelecida.
Fatores de estressantes podem perturbar o desempenho intestinal Uma alta ingestão de ração pelos bezerros cria a base para melhorar o desenvolvimento ruminal e o desempenho
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Acessando o poder das plantas para promover a criação de bezerros
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n Digestarom® adicionado ao leite ou substituto do leite
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n Digestarom® adicionado a ração iniciadora para bezerros
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Nível constante de substâncias bioativas • •
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de crescimento. No início da sua vida, os bezerros não só precisam se adaptar ao novo ambiente, como também lidar com várias alterações na sua acomodação e nutrição. Depois de receberem colostro, durante os primeiros dias de vida, a sua ingestão de leite diária é geralmente alterada para resíduos do leite ou substituto do leite ou uma mistura destes produtos. Além disso, os bezerros são sensíveis à forma como o leite lhes é fornecido, especialmente quanto à temperatura, a hora e a qualidade higiênica. Mais tarde, também se introduzem na sua dieta alimentos fibrosos e concentrados. O desmame é outro fator de estresse importante, especialmente porque é habitualmente acompanhado por uma mudança no alojamento. Estes fatores de estresse podem originar um aumento da incidência de diarréia e outras perturbações gastrointestinais. Os compostos bioativos das substâncias derivadas de plantas demonstraram ter efeitos benéficos na manutenção da ingestão de ração dos bezerros, apoiando tanto a digestão como a utilização da ração.
Sabores naturais A palatabilidade é essencial para se obter um efeito positivo na ingestão de ração. Os compostos fitogênicos, como ervas, especiarias, extratos ou até compostos ativos
Ração iniciadora para bezerros (kg)
Substituto do leite/bezerro/dia (l)
Figura 1. Gráfico conceitual para a aplicação de Digestarom® em bezerros
individuais, possuem uma variedade de propriedades aromatizantes. A consideração das preferências específicas à cada espécie na formulação de um aditivo fitogênico exige uma compreensão profunda das propriedades aromatizantes de cada substância derivada de plantas. Há vários tipos de aromas que podem ser adicionados às dietas dos animais para melhorar as propriedades sensoriais da ração ou disfarçar aromas desagradáveis.
As plantas e a sua eficácia Além da palatabilidade, é obrigatório compreender adequadamente as plantas e a sua eficácia bioativa, incluindo tanto compostos voláteis como não voláteis, para formular um aditivo de ração fitogênico eficaz que tenha uma influência positiva no desempenho intestinal. A incrível biodiversidade do reino vegetal fornece várias substâncias bioativas que permitem reforçar um ou mais efeitos no organismo. Exemplos de uma seleção de óleos essenciais com alguns constituintes principais são mostrados na Tabela 1. As especiarias, as ervas, os óleos essenciais ou os extratos têm diferentes impactos, dependendo da estrutura química dos constituintes ou compostos ativos. Fenóis como o timol, carvacrol e eugenol (frequentemente derivados do tomilho,
Tabela 1 - Constituintes importantes de uma seleção de óleos essenciais (adaptado de Jânicke et al. 2013 e Tisserand e Young 2014)
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Nome (Nome botânico)
Constituintes importantes
Anise (Pimpinella anisum)
trans-anethole, methylchavicol, anise aldehyde
Alcaravia (Carum carvi)
carvone, limonene
Canela (Cinnamomum verum)
cinnamaldehyde, cinnayl acetate
Cravo-da-índia (Syzygium aromaticum)
eugenol, eugenyl acetate, β-caryophyllene
Funcho (Foeniculum vulgare)
trans-anethole, limonene, terpinene
Orégano (Origanum vulgare)
cavacrol, thymol, p-cymene
Hortelã-pimenta (Mentha x piperita)
menthol, isomenthone, limonene
Alecrim (Rosmarinum officinalis)
1-8-cineol, α- and β-pinene, borneon
Tomilho (Thymus vulgaris)
thymol, p-cymene, cavacrol
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Annamaria Boczonadi - Gerente Técnica para Ruminantes Carina Schieder - Gerente de Produto para Fitogênicos
Figura 3. Efeito da suplementação com Digestarom® na TCA de bezerros em fase de desmame
1.34
1.98
1.32
1.96
1.30
1.94 1.92
1.28 1.26
1.33
1.24
1.90 1.88
1.97
1.86
1.22 1.20
TCA
Ganho de peso diário méd. (kg/dia)
Figura 2. Efeito da suplementação com Digestarom® no ganho de peso diário médio de bezerros na fase do desmame
1.84
1.23
1.86
1.82 1.80
1.18 Controle
Digestarom®
orégano e cravo-da-índia) e os respectivos éteres metílicos têm fortes propriedades antissépticas. O carvacrol e o timol parecem apresentar excelentes propriedades antimicrobianas. Associam-se fortes propriedades antioxidantes a espécies das famílias Apiaceae (por ex., alcaravia e funcho) e Lamiaceae (por ex., alecrim e hortelã-pimenta). Além disso, os extratos e óleos de plantas como cravoda-índia e alecrim têm efeitos anti-inflamatórios. Isto é importante porque tanto o potencial antioxidante como os efeitos anti-inflamatórios são parâmetros essenciais para a proteção intestinal. Outros compostos de plantas melhoram a digestibilidade, apoiando secreções digestivas como a bile, o muco e a saliva, melhorando também a atividade enzimática. Além dos efeitos favoráveis indicados aqui, também foram atribuídos outros impactos benéficos aos fitogênicos.
Melhorando o desempenho intestinal dos bezerros O desempenho intestinal e a saúde têm uma importância evidente nos bezerros em crescimento, devido aos benefícios proporcionados por uma boa digestão, uma elevada eficiência da ração e a saúde e o bem-estar dos animais. Os efeitos ao nível da digestibilidade e proteção intestinal são particularmente importantes nos bezerros recém-nascidos e em alterações na dieta, como na fase de desmame. Para se obterem fitogênicos eficazes, é necessário reunir fórmulas precisamente definidas, padrões de elevada qualidade e um rigoroso controle de qualidade, assegurando a quantidade certa de compostos bioativos que melhorem a palatabilidade e sustentando, assim, os bezerros durante estas fases críticas. Durante as primeiras semanas de vida dos bezerros, quando o rúmen está ainda pouco desenvolvido e os bezerros dependem dos nutrientes do leite, as dietas podem ser melhoradas com Digestarom® (um produto fitogênico especificamente formulado, concebido para apoiar a digestão e eficiência da ração combinando propriedades aromatizantes únicas com propriedades biologicamente ativas), adicionado ao leite ou substituto do leite. Mais tarde, quando os bezerros começam a ingerir ração inicial ou concentrados, recomenda-se o reforço da ingestão de ração e do equilíbrio no
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Controle
Digestarom®
trato gastrointestinal através do fornecimento de Digestarom® nos concentrados para bezerros. O fornecimento de leite e ração inicial com um suplemento de ração fitogênico que corresponda precisamente às preferências gustativas e olfativas dos bezerros irão promover a ingestão de ração e fornece uma quantidade estável de compostos bioativos para apoiar o organismo, melhorando a digestibilidade, modulando a microflora intestinal e reforçando o estado antioxidante e anti-inflamatório (Figura 1). Estes são elementos-chave para obter um desenvolvimento ruminal adequado e boas taxas de crescimento, aumentando ao mesmo tempo a eficiência da ração e resultando em benefícios econômicos. Um estudo recente que incluiu Digestarom® no substituto do leite e concentrados para bezerros melhorou a ingestão da ração em 2,1 %, aumentou o ganho de peso médio dos animais em 8,1 % (Figura 2) e melhorou a eficiência da ração em 5,6 % (Figura 3) em contraste com o grupo de controle. A melhoria dos resultados de desempenho, juntamente à diminuição dos custos com tratamentos veterinários, melhorou os resultados econômicos.
Conclusão Para assegurar uma transição suave no momento do desmame, recomenda-se o fornecimento contínuo de compostos bioativos no leite ou no substituto do leite, bem como em concentrados, para apoiar os bezerros no momento em que precisam aumentar a ingestão de concentrados devido à diminuição do fornecimento de leite. O Digestarom® pode ajudar os bezerros a enfrentarem os desafios das suas primeiras semanas de vida, influenciando a digestibilidade, a modulação da microflora intestinal e os processos antioxidantes e anti-inflamatórios. O Digestarom® também proporciona um potencial de reforço da ingestão de ração pelos bezerros através do seu efeito de melhoria da palatabilidade, que é a base para a melhoria do desenvolvimento ruminal e desempenho de crescimento — proporcionando, em última análise, resultados econômicos potencialmente mais elevados.
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