Science & Solutions #Ruminantes (Português)

Page 1

Número 37 • Ruminantes

Micotoxinas, mastite e leite As ameaças ocultas para a saúde e crescimento.

Photo: fotostorm

Photo: Colleen Butler

Uma revista da

Qual é o problema do meu rebanho? Parte 2: Endotoxinas


Editorial Temperaturas mais elevadas e unidades de maior dimensão O verão acabou e, conforme previsto, as temperaturas registradas em muitas regiões — incluindo os EUA, o Oriente Médio e o Sul da Europa — estiveram bastante acima da média. Só nos EUA, o stress provocado pelo calor origina custos de cerca de um milhão de dólares em cada ano para a produção leiteira. As vacas leiteiras são particularmente sensíveis ao stress provocado pelo calor, devido ao calor gerado durante a produção de leite e a fermentação no rúmen. Os valores mais elevados de temperatura e umidade também poderão estar associados a quantidades mais elevadas de micotoxinas nocivas na ração e na silagem. Neste número da Science & Solutions examinamos como as micotoxinas podem agravar a mastite. As dietas com menor teor de fibra em detergente neutro (FDN) podem ser utilizadas para limitar o calor da fermentação no rúmen; contudo, a diminuição do pH no rúmen resultante poderá tornar as vacas mais suscetíveis a endotoxinas. Indicamos sugestões de combate às endotoxinas na página 9. Finalmente, as micotoxinas e endotoxinas são apenas dois problemas que os criadores enfrentam durante a produção. A tendência mundial para ter mais vacas por rebanho está associada a ameaças ocultas para a saúde que põem em risco os benefícios econômicos. Na página 6, abordamos as dificuldades comuns e oferecemos sugestões para minimizar a incidência de doenças durante a produção. Esperamos que estas informações o ajudem a manter rebanhos saudáveis, rentáveis e com um desempenho elevado. Boa leitura!

Zanetta CHODOROWSKA Gerente Técnica para Ruminantes

Science & Solutions • Número 37


Índice

Micotoxinas, mastite e leite

2

As relações entre as micotoxinas e a mastite e os efeitos na qualidade e na produção do leite. Paige Gott, PhD

As ameaças ocultas para a saúde e crescimento

6

São necessários melhores esforços de gestão e de prevenção para alcançar uma maior eficiência. By Zanetta Chodorowska, Engenheira Mestre

Cut & Keep

Checklist

Qual é o problema do meu rebanho?

Parte 2: Endotoxinas

9

Uma lista de verificação para sintomas, causas e soluções.

Science & Solutions é uma publicação mensal da BIOMIN Holding GmbH, distribuída gratuitamente aos nossos clientes e parceiros. Em cada número, Science & Solutions apresenta temas sobre os mais recentes conhecimentos científicos em nutrição e saúde animal com destaque especial para uma espécie (aves, suínos ou ruminantes) em cada trimestre. ISSN:2309-5954 Se desejar obter uma cópia digital e mais informações, visite: http://magazine.biomin.net Se desejar obter cópias de artigos ou assinar Science & Solutions, contate-nos no e-mail: magazine@biomin.net Editora-chefe: Ryan Hines Colaboradores: Zanetta Chodorowska, Paige Gott, Bryan Miller, Simone Schaumberger Marketing: Herbert Kneissl Gráficos: Reinhold Gallbrunner Pesquisa: Franz Waxenecker, Ursula Hofstetter, Paolo Doncecchi Editora: Biomin Holding GmbH Erber Campus 1, 3131 Getzersdorf, Austria Tel: +43 2782 8030 www.biomin.net Impresso na Áustria por: Johann Sandler GesmbH & Co KG Impresso em papel ecológico: Austrian Ecolabel (Österreichisches Umweltzeichen) ©Copyright 2016, BIOMIN Holding GmbH Todos os direitos reservados. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida sob qualquer forma para fins comerciais sem a autorização escrita do detentor dos direitos autorais, exceto em conformidade com as disposições da Copyright, Designs and Patents Act 1998 [Lei relativa aos Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1998]. Todas as fotografias incluídas na presente publicação são propriedade de BIOMIN Holding GmbH ou foram usadas sob licença.

Uma revista da BIOMIN

1


Photo: Jevtic

2

Science & Solutions • Número 37


Micotoxinas, mastite e leite Paige Gott, Gerente Técnica para Ruminantes

A mastite é difícil para as vacas e representa grandes custos para a produção leiteira. Examinamos aqui as relações entre as micotoxinas e a mastite e os efeitos na qualidade e na produção do leite. Tabela 1. Mastite contagiosa e ambiental

A

mastite é uma das doenças das vacas leiteiras mais associada a custos a nível mundial. O custo anual estimado apenas para a indústria dos laticínios dos EUA é de 2 milhões de dólares. Embora as causas e a gestão da mastite sejam complexas, as micotoxinas têm de ser consideradas, porque aumentam o risco de mastite e podem ter impactos negativos na produção de leite e na qualidade do leite.

Os tipos de mastite A mastite é uma inflamação da glândula mamária que está habitualmente associada a infecção intramamária por micro-organismos. As bactérias são o micro-organismo mais comum envolvido, mas outros agentes como espécies de fungos (leveduras ou bolores), certas algas microscópicas e vírus podem estar envolvidos. Ocasionalmente, a ocorrência de trauma físico ou de irritação por químicos poderá provocar mastite. Há várias formas de classificar casos de mastite. A primeira classificação está relacionada com a origem do agente patogênico: contagioso vs. ambiental (Tabela 1). Os agentes patogênicos contagiosos incluem Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma spp. Os agentes patogênicos ambientais comuns incluem Escherichia coli, Klebsiella spp. e estreptococos ambientais como S. uberis e S. dysgalactiae. Há muitos outros micro-organismos que foram isolados a partir de casos de mastite. Os estafilococos coagulase negativa (ECN) fazem parte da flora normal da pele das vacas e estes organismos podem atuar como agentes patogênicos oportunistas quando entram na glândula mamária. Um tema atualmente popular no mundo da pesquisa sobre a mastite incide sobre a diferenciação de ECN para compreender melhor as diferenças nos seus efeitos na qualidade e na produção do leite. A distinção entre mastite aguda e crônica relaciona-se com o início e a duração da doença (Tabela 2). A distinção entre mastite clínica e subclínica está associada à apresentação da doença. Os casos clínicos são fáceis de identificar, devido às mudanças visíveis no leite e, potencialmente, na glândula mamária. Os casos subclínicos frequentemente não são reconhecidos sem um monitoramento da contagem de células somáticas (CCS) ou cultura bacteriológica do leite.

Uma revista da BIOMIN

Mastite contagiosa

Mastite ambiental

Reservatório

Glândulas mamárias infectadas

Ambiente da vaca, incluindo: • leito/estábulo/solo • estrume • água

Exposição

Proliferação de vaca para vaca, incluindo através de: •e quipamento de ordenha •m ãos ou toalhas do ordenhador • moscas e outros vetores

Exposição constante exacerbada pelo calor e pela umidade

Fonte: BIOMIN

Tabela 2. Sinais de mastite aguda e crônica Mastite aguda

Mastite crônica

Início súbito, mas frequentemente com resolução rápida

Continua durante um período de tempo longo

Vermelhidão, tumefação, rigidez

Frequentemente subclínicos

Dor

Potencialmente dolorosa

Leite macroscopicamente anormal

'Surtos' ou eventos agudos periódicos

Diminuição perceptível na produção de leite

Diminuição menos óbvia na produção de leite

Fonte: BIOMIN

As diferentes classificações da mastite não são mutuamente exclusivas. Por exemplo, uma vaca poderá ter um caso clínico agudo de mastite ambiental.

Custos da mastite As perdas econômicas são provocadas pela redução da produção de leite e pela diminuição da qualidade do leite. Os produtores têm de eliminar o leite das vacas com casos clínicos de mastite e das vacas submetidas a tratamento com antibióticos (segundo períodos de retirada que proporcionam tempo para que os antibióticos sejam eliminados do organismo da vaca). A mastite também altera a composição e as propriedades do leite, o que reduz a produção de queijo e poderá reduzir o prazo de validade

3


Micotoxinas, mastite e leite

As micotoxinas aumentam o risco de mastite e podem ter impactos negativos na produção de leite e na qualidade do leite.

dos produtos fabricados. Os custos com tratamentos e veterinários aumentam, bem como os custos com mão de obra, e a eficiência na sala de ordenha poderá diminuir devido ao maior período de tempo passado a cuidar dos animais com mastite. Além das perdas econômicas, o estado do bem-estar dos animais é preocupante, porque há estudos que demonstraram que a mastite poderá ser dolorosa e provoca desconforto nas vacas. Assim, as vacas diagnosticadas com mastite clínica ou aquelas com mastite subclínica persistente estão sujeitas a um maior risco de serem descartadas. Os problemas de saúde do úbere são referidos com frequência como uma das três razões principais para o descarte de vacas leiteiras. A baixa produção de leite, potencialmente associada à mastite, é outra das causas principais de abate nos rebanhos de vacas leiteiras. A mastite tóxica, uma forma aguda da doença que provoca inflamação grave e septicemia, pode até causar a morte da vaca.

Fatores de predisposição A Tabela 3 apresenta os fatores de predisposição para a mastite. Uma gestão da sala de ordenha e uma rotina de ordenha adequadas são essenciais para limitar o risco de mastite em um rebanho. Deve ser realizada uma boa manutenção do sistema de ordenha, garantindo-se assim a utilização de equipamento limpo e em boas condições de funcionamento para recolher o leite. A pressão do sistema de ordenha e a duração da ordenha têm de ser otimizadas, porque a ordenha excessiva poderá provocar lesões na extremidade da teta, aumentando a probabilidade de mastite.

A mastite é uma inflamação da glândula mamária que está habitualmente associada a infecção intramamária.

4

Uma remoção de leite insuficiente também pode predispor as vacas para mastite e poderá diminuir a produção de leite geral. As superfícies e as vias de deslocamento para dentro da sala, bem como o recinto, têm de proporcionar um apoio estável e o fluxo de vacas deve ser lento (combinado a um bom design com um manejo sem stress), reduzindo assim o risco de lesões físicas nas tetas. Coordenar a distribuição de ração fresca enquanto as vacas estão na sala incentivará as vacas a comerem e a permanecerem de pé após o regresso ao galpão. Isto proporciona tempo para que as extremidades das tetas se fechem e limita a exposição a agentes patogênicos após a ordenha. Uma boa higiene no estábulo é também essencial para reduzir o risco de mastite. Os leitos de areia limpa são considerados o padrão ouro, porque o material inorgânico não estimula o crescimento de agentes patogênicos. Quanto maior for o conteúdo orgânico da areia, menos protetora ela será. A nutrição também poderá contribuir para o risco de mastite. As vacas com balanço energético negativo, especialmente as vacas em período de transição, são mais suscetíveis a infecção. As dietas também têm de satisfazer os requisitos de vitaminas e minerais para promoverem um funcionamento adequado do sistema imunitário. O ambiente contribui muito para a saúde mamária. A temperatura e a umidade mais elevadas estimulam mais o crescimento de agentes patogênicos no ambiente da vaca, aumentando também o stress na vaca e reduzindo a sua resistência a infecção.

Micotoxinas As micotoxinas podem suprimir o sistema imunitário dos animais. As vacas sentem bastante stress no período pré-parto, devido às muitas alterações fisiológicas associadas à parição e ao início da lactação. As micotoxinas podem exacerbar este stress através de supressão do sistema imunitário e diminuição da ingestão de ração, piorando o balanço energético negativo e aumentando o risco de doenças metabólicas e doenças infeciosas. O desoxinivalenol (DON) e outros tricotecenos podem comprometer a síntese de proteínas, o que poderá reduzir as populações de glóbulos brancos e condicionar e/ou limitar a produção de mediadores inflamatórios importantes. Além disso, alguns dos ergots e tricotecenos podem provocar lesões dérmicas e necrose gangrenosa, que comprometem a integridade da teta e da pele da teta, contribuindo para um aumento do risco de mastite.

Science & Solutions • Número 37


Paige Gott Gerente Técnica para Ruminantes

Tabela 3. Fatores de predisposição para a mastite

Figura 5. Mycofix® Plus e a incidência de mastite

Equipamento de ordenha

60

Ordenha excessiva Genética • Resistência • Estrutura mamária • Idade Gestão • Rotina de ordenha, incluindo aplicação de imersão prée pós-ordenha • Higiene — sala de ordenha e estábulo • Leito • Nutrição • Programa de vacinação • Terapia para vacas secas e de vacas em período de transição • Gestão de bezerras Ambiente Supressão imunitária • Vacas em período de transição • Micotoxinas Fonte: BIOMIN

Tabela 4. Potenciais efeitos negativos das micotoxinas relacionados com as glândulas mamárias em vacas leiteiras 1.

Diminuição da produção de leite

2.

Presença de contaminantes tóxicos no leite, sobretudo aflatoxina M1

3.

Aumento do risco de mastite

4.

Alteração da composição do leite

Fonte: BIOMIN

A Tabela 4 salienta algumas das consequências principais das micotoxinas nas vacas leiteiras, relativamente à saúde mamária e à produção de leite. A redução da produção de leite é provocada por vários fatores, incluindo a diminuição ou a recusa de ingestão da ração que é frequentemente comunicada para certas micotoxinas como DON. As micotoxinas podem alterar o funcionamento do rúmen através da modificação das populações microbianas ou da decomposição de nutrientes, reduzindo, consequentemente, a absorção de nutrientes e prejudicando o metabolismo o que origina, em última análise, a redução da disponibilidade dos precursores necessários para a síntese do leite. A redução da qualidade do leite é causada primariamente pelo aumento da CCS. Durante a mastite, o número de células somáticas e, especificamente, de neutrófilos, aumenta na glândula mamária, para combater os agentes patogênicos invasores. As micotoxinas podem reduzir o funcionamento dos neutrófilos, tornando a resposta imunitária da vaca menos eficaz o que, por sua vez, aumenta a gravidade e a duração da infecção. Além disso, a mastite provoca alterações na concentração dos componentes do leite, incluindo mudanças no teor de gordura, proteína, lactose e

Uma revista da BIOMIN

Contagem de acontecimentos

Lesões na extremidade da teta

50 40 30

53,43

20

37,25

10 0 Antes da adição de Mycofix® Plus

Durante a adição de Mycofix® Plus

Fonte: Ensaio da BIOMIN na Eslováquia, 2011

minerais. Em comparação com o leite de vacas saudáveis, as mudanças no teor de minerais incluem o aumento do nível de sódio e a redução do nível de potássio. Estas diferenças têm um impacto negativo na qualidade do leite produzido. Os produtores de leite querem obter o leite com a mais elevada qualidade, para melhorarem a produção e o prazo de validade dos produtos transformados, como o queijo. Outra preocupação quanto às micotoxinas é a potencial existência de resíduos tóxicos no leite. A micotoxina mais preocupante é a aflatoxina B1, que demonstrou resultar em 1,8% a 6,2% de transmissão da dieta para a aflatoxina M1 no leite. As aflatoxinas são cancerígenas e a maioria dos países estabelece limites rigorosos para os níveis permitidos no leite.

Solução A ração deve ser monitorada quanto à presença de micotoxinas e deve ser incorporado na ração um produto eficaz de combate às micotoxinas. O Mycofix® contém um agente de ligação de aflatoxinas autorizado pela UE, sendo o único produto que foi avaliado com êxito através do processo de registro da UE para a adsorção de aflatoxinas. No caso das micotoxinas menos adsorvíveis, como DON, associadas a um maior risco de mastite e de outros problemas, a abordagem eficaz será a biotransformação em vez da adsorção. O Mycofix® tem atividade de biotransformação comprovada para DON e outros tricotecenos, zearalenona (ZEA), ocratoxina A e fumonisinas. Além disso, os componentes de bioproteção do Mycofix® apoiam o fígado e o sistema imunitário. A Figura 5 mostra uma redução da incidência de mastite nas vacas leiteiras (expostas a DON e ZEA na ração) após receberem Mycofix® Plus. Há dados consideráveis que mostram que o Mycofix® pode aumentar a produção de leite, diminuir a contagem de células somáticas, reduzir os contaminantes tóxicos no leite e ajudar a manter ou melhorar o teor de componentes do leite, combatendo a contaminação por micotoxinas.

5


As ameaças ocultas para a saúde e crescimento Zanetta Chodorowska, Gerente Técnica para Ruminantes

A recente tendência mundial para ter rebanhos de maior dimensão traz riscos inesperados para a saúde, exigindo melhores esforços de gestão e de prevenção para se obterem as vantagens de uma maior eficiência.

A

p re s s ã o e c o n ô m i c a , a evolução das expectativas dos consumidores e o fim das cotas de leite europeias remodelaram a exploração

6

leiteira moderna. A produção leiteira está passando por um processo contínuo de expansão no qual o número de animais em cada região é gerido através de centros de maior dimensão (Figura 1).

Science & Solutions • Número 37


Figura 1. Tamanho médio dos rebanhos de gado leiteiro numa seleção de países 450

Número médio de vacas por rebanho

400 350 Nova Zelândia

300

Austrália

250

Estados Unidos

200

Dinamarca

150

Reino Unido Países Baixos

100

Canadá

50

Alemanha Noruega

0 1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

Ano Fonte: Barkema et al. 2015

As eficiências atingidas devido à melhor utilização de capital e de mão de obra podem impulsionar a produção total de leite e proporcionar um fluxo de caixa mais estável. Contudo, gerir mais vacas exige uma maior competência técnica e as ferramentas certas para manter a produção de leite elevada para cada vaca, o desempenho reprodutivo e a saúde.

Photo: RiniSlok

Quanto maior, mais fraca? Diversos artigos científicos recentes demonstraram que as explorações expandidas e de maior dimensão estão associadas a um aumento dos riscos para a saúde (Tabela 1). Uma das razões principais para isto é o sobrecarregamento do sistema imunitário. Há diferentes fatores de stress que atuam

sobre ele, incluindo novos animais, estruturas diferentes, alterações de gestão e, frequentemente, mão de obra nova. A mistura de vacas de diferentes origens também implica a mistura de agentes patogênicos. A proliferação de doenças infecciosas é uma das razões principais para tratamentos e retiradas de vacas durante a expansão. Isto poderá acontecer mesmo se os novos animais e aqueles que já se encontram na produção no destino tiverem sido vacinados para as mesmas doenças.

Micotoxinas Além disso, caso não se tomem medidas quanto aos parâmetros-chave de saúde e fertilidade, a rentabilidade global da exploração poderá ser comprometida.

Tabela 1. Associação entre aumento do tamanho dos rebanhos e doenças Correlação com o tamanho do rebanho

Problema de saúde

País

Referência

+++

Febre Q

Portugal

Anastacio et al. 2014

++

Tuberculose bovina

Irlanda do Norte

Doyle et al. 2014

+++

Doença de Johne

EUA

Wolf et al. 2014

+++

Coxiella brunetii

Dinamarca

Agger et al. 2013

++

Diarreia

Áustria

Klein Jobstl et al. 2015

++

Doença de Johne

Irlanda

Kennedy et al.. 2014

++

Salmonelose

EUA

Fossler et al. 2005

+++

Besnoitia besnoiti

Jordânia

Talafha et al. 2015

+++

Diarreia viral bovina; rinotraqueíte bovina infecciosa; dermatite digital papilomatosa; Salmonelose; clostridiose

EUA

Faust et al. 2001

++

Laminite

Reino Unido

Whitaker et al. 2000

Fonte: BIOMIN

Uma revista da BIOMIN

7


As ameaças ocultas para a saúde e crescimento

Tabela 2. Boas práticas de gestão para minimizar as doenças durante o crescimento Biossegurança • Fazer o rastreio de doenças nos animais antes de os adquirir, para minimizar o risco de introduzir vacas com doenças como diarreia viral bovina, rinotraqueíte bovina infecciosa, doença de Johne, etc. • Utilizar a cultura do leite em animais novos, para evitar vacas potencialmente portadoras de agentes patogênicos de mastite contagiosa. • Isolar as vacas recém-chegadas durante três semanas, antes de as adicionar ao rebanho. Isto ajudará a evitar um surto agudo de doenças. • Estabelecer um protocolo de vacinação. Vacinar os animais novos antes da sua chegada e garantir que há bons níveis de anticorpos de vacinação nas vacas em produção no destino. Nutrição • Ter um programa adequado de gestão do risco de micotoxinas, porque as micotoxinas podem enfraquecer diretamente os sistemas imunitários, tornando os animais suscetíveis a doenças. • Fornecer suplementos robustos de micronutrientes e vitaminas, para reforçar a atividade das células imunitárias. • Fornecer uma ração equilibrada, para evitar qualquer risco de acidose ruminal subaguda (Sub-Acute Ruminal Acidosis, SARA). Gestão • As vacas novas devem ser ordenhadas por último, para reduzir a probabilidade de transferência de agentes patogênicos novos para a população das vacas anteriores. • Limitar qualquer fonte de stress, como sobrepopulação e misturas e reagrupamentos desnecessários. • Treinar os novos trabalhadores para abordarem amistosamente os animais Fonte: BIOMIN

As micotoxinas são um exemplo perfeito desta situação, porque têm impacto sobre o sistema imunitário e a ocorrência de laminite e inflamações. As explorações de maior dimensão tendem a utilizar mais dietas acidogênicas, o que aumenta a taxa de passagem e reduz a desintoxicação natural de micotoxinas dentro do rúmen, expondo as vacas a efeitos nocivos. Adicionalmente, uma dieta com teor de amido mais elevado poderá predispor os animais para acidose ruminal subaguda (Sub-Acute Ruminal Acidosis, SARA).

As explorações de maior dimensão são o futuro da produção de leite moderna, mas a eficiência e a saúde só se conjugam bem se os produtores dominarem os detalhes.

8

Endotoxinas As endotoxinas são fragmentos da parede celular externa de bactérias Gram-negativas, podendo ser produzidas durante o crescimento, a replicação ou a morte de micróbios. A SARA é uma das situações que poderá gerar um fluxo de endotoxinas dentro do rúmen das vacas, porque está associada a morte bacteriana extensa. Contudo, os desafios de endotoxinas podem surgir em várias situações bastante comuns durante a expansão dos rebanhos, incluindo tratamentos com antibióticos, metrite e mastite. Um aumento das endotoxinas em circulação poderá gerar toxicidade para o fígado, hipertermia e inflamação. A deterioração da saúde do fígado é uma condição que promove a cetose o que, por sua vez, pode predispor

o animal para uma imunidade inata mais fraca. Recentemente, Reisinger et al. (2015) demonstraram que as endotoxinas estão relacionadas com laminite, porque as suas doses crescentes têm uma influência negativa na integridade do tecido lamelar em culturas de explantes de cascos.

Rebanhos grandes e saudáveis As explorações de maior dimensão são o futuro da produção de leite moderna, mas a eficiência e a saúde só se conjugam bem se os produtores dominarem os detalhes. Quaisquer desafios adicionais que comprometam o sistema imunitário poderão representar retrocessos reais para a produtividade. Para terem êxito, os produtores têm de se manter concentrados e direcionados para quatro medidas principais: • Biossegurança • Formação de trabalhadores • Fluxos de animais • Detecção de riscos ocultos Os bons protocolos de biossegurança para lidar com doenças infecciosas, vermes, mastite e manqueira são obrigatórios para minimizar o impacto de todas as alterações na saúde apresentada pelas vacas. Todavia, o sistema imunitário continuará a estar sob pressão, mesmo quando são aplicadas boas práticas de gestão (Tabela 2).

Science & Solutions • Número 37


Cut & Keep

Qual é o problema do meu rebanho? Parte 2: Endotoxinas

A

s endotoxinas, ou lipopolissacarídeos (LPS), compostas por gordura (lípideos) e amido (sacarídeo) são vestígios de paredes celulares de bactérias Gram-negativas como E. coli ou Salmonella. São liberadas após a morte das bactérias e aumentam quando há condições que provocam o aumento da morte celular destas bactérias. As causas comuns da exposição a endotoxinas nas vacas incluem a administração de antibióticos e a acidose ruminal subaguda (Sub-Acute Ruminal Acidosis, SARA). As endotoxinas provocam reações inflamatórias fortes e são tipicamente utilizadas em pesquisas para desencadear uma situação de febre. Os LPS atuam ligando-se a receptores-chave em muitos tipos de células, mas especialmente em monócitos, células dendríticas, macrófagos e células B, o que promove a secreção de citocinas pró-inflamatórias, óxido nítrico e eicosanóides. Um aspecto interessante é que o gado poderá não apresentar uma resposta de febre à administração de um nível muito elevado ou muito baixo de endotoxinas, embora a ausência de febre, pelo menos no gado, não signifique que não houve liberação de endotoxinas com os efeitos associados.

Efeitos nocivos no gado Os efeitos das endotoxinas no gado estão estreitamente associados tanto à acidose ruminal como à acidose ruminal subaguda (Sub-Acute Ruminal Acidosis, SARA). A SARA é uma condição comum no gado de criação intensiva e no gado leiteiro em lactação que recebe dietas com reforço energético de uma fonte de cereais. As condições de SARA podem resultar não só na lise de bactérias Gram-negativas, mas também na deterioração da integridade da parede do rúmen. Esta combinação pode resultar na passagem de bactérias, como Fusobacterium necrophorum, associada a abcessos no fígado e ao aumento da absorção de endotoxinas.

Ataques ao fígado Os efeitos no fígado provocam talvez os maiores efeitos prejudiciais das endotoxinas no desempenho. O fígado é o principal órgão responsável pela remoção de toxinas de várias fontes, incluindo toxinas de plantas, micotoxinas e endotoxinas. As células de Kupffer são macrófagos especializados responsáveis pela remoção de endotoxinas. Também são responsáveis, em grande medida, pela cascata de acontecimentos inflamatórios. O fígado é um órgão extremamente ativo com muitas funções. Além das funções relacionadas com a desintoxicação e o sistema imunitário, o fígado é importante para a produção e a conversão de nutrientes, como proteínas, carboidratos e gorduras. Uma insuficiência hepática resultará na redução da disponibilidade de nutrientes e na redução da produção.

Época do parto As vacas apresentam um balanço energético negativo, necessitando de glicose, grande parte da qual é produzida no fígado, e de gorduras, que são convertidas para distribuição aos tecidos através de lipoproteínas de baixa densidade (Very

Checklist

Tabela 1. Efeitos negativos das endotoxinas nas vacas Redução da motilidade no rúmen associada a: • diminuição da digestão de fibra • pH do rúmen mais baixo •a umento da probabilidade de deslocamento do abomaso Aumento de casos de mastite, metrite Supressão geral do sistema imunitário Insuficiência hepática associada a: • redução da disponibilidade de nutrientes • redução da produção Taxa respiratória mais elevada Fonte: BIOMIN

Tabela 2. Sugestões para combater as endotoxinas Impedir a diminuição do pH no rúmen através de: • seleção cuidadosa dos ingredientes da ração; • potencial utilização de tampões. Evitar as alterações de ração abruptas de dietas à base de fibras para à base de cereais. Utilizar um aditivo para rações para ligar as endotoxinas e apoiar o funcionamento do fígado e do sistema imunitário. Fonte: BIOMIN

Low-Density Lipoprotein, VLDL) excretadas pelo fígado. O aumento do acúmulo de gorduras no fígado é comum na proximidade do parto. A condição poderá agravar-se, resultando na síndrome de “fígado gorduroso”, que está associada à diminuição de funções do fígado, incluindo a redução da produção de glicose, podendo originar cetose. Também se observou que fígados com o teor de lípideos aumentado não eliminam tão bem as endotoxinas do sangue, permitindo que concentrações de endotoxinas mais elevadas circulem para outros tecidos.

Prevenção e mitigação Os produtores podem reduzir os riscos de endotoxicose através de manejo e de aditivos-chave para rações. Os níveis de endotoxinas aumentam com o aumento do pH do rúmen. Manter o pH do rúmen estável através da seleção de ingredientes de rações e da potencial utilização de tampões deverá diminuir este fator de risco. Além disso, os desafios de LPS apresentaram resultados piores em alterações de ração abruptas de dietas à base de fibras para à base de cereais. Adicionalmente, certos produtos para micotoxinas concebidos para adsorver as aflatoxinas e os alcalóides de ergot também poderão se ligar as endotoxinas. Contudo, nem todos os produtos terão uma afinidade para LPS e deve haver cuidado ao selecionar os produtos, escolhendo os que foram testados e demonstraram adsorver as endotoxinas. Com uma boa gestão e uma composição adequada da ração, as suas vacas poderão ultrapassar estados críticos e ficar em boas condições.

Para mais informações, visite www.mycotoxins.info ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Esta tabela inclui conselhos gerais sobre os assuntos que afetam com maior frequência os ruminantes e que podem estar relacionados com a presença de micotoxinas na ração. As doenças e os problemas dos ruminantes incluem, entre outros, os que são indicados nesta tabela. A BIOMIN não aceita qualquer responsabilidade ou responsabilização resultante de ou de algum modo associada à utilização desta tabela ou de seu respectivo teor. Antes de agir com base no teor desta tabela, você deverá obter os conselhos diretamente do seu veterinário.

Uma revista da BIOMIN

9


M

EN

T

A sua cópia da Science & Solutions

AN

AGE

M

Melhor digestão para melhor eficiência da ração Adicione o poder • Uma exclusiva mistura de ervas, óleos essenciais e extratos funcionais dos fitogênicos à • Comprovado em termos científicos e na prática sua dieta: • Desenvolvido sob medida para os animais

digestarom.biomin.net

Naturalmente avançada


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.