Science & Solutions #41 Ruminantes (Português)

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Número 41 • Ruminantes

Assegurar lucros no futuro por meio da saúde das bezerras O colostro no combate da diarreia nas bezerras

Qual é o problema do meu rebanho? Photo: fotostorm

Photo: kravcs

Uma revista da

Deslocamento do abomaso


Editorial Desafios ocultos com impacto no desempenho do rebanho Os casos clínicos de doença são frequentemente designados a “ponta doiceberg” porque mostram sinais visíveis no animal afetado e, portanto, revelam a sua presença aos produtores. De forma muito semelhante a um iceberg, com sua maior porção sob a superfície, nem todos os animais afetados apresentam sintomas de doença clínica, resultando numa população “silenciosa” dentro do rebanho que influencia a produção. Embora as perdas econômicas sejam muito mais evidentes quando casos clínicos de doença estão presentes, as infeções subclínicas também contribuem para a redução do desempenho do animal como, por exemplo, limitando o crescimento das bezerras, diminuindo a produção de leite e reduzindo a qualidade do leite. Reduzir a prevalência de infeções subclínicas ajudará a reduzir os casos clínicos e também a melhorar a eficiência da produção — o que é especialmente crucial quando os preços do leite estão baixos. Neste número da Science & Solutions, abordamos vários aspectos que podem ser influenciados por uma doença subclínica. Criar bezerras saudáveis é importante para o sucesso do rebanho no futuro e este processo começa com uma vaca saudável e colostro com qualidade. As endotoxinas contribuem para todas as infecçõespor bactérias Gram-negativas, quer se trate de diarreia provocada por Salmonella ou mastite provocada por Escherichia coli. Além disso, a doença metabólica subclínica acidose ruminal subaguda (Subacute Ruminal Acidosis, SARA) tem grandes implicações na produção de endotoxinas e foi associada a problemas subsequentes, incluindo problemas de saúde dos cascos e abcessos no fígado. Há muitos desafios evidentes na criação de gado saudável, mas é importante ter em mente aqueles problemas ocultos que podem afetar o rebanho. Os produtores trabalham arduamente para superar estes desafios e fornecer produtos saudáveis. Que tal então tomar um copo de leite ou colocar um pouco creme no seu café durante a leitura deste novo número da Science & Solutions!

Dr. Paige GOTT Gerente Técnica Ruminantes

Science & Solutions • Número 41


Índice

Melhorando a saúde das bezerras na Dinamarca

2

Combater a mortalidade pré-desmame através da melhoria do desempenho intestinal poderá melhorar a saúde das bezerras e os lucros no futuro.

Photo: BrianAJackson

Por Luis Cardo DVM e Rikke Engelbrecht PhD

Considere o colostro, não os antibióticos, para combater a diarreia nas bezerras

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A diarreia é o problema mais comum das bezerras recém-nascidas. Em comparação com os antibióticos, uma gestão adequada do colostro poderá ser um método melhor para assegurar a saúde das bezerras e os lucros. Por Zanetta Chodorowska Engenheira Mestre

Cut & Keep

Checklist

Qual é o problema do meu rebanho? Parte 3: Deslocamento do abomaso

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Uma lista de verificação útil para sintomas, causas e soluções. Science & Solutions é uma publicação mensal da BIOMIN Holding GmbH, distribuída gratuitamente aos nossos clientes e parceiros. Em cada número, Science & Solutions apresenta temas sobre os mais recentes conhecimentos científicos em nutrição e saúde animal com destaque especial para uma espécie (aves, suínos ou ruminantes) em cada trimestre. ISSN:2309-5954 Se desejar obter uma cópia digital e mais informações, visite: http://magazine.biomin.net Se desejar obter cópias de artigos ou assinar Science & Solutions, contate-nos no e-mail: magazine@biomin.net Editora-chefe: Ryan Hines Colaboradores: Luis Cardo, Zanetta Chodorowska, Rikke Engelbrecht, Paige Gott, Bryan Miller Marketing: Herbert Kneissl Gráficos: Reinhold Gallbrunner Pesquisa: Franz Waxenecker, Ursula Hofstetter Editora: Biomin Holding GmbH Erber Campus 1, 3131 Getzersdorf, Austria Tel: +43 2782 8030 www.biomin.net Impresso na Áustria por: Johann Sandler GesmbH & Co KG Impresso em papel ecológico: Austrian Ecolabel (Österreichisches Umweltzeichen) ©Copyright 2017, BIOMIN Holding GmbH Todos os direitos reservados. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida sob qualquer forma para fins comerciais sem a autorização escrita do detentor dos direitos autorais, exceto em conformidade com as disposições da Copyright, Designs and Patents Act 1998 [Lei relativa aos Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1998]. Todas as fotografias incluídas na presente publicação são propriedade de BIOMIN Holding GmbH ou foram usadas sob licença. BIOMIN is part of ERBER Group

Uma revista da BIOMIN

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Name

Photo: Hillview1

position

Melhorando a saúde das Por Luis Cardo DVM, Diretor Técnico Ruminantes e Rikke Engelbrecht PhD, consultora especialista em bezerras na Western Union of Agricultural Services na Dinamarca

Combater a mortalidade pré-desmame através da melhoria do desempenho intestinal poderá melhorar a saúde das bezerras e os lucros no futuro.

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Science & Solutions • Número 41


Name position

s bezerras na Dinamarca

H

á muito tempo que as bezerras , as quais são pilares de qualquer produção leiteira, vêm sendo menosprezadas. A mortalidade pré-desmame é um grande problema em explorações leiteiras de todo o mundo. Dados dos EUA (NAHMS, 2007) revelaram uma taxa de mortalidade de 7,8% para as novilhas, sendo os problemas digestivos responsáveis por 56,5% dessas perdas e os problemas respiratórios responsáveis por outros 22,5%. Estes números são notavelmente próximos daqueles de 1992, destacando a inexistência de melhoria nos últimos 20 anos. Os problemas

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respiratórios e digestivos estão correlacionados, dado que a ocorrência de um aumentará a probabilidade do outro. Considerando as taxas médias de substituição do rebanho de cerca de 30%, estes números limitam muito as opções de um produtor de gado leiteiro.

Este artigo foi originalmente publicado em Dairy Global.

Custos econômicos Há uma correlação forte entre o GPD pré-desmame e a produção de leite. Uma meta-análise de mais de 10 estudos concluiu que cada 0,4 kg adicionais de GPD pré-desmame deverão originar uma produção de leite adicional de 621

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Melhorando a saúde das bezerras na Dinamarca

Cada 0,4 kg adicionais de GPD pré-desmame deverão durante a primeira lactação. Figura 1. Ganho de peso diário médio (g)

Figura 2. Score de consistência das fezes 1,2

850 838

800

1,0 0,8

750 700

a

762ab 701b

0,4 0,2

600

0,0

0.9a a

0.8 0.5b 0.5b b

b

0.3 0.3

0.4ab

0.4b ab

0.3

0.3b

Semana 1-3 Semana 4-6 Semana 7-10 Semana 1-10 s médias com sobrescritos diferentes diferem significativamente; A p < 0,05 n Controle n Biotronic® PX Top 3, 3,0 g/bezerra/dia n Biotronic® PX Top 3, 6,0 g/bezerra/dia a, b

kg durante a primeira lactação. Além disso, cada novilha doente representa um enorme encargo econômico: um estudo holandês indicou que os custos da criação de uma bezerra que ficou doente pelo menos uma vez eram em média 95 EUR (105 USD) maiores em comparação com bezerras saudáveis.

Prevenindo doenças intestinais As doenças intestinais são provocadas por uma grande diversidade de causas, infeciosas ou não. Uma boa gestão, começando por um fornecimento de colostro adequado (em termos de momento, quantidade e qualidade), é essencial e o fornecimento de leite deve ser sempre verificado relativamente a consistência, higiene, temperatura, método de administração e qualidade. Outros aspetos que não devem ser negligenciados são o fornecimento de água, o fornecimento de concentrado e de alimentos fibrosos e o fornecimento de abrigo adequado e de um ambiente não estressante, prestando uma atenção especial ao momento de introduzir as bezerras a um grupo ou às bezerras mantidas em grupos.

Desafios por agentes patogênicos antes do desmame Na prática, uma bezerra para produção leiteira enfrentará desafios por agentes patogênicos reais antes do desmame. Devido às instalações, às rações e aos leitos existentes, as explorações são frequentemente afetadas por altas taxas de infeção. Os vírus, os protozoários e as bactérias

4

0.9a

0,6

650 Semana 1-10 a, b As médias com sobrescritos diferentes diferem significativamente; p < 0,05 n Controle n Biotronic® PX Top 3, 3,0 g/bezerra/dia n Biotronic® PX Top 3, 6,0 g/bezerra/dia

1.0a

são frequentemente causas de diarreia e de mortalidade, sendo as bactérias a maior ameaça - quer como causa primária ou secundária em relação a qualquer outro fator-, incluindo erros de gestão ou outros efeitos de agentes patogênicos distintos. As bactérias que causam diarreia com mais frequência são as E. coli e Salmonella spp., bactérias Gram-negativas que estão demonstrando uma resistência cada vez maior a antibióticos diferentes, tornando o tratamento cada vez mais difícil e levantando preocupações sobre as possíveis implicações para a saúde humana.

Ensaio comercial na Dinamarca O ensaio foi realizado numa exploração leiteira comercial de grande dimensão na Dinamarca com um rebanho de raça mista baseado em gado Holstein e Jersey. A exploração ordenha mais de 1300 vacas leiteiras e cria todas as novilhas de substituição. As bezerras são mantidas em alojamentos individuais no exterior durante 2 a 3 semanas e depois são transferidas para alojamentos maiores, também no exterior, em grupos de 5 ou 6 animais. O rebanho é positivo para Salmonella Dublin e é parte de um programa nacional de erradicação. São frequentemente diagnosticados surtos de diarreia na exploração.

Preparação do ensaio O ensaio foi realizado num período de 3,5 meses durante o verão, com 18 bezerras no grupo controle e 2 grupos testes com 20 e 18 bezerras, respetivamente,

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Luis Cardo DVM, Gerente Técnico Ruminantes e Rikke Engelbrecht PhD, consultora especialista em bezerras na Western Union of Agricultural Services na Dinamarca

originar uma produção de leite adicional de 621 kg

Figura 4. Coughing scores.

Figura 3. Scores de secreção nasal

1,5

1,0

1,2

0,8 0,6

0,8a

0,7a

0,7a

0,6 0,6

0,4 0,2

b

0,3b 0,3

0,6

0,4 b b 0,3

0,3

b 0,3 0,3

0,0

b

recebendo dosagens diferentes de um produto à base de ácido orgânico, Biotronic® PX Top3. A duração do ensaio foi de aproximadamente 70 dias para cada bezerra. Os dados relativos ao ganho de peso corporal (Body Weight Gain, BWG) foram recolhidos, calculando-se o ganho de peso diário médio (Average Daily Gain, ADG). Atribuíram-se pontuações, de acordo com as diretrizes da Universidade de Madison, para a tosse, secreção nasal, secreção ocular, porte da cabeça e das orelhas e temperatura retal. Atribuiu-se semanalmente uma pontuação à consistência das fezes de acordo com o protocolo normalizado. Todas as bezerras inscritas no ensaio foram transferidas dentro de 1 hora após o nascimento para um alojamento limpo e com leito adequado; o peso corporal ao nascimento não apresentou diferenças estatísticas entre os grupos e foi de aproximadamente 40 kg. Todas as bezerras receberam 4 l de colostro de boa qualidade (Brix => 22) na primeira hora após o nascimento e foram submetidas a imersão do cordão umbilical em iodo. Todas as bezerras receberam 6 l de leite por bezerra e por dia enquanto estiveram em alojamentos individuais e 10 l por bezerra e por dia enquanto estiveram em alojamentos maiores. O desmame começou às 6–7 semanas, conforme a disponibilidade dos alojamentos para novas bezerras. Forneceu-se diariamente ração sólida na forma de ração iniciadora texturizada com 22,5% de proteína bruta à vontade.

0,7

0,3

b

0,5

0,6a

0,1 0,1b 0,0b 0,2 0,2b 0,0 0,0 Week 1-3 Week 4-6 Week 7-10 Week 1-10 a, b As médias com sobrescritos diferentes diferem significativamente; p < 0,05 n Controle n Biotronic® PX Top 3, 3,0 g/bezerra/dia n Biotronic® PX Top 3, 6,0 g/bezerra/dia 0,0

Semana 1-3 Semana 4-6 Semana 7-10 Semana 1-10 s médias com sobrescritos diferentes diferem significativamente; A p < 0,05 n Controle n Biotronic® PX Top 3, 3,0 g/bezerra/dia n Biotronic® PX Top 3, 6,0 g/bezerra/dia a, b

Uma revista da BIOMIN

1,1a

0,9

0,1

Maior crescimento e mais leite As bezerras em ambos os grupos testes ultrapassaram o desempenho do grupo de controle e apresentaram melhor saúde. O ganho de peso corporal (BWG) total no ensaio foi de 48,7 kg para o grupo de controle e 53,3 kg e 57,6 kg para os grupos testes. O ganho de peso diário médio (GPD) para ambos os grupos testes foi 61 g e 137 g superior ao do grupo de controle, sendo estatisticamente significativo e prevendo uma produção de leite adicional de 84 kg e 212 kg, respetivamente, durante a primeira lactação (Figura 1). É interessante notar que os dois grupos testes também apresentaram melhor pontuação de saúde em relação ao grupo de controle. O grupo de controle apresentou fezes mais moles e também uma pontuação de saúde inferior, de forma consistente e estatisticamente significativa, destacando a relação entre a diarreia e outras doenças. Os grupos testes apresentaram melhores parâmetros de crescimento, melhor consistência das fezes e melhor saúde geral, o que também se refletiu nas pontuações de secreção nasal e tosse (Figuras 2, 3 e 4).

Conclusão Este ensaio demonstra o potencial de um aditivo inovador para ração à base de ácido na redução dos efeitos negativos de bactérias Gram-negativas e na melhoria tanto dos parâmetros de crescimento como da saúde geral das bezerras. Esta estratégia também poderá ajudar a reduzir a utilização de antibióticos e o potencial desenvolvimento de bactérias resistentes.

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Photo: kadirkaplan

Considere o colostro, não os antib diarreia nas bezerras Zanetta Chodorowska, Gerente Técnica Ruminantes

A diarreia é o problema mais comum das bezerras recém-nascidas. Em comparação com os antibióticos, uma gestão do colostro adequada poderá oferecer um método melhor para garantir a saúde das bezerras e os lucros.

E

stima-se que 56% dos problemas de saúde no início da vida estejam relacionados com a diarreia, sendo assim o maior problema de saúde para as bezerras recém-nascidas. Ela responsável por 52,2% da mortalidade de bezerras não desmamadas e é também uma causa importante de crescimento insuficiente, maior necessidade de trabalho manual e aumento dos custos. Nos Estados Unidos, a diarreia afeta e é tratada em 23,9% das novilhas para produção leiteira e estima-se que a mortalidade pré-desmame seja de 7,8%, segundo a Universidade de Cornell e o National Animal Health Monitoring System (NAHMS, 2007), respetivamente.

6

Sem origem bacteriana Os surtos de infeção que provocam diarreia nas bezerras são frequentemente rápidos e de natureza multifatorial. Sabe-se que os principais agentes patogênicos entéricos que causam diarreia nas bezerras Figura 1. Prevalência de agentes infeciosos 5% 28% 37%

30%

n Rotavirus n Cryptosporidium n Coronavirus n E.coli K99

Fonte: Intervet/Schering-Plough Animal Health ScourCheck 2009

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bióticos, para combater a são vírus (rotavírus bovino, coronavírus bovino [BCoV], vírus da diarreia vírica bovina [BVDV]) e parasitas microscópicos (Cryptosporidium parvum), conforme apresentado na Figura 1. As bactérias como Salmonella (S.) enterica, Escherichia (E.) coli e Clostridium (C.) perfringens, são muitas vezes apenas agentes infeciosos secundários. Como os antibióticos não são eficazes contra vírus e parasitas, o seu uso para combater a diarreia faz pouco sentido. A utilização de antibióticos nestes casos tem várias desvantagens. Em primeiro lugar, as bezerras submetidas a terapêutica com antibióticos produzem 492 kg (1084 lbs) a menos de leite durante a primeira lactação, de acordo com Mike van Amburgh, da Universidade de Cornell, e outros. Em segundo lugar, os antibióticos destroem as bactérias intestinais benéficas normais e, assim, perturbam a saúde intestinal. Em terceiro lugar, as bactérias Gram-negativas liberam endotoxinas, os componentes de lipopolissacarídeos das paredes celulares. Segundo James Cullor da UC Davis, os efeitos gerais das endotoxinas estão bem documentados e incluem letargia, dificuldade

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respiratória, hipertermia transitória seguida por hipotermia, diminuição da tensão arterial sistêmica, aumento da frequência cardíaca seguido por diminuição do débito cardíaco, diarreia, alterações nas contagens de células sanguíneas e alterações no sistema de coagulação sanguínea. Em quarto lugar, a utilização de antibióticos está associada a resistência aos antibióticos.

Um método melhor O colostro bovino proporciona uma espécie de kit de sobrevivência que é transmitido da mãe à bezerra recém-nascida, protegendo-a contra desafios enfrentados no início da vida. Ele é benéfico para os sistemas imunitário, hormonal e digestivo das bezerras e contém tudo o que é necessário para um desenvolvimento saudável e produtivo, bem como um teor de nutrientes extremamente elevado. Com a ingestão de colostro logo após o nascimento, as bezerras recebem de uma só vez todos os 97 fatores imunitários (componentes que desenvolvem o sistema imunitário), 87 fatores de crescimento (hormônios bio-idênticos e precursores

O colostro bovino proporciona uma espécie de kit de sobrevivência que é transmitido da mãe à bezerra recém-nascida, protegendo-a contra desafios enfrentados no início da vida.

7


Considere o colostro, não os antibióticos, para combater a diarreia nas bezerras

Figura 2. O colostro de transição é mais rico do que o leite normal Ordenha de colostro

Unidade

1

2

3

4

5

Leite maduro

Matéria seca

%

24.5

19.0

16.0

15.5

15.3

12.2

Gordura

%

6.4

5.6

4.6

5.0

5.0

3.9

Proteína Aminoácidos essenciais

%

13.3

8.5

6.2

5.4

4.8

3.2

Mmol/L

390

230

190

140

115

ND

g/L

1.84

0.86

0.46

0.36

ND

ND

Lactoferrina Insulina

μg/L

65

35

16

8

7

1

Hormônio de crescimento

μg/L

1.5

0.5

ND

ND

ND

ND

Fator de crescimento semelhante à insulina de tipo I

μg/L

310

195

105

62

49

ND

Fonte: Hammon et al 2000. ND = não detectado

hormonais) e uma diversidade de probióticos diferentes, bem como prebióticos que ajudam a desenvolver e a alimentar a flora benéfica intestinal. Esta transferência de imunidade passiva protege a bezerra até que ela estabeleça seus próprios sistemas de reconhecimento e eliminação de agentes patogênicos. A melhor combinação de hormônios e fatores de crescimento, como relaxina, prolactina, insulina, IGF-1, IGF-2 e leptina, só está disponível através do colostro. Os conteúdos benéficos da ordenha do colostro

Dicas para uma gestão adequada do colostro 1. Ordenhe

o colostro de uma progenitora saudável, idealmente dentro de 2 horas após a parição.

2. A limente

a bezerra com o colostro à temperatura corporal imediatamente após a ordenha. Administre pelo menos 3 litros na primeira alimentação e mais 2 litros dentro das primeiras 6 horas de vida. Se possível, administre também 6 litros no segundo e terceiro dias, provenientes das ordenhas subsequentes.

4. Teste

com refratômetro ou colostrômetro BRIX. A concentração de proteína permite obter uma boa estimativa dos níveis de imunoglobulina (IgG) > 50 g/l (3 – 4 l fornecerão 150–200 g de IgG). Os resultados do refratômetro BRIX > 22% são indicativos de colostro de alta qualidade.

5. Utilize

colostro limpo com baixa concentração de bactérias: menos de 100 000 UFC/ml e 10 000 na contagem de coliformes.

8

poderão ser mantidos até a quinta ordenha — ou três dias após a parição (Figura 2).

Solução personalizada A produção do colostro começa 3 a 4 semanas antes da parição, com o acúmulo de hormônios, fatores de crescimento (IGF-I e IGF-II) e fatores de crescimento transformadores (TGF-ß1 e TGF-ß2) que ativam a célula secretória mamária. Dado que o colostro transfere anticorpos para as bezerras, os criadores de vacas podem essencialmente desenvolver o colostro para as bezerras nascituras vacinando as vacas 60–30 dias antes da parição contra os agentes patogênicos que aparecem mais frequentemente na exploração. Dessa forma, a bezerra recém-nascida recebe proteção seletiva contra os agentes patogênicos existentes no ambiente da exploração. Demonstrou-se que o colostro de vacas vacinadas consegue exterminar invasores bacterianos e víricos, estimular a reparação de tecidos (particularmente do revestimento intestinal), combater uma diversidade de alérgenos e neutralizar organismos produtores de toxinas. Ele também é eficaz no tratamento de diarreia severa. Segundo o levantamento de 2007 do National Animal Health Monitoring System, aproximadamente 19% das novilhas nos EUA recebem uma transferência passiva insuficiente.

Corrida contra o tempo O tempo é crucial na ordenha do colostro e na sua administração às bezerras recémnascidas, por vários motivos. Em primeiro lugar, a composição do colostro altera-se após a remoção da placenta. Em segundo lugar, as bezerras recém-nascidas não têm as enzimas que decompõem os componentes ativos do

colostro, que se desenvolvem mais tarde. Em terceiro lugar, é importante aproveitar a oportunidade proporcionada pelo fenômeno de “intestino aberto”, no qual a parte superior do duodeno permanece aberta para a absorção direta dos ingredientes do colostro pela corrente sanguínea da bezerra. (Note que os agentes patogênicos também podem entrar pelo “intestino aberto”.)

Considerações adicionais A alimentação adequada das vacas na fase de lactação tardia e no período seco pode influenciar positivamente a qualidade e a quantidade do colostro. As micotoxinas, encontradas tanto em grãos como em palha contaminada, podem prejudicar o funcionamento imunitário e hepático, portanto recomenda-se uma gestão robusta do risco de micotoxinas Os agentes que causam diarreia estão presentes no ambiente de uma bezerra. As melhorias no saneamento ambiental e a redução dos fatores estressantes (como superpopulação, alteração frequente da dieta, estresse provocado por calor, etc.), conjugadas com uma gestão do colostro adequada, podem ajudar na criação de bezerras saudáveis.

Conclusão Cada bezerra que nasce numa exploração representa uma oportunidade para manter ou aumentar o tamanho do rebanho, melhorar geneticamente o rebanho e melhorar as receitas econômicas. A invasão por agentes patogênicos pode criar custos adicionais, problemas de saúde e fraco desempenho. O colostro de boa qualidade poderá permitir que os criadores de vacas alcancem com êxito o resultado desejado.

Science & Solutions • Número 41


Qual é o problema do meu rebanho? Parte 3: Deslocamento do abomaso

Checklist

O

mais provável quando uma gado leiteiro de hoje Esófago vaca é diagnosticada com está geneticamente Rúmen DA. A cirurgia poderá ser preparado para produzir Omaso realizada através de técnicas grandes quantidades de minimamente invasivas, leite. Consequentemente, Intestino mas todas as cirurgias têm isso requer o consumo delgado riscos e a vaca terá ainda e a digestão de grandes de passar por um período quantidades de ração. A de recuperação com baixa incidência de deslocamento produção leiteira ou, se for do abomaso (DA) pode tratada com antibióticos, estar crescendo em nossos Abomaso exigindo a eliminação do rebanhos para produção Retículo leiteira por meio da seleção leite. genética para uma maior produção de leite e da mudança para dietas mais densas em Prevenção energia que poderão ter um teor de fibras menos eficaz. A melhor prevenção é uma ingestão de ração consistente. O Aproximadamente 5% das vacas leiteiras de alta produção enchimento do rúmen e o fluxo contínuo de matéria ajudam poderão apresentar deslocamento do abomaso. a manter tanto o rúmen como o abomaso na devida posição. O abomaso é o estômago “verdadeiro” dos ruminantes e é Infelizmente, em alguns momentos, não é possível manter comparável ao estômago nos animais monogástricos. Ele não uma ingestão consistente. Para além dos problemas associados é um órgão pequeno, dado que pode conter até 27 litros de à parição, o gado pode parar de ingerir ração devido a doença, fluidos; contudo, é reduzido quando comparado com os mais de desafios por micotoxinas e alterações na dieta. A ingestão 180 litros de capacidade do rúmen/retículo. Estando situado do poderá ser afetada até por fatores meteorológicos. Há certas lado direito e ao longo da parte inferior do rúmen, o abomaso decisões de gestão que poderão reduzir as interrupções na pode estar sujeito a movimentação ou mudanças da posição ingestão de ração. devido a alterações no enchimento do rúmen ou no tamanho e posição dos órgãos internos. Resumo As alterações devido à parição e à ingestão de ração são O deslocamento do abomaso é cada vez mais comum nas aspetos-chave nos deslocamentos do abomaso. Quanto mais explorações leiteiras, resultando de uma combinação de tempo o rúmen permanecer cheio, menos oportunidade haverá alterações genéticas e programas de alimentação. Os programas para o movimento do abomaso. Contudo, após a parição, há um de gestão e alimentação que ajudam a garantir o enchimento grande vazio na vaca com a perda de 3 elementos: a bezerra, a do rúmen através da ingestão de matéria seca boa, reduzindo, placenta e o fluido associado, favorecendo o deslocamento do ao mesmo tempo,os déficits energéticos, deverão ajudar a abomaso. Os órgãos são deslocados e o abomaso poderá sair reduzir o número de deslocamentos do abomaso observados. da sua posição normal. Além disso, a parição está frequentemente associada a redução Dicas para manter a ingestão de ração da ingestão de ração pelas vacas, podendo também facilitar a saída do rúmen da sua posição normal. A cetose que ocorre • Tenha um programa de transição que incentive a ingestão de ração e o durante os primeiros meses de lactação também pode contribuir enchimento do rúmen. Vários estudos demonstraram que quanto menor para diminuir a ingestão de ração e aumentar a incidência de for a redução da ingestão de ração pela vaca no momento da parição, mais deslocamento do abomaso. Cerca de 80% dos casos de DA rapidamente ela aumentará a ingestão de matéria seca após a parição. ocorrem dentro do primeiro mês de lactação. Um deslocamento • Incentive a ingestão de ração através da utilização de forragens de melhor “à esquerda” com o abomaso a “deslizar” para cima no lado qualidade. esquerdo do rúmen é o mais comum, sendo responsável por Illustration: Designua

Cut & Keep

80% dos deslocamentos.

Sintomas Os primeiros sinais são diminuição da ingestão de ração, comportamento letárgico e redução da produção de leite. Poderá haver uma redução na quantidade de fezes produzidas, que poderão ser mais líquidas do que o normal. As frequências cardíaca e respiratória poderão continuar relativamente normais. O teste de diagnóstico mais indicado é geralmente o “teste de ressonância metálica”. Utilizando um estetoscópio, pode-se ouvir uma ressonância metálica após uma percussão na área. À medida que o abomaso é deslocado, há tendência para uma acumulação de gases que acompanha a diminuição do trânsito regular devido à torção do duodeno. Ocasionalmente, o DA pode ser corrigido “rolando” a vaca ou incentivando-a a trotar para estimular os órgãos a reassumirem a sua posição normal. Do ponto de vista prático, a cirurgia é o tratamento

• Considere adicionar à ração leveduras ou produtos de cultura de leveduras. Os produtos de leveduras poderão ajudar a digestão de fibras e a ingestão de ração. Os produtos de cultura de leveduras também têm sido utilizados como agentes de melhoria da palatabilidade. • A manutenção desta ingestão de ração é essencial para reduzir tanto a cetose clínica como a subclínica. Sabe-se que a cetose causa uma redução da ingestão de ração, sendo responsável pelos aumentos de DA que lhe estão associados. A redução na motilidade do rúmen também poderá estar relacionada com o DA. • O comprimento das fibras e a proporção na dieta podem influenciar o DA. Um teor de fibras insuficiente poderá diminuir a ruminação e o enchimento do rúmen necessário para o manter na sua posição normal. Ao mesmo tempo, as vacas leiteiras de alta produção precisam de energia. As fontes de fibras que têm boa digestibilidade ou a adição de produtos à base de leveduras que possam auxiliar na digestão de fibras poderão ajudar a satisfazer tanto a necessidade de fibras como a maior necessidade energética deste gado.

Para mais informações, visite www.mycotoxins.info ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Este material inclui conselhos gerais sobre os assuntos que afetam com maior frequência os ruminantes e que podem estar relacionados com a presença de micotoxinas na ração. As doenças e os problemas dos ruminantes incluem, entre outros, os que são indicados. A BIOMIN não aceita qualquer responsabilidade ou responsabilização resultante de ou de algum modo associada à utilização destes conteúdos. Antes de agir com base nos conteúdos, consulte o seu veterinário.

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