Science & Solutions No. 53 - Português

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Concretização do potencial do gado leiteiro com forragem de qualidade elevada. Relação entre endotoxinas e micotoxinas Mantendo você naturalmente informado | Número 53 | Ruminantes

Desempenho excepcional com a sua forragem

Qual é o problema do meu rebanho? Parte 6


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ÍNDICE

4

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12

Concretização do potencial do gado leiteiro com forragem de qualidade elevada

Relação entre endotoxinas e micotoxinas

Qual é o problema do meu rebanho? – Parte 6: Crescimento das bezerras

Zanetta Chodorowska MEng Gerente Técnica de Vendas, Ruminantes

Timothy Jenkins PhD Cientista de Desenvolvimento

Bryan Miller MSc Gerente Técnico para Ruminantes

Zanetta Chodorowska responde a algumas perguntas frequentes sobre como preparar a forragem para obter a melhor qualidade, permitindo assim que a alimentação do seu gado leiteiro de alta performancegaranta seu sucesso

Os dois principais riscos associados a toxinas para a produção leiteira e a saúde das vacas são as micotoxinas provenientes de fungos e as endotoxinas provenientes de bactérias. Ambos os tipos de toxinas podem exacerbar o risco para a saúde dos animais associado ao outro tipo de toxinas. Iremos explorar as relações entre essas toxinas muito diferentes e qual a melhor forma de gerir ambos os riscos.

Um check-list útil para sintomas, causas e soluções.

2 SCIENCE & SOLUTIONS

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EDITORIAL

É poupando que se ganha dinheiro? Infelizmente, este não é efetivamente o caso nas fazendas de gado leiteiro. Os baixos preços do leite têm um impacto concreto nos produtores leiteiros, e a maioria deles procura formas de reduzir as despesas enquanto mantêm a produção de leite. Os custos com a alimentação são a maior categoria de despesas numa exploração leiteira, representando cerca de 50% a 60% dos custos totais. É por este motivo que os produtores devem se concentrar em estratégias alimentares para tornarem a sua atividade mais rentável. Resistir à tentação de reduzir os recursos para os animais não produtivos é um princípio simples que devem ter em mente. Neste número da Science & Solutions, abordamos a importância de investir na primeira fase da vida das bezerras. De forma semelhante, a regra a seguir para as vacas lactantes é não reduzir nada que também reduza a produção de leite. Isso não seria economicamente sensato. O foco deve incidir sobre as receitas e não os custos da ração. Produzir forragens de elevada qualidade é sinônimo de sucesso em uma fazenda de gado leiteiro. A forragem rica em proteínas e altamente digerível pode reduzir a quantidade de ração adquirida necessária para manter níveis de desempenho elevados. Planejar as colheitas com rigor é essencial mas, por vezes, as condições climácas ou a falta de maquinaria disponível podem comprometer a qualidade final da forragem.

Se a qualidade da forragem for baixa, a única forma de fornecer proteínas e energia suficientes ao animal é recorrer a concentrados, que aumentam os custos com a ração e a pressão metabólica. A presença de níveis elevados de grãos na dieta poderá causar acidose ruminal subaguda, que tem um efeito negativo tanto na produção de leite como na saúde dos animais. As endotoxinas e as micotoxinas poderão então “colaborar” para piorar ainda mais a situação. Apesar de todos os esforços, nem sempre é possível manter tudo sob controle. A melhor forma de minimizar os problemas é prevenir e não remediar. A BIOMIN desenvolveu soluções para manter os produtores leiteiros naturalmente à frente. Esperamos que aprecie a leitura deste número da Science & Solutions, que o mantém naturalmente informado.

Andrea Urbanella MSc Gerente Técnico de Vendas

Editores: Ryan Hines, Caroline Noonan Colaboradores: Andrea Urbanella MSc, Zanetta Chodorowska MEng, Timothy Jenkins PhD, Bryan Miller MSc ISSN: 2309-5954 Marketing: Herbert Kneissl, Karin Nährer Se desejar obter uma cópia digital e mais informações, Gráficos: GraphX ERBER AG visite: http://magazine.biomin.net Pesquisa: Franz Waxenecker, Ursula Hofstetter Se desejar obter cópia de artigos ou assinar Science & Editora: BIOMIN Holding GmbH Solutions, contate-nos no e-mail: Erber Campus, 3131 Getzersdorf, Áustria magazine@biomin.net Tel: +43 2782 8030, www.biomin.net

© Copyright 2018, BIOMIN Holding GmbH Todos os direitos reservados. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida sob qualquer forma para fins comerciais sem a autorização escrita do detentor dos direitos de autor, exceto em conformidade com as disposições da Copyright, Designs and Patents Act 1998 [Lei relativa aos Direitos de Autor, Desenhos e Patentes de 1998]. Todas as fotografias incluídas na presente publicação são propriedade de BIOMIN Holding GmbH ou foram usadas sob licença. BIOMIN is part of ERBER Group

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Concretização do potencial do gado leiteiro com forragem de qualidade elevada. Zanetta Chodorowska responde a algumas perguntas frequentes sobre como preparar a forragem para obter a melhor qualidade, permitindo assim que a alimentação do seu gado leiteiro de alta performance garanta seu sucesso.

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Zanetta Chodorowska MEng Gerente Técnica de Vendas, Ruminantes

P: A silagem é o componente principal de uma ração para animais leiteiros. Em algumas fazendas, pode representar até 60% a 70% da ração, enquanto em outras na mesma região, a dieta contém menos de 50% de silagem. Se os níveis de produção de leite são iguais, por que há uma diferença tão grande na ingestão de silagem? ZC: Há algumas fazendas onde o problema de baixa ingestão de ração praticamente não existe, enquanto em outras é uma dificuldade constante. Um dos motivos relaciona-se com a

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A forragem de boa qualidade é rica em proteínas.

preparação e qualidade da forragem. Como é um componente tão substancial da ração para animais leiteiros, tem muita influência na ingestão de ração. A qualidade da forragem varia de acordo com as espécies vegetais, variedade, fertilidade, condições ambientais e, sobretudo, fase de maturidade. A Figura 1 ilustra como a ingestão de ração diminui à medida que a maturidade da espécie vegetal aumenta. Além disso, as práticas de manejo utilizadas para a conservação e o armazenamento da forragem são muito importantes.

Figura 1. Efeito da fase de maturidade de vegetais alfalfa-bromo na época da ceifa sobre a ingestão de matéria seca

100 Ingestão (% de pré-rebento)

100

97,6 94,1 90,0

90

85,9 81,8 77,4

80

70

PréRebento Floresc. Floresc. Floresc. Floresc. Maduro rebento precoce médio total tardio

Adaptado de Hibbs e Conrad, 1974.

EM SUMA • A produção de gado leiteiro com elevado desempenho só pode ser mantida quando se utiliza forragem de elevada qualidade na ração. • A forragem corresponde a uma grande porção da ração das vacas leiteiras e, assim, deve ser prestada a devida atenção à sua preparação.

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• Caso a preparação da forragem seja comprometida, isso poderá ser resolvido utilizando-se inoculantes de silagem antes da ensilagem. • Devem ser adicionados produtos de desativação de micotoxinas à ração para proteger os animais contra os efeitos nocivos e potencialmente fatais da contaminação por micotoxinas. BIOMIN 5


CONCRETIZAÇÃO DO POTENCIAL DO GADO LEITEIRO COM FORRAGEM DE QUALIDADE ELEVADA

P: O que determina a qualidade da forragem? ZC: Os conteúdos proteico e energético têm as funções mais importantes na determinação da qualidade da forragem. A forragem de boa qualidade é rica em conteúdo proteico. Isto é fácil de estimar medindo-se o conteúdo de nitrogênio vegetal e multiplicando-o por 6,25 (conteúdo de nitrogênio proteico médio). A maturidade dos vegetais na altura da colheita tem um grande impacto no conteúdo proteico bruto. As forragens maturas têm menos folhas e mais caules. As folhas contêm proteínas solúveis, como a clorofila, enquanto os caules são ricos em fibras e têm baixo teor de proteínas. O conteúdo energético depende da digestibilidade das várias frações químicas da forragem. Uma das formas comuns de estimar o conteúdo energético da forragem é medir a quantidade de fibras. Os vegetais que contêm grandes quantidades de fibras são geralmente menos digeríveis.

P: Se a forragem é cultivada sob condições controladas numa fazenda, por que é difícil obtermos uma boa qualidade? ZC: Na prática, depende muito da prioridade estabelecida pela exploração específica. As explorações que dão prioridade exclusiva à produção de leite produzirão uma forragem de qualidade muito diferente daquelas cuja prioridade é sobretudo a produção de vegetais. Se a qualidade da forragem for comprometida, isso implicará custos elevados associados à aquisição de suplementos, para corrigir a qualidade da forragem e assegurar assim uma produção de leite elevada. Devido à alta procura de maquinaria, trabalho manual e equipamento em épocas específicas do ano, especialmente por volta da época da primeira e segunda ceifa e da colheita de grãos, poderá haver um atraso na colheita, resultando num valor alimentar inferior do material colhido e armazenado. Uma forragem cuja colheita seja atrasada será mais difícil de ensilar; o aumento dos níveis de fibras causa resistência à compactação e todos os problemas associados relativos à estabilidade aeróbica. As culturas que são colhidas tardiamente estão frequentemente contaminadas com bolores, alcaloides tóxicos (como os encontrados na maioria das festucas altas) e micotoxinas que entram nos silos e depósitos, prejudicando consequentemente o desempenho dos animais. As micotoxinas são metabólitos secundários dos bolores que pertencem a vários gêneros mas, em particular, ao Aspergillus, Fusarium e Penicillium, que são todos causadores de micotoxicose. Quando os animais de pecuária ingerem uma ou mais micotoxinas, o efeito na saúde pode ser grave, produzindo sinais evidentes de doença e, em alguns casos, provocando a morte.

P: O atraso na colheita é um problema comum? ZC: Infelizmente, é muito comum. Há fazendas que conseguem efetuar a colheita na devida altura e ordenham mais de 40 litros de leite por vaca por dia com base em rações que contêm até 80% de forragem. Para se obter uma produção de leite tão elevada, a qualidade do material colhido também deve ser muito elevada. A ração representa aproximadamente 60% de todos os custos numa exploração leiteira. Se os esforços incidirem sobre a colheita de material palatável e de boa qualidade, com um conteúdo de nutrientes elevado, poderão reduzir-se assim os custos com a aquisição de ração. As despesas subsequentes com veterinários também serão reduzidas, devido à diminuição dos problemas associados a níveis baixos de ingestão de ração.

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Tabela 1. Metas de ingestão de FDN durante a lactação e o período seco Semana da lactação

Número da lactação (% de PC/dia) Primeira

Segunda ou posterior

2

0,78

0,87

4

0,91

1,00

8

1,05

1,17

12

1,12

1,26

16

1,14

1,29

20

1,14

1,30

24

1,13

1,27

28

1,11

1,24

32

1,08

1,19

36

1,04

1,13

40

1,01

1,08

44

0,97

1,01

Vacas secas

0,92

0,95

Fonte: Mertens, 2009.

P: Para quem gerencia a fazenda , o que significa, na prática, produzir uma forragem de elevada qualidade? ZC: Costumávamos dizer que cada ano é diferente, mas que em cada ano o inverno dá lugar à primavera. O inverno é a época para realizar todo o trabalho necessário. Estas são as três tarefas principais que recomendo para o inverno: • Elaborar um inventário das forragens – calcular todas as forragens atualmente armazenadas, incluindo uma identificação correta de todo o valor de nutrientes e o dia da colheita. O inventário das forragens deve ser elaborado trimestralmente. Isto ajudará a evitar situações imprevistas de alterações da ração devido a má distribuição das forragens (por ex., falta de silagem de milho ou ter de mudar de silagem de gramíneas para milho numa ração). As vacas não se adaptam bem a alterações da ração. • Realizar análises – devem-se realizar análises para determinar o valor nutricional de todo o material armazenado, juntamente com análises distintas quanto à contaminação por micotoxinas. • Planejar com antecedência – a melhor forma de lidar com as mudanças é prevê-las. A utilização de inoculantes de silagem é comum para controlar a fermentação e reduzir as perdas de matéria seca. O Biomin® BioStabil Plus para gramíneas promove uma fermentação adequada e reforça a estabilidade aeróbica da forragem. Os custos de prevenir as micotoxinas são muito inferiores aos custos de combater as doenças. O Mycofix® Plus é o único produto registado na UE que é recomendado para a desativação das micotoxinas.

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A melhor forma de lidar com as mudanças é prevê-las.

P: Quanta forragem é necessária numa exploração leiteira? ZC: A quantidade de forragem necessária para uma vaca leiteira lactante baseia-se na ingestão de matéria seca (MS) e na concentração da forragem na dieta (Tabela 1). O mesmo se verifica em relação a animais não lactantes e jovens. A ingestão de forragem ideal (a quantidade de fibra em detergente neutro [FDN] necessária para sustentar uma produção de leite máxima) foi calculada por Mertens (2009) e corresponde a 1,2% do peso corporal da vaca. Isto aplica-se a vacas em fase de lactação média e tardia.

P: O que é a FDN? ZC: A fibra em detergente neutro, ou FDN, é a medida mais comum da fibra, sendo utilizada na análise das rações para animais. Inclui a maioria dos componentes estruturais das células vegetais. A fibra está inversamente correlacionada com o conteúdo energético. A existência de fibra em excesso na ração reduz a taxa de passagem, limita a ingestão e fornece apenas uma quantidade moderada de energia para a produção de leite. As vacas alimentadas com níveis elevados de fibra na ração mantêm-se saudáveis, mas não produzem leite de acordo com o seu potencial genético total. Se houver um atraso na colheita da forragem, o conteúdo de FDN aumenta, o que significa, consequentemente, que deverá ser utilizada menos forragem na ração. Por outro lado, uma insuficiência de fibra na ração para gado leiteiro provoca acidose ruminal e outros distúrbios metabólicos e, portanto, deve-se encontrar um equilíbrio.

P: Há mais alguma sugestão para casos de atraso na colheita de forragem? ZC: A quantidade de silagem com conteúdo de FDN elevado deve ser reduzida em vacas lactantes de elevado desempenho, sendo substituída por ração adquirida. No caso das vacas secas, vacas em fase de lactação tardia e novilhas em crescimento, deverá ser suficiente incluir na forragem um produto de desativação de micotoxinas, como o Mycofix® Plus, incorporando-o na ração como habitualmente. Uma solução alternativa será substituir a silagem com baixa digestibilidade por subprodutos com elevado teor de FDN, mas que também tenham uma elevada digestibilidade de fibra em detergente neutro (DFDN), como cascas de soja, polpa de beterraba e, em algumas situações, polpa de frutas cítricas. Estes produtos proporcionam uma fonte mais rápida de FDN que é altamente digestível. O conteúdo de micotoxinas dos subprodutos é geralmente elevado e, portanto, é preciso utilizar o Mycofix® Plus para fornecer uma proteção completa contra todas as micotoxinas.

P: A DFDN nas forragens pode ser demasiado elevada? ZC: Em condições concretas, é incomum que a forragem seja demasiado digestível. Isso poderia ocorrer, por exemplo, em casos de ensilagem de grama não madura ceifada muito cedo e que tenha um conteúdo de açúcares elevado e DFDN elevada. Isso poderia ser neutralizado reduzindo-se a quantidade de grão na ração.

P: O que poderá ser feito em caso de atraso na colheita da forragem? ZC: Devem ser envidados todos os esforços para evitar atrasos na colheita da forragem. Contudo, quando ocorre um atraso, devem-se aplicar inoculantes de silagem para acelerar o processo de fermentação e aumentar a digestibilidade do material ensilado. Utilizar o Biomin® BioStabil Plus é uma boa solução, porque também reduzirá as perdas por retraimento durante a conservação e a alimentação. O material que é ensilado sem inoculantes pode perder até 20% do valor nutricional devido a retraimento. Quando há um atraso na colheita, o comprimento de corte deve ser reduzido e devese prestar muita atenção à compactação e à cobertura da forragem.

Referências Mertens, D.R. (2009). Maximising Forage Use by Dairy Cows. WCDS Advances in Dairy Technology. 21. pp. 303-319. Hibbs, J.W. e Conrad, H.R. (1974). Effect of stage of maturity of green chopped alfalfa brome forages on digestibility, forage intake and milk production. Ohio Rpt., 59(2): 33. BIOMIN 7


Relação entre endotoxinas e micotoxinas

Timothy Jenkins PhD Cientista de Desenvolvimento

Os dois principais riscos associados a toxinas para a produção leiteira e a saúde das vacas são as micotoxinas provenientes de fungos e as endotoxinas provenientes de bactérias. Ambos os tipos de toxinas podem exacerbar o risco para a saúde dos animais associado ao outro tipo de toxinas. Iremos explorar as relações entre essas toxinas muito diferentes e qual a melhor forma de gerir ambos os riscos.

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Toxinas internas Um dos problemas associados às endotoxinas é que podem ser produzidas no rúmen. Nem todos os tipos de bactérias produzem endotoxinas; apenas as bactérias Gram-negativas. O termo “Gram-negativa” baseia-se numa reação a uma coloração de Gram sob microscopia. As bactérias Gram-negativas não retêm a coloração, sobretudo porque a estrutura da sua parede celular inclui lipopolissacarídeos (LPS ou endotoxinas) na membrana exterior. Quando as bactérias Gram-negativas morrem, as endotoxinas são liberadas. Durante o crescimento rápido de bactérias Gram-negativas, também pode haver uma “excreção” substancial de endotoxinas. As endotoxinas estão sempre presentes no rúmen em certa medida mas, a níveis mais elevados, podem comprometer a integridade da parede intestinal e ter um impacto sobre a saúde dos animais. A produção de endotoxinas é uma das potenciais consequências da acidose porque, quando a alimentação inclui níveis elevados de grãos, há uma transição geral de bactérias Gram-positivas para Gram-negativas. A Figura 1 mostra como o nível de endotoxinas aumenta significativamente se o rúmen permanecer a um nível de pH inferior a 6 durante um período prolongado. Um desafio por acidose ruminal subaguda (Sub-Acute Ruminal Acidosis, SARA) é frequentemente descrito como pH do rúmen inferior a 5,8 durante mais de cinco horas por dia; assim, a SARA também representa um risco associado a endotoxinas. As endotoxinas podem afetar as junções estreitas ou causar apoptose das células epiteliais, aumentando a introdução de substâncias indesejáveis na corrente sanguínea. As endotoxinas em si também podem entrar na corrente sanguínea, e há pesquisas

EM SUMA • As endotoxinas podem ser produzidas no rúmen por bactérias Gram-negativas. As micotoxinas são ingeridas através de ingredientes para rações contaminados. • A níveis mais elevados, as endotoxinas podem comprometer a integridade da parede intestinal, permitindo a passagem para a corrente sanguínea de mais substâncias indesejáveis, incluindo endotoxinas e micotoxinas, e prejudicando assim a saúde dos animais. • A presença de micotoxinas pode aumentar a introdução de endotoxinas, e a presença de endotoxinas pode aumentar a introdução de micotoxinas. • A estratégia do Mycofix® com vários componentes pode ajudar a superar os efeitos combinados das endotoxinas e micotoxinas.

que sugerem uma relação entre as endotoxinas e a laminite (Figura 2) e outros problemas de saúde. Um dos principais impactos das endotoxinas é uma resposta inflamatória, o que representa um desperdício de energia para o animal, bem como danos celulares que originam problemas de saúde. A Figura 2 mostra como Biomin® Bioprotection Mix no Mycofix® pode reduzir alguns destes danos.

Figura 1. SARA e endotoxinas. Concentrações crescentes de endotoxinas (em unidades de endotoxinas: UE/ml) detectadas em rúmens com uma duração de pH inferior a 6 mais prolongada por dia. Nota: o eixo das endotoxinas está representado de acordo com uma escala logarítmica e, portanto, uma concentração de endotoxinas de 5 é dez vezes superior a uma de 4.

Endotoxinas no rúmen (log10 UE/ml)

6

5

4

3

2 0

200 400 600 800 1.000 1.200 Duração de pH do rúmen < 6,0 (min/d)

Fonte: Zebeli et al., 2012.

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RELAÇÃO ENTRE ENDOTOXINAS E MICOTOXINAS

Figura 2.

Figura 3.

Relação entre endotoxinas e laminite em gado bovino e equino. Numa experiência “ex vivo, in vitro”, as endotoxinas (LPS) reduziram a força necessária para separar camadas do casco (indicador de laminite). O asterisco indica um efeito estatisticamente significativo (p < 0,05). Não se verificaram efeitos no material do casco após a adição da Biomin® Bioprotection Mix.

Ligação simultânea de aflatoxinas e endotoxinas. Lado esquerdo: a eficácia de adsorção in vitro do Mycofix® Plus (0,02%) na ligação de aflatoxinas (4000 ppb) mantém-se igual na presença de um nível elevado de endotoxinas (500 U E/ml). Lado direito: a eficácia de ligação in vitro do Mycofix® Plus (0,02%) na ligação de endotoxinas (LPS) foi semelhante na presença ou ausência de aflatoxinas.

100 80 60

48*

40 20 0 Controle

LPS

LPS + Biomin® Bioprotection Mix

Ligação de endotoxinas (LPS)

100

100 Capacidade de ligação dos LPS (%)

Força de separação relativa (%)

105

100

Capacidade de ligação das aflatoxinas (%)

Ligação de aflatoxinas

120

75 50 25 0

Mycofix® + Afla

Mycofix® + Afla + LPS

75 50 25 0

Mycofix® + LPS

Mycofix® + Afla + LPS

Adaptado de Reisinger et al., 2017

Fonte: BIOMIN

A resposta às endotoxinas também pode reduzir a resposta imunológica apropriada, aumentando assim a suscetibilidade a doenças. A elevada osmolaridade devido aos níveis de carboidratos solúveis associados a SARA pode aumentar a quantidade de endotoxinas que passam para a corrente sanguínea. Esta osmolaridade elevada aumenta o fluxo de água para fora da corrente sanguínea, resultando em algum desalojamento e, por fim, na morte de células epiteliais, permitindo um aumento na introdução de endotoxinas e outras substâncias indesejáveis, como micotoxinas.

as fumonisinas. Tanto as micotoxinas como as endotoxinas podem desencadear efeitos inflamatórios e imunossupressores (através de redução da resposta das células imunológicas ou afetando-as diretamente) e ambos os tipos de toxinas podem exacerbar e ser exacerbados por danos hepáticos.

Micotoxinas e endotoxinas Algumas micotoxinas, como os tricotecenos comuns, também podem ter um impacto na função da barreira intestinal e, assim, aumentar o risco de introdução de endotoxinas na corrente sanguínea. De forma semelhante, o efeito negativo das endotoxinas no epitélio do rúmen também pode aumentar a introdução de micotoxinas, aumentando assim o risco para o animal mesmo no caso de micotoxinas difíceis de absorver, como

Referências Reisinger, N., Schaumberger, S. e Schatzmayr, G. (2017). Einfluss von Endotoxinen auf das Klauengewebe in einem ex vivo Modell. 55th BAT Tagung. 12.10.2017. Freising, Germany. Zebeli, Q., Metzler-Zebeli, B.U. e Ametaj, B.N. (2012). Meta-analysis reveals threshold level of rapidly fermentable dietary concentrate that triggers systemic inflammation in cattle. Journal of Dairy Science. 95(5). pp. 2662-2672.

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O efeito do calor Há uma relação forte entre o estresse provocado por calor e as endotoxinas. O estresse provocado por calor aumenta o fluxo de sangue para a pele, em detrimento do rúmen. Isto priva as células epiteliais do oxigênio necessário e permite a acumulação de substâncias tóxicas. Através destas células danificadas, a introdução de endotoxinas pode aumentar. O estresse provocado por calor também pode aumentar o impacto das micotoxinas. Além disso, tanto as micotoxinas como as endotoxinas podem aumentar e prolongar os efeitos negativos do estresse provocado por calor.

Controle das endotoxinas e micotoxinas O controle deve incluir passos para reduzir o estresse provocado por calor e para equilibrar a dieta de acordo com as diferentes exigências de produtividade e o estado do rúmen. O Mycofix® Plus tem três estratégias para ajudar a superar os efeitos combinados das endotoxinas e micotoxinas. Um componente de ligação eficaz consegue adsorver as endotoxinas e as micotoxinas simultaneamente e com muita eficácia (Figura 3). Além da adsorção, é importante ter uma abordagem de biotransformação específica e eficaz para as micotoxinas de ligação difícil, como os tricotecenos, para responder aos efeitos diretos no animal e à sua intensificação indireta dos danos provocados por endotoxinas. A terceira estratégia do Mycofix®

There is too much text, please shorten this passage. Thank you BIOMIN


Qual é o problema do meu rebanho? Parte 6 – Crescimento das bezerras

Bryan G. Miller MSc Gerente Técnico Assistente para os Ruminantes

Consumo de colostro de boa qualidade As bezerras nascem sem a quantidade de anticorpos necessários para protegê-las. O colostro contém estes anticorpos necessários (IgG). Durante o primeiro dia de vida de uma bezerra, estas IgG, que são proteínas, podem ser absorvidas e subsequentemente utilizadas. O colostro deve ser consumido o mais rapidamente possível, porque o intestino irá “fechar” e a absorção já não estará disponível. As bezerras devem ser alimentadas com 10% do seu peso corporal nas primeiras seis horas de vida: quanto mais cedo, melhor. É importante manter a qualidade do colostro. De forma geral, o colostro de vacas mais velhas é de melhor qualidade do que o de vacas mais jovens. As vacas também devem ser vacinadas para que as IgG para essas vacinas também estejam no colostro. A vaca deve ter um sistema imunológico robusto para se obter um colostro de boa qualidade. Se os conteúdos energético e proteico forem fracos ou houver micotoxinas na ração, isso poderá reduzir a qualidade do colostro.

Baias de maternidade ou parturição As recomendações gerais correspondem a baias de 3,5 m a 4 m X 3,5 m a 4 m de tamanho. Devem ter um leito profundo de palha ou serragem. A higiene e o conforto são importantes. As vacas preferem um local isolado, se for possível. Enxugar a bezerra e prepará-la para receber o colostro são partes importantes do processo de parturição. Há muitos produtores que preferem alimentar as bezerras com colostro, em vez de permitirem a amamentação natural. Antes da amamentação, assegure-se de que as tetas estão limpas.

Substitutos do leite para bezerras Há vários substitutos do leite para bezerras disponíveis no mercado, com uma grande variedade de qualidades e composições de ingredientes. Independentemente da fórmula, é importante que forneçam proteínas e energia, juntamente com vitaminas e minerais, para apoiar o crescimento rápido da bezerra jovem. Dependendo da jurisdição aplicável, poderão ser incluídos antibióticos e coccidiostáticos no substituto do leite. Em alternativa, os produtores podem utilizar produtos acidificantes Para mais informações, visite www.mycotoxins.info

e fitogênicos também comprovadamente redutores das ameaças por agentes patogênicos na dieta e reforçadores da saúde e do crescimento. Esses tipos de produtos podem ser particularmente importantes quando a bezerra atinge sete a dez dias de vida. Nessa altura, a imunidade recebida a partir do colostro poderá não ter sido completamente ultrapassada pela produção de anticorpos das próprias bezerras. Além disso, nesse momento, as bezerras começam a testar o consumo de rações secas (rações iniciais para bezerras) e a diarreia é comum. Os ácidos orgânicos e os compostos fitogênicos podem reduzir a gravidade e a duração desta diarreia (tipicamente relacionada com E. coli). Photo: iStockphoto_treasurephoto

Sendo economicamente relevantes a curto e longo prazo, a saúde e a taxa de crescimento das bezerras podem ter um grande impacto na rentabilidade de uma exploração leiteira. O primeiro parâmetro a considerar é simplesmente a mortalidade. Uma redução do número de bezerras no sistema diminui as oportunidades de substituição para o rebanho no futuro. Um programa de reprodução bem planejado irá, se tudo correr bem, fornecer novilhas de substituição com um potencial genético de produção de leite superior ao das gerações anteriores. Um maior número de substituições permite mais opções de abate ou poderá proporcionar uma via de receitas adicionais para fazenda. Há vários programas de alimentação e criação. Os planos diferentes serão opções melhores ou piores, dependendo da fazenda de gado leiteiro específica. Este artigo não tentará abordar cada sistema mas, em alternativa, fatores que são importantes para todas as explorações.

Ração inicial para bezerras (grão) A transição de uma dieta à base de leite para uma dieta à base de sólidos é importante para as bezerras. O consumo de rações iniciais para bezerras também estimula o desenvolvimento do rúmen. De forma geral, é melhor limitar a quantidade de forragem disponibilizada às bezerras durante os primeiros dois meses. As rações iniciais para bezerras irão estimular ativamente o desenvolvimento do rúmen, e contêm mais energia para estimular o crescimento. Como tal, a ingestão de ração inicial deve ser incentivada. Utiliza-se frequentemente melaço para incentivar a ingestão de ração. Há estudos que demonstraram que isso deve ser limitado a 5% da dieta. O melaço pode levar a mais requisitos de limpeza ou aumentar os problemas com moscas. A utilização de um sistema aromatizante (por ex., um produto fitogênico) pode incentivar a transição das bezerras de uma dieta à base de leite para uma dieta à base de grãos.

Resumo É por vezes difícil determinar se as bezerras são saudáveis porque consomem mais de uma dieta melhor ou se consomem mais porque são mais saudáveis. Em última análise, isto poderá não ser relevante, porque procuramos assegurar estes dois aspetos desde o início. As bezerras que crescem mais rapidamente permitem não só uma transição para uma dieta menos dispendiosa e, potencialmente, uma redução do número de dias até à primeira reprodução, mas são também vacas com desempenho mais elevado após o início da lactação. Uma análise de vários experimentos com bezerras sugere que, para cada aumento de 100 g no ganho de peso diário médio anterior à parturição, produzirão 155 kg de leite adicionais durante a primeira lactação. Assim, as bezerras com melhor crescimento proporcionam não só dividendos devido a menores custos com medicamentos e rações, mas também contribuem para as receitas como animais adultos.

Bibliografia disponível se solicitada

ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Esta página inclui conselhos gerais sobre os assuntos relacionados com ruminantes que afetam com maior frequência o gado e que podem estar relacionados com a presença de micotoxinas na ração. As doenças e os problemas dos ruminantes incluem, entre outros, os que são indicados nesta página. A BIOMIN não aceita qualquer responsabilidade ou responsabilização resultante de ou de algum modo associada à utilização desta informação. Antes de agir com base no teor desta página, você deverá obter os conselhos diretamente do seu veterinário.

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