SCIENCE & SOLUTIONS NO. 54 - AQUICULTURA

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Probióticos para potencializar a capacidade imunológica e a saúde intestinal As micotoxinas Fusarium continuam a ameaçar a aquacultura no Sudeste Asiático Mantendo você naturalmente informado | Número 54 | Aquacultura

Como colher a amostra perfeita para a análise de micotoxinas

Os seus peixes estão em forma?


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ÍNDICE

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Probióticos para potencializar a capacidade imunológica e a saúde intestinal

As micotoxinas Fusarium continuam a ameaçar a aquacultura no Sudeste Asiático

8 passos para colher a amostra perfeita para a análise de micotoxinas

Benedict Standen PhD Gerente de Produto

Rui Gonçalves MSc Cientista – Aquacultura

Apesar da tendência crescente para a utilização de probióticos, a sua aplicação nas rações aquáticas tem sido limitada pelos processos agressivos utilizados durante a produção da ração, que exterminam ou prejudicam as bactérias sensíveis ao calor. Os avanços na aplicação pós-granulação e em outras tecnologias superaram esta limitação, permitindo que os probióticos proporcionem os seus benefícios ao setor de aquacultura mundial.

O Estudo sobre Micotoxinas da BIOMIN analisou amostras de farinhas vegetais e rações terminadas do Sudeste Asiático. Os resultados ajudam a explicar por que as estratégias de desativação de micotoxinas são tão importantes para otimizar os níveis de desempenho na aquacultura. Quando foi a última vez que você verificou se havia contaminação por micotoxinas na sua ração?

2 SCIENCE & SOLUTIONS

A BIOMIN guia você no processo de amostragem através de oito passos simples, assegurando que os resultados obtidos com a sua amostra final sejam representativos dos níveis de micotoxinas em todo o lote.

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EDITORIAL

Os seus peixes estão em forma? O mercado de hoje é altamente competitivo, sendo por isso extremamente importante que os produtores de aquacultura se mantenham naturalmente à frente. Uma forma de concretizar isto é assegurar que os seus peixes e camarões estejam na melhor forma homeostática possível. A manutenção da boa forma homeostática inclui controlar as muitas variáveis da produção na aquacultura. Tornou-se uma prática normal medir e gerir fatores ambientais ou os fatores biológicos, químicos e físicos relacionados com a qualidade da água. As novas tecnologias prometem levar essa boa forma a um novo patamar. Graças aos avanços na conscientização e nos conhecimentos sobre nutrição, bem como à maior acessibilidade a matérias-primas de todo o mundo, as formulações das dietas são agora mais precisas do que nunca. Ao mesmo tempo, os avanços tecnológicos disponibilizaram aos produtores uma entusiasmante e abrangente gama de produtos. Esses produtos ajudam a superar desafios por doenças, reforçar os níveis de desempenho e assegurar a sustentabilidade, sendo simultaneamente rentáveis. Neste número da revista Science & Solutions, voltamos a abordar a utilização de probióticos. Os processos rigorosos envolvidos na fabricação de rações aquáticas limitavam anteriormente a utilização de probióticos, mas a tecnologia pósgranulação possibilita agora uma aplicação mais generalizada. Benedict Standen explica por que os probióticos constituem uma adição tão importante na dieta. Rui Gonçalves compartilha alguns resultados do Estudo sobre Micotoxinas da BIOMIN. Ele observa especificamente as amostras do Sudeste Asiático para dissipar o mito de que só

as aflatoxinas estão presentes nas rações aquáticas. O comércio global de matérias-primas aumentou a gama de micotoxinas encontradas nessa região, o que destaca a importância de verificar regularmente a sua ração quanto à contaminação por micotoxinas. As ferramentas de detecção de micotoxinas de hoje são bastante confiáveis. Contudo, alguns erros podem ocorrer, e de fato ocorrem, sendo a maioria deles decorrente de uma amostragem incorreta para os testes de micotoxinas. Caso não tenha a certeza de como obter uma boa amostra para análise de micotoxinas, leia o nosso guia na página 11. Esperamos que aprecie a leitura deste número da Science & Solutions, que o mantém naturalmente informado.

Anwar Hasan Gerente Técnico Regional – Aquacultura

Editores: Ryan Hines, Caroline Noonan Colaboradores: Anwar Hasan MSc, Benedict Standen PhD, Rui Gonçalves MSc Marketing: Herbert Kneissl, Karin Nährer ISSN: 2309-5954 Gráficos: GraphX ERBER AG Se desejar obter uma cópia digital e mais informações, Pesquisa: Franz Waxenecker, Ursula Hofstetter visite: http://magazine.biomin.net Editora: BIOMIN Holding GmbH Se desejar obter cópia de artigos ou assinar Science & Erber Campus, 3131 Getzersdorf, Áustria Solutions, contate-nos no e-mail: Tel: +43 2782 8030, www.biomin.net magazine@biomin.net © Copyright 2018, BIOMIN Holding GmbH

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida sob qualquer forma para fins comerciais sem a autorização escrita do detentor dos direitos de autor, exceto em conformidade com as disposições da Copyright, Designs and Patents Act 1998 [Lei relativa aos Direitos de Autor, Desenhos e Patentes de 1998]. Todas as fotografias incluídas na presente publicação são propriedade de BIOMIN Holding GmbH ou foram usadas sob licença. BIOMIN is part of ERBER Group

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Probióticos para potencializar a capacidade imunológica e a saúde intestinal

Benedict Standen PhD Gerente de Produto

Apesar da tendência crescente para a utilização de probióticos, a sua aplicação nas rações aquáticas tem sido limitada pelos processos agressivos utilizados durante a produção da ração, que exterminam ou prejudicam as bactérias sensíveis ao calor. Os avanços na aplicação pós-granulação e em outras tecnologias superaram esta limitação, permitindo que os probióticos proporcionem os seus benefícios ao setor de aquacultura mundial. Os probióticos dão aos fabricantes de rações a oportunidade de produzirem rações funcionais com valor agregado. Após o consumo da ração, um probiótico bem-sucedido colonizará o trato gastrointestinal e produzirá vários benefícios, frequentemente relacionados com melhorias na imunidade e na resistência a doenças. O intestino é um dos principais pontos de entrada de agentes patogênicos invasores. Para infectar com sucesso o hospedeiro, o agente patogênico deve navegar e sobreviver a vários obstáculos e ataques realizados pelo sistema imunológico do hospedeiro.

RESUMO EM SUMA • Os probióticos sensíveis ao calor podem ser adicionados com êxito às rações, graças aos avanços na pósgranulação e em outras tecnologias. • Os probióticos proporcionam diversos benefícios quanto ao sistema imunológico e à resistência a doenças. • Foi registrado um aumento no número de células caliciformes e IEL em peixes alimentados com probióticos. As células caliciformes e os IEL são componentes importantes do sistema imunológico.

Resposta imunológica inata Assim como nos mamíferos, o sistema imunológico dos peixes pode ser separado em respostas inatas (não específicas) e adaptativas (específicas). Em comparação com os mamíferos, os peixes dependem mais da resposta imunológica inata por dois motivos principais. Primeiro, o sistema imunológico inato desenvolveu-se para ser não específico, portanto, tem capacidade para criar uma resposta imunológica contra uma ampla variedade de agentes patogênicos. Segundo, devido à natureza ectotérmica dos peixes, a imunidade adaptativa pode demorar bastante tempo. Por exemplo, a produção de anticorpos em salmonídeos pode demorar até seis semanas, em comparação com apenas horas ou dias no caso do sistema imunológico inato.

Reforçando a primeira linha de defesa A camada de muco produzida pelas células caliciformes proporciona a linha de defesa imediata. O muco funciona de modo a prender e remover os agentes patogênicos ao disponibilizar uma barreira física e química, visto que contém diversos compostos antimicrobianos. Esta camada de muco pode ser modificada pela microbiota comensal, bem como por bactérias probióticas. Por exemplo, após a alimentação de tilápias com um probiótico comercial (AquaStar®) durante cinco semanas, havia aproximadamente 60% mais células caliciformes no intestino (Figura 1). Essas células caliciformes adicionais podem contribuir para uma maior produção de muco, proporcionando assim uma barreira mais impenetrável, potencialmente retardando os agentes patogênicos e impedindo a sua fixação ao epitélio subjacente.

• Os probióticos auxiliam o sistema imunológico em todo o animal, bem como localmente no intestino.

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Uma alta densidade de microvilosidades, resultante da inclusão de probióticos na dieta, contribui para uma melhoria na eficiência da barreira intestinal.

Figura 1. Abundância de células caliciformes e leucócitos intraepiteliais (por 100 µm) no intestino de peixes alimentados com e sem probióticos na dieta. 45

40,95

Número de células / 100 µm

40 35

29,5

30 25 20 15 10 5

4,77

7,55

0 Células caliciformes n Controle n AquaStar® Fonte: BIOMIN

IEL

Reforçando a barreira: densidade das microvilosidades Debaixo da camada mucosa, localiza-se o epitélio, que consiste principalmente em enterócitos. Essas células estão revestidas por microvilosidades. Através de microscopia eletrônica, foi demonstrado que a alimentação com um probiótico aumentou significativamente a densidade das microvilosidades no intestino (Figura 2). A vantagem deste aumento tem duas vertentes. Primeiro, um maior número de microvilosidades aumenta a área da superfície, pelo que o hospedeiro pode adquirir mais nutrientes a partir da ração. Em segundo lugar, qualquer espaço entre as microvilosidades apresenta uma oportunidade para a translocação epitelial e infecção do peixe por agentes patogênicos. Assim, uma maior densidade das microvilosidades, resultante da inclusão de probióticos na dieta, contribui para uma melhoria na eficiência e no bloqueio de agentes patogênicos pela barreira intestinal.

Infantaria de grandes leucócitos Partindo do princípio de que um agente patogênico conseguiu violar o epitélio, um exército de glóbulos brancos, coletivamente

Figura 2. Micrografias eletrônicas ilustrando microvilosidades de peixes alimentados com (a) uma dieta de controle e (b) uma dieta suplementada com probióticos. Os intervalos entre microvilosidades, conforme ilustrados na micrografia a, proporcionam um ponto de entrada para agentes patogênicos oportunistas. Na micrografia b, as microvilosidades proporcionam uma barreira impenetrável, bloqueando a entrada de agentes patogênicos.

a

b

Fonte: BIOMIN

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PROBIÓTICOS PARA POTENCIALIZAR A CAPACIDADE IMUNOLÓGICA E A SAÚDE INTESTINAL

designados leucócitos intraepiteliais (IEL), estaria à espera para atacar. As pesquisas realizadas na Universidade de Plymouth demonstraram consistentemente que as rações para tilápias suplementadas com probióticos resultaram em populações significativamente superiores de IEL. Este aumento ficou entre 22% e 38%, dependendo da dosagem de probiótico, bem como da duração da alimentação (Figura 1).

celular. Estes são reconhecidos pelas respectivas moléculas receptoras, tais como receptores tipo Toll (TLR), que informam o hospedeiro sobre o tipo do agente patogênico (ou seja, bacteriano, viral, fúngico; Figura 3). Análises da expressão de genes intestinais revelam que os probióticos podem suprarregular a expressão de TLR2 em aproximadamente cinco vezes em tilápias. O TLR2 é importante para reconhecer as bactérias Gram-positivas. Isso é especialmente importante porque as tilápias (bem como muitas outras espécies de água quente) são suscetíveis a diversas infecções por bactérias Gram-positivas, mais particularmente por Streptococcus. Depois de ativados, os TLR iniciam diversos trajetos

Melhor prontidão imunológica Todos os agentes patogênicos expressam padrões moleculares associados aos patogênicos (PAMPs) na respectiva superfície

Figura 3. Modulação da imunidade intestinal através de sinalização TLR. Os agentes patogênicos (e os probióticos) ligam-se aos TLR. Na ativação, são recrutadas as proteínas adaptadoras, tais como a proteína 88 de resposta primária de diferenciação mieloide (MYD88). Quando isso acontece, o IκB (inibidor do fator nuclear capa B [NFκB]) é fosforilado (P) e degradado pela célula. Isso permite que o NFκB passe do citoplasma para o núcleo da célula, onde inicia a transcrição das citocinas.

PAMP

O TLR reconhece os agentes patogênicos intestinais através dos PAMPs.

Ag e

nte

pa

tog

ên

ico

TLR Lúmen intestinal Enterócito intestinal

MYD88

IkB P

P

}

O recrutamento da MYD88 inicia a ativação do IkB, ocorrendo a conversão para o fator de transcrição NFkB.

Quando os TLR são ativados, são recrutadas as proteínas adaptadoras como a MYD88.

NFkB

O NFkB entra no núcleo, onde ativa os genes, resultando na transcrição das citocinas próinflamatórias.

Fonte: Adaptado de Cerf-Bensussan e Gaboriau-Routhiau, 2010

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Os probióticos podem ter uma vantagem maior na imunidade do hospedeiro, não apenas em tecidos localizados, onde ocorreu a exposição inicial, mas também ao nível de todo o organismo.

moleculares que resultam na produção de citocinas próinflamatórias. A mesma adição de probióticos às rações das tilápias resultou num aumento da expressão dos genes próinflamatórios IL-1ß e TNFα. Estes dados sugerem um peixe mais apto a combater potenciais agentes patogênicos futuros, uma vez que o hospedeiro consegue reconhecer e eliminar a ameaça muito mais rapidamente e, portanto, tem uma prontidão imunológica superior.

Conseguindo o equilíbrio certo O intestino abriga inúmeros micro-organismos comensais. É importante que estes sejam protegidos pelo hospedeiro, visto que têm importantes funções no desenvolvimento intestinal, na nutrição e na imunidade. As citocinas anti-inflamatórias fazem parte de um mecanismo de tolerância que atua para dessensibilizar o hospedeiro, impedindo que uma resposta imunológica ataque bactérias “boas”. Além disso, atuam de modo a contrabalançar as citocinas pró-inflamatórias, mantendo assim um equilíbrio no sistema imunológico da mucosa. Experimentos in vivo utilizando tilápias demonstraram que a expressão de dois genes anti-inflamatórios, IL-10 e TGFß, também pode ser aumentada através da adição de AquaStar® Growout. Este resultado revela-nos, primeiro, que o hospedeiro não encara os probióticos como uma ameaça e, segundo, que os probióticos podem ajudar a promover e a manter a tolerância da mucosa.

Capacidade imunológica global: uma extensão da saúde intestinal Se um agente patogênico for bem-sucedido em ultrapassar o sistema imunológico localizado (ou seja, no intestino), fica à mercê do sistema imunológico sistêmico. Nos peixes, isso é controlado pelo rim anterior. Análises de transcriptase reversa associada à reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) de tecido do rim anterior e intestino registraram uma expressão de genes imunológicos (TLR2, pró- e anti-inflamatório) elevada em amostras de ambos os órgãos em peixes alimentados com probióticos. Isso revela que os probióticos podem ter uma vantagem maior na imunidade do hospedeiro, não apenas em tecidos localizados, onde ocorreu a exposição inicial, mas também ao nível de todo o organismo.

Conclusão Os probióticos podem melhorar a função da barreira intestinal, promover um estado de prontidão imunológica superior e melhorar os mecanismos de tolerância no intestino e em outros tecidos importantes em termos imunológicos. Isso dá origem a animais mais saudáveis, menos surtos de doença e menos intervenção quimioterapêutica na produção de aquacultura. O autor disponibiliza as referências mediante solicitação. benedict.standen@biomin.net

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As micotoxinas Fusarium continuam a ameaçar a aquacultura no Sudeste Asiático O Estudo sobre Micotoxinas da BIOMIN analisou amostras de farinhas vegetais e rações terminadas do Sudeste Asiático. Os resultados ajudam a explicar por que as estratégias de desativação de micotoxinas são tão importantes para otimizar os níveis de desempenho na aquacultura. Quando foi a última vez que você verificou se havia contaminação por micotoxinas na sua ração? A contaminação por micotoxinas de rações aquáticas e ingredientes vegetais para rações é frequentemente ignorada, mas a conscientização sobre os problemas relacionados com as micotoxinas no setor está aumentando. Os fabricantes e produtores compreendem agora a importância das micotoxinas e o seu potencial impacto na produção.

Mito ou desinformação? Um dos principais equívocos no setor da aquacultura é que os problemas relacionados com micotoxinas resultam de más condições de conservação, que originam contaminação por aflatoxinas (AF).

RESUMO EM SUMA • A maioria das amostras de matérias-primas e rações terminadas do Sudeste Asiático continham micotoxinas Fusarium (DON, ZEN e FUM). • 88% das amostras analisadas no Estudo sobre Micotoxinas da BIOMIN estavam contaminadas por mais de uma micotoxina. • As micotoxinas têm propriedades físicas, químicas e toxicológicas diferentes, cada uma exigindo uma estratégia de desativação distinta. • Para remover todas as micotoxinas das rações, é necessário um produto multiestratégico.

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Rui Gonçalves MSc Cientista – Aquacultura

Este pressuposto incorreto resulta no controle apenas das AF e, infelizmente, a estratégia de controle para as AF não é adequada para o controle das micotoxinas Fusarium. É verdade que as más condições de conservação podem originar contaminação por AF e ocratoxina A (OTA). Contudo, os dados do Estudo sobre Micotoxinas da BIOMIN mostram que a maioria das micotoxinas provém das matérias-primas utilizadas para produzir as rações aquáticas.

Contaminação generalizada por micotoxinas As avaliações da contaminação por micotoxinas no setor da aquacultura (Gonçalves et al., 2016; 2017) em amostras do Sudeste Asiático mostraram que o trigo (T), o farelo de trigo (FT), o milho, a farinha de glúten de milho (FGM) e a farinha de colza/ canola (FC/C) estavam contaminados sobretudo por micotoxinas Fusarium, como a zearalenona (ZEN), o deoxinivalenol (DON) e a fumonisina (FUM) (Figura 1). A única exceção correspondeu à farinha de semente de algodão (FSA), que estava contaminada por AF juntamente com outras toxinas Fusarium (ZEN e DON) em quantidades consideráveis. As amostras de ração terminada estavam contaminadas sobretudo por micotoxinas Fusarium, refletindo a inclusão de farinhas vegetais.

Não destruição das micotoxinas durante o processamento Os níveis elevados de micotoxinas Fusarium encontrados em amostras de ração terminada confirmam que a contaminação se relaciona sobretudo com as matérias-primas vegetais utilizadas na sua formulação, porque os fungos Fusarium são geralmente BIOMIN


Figura 1. Contaminação por micotoxinas em vários ingredientes vegetais 16.500 15.000 13.500 12.000 10.500 9.000 7.500

• Trigo - T • Farelo de trigo - FT • Farinha de glúten de milho - FGM • Farinha de colza/canola - FC/C • Farinha de semente de algodão - FSA

7.000 6.500

µg/kg

6.000 5.500 5.000 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500

2.038

2.000

1.660

1.275

1.500

761

1.000

2.577

2.476

2.335 1.288

620

500

931

650

282

826

0 DON

ZEN

T

DON FT

FUM

ZEN

DON

FUM

ZEN

Milho

DON

FUM

FGM

DON

AF

FC/C

ZEN FSA

Fonte: BIOMIN

problemáticos no campo, não na conservação. Também é importante ter em atenção que as micotoxinas que ocorrem geralmente em matérias vegetais não são destruídas durante a maioria das operações de processamento. Pelo contrário, o processamento concentra a distribuição de micotoxinas nas frações que são habitualmente utilizadas em rações para animais (por ex., subprodutos vegetais).

Tabela 1. Micotoxinas analisadas por amostra Tipo

Micotoxina

Aflatoxinas (AF)

AFB1 AFB2 AFG1

Objetivo do estudo O objetivo do Estudo sobre Micotoxinas da BIOMIN foi analisar o nível de contaminação por micotoxinas nos ingredientes vegetais tipicamente utilizados nas rações aquáticas e nos subprodutos destas matérias-primas, que se têm tornado mais populares devido ao preço e à disponibilidade. A análise procurou 18 micotoxinas por amostra para contabilizar micotoxinas ocultas e metabólitos alternativos, bem como as micotoxinas de ocorrência mais comum (Tabela 1). Incluíram-se rações terminadas para peixes e camarões na análise. Devido ao aumento do comércio global e da incorporação de matérias-primas importadas nas rações aquáticas, a contaminação por micotoxinas das matérias-primas produzidas localmente foi comparada com as mesmas matérias-primas importadas.

AFG2 Zearalenona (ZEN)

ZEN

Tricotecenos Tipo B

DON Nivalenol (NIV) 3-Acetildeoxinivalenol (3-AcDON) 15-Acetildeoxinivalenol (15-AcDON) Fusarenona X-glicosídeo (FUX)

Fumonisina (FB)

FB1 FB2 FB3

Tricotecenos Tipo A

HT-2 T-2 Diacetoxiscirpenol (DAS) Neosolaniol (NEO)

Ocratoxina A

OTA BIOMIN 9


AS MICOTOXINAS FUSARIUM CONTINUAM A AMEAÇAR A AQUACULTURA NO SUDESTE ASIÁTICO

Figura 2. Número de micotoxinas presentes em cada amostra

é uma estratégia viável para as micotoxinas Fusarium; só é eficaz para as aflatoxinas e, em menor grau, ocratoxinas. O motivo relaciona-se com a estrutura química plana dessas micotoxinas, que lhes permite serem capturadas entre camadas de bentonita, um material de adsorção popular. A estrutura química não plana de outras micotoxinas (por ex., DON ou ZEN) resulta numa adsorção menos eficaz. Algumas autoridades governamentais, particularmente a Comissão Europeia, já reconheceram este problema, sendo por isso que na Europa só é permitido afirmar sobre a adsorção com aflatoxinas. A desativação completa das micotoxinas requer a utilização de enzimas para as desativar ou biotransformar. As enzimas proporcionam uma degradação específica, eficaz e irreversível das micotoxinas. A BIOMIN é a única empresa até hoje que tem aditivos para rações reconhecidos e registrados legalmente na UE quanto à sua capacidade de combater as micotoxinas com segurança e eficácia.

É apenas o início n Nenhuma n Uma n Mais de uma Fonte: BIOMIN

Resultados Durante um período de doze meses, foram analisadas 175 amostras de proteínas vegetais, de subprodutos de aquacultura e de subprodutos pesqueiros diferentes, bem como rações de aquacultura terminadas do Sudeste Asiático. Todas as amostras foram testadas quanto às micotoxinas indicadas na Tabela 1. Entre as amostras analisadas, apenas 4% estavam isentas de micotoxinas detectáveis. Oito por cento das amostras tinham apenas uma micotoxina e 88% das amostras estavam contaminadas por mais do que uma micotoxina (Figura 2). Isto corrobora trabalho anterior que demonstrou que a ocorrência de micotoxinas em farinhas vegetais e, consequentemente, em rações terminadas, é variável. Também confirma que a AF não é a única micotoxina a considerar nas rações aquáticas.

Como combater as micotoxinas Fusarium As micotoxinas Fusarium são uma classe ampla de compostos que têm propriedades físicas e toxicológicas diferentes e estruturas químicas diferentes. Devido a esta diversidade, há várias estratégias distintas que são necessárias para a desintoxicação. A adsorção é a abordagem mais comum, havendo já muitos produtos disponíveis no mercado que utilizam esta estratégia. Contudo, como foi demonstrado por vários estudos (Vekiru et al., 2015; Hahn et al., 2015; Fruhauf et al., 2012), a adsorção não

A contaminação por micotoxinas de rações aquáticas e ingredientes vegetais para rações é frequentemente ignorada. 10 SCIENCE & SOLUTIONS

Obter conclusões definitivas sobre o impacto das micotoxinas na aquacultura é difícil, e mais pesquisas ainda são necessárias. Mesmo assim, é evidente que as micotoxinas encontradas nas rações terminadas influenciam negativamente o setor da aquacultura, afetando o desempenho de crescimento e a eficácia das rações, e aumentando a suscetibilidade a doenças. Deve-se implementar um monitoramento frequente das farinhas vegetais para detectar a presença de micotoxinas, bem como um programa adequado de gestão das micotoxinas.

Referências Fruhauf, S., Schwartz, H., Ottner, F., Krska, R. e Vekiru, E. (2012). Yeast cell based feed additives: Studies on aflatoxin B1 and zearalenone. Food Additive & Contaminants: Part A. Analytical Control Expo Risk Assess. 29. 217-231. Gonçalves, R.A., Naehrer, K. e Santos, G.A. (2016). Occurrence of mycotoxins in commercial aquafeeds in Asia and Europe: a real risk to aquaculture? Reviews in Aquaculture (2016) 0, 1-18. Gonçalves, R.A., Schatzmayr, D., Hofstetter, U. e Santos, G.A. (2017). Occurrence of mycotoxins in aquaculture: preliminary overview of Asian and European plant ingredients and finished feeds. World Mycotoxin Journal. 10(2). 1-12. Hahn, I., Thamhesl, M., Apfelthaler, E., Klingenbrunner, V., Hametner, C., Krska, R., Schatzmayr, G., Moll, W-D., Berthiller, F. e SchwartzZimmermann, H.E. (2015). Characterisation and determination of metabolites formed by microbial and enzymatic degradation of ergot alkaloids. World Mycotoxin Journal. 8(4). 393-404. Vekiru, E., Fruhauf, S., Rodrigues, J., Ottner, F., Krska, R., Schatzmayr, G., Ledoux, D.R., Rottinghaus, G.E. e Bermudez, A.J. (2015). In vitro binding assessment and in vivo efficacy of several adsorbants against aflatoxin B1. World Mycotoxin Journal. 8(4). 477-488. BIOMIN


8 passos para colher a amostra perfeita para a análise de micotoxinas

As micotoxinas são naturalmente heterogêneas na sua distribuição. Mesmo um lote considerado "limpo" terá pontos de concentração de micotoxinas. Para se obter um resultado de análise verdadeiro, a amostragem é muito importante. Siga estes passos para realizar uma amostragem correta.

1 8 Usufrua das vantagens de receber resultados exatos e confiáveis da análise de micotoxinas. Porém, sua jornada de amostragem não acaba aqui. Colha regularmente amostras para se manter bem informado sobre as micotoxinas nas suas matérias-primas ou rações terminadas.

Avalie o tamanho do seu lote e calcule quantas subamostras precisa colher. Por exemplo, 1 tonelada de matéria-prima = 1 kg de amostra agregada (10 x amostras de 100 g). A quantidade exata da amostra depende do tipo e do tamanho do lote, de acordo com o Regulamento CE N.º 401/2006.

76% da incerteza de análise total deve-se a erro de amostragem.

Tente não enviar as amostras perto do fim da semana, porque podem ficar retidas nos correios durante o fim de semana. Em alternativa, conserve as amostras em geladeira ou congelador e envie-as por correio na semana seguinte.

O seu representante da BIOMIN poderá fornecer sacos de coleta de amostra ou aconselhamento sobre outros recipientes de amostragem que não alterem a qualidade do material das amostras.

3 Utilize o equipamento correto para a finalidade prevista. Há várias ferramentas disponíveis, portanto pesquise para se certificar de que tem a ferramenta certa para a finalidade prevista.

6 Certifique-se de que o saco ou recipiente está bem vedado e rotulado com todas as informações necessárias.

Verifique o método de amostragem de acordo com o material da amostra. O seu representante da BIOMIN poderá indicar-lhe as boas práticas para cada material, assegurando assim que você colha e conserve corretamente a sua amostra.

7 Envie a sua amostra para o laboratório no mesmo dia.

2

4 5 Colha as amostras que enviará para análise a partir da sua amostra agregada. O laboratório que realizará a análise irá indicar a quantidade de amostra necessária. A recomendação geral corresponde a pelo menos 1 kg. Certifique-se de enviar no mínimo esta quantidade, ou mais. Considere também conservar algum material para referência futura.

Realize uma amostragem incremental e misture bem as amostras para formar uma amostra agregada. Certifique-se de que as amostras incrementais sejam cuidadosamente misturadas, para assegurar a distribuição homogênea de todos os componentes.


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