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revista IncluiR - ao alcance de todos
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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00
A musa
MARINALVA DE ALMEIDA
e pura superacao
Esportista, modelo, mãe e mulher: A velejadora que participou das paralimpíadas do Rio, fala como lida com uma rotina multitarefa
MARINALVA DE ALMEIDA
especial sexualidade Tire dúvidas e desmistifique tabus que ainda existem sobre o tema
você pode
chefe ser o
Adaptações garantem que pessoas com deficiência tornem-se empreendedores
Atenção A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site
A festa paralímpica As histórias de superação, inclusão, conquistas e medalhas nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Confira a cobertura completa e a opinião de quem participou deste grande evento
e mais!
Um tour pelos pontos turísticos do Rio de Janeiro testando a acessibilidade para surdos, cegos e cadeirantes
Laramara Associação comemora 25 anos de sucesso no atendimento de pessoas com deficiência visual JUN/JUL 2016
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Foto: Gustavo Moura
é uma publicação bimestral da Editora Minuano
Av. Marquês de São Vicente, 1.011 Bairro: Barra Funda / CEP: 01139-003 - São Paulo / SP CX. Postal: 16.352 - CEP: 02515-970 Site: www.edminuano.com.br E-mail: minuano@edminuano.com.br Tel.: (0XX11) 3279-8234
DIRETOR-PRESIDENTE Nilson Luiz Festa - nilson@edminuano.com.br ASSESSORIA EXECUTIVA Natali Festa - natali@edminuano.com.br Vera Lúcia Pereira de Morais - vera@edminuano.com.br FINANCEIRO Alexandra Testoni, Liane Bezerra e Luis Eduardo S. Marcelino EDITORIAL Editora de conteúdo: Julliana Reis - julliana@edminuano.com.br Redação: Letícia Leite e Marina Sobrinho redacao@edminuano.com.br Editora de arte: Bianca Ponte - bianca@edminuano.com.br Assistente de arte: Danielly Stefanie - arte@edminuano.com.br Revisora: Adriana Bonone - adriana@edminuano.com.br Colaboradores: Alaor Filho, Augusto Moraes, Bianca Ponte, Bruno Ryfer, Cleber Mendes, Danielly Stefanie de Oliveira, Fred Holfmam, Gustavo Moura, João Augusto de Oliveira, Kely de Aguiar, Kriz Knack, Marco Antonio Teixeirae Whashington Alves (fotos); Danielly Stefanie de Oliveira (ilustração); Eliane Cristina Baatsch, Eliane Lemos, Felipe Cristiano da Silva, Leonardo Gontijo, Renata Andrade e Denise Crispim (coluna); Cicero Urban (artigo) CIRCULAÇÃO Patricia Balan - circulacao@edminuano.com.br MARKETING Ismael Bernardino Seixas Jr - ismael@edminuano.com.br PUBLICIDADE Gerente Comercial: Denis Deli Assistente Comercial: Sheila Fidalgo - publicidade@edminuano.com.br Executivos de Conta: Bernardo Laudirlan, Jussara Baldini, Kalinka Lopes, Marco Gouveia e Stepan Tcholakian VENDAS Gerente: Marcos Rodrigues - marcosrodrigues@edminuano.com.br Gerente Depósito: Joel Festa - joel@edminuano.com.br Adriana Barreto - adriana.barreto@edminuano.com.br ASSINATURAS Tel.: (0XX11) 3279-8572 assinatura@edminuano.com.br ATENDIMENTO AO CLIENTE atendimento@edminuano.com.br Paloma França e Thais Souza Tel.: (0XX11) 3279-8571 DEPARTAMENTO DE WEB Daniele Medeiros - daniele@edminuano.com.br
Colhendo os frutos e compartilhando os conhecimentos Os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro acabaram e nele pudemos ver nossos atletas colhendo os frutos de seus trabalhos. Por isso, nesta edição, trazemos uma cobertura completa do evento, com um balanço geral das conquistas brasileiras, além de uma análise da acessibilidade do parque olímpico, com a opinião do público e de atletas. Durante nossa passagem pelo Rio, também visitamos alguns pontos turísticos e contamos como estes locais estão preparados para receber pessoas com deficiência física, visual e auditiva. Conheça ainda a Biblioteca Parque Estadual, espaço no Rio de Janeiro que passou por uma reformulação para unir arte, literatura e plataformas multimídias em prol de pessoas com deficiência. Também trazemos outras opções de lazer fora do Rio de Janeiro, como em Balneário Camboriú, que já conta com um mirante sobre rodas totalmente acessível. Já em São Paulo, levamos nosso atleta do triatlo Fernando Aranha para testar o iFly, um simulador de voo genial usado para treino de paraquedismo e que garante muita emoção pra quem tem coragem de se aventurar dentro do túnel de vento. Imperdível! Na entrevista de capa, falamos com a atleta de vela Marinalva
PARA ANUNCIAR Tel.: (11) 3279-8516 publicidade@edminuano.com.br A Editora Minuano recebeu o prêmio TOP QUALIDADE BRASIL em 2015/2016 pelo reconhecimento da excelência de qualidade em seus produtos e ações.
FILIADA À
de Almeida, que contou um pouco de sua história e da importância do esporte em sua vida. Já a matéria especial desta edição aborda a sexualidade, tema que, apesar de ser polêmico, desperta sempre muita dúvida e questionamentos. Boa leitura e até a próxima!
Impressão e Acabamento:
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na Fontana divisão gráfica, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos.
Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP.
RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador
Julliana Reis Julliana Reis Editora-chefe
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Sumário
Edição 43
10 test drive Peugeot 2008
12 lazer iFLY
14 laramara 25 anos
16 vitrine Banheiros
18 instituto Pestalozzi de Resende
28 especial Sexualidade
20 instituto Instituto Gabi
22 histórias de Sofia Segurança
26 saúde Baixa audição
38 estamos de olho Inclusão profissional
24 mundo afora Príncipe de Dubai
40 vale saber Dog Day
Mano Down
42 coluna
44 educação Discalculia
48 coluna Equoterapia
56 rio 2016 Rio 2016
74 coluna Entre Rodas & Batom
76 vale saber Maquetes
86 minha história André Bandeira
84 melhor idade Alimentação
94 vale ler O menino que pedalava
50 entrevista Marinalva de Almeida
70 coluna AAPSA
72 projetos especiais Biblioteca Parque Estadual
78 empreendedorismo Empresa de estampas
80 coluna Verbo em Movimento
82 turismo Mirante sobre rodas
88 artigo Cicero Urban
90 notas Notícias do setor
92 vitrine Livros
68 incluir cultural Stand up comedy
96 vale assistir Procurando Dory
98 Turma do Dauzito O amor é contagioso
FALE CONOSCO Queremos saber sua opinião sobre a revista. E você também pode sugerir pautas ou comentar nossas reportagens. Estamos esperando seu contato!
Fiquei imensamente feliz em conhecer a revista Incluir durante minha ida às Paralimpíadas no Rio de Janeiro. Tenho um filho de 16 anos com deficiência física e acompanhar o conteúdo de vocês será muito importante pra mim e principalmente para ele. Adoramos a parte de lazer, os lugares incríveis que podemos ir! Obrigada Revista Incluir, vocês são incríveis. Dalva Tavares Nunes e Gabriel Tavares
Olá redação da revista Incluir. Assinei a revista Incluir pelo site e fiquei feliz com o conteúdo! Também acompanho as redes sociais e acho que o trabalho de vocês é muito
Assim que recebeu a revista Incluir nosso medalhista
importante. Sou fisioterapeuta e atendo muitas pessoas
Daniel Dias – capa da última edição – se disse feliz pela
com deficiência, e isso vai me ajudar muito. Gostaria
homenagem. “Nossa, que honra. Não li a matéria, mas só
inclusive de sugerir mais matérias sobre acompanhamento
pela capa, posso garantir que já gostei muito”
com fisioterapeutas e da importância desses profissionais ma reabilitação de pessoas com deficiência. www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos
Thiago Augusto
A musa
Fiquei extremamente feliz com minha matéria na
MARINALVA DE ALMEIDA
revista Incluir. Muito obrigada pela oportunidade, pelo
e pura superacao
profissionalismo e pelo carinho.
Esportista, modelo, mãe e mulher: A velejadora, que participou das paralimpíadas do Rio, fala como lida com uma rotina multitarefa
MARINALVA DE ALMEIDA
Iasmin Rosário
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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00
especial sexualidade Tire dúvidas e desmistifique tabus que ainda existem sobre o tema
você pode
chefe
Atenção A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site
A festa paralímpica O evento trouxe para o País muita superação, inclusão, acessibilidade e histórias para contar! Conheça a opinião de quem acompanhou de perto e o legado pós Jogos Paralímpicos
ser o
Adaptações garantem que pessoas com deficiência tornem-se empreendedores
Central de atendimento ao assinante: 11 3279-8572 redacao@revistaincluir.com.br facebook.com/revistaincluir
Laramara Prestes a completar 25 anos, associação comemora resultados positivos
OUT/NOV 2016
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Foto de capa: João Augusto de Oliveira
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Acesse nosso site e confira as novidades e as edições anteriores: 8 revista incluir www.revistaincluir.com.br
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Test drive
O modelo SUV compacto da Peugeot chama a atenção pelo design moderno e robusto Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte
L
ançado no Brasil no primeiro semestre de 2015, o 2008 entra na briga dos SUVs
compactos e se destaca pela beleza e
pelo bom desempenho.
Com motor turbo THP Flex, o modelo oferece
alto nível de performance, com baixo consumo de combustível e sem agredir o meio ambiente,
já que dispõe de um sistema de baixo nível de emissão de CO2.
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revista incluir
Ele é o primeiro propulsor de injeção direta
primento, 1,74 de largura e 1,58 de altura) e
torna o Peugeot 2008 o mais potente do seu
panorâmica e entrada de luz natural no car-
com turbocompressor bicombustível o que segmento. O equilíbrio entre desempenho e
economia garantiu ao modelo nota A de consumo no programa de etiquetagem veicular do INMETRO.
No quesito design, o 2008 chama aten-
ção pelo tamanho (são 4,16 metros de com-
pelo teto de vidro, que permite uma visão
ro, deixando o trajeto muito mais agradável. Outro diferencial, o espaço interno garante o conforto dos passageiros, enquanto o porta-malas de 355 litros – segundo maior
da categoria –, permite transportar muitas bagagens sem dificuldades.
Com a tela de 7’’, o modelo oferece nave-
gação de rádio, celular, fotos e GPS, além das
regulagens do veículo e das indicações dos
chama a atenção e deixa o passeio muito mais agradável”, conta ele.
Fernando também elogiou e até se surpreen-
sensores de estacionamento.
deu com a potência do carro. “Ele tem uma arran-
cionado bi-zone, que coloca um ponto final na
carro mais pesado. Mas, pelo contrário, a força do
Destaque ainda para o sistema de ar condi-
discordância de temperatura entre motorista e passageiro. Isso porque as temperaturas são
controladas de maneira independente, graças a
dois sensores que ficam de cada lado do carro.
cada muito forte e até assustei, pois esperava um motor faz ele parecer muito mais leve. Me surpreendeu positivamente.”
Entre outros quesitos, ele também elogiou o
volante e os controles de navegação do painel, além do espaço interno. “Com a regulagem de
altura do banco e por ele reclinar totalmente para trás, foi muito tranquilo colocar a minha cadeira de
rodas no banco do passageiro e também no banco
de trás. Isso é muito importante para garantir a independência do cadeirante. Minha cadeira tam-
bém cabe no porta-malas sem precisar desmontar, basta tirar o tampão. Isso também é ótimo.”
O test drive Nesta edição realizamos um test drive es-
pecial, já que contamos com a participação do
atleta Fernando Aranha, do Triatlo, que disputou
a modalidade nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, durante nossa cobertura do evento, na
Pontos positivos: ● Visibilidade ● Design
Cidade Maravilhosa.
● Espaço interno
testou o modelo 2008 da Peugeot, que recebeu
● Conforto
Fernando, que tem sequela de Poliomielite,
adaptação de alavanca de freio e aceleração da Speedtech.
Ele, que dirige há mais de 15 anos, destacou
● Porta-malas ● Abertura da porta dianteira
desde a beleza do modelo até a potência do
Pontos negativos:
visibilidade excelente. Isso sem falar nesse teto de
● Distância em relação à porta dianteira
motor. “Achei o carro muito bonito e tem uma
vidro, que é muito bacana e um diferencial que
● Abertura do porta-malas
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Livre para voar Nosso atleta do triatlo, Fernando Aranha, aceitou o desafio para voar em São Paulo Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte
A
pós participar da disputa no tria-
tlo, nas Paralimpíadas do Rio de
Janeiro (RJ) e de realizar o test
drive desta edição, convidamos o atleta
Fernando Aranha para um passeio muito especial. Ele, que tem sequela de Poliomielite
e utiliza cadeira de rodas para se locomover,
aceitou de pronto o convite para fazer um voo na iFLY, em São Paulo (SP).
Para quem não conhece, a iFLY opera o
maior simulador de paraquedismo indoor do mundo e já conta com duas unidades no Brasil, uma em São Paulo e outra em Brasília
(DF). Nelas, um túnel de vento é usado para simular tanto voos de entretenimento, como voos de treinamento para paraquedistas. Em
outros países, o túnel também atende a um
programa educacional em que os alunos podem conhecer na prática os conceitos
de disciplinas como ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Voltando ao voo de nosso atleta, assim
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que chegamos à sede do iFLY, Fernando não
escondeu a ansiedade. “Estou até com um pouquinho de medo, mas vamos lá, parece que vai ser muito bom isso”, contou ele, antes de iniciar o treinamento.
Entre os procedimentos padrões para
realizar o voo – cada um deles têm duração de aproximadamente um minuto –, está a realização de um treinamento.
Feito isso, chegou a hora de colocar o
macacão, o capacete, o tênis e o óculos de
proteção para, enfim, entrar no tão esperado túnel de vento.
Segundo o empresário Fábio Diniz, um
dos responsáveis pela vinda do iFLY para
o Brasil, voos de pessoas com deficiência são bem comuns em todo o mundo. “Esta-
mos acostumados a trabalhar com pessoas com deficiência e aqui eles são tratados sem diferença, pois não há um treinamento específico para esse público. O que pode ter
é a necessidade de uma adaptação como,
por exemplo, ter um cuidado maior com as pernas, usando o caso do Fernando como exemplo”, explica.
Fábio é paraquedista e costumava rea-
lizar treinamentos de voo no iFLY, por isso,
ele resolveu trazer o túnel para o Brasil. “Já estamos trabalhando para abrir novas unida-
des em outras cidades brasileiras no próximo ano”, completa.
Sobre o voo, Fábio garante que o atleta
se saiu muito bem. “Sem dúvidas foi incrível ver o Fernando se sair tão bem em seu
primeiro voo. Eu olhava pra ele ali dentro
e pensava: ‘ele não anda, mas pode voar’ e isso é genial.”
Para voar, Fernando contou com a
ajuda de dois instrutores, que garantiram
sua segurança dentro do túnel. “Eu estava me sentindo muito bem e muito seguro lá
dentro. Todo o receio passou no momento que eu senti meu corpo pairando no ar.
Foi tão incrível que eu senti vontade de
arriscar mais. Deu até vontade de chorar de tão feliz que eu estava. Posso dizer que foi um momento único na minha vida”, conta Fernando que pretende voar mais vezes.
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Laramara
Laramara:
25 anos de história Instituição atua em prol da educação e desenvolvimento da pessoa com deficiência visual e já atendeu milhares de famílias em todo o território brasileiro
M
Por: Letícia Leite / Fotos: Kriz Knack e Danielly Stefanie de Oliveira
oderna, aberta e flexível, a Laramara é uma das institui-
ções mais atuantes do Brasil
e centro de referência na América Latina quanto ao trabalho interdisciplinar de
avaliar, diagnosticar e intervir no processo de aprendizagem e desenvolvimento de
pessoas com deficiência visual e múltipla.
Suas ações disseminam por todo o
país materiais pedagógicos, tecnologias e conhecimento, e se estendem à família, à escola, à empresa e à comunidade,
apoiando pessoas de todas as idades de
forma integral, seja em relação à educação, trabalho, cultura ou lazer.
Considerada um verdadeiro centro de
desenvolvimento humano e apoio à inclusão social, já atendeu quase 11 mil famílias
em todo o território brasileiro e estabelece uma parceria muito importante com os familiares, que participam de todas as
etapas de seu trabalho. Preocupa-se com
o assessoramento atuando na formação inicial e continuada de profissionais para disseminar o conhecimento desenvolvido
e sistematizado. Desenvolve um trabalho de cooperação técnica com a Secretaria
da Educação em apoio à inclusão escolar.
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Carmem e seu filho Francisco
A instituição desenvolveu mais
confeccionar cada um dos brin-
foram integrados ao livro Brin-
brincadeiras educativas. Produz
de 100 brinquedos especiais que
car para Todos, distribuído para
todo o Brasil pelo Ministério da Educação. Este livro foi dedicado
às mães, mostrando-lhes como
quedos e como utilizá-los nas ainda mais de 30 materiais de instrução entre livros e DVDs sobre educação da criança com deficiência visual.
O nascimento da instituição Tudo começou quando a filha caçula
Victor Siaulys, conseguiram realizar o sonho: criaram o
de Mara Siaulys, Lara, adquiriu deficiência
Instituto Laramara. No início,
fia amasse sua profissão, teve de imediato
da família para compartilhar com os pais
visual. Por mais que a professora de geogra-
ainda muito pequena, era uma proposta
uma equipe comprometida em garantir o
uma certeza: “Minha prioridade a partir da-
suas experiências, transmitir-lhes otimismo
um único pensamento: melhorar a qualidade
quele momento era a educação de minha
filha e precisava me dedicar inteiramente a ela. Queria aprender rapidamente como
educar a Lara e comunicar-me com uma criança que não enxerga”, diz a fundadora
e crença no potencial de desenvolvimento
das crianças e dar às pessoas com deficiência visual a oportunidade de educação com os melhores recursos existentes.
“Idealizamos um espaço que daria opor-
do Instituto Laramara.
tunidade de educação a muitas crianças,
fazer para que Lara descobrisse o mundo?
através de brincadeiras e serem felizes. Um
A partir daí, foi lançado o desafio. O que
Como proporcionar à sua filha as mesmas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de todas as crianças? Mara cursou
Pedagogia, se especializou no ensino de pessoas com deficiência visual e foi trabalhar como voluntária.
Entendendo um pouco mais sobre de-
ficiência visual, passou a inventar brinca-
deiras e brinquedos que ajudassem Lara
onde elas pudessem aprender com prazer
espaço no qual a pessoa com deficiência
visual encontraria apoio para se desenvol-
ver em todos os sentidos, contando com os
situação das crianças com deficiência visual
em nosso país. Pensava na dificuldade dos pais, na precariedade de serviços especializados, na falta de intervenção
precoce e de suporte às famílias, creches e escolas”, diz Mara.
Assim, em 1991, junto a seu marido
inspirados na Lara tenha continuidade com
ela. Que a força de vontade para superar
todos os obstáculos que ela sempre demonstrou seja inspiradora para todos
os jovens cegos de nosso país, que hoje, felizmente, encontram recursos para apoiar seu desenvolvimento”, finaliza.
Expectativas Atualmente, completando 25 anos, a
de 80 mil itens para todo o Brasil, entre
queria colaborar para uma mudança na
e espero que este trabalho que criamos
para a vida como cidadão integrado.
seu aprendizado passou a ser seu objetivo.
“Quanto mais eu aprendia sobre o tema
Dedico-me à instituição com muita alegria
conviver, obter informações e preparar-se
instituição localizada no bairro da Barra
e via o desenvolvimento da Lara, mais
de vida da pessoa com deficiência visual.
melhores recursos e serviços, onde pudesse
a compreender tudo a sua volta. Mostrar-
-lhe como usar os outros sentidos para
sucesso da instituição, todos trabalham com
Funda, em São Paulo (SP), já distribuiu mais
livros, manuais de instrução, vídeos, brinquedos pedagógicos, máquinas, bengalas
e recursos ópticos. Ainda segundo Mara Siaulys, o projeto continua crescendo e
diz que em todos os momentos de sua trajetória procura se superar para assegurar
igualdade de oportunidades à pessoa com deficiência visual, para que ela se conscientize de seus direitos e deveres.
“Em todos os setores da Laramara há
Lara e Mara Siaulys
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Vitrine
Banheiros acessíveis Ducha com barra ajustável Fixada na parede, a ducha tem a altura regu-
lável de acordo com a necessidade do usuário. Japi: www.japi.com.br
Barras de apoio em aço inox Maiores e em formatos mais específicos, as barras de apoio podem ser instaladas em pias e lavatórios, dentro do box, nas laterais do vaso
sanitário e nos cantos de paredes. O acabamento com canopla esconde os parafusos. As barras são
produzidas em aço inox 304, que não oxida, suportam até 150 kg e atendem à norma de acessibilidade (ABNT NBR9050/2015). Astra: www.astra-sa.com.br
Box Flex Sem trilhos superiores, possui altura de 2,0 metros e com vão mínimo de 0,60 metros e máximo de 1,2 metros,
garantindo o conforto e espaço necessário na hora do banho. Pode
ser instalado de diversas formas, com uma ou duas portas articuladas que se ajustam facilmente ao abrir e fechar.
Ideia Glass: www.ideiaglass.com.br
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Box Certo Permite a abertura das portas em
uma angulação de 180° , tanto para dentro, como para fora. Pode
ser instalado em cantos, espaços frontais ou até mesmo em cima
de banheiras. Por não possuir trilhos inferiores, a peça facilita a locomoção de cadeirantes ao entrar e sair do box.
Ideia Glass: www.ideiaglass.com.br
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Instituto
Associação Pestalozzi de Resende Instituto precisa de ajuda para continuar os atendimentos a cerca de 235 alunos Por: Marina Sobrinho | Foto: Divulgação
dispõem de infraestrutura e atendimentos
especializados e, além da parte clínica, eles contam com um departamento de Esporte,
Cultura e Lazer, responsável pelas oficinas de dança, pela educação musical, e pelas
atividades de educação física, de natação e de ginástica rítmica.
Os alunos com idade superior a 18 anos
são inseridos nas oficinas do Centro de
Convivência. A associação também realiza
o projeto Sala de Leitura, para despertar o gosto pela leitura nos alunos e o projeto Autodefensores, que tem por objetivo discutir
e elaborar propostas para a conferência da
pessoa com deficiência do município de Resende, abordando temas como saúde, educação, inclusão social e acessibilidade.
L
ocalizada ao sul do estado do Rio de
Assim como todas as entidades do
Nos primeiros anos, a associação, sem fins
Janeiro, a cidade de Resende conta
lucrativos, realizou suas atividades na Casa da
Pestalozzi, entidade filantrópica fundada em
e também na Igreja do Rosário. Desde 1984,
com uma unidade da Associação
1969, para tratar, dar assistência e educação para pessoas com deficiência intelectual e paralisia cerebral, que dispõe de atendimento nutricional, psicopedagógico, de reabilitação,
fisioterapia e médico com hidroterapia, psicologia, fonoaudiologia e odontologia.
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Amizade, localizada na Praça Coelho Gomes, a Pestalozzi de Resende ocupa um prédio próprio que recebeu o nome de Escola Edouard Michelin, em homenagem ao doutor
Edouard Michelin por seus atos humanitários e contínuos no atendimento à unidade.
Na sede, cerca de 235 atendidos
estado do Rio de Janeiro, que dependem
de repasses da Fundação para a Infância e
Adolescência (FIA) para dar continuidade aos atendimentos, passa por uma grave crise por falta desses repasses. Por isso,
eles precisam de ajuda para manter suas atividades e poder continuar os
atendimentos para os mais de 235 alunos.
Os interessados em ajudar podem fazer
contato pelo e-mail: pestalozziresende@ hotmail.com ou no telefone (24) 3354-1460.
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Instituto
Instituto Gabriela Barreto Sogari Quem ajuda as pessoas é feliz
E
Por: Marina Sobrinho | Foto: Divulgação
m 2001, o jornalista Francisco Sogari
e sua esposa Iracema Sogari, que
atuam há mais de 25 anos em
educação para pessoas com deficiência,
decidiram fundar o Instituto Gabriela Barreto Sogari, carinhosamente chamado de Instituto
Gabi, localizado na zona sul de São Paulo (SP). A iniciativa do casal surgiu depois de
um episódio trágico. Perderam sua filha, Gabriela, ao seis anos de idade, enquanto eles
atravessavam a rua, rumo a um supermercado para comprar alimento a um morador em situação de rua, que a filha, sensibilizada,
pediu ao pai, dizendo “Quem ajuda as pessoas é feliz”. A frase se tornou um lema
para a família, mas lamentavelmente não
houve tempo de chegarem ao mercado, um motorista embriagado atropelou a garota.
“Eu e minha esposa, Iracema, sabíamos
que era preciso seguir adiante mesmo em meio a tanta dor e desespero. Tínhamos outro
filho – o João Filipe, hoje, com 17 anos – para
cuidar e amar. Mas precisávamos de algo a mais naquele momento. Era preciso manter a Gabi viva entre nós”, relata Francisco.
Na garagem de uma voluntária que
tudo começou. O casal atendia crianças e adolescentes com deficiência, com ajuda de voluntários. “Descobrimos que estas famílias eram duplamente excluídas, pois
não tinham acesso a tratamentos, orientação, informação”, disse Franscico.
As crianças, adolescentes e jovens
20
atendidos pela instituição frequentam a
convênio com a Prefeitura de São Paulo e de
participam de atividades de vida diária e
de roupas e objetos na própria sede da ONG.
casa diariamente, por meio período. Elas
oficinas, complementados pelo atendimento
doações particulares, além do bazar permanente Outra estratégia para garantir a
de fonoaudiologia e psicologia. Um assistente
sustentabilidade é a Campanha Sócio
incluindo projeto de geração de renda.
recebem um boleto sem valor de cobrança, pelo
social realiza o trabalho com as famílias, O Instituto Gabi entende que a família é
o alicerce de onde parte todo o trabalho. “As pessoas com deficiência passam quatro horas por dia no nosso atendimento. No restante do
dia, estão com a família, daí a importância desta célula na vida destas pessoas”, destaca Iracema.
O casal conta com o apoio e a dedicação de
voluntários. “No Gabi, há muito espaço para o
trabalho voluntário. Para os que querem fazer trabalhos presenciais, precisamos de voluntários para ‘engrossar’ o time”, disse o fundador.
Patrocinador, por meio da qual os interessados qual podem realizar uma doação espontânea, a
campanha conta também com a opção Sócio Patrocinador Master, voltada às empresas.
Os interessados em participar da campanha Sócio Patrocinador, Sócio Patrocinador Master, realizar doações diversas e/ou oferecer trabalho voluntário, podem fazer contato com o Instituto Gabi, pelo telefone (11) 5564-7709, pelo e-mail contatosinstitutogabi@gmail.com.
A entidade se mantém através de um
revista incluir
Car and D
Acessibilidade
Independência
Inclusão
Qualidade de vida
Cadeiras de rodas manuais, motorizadas, para banho e higiene, infantis, carrinhos posturais, carrinhos scooter para idosos.
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Histórias de Sofia
Deficiência, autonomia e segurança Por: Denise Crispim* | Fotos: Shutterstock/Arquivo pessoal
E
ntre as principais angústias dos
Um fator, entretanto, acaba passando
situação de risco? Poucas vezes pensamos
A gente pensa tanto em prepará-los para
nando alvos fáceis para a criminalidade
pais de crianças com deficiência
muitas vezes despercebido: a segurança.
autonomia. Meu filho será capaz de traba-
o futuro e se esquece um pouco do pre-
figura, sem dúvida, a questão da
lhar, de se sustentar? Será independente, apesar de suas limitações, sejam elas físicas, sensoriais ou intelectuais?
A questão é muito presente e não
acontece sem razão. Nós somos finitos
e a sensação de deixar uma criança so-
zinha, sem o devido amparo, é bastante angustiante. Hoje recursos de tecnologia
sente. E infelizmente não são poucos os
física e emocional. A Secretaria de Direitos
recursos de comunicação alternativa e se
deficiência que são vítimas de violência Humanos até fez uma campanha de alerta para que as pessoas denunciem a violência cometida contra pessoas com deficiência.
Mas e quando estamos falando de crian-
muitas pessoas com deficiências diversas
fesa ou a comunicação. Como uma criança
bastante autônoma.
22
revista incluir
Falar no tema é o primeiro passo para
pensarmos em soluções. Uma criança
ças, em especial de crianças com deficiên-
morem sozinhas, trabalhem, tenham vida
que tanto nos assusta.
relatos de crianças e adolescentes com
assistiva têm auxiliado muito nesse proces-
so, a tecnologia tem tornado possível que
nisso e talvez por isso elas estejam se tor-
cias que muitas vezes dificultam a autodeque não fala comunica um sofrimento ou
como a criança que não anda foge de uma
que não fala, por exemplo, precisa usar fazer entender. Ela precisa ter um meio
de comunicação (ainda que seja o olhar) e códigos compreensíveis. É fundamental que as famílias busquem esses recursos e
encontrem as melhores estratégias com cada criança. Se a criança está num hospital, pelo Estatuto da Criança e do Adoles-
cente ela tem direito a acompanhante (faça valer seu direito, não deixe uma criança
sozinha, ela pode ficar ainda mais vulne-
sual ou deficiência múltipla também é preciso
sociais como escola, clínica, atividades de
ção o ambiente que frequentam e qual auxílio
rável). Agora se ela já frequenta ambientes lazer, é fundamental que a família consiga compreendê-la e haja comunicação efetiva,
com o hábito de narrar (seja qual for o recurso utilizado para isso) o que acontece no
seu dia a dia. Além do mais, ela precisa ter
segurança para contar. Alguém em quem ela confie. Criar canais com alguém na escola, com a família e ter sempre por perto
alguém de confiança é muito importante.
pensar em estratégias levando em considera-
necessário. O que não dá é para ignorarmos a questão da segurança. Pensar em segurança
não significa não pensar em autonomia, pelo contrário. A autonomia é algo que deve ser trabalhada ao longo de todo o desenvolvimento infantil, e quanto mais segura a criança estiver,
melhor ela usará os recursos a seu favor e mais chances terá de ser autônoma.
Precisamos dar espaço para autonomia,
Para crianças que não andam, é im-
mas precisamos pensar em segurança. A au-
A criança torna-se um alvo fácil: qualquer
ambiente seguro) fazer sozinhos aquilo que
portante ter mecanismos de segurança.
pessoa empurra sua cadeira, ela tem poucos meios de fugir. É preciso cercar-se de
pessoas de sua confiança, seja na escola ou em outro ambiente, e ter meios de reportar o risco. Para crianças com mais mobilidade,
usar o celular ou outros aparelhos para pedir ajuda pode ser um bom recurso.
Para crianças com autismo, deficiência vi-
tonomia está mais relacionada a deixá-los (em eles conseguem fazer e treinar habilidades para que eles possam cada vez mais. Já a segurança
é reconhecer em que momentos a criança está mais vulnerável e agir para que sua deficiência não a torne um alvo mais fácil e planejar as ações para evitar riscos desnecessários.
Estejamos atentos, em todos os am-
bientes.
*Denise Crispim é jornalista e mãe de nossa colunista mirim Sofia Crispim. Nesse texto, excepcionalmente, Sofia não participou.
revista incluir
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Mundo afora
O príncipe da vida real Conheça Hamdan bin Mohammed Al Maktoum, príncipe herdeiro de Dubai, que dedica seu tempo a ajudar as pessoas ao redor do mundo Por: Letícia Leite / Fotos: Reprodução Instagram
O
segundo filho do Sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum tem
chamado atenção internacio-
nalmente. Aos 33 anos, Hamdan bin Mo-
hammed Al Maktoum ou Fazza, nome que utiliza para publicar os poemas que escreve,
compartilha sua rotina com seus quase 4 milhões de seguidores no Instagram.
O príncipe, que não costuma chamar
muita atenção, sempre vestido com roupas
esportivas, dedica seu tempo a atividades para transformar o mundo em um lugar melhor,
auxiliar organizações filantrópicas é uma das
suas prioridades. Defensor da diversidade, apoia pessoas com deficiência e costuma participar de campeonatos em cadeira de rodas. Ao
aceitar o título de príncipe se transformou em
membro honorário do Centro de Pesquisa sobre Autismo de Dubai e participa ativamente de várias fundações, ajudando na compra de equipamentos médicos, por exemplo.
Fazza é conhecido por ser uma pessoa
muito aberta, costuma ser simpático com o
público, dar entrevistas e patrocinar eventos
esportivos. Ele adora animais, os cavalos são a sua verdadeira paixão, não apenas possui
24
revista incluir
um próprio estábulo, como apoia fundações
que protegem os animais e representa o país em competições internacionais de equitação.
Entre as suas maiores conquistas, destaca-se a medalha de ouro nos Jogos Equestres na França, em 2014.
Além disso, o herdeiro costuma pensar no
futuro das crianças de seu país, ele é o diretor
do comitê esportivo de Dubai, assim, cumpre a responsabilidade de levar e participar dos
eventos na cidade, como o grande festival de yoga e a maratona anual de Dubai. O
príncipe também apoia jovens talentos, por adorar fotografia fundou o concurso inter-
nacional de fotografia Hamdan International Photography Award, com um fundo de 400
mil dólares. Ele afirma que os artistas são um raio de esperança para o planeta e que sua
criatividade e visão iluminam a humanidade para um futuro melhor.
revista incluir
25
Saúde
Baixa audição, fique atento! Déficit pode passar despercebido na juventude e ser descoberto após anos sem ouvir com qualidade
A
Por: Letícia Leite / Fotos: Arquivo pessoal
perda de audição é o mais
ouvido interno, elas não são enviadas como
adulta, após obterem o tratamento ade-
população, afetando mais de
perda auditiva é feito principalmente por
que antes nunca ouviram, como o barulho
frequente déficit sensorial da
360 milhões de pessoas no mundo todo,
segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema normalmente
é relacionado a idosos ou às pessoas que
nascem com deficiência auditiva, mas ele também é frequente entre adultos. Muitos
impulsos para o cérebro. O diagnóstico da meio de um exame chamado audiometria.
Baixa audição na fase adulta Imagine passar a infância e a juventu-
crescem achando que o volume baixo dos
de sem ouvir perfeitamente, acreditando
isso, quando, na verdade, possuem defici-
normal, quando, na verdade, possui uma
sons é o padrão normal e se habituam a
ência auditiva e não sabem. Estas pessoas ouvem o que, para alguém sem a deficiência, são apenas sussurros.
Basicamente, existem duas categorias
que o volume baixo dos sons é o padrão
deficiência. Os brasileiros ainda não têm
o costume de frequentar um fonoaudiólogo, e quando descobrem o déficit na vida
quado, se emocionam em poder ouvir sons dos pássaros, dos carros na rua, da porta batendo ou até o choro do próprio filho.
“Estima-se que uma pessoa com perda
auditiva demore em média sete anos para procurar ajuda. Neste tempo, a audição
dela pode ter sido dramaticamente prejudicada – em alguns casos a atrofia do nervo
auditivo nem pode ser revertida. Então é
importante que as pessoas fiquem atentas
e que, ao menor sinal de dor e redução da capacidade auditiva, busquem um otorrinolaringologista. Ele vai avaliar o caso e, se
de perda auditiva a condutora e a neuros-
sensorial. A primeira envolve anomalias na transmissão do som nos ouvidos médio e externo e pode ser corrigida. Pode aconte-
cer, por exemplo, quando a cera impede os sons de chegarem ao ouvido interno, onde
são transformados em impulsos nervosos
elétricos transmitidos para o cérebro. Ferimentos no tímpano e infecções do ouvido
médio também podem causar perda de audição condutora.
Já a perda neurossensorial envolve o
ouvido interno, há falha do nervo auditivo,
e é mais difícil de ser tratada. Portanto,
mesmo que as vibrações sonoras atinjam o
26
revista incluir
A fonoaudióloga Andréa Campos Varalta Abrahão
necessário, encaminhará o paciente para a adaptação dos aparelhos com um fono-
audiólogo,” diz a fonoaudióloga Andréa
Campos Varalta Abrahão, diretora técnica da Direito de Ouvir, empresa especializada
audição em oito anos de trabalho”, diz a fonoaudióloga.
Da caxumba à surdez
exemplo, pode ser necessária uma cirurgia.
Uma série de sinais pode indicar que
Caso ela seja provocada por uma obstrução
uma pessoa sofre de perda auditiva. Para
causada pela cera compactada, uma limpeza
identificá-los, é preciso observar algumas
feita por um otorrinolaringologista pode ser
ações comportamentais no dia a dia:
suficiente. Se a perda auditiva for causada
pelo envelhecimento natural – a chamada
• Quando a pessoa passa a não
presbiacusia – entram os aparelhos auditivos.
entender direito o que é falado ao
“Pouco a pouco, o preconceito sobre os
telefone ou em locais barulhentos;
aparelhos auditivos tem diminuído. Cada vez
• Quando passa a achar que o tom
menores e mais potentes, eles atendem diversos
de voz normal é um sussurro;
tipos e graus de perda auditiva e ainda pos-
• Se há necessidade de aumentar
suem funções impressionantes. Há aparelhos
muito o som da TV ou do rádio para estão sendo apresentadas;
• Se não entende o que as pessoas
dizem e, por vergonha, acaba dando respostas erradas às perguntas;
• Quando pede com frequência
para que as pessoas repitam o que disseram.
Segundo Andréa, a perda da audição
afeta a vida de uma pessoa adulta de diversas formas. O principal ponto a ser com-
prometido é a comunicação. A pessoa com perda auditiva tem dificuldade de interação
Paula Sposito
Paula Sposito Almeida, 23 anos, pegou
caxumba no primeiro dia de escola, aos seis anos. Na época, ninguém percebeu que a doença tinha provocado a perda de audição de um de seus ouvidos.
“A perda auditiva ainda carrega um es-
tigma muito forte de incapacidade. Mas é
importante deixar claro que as tecnologias de hoje permitem cada vez mais a inclusão
de pessoas com esta deficiência na sociedade. Só aqui na empresa já ajudamos mais de 15 mil pessoas a reabilitarem sua
aparelho auditivo”, complementa Andréa.
Graus de perda auditiva
LEVE (21 A 40 dB) – Quando uma pes-
mim. Muitas vezes, me senti diferente dos outros e questionava a minha capacidade.
Não sabia que tudo isso era devido a um déficit de audição,” diz Paula.
sons normalmente
soa tem dificuldade para entender a fala e alguns sons, como o canto dos passarinhos
MODERADA (41 A 70 dB) – Neste caso,
Já na fase adulta, Paula resolveu fazer
há dificuldade para ouvir o latir do ca-
perda de audição: “Quando coloquei o
do aspirador de pó e outros ruídos
aparelho, me senti como naqueles vídeos
casos de depressão.
ouvir música ou atender o telefone direto pelo
as explicações era um desafio imenso pra
pre fui distraída nas aulas e compreender
o que as pessoas dizem ou se até mesmo é a perda também está muito relacionada a
celulares, tablets e TVs. É possível, por exemplo,
NORMAL (0 A 20 dB) – Ouve todos os
um exame de audiometria e constatou a
alvo de brincadeiras ou chacotas? Por isso,
no mercado que podem ser sincronizados com
“Tive muita dificuldade na escola, sem-
e, normalmente, acaba se isolando. Por que ir a uma reunião familiar se ela não entende
O tratamento para a perda auditiva depende
de suas causas. Se a surdez for provocada por problemas na membrana do tímpano, por
em aparelhos auditivos.
conseguir entender as coisas que
Como tratar?
em que a criança ouve pela primeira vez,
foi uma grande surpresa! Fiquei de boca aberta, pois nunca tinha tido a sensação
de ouvir com o ouvido direito. Comecei a perceber coisas que antes não percebia, como a porta batendo, o som dos pássaros,
o barulho dos carros. Se alguém me chamar hoje, não preciso virar tanto a cabeça. Se
antes era estranho ficar com o aparelho, hoje acho estranho ficar sem”, afirma.
chorro, um bebê chorando, o barulho mais altos
SEVERA (71 A 90 dB) – Pessoas com
este tipo de perda auditiva não conseguem ouvir o toque do telefone e nem compreender a fala, por exemplo
PROFUNDA (> 91 dB) – Nível de perda auditiva profunda, as pessoas não
ouvem sons considerados muito altos como uma máquina de cortar grama, um caminhão e a turbina de um avião
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Especial
Sexualidade Apesar do tema ainda ser repleto de tabus, conheça histórias de pessoas com deficiência que venceram as dúvidas e dificuldades físicas e conquistaram uma vida sexual saudável Por: Letícia Leite / Fotos: Arquivo pessoal e divulgação
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revista incluir
revista incluir
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Especial
A
pós um período inicial de tra-
tratar alguma disfunção sexual, são encami-
deficiência passa a ser inserida
A psicoterapia pode ser uma ferramen-
tamentos, toda pessoa com
na sociedade, seja no lazer, no estudo, no
ta para a reabilitação à medida que ajuda
cesso de inclusão neste quesito abrange
terno e a priorizar a busca da satisfação
trabalho e também na vida sexual. O pro-
um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais, como informações deta-
lhadas sobre a sexualidade na condição da deficiência, tratamentos para disfunções
sexuais, formas de lidar com o preconceito e de melhorar a autoestima, por exemplo.
A reabilitação sexual pode ser realizada
das necessidades mais íntimas como: não desistir dos seus objetivos, compreender
suas dificuldades, aceitar mudanças, perder o medo de arriscar, voltar a acreditar no
amor e se entregar de corpo e alma aos seus sentimentos, como o amor e a paixão. “As pessoas com deficiência podem ter
uma vida sexual ativa saudável se aprende-
psicoterapeuta especialista em Psicologia
e confiar em seu potencial. Ter uma vida
Hospitalar da Reabilitação, é importante que
o paciente tenha acesso à informação, aos tratamentos e que experimente a vida sexual
com objetividade, sem fugir da intimidade.
Ele ressalta ainda que cada deficiência possui uma peculiaridade a ser tratada.
“O ideal é que a reabilitação sexual
rem a enfrentar as dificuldades, ter atitude
sexual prazerosa depende de conhecer o
nosso corpo em cada situação e em cada momento da vida. Mesmo na ausência de
sensibilidade podemos ter prazer sexual, o segredo é estar conectado com os nossos
desejos e sentimentos”, garante Puhlmann. Já quando o assunto é maternidade,
aconteça durante o processo de reabilita-
o especialista diz que há cuidados espe-
cos e assistentes sociais especialistas em
gravidez. “A mulher com deficiência pode
ção física, e que seja conduzida por médi-
sexualidade. Eu, particularmente, prefiro trabalhar com grupos mistos, de homens e mulheres, trocando experiências sobre
sexualidade. E quando há a necessidade de revista incluir
o paciente a organizar o seu mundo in-
em grupo ou de forma individual, presencial
ou à distância. Segundo Fabiano Puhlmann,
30
nhados ao urologista ou à ginecologista.”
cíficos para cada mulher no período de
ter uma vida sexual ativa e prazerosa, pode
engravidar e cuidar de seu filho com auto-
nomia, ela enfrentará os mesmos desafios de outras mães.”
Sexualidade entre anões
Diferente do que muito se pensa, as
começam a se interessar pelas meninas, co-
nanismo são referentes à sua altura, em
ter nanismo os meninos não me olhavam
únicas limitações das pessoas que possuem questões sexuais o seu organismo funciona
normalmente. O casal de namorados Maria Rita Hubner Pottes e Saymon Aparecido
Pacheco, apesar de possuírem acondro-
plasia, tipo de nanismo que promove o encurtamento dos braços e das pernas,
meça a rolar aquele clima de paquera, e por da mesma forma que olhavam para as outras meninas. Comecei a lidar melhor com
esta situação quando passei a ter contato com outras pessoas com nanismo, pois vi
que existem outras pessoas iguais a mim.” Já Saymon conta que a única dificul-
possui uma vida sexual ativa e saudável
dade que enfrentou em relação ao nanis-
Maria Rita diz que os únicos problemas
“Acredito que para os homens seja muito
como a de qualquer outro casal.
que enfrentou em relação à sexualidade
foram as dúvidas que surgiram ao longo de sua vida. “Demorei um pouco pra ter
uma vida sexual ativa comparada as ou-
tras pessoas, mas eu e minha mãe sempre conversamos abertamente sobre o assunto
e isso me ajudou bastante. Nunca tive dificuldades referentes à minha deficiência
física. Tenho problemas hormonais, mas
mo na sua vida sexual foi o preconceito.
mais complicado do que para as mulheres, muitas vezes acontecia de não sair
com pessoas de estatura mediana devido
ao preconceito delas, tanto que a minha primeira relação foi com uma mulher do
meu tamanho. Quando a relação é com
uma pessoa da mesma estatura que você é bem mais tranquilo.”
Já quando o assunto é maternidade,
isso não está relacionado ao nanismo, pode
Maria Rita diz que uma gravidez é possível,
Ainda segundo a zootecnista de 25
suas deficiências ósseas. “Eu não poderia,
acontecer com qualquer pessoa.”
anos, a adolescência foi um período difí-
cil, pois ela não se sentia à vontade com a sua deficiência e disse, ainda, que se rela-
cionar com outras pessoas com nanismo foi essencial para que ela superasse essa
situação. “Na adolescência enfrentei alguns problemas porque é quando os meninos
com apenas algumas restrições devido às por exemplo, ter um parto normal porque
a minha bacia é muito estreita. Então a minha gravidez seria tranquila, minha mãe teve nanismo e sua gravidez foi totalmente
normal, só devemos tomar cuidado e fazer
exames regulares por termos uma estrutura física diferente.”
Maria Rita e Saymon
revista incluir
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Sexualidade feminina Carolina e Clara
Para as mulheres que adquirem algum tipo
abertas com os profissionais responsáveis pelo
mais seguro, pois não conseguimos ter certeza
tos costuma ser sobre a maternidade. Será que
de forma muito direcionada. “Mais do que sobre
na última semana de gestação minha placenta
meu bebê? E não foi diferente com Carolina
sempre foi em relação à maternidade. Perguntei
de deficiência, um dos primeiros questionamen-
ainda sou fértil? Será que conseguirei cuidar do Ignarra, 37 anos, que é tetraplégica em decor-
rência de um acidente de moto, há 15 anos. Ao
descobrir a deficiência, a consultora de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de tra-
balho teve muitas dúvidas, mas passou por uma
seu tratamento até que a esclarescessem tudo
o prazer na sexualidade, minha principal dúvida ao médico e ele disse que era possível, e já que era meu sonho e eu não queria arriscar não conseguir engravidar, ele sugeriu que eu tentasse engravidar logo, antes dos 30 anos.”
Atualmente, Carolina é mãe de Clara, de 11
do quanto eu tenho de força no abdômen, e ressecou e eu não poderia esperar o trabalho
de parto. Tomei anestesia geral, e essa foi uma
das piores partes do meu parto, porque não vi a Clara nascer, ela ficou em observação na UTI
Neonatal e eu só fui vê-la 16 horas depois. Essa foi a única parte que eu teria estudado melhor com
o meu médico, outras formas de anestesia, ficar
reabilitação muito bem-sucedida.
anos. Quando decidiu engravidar tinha poucas
ser humano, pois fui tratada fisicamente, e em
saber se conseguiria cuidar de sua filha, no que
tante na vida de qualquer mulher, ser mãe é
carrinho e do berço, recorreu à ajuda de seus pais
e vontades. Assim, Carolina acredita que para
“Sinto que fiz uma reabilitação global como
paralelo emocional e socialmente, e isso me trouxe fortalecimento. Isso faz a gente se sentir forte
pra se relacionar de todas as formas, inclusive
sexualmente. Não senti em momento algum que minha autoestima caiu, após o acidente tive alguns relacionamentos e dois anos depois
comecei a namorar meu marido. Nós já nos conhecíamos bem, ele entendia minha lesão,
sabia quais eram as dificuldades e as coisas foram
referências sobre mães cadeirantes, e por não
diz respeito a dar banho, pegá-la do chão, do e teve apoio até que a bebê completasse um ano.
Carol fez uma bateria de exames para saber se
estava tudo certo com o seu corpo para engra-
vidar e conseguiu no primeiro mês de tentativa. Ela acredita que o fato de ter engravidado muito jovem acabou ajudando bastante nesta questão.
“Minha gestação foi super tranquila, tive
acontecendo”, relata.
que fazer um tratamento profilático pra evitar
rolina, e como suas dúvidas eram maiores que
eu trabalhei até o último dia. Escolhemos um
Ser mãe era um dos maiores sonhos de Ca-
suas próprias dificuldades, teve conversas muito
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revista incluir
infecção urinária, mas no mais foi tudo normal,
parto cesáreo que consideramos o procedimento
desacordada foi muito triste pra mim”, lembra.
A maternidade é um passo muito impor-
abdicar muitas vezes dos seus próprios desejos assumir esta responsabilidade é necessário ter
certeza de que é isso mesmo o que você quer. “A maternidade é a maior realização da minha
vida, não só o fato de ter concebido uma criança, mas o fato de eu inspirar minha filha no sentido de formá-la, de educá-la, de transmitir valores
de respeito e conquista, mas também inspirá-la no sentido de vê-la repetindo alguns dos meus
comportamentos, e assim eu me sinto como todas as outras mães, a maternidade traz o sentimento de igualdade”, finaliza.
O amor e a
síndrome de Down
O casal Samanta Quadrado, 28 anos,
e Breno Viola, 35 anos, tem síndrome de Down. Eles namoram há quatro anos e já planejam o casamento para breve. Sobre o
relacionamento, eles garantem que estão muito felizes e satisfeitos, em especial, com
a vida sexual, e que a síndrome não traz a eles nenhum tipo de problema.
“Antigamente éramos tratados como
coitadinhos e alguns médicos diziam que
não viveríamos por muitos anos, mas hoje vimos que esta situação é bem diferente. Depois que conheci a Samanta, minha vida
mudou, posso dizer que ela me completa por inteiro e que quando passamos a dormir juntos as coisas foram acontecendo
naturalmente. Eu descobri o meu corpo, a Samanta também descobriu o dela e somos muito felizes. Além disso, costumam dizer
que a libido das pessoas com síndrome de Down é muito alta”, diz Breno.
Samanta também afirma que não há
problemas em sua vida sexual e ela rea-
liza diversas atividades que a auxiliam no
desenvolvimento da autoestima, como
acompanhamento psicológico e dança do ventre. “Comecei a praticar dança do ventre em 2012, ela faz com que eu me sinta mais bonita.”
A estudante pretende ser mãe no futu-
ro, mas atualmente utiliza métodos contraceptivos, como pílula anticoncepcional e DIU.
Breno e Samanta
revista incluir
33
Especial
A vida sexual
com tetraplegia descobrindo, vai dando um jeito, mas o mais complicado é você entender como
em relação à sexualidade, mas tudo ainda
difícil. Quando comecei a namorar tinha
doras, que além de tudo traz comodidade,
tudo funciona, e fazer isso sozinho é muito
vergonha por não entender o meu próprio corpo, que estava muito diferente do que
era antes. Os parceiros ou parceiras devem
entender esta parte em conjunto conosco, e juntos começamos a descobrir melhor
como nosso organismo funciona com a deficiência”, afirma.
Apesar de ter conhecimento acerca de
Na maioria dos casos de lesão medular
em homens, a deficiência acaba trazendo algumas dificuldades para a vida sexual.
Mauro Nohara, 24 anos, sofreu um acidente automobilístico e fraturou a coluna na altura cervical, o que resultou na paralisia parcial dos seus membros inferiores e superiores.
O atleta de paraciclismo diz que mesmo
tratamentos para melhorar o desempenho
sexual, Mauro acredita que os mesmos se-
e assim não é preciso frequentar clínicas,
nem nada do tipo. Tenho amigos que usam citrato de sildenafila, medicamento para impotência sexual ou disfunção erétil, para ter relação sexual. Já usei algumas vezes, mas acaba sendo arriscado para a nossa
saúde. Para mim o que mais vale a pena é você mesmo se estimular”, finaliza.
cobrados por eles. Quando o assunto é paternidade, ele afirma que teria que optar por algum método alternativo, como a inseminação artificial.
Estimulador peniano
O Viberect é o primeiro equipamento penia-
sexuais, e afirma, ainda, que seu urologista
no que estimula o sistema nervoso, ajudando os
deu algumas dicas sobre o assunto, mas
homens a superarem as dificuldades de ereção e
que a maioria das dúvidas sobre o tema
a restaurar o funcionamento do pênis. Desenvol-
tirava com os próprios amigos, e acredita
vido por urologistas e especialistas em medicina
que o autoconhecimento é fundamental.
sexual, o uso do dispositivo é uma modalidade
“A fase logo após o acidente foi bem
segura e natural recomendada nos casos de
complicada, inicialmente nem pensei em
disfunções erétil e ejaculatória, lesão medular e
ter relação sexual, pois o que queremos
de câncer de próstata. O produto é vendido no
naquele momento é voltar a andar, o res-
revista incluir
pois é algo que pode ser utilizado em casa,
devido aos valores muito altos que são
acaba o auxiliando bastante nas relações
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é muito caro, como as próteses estimula-
jam inviáveis em seu caso, principalmente
que pouco, ainda tem sensibilidade, o que
to não importa. Com o tempo você vai
“Há metodologias avançadas no exterior
Mauro Nohara
exterior a um preço aproximado de 300 dólares.
Entretenimento
Para os casais que buscam locais di-
cadeira de rodas, altura dos móveis como
contram dificuldades quanto à acessibi-
adequado, barras de segurança, chuveiro
ferentes para se divertirem a dois e enlidade, o Lush Motel, de São Paulo (SP),
oferece uma suíte acessível. Foi realizado
um projeto exclusivo e uma de suas suítes foi totalmente reformada para atender todas as necessidades de pessoas com
deficiência física, possui rampa de aces-
so à suíte, largura das portas ajustada à
cama e mesa, e o banheiro tem sanitário
com ducha de mão e assento, inclinação
do espelho e a porta do banheiro que abre para os dois lados. Tudo foi pensado para
que o hóspede possa ter autonomia para utilizar todo o ambiente da suíte.
“A empresa já existe há 26 anos e na
época da construção não havia essa pre-
revista incluir
35
Especial
ocupação com acessibilidade. Recentemente fizemos um Retrofit completo, reformando todas as suítes, e desde o início do processo decidimos que precisávamos
ter ao menos uma suíte para atender também hóspedes com mobilidade reduzida.
Temos uma clientela muito diversificada, a principal motivação para fazer uma suíte acessível foi ter opções para oferecer um
serviço para todos”, explica Felipe Marti-
nez, diretor do Lush Motel e da Associação Brasileira de Motéis (ABMOTEIS).
Ainda segundo Felipe, antes dessa
suíte, eles já recebiam alguns hóspedes cadeirantes ou com mobilidade reduzida,
mas sem dúvida aumentou a clientela após a inauguração dessa suíte. Atualmente
atendem entre três e quatro hóspedes
36
revista incluir
com deficiência por semana. Para garantir a
disponibilidade da suíte aos hóspedes que realmente precisam desses recursos, há a
opção de fazer uma reserva antecipada sem nenhuma cobrança adicional.
“Temos como essência na nossa em-
presa a hospitalidade e o prazer em servir pessoas. Por isso, independente do perfil
do hóspede, buscamos formas de tornar nossas suítes o mais confortável possível, com itens e equipamentos que contribuam
para uma experiência completa de lazer. Sendo assim, não poderíamos deixar de
ter uma opção que atendesse também
pessoas com mobilidade reduzida. O mais importante, em nossa opinião, é contri-
buir por um mundo sem 'barreiras' onde
qualquer pessoa pode usufruir dos nossos serviços”, finaliza.
revista incluir
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Estamos de olho
Inclusão profissional 62% das pessoas com deficiência enfrentam algum tipo de dificuldade no mercado de trabalho Por: Leticia Leite / Foto: Arquivo pessoal
E
ntrar no mercado de trabalho é algo
tentável' foi realizado com 4.319 pessoas com
deficiência. E em relação às empresas, ficou
de dedicar anos à capacitação com
no portal de carreira VAGAS.com.br.
não sabem muito bem quais ações as com-
que leva tempo e persistência, além
os estudos, escolher uma empresa que atenda
deficiência da base de currículos cadastrados "É um tipo de situação que ainda faz parte
às suas necessidades, no caso das pessoas
da realidade de muitas pessoas com deficiência.
complicada. Apesar da Lei de Cotas prever a
muita gente que não sabe respeitar o profissional
com deficiência, tem se tornado uma tarefa
contratação e inclusão deste grupo, muitas cor-
porações não estão cumprindo-a corretamente. Uma pesquisa inédita da VAGAS.com em
parceria com a Talento Incluir, empresa que
atua na inclusão de pessoas com deficiência na sociedade através do mercado de trabalho, revelou que 62% das pessoas com deficiência
evidenciado que as pessoas com deficiência panhias fazem a favor delas.
Camila Lima, de 30 anos, levou um tiro
Apesar da Lei de Cotas completar 25 anos, tem
aos 12 anos na cidade do Rio de Janeiro
com deficiência. E isto está refletido em nossa
mente, após muita fisioterapia, a agente
pesquisa, infelizmente. Nós esperamos que esse
estudo possa contribuir para o entendimento
das principais questões que afetam a inclusão de
pessoas com deficiência nas empresas e servir
como inspiração para a criação de soluções para elas", diz Mario Kaphan, sócio-fundador
(RJ), o que a deixou tetraplégica. Atualexecutiva que atua em um órgão público conquistou o movimento dos braços e
garantiu maior independência, entretanto, ela ainda encontra obstáculos para a inclu-
são profissional na empresa onde trabalha. O prédio possui 34 andares e, para
da VAGAS.com.
chegar até o auditório, que fica no último
falta de oportunidades para o perfil profissional
percepção desse público em relação aos
lances de escada, pois o elevador especial
no de carreira (38%) e falta de acessibilidade
58% dos respondentes, a área de RH não
enfrentam algum tipo de dificuldade para
trabalhar. Dentre as principais queixas estão a (66%), baixos salários (40%), ausência de pla(16%). O estudo denominado 'Inclusão Sus-
38
revista incluir
O levantamento também apontou a
profissionais de Recursos Humanos. Para
está preparada para contratar pessoas com
andar, as pessoas devem subir alguns que faz uma baldeação no meio do edifício
está desativado há mais de um ano, im-
possibilitando que os cadeirantes tenham
O que fazer nesses casos? De acordo com Carolina Ignarra,
sócia consultora da Talento Incluir, o colaborador não deve temer de punições ou desligamento por apontar
alguma irregularidade desta natureza na empresa e deve buscar a pessoa e departamento corretos para fazer a queixa:
“As empresas devem ter uma
equipe de Recursos Humanos preparada para ouvir e solucionar os problemas dos funcionários. Entretanto,
o colaborador deve ser cauteloso ao apontar os problemas, deve relatar
os fatos de forma profissional, trazer evidências e deixar de lado qualquer
aspecto emocional, pois não é o ideal
para o ambiente corporativo”, afirma.
Qual o papel das empresas? Ainda de acordo com Carolina,
as empresas que passam por estas situações devem entender que
contratar pessoas com deficiência é apenas uma parte da inclusão, que outras questões muito importantes devem ser solucionadas para que a
Camila Lima
acesso ao ambiente. Segundo Camila, a
sem os eventos para outro lugar que eu
reduzido o elevador não possui contrato
várias vezes com a superintendência, mas
empresa diz que devido ao orçamento
de manutenção, e que serão multados caso o ativem sem esta licença.
“No geral o ambiente é acessível para
pessoas com deficiência, mas há este
problema com o elevador que dá acesso
ao auditório. Já pedi para que remanejas-
tenha acesso, mas recusaram. Reclamei até agora nada foi feito. Eles fazem uma
propaganda enorme de inclusão na em-
presa, mas tudo fica só no papel, porque as pessoas com deficiência não conseguem
participar dos eventos, e eles sabem que estão infringindo a lei”, diz.
responsabilidade da empresa seja cumprida.
“O papel da empresa é formar in-
ternamente todas as áreas, incluindo
a capacitação do RH; definir metas
para a inclusão; agir para desenvolver um plano de carreira para este grupo
e contratar número expressivo de pessoas com deficiência,” finaliza.
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Vale saber
Cachorro é o melhor amigo do homem Conheça o projeto que aborda e incentiva o recurso de cães de assistência Por: Marina Sobrinho | Fotos: Sindicato dos Comerciários de São Paulo
C
ães de assistência são recursos de
comércio, transportes e hospitais.
para pessoas com deficiência,
Andrade, que é socializadora de cães de
que haja debates para esclarecer os mitos,
Diversitas, onde trabalha, desenvolveu o
Tecnologia Assistiva, fundamentais
principalmente visual, por isso, é necessário compreender a função desses cães e a importância de estarem presentes no cotidiano das pessoas.
Esse recurso colabora para eliminar situações
de exclusão para usuários nos diferentes espaços de uso coletivo. Como empresas, escolas,
40
revista incluir
“Ser socializador exige muito comprome-
Pensando nisso, nossa colunista Renata
timento e responsabilidade. Temos muitas
assistência, em parceria com a empresa
cadas, como por exemplo, a resistência das
projeto ‘Dog Day’ em 2015, que tem por
objetivo sensibilizar e levar conhecimento
questões culturais que precisam ser modifiempresa com o trabalho dos socializadores”, comenta Renata.
O tema deficiência ainda é assunto deli-
de qualidade através de eventos que ofe-
cado e constrangedor para algumas pessoas,
divulgação das necessidades dos usuários e
o diálogo com o usuário ou socializador, e
recem interação com cães de assistência e das famílias socializadoras.
e a presença do cão de assistência favorece possibilita trocas que geralmente são difíceis
de serem desencadeadas.
As ações acontecem de maneira pública
No Dog Day, as pessoas podem interagir
e privada, em três atividades simultâneas
além de aprender muito sobre a história,
atender a diversidade de interesses e de
com estes cães super treinados, leais e afáveis, formação e rotina deles.
Por meio de diferentes atividades o proje-
to também divulga e apoia instituições sérias que doam cães treinados para pessoas com deficiência visual.
A equipe técnica desse projeto é formada
por pedagogos, artistas plásticos, técnico em
O&M, especialista em tecnologia assistiva, treinadores, instrutores, usuários e socializadores de cães de assistência.
Parte da renda das ações privada é inves-
tida no próprio evento, e o restante do valor é revertido para ações gratuitas como escolas públicas e projetos como o ‘Dog Night’ em bares, teatros e cinemas.
em diferentes formatos e linguagens para aprendizagem, que são:
Hora do Break: Espaço para interação com os cães e esclarecer dúvidas sobre treinos e a
convivência com os usuários e socializadores; Blind Trust: Exercícios em uma rota segura em que os participantes experimentam
a sensação de serem guiados por cães. E também debate sobre o tema;
Dog Toy: Oficina de arte, onde crianças e
suas famílias podem customizar moldes exclusivos para cães de assistência, e também envolve apoio para pessoas com deficiência e intérprete de Libras.
revista incluir
41
Coluna
Conviver com as diferenças faz bem para todos Por: Leonardo Gontijo | Foto: Divulgação
Apesar de todo o aparato Legal (publi-
fessores; falta de infraestrutura; falta de garantia
após o nascimento do meu irmão, ainda
pudessem maltratá-lo e a impossibilidade de
cação da Lei Brasileira de Inclusão) e 26 anos nos deparamos com escolas que negam a
matrícula para pessoas com Down. Uma das principais bandeiras do instituto é a luta por uma escola realmente inclusiva.
A seguir relato como se deu o processo
com meu irmão e alguns ensinamentos que devemos seguir: Após 17 negativas, e muita frustração, meus pais conseguiram uma escola
que recebesse o Dudu. A primeira escola dele foi a ‘Criatividade’, que fica próxima à nossa
de resultados; receio de que os demais alunos
aprender.
ter alguém específico para controlar a situação;
não conhecermos o indivíduo que existe por
inclusive de laudo médico para conhecer as
não a síndrome de Down. As pessoas com Down
a necessidade de inúmeros testes e exames, condições da saúde da criança, bem como de laudo psicológico para avaliar a capacidade de
convivência dele com as demais crianças; ele teria que chegar mais tarde e sair mais cedo para que outros pais não o vissem na escola; e pressão dos pais dos ditos ‘alunos típicos’.
Infelizmente, nem todas as escolas tentam
casa, em Belo Horizonte (MG). Segundo meus
suprir o despreparo e acabam violando um di-
carinho e sem discriminação.
positivo para as condições de aprendizagem, o
pais, foi a única que aceitou recebê-lo com
Nessa época, eles viveram momentos de
muita tristeza, mesmo estando preparados
para as dificuldades de se conseguir uma vaga nas instituições ditas normais. Foram muitos os senões, as negativas, as desculpas,
as explicações. Foi, particularmente, difícil e
reito constitucional. É necessário ter um olhar
que ajuda a eliminar as barreiras e a compreen-
der os limites em vez de acentuar as diferenças.
Enumero abaixo dez coisas que as pessoas
vão aprender ao conviver com as pessoas com
para oferecer uma educação de ponta para
com um colega que tem dificuldades que ele
demonstração de que as instituições e, em
3) A comunicação vai muito além do falar.
as diferenças. O colégio que meu pai escolheu
são vítimas;
o que acabou resultando em uma ação judicial
que não prosseguiu porque meu pai desistiu. Era muito sacrifício e frustração para continuar. A desinformação é patente e as desculpas
variadas. No caso da rejeição ao Dudu, as principais explicações foram: falta de preparo dos pro-
42
revista incluir
cada recusa de escolas e professores que alegam
que não estão preparados fazem pensar que a
escola não está preparada para funcionar, pois esquece que educar é antes de tudo humanizar.
Se não está preparada para educar um aluno com Down, não está preparada para educar nenhum aluno, pois todos são seres humanos, logo passíveis de serem educados.
Portanto, a conclusão a que podemos chegar
é: ‘UMA ESCOLA ONDE NINGUÉM É DEIXADO DE FORA NOS ENSINA A VIVER EM UMA SOCIEDADE ONDE NINGUÉM É DEIXADO DE FORA’.
não possui;
Ela é feita de gestos, olhares e silêncios;
para seus três primeiros filhos rejeitou o Dudu,
têm habilidades e dificuldades como todos nós. A
2) A se colocar no lugar do outro ao conviver
última instância, a sociedade de um modo
geral, estão despreparadas para conviver com
trás de sua condição. Se educa um ser humano e
1) Aceitar melhor as diferenças e se tornar
uma pessoa menos preconceituosa;
os três filhos, foi um balde de água fria, uma
Não podemos educar ninguém enquanto
Down (adaptado da autora Sohar Dahini):
triste receber o não de uma escola tradicional de Minas. Para o meu pai, que se sacrificou
10) Que todo ser humano pode ensinar e
4) Vai aprender que pessoas com Down não 5) A vida vale a pena apesar das dificuldades;
6) A importância do cuidado e de ajudar
ao próximo;
7) A ser flexível e ver que não existe apenas
uma maneira de realizar as coisas;
8) A lidar melhor com suas limitações; 9) A dar valor a pequenas conquistas;
MANO DOWN
www.manodown.org.br
revista revistaincluir incluir
4 9 43
Educação
DISCALCULIA Família, médicos e professores devem atuar em conjunto para identificar as dificuldades da criança em relação aos números e praticar atividades específicas para cada diagnóstico Por: Letícia Leite | Foto: Danielly Stefanie Oliveira
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revista incluir
A
discalculia é um distúrbio do
Quais são as causas?
as competências aritméticas se
Cavalcanti Ribeiro, este transtorno apresenta
criança com discalculia estão o baixo rendimento
abaixo da esperada para a idade cronológica. É
recentes que utilizam técnicas de neuroimagem
escolares, que se tornam evidentes para os pais
neuro-desenvolvimento onde
encontram significativamente comprometidas, considerada uma perturbação da aprendizagem
específica com déficit na matemática, caracteriza-
da por uma significativa dificuldade no conceito
Segundo a neuropediatra Marcela Guimarães
uma predisposição familiar e genética. Exames demonstram alterações cerebrais funcionais em áreas específicas.
o ingresso na faculdade ou no mercado de traba-
lho. Algumas delas desenvolvem sintomas psi-
cológicos como ansiedade, distúrbios de humor, baixa autoestima, baixo limiar para frustrações,
irritabilidade e agressividade. No ensino médio,
estas dificuldades podem causar desmotivação e limitar o aluno na escolha profissional.
cerebrais, sequelas de eventos traumáticos e infecciosos que acometem o cérebro no período do desenvolvimento”, afirma.
ler números multidígitos e memória fraca para fatos numéricos básicos. Dentre os sinais menos
evidentes estão a incoordenação motora, dis-
praxia construtiva, falta de orientação espacial, desorientação direita-esquerda e agnosia para dedos, por exemplo”, explica a neuropediatra.
encontrados em crianças com discalculia. O
Diagnóstico
não verbais, como organização visuoespacial,
valcanti Ribeiro, a suspeita do distúrbio geralmen-
apresenta prejuízos na memória operacional ver-
vida escolar. Os pais devem buscar profissionais
Existem dois padrões neuropsicológicos
primeiro envolve disfunções em habilidades
psicomotoras e percepção tátil. Já o outro padrão
tipos de discalculia, que estão relacionados às dificuldades encontradas em cada indivíduo:
• Léxica: dificuldade na leitura de Apenas um terço das crianças apresentam discalculia como transtorno isolado. A maioria se apresenta associada a condições como dislexia, TDAH e distúrbios no desenvolvimento da linguagem.
inabilidade para efetuar somas simples e para
Classificações
bal associado à dislexia. Além disso, há diferentes
Vale saber!
“Os sinais encontrados com mais frequência
reconhecer sinais operacionais, dificuldade para
do raciocínio lógico-matemático.
tivas, de incompetência, desde a fase escolar até
e professores.
a patologias diversas como deficiência mental, epilepsias, síndromes genéticas, malformações
crianças à medida que passa percepções nega-
e a dificuldade de acompanhar as exigências
são erros na formação de números (invertidos),
do número, na memorização de fatos aritméticos,
Este transtorno pode interferir na vida das
Dentre as principais características de uma
“A dificuldade em matemática também pode
ter causas neurológicas secundárias associadas
na fluência e precisão do cálculo e na precisão
Quais são os sinais?
símbolos matemáticos;
• Verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos;
• Gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos;
Ainda de acordo com Marcela Guimarães Ca-
te ocorre na escola, pela professora, no início da habilitados na área dos transtornos específicos da aprendizagem e o diagnóstico deve contar
com auxílio multidisciplinar de psicólogos, neu-
ropsicólogos, pedagogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos.
Testes padronizados para as áreas de habili-
dades cognitivas e exames de processamento au-
xiliam a equipe, entretanto, ainda não há exames
específicos para o diagnóstico. A neuroimagem é
utilizada em pesquisas, mas ainda não é acessível na prática, portanto, os critérios diagnósticos são clínicos e bem delimitados.
• Operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos;
• Practognóstica: dificuldade na
enumeração, manipulação e comparação de objetos reais ou em imagens;
• Ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no entendimento de conceitos matemáticos.
revista incluir
45
Educação Panorama nas escolas
dos professores são rapidamente percebidos
elementares, habilidade sintática, produção de
a escola deve receber orientações para li-
autoestima e o aumento do desempenho do
tamanho, espaço, distância, hierarquia e as quatro
Quando uma criança possui discalculia,
dar com as individualidades do aluno e criar adaptações específicas para que ele possa acompanhar as aulas.
As escolas estão se adequando grada-
tivamente às necessidades específicas dos
transtornos de aprendizagem após a obri-
gatoriedade da inclusão escolar, prevista na Lei 13.146, que visa garantir um ambiente acessível para alunos com limitações para
pela equipe pedagógica devido à melhora da aluno. Acredito que as dificuldades que ainda
ocorrem são referentes à falta de informação sobre o tema. Na minha experiência, as escolas
cer as dificuldades de percepção visuoespacial, é
seja parceira da escola durante o processo de aprendizado.”
um acompanhamento com profissionais que
devem ser instituídas rapidamente.
sões devem ser semanais e exercitar as habili-
Quando o aluno não sabe os fatos
superar as etapas anteriores. Além disso, para vennecessário se utilizar de figuras, formas, detalhes,
semelhanças, tamanho, espessura, largura e só a partir da experimentação concreta partir para números, letra e figuras geométricas.
(o neuropsicólogo, por exemplo), os laudos
Discalculia verbal
Segundo a neuropediatra, a criança só traba-
logo produtivo, que faz com que a família
Tratamento
“Os efeitos positivos de uma boa atuação
significativas.
lhará com fatos aritméticos mentalmente após
criar um ambiente colaborativo, com diá-
a confirmação do diagnóstico por um mé-
documentam a necessidade de medidas que
operações, que são experiências não verbais
estão se adaptando aos poucos, é importante
um desempenho escolar satisfatório. Após
dico e por outro profissional especializado
novos números, noções de quantidade, ordem,
“Se o aluno apresentar comorbidade e TDAH,
As crianças devem ser encaminhadas para
o neuropediatra deverá instituir tratamento es-
tenham experiência com a discalculia. As ses-
psicológicas também merecem ser abordadas
dades específicas, como noções de números
Discalculia de procedimento Quando o aluno não sabe como
pecífico para tal condição. As comorbidades
precocemente e a família deverá ser orientada quanto à organização da rotina da criança”, diz.
Discalculia semântica Quando o aluno não tem noção do que é maior e menor, longe e perto
aritméticos e tabuadas, por exemplo.
fazer a conta.
• Distinção entre recitar palavras nu-
• Eliminar situações de ansiedade em
méricas e contar;
classe permitindo tempo extra para
• Reforçar os padrões de habilidades
• Ordem e sequência dos números
tarefas e avaliações. Evitar exercícios
básicas organizando objetos por ta-
cardinais e ordinais, dias da semana,
de fluência;
manho e formas;
meses e estações do ano entre outras;
• Falar em voz alta e reagrupar todas
• Estimular o aluno a explicar sua
• Contar para trás, auxiliando a de-
as estratégias;
estratégia durante a resolução do
senvolver a habilidade de memória
• Uso de papel quadriculado para
problema para expandir suas ações
automática;
alinhar contas;
de resolução;
• Desenvolvimento da estratégia de
• Brincar com matemática para ensi-
• Ensinar habilidades estimativas para
contagem em base decimal pela qual a
nar fatos básicos;
permitir previsão da resposta;
criança pode realizar tarefas de adição
• Anexar tabuada na carteira e per-
• Estimular o aluno a escrever uma
e subtração;
mitir manipulação durante resolução
sentença matemática a partir de uma
• Reforço da linguagem matemática
de problemas;
sentença verbal;
ensinando palavras quantitativas, tais
• Ensinar contar salteado para apren-
• Construir respostas incorretas para
como mais, menos, igual, soma, juntos
der fatos de multiplicar.
os problemas auxiliando o aluno a
e plausibilidade da resposta.
e diferentes.
discriminar a correta da incorreta; • Incorporar dinheiro e estratégias de medida para adicionar relevância.
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revista incluir
revista incluir
47
Coluna
Os Benefícios da Equoterapia na Deficiência Intelectual Por: Eliane Cristina Baatsch* | Foto: Augusto Moraes
V
isando a busca de concepções
tervenções terapêuticas ou atendimentos
reabilitação no contexto biopsicos-
contribuição no processo de aprendizagem
para o auxílio da habilitação ou
social e cognitivo da deficiência intelectual,
a equoterapia tem apresentado resultados positivos através de estudos de casos diagnosticados de deficiência intelectual associa-
da às síndromes e outras deficiências (ANDE-BRASIL-2011).
educacionais especializados, mas tem a sua
da pessoa com deficiência intelectual, além de ser uma terapia prazerosa.
O praticante estabelece um vínculo, re-
lação de amizade, confiança e reciprocidade com o seu cavalo.
Entre muitos objetivos conseguimos al-
Deficiência intelectual é caracterizada
cançar melhoras na interação, socialização,
no cérebro humano, relacionados a um bai-
ção temporal, noção espacial, diminuição
num conjunto de problemas que ocorrem xo rendimento cognitivo, muitas vezes sem afetar outras regiões ou funções cerebrais por um funcionamento. (COELHO&JOSÉ-1999)
Quando envolve o diagnóstico de de-
ficiência intelectual ou associação, é breve se pensar nas intervenções direcionadas
comunicação, organização, memória, noda ansiedade, coordenação motora global,
aprendizagens, relações, símbolos, signos, linguagem e autonomia entre outros obje-
tivos associados na melhora da qualidade de vida e interdisciplinares.
Na maioria das vezes o retorno vem das
na alfabetização ou aprendizagens, mas na
instituições que o praticante frequenta como
fato auxiliam no processo de aprendizagem
terapias. Os processos de avaliações são
equoterapia os objetivos são amplos e de num contexto global.
A equoterapia também é um recurso con-
família, escola, ambientes sociais e demais qualitativos.
comitante as áreas educacionais, terapêuticas
Referências: Associação Nacional de Equoterapia.
inclusão escolar e social do praticante.
-BRASIL, Agosto 2011
e institucionais que somam no processo de O cavalo não substitui a sala de aula na
alfabetização e muito menos as outras in-
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revista incluir
Apostila do Curso Básico de Equoterapia. Brasília: ANDECOELHO, M.T; José, E.A. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1999, p.232.
*Eliane Cristina Baatsch é equoterapeuta, coordenadora da Hípica Santa Terezinha, instrutora de equitação clássica, equitação para equoterapia e de volteio terapêutico. Pedagoga e psicopedagoga, especialista em deficiência múltipla
revista incluir
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Entrevista
Marinalva de Almeida
JoĂŁo Augusto de Oliveira
50
revista incluir
Ao término das Paralimpíadas, a atleta conta em entrevista exclusiva os seus planos para o futuro e alguns fatos da sua vida pessoal que contribuíram para que ela se tornasse a mulher que é hoje Por: Letícia Leite
N
atural do Paraná, da cidade de Santa
uma dos 288 atletas dos Jogos Paralímpicos
deixou sua terra natal bem cedo,
seu parceiro Bruno Landgraf conquistaram
Isabel do Ivaí, Marinalva de Almeida
aos cinco anos. A filha caçula de seis irmãos
mudou-se para o Mato Grosso do Sul, lugar onde sua vida mudaria completamente. Após
pegar a moto de seu cunhado para dar uma volta, aos 15 anos, Marinalva sofreu um acidente
que levou à amputação de sua perna esquerda. O que ela não sabia era que esta ampu-
tação a levaria a um destino brilhante, como
Rio 2016, na categoria de vela. Marinalva e
a 8ª colação, elevando o patamar do Brasil no ranking da modalidade. Atualmente,
aos 39 anos, Marinalva é mãe de três filhos, reside em Niterói (RJ) e divide suas ativi-
dades esportivas com a rotina materna, sem abdicar dos seus hobbies e dos seus momentos como mulher.
Confira a seguir a entrevista!
revista incluir
51
Entrevista
Como foi se ver amputada aos 15 anos? Todas as pessoas, independente da idade,
têm os seus sonhos e quando sofri o acidente foi muito difícil. Apesar do apoio e otimismo da minha família e dos meus amigos, nin-
guém sabia lidar com esta situação, principalmente eu, ninguém está preparado para lidar
com uma deficiência. Além de tudo a gente
é pobre, e é complicado para uma pessoa que não tem uma condição financeira estru-
turada bancar os remédios e tratar a questão psicológica que é muito importante. Naquele
momento surgiram vários questionamentos do tipo ‘será que ela vai conseguir construir uma vida?’, tudo isso também passava pela minha cabeça.
Por ter sofrido o acidente ainda na ado-
lescência, como foi o processo de conquista da sua liberdade e independência?
Minha mãe era muito preocupada, mas
por mais que ela quisesse me proteger não
ficou me prendendo, primeiro porque ela não ia conseguir, e segundo porque eu estava me
redescobrindo. Quando eu queria sair com
os meus amigos, por exemplo, ela deixava eu ir. Minha mãe tem um sentimento muito
forte que a ajuda perceber o outro, ela via que eu estava lutando, querendo reconstruir a minha vida. Quando fui reaprender a andar
de bicicleta depois do acidente, por exemplo,
ela dizia: ‘você vai cair, vai se machucar”, mas mesmo se isso acontecesse eu queria aprender, e quando eu aprendi ela ficou muito
orgulhosa. Tive muito apoio das pessoas ao meu redor, e é gostoso ficar recebendo muita
atenção, com as pessoas fazendo tudo pra
você, seria muito fácil eu aceitar todo esse conforto e me acomodar, mas depois tudo isso torna-se difícil, pois você acaba sendo um
peso para as pessoas e você mesmo acaba
se sentindo mal com esta situação, então Divulgação
52
revista incluir
sempre procurei fazer tudo sozinha, mesmo que eu não conseguisse.
Bruno Ryfer Marinalva com seu filho Pedro Henrique
E como você reagiu em relação a sua
dou muito para que eu fosse a pessoa confiante
eu inclusive sofri violência doméstica. É muito
Eu estava muito bem antes do acidente, já
desejada e se olhar no espelho e se sentir bonita
vai acontecer com você, e quando acontece é
vaidade?
era vaidosa e meu corpo já estava praticamente formado como mulher, e após o ocorrido tive
alguns receios do tipo: ‘será que alguém vai querer ficar comigo?’, ‘será que vou conseguir me casar? Será que vou conquistar a pessoa que
eu quero pra mim?’. Uma coisa que sentimos
que sou hoje. Qualquer mulher quer se sentir
traz uma satisfação pessoal muito grande, mas para mim não é o mais importante, acredito que devemos cuidar do corpo e também da alma. Como construiu sua família?
Eu casei muito cedo, aos 16 anos. Conheci
quando adquirimos a deficiência é que somos
um rapaz que também era amputado e tivemos
Para estimular a minha vaidade passei a me ins-
seguiu os meus passos no esporte, é campeão
menos, e a vaidade é um processo demorado.
pirar em outras pessoas com deficiência. Certa
vez encontrei uma moça cadeirante que era estonteante, sempre maquiada, com as unhas feitas, e eu a admirava porque ela irradiava luz,
porque ela mesma se sentia muito bonita, e isso refletia de dentro para fora. Ser vaidosa me aju-
dois filhos, o Robert, que hoje tem 20 anos e Sul-Americano de remo, e o Pedro, que tem 15
anos e é dançarino. Com dez anos de casamento nos divorciamos. Achei que me relacionando com uma pessoa que tivesse o mesmo pro-
blema que eu seria mais difícil de dar errado, e estava enganada. Tivemos vários problemas e
triste falar sobre isso, você jamais pensa que doloroso, criou-se um círculo vicioso de desres-
peito e machismo comigo e com os meus filhos, e para eu me separar tive que praticamente
fugir, peguei os meus filhos, deixei todo o resto de lado e vim para São Paulo. Hoje já não me
dói e nem tenho rancor, mas é um assunto muito delicado da minha vida. Nós mulheres
que sofremos algum abuso deste tipo ficamos
totalmente desestruturadas, pensamos que
não vamos conseguir nos reestabelecer, mas tem muita gente boa no mundo e podemos
sim encontrar outra pessoa e ser feliz. Meus filhos sempre me apoiaram muito em todos os
âmbitos da minha vida, e assim, mesmo com
dificuldade, conseguimos nos reestabelecer na revista incluir
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Entrevista Fred Holfmam Marinalva e seu companheiro na vela Bruno Landgraf
cidade de Salto, interior de São Paulo. Voltei a
As competições foram difíceis porque nossos
mas me senti orgulhosa de ser brasileira, fiquei
de idade me levava para a escola na garupa da
último lugar no ranking da Paralimpíada passada,
ceber tantas pessoas em um país que tem tan-
estudar e a trabalhar, meu filho com dez anos bicicleta. Após alguns anos me casei novamente
e tive o meu terceiro filho, o Bento, de sete anos,
e apesar de ter me divorciado novamente temos um bom relacionamento como amigos, inclusive
ele cuidou do Bento durante toda esta fase de treinos para as Paralimpíadas.
Como foi participar da Paralimpíada no
Brasil?
Foi indescritível, senti muito frio na barriga.
A torcida brasileira me deu muita força, porque
eu saia da água esgotada e o pessoal queria tirar foto, mas isso não era ruim, pelo contrário, eu
conversava com as pessoas e aquilo me reenergizava, eu ficava mais feliz e o cansaço logo
passava, essa troca de energias foi muito positiva.
54
revista incluir
concorrentes são muito bons. Nós estávamos em
e eu e o Bruno Landgraf, meu parceiro na vela,
colaboramos para uma melhor classificação este ano. Ficamos em 8º lugar, a minha meta era 7º,
e era possível, mas tivemos alguns problemas. O Bruno estava com uma expectativa mais oti-
boquiaberta de como tudo foi maravilhoso. Re-
tos problemas de acessibilidade e violência me preocupava. Claro que houve alguns problemas, mas no geral foi de tirar o chapéu.
Você foi considerada por vários sites uma
mista que a minha, ele esperava o 5º lugar. Eu
das musas dos Jogos Paralímpicos, o que
começo saia errado, saia feio, e agora eu gostava
A primeira notícia que eu vi foi através
aprendi muito, nem pareço a mesma pessoa, no
acha disso?
de ver as minhas manobras, achava tudo lindo,
de uma amiga que me marcou em algo so-
competindo. A sensação que eu tenho agora
bola, nem imaginei que eu estivesse lá porque
pois comecei do zero e de repente estava ali que acabou é de missão cumprida, estou muito
feliz de ter participado e eu estou muito feliz por ter sido aqui. Isso trouxe tanta autoestima para
nós, porque não estamos em um momento de
festa, estamos passando por uma crise financeira,
bre os paratletas mais bonitos, e eu não dei
poxa, eu tenho quase 40 anos! Quando eu vi
que eu estava lá fiquei muito feliz e mandei o link para todo mundo! Não me acho sensual, sabemos que todos temos defeitos, eu tenho
manchas na pele, detesto as minhas mãos,
mas eu fico feliz por isso porque não sou mais
uma menininha, tenho três filhos e já passei
por um monte de coisas na vida. Para mim foi uma homenagem, é muito gratificante.
Você também faz alguns trabalhos como
modelo, pretende seguir nesta carreira?
Eu adoro fotos, já fiz algumas campanhas,
inclusive para uma loja de sapatos, e estou planejando mais três ensaios para breve. Nessas
horas eu me transformo, é o momento que você pode ser o que quiser, parece que é um personagem que eu incorporo e me dedico
inteiramente, coloco uma música para me sentir mais à vontade durante as fotos e me
entrego, é algo que eu realmente gosto muito de fazer. Sempre desejo passar uma imagem positiva da pessoa com deficiência através das
fotos, a imagem de força, de sonhos realizados
e de conquista. Eu encontro muitas pessoas
na rua e é muito importante que elas me vejam como uma pessoa com deficiência que se cuida, isso passa uma mensagem de que você
se respeita e se ama, e isso pode de alguma forma transformar as suas vidas. Penso nessa
troca, em ajudar as pessoas de alguma forma sem mesmo trocar uma palavra com elas. Quais são os planos para o futuro?
Em relação ao esporte, a vela não está dentre
as modalidades para os Jogos Paralímpicos de
Tóquio, então tenho que descobrir um outro esporte para participar, por enquanto estou pen-
sando em canoagem ou vôlei sentado. Vamos fazer alguns testes para avaliar a minha aptidão, porque eu quero estar em Tóquio e quero trazer
medalha, vou me dedicar e treinar, mas tenho
que ver para o que levo jeito. Os objetivos também são começar uma faculdade, fazer inglês,
alguma aula de música, provavelmente piano
porque sou apaixonada pelo instrumento, e reorganizar a família. Agora que acabaram os
treinos de vela na Baía de Guanabara no Rio de Janeiro, no começo do ano retorno para São Paulo e volto a morar com meus filhos.
revista incluir João Augusto de Oliveira
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Rio2016 Alegria do povo brasileiro e momento histórico para o paradesporto marcaram os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte
O
s Jogos Rio 2016 deixaram saudades em quem acompanhou
de perto cada uma das con-
quistas, em especial, de nossos atletas. Com
mais de 2 milhões de ingressos vendidos, o evento reuniu o que há de melhor no povo brasileiro.
Durante 12 dias, o Brasil viveu os melho-
res momentos de nossa história paradesportiva. A Cidade Maravilhosa recebeu de
braços abertos turistas vindos de diversas
partes do mundo, para acompanhar de perto a 15ª edição dos Jogos Paralímpicos,
maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência.
A equipe Incluir também esteve no Rio
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revista incluir
de Janeiro para acompanhar o evento e
nossas impressões sobre o que vimos você confere a seguir.
Além de uma cerimônia de abertura e
de encerramento incríveis, o evento reuniu no Rio de Janeiro milhares de turistas, que,
de um modo geral, elogiaram a organização do evento.
Grupo da Pestalozzi de Resende
leiros. “Acho maravilhoso ter a oportunidade
lidade em geral do Rio de Janeiro. “Estamos
que isso, o legado que esse evento mara-
povo brasileiro e também com a acessibilida-
permitir isso a nossos atendidos. Mas, mais vilhoso vai deixar para o povo brasileiro é inestimável. Ver pessoas de todas as idades Igor Giffon
Morador de Niterói (RJ), Igor Giffon, que
tem paraplegia, se disse motivado a praticar
esportes. “Ainda estou em fase de reabilitação, mas, assim que possível, pretendo
instalações da Vila dos Atletas e a acessibi-
de acompanhar isso de perto e também por
reunidas aqui para ver o esporte paralímpico é realmente especial”, completa.
Atletas do ciclismo de pista, as austra-
lianas Jessica Gallagher e Madison Janssen, que têm baixa visão, também elogiaram as
muito satisfeitas com a receptividade do de de um modo geral. Não tivemos nenhum problema desde que chegamos e as pessoas
são muito atenciosas por aqui”, garantem as meninas, que após conquistarem medalha de
bronze, aproveitaram os dias de folga para conhecerem alguns dos principais pontos turísticos da cidade.
começar a praticar alguma modalidade esportiva e, quem sabe, não chego a uma paralimpíada”, conta ele, que também elo-
giou a acessibilidade do Parque Olímpico da Barra, onde foram realizadas algumas disputas.
“O comitê organizador está de parabéns
porque está tudo muito acessível e é muito
importante ter essa liberdade para poder
acompanhar as provas sem nenhum tipo de barreira”, completa.
Responsável por uma excursão que le-
vou cerca de 15 pessoas da Pestalozzi de Resende, cidade do sul do estado do Rio,
Parque Olímpico, Kátia Alves destacou a importância do legado deixado para os brasi-
As atletas australianas Jessica Gallagher e Madison Janssen
revista incluir
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Rio 2016
Corcovado acessível para cadeirantes Pessoas com deficiência física podem chegar ao tão famoso monumento do Cristo Redentor Por: Letícia Leite / Fotos: Bianca Ponte
A
visita ao Morro do Corcovado é um
dos passeios obrigatórios para quem visita o Rio de Janeiro. Ícone da Ci-
dade Maravilhosa, ele abriga a estátua do Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo moderno, que possui 38 metros e foi inaugurada
em 1931. O acesso até o topo do morro pode ser feito por estrada, em veículo próprio ou em vans de excursão, ou através do Trem do Corcovado.
Patrícia Côrtes é cadeirante, possui paraple-
gia e esteve pela primeira vez no Corcovado em
2011, entretanto, desejava voltar ao local para uma segunda experiência. “A minha primeira visita não foi tão legal porque não conseguimos
acessível para
cadeirantes. Ao chegar
à estação no pé do morro,
Patrícia foi conduzida por um colaborador da empresa
administradora até o vagão.
Uma rampa de acesso móvel é
colocada sobre o vão entre o trem e a plataforma e dentro do vagão há um espaço reservado para que o visitante faça todo o trajeto em sua própria cadeira de rodas.
Ao desembarcar, a jornalista
embarcar nas vans e me informaram que o tren-
de 24 anos foi recebida mais uma
caminho de carro e não foi tão bom, pois o trajeto
conduziu por uma rampa até
zinho não era acessível. Assim, acabei fazendo o
era reduzido e não pude apreciar muito a vista.”
Atualmente, o Trem do Corcovado é
58
revista incluir
vez por um colaborador que a os elevadores de acesso, que também eram adaptados, e
que o faria novamente em um dia ensolarado,
como estava nesta sua segunda visita, e apontou outras percepções sobre o passeio. “Achei que no começo faltou um pouco de informação
até descobrir o que tínhamos que fazer para
subir o morro, e se a minha cadeira fosse um pouco maior talvez não coubesse no trem. Mas
no geral a acessibilidade foi boa, as escadas
rolantes, os elevadores... Achei bem simpática a condução dos colaboradores. Além disso, o
banheiro também é acessível, só não é possível alcançar o secador de mãos”, finaliza. nas escadas rolantes que davam acesso ao monumento do Cristo Redentor. Apesar da grande
quantidade de pessoas em volta do monumento,
Patrícia conseguiu se locomover com a cadeira
de rodas em seu entorno e deitou nos colchões disponibilizados para fotografar a estátua. Apenas um ponto do mirante não é acessível para cadeirantes, pois possui uma escadaria.
Patrícia possui certa facilidade para se
levantar da cadeira de rodas e afirma que isso contribuiu para que ela apreciasse a
paisagem. “A mureta que dá para a vista é muito alta, é necessário um espaço onde
ela seja mais baixa para que os cadeirantes consigam ver melhor."
Apesar de acreditar que o passeio é um pou-
co complicado para um cadeirante fazer sozinho,
devido ao difícil acesso ao local, Patrícia afirma
revista incluir
59
Rio 2016
Museu do Amanhã para cegos Testamos a acessibilidade de uma das novas atrações do Rio de Janeiro Por: Letícia Leite / Fotos: Bianca Ponte
uma experiência rica em detalhes, o Museu do
dos bichos e do mar, tentei retratar tudo em cima
uma educadora para acompanhá-la durante
aquilo que queria ser passado para as pessoas,
Amanhã, mediante agendamento, disponibilizou
toda a visita, além de explicar sobre as atrações,
a educadora descrevia os ambientes pelos quais passavam.
O
internacionais e repleto de tecnolo-
gias que garantem uma experiência multissensorial para o público. A visita é baseada em uma narrativa sobre como poderemos viver e moldar
os próximos 50 anos, e a exposição principal é
cheia de questionamentos sobre a era atual de grandes mudanças. ‘De onde viemos?’, ‘Quem
as três dimensões da existência: Matéria, Vida
com as maquetes táteis. A primeira era uma
reprodução da Praça Mauá e arredores, já a segunda, era o Museu do Amanhã em tamanho
reduzido, onde podia ser analisado o seu interior, e assim, já ter uma dimensão do que viria pela frente durante a visita. Ambas podiam ser tocadas por todo o público, e em particular pelas
pessoas com deficiência visual, que contam ainda com legendas em braile, indicando qual ponto estavam tocando.
Em seguida, na parte denominada Cosmos
a experiência é audiovisual. Uma espécie de
Levamos a fisioterapeuta e telefonista Ela-
da natureza e do homem. O vídeo é narrado,
ne Malaquias, que tem deficiência visual, para
conhecer o museu. “Sempre tive vontade de visitá-lo, mas eu e meus amigos, também deficientes visuais, ficávamos receosos do local não ter acessibilidade para nós.” Para proporcionar
60
revista incluir
Continuando a visita, há o ambiente Terra,
adaptado, com portas largas, sonorização e braile.
somos?’, ‘Onde estamos? ‘,’Para onde vamos?’ e ‘Como queremos ir?’.
incluída”, diz Elane.
constituído por três cubos de sete metros de
A primeira experiência de Elane no museu foi
ciências diferenciado, com padrões
não me senti excluída, pelo contrário, me senti
Logo na entrada já há itens de acessibilida-
de, como piso podotátil, rampas e um elevador
Museu do Amanhã é um museu de
dos sentidos. Consegui interpretar exatamente
cinema, onde passa um filme sobre a origem
o que facilita a interpretação de pessoas com deficiência visual.
“Nesta atração nós viajamos sem sair do chão,
com a narração dei asas à minha imaginação, seguida pelos movimentos do som, pelo barulho
altura que abrigam conteúdos que investigam e Pensamento. Todos eles são multissensoriais e dentro de cada um há uma experiência
surpreendente. O primeiro é revestido na parte
externa com imagens da natureza em várias partes do mundo e emite o som do planeta Terra. Já o segundo é composto por diversas
letras que são iluminadas sequencialmente e formam palavras referentes ao tema Vida, o som que este cubo emite é o do coração. O
Como chegar?
Para chegar ao museu, Elane utilizou o Veícu-
lo Leve sobre Trilhos (VLT), também inaugurado
recentemente no Rio de Janeiro. Há uma estação na Praça Mauá, próxima ao museu.
“Estava apreensiva, pois nunca tinha feito esse
terceiro, o Cubo do Pensamento, emite o som
do cérebro, dos neurônios em conexão, e aborda os sentimentos e ações dos seres humanos baseados na imaginação.
Seguindo a exposição, a área Antropoceno
retrata como a atividade humana modifica o
planeta. Uma maquete tátil traz conteúdos sobre
o espaço e a migração humana, há algumas in-
formações disponibilizadas em braile e também gráficos em 3D que auxiliam as pessoas com
percurso, mas em todas as estações do VLT há
um funcionário para me receber e me conduzir
até o vagão, e esta mesma pessoa já comunica
a estação em que vamos descer para que um funcionário nos receba lá. Também há alertas
sobre os fechamentos das portas e uma grava-
ção que nos avisa em qual estação estamos. Ao
desembarcar, somos conduzidos até a direção
em que iremos seguir, o percurso foi muito bom”, conclui.
deficiência visual a compreenderem os dados. O penúltimo espaço da exposição é o Amanhãs, que trás uma reflexão sobre a tecnologia e as
tendências globais através de um teste reali-
zado em monitores. Elane pôde fazê-lo com a intermediação da educadora. Finalizando a visita,
a ala Nós instiga o exercício da imaginação, o ambiente é revestido de madeira com espaçamentos, possibilitando o toque.
Elane aprovou a estrutura do museu e afir-
mou que faria o passeio novamente. “Foi uma ótima visita, achei tudo bem acessível. Consegui usar os demais sentidos de fato, como o tato e a
audição. Além da explicação da educadora, havia várias legendas em braile e gráficos em 3D, não senti falta de nada”, diz.
Segundo a gerente de Educação do Museu
do Amanhã, Melina Almada, o museu foi pensa-
do, inclusive arquitetonicamente, para atender às necessidades das pessoas com deficiência. “Temos um compromisso com a acessibilidade,
e especificamente para as pessoas cegas disponibilizamos, por exemplo, a audiodescrição do
vídeo do Cosmos de forma poética e a galeria das formas, que faz um desdobramento da exposição
principal e será conectada com um audioguia, o qual será liberado em breve para o público para
auxiliar no acompanhamento dos conteúdos da exposição.”
revista incluir
61
Rio 2016
Bondinho do Pão de Açúcar para surdos Como será a acessibilidade do bondinho mais famoso do Brasil para pessoas com deficiência auditiva? Nós te dizemos! Por: Letícia Leite / Fotos: Bianca Ponte
O
complexo turístico Pão de Açú-
ranças não sabiam Libras, e assim não con-
Alexandre o testou e, por ser um surdo ora-
do Pão de Açúcar, foi criado em
instruções, como que era necessário guardar
ções transmitidas sem dificuldades. Já em
car, conhecido como Bondinho
1912 com o intuito de contribuir para o divertimento dos visitantes do Rio de Janeiro com uma vista privilegiada para as belezas
seguiam me passar com precisão algumas os tickets que são utilizados durante todo o passeio, na ida e na volta”, diz.
Os visitantes embarcam em direção ao
da Cidade Maravilhosa.
Morro da Urca, o espaço engloba um anfitea-
morros e a atração é muito acessível para ca-
to, a Praça dos Bondes e o Cocoruto, espaço
O trajeto do bondinho é realizado em dois
deirantes, todos os acessos e principalmente o bondinho estão dentro dos padrões para
tro, o Espaço Baía de Guanabara, um heliponcultural que conta a história dos teleféricos.
Para auxiliar na compreensão das infor-
que as pessoas com deficiência física façam
mações e da paisagem há um aplicativo
pessoas com deficiência auditiva? Será que
disponível para os sistemas Android e IOS. Ao
uma visita tranquila e segura. Mas, e para as
elas conseguem fazer um passeio agradável e sem obstáculos na comunicação?
Convidamos o funcionário público Ale-
xandre Carlos da Silva, de 54 anos, para uma
visita e, ao chegar à bilheteria, ele, que é presidente da Federação Desportiva de Surdos
do Estado do Rio de Janeiro teve um pouco de dificuldade.
“Os colaboradores da bilheteria e os segu-
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revista incluir
interativo e gratuito, o Bondinho, que está apontar o celular para determinados pontos é possível visualizar diversas informações sobre
outros locais como a Praia de Copacabana
e a Baía de Guanabara. O passeio é guiado
pelo passarinho Tiê-sangue, espécie rara que virou mascote do Bondinho pela incidência recorrente nas matas do parque.
O aplicativo ainda não possui legenda em
Libras, mas possui legendas em português.
lizado, conseguiu compreender as informaum dos mirantes do Morro da Urca havia um monumento escrito Rio 2016, em Libras,
em homenagem aos Jogos Paralímpicos, contribuindo para a inclusão de surdos não oralizados.
Em seguida, o outro embarque é em di-
reção ao Morro do Pão de Açúcar, uma mon-
tanha despida de vegetação em sua quase
totalidade. É um bloco único de uma rocha
proveniente do granito, que sofreu alteração por pressão e temperatura e possui mais de
600 milhões de anos. Em sua área comum de visitação há alguns mirantes para apreciação
da paisagem, além de lojas e uma lanchonete com vista panorâmica.
Quando questionado sobre a sua visita
de uma forma geral, Alexandre afirmou: “O passeio é incrível, a vista é muito linda. Mas quanto à acessibilidade ela é mais dedicada aos cadeirantes e aos cegos, pois
disponibilizam muitas informações em braile. Já para os surdos não há muitas
opções, o ideal seria haver totens com
telas sensíveis ao toque ou algum pro-
grama para ser utilizado com tablets ou QR Codes que tivessem informações em
Libras para as pessoas com deficiência auditiva”, finaliza.
revista incluir
63
Rio 2016
Brasil supera recordes e comemora Com 72 medalhas, 93 atletas brasileiros fizeram as melhores marcas de suas vidas no Rio de Janeiro
E
Por: Julliana Reis | Ilustrações: Shutterstock
ntre as conquistas do Brasil nos
meta de terminar na quinta colocação geral
menos do que 93 brasileiros fizeram no Rio
destaque para nossa delegação,
çadas. Um dos grandes objetivos era aumentar
pós-Londres brilhou e 15 atletas (oito homens
Jogos Paralímpicos Rio 2016,
que superou marcas relevantes e quebrou recordes históricos no Rio de Janeiro.
Com 72 medalhas conquistadas: 14
ouros, 29 pratas e 29 bronzes (confira o quadro de medalhistas nesta edição), garantimos o maior número de pódios do
país em todas as edições das paralimpíadas, superando, em muito, a marca anterior de 47 medalhas, de Pequim, em 2008.
não era a única, e todas as outras foram alcan-
as melhores marcas de suas vidas. A geração
o número de medalhas no total e de moda-
e sete mulheres) com menos de 23 anos subiram ao pódio”, garante Andrew Parsons,
lidades no pódio. O desempenho dos atletas mostra que o trabalho foi bem feito. Nada
presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Modalidades de destaque O ATLETISMO foi, de longe, a modali-
Em comparação com os Jogos de Lon-
dade mais vencedora do Brasil nos Jogos
de medalhas é ainda mais expressivo: 67%.
ção do esporte foi impressionante. De
dres, 2012, o crescimento no número total Outro ponto que deve ser valorizado é
que ao mesmo tempo em que o atletismo realizou sua melhor campanha em todos os tempos e a natação igualou a melhor
Rio 2016. Foram 33 medalhas e a evolu-
Sydney, 2000, até esta edição dos Jogos,
as conquistas do atletismo praticamente quadruplicaram.
marca anterior no quesito número de pódios, as vitórias brasileiras não se limitaram
a estas modalidades. Pelo contrário, o Brasil esteve representado em pódios de nada
menos do que 13 esportes, quatro deles de forma inédita: canoagem, ciclismo, halterofilismo e vôlei sentado. Em Londres havia sido sete modalidades apenas.
“Estamos satisfeitos com a campanha nos
Jogos. Foram 72 medalhas conquistadas. Sob
esta ótica, foi a nossa melhor participação. A
64
revista incluir
Pela primeira vez em Jogos Paralím-
picos, o time da VELA disputou em três
classes e o melhor resultado ficou com a dupla da Skud18, Marinalva de Almei-
da (capa desta edição) e Bruno Landgraf,
que após 11 regatas conquistou a oitava colocação.
Na BOCHA o Brasil encerrou com duas
medalhas: um ouro nos pares BC3 e uma prata nos pares BC4.
Com 19 medalhas, a NATAÇÃO ficou cinco
pódios à frente dos Jogos de Londres. No Rio, as medalhas brasileiras foram conquistadas por
oito atletas diferentes em provas individuais, com destaque para Daniel Dias, que conquistou
A seleção brasileira de FUTEBOL DE 5
medalhas nas nove provas em que disputou.
fez história, com a conquista de sua quarta medalha paralímpica consecutiva.
Os atletas do TÊNIS DE MESA fizeram
uma participação histórica, com quatro No CICLISMO, Lauro Chaman foi o
pódios.
primeiro brasileiro a subir no pódio. Ele
conquistou duas medalhas: uma prata e um bronze.
Na CANOAGEM, Caio Ribeiro estreou com o pé di-
reito e conquistou a medalha de bronze na classe KL3.
As quadras da Arena Carioca
1 e da Arena Olímpica presencia-
ram os melhores resultados que as
equipes masculina e feminina do BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS já alcançaram.
O cavaleiro Sérgio Oliva voltou a co-
locar o Brasil no pódio no HIPISMO, com dois bronzes: um no Adestramento grau
Estreando em Paralimpíadas,
o TRIATLO teve como represen-
tantes Fernando Aranha, da classe PT1, que ficou na sétima colocação e Ana Raquel Lins, da PT4, que ficou no 11º lugar.
No FUTEBOL DE 7, a seleção brasileira
terminou com a medalha de bronze.
IA e outro no Estilo Livre grau IA.
No HALTEROFILISMO tivemos o
O Brasil conquistou sua primeira me-
dalha no VÔLEI SENTADO, com a equipe feminina, que ficou com o bronze.
No JUDÔ, nossa campanha foi
prateada. Ao todo, foram quatro medalhas, todas elas de prata.
primeiro brasileiro a alcançar o pódio
em Jogos Paralímpicos, com a medalha de prata na categoria até 88 kg.
Pela primeira vez o GOALBALL esteve
representado entre os quatro melhores
com as equipes masculina (bronze) e feminina (quarta colocada).
revista incluir
65
Rio 2016
Quadro de medalhistas (em ordem alfabética)
14 medalhas de ouro Futebol de 5
• Alessandro Silva (lançamento de
• Luan, Cassio, Damião, Jefinho,
• Claudiney Santos (lançamento de
e Vinicius
disco F11) disco F56)
Ricardinho,Tiago, Nonato, Felipe, Dumbo
• Daniel Martins (400 m T20 – WR)
Natação
• Ricardo Costa (salto em distância T11)
| 50 m costas S5 | 100 m livre S5)
• Petrúcio Ferreira (100 m T47 – WR)
• Silvania Costa (salto em distância T11)
• Shirlene Coelho (lançamento de dardo) Bocha
• Antonio Leme, Evani Calado e Evelyn
• Daniel Dias (200 m livre S5 | 50 m livre S5 • Daniel Silva, Diogo Ualisson, Felipe Gomes e Gustavo
Araújo (revezamento 4x100 m masculino T11-13)
Alaor Filho/MPIX/CPB
Vieira (pares BC3)
Washington Alves/MPIX/CPB
Atletismo
29 medalhas de prata Atletismo
• Rodrigo Parreira (salto em distância T36)
Bocha
T35)
F38)
Santos (pares BC4)
Alice Correa e Thalita Simplício (reveza-
Ciclismo
• Verônica Hipólito (100 m T138)
C4-C5)
Renato Cruz e Alan Fonteles (revezamento
Halterofilismo
• Fábio Bordignon (100 m T35 | 200 m • Felipe Gomes (100 m T11 | 200 m T11 | 400 m T11)
• Mateus Evangelista (salto em distância T36)
• Odair Santos (5000 m T11 | 1500 m T11)
• Petrúcio Ferreira (400 m T47)
66
revista incluir
• Shirlene Coelho (lançamento de disco • Terezinha Guilhermina, Lorena Spoladore, mento 4x100 m feminino T11-T13)
• Yohansson Nascimento, Petrúcio Ferreira, 4x100 m masculino T42-T47)
• Dirceu Pinto, Marcelo Santos, Eliseu
• Lauro Chaman (prova de resistência
• Evânio Rodrigues (categoria até 88 kg)
Judô
• Daniel Dias, Talisson Glock e Patrícia dos
• Antônio Tenório (categoria até 100 kg)
20 pontos)
• Lucia Teixeira (categoria até 57 kg)
• Wilians Araújo (categoria acima de 100 kg) Natação
• Andre Brasil (100 m livre S10)
• Carlos Farrenberg (50 m livre S13) • Daniel Dias (100 m peito SB4)
Santos (revezamento 4x50 m livre misto
Tênis de mesa
• Israel Stroh (classe 7)
• Daniel Dias, Andre Brasil, Ruiter Silva e
Cleber Mendes/MPIX/CPB
• Alana Maldonado (categoria até 70 kg)
Phelipe Rodrigues (revezamento 4x100 m livre masculino 34 pontos)
• Joana Neves (50 m livre S5)
• Phelipe Rodrigues (50 m livre S10)
• Susana Schnarndorf, Joana Neves, Clodoaldo Silva
29 medalhas de bronze Atletismo
Rocha, Hudson Januário, Wesley de Souza,
Tênis de mesa
• Edneusa Dorta (maratona T12)
Gilvano Diniz, Maycon de Almeida, Felipe
nildo Espíndola (equipe de tênis de mesa
• Daniel Mendes (200 m T11)
• Edson Pinheiro (100 m T38)
• Izabela Campos (arremesso de disco F11)
Wanderson de Oliveira, Leandro do Amaral, Rafael Gomes
• Lorena Spoladore (salto em distância
Goalball masculino
• Marivana Oliveira (arremesso de peso
Alexsander Celente, Leomon Moreno,
T11)
• José Roberto Oliveira, Alex de Melo,
• Aloísio Lima, Guilherme da Costa e Iramasculina classe 1-2)
• Bruna Alexandre (classe 10)
• Bruna Alexandre, Danielle Rauen e Jennyfer Parinos (classe 6-10)
Josemarcio Sousa e Romário Marques
Vôlei sentado feminino
• Teresinha de Jesus (100 m T47)
Hipismo
ria Dias, Adria da Silva, Pâmela Pereira,
• Verônica Hipólito (400 m T38)
grau IA)
• Rodrigo Parreira (100 m T36)
• Terezinha Guilhermina (400 m T11) • Yohansson do Nascimento (100 m T47) Canoagem
• Caio Ribeiro (KL3 200 m) Ciclismo
• Lauro Chaman (contrarrelógio C5) Futebol de 7
• Marcos dos Santos, Jonatas Machado, Fernandes Vieira, José Carlos Guimarães,
Diego Delgado, Fabrizio Nascimento, Igor
• Sérgio Oliva (individual grau B | estilo livre
Natação
• Paula Herts, Edwarda Dias, Gizela MaCamila de Castro, Nathalie Silva, Suellen Cristine Lima, Jani Batista, Janaina Cunha, Nurya Silva, Laiana Batista
• Andre Brasil (100 m borboleta S10)
Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB
F35)
• Daniel Dias (50 m borboleta S5) • Ítalo Pereira (100 m livre S7)
• Joana Neves (100 m livre S5)
• Matheus Rheine (400 m livre S11)
• Phelipe Rodrigues (100 m livre S10)
• Phelipe Rodrigues, Andre Brasil, Daniel Dias
e Ruan de Souza (revezamento 4x100 m medley masculino 34 pontos)
• Talisson Glock (200 m medley SM6)
revista incluir
67
Incluir cultural
Humor também é para todos Jornalista troca a redação pelos palcos e se destaca no stand up comedy Por: Marina Sobrinho| Fotos: Arquivo pessoal
D
esde 2000, a Lei nº 10.098 estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
da acessibilidade das pessoas com defici-
ência ou mobilidade reduzida. Entretanto, a realidade não condiz com a ementa dessa lei.
Em muitos lugares a falta de acessibili-
dade para pessoas com deficiência ainda
é precária, isso faz com que, essas pessoas façam suas próprias adaptações.
Algumas instituições da Secretária de
Cultura se preocupam em incluir acessibilidade em seus espaços culturais, ofe-
recendo exposições, espetáculos, acervos e apresentações entre outras ações inclusivas.
Além dos espaços, a deficiência vem
rompendo barreiras no esporte e na cultu-
ra. A comédia, por exemplo, recebe grandes humoristas, como Geraldo Magela, o ceguinho, e Jeferson Souza Farias, mais
conhecido como Jeffinho – ambos têm deficiência visual e são personagens do programa A Praça é Nossa, do SBT.
Outro humorista que vem ganhando
68
revista incluir
destaque é Paulo Henrique Fabião.
“O que me levou ao stand up foi a von-
tade de provar para o mundo, que a pes-
menos de um ano, encheu sua agenda se apresentando em bares da cidade.
Ele, que sempre contou com o apoio da
soa com deficiência é uma pessoa como
família, encontrou no humor sua realização
paralisia cerebral.
muito bem acolhido, foi na comédia. Porque,
qualquer outra”, conta Fabião, que tem Formado em jornalismo, ele não en-
controu no mercado muitas oportunidades
em sua área e resolveu trocar a redação
profissional. “Se tem um lugar que eu fui
querendo ou não, o tipo de humor que eu faço é diferente, é algo que ninguém faz”, diz.
Segundo ele, a paralisia não o limitou
pelos palcos e vem ganhando espaço com
no humor, pelo contrário, ajudou. “É como
A carreira na comédia é o que mantém
palhou para arrumar emprego, mas no
seu stand up.
atualmente Paulo Fabião, que começou a fazer shows em um bar na rua Augusta, na região central de São Paulo (SP), e em
eu sempre brinco, ser cadeirante me atracaso da comédia é um diferencial positivo, me destaco por fazer piada com a minha própria deficiência”, conclui.
revista incluir
69
Coluna
CÃES DE ASSISTÊNCIA NO BRASIL
C
Por: Renata Andrade e Felipe Cristiano*
ães de assistência são recursos de
um perfil, e esses perfis só podem ser ditos com-
em todos os locais frequentados por aproxima-
como cães-guia para pessoas cegas
já finalizou o treinamento básico. Só então, ele
para iniciar o treinamento. É considerado pelas
tecnologia assistiva que podem atuar
ou com baixa visão, como cães de serviço para
pessoas com deficiência física ou crianças com
autismo; alerta médico para pessoas com diabetes ou epilepsia e ouvintes para surdos.
Instituições de formação de cães de assistên-
patíveis quando o cão atinge a maturidade e estará apto à próxima etapa que é a formação das duplas. Assim, a fila de espera é guiada pelo comportamento do cão e não pela próxima pessoa da fila ou que tem condição de financiar tal custo.
O trabalho de formação de cães de assistên-
cia no Brasil são recentes e muitas não atendem
cia começa com a seleção genética, pois é preciso
de Cães-Guia e da Associação Internacional de
‘trabalho’. Treinar é diferente de adestrar. Adestra-
aos critérios mínimos da Federação Internacional
Cães de Assistência que regulam a formação de cães de assistência no mundo.
Atuar de acordo com os parâmetros destas
instituições internacionais é um dos critérios para
verificar a seriedade da instituição. Instituições confiáveis não vendem cães de assistência, por exemplo. Ou seja, o cão é entregue de forma
gratuita para o usuário, que arca com os custos
que os cães tenham predisposição para este
antes de o profissional ser reconhecido como tal. As instituições sérias acabam por entregar
menos cães, mas com mais qualidade que aqueles entregues em uma transação comercial.
Outro aspecto importante e desconhecido
permanência do cão de assistência em trabalho, em formação, com o treinador ou o socializador.
Apesar da legislação, os espaços de uso cole-
a comercialização desta ajuda técnica ou a for-
tivo têm barrado os cães em formação, mesmo
Pessoas que pagam por esta tecnologia correm
necessária. Essas dificuldades de acesso fazem
riscos de sofrer acidentes ou sérios danos por te-
rem cães adestrados e não treinados ou por estes cães não serem compatíveis com seus perfis.
Isso porque cada cão e cada usuário tem
70
revista incluir
tam as famílias socializadoras de forma respeitosa e como parte do projeto, incentivando o contato de usuários e socializadores e mantendo estes informados sobre o cão.
A sugestão para quem deseja ser socializador,
dedicadas a uma causa e não a um negócio.
acompanhado pelo usuário e também do cão
mação feita por profissionais não qualificados.
avaliados criteriosamente. Essas instituições tra-
específica e muita prática e experiência orientada,
de assistência, atividades que exigem graduação
formação e acompanhamento do cão. Essas Existe, atualmente, uma preocupação com
de formação dos cães de assistência e devem ser
usuário de cães de assistência ou patrocinador,
no Brasil é que a legislação garante a entrada e
despesas devem ser patrocinadas.
instituições sérias papel fundamental no processo
dores não são treinadores ou instrutores de cães
de alimentação, saúde e bem-estar do cão, após
recebê-lo, mas não com os custos de aquisição,
damente um ano, até que o cão esteja pronto
identificados e apresentando a documentação com que muitos socializadores desistam de aju-
dar as instituições. O socializador é um voluntário que acolhe o cão ainda filhote e é responsável por cuidar dele, educá-lo e ensiná-lo a se comportar
é buscar instituições sérias, que realmente são
Que não cobram dos usuários e se ocupam do
bem-estar do cão, dos socializadores e usuários e não do quanto podem ganhar com isso.
*Renata Andrade é especialista em Tecnologia Assistiva e coordenadora no Grupo de Diversidade e Inclusão da AAPSA. É socializadora voluntária na Bocalan e idealizadora do Dog Day, programa lúdico e informativo para conscientização sobre cães de assistência e temas relacionados à inclusão e deficiência Felipe Cristiano da Silva é usuário do cão-guia Thor. Membro da Organização do primeiro Encontro Nacional de Cães-Guia. Estuda Relações Internacionais na UNIVALE
N O S S O S MAIS DE:
1000 associados
eventos externos
reuniões técnicas
15
participação de mais de
1500 executivos decisores
100 90
N Ú M E R O S
grupos de debates e networking participação de mais de
mais de
2500
de pessoas cadastradas nos maillings
2milhões
1milhão
profissionais mais de
de postos de trabalho
Atenta ao cenário global desde a sua constituição, a Associação Paulista de RH e Gestores de Pessoas se tornou referência no debate de atualidades, tendências e inovações relacionadas à gestão corporativa e de pessoas. Anualmente, uma equipe de 80 experientes profissionais coordenam 15 Grupos de Debates e Networking, promovendo mais de 90 reuniões técnicas, que contam com a participação direta de mais de dois mil e quinhentos profissionais, criando um ambiente fértil para a troca de informações, boas práticas, conhecimentos, networkings e geração de negócios. Ao todo, a Associação contabiliza acima de mil associados, que empregam mais de dois milhões de pessoas e, no ano passado, promoveu mais de 100 eventos externos que atraíram a participação de mais de mil e quinhentos executivos decisores, gerando uma visualização de mais um milhão de pessoas cadastradas nos mailings da Associação.
Acesse saiba mais: www.aapsa.com.br
revista incluir
71
Projetos especiais
BIBLIOTECA PARQUE ESTADUAL TORNA-SE REFERÊNCIA EM ACESSIBILIDADE Espaço no Rio de Janeiro passou por uma reformulação e une arte, literatura e plataformas multimídias em prol de pessoas com deficiência Por: Leticia Leite |Fotos: Divulgação
D
iante dos grandes
vimento e Gestão (IDG), estimula
tecas tradicionais, os
à educação através de um espaço
acervos das biblio-
livros já não são os únicos itens
essenciais para estes ambientes, eles requerem outros recursos para
o acesso democrático à cultura e
pensado para atender às necessidades de toda a população.
“A Biblioteca Parque é um es-
agregar conhecimento ao público
paço plural, aberto para receber
pessoas com deficiência. A Biblio-
dos. Em um ambiente moderno e
e proporcionar acessibilidade às
teca Parque Estadual (BPE), espaço
da Secretaria de Estado de Cultura gerido pelo Instituto de Desenvol-
públicos de idades e perfis variaacolhedor, estimula os visitantes a experimentar diversas formas de
arte, como literatura, música, cine-
ma e teatro”, destaca Adriana Karla
estúdio completo para gravação,
Fundada em 1873, por Pedro
debates e oficinas. O público con-
Rodrigues, diretora do espaço.
II, e em seu atual prédio desde
1980, a BPE passou por mudanças
estruturais e foi reinaugurada em 2014, totalmente modernizada para oferecer aos mais de 1.200
visitantes diários uma experiência de integração entre a literatura e
para reuniões, teatro, café, auditó-
rio, laboratórios e ambientes para
estudo. O espaço possui banheiros adaptados, piso podotátil, rampas e elevadores acessíveis.
Além disso, há um ambiente
dedicado às pessoas com
mais de 200 mil itens, incluindo
Especiais, equipado com materiais
obras literárias, títulos técnicos, quadrinhos e cerca de 20 mil filmes entre outros. Possui espaço multimídia, biblioteca infantil, revista incluir
ta, ainda, com uma área externa
variadas manifestações culturais.
O ambiente reúne acervo com
72
além de locais para exposições,
deficiência, o Espaço Leitores
de auxílio à leitura para pessoas que não possuem os membros, impressora em alto-relevo, máquina
de aumento de visão, teclado com
alto-relevo e impressora em braile,
com uma equipe especializada para
com softwares e aplicativos de
“Tudo aqui é extremamente demo-
por exemplo. Também contam leitura e voz para sites, como o BrowseAloud e o Dosvox.
O acervo do espaço segue o
conceito de ampliação do aces-
so à leitura, com publicações em diversas plataformas como braile, audiolivros e livros digitais, para
atender pessoas com deficiência. crático e grátis para a população. Temos bibliotecárias especialistas em
acessibilidade, elas estudam Libras,
por exemplo, e trabalhamos com
programas de formação para remodelar o time de colaboradores.” Ainda há outras três unidades
pessoas com deficiências motoras,
da Biblioteca Parque no Rio de
da há as salas especiais, que são
da Biblioteca Parque Estadual: a
visuais, auditivas e cognitivas. Ain-
vedadas com o intuito de preser-
var o silêncio para pessoas com deficiência auditiva e também visual, que normalmente estão
acompanhadas por alguém que
os auxiliem no processo de leitura. Ainda segundo Adriana, a Bi-
blioteca Parque Estadual conta
Janeiro que seguem os moldes Biblioteca Parque de Manguinhos
(BPM), que também conta com estrutura para atender pessoas
com deficiência, o que inclui rampas, banheiros adaptados e
acervo em braile, a Biblioteca Parque Niterói (BPN) e a Biblioteca Parque da Rocinha C4 (BPR).
revista incluir
73
Coluna
Quando os bons se reconhecem Por: Elaine Lemos* | Fotos: Arquivo pessoal
le instante, a fé de que para mudar é preciso unir.
Geert me diz, após agradecer sua attitude:
“This is where my heart is” (Este é o lugar onde meu coração está).
Meu agradecimento em especial à Mônica
Ferreira de Amorim, que não mediu esforços e recursos para levar o filho e verem de perto
o maior evento esportivo do mundo para as
pessoas com deficiência. Mulher de coragem e determinação chegou numa cidade desco-
nhecida e fez acontecer. Minha eterna gratidão e admiração. Aos grandes campeões, torcida e patrocinadores também!
G
Grata por esse momento em minha vida!
Geovanne com o atleta Geert Schipper
eovanne Amorim é a primeira crian-
afinal a torcida era movida por gente do bem.
Você, idealizado pelo diretor esporti-
cerem constroem algo incrível e inesperado.
Paralimpíadas, Fernando Aranha. Com seis anos,
premiação. Geert Schipper sai do pódium para
ça a fazer parte do Projeto Inclusive
vo e atleta do triatlo que representou o Brasil nas ele tem histórias incríveis para contar, uma delas será sobre o Rio2016!
Ele e a mãe saíram de São Paulo levando na
bagagem, além da cadeira de rodas, determina-
ção e ingressos para o triatlo e natação. Usaram o
transporte público para conhecer alguns pontos
turísticos da Cidade Maravilhosa. No dia 10/9, chegaram cedo a Copacabana para a torcida organizada com direito a camiseta produzida pela Mestiça Propaganda e Outlet Premiun Rio.
Familiares e amigos unidos para vibrar amor
e boas energias, afinal, ele participar dos jogos já representa um vitória indescritível.
Prova emocionante! Fernando chegou em
sétimo lugar, reduziu seu tempo e ficamos felizes
com seu resultado. Essa história não acaba aqui,
74
revista incluir
Os bons se reconhecem e ao se reconhe-
Depois de tanto gritar, Geovanne acompanha a cumprimentar a torcida e encontra uma criança encantada com tudo o que estava acontecendo.
Olhos atentos e sorriso no rosto. Inesperadamen-
te, Geert ao tocar a mão dessa criança retira sua medalha e a coloca no pescoço do Geovanne,
em seguida pede para tirar uma foto, e entre tantas palavras desconhecidas para muitos de nós, fica claro que não era preciso traduzi-las.
*Eliane Lemos Ozores é psicóloga com
A atitude de Geert Schipper se alinha à atitu-
com deficiência pela Universidade São
Elas expressavam amor!
de de Fernando Aranha que, mesmo sem terem conversado sobre seus projetos pessoais, encontraram um elo importante por meio das mãos de uma criança que recebe como presente o
Tom prata (exemplar somente para medalhistas). As mãos de uma criança fortaleceram, naque-
especialização no atendimento da pessoa Paulo. Atua como consultora e palestrante em educação inclusiva. eliane@entrerodas.org www.entrerodas.org
www.facebook.com/entrerodasebatom @PsicoEliane
revista incluir
75
Vale saber
Inclusão cultural:
Maquetes táteis Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação
E
m uma visita aos museus e exposi-
ções, já imaginou como as pessoas com deficiência visual conseguem
apreciar as obras de arte, como as pinturas em
tela? No caso dos surdocegos torna-se ainda
mais complexo, pois além de não conseguirem
analisar visualmente as obras, não é possível ouvir a descrição do objeto.
Pensando nisso, Dayse Tarricone, especia-
lista em artes plásticas, comunicação visual e arquitetura, criou um projeto há 20 anos que revolucionou a experiência de apreciar a arte para pessoas com deficiência. A designer desenvolveu
maquetes táteis de materiais tridimensionais, que possibilitam através de uma assimilação sintética conhecer obras de arte e também a
construção arquitetônica de prédios, seu interior, e seus espaços adjacentes.
“Iniciei o trabalho com o objetivo de desen-
volver as artes plásticas com o surdocego e fui
aprovada pela USP como aluna especial. Neste meio, conheci a Amanda Tojal, responsável por
incluir a acessibilidade em museus com materiais multissensoriais nas exposições. A primeira maquete tátil com materiais multissensoriais foi
para o MAC - Museu de Arte Contemporânea”, diz Dayse.
76
revista incluir
Do que são feitas?
Cada maquete tátil tem sua especificidade
e seu conceito, são construídas por uma equipe
altamente especializada através de materiais resistentes ao toque. Por trás da montagem,
há uma ampla pesquisa para que tudo seja
em Madrid, na Espanha, foram contemplados
com as maquetes. Dentre as obras de maior
destaque está a exposição itinerante que acon-
teceu entre 2012 e 2015, a 'Sentir pra Ver- Gêneros da Pintura da Pinacoteca do Estado de São Paulo', composta por 14 maquetes.
“As maquetes táteis foram desenvolvidas a
extremamente assimilado ao material real da
fim de promover a acessibilidade. Possuímos
Toda a estrutura da maquete é feita em
tetura e comunicação. Os materiais multissen-
obra de arte ou construção arquitetônica.
madeira, e também são utilizados materiais
sintéticos, resinas, massas, cerâmica, entre ou-
tros que possuem grande durabilidade, visto que as maquetes serão tocadas por muitas
um projeto integrado de arte, design, arqui-
soriais e interativos são executados em lingua-
gem universal, permitindo maior assimilação e abrangendo todas as deficiências”, finaliza.
pessoas. Além disso, recursos tecnológicos
avançados são utilizados para a finalização
dos produtos, como impressora 3D, materiais
de comunicação visual e tátil, photo etching e recorte a laser.
“Temos um consultor com deficiência, o
Lothar Bazanella, presidente do CADEVI (Centro
de Apoio ao Deficiente Visual) que nos orienta quanto ao material que devemos utilizar. Após ofertarmos diversas amostras, chegamos a um
acordo do que consideramos ideal”, diz Dayse.
Diversas exposições e museus, como o
Museu do Futebol, em São Paulo, o Museu do
Amanhã, no Rio de Janeiro, e o Museu Thyssen, revista incluir
77
Empreendedorismo
EMPRESA DESENVOLVE ADAPTAÇÃO PARA MÁQUINA DE BRINDES O principal objetivo é incluir pessoas no segmento de marketing promocional e personalização de objetos Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação
E
m épocas de crise os índices de
desemprego estão cada vez mais altos e, com isso, a população
está procurando formas de trabalhar de maneira autônoma. Para isso, as pessoas
com deficiência enfrentam alguns obstáculos, pois nem sempre há ferramentas de trabalho adaptadas para suas necessidades.
Fabio Caner, de 41 anos, que não tem o
braço direito, atuava na área de tecnologia da informação e perdeu o emprego
devido ao mercado saturado. Por conta disso, ele decidiu abrir o próprio negócio.
Através da internet, conheceu a máquina de personalização de brindes VICM-19, da Sertha Brindes, e decidiu investir no
equipamento para não ficar fora do mercado de trabalho.
Assim, passou a trabalhar com a
personalização de brindes, entretanto, precisava de ajuda, pois sozinho não conseguia fazer todas as etapas do processo,
já que para concluir um produto é necessário segurá-lo com uma mão, enquanto a outra mão abaixa uma alavanca. Fabio contatou
Sergio Gotti, presidente da Sertha Brindes, Sergio Gotti, sócio da Sertha Brindes, com a VICM-19
78
revista incluir
e juntos pensaram em uma alternativa para
clientes aprendam a utilizar o equipamento, conferindo toda a estrutura e know-how para quem quer começar o próprio negócio.
Com uma média de 300 produtos
gravados por dia, Fabio trabalha com personalização há um ano, atende empresas
de vários segmentos e também buffets com
seus brindes personalizados, chegando a
faturar entre 3 e 4 mil reais por mês, mas sua ideia é crescer e aumentar o faturamento.
Para Sergio Gotti, da Sertha Brindes
e desenvolvedor da VICM-19, sempre foi um sonho poder ajudar uma causa tão importante como a inclusão de pessoas com deficiência física no mercado de trabalho.
“Atualmente temos cinco máquinas deste
tipo e o objetivo é mostrar que as pessoas com
deficiência podem se integrar à sociedade sem precisar depender de ninguém. Futuramente, se percebermos a necessidade de adaptar outros modelos de máquinas para outros
tipos de deficiência, desenvolveremos novos produtos”, finaliza Sergio.
Fabio Caner com sua máquina adaptada
adaptar a máquina para que ele pudesse
baldes de pipoca, squeezes, nécessaires,
independente.
com qualidade fotográfica.
concluir todo o procedimento de forma
“Após muito estudar, concluímos que uma
entre outros, em apenas quatro segundos
O produto desenvolvido e patenteado
base com um pedal para que eu pudesse utilizar
por Sergio Gotti é uma ótima oportunidade
certa da gravação e ainda segurar o produto
próprio negócio com baixo investimento
os pés me faria ter controle e colocar a pressão
na haste com minha mão esquerda”, diz Fabio.
para quem deseja empreender e ter o
para atender festas e eventos corporativos,
produzindo lembranças, convites e
MÁQUINA DE PERSONALIZAÇÃO
brindes no segmento de foto produto. A
utiliza papel impresso convencional e grava
serem personalizados, o papel especial e
A VICM-19 é uma máquina de transfer que
mais de 200 objetos como canecas, copos,
empresa também fabrica os brindes para oferece treinamento para garantir que os
Máquina VICM-19 da Sertha Brindes
revista incluir
79
Coluna
Professores Construtores Por: Caio Graneiro* | Foto: Arquivo pessoal
N
a contemporaneidade as políticas
quista da humanidade, justamente porque,
de construtores dispostos a valorizar o impac-
sibilidade tem crescido, ganhado
emoções, entender e se fazer entendidos.
e que aceitem o desafio de falar a mesma
inclusivas e movimentos de aces-
espaço na mídia e na legislação. Regras arqui-
através delas, podemos externar sentimentos,
O que aconteceria com o desenvolvimen-
tetônicas foram criadas para definir largura,
to de alunos surdos se os professores apren-
estão sendo construídos onde antes só ha-
não pode ouvir se sentiria na possibilidade
comprimento e altura. Elevadores e rampas viam escadas, porém, apesar de todos esses
avanços, não se constroem pontes entre as pessoas com cimento e areia.
Pesquisas apontam para como a relação
dessem a falar em Libras? Como um aluno que
mímicas e apontar de dedos.
Não estou aqui descartando a importante
volvimento. Quem não tem em sua história
aula em português enquanto a interpretação
gostar ou não de uma matéria ou até mesmo determinante na escolha de sua profissão.
A afetuosidade, a empatia e o vínculo são
instrumentos primordiais no ensino, quando o
aprendizado passa pelo emocional o ganho é
mais permanente e a motivação em aprender torna-se forte.
Porém, como se poderia construir vínculo,
demonstrar afetuosidade e ter real empatia sem comunicação?
é necessário para que o professor possa dar simultânea vai acontecendo , mas estou apontando para a diferença que faria o aluno poder perguntar sua dúvida direto ao professor, e o
professor poder responder direto ao aluno, a
importância que teria o professor poder perguntar sobre a vida do aluno e se envolver na
sua história sem a mediação de um interprete. O interprete é o apoio indispensável para a
interpretação da aula, mas não deveria ter também que intermediar a relação.
Professores aprendendo Libras é a ponte,
Somo seres sociais, nos constituímos pela
o elevador , o cimento e a areia na construção
aquisição da língua. A língua é a maior con-
Portanto, o convite está aberto: Precisa-se
linguagem e desenvolvemos abstração na
80
revista incluir
construir essa ponte.
em uma comunicação falha e baseada em
contribuição do interprete em sala de aula, ele
um professor que tenha sido marcante para
língua que eles. Aprenda Libras e ajude a
de ser compreendido de forma integral, não
dos professores com os alunos pode influenciar diretamente no seu aprendizado e desen-
to da língua na subjetividade de seus alunos
de uma relação integral com os alunos surdos.
*Caio Graneiro é psicólogo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, intérprete de Libras há mais de dez anos, com proficiência no uso e ensino da língua atestada pelo Prolibras. É coordenador pedagógico da Escola Verbo em Movimento, ministra aulas, palestras e workshops na área de inclusão
revista incluir
81
Turismo
Mirante sobre Rodas
Nova atração turística em Balneário Camboriú, o BC by Bus, é acessível para pessoas com deficiência Por: Letícia Leite | Foto: Divulgação
A
ssim como em grandes metrópo-
Intitulado BC by Bus, ele proporciona uma
O veículo possui dois andares, capacidade
les brasileiras como São Paulo, Flo-
visão privilegiada em relação a um ônibus co-
total para 73 pessoas e conta com um
mundiais como Barcelona, Dubai, Londres,
ainda mais do passeio que fazem pela cidade
fi e GPS, que reconhece os pontos turísticos
rianópolis, e em destinos turísticos
Miami, Cingapura e Nova Iorque, Balneário
Camboriú ganhou um ônibus turístico panorâmico com tecnologia de última geração.
82
revista incluir
mum, permitindo que os turistas desfrutem catarinense, vislumbrando de vários ângulos
as belezas naturais e atrações, transformando o passeio em uma experiência incrível.
sistema moderno de comunicação com Wi-
ao longo do trajeto. Dessa forma, é acionado um áudio com informações e curiosidades
das localidades, além de dicas de segurança.
O sistema de som está instalado em cada
poltrona e as informações são traduzidas em três idiomas: português, inglês e espanhol. Os visitantes recebem, ainda, capas nos dias de
chuva e mantas para os dias frios, garantindo maior conforto e segurança na área superior.
O projeto tem o apoio da construtora
EMBRAED, e sua primeira apresentação ao público aconteceu no mês de julho durante as comemorações do aniversário da cidade catarinense.
Segundo Rosana Munhoz, diretora da
By Bus Turismo, empresa responsável pela
atração, o ônibus conta com rampas de
acesso, assentos apropriados para pessoas com deficiência e cada um deles possui um
sistema de som individual. Além da rampa
de acesso para cadeirantes, o ônibus conta
com suspensão inteligente que facilita o embarque de pessoas com mobilidade
reduzida, ficando mais próximo do chão.
e Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento.
mas de proporcionar um passeio inclusivo.
vamente pela Estrada da Rainha. Durante o
“Estamos estudando cada vez mais for-
Todos têm o direito de conhecer novos lugares e viver novas experiências. No que diz respeito ao turismo, ainda tem muito a ser feito para torná-lo mais acessível. Cada
equipamento turístico ou atração que puder contemplar uma parcela desse público
já será algo bastante positivo e servirá de exemplo”, diz.
Por fim, retorna a Balneário Camboriú noitinerário são feitas três paradas de 20 a 30
minutos para que os passageiros tirem fotos e apreciem o local.
Ingressos
Os bilhetes possuem tarifa fixa de 55 reais
para adultos e 25 reais para crianças de 4 a 12
anos. A empresa ainda oferece condições es-
Como é o passeio?
Cada viagem tem um roteiro fixo com
duração de três horas e meia, e duas saídas
peciais para grupos. Os ingressos podem ser adquiridos no quiosque de vendas da BC By Bus no Atlântico Shopping.
diárias, às 9h e às 14h, de terça a sábado, e
aos domingos, às 14h. O ponto de embarque e desembarque fica no Atlântico Shopping, localizado no centro de Balneário Camboriú.
O trajeto contempla as avenidas Bra-
sil, Barra Sul, Atlântica e Estrada da Rainha,
o que garante uma vista espetacular para a orla da Praia Central. Depois, segue para Itajaí, passando pela Praia Brava, Praia do Atalaia, Avenida Beira-Rio, Mercado Público
revista incluir
83
Melhor idade
Alimentação na terceira idade
A
Por: Letícia Leite | Foto: Arquivo pessoal
população brasileira está envelhe-
O que fazer?
do com o IBGE, na última década, a
fatores importantes é que o idoso se adeque
cendo em ritmo acelerado. De acor-
Ainda segundo a nutricionista, um dos
população brasileira acima dos 60 anos cresceu
às necessidades especiais em relação ao ferro
117%, o que significa cerca de 24 milhões de
e proteína. Caso não goste de ingerir carnes,
idosos no país. Fatores como a queda da na-
é preciso substituir o alimento, aumentando
talidade e o aumento da expectativa de vida,
o aporte de proteína vegetal como feijões,
passando dos atuais 75 para 81 anos de vida até
ervilha, soja e grão-de-bico entre outros.
2050, foram os principais responsáveis por um
Outro fator relevante e que deve ser leva-
crescimento significativo em tão pouco tempo.
do em consideração na hora de preparar as
Assim, além dos fatores econômicos como
refeições é a consistência dos alimentos, visto
trabalho e aposentadoria, as questões mais
que muitos idosos utilizam próteses dentá-
preocupantes em torno deste envelhecimen-
to da população envolvem a saúde da terceira idade. Afinal, não basta apenas viver mais, é preciso, sobretudo, ter qualidade de vida e a
rias. Sendo assim, a preferência deve ser para Maria do Socorro
Maria do Socorro dos Santos, de 69 anos,
alimentação é uma das peças-chave para isso.
passou a ter uma alimentação balanceada
alimentação balanceada é importante para o
lesterol. A dona de casa se consultou com um
Segundo a nutricionista Lílian Assis, uma
controle de doenças crônicas, que são mais
comuns na terceira idade, pois, além de melhorar a qualidade de vida através do aporte
correto de vitaminas e o controle do peso. “É na terceira idade que a nossa saúde reflete
o quanto nos preocupamos com ela desde a infância. A alimentação adequada previne
doenças e é muito importante também para o controle e tratamento”, afirma.
84
revista incluir
para controlar seus níveis de diabetes e co-
endocrinologista e um nutricionista para pôr em prática uma dieta balanceada. “Com a ida-
de estes níveis de diabetes e de colesterol vão ficando descontrolados e temos que tomar mais cuidado. No início é difícil manter uma
dieta, mas com o passar do tempo você vê que não tem para onde escapar, tenho uma
alimentação controlada há mais ou menos cinco anos”, diz.
os purês, alimentos bem cozidos e carnes desfiadas ou moídas, evitando a ingestão de carnes mais duras e vegetais crus.
Os idosos também devem ficar atentos
à hidratação, a recomendação é o consumo
de mais ou menos dois litros de água por dia, também podem considerar chás (camomila, erva-doce e capim-limão entre outros) para
atingir a meta diária, e a ingestão de fibras para
evitar constipação intestinal, consumindo cereais integrais, vegetais e frutas diariamente.
“No café da manhã costumo comer pão
integral com uma camada leve de manteiga e, às vezes, queijo branco. Já no almoço como
um pouco de arroz integral e feijão. Mas, eu
dou prioridade para as saladas, verduras e
carne branca, assada ou cozida. Não costumo jantar, normalmente tomo um pouco de leite
com bolachinhas. Evito os doces e diminuí bastante o consumo de frutas, pois elas também têm muito açúcar, assim, como apenas uma porção por dia”, relata Maria do Socorro.
Lilian deixa um alerta para uma prática que
os idosos costumam fazer com frequência, que é substituir as refeições, principalmente o
jantar por um lanchinho, como um café com leite e pão. “Esta troca provoca um déficit de
micronutrientes (vitaminas e minerais) e de proteína de alto valor biológico (aquela que é mais aproveitada pela organismo), devendo
Dicas para uma vida mais saudável - Ter um plano alimentar diversificado e
- Evitar alimentos e bebidas industrializadas;
- Fazer refeições balanceadas a cada 3 horas;
- Hidratar-se bem e vagarosamente;
de acordo com sua dieta;
- Comer vagarosamente, mastigando bem os alimentos;
- Controlar a ingestão de gorduras e utilizar óleos mais saudáveis como o azeite de oliva;
- Preparar pratos de fácil digestão, cor-
tando alimentos em pedaços pequenos ou processados;
- Reduzir o consumo de sal e açúcar;
- Controlar o peso e os níveis de colesterol;
- Praticar atividades físicas sob a supervisão de um profissional;
- Exercitar a mente através da leitura, jo-
gos ou a prática de uma atividade musical por exemplo;
- Consultar-se regularmente com especialistas.
ser desestimulada”, conclui a profissional.
revista incluir
85
Minha história
Vida que segue e se transforma
Uma história de superação e de força de vontade para continuar vivendo
Por: André Bandeira | Fotos: Arquivo pessoal
vez isso não aconteceu, deixando a minha
família preocupada. O aviso do acidente só aconteceu pelo hospital que fui encaminhado.
Fui socorrido e levado para a Santa Casa de
Misericórdia, onde foi constatado após alguns exames que eu tinha quebrado o pescoço e
fraturado a 6ª e 7ª vértebra cervical, sequela
que ainda permanece até os dias de hoje. Fui encaminhado para UTI e após uma semana fiz a primeira cirurgia para fixar a coluna com uma haste de metal e enxertos ósseos.
Sem nenhum movimento dos membros
inferiores e superiores, o que mais marcou
a minha estada na Santa Casa foi o fato do meu pai fazer aniversário alguns dias depois
do acidente, e eu não consegui sequer dar
um abraço nele. Impressionante como um simples abraço faz tanta diferença.
Mas eu ainda precisava passar por outra
A
cirurgia importante que era para tirar os cacos
André Bandeira
os 21 anos nunca tinha imagi-
Eu tinha acabado de deixar a minha namo-
um acidente automobilístico que
a minha casa. No volante do outro veículo
nado que um dia poderia sofrer
mudaria totalmente minha vida. Há 20 anos,
no cruzamento de duas famosas vias de Piracicaba, cidade do interior paulista, aconteceu uma forte colisão entre dois veículos.
O primeiro era o veículo dirigido por mim.
86
revista incluir
rada na casa dela e estava me dirigindo para
estava um motorista totalmente embriagado, em alta velocidade, passando em todos os sinais vermelhos da avenida.
Eu tinha o costume de avisar a minha na-
morada quando chegava em casa, mas, desta
de ossos que ainda estavam em meu pescoço.
Como na Santa Casa isso não era possível, fui transferido para o Hospital das Clínicas
na capital paulista, a cirurgia foi um sucesso e, após deixar o segundo hospital, fui levado
para a AACD onde iniciei minha reabilitação. Por conta da lesão medular, eu tive que
fazer uma fisioterapia específica para tentar
modificar o meu quadro clínico, após alguns
em princípio como terapia, depois como es-
porte de competição e hoje como atividade física. O tênis de mesa também entrou em minha vida e cheguei a ser um dos primeiros do ranking brasileiro.
Em 2000, voltei para a universidade e me
formei em 2002, como Administrador de Empresas. Depois fiz pós-graduação em Marketing
e, por algum tempo, fui professor universitário, ministrando aulas de empreendedorismo para os alunos de Fisioterapia.
Na época eu e meus pais começamos a ter
contados com pessoas com deficiência para
ajudar famílias que não tinham condições de fazer um tratamento adequado. Após participar
destas atividades me esforcei junto com outras pessoas com deficiência para reativar o Conselho Municipal de Proteção aos Direitos das
Pessoas com Deficiência. Depois da reativação do conselho eu vi a necessidade de se ter uma
voz na Câmara de Vereadores para representar
essas pessoas e me filiei a um partido político. Em 2004, fui eleito vereador pela primeira
vez, tendo me reeleito em 2008 e em 2012.
Independente das limitações, faço um
exercícios eu chegava a chorar, mas sempre
acidente foi o sumiço dos amigos, a minha namo-
trabalho sério voltado para a população pi-
qualificação que conseguiram amenizar um
os outros objetivos e outras metas para sua vida
também realizo palestras em escolas e empre-
fui atendido por profissionais da mais alta
pouco a dor na alma que eu sentia naque-
le momento. Comecei então a conhecer o
universo das pessoas com deficiência e me lembro de um rapaz que conheci na AACD.
Sempre tive como meta voltar a andar e
rada acabou com o relacionamento alegando ter e eu não fazia mais parte dos seus planos. Não
esmoreci, coloquei na cabeça que a fisioterapia era mais importante, e que logo voltaria a estudar
e a trabalhar, algo que me animava no dia a dia.
Após muito esforço consegui recuperar os
racicabana e, além de atuar como vereador, sas falando sobre a realidade dos acidentes
de trânsito no Brasil. Hoje se mata mais no trânsito do que de câncer ou por homicídios, segundo dados do Ministério da Saúde.
Após 20 anos do meu acidente, infeliz-
tentar recuperar os movimentos completos do
movimentos dos braços e buscava via internet
mente pouca coisa mudou, os números são
ção eu era colocado em pé por uma prancha,
situação. O meu primeiro trabalho após o aci-
e 200 mil internações no Brasil, segundo o
meu corpo. Em vários momentos da reabilitamas em algumas situações tinha tonturas que às vezes fazia com que eu desmaiasse. Em to-
dos os momentos a minha mãe estava ao meu lado, dando a maior força e acreditando que
eu sairia fortalecido daquela situação adversa. As fisioterapias se tornaram constantes
em minha vida. Precisei trancar matrícula na universidade e foquei na reabilitação.
Uma das minhas maiores tristezas após o
conversar com pessoas que estavam na mesma dente foi como professor particular de informática, e também trabalhava no supermercado da
minha família. Em 1998, consegui renovar minha
carteira de habilitação, em Campinas, em uma
alarmantes, só em 2014, foram 43 mil mortes Datasus, e os causadores continuam impu-
nes e dirigindo os seus carros sem nenhum compromisso com a vida.
Voltando a falar da minha vida pessoal,
Banca Especial para Pessoas com Deficiência,
me casei em 2013, com Dulci Bandeira, que
Piracicaba, já existe esta Banca Especial, graças
minha família foi e sempre será alicerce para
e voltei a dirigir um carro adaptado. Hoje, em a minha intervenção junto ao Detran.
No mundo dos esportes pratiquei natação,
me conheceu após o acidente, e para mim a
superar o acidente e continua sendo a razão da minha vida.
revista incluir
87
Artigo
A PARATLETA E A EUTANÁSIA Por: Cicero Urban* | Foto: Divulgação
O
s Jogos Olímpicos e Paralímpicos
Esse temor está bem explícito na forma como a
reduzam a dor e o sofrimento. Exige profissio-
mundo alguns temas bioéticos
Eutanásia é o ato de provocar diretamente e
humanística adequada, dedicados ao manejo
trouxeram à tona no Brasil e no
paratleta se manifestou.
nais de saúde com uma formação técnica e
importantes. A questão do aborto tem sido
voluntariamente a morte de alguém com uma
– a possibilidade de contaminação foi a alega-
eliminar a dor e o sofrimento. Contudo, uma boa
superação para todos nós. Encontrou forças e
ou sem sofrimento, mas uma morte preparada
sua vida, apesar de todas as dificuldades e limita-
objeto de intensos debates com o vírus zika ção de vários atletas para não vir ao Rio – e as Paralimpíadas levantaram um debate sobre a eutanásia. A paratleta belga Marieke Vervoort, 37
anos, reacendeu a polêmica ao afirmar que, se não tivesse a opção da eutanásia, teria cometido
doença ou debilidade grave, com o objetivo de
morte não significa apenas uma morte sem dor
espiritualmente e vivida no conforto da família e dos amigos, e com assistência adequada.
Além disso, sempre é bom lembrar que a
suicídio. Na Bélgica, a eutanásia é permitida, ao
eutanásia é uma decisão moral (no sentido estrito
Normas éticas e legais existem em virtual-
É uma decisão baseada em valores mais que em
contrário do Brasil e da grande maioria dos países. mente todas as sociedades com o objetivo de proteger a vida humana e regular as circunstâncias em que ela pode ou não ser prolon-
gada. O maior patrimônio de uma sociedade – qualquer que seja – é, estruturalmente, a pessoa humana. A sociedade existe, afinal, em
razão das pessoas que a constituem. Nenhuma sociedade liberal e democrática pode existir sem elaborar critérios de justiça e, dessa forma, sem deixar de limitar o exercício da autonomia
individual. Limites estes impostos pela lei e previstos no próprio exercício da cidadania.
Assim, existe de fato e de direito um nexo
entre a dimensão moral da vida pessoal e a sua
relevância pública. O homem, enquanto mem-
da palavra), não baseada em estudos científicos.
estudos clínicos, cujos riscos éticos e as conse-
da situação e da dignidade na fase final da vida.
88
revista incluir
nossa, enquanto profissionais de saúde, é dar condições para que os pacientes vivam melhor em todas as fases de suas vidas, inclusive a fase final. A eutanásia não é a solução. Ao contrário, é a falta dela.
possa ser violado o dever de não matar um ser humano inocente. Mudaria de uma forma drás-
tica a ética hipocrática. Obrigaria que este tema fosse abordado dentro dos cursos de medicina
e alteraria o relacionamento médico-paciente. O paciente vai ao médico para um tratamento
que possa salvar ou melhorar a sua vida ou para eliminá-la? E mais: quem poderia ser eliminado, se o sofrimento é uma experiência individual que não pode ser medida?
Eliminar o paciente terminal com pro-
ponto de vista moral) é bem mais fácil que
temática reflete o temor da perda do controle
ções. Este é o caminho a ser seguido. E a missão
fato de permitir que, dentro de uma sociedade,
limitadas e reguladas. E, no caso da eutanásia, a flito. O interesse individual das pessoas nessa
motivação no esporte para seguir em frente com
A sua grande fragilidade está exatamente no
cedimentos como a eutanásia e o suicídio
moral pessoal e a vida pública entram em con-
Marieke Vervoort é um grande exemplo de
quências sociais não são totalmente conhecidos.
bro de uma sociedade – enquanto cidadão –,
deve aceitar que algumas de suas escolhas sejam
da terminalidade em todas as suas dimensões.
assistido (ambos não são muito diferentes do
acolher e tratar. Quando não há nada mais a ser feito, na realidade há muito ainda a ser
feito. A assistência a quem está morrendo exige que sejam mantidos tratamentos que
*Cicero Urban é médico oncologista e
mastologista, professor de Bioética e
de Metodologia Científica na Universi-
dade Positivo e vice-presidente do Ins-
tituto Ciência e Fé
revista incluir
89
Notas Notas
MANO DOWN LANÇA
CALENDÁRIO 2017
O Instituto Mano Down acaba de lançar Kely Aguiar
mais uma edição de suas agendas e
calendários para 2017. O projeto idealizado
por Leonardo Gontijo e Iracema Machado está em sua terceira edição e conta com
Os organizadores do Mano Down
diversos patrocinadores e colaboradores
viabilizados
Com o tema ‘Palcos de Minas’, a edição é
artistas e das famílias dos participantes.
que fazem desse projeto uma realidade. uma forma de homenagear e reverenciar
todos os artistas mineiros. As agendas e calendários Mano Down 2017 foram
com
patrocínio
e
apoio
soas com Deficiência no Mercado de Tra-
o calendário podem fazer contato pelo telefone (31) 98661-1261.
Bianca Ponte
da empresa. Instaladas nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo (SP) e Santos
Dumont, no Rio de Janeiro (RJ), as rampas foram adquiridas de um fabricante nacional
e passaram por intervenções propostas pelos membros do comitê de acessibilidade
da empresa aérea. De acordo com o vicepresidente de Operações da Gol, Sergio Quito,
90
revista incluir
A Associação Brasileira de Recursos
Os interessados em adquirir a agenda e
com mobilidade reduzida às aeronaves
Aéreas já conta com duas plataformas
TRABALHO
Humanos (ABRH) de São Paulo promoveu
dos passageiros com deficiência física e
Desde o mês de agosto, a Gol Linhas
INCLUSÃO NO MERCADO DE
de empresas, dos colaboradores, dos
de acessibilidade para garantir o acesso
GOL APRESENTA PLATAFORMA DE ACESSIBILIDADE
FÓRUM DISCUTE
em 2017, outros aeroportos deverão receber a rampa da acessibilidade, já que desde o
início das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a empresa transportou quase 6 mil pessoas com algum tipo de deficiência. “Vamos avaliar
a demanda dos aeroportos para programar a implantação das rampas em outras cidades brasileiras”, completa Quito.
a 4ª edição do Fórum de Inclusão de Pes-
balho. Realizado em Barueri (SP), o evento reuniu executivos e especialistas de dife-
rentes empresas e organizações, em torno de uma discussão sobre a Lei Brasileira de
Inclusão. Na ocasião, também foram apresentados os resultados da pesquisa realizada pela organização Santo Caos sobre a inclusão de trabalhadores com deficiência.
Segundo a pesquisa, os resultados foram
positivos no que se refere à produtividade
das empresas. ”Entrevistamos gestores, especialistas em lei, opinião pública, todos os
setores não para discutir a cota, mas para
falar de engajamento. Nas empresas que
prepararam a cultura interna para acolher esses profissionais, chegaram à conclusão de que eles produzem muito mais e a presença deles melhora o ambiente de traba-
lho”, explica Guilherme Françolin, um dos envolvidos na pesquisa.
Nos painéis, também foram apresenta-
dos cases de sucesso de empresas da região Oeste da Grande São Paulo.
LARAMARA: 25 ANOS
Divulgação
VARAL PARA
PARAPLÉGICOS DE DEDICAÇÃO Um grupo de universitários de São Paulo
concluiu, mediante a uma pesquisa realizada por eles mesmos, que pessoas com de-
ficiência física encontram dificuldades para a realização de algumas atividades domésticas. Carlos Henrique Alves, Denise de Melo
Zorze, Jonatan de Freitas Bezerra, Rafael Moura Barbara e Sabrina Firmino, atualmen-
te graduados em Ciência da Computação,
desenvolveram para o Trabalho de Conclusão de Curso um protótipo de varal automa-
A Laramara – Associação Brasileira de
Assistência à Pessoa com Deficiência Visual
recebeu Prêmio Pedro Kassab, concedido
pela Associação Paulista de Fundações (APF). A associação foi agraciada na categoria de
No dia 28/11, quando completa 25 anos
Martins na categoria pessoa física. Fundada
gala com show beneficente da cantora
pessoa jurídica, e o maestro João Carlos por Mara Siaulys e seu marido, a Laramara se destaca como uma das associações
mais atuantes do Brasil no atendimento de pessoas com deficiência visual.
tizado para auxiliar pessoas com paraplegia
, a associação vai promover um jantar de
Paula Fernandes. Interessados em outras informações sobre o evento ou para comprar
convites, podem ligar para o telefone (11) 3660-6412.
FERNANDO FERNANDES
no processo de secagem de roupas.
COMEMORA ANIVERSÁRIO
O varal atua de maneira autônoma
através da leitura das variáveis climáticas
DE SEU INSTITUTO
o clima de forma que, se estiver chovendo
Um projeto idealizado pelo atleta da
estende. O protótipo é abaixado ao pressio-
Fernando Fernandes Life (IFFL), também
por meio de sensores. Assim, ele detecta
canoagem Fernando Fernandes, o instituto
o varal recolhe a roupa, caso contrário, ele
com deficiência possa colocar suas roupas no varal sem a ajuda de terceiros.
Reprodução
nar um botão, o que faz com que a pessoa
tem garantido a prática esportiva para milhares de pessoas desde que iniciou suas
atividades, em 2013. E, para comemorar
três anos de sucesso, o IFFL promoveu uma
grande festa no dia 24/9, que reuniu centenas
EMPRESAS BRASILEIRAS
PARTICIPAM DE
de pessoas, atendidas por instituições moção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), participaram da Rehacare –
FEIRA NA ALEMANHA
principal evento do setor de reabilitação
Com o propósito de fomentar as expor-
final do mês de setembro. A Freedom, fa-
tações brasileiras de produtos voltados
para tecnologias assistivas e reabilitação,
empresas associadas à Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospi-
talares e de Laboratórios (ABIMO) e que fazem parte do Projeto Brazilian Health Devices, executado pela entidade em
parceria com a Agência Brasileira de Pro-
da Europa –, realizado na Alemanha, no bricante de cadeiras de rodas, a Ibramed,
produtora de equipamentos para reabilitação física, assim como a Politec, com-
panhia que produz aparelhos auditivos
e a Jumper, desenvolvedora de cadeira de rodas personalizadas para a prática de esporte, representaram o Brasil no even-
to, e apresentaram seus produtos ao público europeu.
parceiras e também por famílias, que frequentam o instituto. Além da recreação,
a festa contou com apresentações musicais e com a participação dos palhaços do Sopro
de Alegria e dos motoqueiros do Rastro
Moto Clube, parceiros do instituto. Também
foram realizadas vivências de canoagem, modalidade que lançou o atleta no esporte
paralímpico. “Por meio da canoagem eu me reinseri na sociedade e é isso que eu
quero oferecer ao maior número de pessoas que eu puder no instituto, uma chance de
entender que esforço, dedicação e amor ao que se faz é fundamental para alcançar o sucesso”, conta Fernando Fernandes.
revista incluir
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Vitrine
Livros Minha lição de fé Tetraplégico há 27 anos devido a um acidente, o ex-metalúrgico
Waldir de Lazzari tem mais de 200 composições gravadas por
grandes ícones da música popular brasileira. Na obra, o ex-
metalúrgico conta com a parceria de Carlos Magalhães, para compartilhar sua história de vida com os leitores. Primavera Editorial | 120 páginas
Valiosa vida Felipe Quarto, autor do livro, relata em primeira pessoa as experiências de uma pessoa com distrofia muscular de Duchenne, desde o seu nascimento até a fase adulta. A obra
revela os primeiros sintomas, a evolução e os tratamentos. Felipe é um apaixonado pela vida, acreditou em sua capacidade e procurou transformar suas dificuldades em superações.
Editora Livre Expressão | 273 páginas
Enquanto João-Garrancho dorme O livro de Elizete Lisboa conta a história de um monstrinho que
acabou de chegar em um livro que estava em branco, e já chega
dominando todo o espaço. Com ilustrações de Walter Lara, a
história é apresentada de duas formas: em português e em braile,
permitindo também a leitura de pessoas com deficiência visual. Editora Paulinas | 32 páginas
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revista incluir
Para além da educação especial Organizado pela pedagoga Sílvia Ester Orrú, o livro apresenta, de forma crítica, alguns dos avanços ob-
tidos nos últimos anos no cenário da educação es-
pecial, para a semeadura e o florescimento de uma
educação não excludente, que se faz nos espaços em que as relações sociais são privilegiadas. Wak Editora | 248 páginas
Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência visual em aulas
de Física
O livro de Eder Pires de Camargo analisa os saberes que professores do ensino
médio devem mobilizar para incluir alunos com deficiência visual em ativi-
dades de ensino, e toma como exemplo a experiência de uma disciplina de
graduação na qual futuros licenciados estruturaram e implementaram novas práticas de ensino para turmas mistas. Editora Unesp | 276 páginas
O menino que escrevia com os pés O livro da psicóloga Carina Alves tem ilustrações de Roney Bunn
e conta a história de um menino que perdeu as mãos e supera os
obstáculos por meio do esporte. A trama aborda de forma didática
questões relacionadas à inclusão, à diversidade e à acessibilidade. Disponível em português, em alemão e em inglês, o livro tem ainda versões especiais em braile, em pictogramas e em Libras. Editora Mundo Criar | 32 páginas
revista incluir
93
Vale ler
O menino que pedalava Tendo o paradesporto como pano de fundo, trama relata a história de um menino que vê na bicicleta seu caminho para a felicidade Por: Julliana Reis | Foto: Divulgação
E
m meados de 2012, após concluir
atletas conquistaram uma classificação iné-
escritora Cassia Cassitas, que
de 2016, no Rio de Janeiro. Quem seriam
um trabalho sobre economia, a
acaba de lançar ‘O menino que pedalava’, não entendia como as pessoas podiam
levar uma vida feliz em meio ao abalo da
dita e convidaram o mundo para o evento melhores protagonistas para um livro sobre a vontade de bem viver?”
A partir de então, a escritora passou a
economia mundial. “Eu olhava ao meu re-
ler biografias, conhecer institutos, conver-
podiam levar a vida daquela maneira des-
ligados à saúde.
dor e via as pessoas se divertindo. Como preocupada com o fantasma da inflação
sar com atletas, treinadores, profissionais Em alusão à história de ‘O Mágico de
e do desemprego rondando o Brasil? Eu
Oz’, a trama de ‘O menino que pedalava’,
Quanto mais ela observava, maior a
história de André, um garoto que, contra-
me indignei.”
convicção de que havia outra perspectiva, outra forma de conviver com os fatos. “Numa manhã de domingo me deparei com
uma maratona e foi então que o esporte ganhou minha atenção, e também a am-
bientação de grande parte dos episódios
se passa nas ciclovias de Sydney, e conta a riando todas as expectativas, se interessa pelo ciclismo, e com a ajuda dos pais, de
seu treinador e de um empenhado médico,
passa a conviver com uma nova realidade, muitas vezes difícil de entender e de lidar. Mais do que uma simples história de
do livro”, explica.
superação, o livro relata o poder que temos
Paralímpicos de Londres e os atletas bra-
da solidariedade, da coragem e da luta por
Na mesma época acontecia os Jogos
sileiros estavam fazendo bonito. “Nossos
94
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de despertar em nós o espírito adormecido um ideal.
O Menino que Pedalava
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m ano após ajudar Marlin a reencontrar seu filho Nemo, Dory precisa agora lidar com vários peixes do seu passado, entre eles alguns pelos quais ela foi
apaixonada. A trama aborda a deficiência e alguns transtornos de
forma inteligente. Isso porque, além da deficiência intelectual da protagonista, que está em busca de seus pais, tem ainda Hank, um
polvo mutilado; Bailey, um beluga com problemas de autoestima; e Geraldo, um leão-marinho que apresenta um déficit cognitivo.
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Gênero: Animação Ano: 2016 Duração: 102 minutos Direção: Andrew Stanton e Angus MacLane
A falta de informação faz com que pensem que eles são incapazes E nós, viemos para provar o contrário!
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