Livros estimulam a criatividade e a inclusão de forma lúdica e divertida
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Escola para todos
Mucopolissacaridose
E MAIS!
Rio Grande do Sul prioriza a1 inclusão deda alunos com mundo inclusão deficiência nas escolas regulares
Conheça essa doença rara, entenda suas causas e saiba como trabalhar dentro da sala de aula
Sugestão de filme, jogos, brincadeiras muitas atividades 1 mundoeda inclusão para desenvolver com a turma
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www.edminuano.com.br
Mais que animais de serviço, eles são fundamentais no dia a dia das crianças e também podem beneficiar em seu desenvolvimento escolar
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A importância do pet na educação
NOV/DEZ 2015
ISSN 2238-9784
Escolas ensinam as crianças a se alimentarem melhor por meio do cultivo de hortas
Profissionais dão dicas práticas e funcionais para criar materiais pedagógicos para todos
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é uma publicação bimestral da Editora Minuano
Av. Marquês de São Vicente, 1.011 Bairro: Barra Funda / CEP: 01139-003 - São Paulo / SP CX. Postal: 16.352 - CEP: 02515-970 Site: www.edminuano.com.br E-mail: minuano@edminuano.com.br Tel.: (0XX11) 3279-8234 DIRETOR-PRESIDENTE Nilson Luiz Festa - nilson@edminuano.com.br ASSESSORIA EXECUTIVA Natali Festa - natali@edminuano.com.br Vera Lúcia Pereira de Morais - vera@edminuano.com.br FINANCEIRO Diretora: Claudia Santos Alexandra Testoni, Liane Bezerra e Luis Eduardo S. Marcelino COBRANÇA Diana de Oliveira - cobranca@edminuano.com.br RH Diego Liberato Priolo - rh@edminuano.com.br EDITORIAL Editora-chefe: Julliana Reis - redacao@edminuano.com.br Redação: Brida Rodrigues e Maira Isis Cardoso redacao@mundodainclusao.com.br Editora de arte: Bianca Ponte - bianca@edminuano.com.br Assistente de arte: Danielly Stefanie - arte@edminuano.com.br Revisora: Adriana Bonone - adriana@edminuano.com.br Colaboradores: Sandra Francisco (Consultora Educacional); Bianca Ponte (Fotos); Sharlene Serra (Palavra do Especialista); Eliane Lemos Ozores (Artigo) CIRCULAÇÃO Patricia Balan - circulacao@edminuano.com.br MARKETING Alda Mendes - alda@edminuano.com.br Ismael Bernardino Seixas Jr - ismael@edminuano.com.br Jacqueline Santos - marketing@edminuano.com.br Júlia Moretto - marketing2@edminuano.com.br
Editorial Já falamos em uma edição anterior sobre a importância das amizades entre as crianças, e, nesta edição, voltamos a abordar o tema, mas, desta vez, falamos da amizade entre as crianças e os animais, contando a história de Ana Luiza, que está sempre acompanhada pela golden retriever Tiffany, responsável por guiá-la em seus caminhos. Ela, que tem mucopolissacaridose, é a primeira criança do País a ter um animal condutor na escola e contou um pouco sobre sua rotina e como sua companheira a tem ajudado, inclusive, carregando seu material escolar. Confira ainda uma matéria especial sobre a adaptação de materiais para estimular a inclusão dos alunos com deficiência e ajudar no aprendizado, e como a horta pode garantir a qualidade de vida e a
PUBLICIDADE Diretor Comercial: Arnaldo Stein Gerente Comercial: Denis Deli Assistente Comercial: Sheila Fidalgo - publicidade@edminuano.com.br Executivos de Conta: Bernardo Laudirlan, Jussara Baldini, Kalinka Lopes, Marco Gouveia, Silvana Mendes e Stepan Tcholakian
saúde de nossas crianças na escola.
VENDAS Gerente: Marcos Rodrigues - marcosrodrigues@edminuano.com.br Gerente Depósito: Joel Festa - joel@edminuano.com.br Adriana Barreto - adriana.barreto@edminuano.com.br Sabino José dos Santos - vendas2@edminuano.com.br
uma linda festa de debutante.
ASSINATURAS Tel.: (0XX11) 3279-8572 assinatura@edminuano.com.br
Conheça ainda o projeto que transformou em realidade o sonho de 21 meninas, uma delas com síndrome de Williams, que ganharam
Equipe Mundo da Inclusão
ATENDIMENTO AO CLIENTE Amanda Barros - atendimento@edminuano.com.br Isabella Tomé e Suelen KelleTel.: (0XX11) 3279-8571
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DEPARTAMENTO DE WEB Daniele Medeiros - daniele@edminuano.com.br
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A Editora Minuano recebeu o prêmio TOP QUALIDADE BRASIL em 2015/2016 pelo reconhecimento da excelência de qualidade em seus produtos e ações. FILIADA À IMPRESSÃO E ACABAMENTO: DIVISÃO GRÁFICA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na divisão gráfica do Diário de São Paulo, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos. Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP.
Conheça também nossos canais on-line! www.mundodainclusao.com.br Revista Mundo da Inclusão MundodaInclusao
RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador
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Nesta edição
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A deficiência
Mucopolissacaridose: conheça as variações desta doença rara
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Especial
Entenda como os cães podem auxiliar as crianças em suas atividades diárias
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Palavra do Especialista
Profissional apresenta uma
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Educação no Brasil
Os investimentos e os
Atividades para trabalhar a
recursos em educação
coordenação motora, memória
inclusiva no estado do
visual e motricidade dos alunos
Rio Grande do Sul
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Atividades
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Educação Adaptada
Saiba como adaptar os
Tá na Web
Sites e blogs sobre
coleção que estimula a
materiais para atender os
projetos de inclusão
inclusão por meio da leitura
alunos com deficiência
com animais e sobre a mucopolissacaridose
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Vitrine Livros
Dicas de livros para
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Hora do Recreio
Artigo
Conheça o projeto que
As hortas nas escolas e a
entender e saber lidar
importância da alimentação
desenvolve a educação e o
com as deficiências
saudável na infância
esporte adaptado nas escolas
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Acontece
Projeto realiza sonho
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Vale Assistir
Conheça o filme mais recente da Pixar: Divertida Mente
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Notas
As principais
de uma jovem com
notícias da
síndrome de Williams
educação inclusiva
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Culinária na escola
Nesta edição uma receita de espetinhos de frutas
E MAIS E mais: um encarte com as atividades
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Especial
Animais de serviço Por: Maira Isis | Fotos: Bianca Ponte e Shutterstock
Mais que amigos, eles podem garantir a segurança e o bem-estar de crianças com deficiência
A
pesar da pouca idade, Ana Luiza Gaia Folino chama a atenção por onde passa. Isso porque a menina, de apenas 10 anos, está sempre acompanhada pela
Golden Retriever Tiffany, responsável por guiá-la em seus caminhos e também por transportar seu material escolar. Ela é a primeira criança no País a ter um animal condutor na escola e devido ao fato de ela ser menor de idade, sua mãe é a responsável legal pelo cão. Para comprovar que Tiffany está a serviço, foi feita uma carteirinha de identificação, no entanto, ela já foi barrada em muitos lugares. Já na escola, o receptivo de Tiffany foi nota mil. Isso porque o Dante Alighieri, tradicional colégio de São Paulo (SP), recebeu Tiffany de braços abertos. “O processo receptivo envolveu uma palestra com o treinador, que orientou os alunos sobre o trabalho do cão de serviço e também foi feita uma circular para que todos os pais tomassem conhecimento da presença do cão. Vários cartazes com orientações sobre como se comportar diante de um cão de serviço foram espalhados pela escola, fazendo com que os alunos entendessem a importância de respeitar a Tiffany”, explica Ana Paula Gaia, mãe de Ana Luiza. Além de contar com Tiffany, Ana faz questão de agradecer a ajuda das amigas, que se orgulham de ter um cão na sala de aula e, desde pequenas, já entendem a importância do cão
Ana Luiza e Tiffany
de serviço. “Não devemos passar a mão ou distraí-la, já que
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Hanna, Sophia, Maria Eduarda, Mariana, Maria Clara, Giovanna, Fernanda, Giovana, Beatriz, Victoria, Ana Luiza, Maria Fernanda (irmã de Aninha) e Gabriela
a Ana pode precisar da ajuda dela a qualquer momento”, explicam as meninas. Sobre a deficiência da filha, Ana Paula explica que a família descobriu o diagnóstico de Mucopolissacaridose tipo 6, doença genética rara (saiba mais sobre na página 10). “As limitações da Ana são física, ela não consegue abrir uma porta se a maçaneta for redonda, ela não tem um movimento no pulso, nem do cotovelo. Mas ela encara isso de uma forma tranquila. Antes ela subia para a sala de elevador porque ela não tinha condições de enxergar direito, além da escoleose na coluna, que faz com que ela não possa carregar peso. Ela tem uma
Oi, eu sou a Tiffany. Sou o cão-assistente da Aninha, uma colega de vocês. Talvez você já tenha me visto pelo Colégio, no 1º semestre, quando eu estava em treinamento. Agora, estou trabalhando, auxiliando a Aninha com as tarefas dela. Por isso, vou pedir a você algo muito importante: quando eu estiver usando o colete, não faça carinho em mim, não me chame nem brinque comigo. Enfim, não me distraia de forma alguma. Assim, vou poder exercer melhor a minha função dando toda a atenção à Aninha. Obrigada!
perda de 30% nos olhos mas isso não afeta na escola, sentando na frente ela consegue acompanhar tudo”, esclarece. Para adaptar Tiffany ao cronograma escolar, foram realizados treinamentos específicos – ainda no primeiro semestre –, para ela se familiarizar com o ambiente. No segundo semestre, Tiffany passou a ir todos os dias para a escola com Ana. Segundo a mãe de Ana Luiza, por causa da doença, ela tropeça e pode se machucar. “Tiffany ajuda ela a enxergar para caso tenha alguma coisa no meio do caminho, algum degrau, ou para saber se tem algum obstáculo”, conta. Foi lendo muito e vendo matérias de outros países que a mãe teve a ideia do cachorro, pois a filha queria se sentir como os outros, descer e subir de escada, levar o material para casa o que antes não podia fazer por conta do peso.
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Especial
Cão inclusão Existem cães treinados para auxiliar pessoas com
telefone e o cobertor, além de chamar outra pessoa na casa
deficiência física, visual, auditiva e também pessoas
em caso de emergência. Os treinamentos são personalizados
com autismo ou diabéticas. Estes cães, que atuam como
de acordo com as necessidades e a rotina da pessoa que
cães de alerta, são treinados para auxiliar em momentos
ficará com ele.
específicos.
Cães de assistência: são treinados para ajudar pessoas
Os cães para diabéticos, por exemplo, avisam quando há
com deficiência no seu dia a dia;
grandes variações do índice glicêmico através do cheiro
Cães-guia: são os responsáveis por ajudar pessoas com
que a pessoa exala, enquanto os cães de alerta também
deficiência visual;
avisam pessoas próximas quando a pessoa está tendo
Cães-ouvintes: são os que auxiliam pessoas com
uma crise de alergia ou epilepsia.
deficiência auditiva;
E os cães para ajuda na mobilidade auxiliam no cotidiano das
Cães de serviço: são os que ajudam pessoas com
pessoas e são treinados para ajudar em tarefas como abrir
deficiência física, e são divididos por categorias, com
e fechar portas, chamar o elevador, trazer objetos como o
diferentes particularidades.
Cães-guia: responsáveis por ajudar pessoas com deficiência visual.
Cães de alerta: auxiliam autistas, diabéticos, alérgicos e epiléticos.
Cães-ouvintes: auxiliam pessoas com deficiência auditiva.
Cães de serviço:ajudam pessoas com deficiência física.
Cães de mobilidade: auxiliam em atividades cotidianas.
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Pet Terapia A psicóloga Karina Schutz desenvolve seu trabalho junto aos animais, inclusive já realizou diversos trabalhos em escolas, atualmente está na escola Kinder – Centro de Integração da Criança Especial, em Porto Alegre (RS), que é exclusiva para crianças com deficiências múltiplas. A pet terapia trabalha com foco no bem-estar e no crescimento do ser humano, por meio das interações entre o homem e o animal. É desenvolvida por um profissional da área da saúde e envolve técnicas adaptadas da psicologia, utiliza animais aptos e treinados entre eles cães, gatos, peixes, jaboti, coelho e pássaros como parte do trabalho e do tratamento da pessoa, com objetivos claros e predefinidos. Esse processo terapêutico pode ser desenvolvido em forma individual ou em grupos, respeitando o sigilo e a privacidade de cada paciente. É utilizada para promover a saúde física, mental, social, emocional e funções cognitivas do paciente. A profissional contou um pouco sobre a importância dessa terapia pet para a criança. “Os benefícios são diversos e, a partir do momento em que se acredita que o animal pode atuar como mais um facilitador, como mais um recurso auxiliar no processo ensino-aprendizagem, muitas crianças aceitam com mais facilidade e aprendem brincando com o animal”, explica.
Segundo a psicóloga, a criança com deficiência se beneficia por meio dos estímulos que o animal proporciona quando uma atividade ou terapia convencional não consegue proporcionar, como, por exemplo, abrir a mão e fazer um carinho dentro de um exercício de fisioterapia. “Um sorriso muitas vezes é um estímulo que pode ser difícil devido a dores de uma condição física, esse sorriso é conquistado através do afago ou de um olhar com o animal”, conclui.
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A deficiência
Mucopolissacaridoses
Conheça essa doença rara e entenda suas causas e variações Por: Maira Isis Cardoso | Fotos: Divulgação
S
egundo o doutor José Francisco da Silva Franco, médico
semelhantes aos outros tipos, mas há uma grande variabilidade
geneticista e pediatra, as mucopolissacaridoses (MPS)
nas manifestações clínicas, incluindo o sistema nervoso central
são doenças de depósito lisossômico, metabólicas,
(hidrocefalia, compressão da medula espinhal), sistema cardíaco
hereditárias com apresentação progressiva, crônica que en-
(alteração no músculo e valvas do coração, aumento da pressão
volvem vários órgãos e sistemas do corpo. “De uma maneira
arterial), sistema gastrointestinal (aumento do fígado e do baço,
simplificada, os lisossomos são organelas que contêm enzimas
hérnia, diarreia), sistema esquelético (alteração no crescimento,
potentes necessárias para nossa reciclagem celular”, explica.
nos ossos e nas articulações – rigidez nas juntas), infecções
Causadas pela deficiência de uma das 11 enzimas do lisossomo
recorrentes nas vias aéreas superiores (otites, sinusites, rinites),
responsáveis pela degradação dos glicosaminoglicanos
alteração ocular e apneia do sono entre outros.
(GAGs), essa doença considerada rara começa a apresentar
A forma com a deficiência intelectual acomete cerca de 2/3
seus primeiros sinais e sintomas ainda na infância, geralmente
dos pacientes com a mucopolissacaridose tipo II. Nesse caso,
entre dois e quatro anos de idade. “Existe uma forma com
existe o atraso do desenvolvimento neurológico, psicológico
deficiência intelectual e outra sem a deficiência, mas, às vezes,
e motor da criança com rápida progressão dos sintomas.
o enquadramento da MPS II nesses dois subtipos é difícil,
As convulsões podem se manifestar no começo do quadro
porque existem pacientes com características intermediárias”,
neurodegenerativo e mudanças de comportamento como
detalha o doutor José Francisco.
hiperatividade e agressividade também podem ser encontradas.
O médico cita a síndrome de Hunter – MPS tipo II, como
A forma sem a deficiência intelectual ocorre com cerca de
exemplo. Segundo ele, os pacientes podem ser clinicamente
1/3 dos pacientes MPS II e a inteligência, normalmente, está preservada e a expectativa de vida aumentada. O aparecimento dos sinais e sintomas ocorre mais tardiamente. O empresário Agadir Faria conta que a sua filha Letícia Queiroz de Faria, 4 anos, ou Lelê, como ela prefere ser chamada, tem a mucopolissacaridose tipo IV-A ou síndrome de Mórquio, que é uma doença grave e rara da doença, causada pela deficiência ou ausência de produção da enzima n-acetilgalactomisina-6, responsável por causar sérias deformidades ósseas, problemas cardiovasculares, graves problemas respiratórios, problemas visuais e auditivos, além de aumento de órgãos internos como baço e rim e compressão medular que, em última análise, leva a tetraplegia e falência respiratória. O tratamento consiste na realização de terapias ocupacionais, motoras e respiratórias, hidroterapia, sessões de psicologia, além das visitas ao ortopedista, ao cardiologista, ao oftalmologista, ao pediatra e ao otorrino entre outros especialistas. Segundo Helen Faria, mãe da Lelê, sua filha foi diagnosticada como MPS em 2013, quando completou dois anos de idade. “O que nos levou ao diagnóstico foi o decréscimo de crescimento apresentado no intervalo de seis meses, entre um ano e meio e
Letícia Faria
dois anos de idade, pois até este momento ela era uma criança saudável e não apresentava nenhum atraso”, explica Agadir.
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Conheça os outros tipos da doença: Mucopolissacaridose tipo I - síndrome de Hurler ou síndrome de Scheile, é uma doença metabólica rara de origem genética (deleção do gene 4p16.3) caracterizada pela falta da enzima α-L-iduronidase resultando em acúmulo de longas moléculas de açúcar conhecidas como glicosaminoglicanos ou GAGs. A doença causa alguns comprometimentos cognitivos, micrognatia, macroglossia, degeneração retiniana, turvação corneal e cardiomiopatia. Mucopolissacaridose tipo III - dividida por síndrome de Sanfilippo, ela é caracterizada pela falta de sulfato de heparina; a síndrome de Sanfilippo B que ocorre pela falta de N-acetilglucosaminidase; e a síndrome de Sanfilippo C que ocorre devido à falta Atualmente o único tratamento disponível e efetivo existente contra a doença consiste na reposição enzimática, que é feita uma vez por semana de forma venosa e tem duração aproximada de seis horas. Segundo Agadir, a filha atingiu todos os marcos da primeira infância no tempo devido (virar, sentar, engatinhar, falar, levantar e andar). “A doença se manifestou de forma silenciosa. Dentre os exames solicitados nesta época, um raio-x do pulso apresentou a displasia óssea que levou ao pré-diagnóstico da doença, posteriormente confirmado por exame de sangue específico”, completa o pai. Com o diagnóstico surgiu também uma grande vontade de lutar para garantir a qualidade de vida da filha. “Entramos com uma liminar para garantir o acesso da Lelê ao único tratamento de eficácia comprovada contra a doença e, após seis meses, pudemos realizar a primeira terapia.” A família da Lelê também ganhou na justiça o direito de receber do Estado a medicação necessária para o tratamento da menina. “Após um ano de tratamento, notamos uma
de N-acetilglucosamina 6-sulfatase. O tipo III pode causar atraso de desenvolvimento, hiperatividade severa, disfunção motora e morte na segunda década de vida. É conhecida pela ausência da enzima 6-sulfo-N-acetilhexosaminida sulfatase e excreção de ceratossulfato na urina. Mucopolissacaridose tipo VI - caracterizada pela síndrome de Maroteaux-Lamy uma displasia esquética. É uma forma autossômica recessiva de nanismo. Causada pela falta de N-acetilgalactosamina 4-sulfatase, causando severa displasia esquelética, baixa estatura, disfunção motora, cifose e problemas cardíacos. Mucopolissacaridose tipo VII - síndrome de Sly é caracterizada pela falta de β-glucuronidase causando hepatomegalia, displasia esquelética, baixa estatura, turvação corneal e atraso no desenvolvimento.
melhora respiratória e cardiovascular, além de uma retomada do crescimento que estava praticamente estagnado desde os dois anos e meio”, explicam os pais, que completam: “Letícia é uma criança feliz e tem um excelente rendimento escolar. Ela é querida por amigos e professores e participa com todo
Conheça mais sobre a doença nos sites www.apmps.org.br e www.casahunter.org.br
o empenho das atividades da escola”, conclui Agadir.
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Educação no Brasil
Rio Grande do Sul: escola para todos Por: Brida Rodrigues | Fotos: Shutterstock e Divulgação
Estado investe em recursos inclusivos e prioriza a permanência dos alunos com deficiência nas escolas regulares
Multifuncionais contempla a entrega de equipamentos às escolas que contam com 1.054 professores especializados, atendendo em 885 Salas de Recursos em todo o estado. Segundo dados divulgados no Censo de 2014, cerca de 22.929 alunos considerados ‘público-alvo’ da Educação Especial – neste caso, alunos com deficiência, com transtorno global do desenvolvimento ou com altas habilidades/superdotação – estão matriculados no Ensino Comum da Rede Pública Estadual, recebendo atendimento educacional especializado. Na capital e no interior do estado, o programa tem como
A
objetivo fortalecer a prática pedagógica pressupondo a Rede Pública Estadual de Ensino do Rio Grande
necessidade de encontros, diálogos, planejamentos em
do Sul está empenhada em incluir os alunos
conjunto e troca de experiências entre os profissionais
com deficiência nas escolas públicas regulares.
envolvidos no processo de Educação Inclusiva.
Por esse motivo, a Secretaria da Educação vem am-
A secretaria estima que em breve serão oferecidos
pliando seus investimentos para oferecer qualidade na
cursos de braile e de Libras, de Formação para o Aten-
educação para todos, por meio de materiais didáticos
dimento Educacional Especializado e de Comunicação
adaptados, recursos tecnológicos de acessibilidade,
Alternativa entre outros.
além da capacitação dos profissionais da área.
A secretaria desenvolve outros programas de apoio
Adotado por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR), o
ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), que
Programa Federal de Implementação das Salas de Recursos
você confere a seguir.
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Escola Acessível:
Benefício de Prestação
Promove condições de acessibilidade ao ambiente físico, garante recursos didáticos e pedagógicos, e favorece a comunicação e a informação nas escolas públicas de ensino regular. O Escola Acessível disponibiliza recursos, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que financia ações de adequação arquitetônica como rampas, sanitários, vias de acesso, instalação de corrimão, sinalização visual tátil e sonora e ainda conta com aquisição de cadeiras de rodas, recursos de tecnologia assistiva, bebedouros e mobiliários acessíveis. Até o momento, 1.102 escolas foram
Continuada na Escola:
O BPC tem por objetivo monitorar o acesso e a permanência dos beneficiários com deficiência, com idade entre 0 e 18 anos, na escola. A monitoria é realizada de forma integrada pelas áreas da educação, da assistência social, dos direitos humanos e de saúde, que além de acompanhar a frequência escolar dos alunos, identifica possíveis barreiras que impedem o acesso dos beneficiários à escola.
beneficiadas pelo programa.
Centro de Apoio Pedagógico
para Atendimento às Pessoas com DeFIciência Visual:
O CAP-RS tem como meta expandir o atendimento educacional às pessoas com deficiência visual, assegurando acesso ao conhecimento por meio de recursos específicos de acessibilidade. Para esse fim, existe a transcrição de materiais para o sistema braile, pesquisas e tutoriais de uso e aprofundamento de softwares acessíveis, além dos mapas e gráficos em alto relevo.
Carlos Eduardo Vieira da Cunha Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o secretário Estadual da Educação, Carlos Eduardo Vieira da Cunha, tem 54 anos e é membro do Ministério Público. Já foi vereador da Capital, deputado estadual por três mandatos e deputado federal por dois mandatos. O secretário também presidiu o Departamento de Limpeza Urbana de Porto Alegre e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
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Atividades
ATIVIDADES Por: Sandra Francisco | Imagens: Shutterstok
Nesta edição, confira atividades para ensinar as crianças a conhecerem o habitat natural dos animais, e também sugestões para trabalhar a coordenação motora e para estimular o aprendizado dos números.
1 Cada um no seu lugar
Os animais estão em todas as partes. Sejam domésticos, como
Modo de aplicar: A atividade pode ser realizada em um local
cães e gatos, ou silvestres, como determinadas espécies de
onde as crianças possam ver pássaros ou pequenos animais,
pássaros e peixes, eles estão em contato conosco em diversos
como o zoológico, uma fazenda, em parques, ou ainda em
momentos. A atividade pretende fazer com que os alunos
filmes. Faça com que a criança observe o entorno em que
entendam as necessidades de cada animal, bem como, que
eles se encontram. Caso tenha algum aluno com deficiência
eles conheçam seu habitat natural.
visual, providencie com antecedência algo que o aluno possa tatear para conhecer o animal em questão. Assim ela fará
Objetivo: Ensinar os alunos a observar, diferenciar, cuidar
parte do grupo, não ficando apenas no abstrato.
e respeitar os animais.
Em seguida, faça com os alunos um mural com diferentes
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tipos de paisagens, selva, mar, ar e animais domésticos entre outros. Peça que os alunos pesquisem em revistas imagens de animais. As imagens devem ser recortadas e coladas no mural, no espaço correspondente ao seu habitat natural. Por exemplo: o peixe no lago; o leão, na jaula; o pássaro, na árvore. Uma vez observados e comentados os diferentes tipos de entornos que necessitam para viver e as condições mínimas que devem ter para tal. Mais uma vez mostre a importância do respeito a eles. Peça que falem sobre quais animais eles gostariam de ter ou se eles têm algum animal de estimação. Pergunte quais são suas
Dicas:
● Promover um dia de contato com os animais domésticos ou pedir para que os alunos levem fotos de seus animais, para montar um mural; ● A atividade proposta no encarte servirá como um roteiro e pode ser confeccionada em EVA, TNT, camurça ou, simplesmente, com papel. Use sua criatividade; ● Disponibilizar um modelo para cada aluno poder montar o seu habitat, assim você saberá se ele entendeu que existem diferentes tipos de animais; ● O ideal é trabalhar com imagens de diversos animais (que nadam, que voam, que andam e que rastejam); ● Se possível, compre um peixe Beta para deixar na sala de aula, de modo que a cada dia um aluno tenha a responsabilidade de alimentá-lo. Aos finaisdesemana,osalunospodemserevezarparacuidardoBetaemcasa.
responsabilidades no cuidado desses animais.
Atenção!
2 Quebra-cabeça
A continuidade desta atividade está no encarte!
lado, estimula a habilidade óculo-manual, exercitando a memória visual e a motricidade fina. Por meio da exploração e manipulação das peças, o aluno pode desenvolver e melhorar o uso dos seus dedos tanto para pegar como para unir as peças e colocá-las corretamente. Objetivo: Além de ajudar a criança a se organizar, a atividade vai aguçar sua observação, sua atenção e sua concentração. Modo de aplicar: Entregue uma cópia do quebra-cabeça (no encarte) para cada aluno e peça que eles pintem de acordo com seu gosto. O ideal é colar os desenhos em uma cartolina e, se possível, plastificar. Os alunos também podem dar nomes para os animais.
O quebra-cabeça pode ser utilizado para ensinar as crianças a se organizarem. Essa atividade também pode melhorar a agilidade mental, exercitando o uso da lógica e de estratégias para relacionar as diferentes peças, formas e cores. Por outro
Dica!
Caso o aluno tenha dificuldades, inicie o quebra-cabeça com duas peças e aumente o número de peças na medida em que os alunos estejam familiarizados e seguros.
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Atividades
3 Aprendendo a recortar
Atenção! A continuidade desta atividade está no encarte!
Objetivo: Desenvolver a coordenação motora fina, a coordenação bilateral e a coordenação óculo-manual. Modo de aplicar: Rasgar pedaços grandes de papel e, pouco a pouco, ir deixando os pedaços menores. Realizar atividades com massa de modelar ou ainda amassar papéis, também são uma boa forma de exercitar o movimento das mãos. Existem tesouras especiais e adaptadas que só cortam papéis e nada mais. São próprias para crianças com dificuldades de preensão, problemas de coordenação motora e lateralidade. Depois, dê uma tesoura à criança e peça que ela faça alguns recortes (modelos no encarte). Ela terá mais habilidade após Cortar com tesouras requer coordenação e uma certa
fazer esse treino.
habilidade. Entre os três ou quatro anos de idade, as crianças começam a adquirir habilidades manuais cada vez mais complexas, que lhes permitem usar a tesoura. Aprender a recortar é um passo a mais em seu desenvolvimento, pois o uso da tesoura requer a máxima coordenação entre o cérebro e a mão. Para algumas crianças com deficiência que não possuem a motricidadenecessáriapararecortarcomtesouras,énecessário um treinamento prévio e prática.
4 As dezenas Entre as vantagens de ensinar as dezenas por meio de imagens e desenhos é que os alunos aprendem com mais facilidade. Isso porque eles adaptam as operações a seu nível de conhecimento em cálculos. Objetivo: Desenvolver os conhecimentos em cálculos com os alunos de modo que eles se familiarizem com os números. Modo de aplicar: Utilize imagens de desenhos e de objetos como lápis de cor, carrinhos ou outros brinquedos (você vai precisar de 10 unidades de cada objeto). Você deve ensinar as crianças que uma dezena é composta por 10 números. Assim, você pode fazer grupos de 10 objetos para que as crianças trabalhem as quantidades. Em seguida, entregue a cada aluno uma folha de atividades (encarte) para que elas identifiquem as dezenas.
Dicas: Faça dezenas mais concretas como lápis de cor, borrachas, canetas, etc. Use o que tem em sala de aula, assim para os alunos que têm dificuldade, o aprendizado será mais concreto e prazeroso.
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Atenção!
5 Motricidade e números
A continuidade desta atividade está no encarte!
Uma forma eficiente para se familiarizar com os números, aprendendo sua sequência, os jogos de ligar os pontos são sempre fáceis de trabalhar com os alunos. Nesta atividade, os alunos vão aprender a contar até 50. Objetivo: Trabalhar a atenção, a numeração, a motricidade fina e a criatividade dos alunos.
Dicas:
● Caso o aluno com deficiência não conheça todos os números, faça com que ele desenvolva a atividade em dupla
Como aplicar: Entregue a folha de atividade aos alunos
com um colega de sala;
(encarte). Peça que os alunos liguem os números e complete o desenho, que pode ser pintado quando estiver finalizado.
6 Dominó em braile Para garantir a brincadeira dos alunos, inclusive os que têm deficiência visual, o dominó em braile pode ser uma excelente opção. Objetivo: Desenvolver a discriminação visual e tátil, além de desenvolver habilidades de raciocínio. Modo de aplicar: Você vai precisar de um jogo de dominó comum, que pode ser adaptado com a ajuda de um tubo de cola colorida para fazer o relevo dos pontos do dominó, permitindo que os alunos com deficiência visual possam identificar os números. O jogo se inicia com a divisão dos alunos em grupos de até quatro pessoas. Misture as pedras de dominó e distribua sete peças para cada aluno. O professor pode orientar os alunos de modo que todos entendam o jogo.
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Atividades
7 Sudoku das estrelas
Atenção! A continuidade desta atividade está no encarte!
O Sudoku é uma estratégia de ensino que permite o aprendizado,
Modo de aplicar: Preencha os quadradinhos e deixe um ou dois
tendo em conta a diversidade cognitiva dos alunos, como meio
para que o aluno complete. Conforme ele for se familiarizando,
de desenvolvimento de suas capacidades de habilidade lógica,
aumente o número de quadradinhos em branco.
de atenção, de destreza e a prática de valores. A atividade não requer conhecimentos matemáticos, mas é uma forma eficiente de familiarizar os números para os alunos. Objetivo: O Sudoku ensina a desenvolver estratégias para resolver os problemas imersos em um contexto. A criança com deficiência poderá também desenvolver o seu raciocínio.
● Faça o modelo do Sudoku bem grande para que os alunos possam visualizar melhor; ● Diversifique os temas para deixar a atividade mais divertida.
Errata Na edição 46, a atividade 3 - ‘Para gostar de
Na mesma edição, a atividade 4 - ‘Dominó dos
matemática’, saiu com os números do terceiro bloco
sentimentos’, no encarte, publicamos duas vezes a
em ordem errada. Segue abaixo o modelo correto:
peça ANGÚSTIA, substituída nesta edição pela palavra ORGULHO. Se quiser ter acesso às atividades, na íntegra, acesse o link: minu.inf.br/4OLE1WoNho
Ligue os seguintes números com seu anterior e posterior Anterior
79 19 39
Posterior
40 80 20
21 81 41
Estou andando pela calçada e vejo que uma pessoa jogou resto de lanche no chão
ORGULHO
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Palavra do Especialista
Coleção Incluir Conheça a coleção que estimula inclusão a partir da leitura Por: Sharlene Serra*
É
por meio da leitura que a crian-
para as crianças histórias que tem como
ça desenvolve a criatividade, a
fundamentação um contexto real. Os
imaginação, adquire cultura,
personagens Ritinha, Vitória, Paulo e Biel
conhecimentos e valores, mes-
mostram que o mundo é feito de diferenças
mo porque, toda história tem algo a nos
e ensinam as crianças sem deficiência que
ensinar e, através dela, conseguimos o
elas precisam conhecer e se conscientizar
domínio da palavra, ideias e conhecimen-
para o respeito ao próximo, independente
tos. Com este recurso fabuloso que é a
de qualquer situação.
leitura, conseguimos também entender
Os livros da coleção proporcionam às
o mundo que nos cerca, nos transfor-
crianças uma humanização necessária,
mamos e, ao nos transformar, abrimos
um espírito de colaboração, além de
nossas mentes para o desconhecido.
agir como um catalisador para mudan-
Pensando neste alcance da leitura e
ças das práticas educacionais, além de
na sua capacidade de levar conceitos
fazer com que as crianças entendam
e valores para a vida, surgiu a Coleção
que as deficiências são uma, das muitas
Incluir, que oportuniza conhecimentos
características diferentes que todos po-
sobre as pessoas com deficiência.
dem ter, e assim¸ aprendam a respeitar e
A coleção é composta inicialmente por qua-
entender a condição do outro. E quando
tro histórias esclarecedoras, onde cada livro
isto acontece, a criança com deficiência
aborda sobre as deficiências visual, auditiva,
passa a ser respeitada, reduzindo a taxa
física e intelectual (‘Olhando com Ritinha’;
de desistência escolar, além de perceber
‘Ouvindo com Vitória’; ‘Caminhando com
que ela pode construir laços de amizades
Paulo”; e “Aprendendo com Biel’).
na escola, aumentando sua autoestima
Estes livros propõem que a cultura de inclu-
e consequentemente transformando-
são atravesse os processos de socialização,
-a em motivação fazendo interagir e o
pautada em práticas educativas com ações
estimulando no aprendizado.
de incentivo à leitura e necessariamente
Mas nada disso acontece sem o olhar e
associada a projetos inclusivos em sala
apoio do professor que, por sua vez, tem
de aula. A coleção enfatiza os conteúdos
um papel fundamental neste processo, no
mento de projetos educacionais para forma-
mediante um olhar de mundo, ensinado
sentido de instigar o aluno para o exercício
ção de professores em educação inclusiva
por meio de ações, vivências e mostrando
do pensar, da reflexão e da criticidade.
*Sharlene Serra é designer, especialista em educação especial em uma perspectiva inclusiva e graduanda em pedagogia. Atua no desenvolvimento de materiais didáticos e tecnologias de baixo custo para crianças com ou sem deficiência e no desenvolvi-
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Educação Adaptada
Materiais adaptados em sala de aula Para estimular a inclusão entre os alunos e ajudar no aprendizado Por: Brida Rodrigues e Maira Isis Cardoso | Fotos: Danielly Stefanie Oliveira
Copos e palitos coloridos facilitam a aprendizagem da criança para cálculos matemáticos
O
processo de adaptação de materiais em sala de aula não se limita apenas em criar novas atividades. É importante para o educador fazer uma análise do repertório educacional adquirido ao longo dos anos pelo aluno com deficiência. De acordo com as habilidades e carências de aprendizado do aluno, o professor inicia o processo de adaptação dos materiais e das atividades educacionais. Para a educadora Sandra Francisco, consultora da #RevistaMundoDaInclusão, a ideia é desenvolver simples adaptações que possam garantir o desenvolvimento dos alunos. Uma cola colorida, por exemplo, pode formar os pontos do braile. Ter o alfabeto
em Libras também pode estimular a comunicação com os colegas surdos. “É importante que todos os alunos recebam a mesma educação e realizem as mesmas atividades. Por isso, adaptar os materiais é imprescindível e muitas vezes atitudes simples podem garantir ótimos resultados”, explica Sandra. O ideal é que o professor e/ou o coordenador pedagógico descubram até onde o aluno com deficiência pode chegar, aplicando seus esforços no que de melhor esse aluno pode render, e não centralizar em suas limitações. Desta forma, será possível planejar atividades cotidianas tanto para serem trabalhadas em sala de aula, quanto de forma extracurricular, envolvendo
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familiares e cuidadores no processo educacional destes alunos. “O envolvimento familiar é fundamental porque notamos que quando todos trabalham de forma coletiva, o rendimento do aluno é muito maior”, completa Sandra. A inclusão escolar acontece social e afetivamente de modo que o estudante deve se sentir aceito pela turma e perceber que a diversidade não é um obstáculo e sim um estímulo para a formação de consciência de todos envolvidos na sala de aula. “É possível confeccionar materiais pedagógicos adaptados, mesmo com poucos recursos usando materiais recicláveis, sucatas e fitas, por exemplo. Até mesmo os pais podem criar brinquedos, adaptar lápis e outros objetos. É interessante a escola promover uma oficina para orientar os pais sobre como adaptar materiais para trabalhar com as crianças em casa”, completa Sandra. Segundo a profissional, existem muitos materiais baratos e fáceis de serem confecionados e que fazem a diferença para trabalhar com os alunos em sala de aula.
Fantoches feitos de material reciclável divertem, trabalham a criatividade e ensinam sobre sustentabilidade.
O professor Arcângelo Rosa iniciou há alguns meses o trabalho de atendimento a alunos com deficiência. Apesar do pouco tempo de vivência trabalhando na Sala de Apoio de Acompanhamento a Inclusão (SAAI) tem desenvolvido diversos objetos educacionais adaptados a fim de incentivar o aprendizado desses alunos. Alguns são brinquedos adaptados para a sala de aula, que ele montou após fazer cursos que a própria prefeitura oferece, mas também devido a sua pós-graduação que foi baseada na experiência que ele teve com um aluno com deficiência. Arcângelo cria brinquedos para desenvolver a parte sensorial, incentivar o desenvolvimento motor, a parte intelectual e também para facilitar a aprendizagem de matérias, como a matemática, por exemplo.
Desenhos coloridos com massinha trabalham a coordenação motora e a sensação tátil
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Tá na web
sites e blogs
Muito além do on-line!
Projeto Novo Guia www.projetonovoguia.com.br
Pet Terapeuta
www.petterapeuta.com.br Repleto de notícias, vídeos e relatos pessoais, o site busca
O site consiste na divulgação das atividades e eventos realizados pelo Projeto Novo Guia, além de dar indicações de lugares especializados para o tratamento de pet terapia.
provar que a companhia dos animais de estimação vai além de proteger a casa, servindo como um grande amigo e, até mesmo, terapeuta, podendo transformar vidas.
APMPS
Casa Hunter
www.casahunter.org.br
www.apmps.org.br
A Casa Hunter é uma ONG sem fins lucrativos forma-
A Associação Paulista dos Familiares e Amigos dos Por-
da por um grupo de pais de crianças com doenças
tadores de Mucopolissacaridoses e Doenças Raras visa
raras, médicos especializados em estudos genéticos,
promover os direitos constitucionais das pessoas com
pesquisadores, farmacêuticos e empresários. Nele é
essas doenças. O site disponibiliza informações e dicas
possível conhecer algumas das principais doenças raras
de leitura, além de atividades e serviços.
e acomanhar alguns eventos da área.
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Vitrine Livros
Muito mais conhecimento! Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação
Gigante pouco a pouco Manuel era um menino que tinha pais gigantes. Sem que ele esperasse, também começou a crescer, até que já não cabia mais dentro da sala de aula. O menino receou que seus colegas de classe ficassem assustados e se afastassem dele, mas, ao contrário, os amigos mantiveram-se ao seu lado, ajudando-o a mostrar ao mundo que suas diferenças não o tornava menos legal ou importante. De maneira lúdica e original, o livro constrói uma reflexão sobre as diferenças e como é possível enxergá-las de forma positiva, principalmente pelas crianças. O leitor é convidado a se proteger do sol forte na sombra de Manuel e brincar de balanço em
Inclusão na Prática - Estratégias Eficazes para a Educação Inclusiva Destinado a educadores e pais, este livro mostra como a escola
seus fios de cabelo. Assim, as diferenças se transformam em vínculos
pode se transformar no palco da verdadeira educação inclusiva.
de amizade e companheirismo.
Para a autora, Rossana Ramos, crianças e adolescentes com
Editora Biruta | 32 páginas
deficiência – seja ela física, intelectual ou múltipla – não devem frequentar instituições especiais. Ao contrário, precisam interagir com crianças e adultos sem deficiência para que obtenham habilidades e algum grau de autonomia. A obra ainda desfaz diversos mitos que rodeiam o assunto, além de relatar casos bem-sucedidos de alunos que superaram dificuldades, desen-
O Cérebro Autista A psicóloga e doutora em ciência animal Temple
volveram muitas habilidades provando que a parceria entre a escola, os pais e os educadores é fundamental. Editora Summus | 128 páginas
Grandin reuniu as últimas
Um Mundinho
descobertas sobre as cau-
para Todos
sas e tratamentos do au-
Era uma vez um mundinho
tismo nesse livro. Quando
em que cada habitante tinha
sua mãe a levou a um neu-
um jeito de ser bem diferen-
rologista, os sintomas de
te do outro – uns viviam no
comportamento destrutivo, incapacidade de falar, e sensibi-
Norte e gostavam de andar
lidade ao contato físico foram classificados como indicadores
descalços, outros não enxer-
de dano cerebral. Identificado por meio da observação e da
gavam muito bem e precisa-
avaliação do comportamento, o diagnóstico do autismo pode ser confuso e vago e continua apresentando mudanças até hoje. No livro, Grandin destaca os avanços da ciência, que vem explorando novas rotas de investigação sobre o transtorno por meio de neuroimagens e da genética. A escritora também chama atenção para o fato de os problemas sensoriais não serem prioritários para pesquisadores e estudiosos do autismo. Editora Record | 252 páginas
vam de ajuda –. E cada um deles tinha sua forma de agradecer por viver num lugar tão feliz. Com texto impresso em braile, a obra é também destinada a leitores com deficiência visual. O mundinho é colorido, pessoas de todos os jeitos vivem nele e devem ser respeitadas como são. O livro de Ingrid Bellinghausen é sobre elas e para elas, com ilustrações cheias de cor e movimento. Editora DCL | 24 páginas
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Hora do Recreio
Horta na Escola Quando a boa alimentação começa na escola Por: Maira Isis Cardoso | Fotos: Shutterstock
M
anter uma alimentação correta
alimentos que os alunos colhem na horta
ção, por exemplo, a massa de panqueca
é fundamental para garantir a
são usados em suas próprias refeições
verde feita com espinafre e manjericão.
qualidade de vida e a saúde.
na escola.
Assim, crianças que antes não aceitavam,
Quando essa alimentação saudável está
Segundo a pedagoga e psicopedagoga
hoje já provam e comem os alimentos”,
alinhada a produtos cultivados de forma
Raquel Liane da Silva, que há 16 anos
explica.
orgânica em uma horta, pode ir além, e
atua em sala de aula, na coordenação e na
Ela completa: “entre outras aprendi-
ajudar a criança no processo de aprendi-
direção escolar, “as crianças não convivem
zagens, a horta é uma vivência parti-
zagem, já que ela come o que planta e
mais com cultivo de hortas em suas casas,
cular, enriquece seus conhecimentos
passa a se alimentar com mais nutrientes
por falta de espaço”.
na alimentação, ajuda na aceitação de
devido à diversidade destes alimentos,
Raquel é diretora da Escola Cristã Reverendo
diferentes sabores e também ensina res-
que são fontes de vitaminas e minerais
Olavo Nunes, em Porto Alegre (RS), escola
ponsabilidade a partir do cuidado que
fundamentais para seu desenvolvimento.
que está implantando uma horta vertical,
eles têm que ter com ela diariamente”.
Na Escola Municipal de Educação Bilíngue
opção que pode ser aplicada em qualquer
para Surdos Helen Keller (EMEBS), a pro-
lugar já que ocupa pouco espaço e permite
fessora Sandra Farah divide a responsa-
que as crianças tenham essa vivência.
bilidade da horta orgânica da escola com
Segundo Raquel, as crianças aprendem a
o senhor José, pai de um aluno. Juntos,
cuidar da horta limpando e regando dia-
eles desenvolvem o projeto ‘Da terra para
riamente, conhecem os nomes e as formas
a mesa’, em que os alunos são responsá-
de diferentes temperos e ainda aprendem
veis por plantar e colher verduras e frutas
a identificar cada um deles pelo aroma.
para promover alimentação saudável. Os
“Esses temperos são incluídos na alimenta-
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A obesidade Infantil Um tema que tem causado preocupação, a obesidade e o sobrepeso afetam 39% das crianças brasileiras, segundo Estudo Internacional de Obesidade Infantil. Pensando nisso, a PlayPen Escola Cidade Jardim, de São Paulo (SP), montou um cardápio especial que visa a educação alimentar das crianças. Uma das medidas adotadas pela escola foi fazer uma ampla reforma na cozinha e a contratação da nutricionista, Mariana de Oliveira Matos, que está na escola há dois anos.
O que chamou atenção é que alguns alunos comeram verduras
Ela foi responsável por desenvolver um cardápio equilibrado
ou legumes pela primeira vez na escola. “Servimos todos os
e saudável para os alunos.
dias três tipos de folhas, três tipos de legumes e um grão.
Segundo Mariana, para vencer a barreira dos alunos
Têm alunos que não têm o hábito de comer verduras, mas
contra alimentos saudáveis, a escola fornece alimentos di-
quando eles veem o amiguinho comendo, experimentam”,
ferentes em receitas tradicionais. “Inserimos no cardápio
conta a nutricionista.
o bolo de chocolate com abobrinha ralada, o pãozinho
Os profissionais levam em conta estudos que apontam que
de cenoura e de mandioquinha para o café, a bolacha
durante os dois primeiros anos de vida ocorre um rápido de-
de aveia, a farofa nutritiva com farinha de linhaças e
senvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. Dessa forma,
os talos de legumes entre outros. As crianças comem e
práticas alimentares inadequadas no ensino infantil podem
gostam muito”, explica a nutricionista.
repercutir de forma negativa no desenvolvimento das crianças.
Dicas para alimentação A nutricionista do Centro Educacio-
importantes para ter saúde. Elas en-
• A escola também pode envolver a
nal da Fundação Salvador Arena,
tendem a beleza dos alimentos, as
família em atividades relacionadas à
Fernanda Trigo Costa, explica que
cores, as formas, a consistência, o
alimentação, porque, muitas vezes,
uma boa alimentação é um valor que
odor, e isso deve ser levado em conta.
os pais ou cuidadores envolvidos em
deve ser transmitido gradativamente
Quem oferece o alimento deve acre-
suas atividades diárias podem ter se
e com amor, como tantos outros.
ditar e ver, no momento da alimenta-
distanciado de suas próprias relações
Por isso, é muito importante dar a
ção, uma oportunidade de educar e
com os alimentos de forma que não
devida importância ao ato de comer,
formar conceitos através da vivência:
sabem como lidar e contribuir neste
sempre preservando o ambiente
aspecto da formação da criança;
confortável, limpo e tranquilo, para
• As crianças devem ser envolvidas
• A relação com o alimento, além
que as crianças possam comer cada
no preparo dos alimentos e nas ta-
de ser construída desde cedo, passa
um no seu tempo e desfrutar do
refas de limpeza e organização após
por nossas experiências cotidianas
momento da alimentação de forma
as refeições para entenderem todo
e sofrerá alterações até o fim de
natural.
o contexto da alimentação;
nossas vidas;
As pessoas responsáveis por servir
• Novos alimentos devem ser experi-
• Esta relação sendo estabelecida de
o alimento devem ser devidamente
mentados sem cobrança ou pressão,
forma positiva é o passo mais impor-
preparadas e falar de maneira que
de maneira livre e natural, conforme
tante para a formação de indivíduos
a criança entenda. Elas não sabem
o ritmo e a coragem que cada criança
autônomos, que sejam capazes de es-
o que são nutrientes e que eles são
apresenta;
colher as melhores opções alimentares.
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Artigo
ALÉM DE UM DIAGNÓSTICO, UMA ATITUDE! Por: Eliane Lemos Ozores*
E
sporte adaptado, esporte
das crianças e adolescentes com
ao se deparar com o que já realizam
educação, atividade motora
deficiência no ambiente escolar, se
e que estava perdido entre frases
adaptada e escola inclusiva.
valorizam enquanto profissionais
prontas que o desqualificam.
São esses os pilares que alicerçam o
que tem inferido nesse contexto.
A mudança necessária para que a
Projeto INCLUSIVE VOCÊ. Idealizado
Profissionais seguros de seu papel,
inclusão aconteça está diretamente
pelo triatleta Fernando Aranha e
reconhecendo suas fragilidades e
ligada à atitude que se tem diante do
realizado pelo Instituto Entre Rodas
principalmente suas forças, produzem
diferente. Mudar a forma de olhar
& Batom. A partir dos resultados que
mudanças significativas e importantes.
precisa ser um exercício diário.
o esporte adaptado proporciona para
Ele é o mediador nesse processo, por
“As semelhanças nos atraem, as
a inclusão da pessoa com deficiência,
construir pontes entre dois universos:
diferenças nos fortalecem”.
passando pela formação de cidadãos
a pessoa com deficiência e família/
que o esporte educação viabiliza, na
escola/sociedade.
ampliação da prática da atividade
Por meio de atividades lúdicas um
motora e fortalecimento da escola
convite a desadjetivar a palavra
inclusiva criam-se conteúdos para
“deficiência” do termo incapaz,
palestras e oficinas.
entre outros, que conduz ao princípio
A oficina LUDICIDADE SOB A ÓTICA
norteador de todo o processo: todas as
DA INCLUSÃO propõe um equilíbrio
crianças aprendem e se desenvolvem
entre a teoria e a prática. Frases como:
desde que seu tempo e condições
“a escola não está preparada” ou “os
sejam respeitados. A figura passa a
professores não são qualificados”,
ser a criança e o fundo a deficiência.
entre outras, podem ser desmistificadas
Importante compreender as diferenças
a partir da reflexão sobre: quem sou?
para que se possa desenhar um plano
De quem estamos falando? Qual
de aula que as contemple e respeite,
meu talento? Qual a potencialidade
porque podem trazer limitações para
do meu aluno? O que tenho feito até
determinadas atividades. Porém, ao
o momento?
olhar para a criança enquanto sujeito,
Os professores ao se identificarem,
o professor aceita o convite a olhar
como sujeitos no processo da inclusão
além da deficiência, e eles se encantam
*Eliane Lemos Ozores é psicóloga, fundadora do Instituto Entre Rodas & Batom, psicóloga do esporte adaptado, coordenadora de projetos para pessoas com deficiência e seus familiares, professora universitária e consultora em inclusão na educação, no trabalho e no esporte
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Professor, A Mundo da Inclusão pos
um material com ativid
sui
ades
didáticas voltadas para
todos os aluno. Torne a
sala de
aula um ambiente mais
inclusivo e estimulante.
ASSINE JÁ www.mundodainclusao.
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Vale saber
15 ANOS, TEVE FESTA! Meninas de escolas municipais ganham festa de debutante Por: Maira Isis Cardoso | Fotos: Danielly Stefanie/Renata Gomes
O
sonho de 21 meninas de fazerem sua festa de debutante foi transformado em
realidade, isso graças ao projeto ‘Fada
Madrinha-2015’, da ONG Nova História e seus parceiros, como a subprefeitura de Itaquera e a Diretoria
Regional de Educação, além de entidades civis de diversas áreas.
Segundo Ruth Ugucione, diretora da ONG, a sele-
ção foi realizada por meio de uma redação, na qual as participantes foram convidadas a escrever sobre
o tema: ‘De repente 30, como eu era 15 anos atrás e como estou hoje?’.
“A ideia era de que elas escrevessem como se
estivessem com 30 anos e precisassem lembrar da
época em que estavam com 15 anos”, explica Ruth. A imaginação e a criatividade foram fundamentais
para a escolha das melhores redações, de 60 meninas. Apenas 21 foram selecionadas.
A #EquipeMundoDaInclusão fez questão de entre-
vistar uma das vencedoras do projeto. Por isso, tivemos a oportunidade de conhecer a estudante Laís Gomes da Costa, 15 anos, que estuda na Escola Municipal de
Laís Gomes
Ensino Fundamental (EMEF) Guimarães Rosa, na Vila Nova Manchester, bairro de São Paulo (SP).
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A participação e a vitória de Laís mo-
bilizou toda a escola, onde os professores
e funcionários ficaram muito contentes e orgulhosos pela conquista da aluna, que tem síndrome de Williams.
Muito vaidosa e um pouco tímida, Laís
sonha em se especializar como maquiadora e aproveitou nosso encontro, para a entrevista, para se arrumar toda. “Ela fez cabelo
e se produziu toda”, conta Vilma Marchioro Gomes, a avó da menina.
Para Laís, a festa foi perfeita e vai ficar
para sempre em sua memória. “Amei tudo,
foi inesquecível”, conta ela, que fez ques-
tão de participar de todos os ensaios para aprender direitinho as coreografias. “Uma
delas, dancei com meu avô, Antônio Gomes” completa Laís.
O evento foi comemorado na sede do
Sport Clube Corinthians Paulista, que também forneceu todo o serviço de buffet. Os
atletas do clube, pelas categorias Sub-15 e Sub-17, também dançaram com as debu-
tantes. Além da festa, as meninas também ganharam os vestidos e a maquiagem.
Laís com seu avô mundo da inclusão
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Notas
Notas
Notas Notas
PROJETO GURI LANÇA
SITE ACESSÍVEL Com o objetivo de promover a educação musical e a
prática coletiva da música, com foco no desenvolvimento humano, o Projeto Guri – mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – investe, cada vez mais, em
programas de inclusão. Por isso, tem criado diversas formas de auxiliar alunos com deficiência, entre elas, capacitações para educadores, espaços acessíveis, introdução de
Para as pessoas com deficiência parcial – incluindo
software de partituras em braile no dia a dia das aulas e
daltônicos – há a possibilidade de aumento da fonte
Em outubro, foi lançada a acessibilidade do site:
com mobilidade reduzida também se beneficiarão, o
livros didáticos em braile.
www.projetoguri.org.br, que agora conta com conteúdo acessível, especialmente para pessoas com deficiência visual – parcial ou total – e beneficiará não só os alunos do Guri e educadores, mas qualquer interessado em conhecer
do texto, assim como imagens com contraste. Pessoas site permitirá a navegação por teclas e ícone de busca por voz (microfone – que também facilita a navegação dos deficientes visuais).
O Projeto Guri tem 370 polos e atende mais de 570
mais sobre o projeto. Haverá, entre outras facilidades de
alunos com algum tipo de deficiência. O programa conta
de eventos e ações musicais desenvolvidos pelo Guri e
São José do Rio Preto e Presidente Prudente, que dão aulas
navegação, a descrição de imagens e resumos de vídeos vocalização de textos das páginas, por exemplo.
LEI BRASILEIRA
DE INCLUSÃO
Aprovada por unanimidade, a Lei Brasileira de Inclusão
vai representar uma série de mudanças na vida de milhões de brasileiros com deficiência. A lei, de autoria do senador Paulo
Paim (PT/RS), teve a relatoria do senador Romário (PSB/RJ).
Na área da educação, a lei prevê, entre outras mudanças,
a proibição de cobrança adicional de alunos com deficiência,
também com dois educadores com deficiência visual, em para crianças e adolescentes sem deficiência.
além de prever 10% das vagas em instituições de ensino superior ou profissional para este público.
A lei também incumbe ao poder público assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar
o sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida.
Segundo a lei, cabe ainda ao poder público, aprimorar
os sistemas educacionais para garantir condições de acesso,
permanência, participação e aprendizagem, por meio da
oferta de serviços e recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena.
Confira a íntegra da lei no link: minu.inf.br/GBoMApGSyx
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PROFESSORA DOWN RECEBE PRÊMIO DARCY RIBEIRO
Entre os premiados da edição 2015, está a professora Dé-
bora Araújo Seabra de Moura, que tem síndrome de Down e que foi indicada pelo deputado Rafael Motta (Pros/RN).
Aos 34 anos de idade, a potiguar Débora Seabra, que
atua como professora assistente em uma escola particular de educação infantil, em Natal (RN), também realiza palestras para divulgar a educação inclusiva.
Débora é a primeira professora com síndrome de Down
no País a conquistar o prêmio. “Eu amo o que eu faço. Amo
meus alunos, amo o meu trabalho e também eu gosto muito da minha equipe de trabalho. É importante também para incluir muitas pessoas como eu”, conta.
Além de Débora, o prêmio também foi entregue ao
coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Tojeira, que se transformou no represenA Comissão de Educação entregou nesta semana o Prêmio
Darcy Ribeiro, que reconhece pessoas ou entidades que se
destacaram na defesa e na promoção da educação no Brasil.
tante oficial da luta pela aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) e à Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, reconhecida por melhorar a atenção dada às crianças e, como
consequência, auxiliar no desenvolvimento da sociedade.
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Vale Assistir
Por: Brida Rodrigues | Foto: Divulgação
A
história de Divertida Mente retrata de forma lúdica e bastante inteligente o controle das emoções e a mente humana. O enredo se de-
Dica de atividade
senvolve na mente de Riley, uma garota de 11 anos
Após assistir ao filme – disponível em DVD – sugerimos a
de idade, que enfrenta mudanças importantes em sua
formação de um círculo para que os alunos compartilhem
vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade
suas impressões da história. Instigue os alunos a esco-
natal, para viver em São Francisco. Dentro do cérebro
lherem seu personagem preferido relacionando-o com
de Riley convivem a Alegria, o Medo, a Raiva, a Repulsa
a emoção que mais o caracteriza. Depois do momento
e a Tristeza. Embora esses grupos sejam normalmente
de descontração e compartilhamento, o professor pode
organizados, a chegada de Riley a uma nova escola faz
trabalhar com os alunos a questão do temperamento,
com que todas as emoções se misturem.
autocontrole, e exemplificando, de forma didática, o
Repleto de cor, animação e ensinamentos, a história nos
funcionamento da mente de cada um, estimulando a
leva para o ‘comando’ da mente humana explicando como
alegria e os bons sentimentos dos alunos.
ela realmente funciona. O filme que encanta tanto as crianças quanto os adultos vai além da simples animação ao ilustrar a maneira que a personalidade, a memória e as emoções se formam dentro da mente, e propondo como lidar com cada uma delas.
Informações do Filme Gênero: Animação, comédia, família Ano: 2015 Duração: 94 minutos Direção: Pete Docter
UM
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Foto: Gil Inoue
U M SU ÉT E R NÃO PODE C USTA R U M A I N FÂ NC I A . mundo da inclusão
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Saiba quais empresas são livres de trabalho infantil em fundabrinq.org.br
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Culinária na Escola
Espetinho de frutas Por: Cozinha Nestlé | Foto: Divulgação/Shuttersotck
Prát ico, delicioso e saudável, o espet inho pode ser fei to com suas frutas favori tas e com os acompanhamentos de sua preferência.
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
1 abacaxi
Inicialmente, corte o abacaxi, o kiwi e a manga
1 caixa de uva
em formato de cubinhos. O morango e a uva
1 caixa de morango
serão usados no formato normal. Dilua a ge-
5 kiwis
leia na água morna até formar uma calda. Pas-
3 mangas palmer
se os palitos na calda antes de inserir as frutas.
Palitos para churrasco
O próximo passo é inserir as frutas no palito
Iogurte com sabor morango
alternando-as. Está pronto seu espetinho!
Mel
Para deixar o espetinho ainda mais saboroso,
Geleia
você pode separar em um recipiente o iogurte,
Água morna
o mel, o chocolate e outros acompanhamentos de sua preferência.
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