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revista IncluiR - ao alcance de todos
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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00
microcefalia A relação com o Zika vírus, causas e efeitos que têm alarmado grávidas em todo o mundo
diferenciada
A escola que está revolucionando o sistema de ensino de maneira super inclusiva
Isabella Fiorentino Mãe de três meninos – um deles diagnosticado com hemiparesia –, ela fala sobre como a maternidade mudou sua vida e comemora as conquistas diárias dos filhos
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FEV/MAR 2016
ISSN 2176-6134
ISABELLA FIORENTINO
educação
A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site
Aproveite as férias e visite a
Uma cidade única, feita para crianças.
A KidZania é um lugar único, feita para crianças de 4 a 14 anos, que simula uma cidade de verdade, oferecendo um ambiente seguro, acessível, realista e educacional para as crianças fazerem o que mais gostam: brincar. Shopping Eldorado São Paulo
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é uma publicação bimestral da Editora Minuano
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Pais e filhos Filho é tudo de bom! E, como mãe posso garantir que a relação entre pais e filhos é uma das mais intensas e verdadeiras que se pode vivenciar. Nesta edição, conversamos com alguns pais e mães que tinham boas histórias para contar, e compartilhamos um pouco disso aqui, com vocês, leitores. São oito depoimentos emocionantes que retratam um pouco sobre essa relação tão especial. Como vocês já viram, nossa capa, Isabella Fiorentino, abriu as portas de sua casa pra nossa equipe e mostrou um pouco de sua rotina com os trigêmeos. A entrevista, feita por nossa parceira e amiga, Larissa Mariano, está linda. Vale a pena conferir! Ainda
nesta
edição,
trazemos
uma
reportagem especial sobre a microcefalia, o assunto do momento, que tem alarmado grávidas em todo o mundo. Beijos e até a próxima edição!
IMPRESSÃO E ACABAMENTO:
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na divisão gráfica do Diário de São Paulo, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos. Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP. RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador
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Sumário
Edição 39
10 test-drive
14 vitrine
22 histórias de Sofia Piquenique
24 mundo afora Fundação Vodafone
16 instituto Kinder
18 instituto Fundação Dorina
26 especial Pais e filhos 38 projetos especiais Bateria da inclusão
40 estamos de olho microcefalia
20 instituto Velho Amigo
50 entrevista Isabella Fiorentino
44 educação Escola para todos
48 coluna Esportes
Nova norma ABNT
56 arquitetura
60 rio 2016 Tênis
64 tecnologia Appego
66 incluir cultural Pulsar Cia de Dança
68 alternativa Ser em Cena
70 artigo Síndrome de Down
72 notas Notícias do setor
74 coluna Por Luciano Amato
76 casa para todos Dormitórios
78 coluna Entre Rodas & Batom
80 laramara Máquinas de braile
82 minha história Karla Nunes
84 coluna IFFL
96 vale ler Somos todos especiais
98 vale assistir Demolidor
86 coluna Verbo em Movimento
88 especial Carnaval 2016
94 CPB Centro Paralímpico
FALE CONOSCO Queremos saber sua opinião sobre a revista. E você também pode sugerir pautas ou comentar nossas reportagens. Estamos esperando seu contato!
“Olá, sou psicopedagoga e tenho deficiência física, portanto, a inclusão é uma causa de vida para mim! Gostaria de parabenizar a #RevistaIncluir pela última edição. Sou leitora e amei a matéria sobre educação inclusiva. Grande abraço.”
“Recebi a #RevistaIncluir e gostei demais da edição. Fico muito agradecido por fazer parte dela. Parabéns a toda equipe Incluir e obrigado pela oportunidade. Sucesso!” Emílio Figueira | São Paulo/SP
Daniela Janssen | Campinas/SP
“Recebi a #RevistaIncluir e gostei muito do texto “Gostaria de agradecer a oportunidade de contar um pouco do que passei na #RevistaIncluir. Acredito que pessoas inspiram outras pessoas, principalmente entre pessoas com deficiência. Já
e da abordagem que foi feita. Agradeço muito a oportunidade de poder expor um pouco de minha história. Muito obrigado!” Danilo Namo | São Paulo/SP
que atraímos olhares, muitas vezes, infelizmente, inconvenientes, vamos mostrar nosso lado cidadão ‘comum’, que como tantos outros brasileiros fazem e trazem resultados. Prazer enorme em participar e compartilhar um pouco da minha vida e experiência. Parabéns pela ótima edição e trabalho.” Sidney Hissatugo | São Paulo/SP
“Nada é por acaso e foi em minha primeira avaliação para iniciar a reabilitação pós-acidente, que tive o prazer de conhecer a #RevistaIncluir. Fiquei até emocionada pois vi histórias reais de pessoas reais que superaram as limitações das mais variadas deficiências e se destacam em todos os setores, inclusive o profissional. Depois disso me sinto mais otimista e confiante. Parabéns pelo trabalho e obrigada por existir ‘Incluir’.” Cristiane Liz Ferreira | São Paulo/SP
Central de atendimento ao assinante: 11 3279-8572
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“Sou leitor da #RevistaIncluir há algum tempo e gostaria de ver, além do teste dos carros, matérias sobre isenções para compra de carro e habilitação especial.” Claudio Fernando Oliveira | Goiânia/GO
NOSSO ENDEREÇO: Av. Marquês de São Vicente, 1.011 - 2º andar Barra Funda - São Paulo / SP - CEP 01139-003 Tel.: 11 3279-8234
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AQUI É LIBERDADE. AQUI É ECOSPORT.
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Na cidade, somos todos pedestres.
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Test-drive
Modelo se destaca pelo desempenho, pelo design e pelo acabamento
Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte / Divulgação
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revista incluir
Outro diferencial do modelo, o volante de
mente um diferencial do modelo.
staca ainda pelos comandos de áudio inte-
botões de comando no volante, que achei
couro garante melhor aderência, e se degrados, que garantem a segurança, já que é possível controlar o volume ou mudar a estação, sem tirar as mãos do volante.
A central multimídia blueNav® também garante um manuseio prático e ótima visi-
bilidade, oferecendo ainda funções como navegação GPS e TV digital.
O
modelo da Hyundai tem capacidade para levar até cinco adultos confortavelmente, e
O painel do carro é muito bom, tem os
pequeno, porém bom. Um problema é que
a adaptação impossibilita ajustar sua altura e profundidade. O revestimento de couro é o mesmo usado nos volantes de competição,
porque dá melhor aderência, isso é bom porque deixa a mão mais firme.
A visibilidade do carro é muito boa, apesar de ser um carro baixo. Em contrapartida, o fato
O test-drive
de o carro ser baixo dá muita estabilidade.
test-drive, Thiago Cenjor, sobre o modelo,
staque porque ela é feita de forma muito
Confira as impressões do nosso piloto de
A troca de marcha também merece de-
gentilmente cedido pela Hyundai.
dinâmica e isso é bom, pois resulta em
O câmbio automático de fábrica dá seguran-
Achei muito inteligente o sistema de fe-
quanto pela questão de qualidade, pois ele
acionado a qualquer momento de dentro
bio automatizado ou eletrônico. Isso porque
Para mim, a posição dos pés é muito boa,
você solta o freio e o carro anda sozinho. No
dá pra mudar a posição delas em uma via-
isso não acontece e o carro pode até descer,
Outra coisa que merece ser destacada é
economia de combustível.
ça tanto para o condutor durante seu trajeto,
chamento dos retrovisores, que pode ser
tem uma vida útil muito maior que o câm-
do carro, ou ainda, quando fechamos.
quando você está com a marcha engatada,
minhas pernas ficam bem confortáveis e
caso do câmbio eletrônico ou automatizado,
gem mais longa, por exemplo.
se estiver em uma área íngreme. Isso é real-
poder acionar a abertura do porta-malas
recebeu acabamento sofisticado. O motor
Gamma 1.6 de 16V foi desenvolvido com objetivos ambiciosos de performance e consumo. Com bloco e cabeçote de alumí-
nio, ele utiliza tecnologias modernas como comando de válvulas variável CVVT, duplo comando de válvulas DOHC e quatro vál-
vulas por cilindro. Essas tecnologias, aliadas à experiência da Hyundai, fazem com que o Gamma 1.6 produza com excelência a potência de 128 cv com um baixo consu-
mo de combustível, atendendo às necessidades dos motoristas mais exigentes.
Seguindo a filosofia de estilo ‘Escultura
Fluida’ da montadora, o HB20 S se destaca
por sua dianteira dinâmica, linha de cintura elevada, faróis e lanternas que invadem as laterais do carro e linhas de design que fa-
zem a perfeita integração do porta-malas com a carroceria, formando um conjunto elegante e atraente.
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11
Test-drive
e da porta do combustível, de forma bem
simples e de dentro do carro. Os coman-
dos de regulagem dos retrovisores também são excelentes e estão localizados em uma área bem fácil de acessar. Ainda sobre
o câmbio automático, quando você puxa o freio de mão, o carro para imediatamente,
e isso é um ponto muito positivo porque ajuda a travar as rodas, o que não acontece num câmbio automatizado, por exemplo.
O sistema multimídia também é muito
bom. Fácil de manusear, com sistema
touchscreem, tanto pra você falar ou acessar o rádio, garante a segurança, reforçada com os comandos no volante.
A abertura da porta é enorme, mas o vão
da barra ao volante é pequeno e ficou muito apertado para passar a cadeira. Mesmo com o banco totalmente para trás, eu
quase não consegui passar a cadeira para
o banco do passageiro. Eu faço isso várias
vezes por dia, tenho certa habilidade para
fazer este movimento, mas ainda assim
tive muitas dificuldades, bati a roda no vo-
lante e raspei o braço para conseguir. Mas não foi fácil. Esse é, sem dúvida, o grande ponto negativo do modelo, porque, apesar do espaço para guardar a cadeira no porta-malas, com folga, isso limita nossa
Pontos positivos: ● O carro que alia luxo e conforto,
em relação ao preço você tem bas-
tante conforto com um motor forte,
de arranque, que na estrada é muito econômico;
independência. Apesar disso, a cadeira
● O carro tem um arranque rápido e o
e bem presa no banco do passageiro. É
maior na estrada;
colocá-la aqui.
● Os comandos de para-brisa e faróis
coube certinha e ficou até bem encaixada
câmbio automático dá uma velocidade
uma pena essa limitação no espaço para
● O freio ABS é de rápida ativação;
A alavanca para regulagem do encosto
são muito mais fáceis de serem aces-
do banco é excelente porque é de trava,
o que facilita muito o acionamento. Os apoios de braço são muito bons, tanto o
do lado esquerdo, na porta, quanto o do
sados;
● O porta-malas dele é bem grande; ● O espaço para os pés é excelente;
lado direito. O que pode acontecer é não
● A marca é muito forte e dá segurança
cada motorista.
● O valor é competitivo de mercado;
conseguir acessar o volante, mas aí vai de
quanto a questões mecânicas; ● O acabamento é excelente;
● O design é um ponto muito positivo, porque o carro é bonito;
● Tem um grande raio de visão.
Pontos negativos: ● O banco poderia ser um pouco mais confortável (pode ser que por ser
um carro novo, ele ainda não esteja amaciado);
● A dificuldade para guardar a cadeira no banco do passageiro.
Nota: Levando em conta questões como motor, design, estética e beleza, em con-
trapartida à dificuldade para guardar o carro, minha nota é 7`.
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Thiago Cenjor é empresário – ele tem um escritório de arquitetura
com foco em projetos de acessibilidade – e também atua como piloto
de motocross e kart adaptados, tendo conquistado o título de Campeão Brasileiro de Kart.
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Vitrine
Embora as novas tecnologias tornem, na maioria das situações, a compreensão de fala agradável, muitas vezes só os aparelhos auditivos
Audição
não são suficientes. Assim, a Phonak desenvolveu uma série de acessórios
sem fio que melhoram o desempenho com um mínimo de esforço. Esta
coleção de acessórios para os seus aparelhos auditivos foi desenvolvida para mantê-lo conectado ao telefone, à TV ou em um ambiente ruidoso.
Easy Call O Easy Call é um dispositivo que se conecta a qualquer marca e modelo de celular e envia o sinal diretamente para o aparelho auditivo. Sem fio, sem atraso de transmissão e com excelente qualidade sonora. Tudo isso, sem a necessidade do uso de um colar ou qualquer peça extra conectada no aparelho auditivo.
Remote Control App* O Remote Control App é um aplicativo que transforma o seu celular em um controle remoto sem fio para o aparelho auditivo.
* funciona com o dispositivo ComPilot Air II
Phonak ComPilot Air Um transmissor de áudio Bluetooth, o Phonak ComPilot Air oferece excelente qualidade
sonora estéreo ao conectar os aparelhos auditivos Phonak através do Bluetooth com uma variedade de fontes de áudio: telefones celular, MP3, tablets, laptops e computadores. Utilize em conjunto com o Phonak TVLink para transformar seus aparelhos auditivos em fones de ouvido sem fio ou com o Phonak RemoteMic para uma melhor compreensão de fala à distância.
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revista incluir
Phonak Lyric O primeiro aparelho auditivo de uso prolongado do mercado, o Phonak Lyric pode ser
utilizado 24 horas por dia, inclusive em atividades físicas, ao dormir, tomar banho ou em
atividades aquáticas como a hidroginástica. Tudo isso é possível devido ao posicionamento mais interno no conduto, o que proporciona uma qualidade sonora mais natural e maior conforto para o usuário. O Lyric é extremamente pequeno, tem apenas 12 mm de comprimento e fica 100% invisível na orelha do usuário.
Audéo V O aparelho auditivo Audéo V, da nova plataforma Venture da Phonak, é equipado com a tecno-
logia AutoSense OS, que reconhece e se adapta a uma variedade ainda maior de ambientes so-
noros, de uma forma mais avançada que as tecnologias automáticas convencionais. O resultado são mais de 200 configurações de programação. Assim, o AutoSense OS aplica precisamente os parâmetros corretos para cada situação auditiva. Apesar do maior desempenho, o lançamento apresenta menor consumo da pilha. O design, também novidade, é elegante e discreto, com modelos ainda menores.
Roger O Roger é um sistema de comunicação sem fio composto por microfone (transmissor) e receptores. O funcionamento do Roger é similar ao Sistema de FM, porém a tecnologia de transmissão e processamento do sinal é a grande inovação
do mercado. Pesquisas realizadas comprovam o desempenho imbatível desta tecnologia para melhora de até 54% no reconhecimento de fala quando comparamos esta tecnologia com o sistema de FM tradicional e 35% de melhora quando comparados os resultados obtidos com sistema de FM Dinâmico. A linha é composta por três modelos de
microfones e modelos de receptores que podem ser conectados aos aparelhos auditivos ou implantes cocleares por
meio da entrada de áudio, conectividade ou bobina de indução magnética. Desta maneira, todos os produtos que já eram compatíveis com a tecnologia FM são compatíveis com a tecnologia Roger.
Phonak www.phonak.com.br
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Instituto
Instituto Kinder Apoio, assistência e orientação que a criança e o adolescente com deficiência merecem Por: Brida Rodrigues | Foto: Divulgação
A
fisioterapeuta alemã, Bárba-
ra Fischinger, trouxe em sua mala o sonho de obter um
e compromisso com a transformação social.
A principal finalidade
local o qual pudesse proporcionar condi-
da Kinder é prestar aten-
de crianças e adolescentes com deficiên-
de forma gratuita, a bebês,
ções para desenvolver as potencialidades cias múltiplas.
Os elementos fundantes do Kinder Cen-
tro de Integração da Criança Especial tem
como proposta o direito à educação de
todas as crianças com deficiência, a celebração das diferenças, o apoio à aprendizagem
e às necessidades individuais e a solidariedade decorrente do processo de escolarização. Para que todos esses projetos fossem
concretizados e realizados com sucesso, a
doutora Bárbara Fischinger desenvolveu um método singular de trabalho, baseado na integração de práticas tradicionais. A
prática de sala de aula face às características
do aluno com deficiência múltipla requer um olhar interdisciplinar que remete a uma
ação conjunta entre a área da pedagogia e as interfaces com a fisioterapia, terapia
ocupacional, fonoaudiologia, psicologia,
neurologia, psiquiatria e assistência social. Essa articulação, fundamentada no respeito à singularidade de cada indivíduo, indepen-
dentemente de sua condição físico-intelectual, entre as diferentes áreas de atendimen-
to, promove o progresso da aprendizagem,
do desenvolvimento físico, moral e social, permeado por valores éticos, amorosidade
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dimento
interdisciplinar,
crianças e adolescentes com deficiência múltipla, com
comprometimento
neuropsicomotor
leve,
moderado e grave, inte-
grando a educação por meio da Escola de Educa-
ção Especial Sybille Fischin-
ger com educação infantil e ensino fundamental; a
reabilitação realizados por profissionais
especializa-
dos nas áreas de enfermagem, estimulação
para atender em dois turnos, 300 bebês,
ropediatria, psicologia, psiquiatria, serviço
ciplinar. Ciente do papel da comunidade
precoce, fisioterapia, fonoaudiologia, neusocial e terapia ocupacional; e a habilitação que acontece na oficina terapêutica a qual
estimula os alunos a se expressarem através de atividades manuais. Além do aprendizado
do uso de diversas técnicas artísticas, a habilitação também capacita os jovens para a pré-
-profissionalização daqueles que estão em situação de vulnerabilidade e risco social, e assim, oportunizar a inclusão dessas pessoas na sociedade.
Atualmente, possuem uma infraestru-
tura adequada, com pessoas qualificadas
mais os adolescentes, de forma interdiseducativa, o instituto oferece aos pais, responsáveis e/ou cuidadores acompanhamento, apoio e orientação com o objetivo
de potencializar o atendimento oferecido.
Indiretamente são atendidos 1.200 cuidadores e/ou familiares por meio de oficinas que geram trabalho e renda, qualificação
profissional, palestras, grupos operativos com a psicologia e serviço social, costura,
artesanato, economia doméstica, cuidados com higiene e alimentação, canto coral, entre outras atividades.
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Instituto
Autonomia e Independência Instituto tem como base preparar a pessoa com deficiência visual para enfrentar as dificuldades presentes na sociedade Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação
dependência e autonomia, as pessoas com
pessoas foram atendidas nos serviços de
de livros em braile, mas que para exercer o
educação especial. Além disso, produziu
deficiência visual não necessitavam apenas
papel de cidadão é essencial buscar a ple-
nitude na deficiência, garantindo que assumam o protagonismo de suas próprias his-
tórias. Foi então que iniciou uma luta árdua para que os serviços da Fundação fossem
memorar. Desde sua fundação,
momentos de conquistas e melhorias para
incluir, educar e transformar a vida do cego. Partindo do desejo de vencer a própria adversidade e transformá-la em esperança de
vida para muitas outras pessoas, Dorina de Gouvêia Nowill deu início a história de uma
nais e da sociedade em geral, em menos de
duas décadas a insti-
tuição já contava com modernos centros de atendimento e de produção, nos quais atuavam técnicos altamente especializados, auxilia-
dos por equipamentos de última geração.
Esta união ajudou
das maiores organização sem fins lucrativos
a instituição a realizar
Desde que perdeu a visão, aos 17 anos,
mentos, 1.178 reabilita-
e de caráter filantrópico.
Dorina mostrou a muitos que, para obter in-
18
revista incluir
acessíveis.
A Fundação está entre as principais
senvolver ações, que visam sua inclusão,
Com o apoio de governantes, empre-
A
áudio e cerca de outros 900 títulos digitais
nalização a crianças e adultos cegos ou com
sários, instituições nacionais e internacio-
em março de 1946, a instituição vivenciou
mes impressos em braile, 1.600 obras em
instituições do Brasil no atendimento a
baixa visão.
gos tem vários motivos para co-
mais de 6 mil títulos e 2 milhões de volu-
expandidos no sentido de proporcionar apoio à educação, reabilitação e profissio-
Fundação Dorina Nowill para ce-
clínica de visão subnormal, reabilitação e
mais de 21.874 atendições e mais de 17 mil
pessoas com deficiência visual, por de-
e, principalmente, pelos quatro pilares:
ética, dedicação, perseverança e amor ao ser humano.
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Instituto
Sonhando cada vez mais
Instituto realiza parcerias para resgatar a autoestima e estimular os idosos a continuarem realizando seus sonhos Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação
Alguns deles por exemplo, é o Mutirão de
Saúde, onde são atendidas mais de 200 pessoas em diferentes especialidades médicas.
Os idosos são consultados, fazem os exames necessários e têm o retorno agendado para dar continuidade ao tratamento. Também
são realizados curativos e pequenos procedimentos cirúrgicos.
Há o Mutirão da Beleza realizado em
parceria com o Jacques Janine. Os profissionais se transformam em voluntários
para dar tratamento de beleza completo que, além de melhorar a autoestima, pro-
porciona um passeio divertido. O Mutirão Odontológico oferece tratamentos e pró-
teses e o Mutirão Oftalmológico realiza cirurgia de catarata, exames e consultas
O
durante o ano.
Hoje são 19 instituições: 15 ILPI (insti-
Projeto Velho Amigo tem como
assegurando seus direitos e valorizando a
não desistirem dos seus sonhos.
Deste modo, trabalham na busca de
motivação estimular os idosos a
sua participação na sociedade.
E, por meio da assistência e do desenvolvi-
recursos e parcerias para servir as diversas
cultura e do lazer, que melhora a qualidade
situação de vulnerabilidade na região de
mento social, da educação, do esporte, da
de vida dos idosos permitindo que a dignidade e a autoestima sejam resgatadas. As-
instituições que atendem idosos em São Paulo, que são apoiadas pelo projeto.
O projeto recebe doações de produtos,
sim, torna-se possível aos olhos de cada um
apoio técnico ou profissional em diferentes
coragem e vitalidade.
parcerias com empresas e universidades em
deles sonhar com mais carinho, com mais
Desde 1999, a associação sem fins lu-
crativos contribui para a inclusão do idoso,
20
revista incluir
áreas e voluntariado empresarial ao realizar prol dos idosos carentes. O resultado são os
mutirões realizados para vários segmentos.
tuição de longa permanência para idoso), 2 CAEI (centro de acolhida especial para
idoso morador de rua), 1 núcleo sócio alimentar que oferece alimentação para morador de rua e 1 núcleo próprio dentro da comunidade de Heliópolis.
A organização está presente e atuante
não só nas instituições, mas também nos demais segmentos que atuem com a causa do idoso.
Pretende-se criar novas campanhas e fren-
tes de trabalho, para cada vez mais mobilizar
gestores, órgãos públicos e a sociedades para novas formas de ver e encarar a velhice.
revista incluir
21
Histórias de Sofia
Piquenique para todos
T
odos os anos eu e minha mãe
a minha mãe e nossa amiga
que a gente mais quer fazer.
Freitas, no Rio (de Janeiro).
fazemos uma lista das coisas
Algumas são segredos nossos, eu não
posso contar na revista, mas na lista desse ano eu coloquei uma coisa que eu posso contar para todo mundo: é um sonho antigo meu, mas nem é tão complicado.
Na verdade, as melhores coisas da vida,
igual na música da Larissa Manoela, nem são tão complicadas, são até bem simples:
brincar de boneca, fazer aniversário da boneca, ir na casa das amigas e receber
amigas em casa. E dá para todo mundo fazer, são coisas para todos, sem preconceito.
Então, a coisa simples que eu mais quero fazer esse ano é um piquenique. Sentar na
grama, chamar as amigas e comemorar meu aniversário num parque, não ia ser demais?
Eu acho que ia. Já pedi para minha mãe no ano passado, mas não deu.
No final do ano eu fiz um piquenique com
22
Por: Sofia Crispim*
revista incluir
Regina, na Lagoa Rodrigo de
Mas só estava a gente, então
não foi assim um piquenique completo, sabe? Foi legal, a
gente viu a árvore de Natal acender e tocar uma música, foi muito bonito.
Mas faltou criança, sabe? Piquenique mesmo tem que ter criança além de mim. Só uma criança é sempre pouco, adulto pode ser legal,
mas não é a mesma coisa. Daí minha mãe descobriu
que tem um grupo de mães
que organizam eventos in-
clusivos em diversos lugares do País e de vez em quando
fazem piquenique inclusivo. Minha mãe explicou que
esse grupo tem se esforçado para que as
jeito seguro de escorregar com a cadeira?
todos. Isso significa brinquedos com segu-
maiores que também pensavam na diversão
praças das cidades ganhem parques para rança para que crianças cadeirantes possam brincar. Bem legal, não é? Então eles acham
que se mais crianças com deficiência estiverem nos parques, fazendo piquenique e
outras festas, as pessoas vão entender que
criança com deficiência também gosta de brincar. Tem horas que eu nem acredito
que as pessoas ainda não aprenderam isso.
Gente com deficiência é gente, pode ser gente boa, gente ruim, mas é gente. Criança
com deficiência é criança e criança gosta de brincar, é simples não é? Bem, deveria ser, mas ainda tem muito parque por aí que a gente nem consegue andar com a cadeira, muito menos brincar.
Na minha escola fizeram uma adaptação
no balanço para eu poder ir com a cadeira.
Eu achei demais! Eu tenho um pouco de medo de balanço, mas é bom saber que se
eu quiser eu posso ir. Será que existe algum
Aqui na Incluir eu já escrevi sobre parques de crianças com deficiência, como o KidZa-
nia e o Parque da Xuxa (mas esse fechou e abriu outro no lugar, ainda não fui visitar
para saber se é acessível). E até de lugares
de aventura, como Bonito, que também se preocupam em incluir todo mundo de
alguma forma. Quando a gente vê essas coisas fica até mais feliz, não é verdade?
Bem, mas voltando à lista, achei essa ideia
Projeto LIA: Lazer, Inclusão e Acessibilidade
www.facebook.com/projetolia
de reunir um monte de criança com ou
sem deficiência numa praça para fazer um
piquenique coletivo genial. Quero muito
ir no próximo, mas também quero um só para mim no meu aniversário. Só que tem que pensar num lugar que tenha banheiro,
porque tem praça que não tem banheiro e tem lugar que não tem banheiro de cadeirante. Mas é só isso: grama, comida e ban-
heiro. Ah, e criança, não pode faltar criança! Vamos?
*Sofia Crispim assina a coluna, sob supervisão de sua mãe, a jornalista Denise Crispim
revista incluir
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Mundo afora
Fundação portuguesa recebe Galardão da Inclusão Fundação Vodafone Portugal foi premiada na categoria ‘Acessibilidades’ Da redação | Fotos: Divulgação
A
Fundação Vodafone Portugal,
que tem desenvolvido ao longo dos
entidades governamentais e ONGs.
recebeu o Galardão da Inclusão
na área da Educação e na inclusão de
Recursos para a Inclusão Digital (CRID) da
operadora de telefonia móvel,
na categoria ‘Acessibilidades’, pelo trabalho
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revista incluir
últimos anos na promoção de programas pessoas com deficiência, em colaboração a
O galardão foi atribuído pelo Centro de Escola Superior de Educação e Ciências
e ONGs, o programa ‘Geração Net Sénior’,
para a formação de idosos nas áreas de
novas tecnologias, contribuindo para a redução do isolamento desta parcela da
população, prestando-lhes ainda apoio em tarefas burocráticas e atividades co-
tidianas, como movimentação de conta bancária ou para a marcação de con-
sultas, por exemplo. Mais de mil idosos já usufruíram deste serviço.
Segundo informações da assessoria de
imprensa da empresa, “O prêmio é uma
motivação adicional para a Fundação Vodafone continuar a sua estratégia na área da acessibilidade, de modo a con-
tribuir decisivamente para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”.
Sociais – Instituto Politécnico de Leiria
com deficiência possam frequentar as
resentantes de órgãos como o Instituto
ras de rodas anfíbias, tendo lançado, em
(IPLeiria), por um júri composto por rep-
Nacional de Reabilitação, a Fundação para a Ciência e Tecnologia, além de pais de crianças e jovens com deficiência.
Entre as várias iniciativas da Fundação
Vodafone que levaram à conquista do prêmio, destaque para programas como o ‘Praia Saudável’, que promove ações
em prol da acessibilidade e da segu-
rança para garantir o acesso de pessoas com deficiência às praias portuguesas,
bem como zelar para a manutenção das mesmas no que se refere às questões ambientais.
Segundo dados da empresa, na última
década, a Fundação disponibilizou cen-
tenas de equipamentos para que pessoas
praias, como esteiras de acesso e cadei-
2009, o prêmio ‘Praia + Acessível’, para contemplar as praias com as melhores condições de acessibilidade.
Outro programa destacado na conquista do prêmio Galardão da Inclusão é o ‘Serviço de Apoio a Clientes em Língua Ges-
tual Portuguesa’, lançado pela operadora, em 2012, e que consiste em disponibilizar a pessoas com deficiência auditiva vídeo-
chamadas gratuitas com atendimento por um intérprete.
Além disso, desde 2005 que a operadora disponibiliza tarifários com condições especiais e equipamentos de acessibilidade.
Na área de inclusão digital, a Fundação desenvolve, em parceria com municípios
revista incluir
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ESPECIAL PAIS E FILHOS
Pais e Filhos Por: Julliana Reis | Foto: Shutterstok
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revista incluir
Sem sombra de dúvidas, a relação entre pais e filhos é uma das mais especiais! Quem tem um filho sabe do que estou falando. Trata-se de uma relação incondicional, de entrega e de total dedicação, em que o amor, a amizade e a cumplicidade se misturam em um único sentimento. A seguir, você vai conferir as histórias de pais e mães, de sangue e de coração, que se dedicam ao amor, e só a ele! Por esses e outros motivos, dedicamos este especial a todos os pais e mães que se entregam diariamente aos cuidados de seus filhos, de forma incondicional e sem medidas.
revista incluir
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ESPECIAL PAIS E FILHOS
Filhos do coração
Por: Aline Sanches Carlos, tradutora e mãe do Daniel, da Rebeca, do Felipe e, agora, também do Angelo Foto: Glaucy Rodrigues
T
udo começou quando eu e o
ligação era já da Rebeca e do Daniel, mas
programando
física da Rebeca, e não pelo fato de serem
meu marido Cleber estávamos uma
viagem
de férias e ocorreu o terremoto no Haiti (janeiro/2010). Então, nós optamos por
ir pra lá fazer um trabalho humanitário,
durante três semanas. Até então, eu que tenho casos de adoção na família, sempre quis adotar uma criança, e lá nós tivemos
contato com muitas crianças órfãs e meu marido ficou bastante sensibilizado. Infelizmente, naquele momento, não conseguimos adotar um rapaz, chamado Angelo, que ficou muito próximo, mas
como não era órfão, não liberaram para ele vir ao Brasil conosco. Mas voltamos para casa com esse desejo de adotar. Hoje, ele está com 20 anos e mora aqui no Brasil conosco. Não o adotamos oficialmente, mas o temos como um filho.
Mas, voltando à história, pouco depois que voltamos ao Brasil eu engravidei do Dan-
iel, que vai fazer quatro anos, e quando ele completou um ano, resolvemos dar entrada no processo de adoção, e cadastramos um
perfil bem aberto, nós queríamos apenas um filho que precisasse de pais.
Nisso, em menos de uma semana recebi várias ligações, mas havíamos definido que adotaríamos a criança do primeiro contato.
Só não queríamos uma criança com limitação física, porque morávamos no último andar
de um prédio sem elevador. Mas a primeira
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revista incluir
acabamos recusando por conta da limitação duas crianças.
Eu tinha certeza que a primeira ligação era a escolha de Deus, continuamos
recebendo outras ligações, mas não tirei o primeiro chamado da cabeça e alguns dias depois voltamos o contato apontando o interesse no casal.
Nós fomos até o fórum e quando eu vi a foto deles, foi como ver o ultrassom. Nisso, ficamos um ano no mesmo apartamento,
praticamente sem sair de casa, mas vende-
mos o imóvel e alugamos uma casa. Tive que parar de trabalhar, então, nossas finanças
cairam pela metade, enquanto nossos gastos triplicaram. No início foi muito difícil, mas a cada dia tenho certeza que valeu a pena.
Quando adotei a Rebeca, ela estava com os dias contados e com a saúde muito debilitada, porque não estava recebendo um
tratamento adequado para sua deficiência.
Mas desde então estamos cuidando muito
dela. Ela tinha tuberculose e ninguém sabia.
Mas a primeira vez que peguei ela, senti uma rouquidão, e me falaram que isso era em decorrência da hidrocefalia. Mas corri atrás de todos os médicos para avaliar, só chegando ao pneumologista alguns meses depois que
chegou em casa e realizamos um tratamento de oito meses. Graças a Deus ela está curada.
Outra etapa foi conquistar as pessoas de nosso
convívio, familiares e amigos, porque quando
A Rebeca não segurava a cabeça e tinha
Em decorrência da mielomeningocele
questionaram e até foram contra a adoção.
com nossos gestos. Até com carinho ela
nhum problema neurológico, mas ela
trouxemos eles para casa, algumas pessoas
Hoje, a Rebeca e o Felipe estão com três anos e a relação deles com o Daniel é ótima, às vezes acho que o Daniel é o gêmeo da Rebeca.
Ele sempre está atento, pega os brinquedos para a irmã e, fisicamente falando, ele é mais parecido com a Rebeca que o Felipe. Depois do Teleton, a Rebeca ficou famosa, nós saímos e ela chama a atenção, ela tem um brilho
especial, fala com todo mundo, conversa e dá atenção mesmo.
muito medo, se sentia muito insegura se sentia ameaçada. Mas com as orientações recebidas na AACD começamos
a entender como lidar com ela e fomos conquistando sua confiança. Posso dizer
que a AACD faz parte da história da Rebeca e da minha família.
Agora, em 2016, eles estão inseridos no con-
texto escolar, em uma escola completamente inclusiva, e a Rebeca continua realizando os tratamentos e terapias, toda quarta-feira, na AACD.
e da hidrocefalia, a Rebeca não teve neteve alguns agravamentos em decorrência da deficiência, como a bexiga
neurogênica, por isso iniciamos uma campanha para levar ela para fazer um
transplante com células-tronco na Tailân-
dia, para substituir e reparar as células nervosas danificadas. Isso porque as célu-
las-tronco têm a capacidade de substituir as células mortas ou feridas, trazendo melhorias na condição do paciente.
Estimulando a inteligência Por: Ronaldo da Silva, jornalista, missionário da Comunidade Canção Nova e pai do Giovanni e do Angelo Fotos: Arquivo pessoal
Eu e minha esposa, Roseli, soubemos que
vocês são as melhores pessoas para ter
oitavo mês de gestação. Giovanni nasceu
Morávamos em Cachoeira Paulista, no
nosso primeiro filho seria especial no
com a síndrome Dandy Walker. Não foi
fácil receber aquele diagnóstico: síndrome rara, malformação no cérebro, impossibilidade de andar, de falar, hidro-
cefalia, problemas eventuais nos rins, co-
ração e etc... O primeiro momento foi de
pânico e questionamento: por que nós? Somos missionários, entregamos nossas vidas a Deus, vivemos da providência, isso não é justo! Após aquele impacto rezamos e, da fé, surgiu a resposta que
precisávamos. Deus nos disse em oração:
Somos testemunhas do quanto a fé e o
um filho especial!
amor são capazes de produzir milagres.
interior de São Paulo, e em meio às bus-
Giovanni tem 12 anos. Ainda não anda,
cas soubemos da Rede Sarah Kubitschek em Brasília (DF), hospital referência no
tratamento e recuperação de pessoas com problemas neurológicos. Solicitamos
à Canção Nova nossa transferência para
a capital federal e fomos prontamente atendidos, pois os primeiros anos de vida são fundamentais para investir no tratamento de uma criança com deficiência.
O diagnóstico do nosso filho era terrível, podendo até viver em estado vegetativo.
Ele não precisou de nenhuma cirurgia. mas se locomove: engatinha, sobe em mesas e camas, pendura-se em janelas, abre geladeira; não fala muito, mas se
faz entender. Se lhe perguntamos se está feliz, ele dá uma bela risada. É um
sorriso encantador! É carinhoso, alegre, algo que nos fascina.
Procuramos sempre estimular sua
inteligência, pois tem a mente de uma criança de dois anos. Tentamos dialogar
com ele e vamos extraindo verdadeiras revista incluir
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ESPECIAL PAIS E FILHOS pérolas. Outro dia perguntamos: quem
abortar, mas depois de me ouvirem, muda-
um anjo que nos fez pessoas melhores, mais
respondeu: eu. É verdade, ele manda em
ouvimos de Deus: “vocês são as melhores
realidade e dificuldade à nossa volta. Somos
manda aqui nesta casa? Ele subitamente nossa casa e mudou o rumo de nossas vidas.
Ensinamos nosso outro filho, Angelo, mais novo dois anos, a cuidar do irmão e ele as-
ram de ideia. Repito-lhes o que eu e Roseli pessoas para terem um filho especial”.
Somos agradecidos a Deus, por nos confiar
sensíveis, mais humanas e atentas a toda
melhores por causa dele, somos uma família ‘especial’ e muito, muito feliz!
sumiu isto. Dissemos a ele que Giovanni é Jesus, disfarçado em nosso meio. Certa
vez, depois de brigarem, Angelo veio dizer
a Roseli que estava perdendo a paciência e então ela o recordou: olha, lembra que ele é
Jesus disfarçado na nossa casa. Ao que ele respondeu: ô Jesus chato mamãe!
Ter um filho especial é um desafio de amor, pois vivemos ‘dores e delícias’ todos os dias. Delícias, sim, por celebrar cada aprendizado e superação como uma grande vitória. Até quando será assim
e como será o futuro não sabemos, oferecemos o nosso melhor a ele.
Em alguma palestras que faço costumo
falar do Giovanni e da minha família. São
vários os testemunhos de pais que estavam grávidos de um filho especial e desejavam
Sobre aprender a ouvir Por: Camila Mathias da Silva, mãe do Daniel, da Bia e do Felipe Fotos: Arquivo pessoal
Ao descobrir a deficiência auditiva da minha
mês depois repetimos o exame e a perda
ração na orelha direita, mas o médico expli-
cabeça. Logo ao nascer, a Ana Beatriz –
seis meses, o otorrino indicou um exame
não teria perda da fala ou problemas com
filha, muitas coisas se passarem por minha
Bia – passou pelo teste da ‘orelinha’ e o médico apontou uma perda auditiva. Um
30
revista incluir
foi confirmada. Quando ela estava com
chamado ‘Bera’, que é bem detalhado. Com os exames, foi detectada uma pequena alte-
cou que ela não teria maiores complicações, a escrita, era apenas um detalhe simples e
isso foi fundamental para que ficássemos
meses e também faz tratamento com uma
já que tem um custo alto e muitas pessoas
com cinco anos de idade, e tem uma vida
pessoa tem que confirmar que irá usar.
fonoaudióloga, semanalmente. Hoje, ela está
normal, principalmente depois de começar a usar o aparelho, há cerca de sete meses. Senti melhora na atenção e na fala. Ela já forma frases e está se desenvolvendo muito bem.
No começo, quando ela fez o exame pela
primeira vez, eu nem liguei, desencanei, mas quando soube que ela teria que usar o aparelho auditivo pensei: não sei se vai melhorar, mas, pelo menos, não iria piorar!
Ela é uma criança agitada, como todas as crianças, e brinca bastante. Eu confesso que fiquei preocupada, pensando se a Bia deixaria
colocar o aparelho, se ela iria ficar com ele, se iria incomodar. Foram muitos os questionamentos,
meu marido também pensava assim, mas nos unimos ainda mais e apesar do susto inicial,
sempre procurei manter o otimismo de que tudo isso seria superado.
No começo, fiz tudo pelo convênio, mas, a
precisam, são 100 vagas por mês, por isso a Ainda estou esperando o laudo da perda auditiva, que preciso apresentar na escola. No ano passado, ela estudava em escola pública,
mas neste ano está em uma escola particular,
em uma sala regular. Tanto em casa quanto na escola, o comportamento dela melhorou muito após o uso do aparelho.
Ela está menos agitada e interage mais com
a gente, conta o que fez na escola e o relacionamento com os irmãos Daniel, três anos,
e Felipe, um ano, é ótimo. O Daniel, que já é um pouco maior, entende ela muito bem.
Quando eles estão na piscina, por exemplo,
ela tem que tirar o aparelho, então ele sabe
que quando ela está de costas não vai atender, ele sabe que ela tem que estar olhando. A
cada dia vemos novas conquistas e juntos esperamos chegar ainda mais longe!
partir do momento que a médica falou que mais tranquilos, afinal, diagnósticos assim sempre deixam a gente preocupados.
Com o passar do tempo a perda auditiva foi se fazendo mais presente, aos dois anos, ela não falava nada e eu percebia que chamava a aten-
ção dela, mas quando ela estava de costas não respondia. Achava que por estar chamando
a atenção, ela fingia que não estava ouvindo,
porque eu estava brigando. Foi aí que eu passei por vários médicos e ela passou por várias audiometrias, que constataram essa perda
na faixa aguda que já tinha afetado a outra ‘orelinha’, ou seja, ela tinha perda auditiva nos dois ouvidos, por isso, o atraso na fala.
Com isso, a médica detectou que precisava
mesmo usar o aparelho auditivo e começamos a correr atrás disso. Atualmente, Bia faz
um tratamento no Ambulatório de Saúde Auditiva Reouvir, do Hospital das Clínicas.
No início, a Bia passava no ambulatório toda semana, mas agora ela passa a cada quatro
teria que usar o aparelho, fiz algumas pesquisas de preço para saber o valor, que ficou em cerca de 8 mil reais, para os dois lados.
Nesta época eu já estava sem trabalhar e meu marido sustentava tudo sozinho. Temos três
filhos e seria difícil conseguir pagar esse valor.
Por isso, tive a ideia de fazer rifa para arrecadar
o dinheiro. Mas não foi suficiente, então parti para o público, fui direto ao Hospital das Clínicas, onde me indicaram que teria que fazer
todo o processo, foi o que fiz, fui ao posto de Saúde e iniciamos o tratamento de otite, até conseguir a guia de encaminhamento para o laboratório do Hospital das Clínicas.
O dinheiro arrecadado com a rifa, cerca de R$ 2.500,00, usamos no tratamento dela com a
fono, na compra de baterias e na manutenção do aparelho.
Acho importante falar do apoio recebido no
Hospital das Clínicas. Lá, participei de uma palestra para orientar e garantir que o benefi-
ciado realmente vai fazer o uso do aparelho,
revista incluir
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ESPECIAL PAIS E FILHOS
Maternidade fora do padrão Por: Desnise Crispim, jornalista e mãe da Sofia e da Vitória Fotos: Arquivo pessoal
Todo mundo diz que ser mãe é ter o coração
Nós lidamos com limites, sim. Sofia tem parali-
que nasceram prematuras, foram para UTI e
severo, do tipo tetraplegia. Usa cadeira de ro-
fora do peito. Eu tive em dobro. Duas filhas,
sia cerebral e um comprometimento motor
colocaram à prova todos os meus sentimentos
das, mas com todas as suas dificuldades está
e limites, físicos e emocionais, desde o primeiro
treinando para ser o mais autônoma possível.
dia. Elas chegaram mostrando que nada seria
Já consegue levantar com pouca ajuda, dar
alguns passos, comer sozinha e consegue, ao
como antes.
seu modo, levar uma vida bastante feliz.
Numa UTI a gente vive entre a vida e a morte,
por um fio. Cada segundo importa, cada
Nós viajamos, passeamos e lemos muito. Nossa
mínima mudança, a ansiedade por notícias.
vida é repleta de terapias, cuidados médicos,
Na época em que elas estavam internadas, não
rotina de exercícios em casa. Mas também
era permitido que as mães dormissem no local.
tem espaço para muitas risadas, descobertas,
E foi de madrugada, longe dos meus olhos que
sobretudo muita vida.
a minha Vivi partiu, sem direito a despedida,
Há muita vida fora do padrão. Desconfio
a um último toque ou o cuidado das minhas
mesmo que dentro do padrão exista muita
mãos tocando as dela. Eu sei que ela sabia
diversidade e desafios que eu nem imagino.
do meu amor, que ela cumpriu o que estava
Toda mãe passa por angústias e batalhas para fazer o que considera melhor para o seu filho,
planejado para ela nesses 40 dias de vida e sei
aqui em casa não é diferente. Talvez a maior
também que ela nunca deixará de ser minha
diferença esteja no custo dos equipamentos
filha, ela me escolheu para isso, mas doeu eu
para ela ter qualidade de vida, que acaba
não ter fotos, não ter tido uma despedida ou
não poder ficar com ela os últimos segundos. E
sacrificando muitos momentos de lazer, festas
foi no auge da minha dor por perder uma parte
etc. Quando eu vejo tanta desinformação sobre
do nosso trio que a médica tentou me consolar,
crianças com deficiência, como se fossem um
dizendo: “mãe, não sofra. Nas últimas horas,
ela teve um derrame. Se tivesse sobrevivido,
peso ou um ônus social eu imagino o quanto as
ficaria com graves sequelas”, ao que respondi,
respiratória que ela teve nos primeiros minutos
filha viva, eu sei ser mãe de uma criança com
pela prematuridade, enfim, muitas dúvidas e
de maneira decisiva: “eu só queria a minha
sequelas, mas não sei ser mãe órfã, não sei viver com essa dor”.
Um ano depois disso tive a notícia de que a
Sofia, a irmã gêmea da Vivi que enfrentou dois meses e meio e muitas batalhas na UTI e sobre-
viveu, tinha ficado com uma lesão neurológica, que pode ter sido causada na parada cardior-
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revista incluir
de vida ou por tudo o que passou na UTI, ou poucas certezas. Sabíamos que ela teria muitos
limites e muitos obstáculos, mas ela estava ali, viva, do meu lado. E as palavras que eu disse para a médica na noite da perda da Vivi nunca
saíram do meu coração. Fiz terapia, lidei com
minhas dores, e me convenço cada dia mais que a vida é um precioso presente.
pessoas ainda precisam aprender a valorizar a vida com suas múltiplas possibilidades em vez da perfeição, a pensar mais nas possibilidades do que nos limites. Para falar a verdade, a
mentalidade de muitas pessoas ainda é um obstáculo mais assustador do que a deficiência.
Mas o sorriso dela é o antídoto para esse e para a maioria dos problemas que temos que
enfrentar e eu só tenho a dizer, sou grata à vida,
por cada minuto e por todo o aprendizado diário que a gente tem.
Viagem no tempo Por: Lisabeth Aleoni Arruda, mãe da Carolina e do Claudio Fotos: Arquivo pessoal
Ser mãe é ser mulher em sua total plenitude,
Sabe aquele dia em que a única coisa que
realização, de medos, de incertezas, e de muita
peito sem fim e sem direção?
é doação, é um turbilhão de sentimentos, de determinação.
Já era mãe de segunda viagem quando Claudio nasceu. Carolina, a primogênita,
já havia me inflado de alegrias. No dia 16 de abril de 1985, algo diferente acontecia, não sentia minha barriga ser chutada,
meu bebê não se mexia como o primeiro. Após a consulta, Claudio ainda com 33
semanas, nasceu de cesariana. Fomos para
o quarto conjunto, eu o olhava muito, não
conseguia entender algumas diferenças de meu primeiro bebê, muitas incertezas e os problemas aumentavam.
sentimos é uma dor imensa que rasga nosso
Quando meu marido atravessou a porta do
quarto da maternidade, com olhar baixo e com os olhos marejados, me antecipei a suas
palavras e disse, como que questionando: Ele tem síndrome de Down!
O balançar da cabeça positivamente me confirmou o que eu já sabia e me recusava a acreditar. Naquele instante, o mundo se apagou. Eu
não sabia o que fazer, por onde começar. Num piscar de olhos revi minhas aulas de genética e muitos cariótipos que me puniriam com as
lembranças de cada uma delas! Foi a noite mais longa de minha vida.
A confirmação do diag-
nóstico só foi dada pelo médico plantonista a
meu marido, após termos recebido alta da maternidade, pois constatou-se
um sopro cardíaco. Assim foi a hora da notícia.
Uma avalanche petrificou meu coração, um mar inundou minha
alma e, pra conseguir extravasar, me apropriei do seu próprio olhar. Eu
o segurava, tentava dar o peito em vão, ele não
conseguia mamar, e eu
o amava ainda mais. Foi
uma noite intensa de muita dor misturada com frustação, alegria, amor e doação.
De mãos dadas fomos para casa na manhã seguinte, fortalecidos e certos de que esta
parceria havia se iniciado naquele exato momento. Ali, tive a certeza de que meus filhos
não tinham rótulos, que cada um era dono de sua própria identidade.
Quando eu finalmente consegui deixar de lado a montanha russa de emoções que se formou em minha vida, muitas dúvidas, medos incertezas e muitas perguntas, sem saber a quem perguntar.
A estimulação precoce foi fundamental para
seu desenvolvimento e a escola regular completou a busca de nossos ideais, mesmo que ainda não fosse a mesma da sua irmã.
A nossos filhos decidimos dar oportunidades,
permitindo que nossos medos e incertezas se transformassem em buscas de ideais e de revista incluir
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ESPECIAL PAIS E FILHOS realizações. Ter a família como alicerce foi
Na mochila, seus pertences. Em uma semana,
Equitação da Sociedade Hípica Paulista e lá
O tratamento de igualdade, enaltecendo as
e tenho plena certeza de que a inclusão esco-
diferenças, e Claudio agarrou todas as oportuni-
fundamental para trilharmos este caminho.
potencialidades de cada um, e a escolha da escola regular se deu desde o primeiro ano de vida. Nunca coloquei a síndrome de Down à frente do Claudio.
Claro que esbarrei em muitas escolas que se recusaram a atendê-lo, mas, minha determinação fez com que eu não desistisse. E garantir a integração dele foi fundamental para suas conquistas.
Claro que manter um filho com deficiência na
escola regular requer sempre muita atenção
tanto por parte dos professores, não para dife-
renciar, mas para incluir, e dos pais. A inclusão só é bem-sucedida quando permite desco-
bertas, que aproveitam as potencialidades, oferecendo oportunidades e que transformam a deficiência em eficiência.
Claudio não tinha nem dois anos quando
entrou na escola. Nunca esqueço de seu uniforme: um shorts vinho e uma camisa branca.
conseguimos concluir a adaptacão do Claudio lar é ponto zero da sociabilização da pessoa com deficiência intelectual.
A inclusão sem diferenças oferece opor-
tunidades e permeia o caminho da vida,
proporcionando escolhas e direcionando para suas habilidades.
Esportista nato, ele começou a praticar natação
aos três meses, dominando todas modalidades. Também foi goleiro titular da escola de futebol
que frequentava e era requisitado para partici-
par de todas as olimpíadas escolares. Claudio também domina o ping-pong e praticou skate
por muito tempo. Mas sua grande paixão sempre foi o cavalo.
Aos cinco anos de idade, ele já dominava bem o animal. Sua interação com o cavalo
promoveu desenvolvimento motor, equilíbrio e sociabilização.
Já montava bem quando resolveu aprender
hipismo, aos 15 anos. Ingressou na Escola de
está até hoje, pois eles sempre o incluíram, sem dades que lhe foram, e ainda são, oferecidas.
Logo nos primeiros campeonatos internos, ele se destacou e chegou ao vice-campeonato
Paulista de Hipismo e das Regionais Metropolitana.
O primeiro emprego dele, com carteira assi-
nada, foi na rede de restaurantes Applebee’s,
quando ele tinha 19 anos de idade. Após quatro anos no restaurante, Claudio começou
sua busca por novos ideais e acabou por pedir demissão para tentar trabalhar com cavalos
novamente. Fez um ano de estágio, não remunerado, até ser contratado como assistente de
instrutor de equitação para crianças em pôneis,
na Hípica Paulista, onde já está há quase cinco anos, com carteira assinada.
Claudio também atua como cavaleiro e
como palestrante, levando para todo o Brasil
sua palestra ‘A inclusão pelo esporte’, em que conta sua história.
Heitor Guerreiro Por: Mateus Nascimento, educador físico e pai do Heitor Fotos: Arquivo pessoal
grande dia. Seguimos para a maternidade e
ver o Heitor no dia seguinte, e ele já estava
no momento emocional, nos recusamos a
trabalho com pessoas com deficiência há mais
Na ocasião, um médico da família sugeriu pra
saísse do quarto, mesmo vendo que nosso filho
quando o Heitor nasceu, ele não chorou. Eu de 20 anos e naquele momento percebi que
algo tinha dado errado. Só deixaram a gente
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revista incluir
todo entubado e dormindo.
gente desligar os aparelhos porque, segundo
ele, o Heitor teria sequelas gravíssimas. Mas,
ouvir a sugestão dele e pedimos até que ele não tinha reação. Com o passar dos dias, ele
foi inchando muito porque o rim não estava
funcionando, então foi necessário fazer uma
diálise e graças a Deus ele melhorou bastante quanto ao inchaço. Os primeiros dias foram
muito difíceis. Agradeço até hoje a Andréa ter
me deixado fazer o primeiro colo dele e chorei muito no momento em que eu pude sentir ele em meus braços.
Como a gente não tinha muitas informações por parte dos médicos, eu tinha que perguntar
a todo momento por informações, até que questionando uma auxiliar de enfermagem quanto à expectativa de vida dele, ouvi que
meu filho teria, no máximo, uns três meses de vida. Depois desse dia, nossa vida passou a ser uma contagem regressiva, sem saber ao
certo até quando teríamos nosso filho conosco.
Pouco tempo depois, conseguimos uma transferência para outro hospital, onde
podíamos dormir com ele. Isso, inclusive,
diferente, ter ele em casa, no quarto dele, no
sonho era levar ele no Instituto Fernando
começamos a ter aquele real contato com
outras pessoas de toda uma equipe entrando
do instituto –, e uma das frustrações é não
era uma exigência do hospital. Foi aí que
nosso filho, pois podíamos trocar a fralda dele, e isso foi muito importante pra gente.
No final do ano – Heitor nasceu no dia 19
de janeiro de 2010 –, nós conseguimos um
home-care e pudemos trazer ele pra casa. Neste momento, pensamos que ia ser tudo
berço dele, mas tinha enfermeira 24 horas e e saindo o tempo todo. Infelizmente, no decorrer do processo, nosso casamento começou a
sofrer um desgaste e acabamos nos separando, mas eu sempre procurava me fazer presente. Meu maior prazer da vida sempre foi poder
estar com ele, deixar ele dormir no meu colo e dormir abraçado com ele.
Um amigo fez uma campanha para conseguir uma cadeira de rodas pro Heitor,
porque meu sonho sempre foi levar ele
para passear. Isso porque, na primeira noite que dormimos com ele, no hospital,
eu sonhei que estava com ele, olhando numa janela, lá do hospital mesmo, e vimos umas crianças soltando pipa. No
sonho, ele me perguntava o que era aquilo e eu expliquei e falei que ia levar ele
pra soltar pipa um dia. A partir desse dia
comecei a sonhar em levar ele para passear, daí conseguimos fazer uma cadeira
bacana, mas fomos barrados pelo médico, que não permitiu que ele saísse de casa,
tanto que comecei uma briga pra tirálo de casa, mas fui proibido disso. Meu
Fernandes Life – Mateus é coordenador ter podido levá-lo lá.
Quando o pediatra liberou passeios, comecei a curtir mais o Heitor porque eu levava
ele para tomar sol, no prédio mesmo, e eu tentava me divertir com ele da melhor forma possível. Por mais que ele não tivesse muitas
reações, conseguia sentir quando ele estava
confortável, que do meu ponto de vista era como se ele estivesse curtindo.
O último dia que estive com ele foi muito
forte porque saímos de uma internação e peguei ele no colo e senti ele super
relaxado, foi muito gostoso. Fiquei umas três horas com ele no colo e dormimos
juntos. No mesmo dia ele acabou indo para sua última internação com falência múltipla dos órgãos, no dia 11 de julho 2015, com cinco anos e meio. Agradeço
a Deus pela vida do meu filho e por ele ter tido a melhor mãe que ele podia ter. Agradeço a ela por ter feito tudo o que ela fez por ele. Sinto falta por não ter
curtido mais ele, mas sei que ele ainda cuida da gente.
revista incluir
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ESPECIAL PAIS E FILHOS
Meu filho, Francisco Por: Carmem Rute Fonseca é funcionária pública e mãe do Francisco Fotos: Danielly Stefanie
o Francisco. De imediato informaram sobre seus diagósticos, mas em nenhum
momento pensei em não adotá-lo. Sempre
tive contato com pessoas com deficiência e isso sempre foi algo muito normal pra mim. No início, durante o processo de adoção, comecei a visitar o Francisco no abrigo onde ele
vivia, três vezes por semana, para conhecer sua rotina, ao mesmo tempo que ele ia se
familiarizando comigo. Para minha surpresa
e felicidade, a adaptação foi muito rápida e desde o primeiro momento eu já sabia que ele era meu filho.
Atualmente, Francisco tem uma rotina bas-
tante regrada, repleta de amor e atenção, que
divide com as diversas terapias que realiza, em paralelo, na AACD e na Laramara.
O Francisco foi deixado na maternidade com
dele, recebo apenas as informações coletadas
casa de abrigo. Ele tem baixa visão e, aos cinco
melhor para garantir seu desenvolvimento.
apenas três dias de vida e foi levado para uma
anos de idade, ainda não foi alfabetizado. Ele
teve uma paralisia cerebral e por isso tem o
lado esquerdo do corpo comprometido e isso lhe deixa com problemas de mobilidade, pois
ele não consegue colocar o pé inteiro no chão. Ele tenta se equilibrar usando uma órtese. Na mão, especificamente, ele não tem força para segurar as coisas.
Como eu não tenho acesso ao histórico familiar
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revista incluir
pelos profissionais que o avaliam e faço o meu
Nós estamos juntos há pouco mais de dois anos e nosso relacionamento é incrível. Ele
é uma criança adorável e é muito fácil se
relacionar com ele porque se dá bem com
todo mundo. Ele é muito sociável e isso facilitou muito todo o processo.
Quando decidi adotar uma criança, o fiz de coração, e não coloquei restrições.
Por isso, logo fui chamada para conhecer
Diferente e especial Por: Lidiana Carvalho é assistente de atendimento e mãe da Ana Isabel Carvalho Foto: Larissa Dias
Aos seis anos, a Ana Isabel é uma criança linda
tranquilizou muito. Tenho consciência de
a Ana não tinha luxação no quadril. Conforme
de vida, achei que ela tinha alguma coisa
para o desenvolvimento da minha filha e
começou a desenvolver a marcha e andou
e muito esperta. Quando ela tinha um mês
diferente. Além disso, ela chorava muito e
eu senti que o lado esquerdo dela era um pouco comprometido. Eu então comentei com a pediatra, mas como a Ana nasceu muito
grande, a pediatra fez alguns testes e disse que estava tudo bem com ela. Não me convenci e fiquei com isso na cabeça.
Continuei insistindo para a pediatra me dar uma guia para levar minha filha na neuro, mas
ela sempre me convencia de que o melhor
seria esperar, pois não havia constatado nada
de errado. Eu chorava sozinha a cada nova suspeita, meu marido falava que eu procurava doenças na menina. Até que, após muita insistência, consegui a guia e levei a Ana na neu-
rologista Emiliana, que nos recebeu muito bem. Houve uma empatia grande entre nós e, logo na primeira consulta, ela constatou
que eu estava certa. Eu então contei para ela que acompanhava algumas comunidades virtuais de mães com casos semelhantes ao
meu e que fazia, por conta própria, alguns
exercícios de alongamento com minha filha. Nunca me esqueço que a doutora ficou surpresa comigo pela iniciativa em aceitar
que realmente havia algo errado, mesmo com uma negativa médica. Após essa primeira consulta começamos a realizar diver-
sos exames e, apesar de saber, sofri muito
com a confirmação da paralisia cerebral. Ela foi toda planejada e de repente surgiu
isso, na minha família foi o primeiro caso, e foi um susto. Mas, graças a Deus, tive um ótimo apoio profissional e a médica nos
que a doutora Emiliana foi fundamental
também para acalmar meu coração, pois ela entendeu de imediato, que eu só quero o melhor para a minha filha.
Nisso, Ana já estava com nove meses e,
mesmo sabendo que fiz de tudo para garantir o melhor para ela, ainda lamento por esse
tempo perdido. A neurologista me passou ali
alguns tratamentos até que cheguei à AACD, que eu achava que era só para crianças com
deficiência intelectual. Foi tudo novo para mim. Depois do susto comecei a me punir, chorei
muito, mas eu hoje entendo que fiz tudo por ela.
Hoje eu sei que minha filha é a melhor coisa da
minha vida e meu marido sempre me acalmou muito e foi parceiro para cuidar de nossa filha.
Quando cheguei à AACD, pela primeira vez,
chorei muito por conhecer outras mães e tomar
conhecimento de tantas histórias maravilhosas. Posso dizer que a AACD também foi fundamen-
iniciamos o tratamento, a fisioterapia, ela já
com um ano e dois meses, começou a falar
e tem o cognitivo preservado. Hoje, Ana está com seis anos e está muito bem. Tem uma
dificuldade de marcha, mas anda com a ajuda de órteses nas pernas. Ela é uma criança muito
independente e devemos muito desse desenvolvimento ao tratamento da AACD. O pior de
tudo são os olhares de piedade das pessoas.
Sofri muito com isso e cheguei a esconder a
deficiência dela, deixei até de ir a festas, mas superei isso e hoje tenho até orgulho de dizer que minha filha tem sim uma deficiência e
que ela não é melhor nem pior por isso, ela é
simplesmente ela, perfeita como é. Juntas superamos todas as dificuldades e sei que ainda
estamos só no começo. Ela tem uma vida es-
colar normal, come sozinha e comemoramos, em dobro, cada nova conquista!
tal porque nos acolheu e tivemos até apoio psicológico para lidar com a situação, o que
foi muito importante para entendermos todo o processo de reabilitação da nossa filha.
Estava ciente de que existiam muitas possibilidades e queria estar preparada caso ela não
desenvolvesse a fala ou não andasse, não tivesse o cognitivo preservado. Posso dizer que realmente estávamos preparados para tudo, mas,
independente do que aconteceria, sabíamos que o amor era maior que qualquer situação,
que até então considerávamos que seria desfavorável para o desenvolvimento da Ana.
No entanto, sempre acreditei que muitos milagres aconteceriam e o primeiro foi saber que
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37
Projetos especiais
Bateria da inclusão Projeto tem entre seus participantes jovens com deficiência auditiva, visual, autismo e déficit cognitivo Da redação | Fotos: Divulgação
atenção, concentração, percepção e os prin-
cípios básicos de ritmo, tempo e andamento. São realizados ensaios semanais, além de di-
versas apresentações públicas durante o ano.
Criada em 2010, em parceria com o Cen-
tro Educacional Pilar Velazquez – escola do município do Rio especializada na formação
de alunos surdos –, a bateria integra o pro-
jeto ‘TIM Música nas Escolas’. O Centro Educacional Pilar Velazquez sediou os ensaios da
bateria por dois anos, mas em 2012 a instituição encerrou suas atividades.
Para dar continuidade à bateria, foi esta-
belecida parceria com o Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), e em 2013, uma nova parceria foi feita com o Centro Munici-
pal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, que passou a sediar os encontros.
Em 2014, os participantes da Bateria do
Instituto TIM desfilaram na Escola de Sam-
I
ba Império da Tijuca, do Grupo Especial do
dealizada com o objetivo de pro-
vens com deficiência auditiva, visual, autismo
de 50 crianças e adolescentes, a Ba-
Graças ao projeto, eles aprendem a tocar ins-
mover a educação musical de cerca
teria do Instituto TIM é comandada pelo
mestre Mangueirinha, que também é di-
retor de bateria da escola de samba Vila Isabel, do Rio de Janeiro (RJ).
Reconhecido pelo trabalho social que
desenvolve, o grupo tem entre seus participantes – com idade entre 9 e 19 anos – jo-
38
revista incluir
e déficit cognitivo, entre outras deficiências.
trumentos típicos de uma bateria de escola de samba. Todas as atividades são elaboradas por Mangueirinha e executadas com o
apoio de monitores e uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Os ritmistas aprendem técnica de baque-
tas e realizam jogos interativos explorando a
Carnaval do Rio, em um carro alegórico que tinha como tema a inclusão social.
Já no Carnaval de 2016, o grupo se apre-
sentou na Praça Xavier de Brito, na Tijuca, com o Minibloco, voltado para o público infantil.
Os ensaios do grupo acontecem sempre
aos sábados, pela manhã, no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Outras iniciativas do Instituto TIM
O Instituto TIM apoia organizações não governamentais que têm sua relevância e seriedade
reconhecidas no Brasil e no exterior, como Fundação Abrinq, Instituto Ronald McDonald, Insti-
tuto Ayrton Senna, Casa de Passagem de Recife, Escola Técnica Redentorista (ETER) e Fundação Amazonas Sustentável (FAS).
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Estamos de olho
Microcefalia Apesar de estar relacionada ao Zíka vírus, ela pode ter diferentes causas Por: Maira Isis Cardoso | Fotos: Shutterstock
A
pesar de estar frequentemente
Os bebês nascem com perímetro cefálico menor do que é tido como normal, sendo igual ou inferior a 32 cm
sendo relacionada ao Zíka vírus, a microcefalia é uma malforma-
ção congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, causando
uma desproporção no tamanho da face e da cabeça da criança. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor do
que é tido como normal, sendo igual ou inferior a 32 cm, parâmetro adotado de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em bebês nascidos dentro de um período habitual, de nove meses.
O primeiro exame físico é rotineiro nos
berçários e deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida do bebê, período considera-
do ideal para identificar possíveis anomalias congênitas. Também é possível diagnosticar
a microcefalia no pré-natal, pelo médico que
sível de tratamento, que pode melhorar a
malformação congênita confirmada deverão
Mesmo sendo o Zíka vírus, neste mo-
terapias que estimulem a criança desde a
Precoce, desde o nascimento até os três anos
acompanha a gravidez.
mento, a forma mais falada, essa malformação congênita pode ser efeito de uma série
qualidade de vida e o convívio, por meio de primeira infância.
Em grande parte dos casos, a síndrome
de fatores de diferentes origens, como subs-
manifesta algum tipo de problema neuroló-
ciosos), como bactérias, vírus e radiação.
é bastante específico, cada criança tem um
tâncias químicas e agentes biológicos (infec-
São apontados pelo Ministério da Saú-
de diversos agentes infecciosos como pos-
síveis causas, como a sífilis, a toxoplasmose, a rubéola, o citomegalovírus e o herpes viral. A condição é incurável, porém é pas-
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revista incluir
ser inseridas no Programa de Estimulação
de idade, período em que o cérebro se desenvolve mais rapidamente.
A estimulação precoce visa à maximiza-
gico, psicológico ou motor, mas cada caso
ção do potencial de cada criança, incluindo o
desenvolvimento diferente. Em alguns casos
ca, comportamental, cognitiva, social e afeti-
podem surgir dificuldades de locomoção e sequelas neurológicas.
Segundo diretrizes lançadas pelo Minis-
tério da Saúde, todas as crianças com esta
crescimento físico e a maturação neurológi-
va, que poderão ser prejudicados pela microcefalia. Esses serviços de reabilitação podem
ser encontrados nos Centros Especializados de Reabilitação (CER), nos Núcleos de Apoio
à Saúde da Família (NASF) e nos Ambulató-
“Aprendi a aceitar a minha filha, não esta-
Na época a mãe nem tinha informações,
rios de Seguimento de Recém-Nascidos.
mos sozinhas e podemos ser felizes com al-
achava que era uma doença, que poderia ser
dição da microcefalia é fundamental para in-
dizer que quando minha filha nasceu, eu re-
foi até rude, dizendo que sua filha não iria an-
A opinião de quem vive de perto a con-
formar e quebrar paradigmas e preconceitos.
Mineira de Contagem (MG), Lena Rodrigues é mãe da Maya Cecília, 4 anos, que nasceu com microcefalia. Ela conta que teve uma
gravidez normal e tranquila, mas quando
sua filha nasceu, tinha o PC de 33 cm, considerado normal, porém não houve desenvolvimento nos primeiros meses, até que se confirmou o diagnóstico de microcefalia.
“Na época nada se falava a respeito, e eu,
como muitas das mães, nunca havia ouvido falar em microcefalia e nem sabia o que era.
Foi um baque nas nossas vidas, muitas dúvidas e incertezas. Me senti, sozinha e perdida, porém não quis ficar sozinha”, lembra Lena.
Logo ela começou a pesquisar sobre o
assunto, conheceu outras mães em cen-
tros de reabilitação, e com orientações dos médicos procurou a APAE. Assim que
sua filha começou a fazer terapia, ela foi entendendo e aprendendo exercícios en-
sinados na fisioterapia que ela pôde repetir em casa, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento da filha.
gumas limitações, mas podemos... Costumo nasci junto com ela. E que nem todos os dias
são bons, mas nem todos são ruins... Nossa
esperavam os filhos nas fisioterapias, ela e
outras mães, iam trocando experiências. Então, começou a pesquisar mais na
internet até encontrar um grupo com mães
de microcefálicos e outras deficiências. “Resolvi criar meu próprio grupo: ‘Pais de crianças com microcefalia, síndromes e
outras deficiências’, para compartilhar o que
estava aprendendo e aprender coisas novas também”, conta.
Maya não anda e não fala, e Lena foi
orientada por uma psicóloga a colocar sua filha em uma escola regular. Logo, ela se dis-
pôs a trabalhar junto à escola, para garantir o desenvolvimento educacional de sua filha.
dar, nem falar.
Ao procurar uma neurologista, Simone
caminhada é assim a cada dia um desafio,
foi mais bem orientada, já que a profissio-
E meu conselho para as mães é para que
andar, falar e se desenvolver. Assim, a mãe
mas também temos conquistas e vitórias.
vivam um dia de cada vez, paciência, rea-
bilitação, acompanhamento médico, mas não esqueçam, são crianças e também precisam brincar e se divertir. Amor e fé pra seguir em frente”, finaliza Lena.
nal lhe garantiu que sua filha poderia sim procurou instituições que pudessem ajudar no desenvolvimento da filha e passou
a se dedicar a ela, parou de trabalhar e de estudar para se dedicar integralmente à filha. Com isso, Patrícia teve um desenvolvimento praticamente normal.
Quando a filha tinha 6 anos, Simone
“A Microcefalia não é doença é uma condição neurológica”,
engravidou da segunda filha, que tem-
Simone Tavares
nova participou das Paralimpíadas Escolares,
Lena conta que também consegui
atendimento na Rede SARAH, enquanto
curada com remédio. Segundo ela, a médica
bém tem microcefalia, desta vez, confirmada ainda durante a gestação.
Mas como ela já conhecia e sabia que sua
filha poderia ter uma vida praticamente nor-
mal, Simone procurou vagas em instituições e quando ela nasceu já estava com a matrícula garantida em uma instituição que pudesse fazer terapia e receber estímulos.
“Hoje, elas estão super ativas, inseridas na
sociedade. Recentemente, minha filha mais representando o estado do Mato Grosso do
Moradora de Campo Grande (MS), Si-
mone Tavares é mãe de Patrícia, 20 anos, e
Adriana, 14 anos. Segundo ela, a microcefalia
da filha mais velha só foi descoberta quando a menina tinha quatro anos de idade, e tem causas congênitas, em decorrência de uma falha dos cromossomos dela e de seu marido.
“A Patrícia nasceu prematura de sete
meses, então como era um bebê pequeno nada de diferente foi percebido, só após
uns dias que fui ao posto de saúde, onde
ela passou por consulta e foi examinada pela médica, assim foi medido o perímetro encefálico. Foi aí que a médica disse que minha filha tinha microcefalia”, explica.
Sul e a mais velha faz parte do corpo de dança da Apae”, conta ela orgulhosa.
Com relação ao desenvolvimento
educacional, Simone garante que a filha Patrícia frequenta o 9º ano do Ensino
Fundamental. Já Adriana entrou no período habitual e está no 8º ano. “Elas usam
material adaptado, têm professoras auxiliares
que as ajudam”, conta a mãe, que alerta: “A microcefalia não é uma doença, é uma condição neurológica, a pessoa precisa de estímulos e na primeira infância é fun-
damental estimular o máximo possível”, conclui Simone.
Formada em jornalismo, Ana Carolina
Dias Cáceres, 24 anos, diz ter escolhido
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Estamos de olho essa carreira para ser ‘uma porta-voz’ da microcefalia. Ela, que também é moradora de Campo Grande (MS), tem uma história
que contraria muitos diagnósticos sobre a microcefalia. “Minha mãe descobriu que
eu tinha microcefalia só depois do meu nascimento. Até então, ela não tinha co-
nhecimento de que eu viria com algum tipo de problema. Porém, o diagnóstico final de microcefalia foi posterior ao da síndrome de Down”, explica ela.
Acreditava-se até então que ela tinha
síndrome de Down, mas o neurocirurgião que cuidou do seu caso por 14 anos foi o
responsável pelo diagnóstico final de microcefalia por Craniossinostose. Devido
à cirurgia que foi submetida, ainda com nove dias de vida, ela não teve lesões sérias nem outras sequelas.
“Nesta cirurgia, com nove dias de vida,
tive duas paradas cardíacas, e ela foi feita
para retirar parte da estrutura óssea do crânio e para correções da face. Depois disso,
fiz acompanhamento com fisioterapeuta,
psicólogo, cardiologista e com o neurocirurgião. Fora os medicamentos para controlar as convulsões, que neste caso foram o Tegretol e o Gardenal”, esclarece.
Um neurologista é essencial em qual-
quer caso de microcefalia. Este profissional
ajuda a compreender melhor os efeitos, Ana conta que no caso dela, o médico foi o per-
sonagem principal para que ela não tivesse nenhuma sequela ou problema maior.
“Se caso ele não tivesse feito a cirurgia
ou até mesmo feito tal diagnóstico da microcefalia, que até então não tinha causa-
do nenhum problema mais grave, poderia causar. Então este profissional foi essencial no meu tratamento”, explica ela.
Ana ainda deixou um recado para as
mães de recém-nascidos com microcefalia. “Meu conselho para estas mães é não desis-
tir nunca, buscar o máximo de informação possível e procurar conhecer pais de crianças com esta situação neurológica”, finaliza.
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O Zica vírus
De acordo com o Ministério da Saúde,
o Zika é um vírus transmitido pelo Aedes Aegypti e identificado pela primeira vez
quer dizer que somente ele esteja envolvido no processo.
Não existe tratamento específico
no Brasil em abril de 2015. O vírus Zika
para a infecção pelo Zika, assim como
de origem de sua identificação em 1947,
O tratamento recomendado para os
recebeu a mesma denominação do local após detecção em macacos sentinelas
para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em Uganda.
No Brasil, foi identificado em abril de
2015, por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, logo se dispersou por
18 estados do País, levado pelo mosqui-
também não há vacina contra o vírus. casos sintomáticos é baseado no uso
de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e
manejo da dor. No caso de erupções
pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados.
Cerca de 80% das pessoas infecta-
to Aedes Aegypti, o mesmo que serve de
das pelo Zika vírus não desenvolvem
chikungunya (que pertence à outra famí-
sintomas são dor de cabeça, febre baixa,
vetor para os vírus da dengue, da febre lia viral) e da febre amarela.
Outras possíveis formas de trans-
missão do Zika precisam ser avaliadas
com mais profundidade, com base em estudos científicos.
Ainda não se sabe exatamente
manifestações clínicas. Os principais dores leves nas articulações, manchas
vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos.
No geral, a evolução da doença
como ele age no organismo. De acor-
é moderada e os sintomas desapa-
sistema imune e tem predileção pelas
articulações pode continuar por apro-
do com pesquisas recentes, ele afeta o células jovens do sistema nervoso central. Estudos indicam que a infecção não é contagiosa, isto é, não passa de
uma pessoa para outra, mas pode ter implicações bastante graves.
O Ministério da Saúde e a OMS
reconheceram oficialmente a relação
recem após 3 a 7 dias. Mas a dor nas
ximadamente um mês. Formas gra-
ves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história.
Observe o aparecimento de sinais e
entre o nascimento de bebês com
sintomas de infecção por vírus Zika, caso
simultânea do Zika, no Brasil. Isso não
atendimento.
malformação cerebral e a circulação
ocorra busque um serviço de saúde para
404 casos de microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso central,
17 estão relacionados ao vírus Zika.
3.670 Ainda estão sendo investigados: 3.670 casos suspeitos de microcefalia em todo o país.
O crescimento dos casos investigados e classificados foi de 52%. De 732 na semana anterior, os casos passaram para 1.113. 60
56
50
40
Dos 404 casos confirmados desde o início das investigações, foram registrados em 156 municípios de nove estados. Pernambuco concentra o maior
31 30 24
23
número de municípios com casos confirmados.
20
10
10 6 3
2
1
0
Dados registrados até 30 de Janeiro de 2015 Fonte: Ministério da Saúde/ Portal Saúde/ Combate Aedes e Agência Brasil/Dr. Drauzio Varela
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Educação
Método educacional leva pais e alunos a terem maior participação no ambiente escolar Por: Maira Isis Cardoso | Fotos: Bianca Ponte/Shutterstock
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Um exemplo do sucesso da unidade
está na oportunidade de mães que não
têm com quem deixar seus filhos, levarem eles para a escola. “Quando alunos são expulsos da escola tradicional é difícil imaginar qual é a melhor maneira
para fazê-lo ter acesso à educação. Eu tinha o desafio de fazer uma escola para jovens vulneráveis”, explica Eda.
Foi aí que começou o trabalho para
desenhar um projeto pedagógico di-
ferente, e o primeiro passo foi deixar a escola aberta para todos, das sete da
manhã às dez e meia da noite. Deixar
os alunos e a comunidade frequentar o
espaço e manter os portões abertos foi um grande diferencial.
Pensamos o que poderíamos tirar e
colocar na escola para que eles pudessem frequentar. A primeira coisa que
eles pediram foi não colocar carteiras
‘tradicionais’, foi aí que compramos carteiras sextavadas para seis pessoas”, conta a diretora.
Ess foi o ponto inicial, que permite
Q
o trabalho dos alunos em grupos, com maior interação e envolvimento. uando pensamos em escola,
Todo esse trabalho foi idealizado
logo nos vêm à mente um
pela educadora Eda Luiz, que há 18
salas de aula são organizadas por car-
ela, o mais importante do aprender está
modelo tradicional, onde as
teiras enfileiradas e onde os alunos têm a mesma faixa etária. Na contramão do
tradicional sistema de ensino, o Cen-
tro Integrado de Educação de Jovens e
anos atua como diretora do centro. Para
Na unidade, são bem-vindos alunos
so’ escolar. “Aqui são formadas turmas
Uma escola planejada realmente para
atender a todos, no Cieja as turmas não
são divididas por idade e séries, mas por
módulos, formados de acordo com o desenvolvimento pedagógico de cada um.
po docente formado por professores e,
gras e muito respeito.
rencia tanto pela forma como as turmas ção dos alunos.
legislação, ou seja, precisa ter um cor-
mento. Tudo, é claro, com algumas re-
com idade a partir dos 15 anos, em ge-
são organizadas, quanto pela participa-
cipal, o Cieja tem que estar dentro da
na liberdade para alcançar o conheci-
Adultos (Cieja), de Campo Limpo, bairro da zona sul de São Paulo (SP), se dife-
Por se tratar de uma escola muni-
ral, que já vêm de um histórico de ‘atra-
mistas, onde os alunos aprendem de acordo com seu desenvolvimento pedagógico, e o mais importante é que as
oportunidades são iguais para todos”, conta Eda, que durante a entrevista circulou pela escola e atendeu a cada aluno com atenção e simplicidade.
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Educação os alunos recebem certificado quando
são de maneira geral, faz uma avaliação,
cipação de grupo de pais, alunos e seus
continuidade ao passarem para o ensi-
vo’, para depois encaminhar o aluno
realmente inclusiva, propagando meios
concluem o curso, o que permite uma no médio.
No processo desse trabalho, para
chegar até aqui, Eda conta que come-
o que ele chama ‘percurso investigatipara uma sala de acordo com suas necessidades específicas.
Ao todo são seis Salas de Apoio e
çou a ler a Lei de Diretrizes e Bases da
Acompanhamento à Inclusão, chama-
do mundo, mas a menos lida e a menos
encaminhados. “Eu tenho quatro mó-
Educação (LDB), que é a mais moderna praticada. “O que faço aqui é interpretar
a lei, qualquer coisa que aconteça não é um problema é um desafio de buscar
das de SAAI, para as quais os alunos são dulos: alfabetização, pós-alfabetização, intermediário e final. Mas não é isso que classifica os alunos. O que os classifica é
mundo”, explica.
“Como não fecho os portões, todo
mundo entra para frequentar a sala de
leitura, de informática e usar tudo o que temos aqui”, completa.
Por atender alunos acima de 15
anos, o local passou a receber alunos
com deficiência para estudar de forma inclusiva, o que acontece efetivamente na escola. Para receber estes alunos, o
professor Billy Silva, que cuida da inclu-
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revista incluir
no desenvolvimento do aluno. “Ao criar o grupo eu queria entender como os pais lidam com os filhos dentro de casa e a primeira iniciativa foi chamar eles
para reuniões. Na primeira vieram 11 pessoas e com o passar do tempo isso foi crescendo”, conta Billy.
Podemos dizer que o Cieja Campo
Limpo é uma das escolas mais inclusi-
Todo esse trabalho inclusivo rendeu
de 285 alunos com alguma deficiência,
ao professor Billy alguns prêmios, como
uma solução legal, que atenda todo
de tornar a participação de todos ativa
estarem em zonas proximais de níveis de conhecimento”, esclarece a diretora.
“Quando encontrei Paulo Freire, entendi que todo mundo aprende na troca e não um isolado do outro. Começamos por aí! Então perguntei: O que mais vocês querem? Foi aí que os alunos explicaram que queriam trabalhar seus problemas, descobrir suas causas, e aí passaram a entender tudo isso”, explica Eda.
amigos na busca por uma sociedade
o de Educação e Direitos Humanos, concedido pelo Estado de São Paulo.
Motivado por uma paixão pela edu-
vas do País. Isso porque a unidade atensendo a única escola do Brasil a reali-
zar reuniões de pais e alunos todas as sextas-feiras.
Sobre seus métodos educacionais,
cação inclusiva, Billy é responsável por
Billy conta que optou por trabalhar
‘Café Terapêutico’, que envolve a parti-
temas como a água, os cuidados com
diversos projetos, com destaque para o
temas (um por mês). “Já trabalhamos
a saúde, a alimentação saudável agora estamos trabalhando o tema gênero e
diversidade, usando sempre situações do dia a dia para os alunos entenderem o que é exatamente a diversidade”, explica ele, responsável ainda pelas bala-
das na escola, grande sucesso entre os
alunos. “A balada surgiu para trabalhar letras de músicas com os alunos com deficiência. Eles responderam muito
bem ao projeto e agora temos datas fixas para nossas festas.”
Entre outros projetos, Billy destaca a
festa de aniversário do Cieja, que neste ano terá como tema ‘Dores, cores e sabores da Inclusão’.
“Meu trabalho vai além da educação
tradicional. Tenho como foco ajudar os
alunos a desenvolverem sua autoestima e por isso surgiram os temas, que
Acolher é também o trabalho que realiza o Centro Comunitário de Saskatoon, localizado em Sherbrooke, no Canadá. Um lugar onde vivem 263 moradores, 500 voluntários, famílias, amigos, estudantes e até animais de estimação. Os cuidados aos idosos são feito de uma maneira diferente, envolvendo pessoas de várias idades, onde as crianças plantam, as famílias fazem jantares juntas e assim fazem a diferença. Os moradores recebem a visita e, como qualquer cidade pequena, a comunidade é feita de pessoas com sonhos, e desejo de viver a vida ao máximo. As pessoas que lá residem trabalham, jogam, fazem compras, pintam, cuidam do jardim, cantam, dançam e são voluntários. É um modelo inovador de viver, envolvendo todas as idades e até cães de serviço.
em muitas escolas são considerados
‘delicados’, mas, sem dúvidas, prepara os alunos para a sociedade”, esclarece.
Outra ação do professor está na in-
serção dos alunos no mercado de trabalho. “Já empregamos 15 alunos com
deficiência que fazem cursos e frequentam as aulas no Cieja”, completa.
Cieja: blogdociejacampolimpo.blogspot.com.br Centro Comunitário: www.sherbrookecommunitycentre.ca/
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Esporte
Propostas de ações para a inclusão do Deficiente Visual nas aulas de Educação Física Por: Flávio Henrique Corrêa*
N
o Brasil, no tempo de início das
em consonância com o objetivo educacio-
mites e regras pertencentes aos jogos, mas
visual estão entrando na escola
quais atividades cumprem esses objetivos;
do contato com o outro;
aulas, estudantes com deficiência
pela primeira vez ou estão iniciando novo
nal do professor, assim ele deverá pensar ● A competição, muitas vezes promovi-
ano letivo, muitas vezes (a maioria delas) se
da nas atividades em educação física, deve
de terem sido formados para ensinar a
ção, colaboração de cada um para o bem-
deparando com professores que ao contrário todos, foram ensinados que pessoas cegas ou com baixa visão só podem estudar em
ser substituída pela cooperação, participa-estar e a aprendizagem de todos;
mento em maior velocidade deverão ser
Para os professores de Educação Física
devem ser apresentados/explorados pelo
que se deram conta que deficiência não
é sinônimo de incapacidade e que perce-
cumprimento do exercício proposto;
verão ter a oportunidade de participar de todas as atividades propostas para a classe;
● Quando uma atividade requerer a vi-
são e não puder ser adaptada ou substituída
por outra, dever-se-á propiciar que o aluno participe dessa atividade com seu colega, ou colegas;
● As atividades propostas devem estar
48
revista incluir
Bom ano!!!
● O professor deverá valer-se de seu
fissional, seja por razão de humanidade,
● Os alunos com deficiência visual de-
potencialidades, limites e habilidades.
aluno com deficiência antes da aula;
próprio corpo, ou do corpo do aluno, para
seguem algumas dicas:
de trabalhar com o outro, descobrindo suas
praticadas em ambientes propícios e esses
beram que vale a pena investir em seus alunos, seja por razão moral e ética pro-
● Cada aluno deverá ter a oportunidade
● As atividades que exigem desloca-
certas escolas segregadas que gostam de ser chamadas de “especializadas”.
também a própria relação social que advém
mostrar os movimentos necessários ao ● O professor deverá propiciar ao aluno
o máximo de liberdade e possibilidade de
exploração do espaço físico da quadra de esportes e dos demais ambientes da escola;
● O aluno deverá ser incentivado a des-
locar-se pela escola, com ou sem bengala
(de preferência com ela), em todos os espaços escolares;
● Lembrando que educação física é,
antes de mais nada educação, o professor
deverá aproveitar para ensinar não só os li-
*Flávio Henrique Corrêa é profissional de Educação Física e diretor do Departamento Técnico de Esportes Adaptados da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Barueri (SP)
revista incluir
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Sonhando acordada Por: Larissa Mariano| Fotos: Bob Wolfenson/Bianca Ponte
S
onhar não sai de moda – e é a
– que observa sorrindo – o apoio e incentivo
bella Fiorentino, que vive realizada
grandiosas no que fazem, dos irmãos Bernar-
maior tendência na vida de Isa-
por ter concretizado o maior dos sonhos: os filhos trigêmeos Bernardo, Lorenzo e Nicholas, de quatro anos.
chega a quatro māozinhas, pequenas, mas
do e Nicholas, que o acompanham fazendo carinho e encorajando a continuar.
E é assim que Isabella registra os filhos nas
Para realizar é preciso correr atrás! E disso
fotos e vídeos que faz em meio à rotina de
Moda, do SBT, sabe bem. Depois de deixar o
inseparável, o celular de Isabella a deixa mais
a apresentadora do programa Esquadrão da
trabalho por conta da gravidez de risco e de um parto prematuro – um de seus filhos foi diagnosticado com hemiparesia, por conta de uma hemorragia e um pneumotórax –,
trabalho e gravações. Companheiro quase perto dos momentos em que pode dedicar seu tempo aos trigêmeos e ao marido, o empresário Stefano Hawilla.
Mãe dedicada, ela não abre mão da pre-
Isabella hoje se vê entre as gravações e os
sença e faz questão de participar da vida dos
Quando questionada sobre os trata-
dormir, conta histórias, e tem, na ponta da
cuidados dos meninos.
mentos do filho Lorenzo, Isabella responde,
com um lindo sorriso: Doses diárias de amor, inclusão e força de vontade, que começam
filhos. Leva à escola, busca, os coloca para
língua, as músicas infantis que os três mais gostam de ouvir.
Bella, Bellinha, Isa, Isabella. Muitos apeli-
em casa e o acompanham em cada terapia e
dos para tantos que a conhecem, das passa-
A caminhada também se torna mais fácil
Mas é ao ver o sorriso cheio de orgulho no
conquista diária.
com o apoio da família. Enquanto as rodinhas do andador o ajudam a ir em direção à mãe
relas à vida de empresária e apresentadora. rosto que desaparecem as dúvidas de como ela prefere ser chamada: mamãe.
revista incluir
51
Entrevista
Como foi ser Isabella Fiorentino, mo-
delo, apresentadora e, de uma hora para outra, mãe de trigêmeos?
Na verdade, eu sempre tive esse gran-
de sonho de ser mãe. Desde adolescente, quando eu pegava roupa da minha mãe,
que toda adolescente faz isso, pega roupa, põe salto alto. Eu fazia tudo isso, mas sem-
pre tinha uma almofada na minha barriga, dentro da roupa, pra fingir que eu estava grávida. Eu pegava os vestidões da minha mãe e amarrava uma almofada.
E aí me imaginava sentada, com dor nas
costas, falando: Ai, estou com dor, vai nascer.
Até isso eu acho que atraí, porque tive muita Como ser mãe mudou sua vida?
Mudou em vários sentidos. O primeiro
é que você deixa de pensar em você para primeiro sempre pensar no bem-estar do
teu filho. Isso é um exercício que você faz diariamente, porque vem de dentro, você
não é obrigado a fazer isso. É uma coisa que
vem e você não tem escolha, porque a única opção que você tem é sempre pensar no seu filho antes.
Tem um lado de humildade, de pensar
muito no outro, de pensar em outras crian-
ças. Acho que quando você é mãe, você fica muito mais condoída com a dor do outro,
você se torna muito mais caridosa, olha
muito mais à sua volta do que antes de você
ser mãe. Eu não acho que isso seja um defeito de quem não é mãe ainda, mas é uma grande virtude de quando você concebe, de quando você cria uma outra vida e você acaba olhando realmente para as pessoas à sua volta, muito mais do que antes.
Tem uma outra coisa também que pra
mim foi muito, muito forte. Aquela frase quando a gente ouve, que eu achava super piegas: Meu marido, ou meu trabalho, ou meu filho, me fez uma pessoa melhor, fez com que eu fosse uma pessoa melhor, com
52
revista incluir
que eu me tornasse uma pessoa melhor” E
eu falava: ai, gente, se tornar uma pessoa me-
lhor, eu acho que todo mundo está sempre
em busca disso, não necessariamente vai acontecer em algum momento da vida. Só que, quando você tem filhos, você não quer
só ensinar, você quer dar exemplo. Por isso que você se torna uma pessoa melhor. Em
vez de ser só da boca pra fora: Você tem que
fazer isso, aquilo, você tem que ser honesto, você tem que vivenciar para ela entender o
que você está ensinando – e por isso que eu
acho que quando eu julgava essa frase, eu descobri que isso realmente acontece quan-
do você é mãe. Você se torna uma pessoa melhor em todos os setores da vida.
Seja numa mentirinha boba, do tipo
chegar atrasada na escola. Seu filho sabe que você está atrasada, porque você fala
durante o caminho: Ai, estamos atrasados.
Aí você chega e fala: Ai, peguei um trânsito.
Não, não pegamos trânsito, nós nos atrasamos. E eu faço isso sempre. Quando eu
chego atrasada na escola, eu falo: Hoje nós
chegamos atrasados porque acordamos tarde e foi uma loucura para sair de casa. Eu
não dou desculpa porque eles estão vendo. Tudo as crianças veem.
dor nas costas. Eu sempre tive vontade de ter gêmeos, tive trigêmeos. Então, eu acho que quando a gente mentaliza as coisas
boas elas acontecem. Por isso que a gente tem que ser sempre positivo.
Em todas as religiões fala-se isso, né? Na
religião católica, nas outras religiões e até outras doutrinas como física quântica, pra
quem segue, o pensamento positivo é o que há de mais importante para o ser humano.
E eu sempre fui de ter muito pensamento
positivo, de visualizar tudo o que eu queria e,
tudo o que eu visualizei, eu consegui realizar; desde o meu sucesso como modelo e apresentadora, eu sempre me imaginei falando
para grande público, desde pequena. Meu marido, sempre imaginei um bom pai, bom marido e tenho um marido maravilhoso.
Eu sempre fui muito sonhadora, igual
minha mãe. Eu tenho mania até hoje de fechar os olhos e imaginar, e aí as coisas
vão vindo, assim. Eu lembro quando eu morava em Milão, eu tinha muito essa mania, que eu ficava muito sozinha, então
eu fechava os olhos e imaginava eu dançando uma música do Frank Sinatra com
meu marido, com os meus filhos olhando;
ou eu na televisão, falando com o grande público. E tudo eu consegui realizar.
Quando eu fiquei grávida dos trigêmeos,
que os médicos sempre ficaram muito
receosos se a gravidez ia para frente ou não, eu fechava os olhos e imaginava os três. Eu
sabia que ia dar certo. Tanto que o médico
falava: Não conta para ninguém que você está grávida de trigêmeos, porque é uma
gravidez muito complicada. E eu falava assim: Doutor, fica tranquilo que vai dar tudo certo.
E deu. Os três nasceram muito prema-
turos, de 27 semanas. Primeiro foi o Bernar-
do, com 1 kg, depois o Lorenzo com 1,2 kg e depois o Nicholas com 800 g. E eu sem-
pre achei que tudo ia dar certo e tudo deu
certo. O Lorenzo, por exemplo, poderia ter morrido quando teve hemorragia. Ele teve
um pneumotórax e uma hemorragia. E hoje eu olho pra ele, vejo a luta dele, um menino
tão guerreiro, tão esforçado para fazer todas as coisas que ele precisa fazer e eu olho pra
ele e falo assim: Meu Deus, obrigada por ele estar aqui, porque foi um grande milagre. E
agora correr atrás pra resolver as dificuldades, a gente vai correr atrás.
E eu tenho uma grande virtude que
é olhar o que o Lorenzo tem de bom, não
o que ele não tem. Então, se ele ainda não
anda, eu não olho que ele não anda, eu olho que ele está dando dez passos sozinhos no andador. Então por isso que eu sou tão feliz,
tão bem resolvida, nada tira o meu sono em relação a isso, de preocupação, nada. Isso vem desde a época da UTI?
Desde que eu nasci eu sou assim. Por
exemplo, se eu pegava um casting para
fazer e não passava no teste, eu falava: Ah, não, Deus quis assim e é melhor pra mim. Porque talvez não ia ser bom pra mim.
Como é olhar para seus filhos e ver que
deu tudo certo?
Esse amor de mãe é uma coisa que
inunda meu coração, o tempo inteiro, com
qualquer coisinha que eles façam, por menor
Você veio no carro brincando com eles,
que seja. E eu vivo muito isso com o Lorenzo,
ensinando as coisas com brincadeiras.
comer sozinha é normal, o Lorenzo comer
exemplos de elegância e estilo?
porque você ver uma criança que começa a
sozinho é uma grande conquista. Por isso, é
Como é dar exemplos como mãe, além dos O meu maior papel é ser exemplo para
que eu falo que eu sou privilegiada de poder
os meus filhos. Passar essa elegância e estilo
tenho alguma coisa para comemorar.
dá prazer é passar o meu exemplo bom para
bons, às vezes um filho está doente e isso
plo, como o carro tem DVD, a primeira coisa
pediatra você tem que ser um santo, por-
Gente, quando eu era pequena, não tinha
ser tão grave quanto abrir a cabeça de um
gente fazia era ficar olhando pra fora, vendo
teu filho sofrer.
rua, vendo tantos outros estímulos muito
sou uma mãe muito consciente, não me de-
zes até muito mais eficazes do que aprender
meu bate a cabeça, vou dentro de uma am-
naquilo que você está ensinando, o seu filho
comemorar todos os dias. Todos os dias eu
é gratificante para mim, mas o que mais me
É óbvio que tem dias que não são tão
eles. Quando eu entro no carro, por exem-
tudo abala muito a mãe. Eu falo que pra ser
que eles querem é ver um filminho. E eu falo:
que a dor de ouvido de uma criança pode
DVD no carro, não tinha filminho. O que a
outro filho, a dor é igual, você não quer ver
cor de carro, vendo as pessoas passando na
Mas eu sei lidar muito bem com isso, eu
mais interessantes que um desenho, às ve-
sespero em momentos difíceis. Se um filho
numa sala de aula. Quando tem emoção
bulância numa boa.
tem muito mais chances de reter aquilo do
revista incluir
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Entrevista que se estiver aprendendo por obrigação.
E eu sempre fui uma pessoa que quer
negócio em cima, ele disse: Olha que legal,
dar para ocasiões especiais. Às vezes eu
Então eles nunca vão jogar coisas fora do
Por isso eu sempre brinco com eles, con-
usar tudo o que compra, não sou de guar-
do era pequena. Por exemplo, teve um dia
compro e já saio da loja usando. E tem que
to uma história de que eu fazia aquilo quanque eles compraram um pirulito e o pirulito quebrou. Eles ficaram dizendo: Ai, quero ou-
tro pirulito, não quero pirulito quebrado, e eu falei pra eles que ia contar uma história.
ser assim, porque vai ficar guardando para
uma ocasião especial? Ah, não, vamos usar hoje. Hoje é a ocasião especial.
E com eles, graças a Deus, têm uma con-
Quando eu falo isso eles já param, porque
dição legal, mas eu sempre tenho que me
Às vezes eu invento, porque preciso fa-
prar, que a gente tem que comprar. Então,
amam minhas histórias.
lar de alguma coisa que eu não tenha vivi-
do, mas eu invento que eu vivi. E falei: Olha, quando eu era pequena, eu ia para a casa dos meus avós todo final de semana e eles não podiam ficar comprando um monte de
bala nova, de bolacha nova. Então o que eles faziam? Iam na fábrica e compravam as bolachas que não passavam pelo controle
de qualidade. E eu comia aquelas bolachas como se fossem a melhor coisa do mundo, porque era meu avô que tinha ido comprar, eu sabia que só na casa dele eu comia
aquelas bolachas quebradas e pra mim era o máximo.
Nisso, os meninos falaram: Ah, tudo
bem, mamãe, a gente vai comer o pirulito
policiar. Não é porque a gente pode comse quebra um brinquedo, eu falo, pra eles: Que pena, agora esse quebrou, eu não
de pegar lixo na praia, com os baldinhos deles. E eu explico que as pessoas são mal
educadas, que jogam o lixo na rua, que aquilo não pode. É o exemplo, né?
E no trabalho, você se sente mais ma-
terna na hora de dar exemplos para as participantes do Esquadrão?
Ah, sim, muito! É que no programa não
dá para ver tudo o que a gente ensina por-
der a cuidar das coisas. Eu cresci numa
te pega as meninas no backstage a gente
mos repor, porque eles precisam aprenrealidade que era essa, de não poder ter
tudo o que quer. Hoje a minha realidade
é diferente. Eu trabalhei, eu lutei e eu tenho as minhas coisas, mas não é por isso
que vou educar meus filhos diferente
da forma que eu fui educada, então eu mantenho os mesmos valores: de não
gastar muita água, de que comida não pode sobrar no prato....
E eles já alertam nessas questões de
valores, né? Lembro de você dizendo
que vai ter que ser assim porque não tenho
neiras de casa.
dinheiro pra comprar outro, por exemplo,
lixo, porque aprenderam com a emoção
vou comprar outro, e se quebrar não va-
quebrado. E eu sei que eles nunca mais vão esquecer a história. Quando você vira e fala
mamãe, jogaram no lixo no lugar certo.
que o Bernardo pede para fechar as torEle fala que vai acabar a água da Bahia,
que não dá para ir ao ar, mas quando a gen-
explica muito. E eu dou conselhos e falo pra elas não usarem roupas muito vulgares e
apelo perguntando se elas gostariam de ver suas filhas usando certas roupas.
Você ia ao Teleton mesmo antes de ter
o Lorenzo. Depois dele, mudou o seu jeito de apoiar a causa?
Eu sempre fui, sempre procurei estar
presente. Agora, eu nunca imaginei que
eu fosse precisar de atendimento como as crianças da AACD precisam. Eu achava que
era mais por acidente, por algo assim, mas
hoje eu conheço tanta gente, hoje tem tanto conhecido que tem um filho ou um so-
a próxima vez que quebrar ele vai pedir de
porque a babá era baiana e falava pra eles
inserir coisas emotivas no que estou ensi-
acabar. Então eles são super conscientes,
necessidade e, mais ainda, eu vi como é
do eu vou para a praia, saio catando todo
milagre que Deus faz é a criança estar viva.
novo uma inteira, por isso procuro sempre nando para eles.
Essas coisas emotivas vêm do que vi-
veu na sua família também?
Sim, somos em cinco irmãos. Éramos em
seis, que o Fabinho faleceu de câncer. E eu aprendi a dividir tudo na minha casa. A gente dividia roupa, a roupa dos mais velhos iam para os mais novos, e eu sempre ficava com o resto do resto. Mas eu só queria sapato novo, só fazia questão do sapato.
54
revista incluir
fecharem a torneira que a água de lá ia na porta da escola é até engraçado. Quan-
o lixo e colocando num baldinho, e eles já se acostumaram. Quando saem da escola querem pegar o lixo da rua, e eu falo que
esse lixo a gente não pode pegar porque
é muito sujo. Então o Bernardo até falou hoje, porque tinha lixo no chão: Olha, mamãe, que feio, jogaram lixo na rua. E eu
falo: Pois é, é muito feio. E quando a gente passou e tinha um cesto na rua com um
brinho com alguma deficiência.
E aí de repente eu me deparei com essa
importante o tratamento. É o que eu falo, o O resto a gente tem que correr atrás. É ga-
rantir tratamento, bons profissionais, é a
dedicação da criança. Porque a gente pensa que Deus podia fazer a criança andar. Mas, o milagre feito já foi de viver, seja vítima de
um acidente, ter alguma síndrome ou nascer prematuro, como foi o caso do Lorenzo.
O tratamento é muito importante.
A plasticidade cerebral da criança até
os sete, oito anos é absurda, então é o
que eu sempre falo no Teleton, não dá pra esperar, quem quiser ajudar tem que
ajudar hoje. Quem tem um filho que tem
qualquer atraso, qualquer coisa que a mãe perceba, tem que correr atrás. Não
adianta querer esconder e pensar, ah, se eu colocar na minha caixinha de Pandora não vou ter mais esse problema. Tem que enfrentar e procurar ajuda.
Outro dia eu fui a um orfanato e vi um
menininho que tinha um padrão estranho
das mãozinhas e sugeri para levarem ele ao neurologista. Como eu já estou acostu-
mada, eu sei, e aí de repente a criança está lá, num orfanato, talvez passa batido anos
que ele já poderia estar em tratamento. Por isso é muito importante o tratamen-
to precoce, muito importante a inclusão,
deixar que a criança se sinta igual a todo mundo.
Isso na escola do Lorenzo eu prezo
demais. Se está todo mundo em pé, pin-
tando, ele vai ficar em pé. Se tiver que ficar alguém segurando ou não, não importa,
mas ele vai ficar lá. Isso é inclusão. É você colocar a criança na realidade, não adaptar a realidade para a criança.
Isso que eu acho que é errado, princi-
palmente em escola. Às vezes tem o tutor, que se torna o interlocutor entre o aluno e
o professor. E não pode, o tutor tem que estar lá se precisar de alguma coisa, ou
ajudar nas tarefas, mas jamais ser o inter-
locutor entre aluno e professor ou entre o aluno e os colegas.
E o Lorenzo é muito bem resolvido
com as condições dele, não é?
Até agora eu acho que ele é. Ele não é
uma criança que se frustra de não fazer algu-
ma coisa e a gente sempre vibra muito com
todas as conquistas dele, qualquer coisa que ele faça. Pegou o garfinho da forma certa? É uma festa, os irmãos, as babás, todo mundo.
revista incluir
55
Arquitetura
Arquitetura inclusiva em foco Brasil ganha nova versão da NBR9050, que regulamenta a acessibilidade em edificações Por: Julliana Reis | Fotos: Divulgação e Shutterstock
A
pós sete anos de estudos e
Acessibilidade, pela Comissão de Estudo
mudanças, entrevistamos a arquiteta e
sileira de Normas Técnicas
atualiza dados técnicos e corrige dados
Programa de Pós-Graduação em Projeto,
discussões, a Associação Bra-
(ABNT) finalmente lançou a terceira edição da NBR9050, norma que regulamen-
ta questões relacionadas a acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos.
Elaborada no Comitê Brasileiro de
56
revista incluir
de Acessibilidade em Edificações, a norma
das edições anteriores, tornando as informações mais claras e precisas para aten-
der às necessidades de profissionais de
todo o País, no que se refere à arquitetura para todos.
Para saber um pouco mais sobre as
urbanista Helena Degreas, professora do
Produção e Gestão do Espaço Urbano
do FIAM-FAAM Centro Universitário, que também atua como coordenadora do CST Design de Interiores e como professora da
disciplina de acessibilidade universal do mesmo Centro Universitário.
revista incluir
57
Arquitetura E quando a acessibilidade para pes-
soas com distintas características físicas
e com deficiências funcionais ou estruturais do corpo entrou em pauta?
Isso aconteceu no final do século XX,
motivado por um conjunto de ações sociais que levaram a mudanças de para-
digmas e, por consequência, revisão de várias posturas, conceitos e ideologias, em
especial, ao que diz respeito às premissas do desenvolvimento humano. Muda-se o
paradigma e, com ele, toda a forma de agir diante das questões sociais. A partir da nova premissa, cria-se a demanda por equidade,
ou ainda, a busca por justiça e igualdade a partir de critérios que levam em conta os
valores morais vigentes, o regime político e os princípios gerais do Direito de cada País.
Podemos dizer que a nova edição da
norma é consequência destas mudanças?
As leis e normatizações que regulam
vários setores da vida coletiva e públi-
ca passaram por revisões profundas. Se antes as legislações edilícias e urbanas
atendiam grupos específicos, hoje deFale um pouco sobre sua atuação pro-
fissional, destacando a arquitetura inclusiva e a docência.
Sou arquiteta e urbanista, mestre e
doutora em estruturas ambientais urbanas
pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Atuo com docência há 25 anos e com pesqui-
sa há anos. Leciono disciplinas vinculadas
à acessibilidade universal no CST Design de Interiores e no escritório modelo dos
cursos de Arquitetura e Urbanismo e CST Design de Interiores do FIAMFAAM Centro
Universitário onde aplico os conceitos de Desenho Universal e tecnologias assistivas. O que é arquitetura para todos?
A arquitetura é sempre realizada para
58
revista incluir
todos. O que mudou foi o contexto ético,
vem dar condições de uso e fruição a
e legislações são alteradas por nossos
da NBR9050 e de sua bem-vinda revisão.
tos simplesmente cumprem legislações,
mandas sociais precisavam se adequar
se não o fizerem, alvarás públicos como
muda junto neste contexto.
moral e, portanto, normativo. As normas
todos os grupos sociais. Daí a redação
representantes institucionais. Arquite-
Novos materiais, tecnologias e outras de-
códigos e normas. Até mesmo porque
à vida contemporânea. A arquitetura
de funcionamento e habite-se que são os mais comuns, não são obtidos. É um
Como você avalia essa nova versão da
mito acreditar que arquitetos projetam
NBR9050?
criação é fruto da arte, da técnica e do
relações entre indivíduos. Foram muitos
cípio que nós, seres sociais e cidadãos,
tura muda a partir da cultura e dos avan-
lo que somos capazes de compreender
materiais, revestimentos, tecnologias e
cultura, num contexto social.
de a versão de 2004, muita coisa mudou.
por livre-arbítrio. Muito pelo contrário: a
Avalio com um grande avanço nas
respeito às leis e normas. Parto do prin-
anos de discussões e reuniões. A arquite-
somos sensibilizados apenas por aqui-
ços trazidos pelas novidades nas áreas de
como problema. Estamos imersos numa
também nas relações entre pessoas. Des-
É preciso adequar-se às novas demandas
ainda na execução de nossas propostas.
dades já incluem naturalmente aspectos
lações sociais. As diretrizes de projeto e
às normas e aos detalhamentos que são
tes urbanos. Os profissionais mais antigos
no âmbito da casa, do trabalho e das rede construção dos ambientes dão vida no trabalho, na casa e na sociedade, e não
podem ser estanques, pois correm o ris-
co de inviabilizar a vida das pessoas, não é? Estou ligada a um grupo de trabalho (CB40) que trata de questões vinculadas
a representações táteis que é parte da
Significa dizer que apesar do atendimento inerentes aos projetos, a execução ainda
é muito comprometida, pois depende de
mão de obra que no Brasil, infelizmente,
ainda está longe de ser qualificada para a construção civil em todas as etapas.
O que mais pode dificultar o processo
vinculados à fruição universal de ambienvêm se adaptando a partir do atendimento às novas normas e legislações.
Como você avalia a acessibilidade no
Brasil? Falta muito para termos um País acessível?
A acessibilidade para todos é uma
Comissão de Estudos de Acessibilidade
de execução, neste caso?
meta a ser alcançada. Questões difíceis
Brasileiro de Acessibilidade da ABNT. Para
biliários e até equipamentos vinculados
com deficiência passaram a incorporar a
va. Se na NBR9050 questões vinculadas
níveis em lojas por exemplo. Se por um
na Comunicação vinculada ao Comitê mim essa foi uma ação muito significatià orientação de ambientes urbanos bem
como de representações táteis eram tratadas de forma ainda generalista, hoje são objetos de discussões mais abrangentes e
atendem pessoas cegas ou com baixa visão. Mapas táteis urbanos e demais representações vêm sendo abordadas por este
grupo de trabalhos a partir de tecnologias e materiais contemporâneos permitindo a compreensão de ambientes e espaços urbanos com autonomia e liberdade.
Podemos citar ainda a falta de mo-
ao cotidiano de vida das pessoas dispolado esta situação é um problema para a
construção de nossos projetos de forma imediata, por outro lado abre frente para
que alunos e pesquisadores desenvolvam criativamente novos produtos, processos e serviços que atendam às necessidades específicas dos usuários. Jovens univer-
sitários não têm problemas com o novo e não apresentam ‘barreiras atitudinais’. Suas concepções de espaço, edifício e ci-
e problemáticas vinculadas à pessoa agenda de discussões sociais há poucas décadas, embora ações pontuais tivessem permeado todo o século XX tanto no
Brasil como no mundo. De maneira mais sistemática e no bojo de reivindicações
por uma cidadania mais ampla para além
do atendimento das necessidades básicas, vários grupos sociais não atendidos
pelas políticas públicas dos governos e
do mercado fizeram-se agentes de sua própria mudança buscando a equidade, lutando por seus direitos civis e sociais.
Qual sua visão sobre as expectativas
dos universitários de hoje quanto à preocupação com o Desenho Universal?
Sim, certamente estamos preparados
para atender às demandas sociais associadas a projetos que atendam às necessidades de todos os públicos envolvidos.
Você acredita que estamos formando
profissionais mais conscientes e prepara-
dos para desenvolver, de fato, projetos de arquitetura inclusivos?
Como descrevi ao longo das outras
questões, normas, legislações e diretrizes são ferramentas de trabalho cotidianas de um arquiteto. Estão disponíveis para
uso e aplicação em nossos projetos. En-
contramos problemas com frequência
revista incluir
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Rio 2016
Versão em Português
TÊNIS DE MESA Brasil é representado na modalidade desde os Jogos de Atlanta, em 1996
O
Fonte: CPB | Fotos: Marcio Rodrigues / CPB
tênis de mesa é um dos mais
esporte desde 2008.
China, o Brasil foi ao pódio de forma inédita
picos, sendo disputado desde
colhe os frutos concretos de um maior in-
equipes na classe 1/2 masculina, com Aloísio
modalidade estrear no programa dos Jogos
-Americanos de Guadalajara, no México,
tradicionais esportes paralím-
os Jogos de Roma/1960, 28 anos antes de a
Olímpicos. Todas as edições dos Jogos Paralímpicos tiveram disputas da modalidade,
tanto no masculino quanto no feminino. A
entidade responsável pelo tênis de mesa é a Federação Internacional de Tênis de Mesa
(ITTF). No Brasil, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) é quem administra o
A partir de 2011, a seleção paralímpica
vestimento na modalidade. Nos Jogos Panconquistou 12 das 21 medalhas de ouro em
disputa, além de seis pratas e seis bronzes.
No ano seguinte, o Brasil levou sua maior delegação da história da modalidade para os Jogos Olímpicos de Londres: 14 atletas.
Em 2014, no Mundial Paralímpico de
Tênis de Mesa, realizado em Pequim, na
e conquistou três medalhas de bronze: por
Lima e Bruno Braga, por equipes na classe
9/10 feminina, com Jane Rodrigues, Jennyfer Parinos e Bruna Alexandre, e no individual classe 10, com a mesma Bruna. Atualmente,
aos 20 anos, ela é a terceira melhor mesatenista do mundo na sua classe. Como é disputado
No tênis de mesa participam atletas do
sexo masculino e feminino com paralisia ce-
rebral, amputados e cadeirantes. As compe-
tições são divididas entre mesa-tenistas an-
dantes e cadeirantes, com jogos individuais, em duplas ou por equipes. As partidas consistem em uma melhor de cinco sets, sendo que cada um deles é disputado até que um dos jogadores atinja 11 pontos. Em caso de
empate em 10 a 10, vence quem primeiro
abrir dois pontos de vantagem. Em relação ao tênis de mesa convencional, existem ape-
nas algumas diferenças nas regras, como na hora do saque para a categoria cadeirante. Brasil nos Jogos
O País é representado na modalidade
desde os Jogos de Atlanta/1996, com os
mesa-tenistas Francisco Eugênio Braga, Luiz Algacir e Maria Luiza Pereira. A única
medalha conquistada pelo Brasil veio nos Jogos de Pequim/2008, com a prata da dupla Welder Knaf e Luiz Algacir.
60
revista incluir
Versão em Inglês
TABLE TENNIS Brazil participates in the sport since the Atlanta Games in 1996 Source: CPB | Photos: Marcio Rodrigues / CPB Translated by: Karina Barbosa dos Santos
T
able tennis is one of the most
Parinos and Bruna Alexandre); and the
is played since the 1960 Rome
xandre). At the age of 20, Bruna Alexandre
traditional Paralympic sports, and
Games, 28 years before the sport debut in the Olympic Games. The sport was present in all editions of the Paralympic Games, for both male and female athletes. The organi-
zation responsible for table tennis is the In-
other for individual class 10 (Bruna Aleis the third best table tennis player in the world in her class.
How it is played
Male and female athletes with cerebral
ternational Table Tennis Federation (ITTF).
palsy, amputees and wheelchair users parti-
deration (CBTM, in Portuguese) is responsi-
divided into walking players and wheelchair
In Brazil, the Brazilian Table Tennis Confeble for the sport since 2008.
As of 2011, the Brazilian Paralympic table
tennis team reaps the rewards of the great investment in the sport. At the Pan American Games in Guadalajara, Mexico, Brazil
won 12 of the 21 gold medals, plus six silver and six bronze medals. The following year,
Brazil took a record number of table tennis players to the London Olympics: 14 athletes. In 2014, at the World Para Table Ten-
nis Championship, held in Beijing, China,
cipate in para table tennis. Competitions are
users. Events can be played individually, in pairs or in teams. Matches consist of a best
of five sets, each played until one player /
pair reaches 11 points. In case of a 10-10 tie, the first to gain two subsequent points wins. There are only a few differences between
table tennis and para table tennis rules, e.g. the serve in the wheelchair category. Brazil in the Games
Brazil participates in the sport since the
Brazil stood on the podium in an unpre-
Atlanta Games in 1996, represented by
dals: one for male team class 1-2 (Aloísio
and Maria Luiza Pereira. Brazil won a single
cedented way, winning three bronze meLima and Bruno Braga); one for female team class 9-10 (Jane Rodrigues, Jennyfer
players Francisco Eugênio Braga, Luiz Algacir medal at the Beijing Games in 2008, a silver medal by Welder Knaf and Luiz Algacir..
revista incluir
61
Rio 2016
Versão em Português
TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS José Carlos Morais foi o primeiro atleta a ter contato com o tênis em cadeira de rodas
A
Fonte: CPB | Fotos: Daniel Zappe/MPIX/CPB
origem do tênis em cadeira de
foi disputado o primeiro campeonato
foi dado em 1991, ano em que a IWTF foi
em 1976 que Jeff Minnenbraker
Quando foi criada a Federação Interna-
Tênis (ITF, em inglês), até hoje responsável
rodas é norte-americana. Foi
nacional da modalidade.
e Brad Parks criaram as primeiras cadeiras
cional de Tênis em Cadeira de Rodas (IWTF,
nem um ano para que o primeiro torneio
bem encaminhado para se tornar para-
adaptadas para o esporte. Não demorou fosse realizado, na Califórnia. O tênis em cadeira de rodas se difundiu rapidamente nos Estados Unidos, tanto que em 1980
em inglês), em 1988, o esporte já estava
límpico. Tanto que naquele mesmo ano a
modalidade participou dos Jogos de Seul como exibição. Outro passo importante
incorporada à Federação Internacional de pelo tênis em cadeira de rodas. No ano se-
guinte, nos Jogos de Barcelona/1992, a disputa paralímpica foi oficializada, valendo medalhas pela primeira vez. Como é disputado
As semelhanças com o esporte con-
vencional são muitas, mas existe a chama-
da regra dos dois quiques, que determina que o atleta cadeirante precisa mandar a
bola para o outro lado antes que ela toque
no chão pela terceira vez. As cadeiras utilizadas também são esportivas, com rodas
adaptadas para um melhor equilíbrio e mobilidade. Não há diferença em relação às raquetes e às bolas. Brasil nos Jogos
No Brasil, o primeiro atleta a ter conta-
to com o tênis em cadeira de rodas foi José Carlos Morais. Ele conheceu o esporte em
1985, na Inglaterra, quando competia com
a seleção de basquete em cadeira de rodas. Onze anos depois, Morais foi aos Jogos Pa-
ralímpicos de Atlanta e, ao lado de Francisco
Reis Junior, se tornou o primeiro brasileiro a representar o País na modalidade.
62
revista incluir
Versão em Inglês
WHEELCHAIR TENNIS José Carlos Morais was the first Brazilian athlete to know the sport Source: CPB | Photos: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB Translated by: Karina Barbosa dos Santos
sport at the Seoul Games. A few years later,
in 1991, IWTF merged with the International Tennis Federation (ITF), which regulates the sport. The following year, at the Barce-
lona Games, the paralympic Wheelchair Tennis competition finally became official. How it is played
Wheelchair Tennis is very similar to
conventional tennis. However, there is a
rule known as the ‘two-bounce rule’, whi-
ch states that the wheelchair athlete must
return the ball before it hits the ground three times. The chairs are also used sports, adapted with wheels for better ba-
lance and mobility. There is no difference with rackets and balls. Players use sports wheelchairs with adapted angled whe-
els for better balance and mobility. The
rackets and balls used are the same as in
W
heelchair Tennis was created in the USA. In 1976, Jeff
Minnenbraker and Brad Pa-
conventional tennis. tes, and in 1980 the first national championship was held.
When the International Wheelchair
rks created the first adapted wheelchairs
Tennis Federation (IWTF) was created in
event was held in California. Wheelchair
in the Paralympic programme. Also in 1988
for the sport. In less than one year, the first
Tennis spread rapidly in the United Sta-
1988, the sport was about to be included
the modality featured as a demonstration
Brazil in the Games
In Brazil, the first athlete to know the
sport was José Carlos Morais. In 1985, the
athlete was in England playing in the Brazilian wheelchair basketball team. In the Paralympic Games in Atlanta, 1996, Morais
was the first athlete to represent Brazil in the sport, along with Francisco Reis Junior.
revista incluir
63
Tecnologia
Mais perto de você! Dispositivo faz monitoramento em tempo real Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação
C
hegou recentemente ao mer-
cado brasileiro o dispositivo Appego
GPS,
desenvolvido
pelo Grupo C&M Executive. Ele é capaz de monitorar qualquer tipo de bem, como, por exemplo, uma pessoa que tenha ne-
cessidades específicas: idade mais avançada, alguma deficiência ou uma criança; e também podem ser monitorados objetos e animais.
Em tempo real e sem limite de distância
o dispositivo precisa estar conectado a um
aparelho de telefonia, como smartphones, tablets e desktops. Com apenas 5 cm e 35
gramas, o produto permite definir uma ‘cerca virtual’ e por meio disso emitir
alertas sonoros, por e-mail e SMS se o bem exceder o perímetro determinado.
A novidade também tem um botão
SOS para localizações rápidas e aviso de
socorro, além de contar com sensores de movimento, gravidade e velocidade. Para garantir a durabilidade do apare-
lho, ele apresenta o certificado IP67 resistente à água, à poeira e à areia. O dispositivo pode ser colocado na mochila da criança, na bolsa da vovó ou no cinto
do vovô e, no caso de animais, pode ser
colocado na coleira ou enganchado na chave do carro. O local para instalação é da preferência do usuário.
Outros benefícios que vêm acopla-
dos ao aparelho são o detector de queda, a bateria recarregável com modo de economia e duração de até 20 dias,
cabo mini USB, estação de carregamen-
64
revista incluir
to onde seu aparelho fica carregando constantemente, elásticos de conexão, simcard Vodafone M2M de 5 MB (semelhante a um chip de aparelho celular),
suporte de encaixe multifuncional, chaveiro, medalha PIN e acesso ao aplicativo de monitoramento, pacote de dados mensais Vodafone, pacote SMS e cadas-
tro na rede Me Appego que oferecem conteúdo e ofertas exclusivas. Tudo fei-
to para facilitar e proporcionar qualidade para os usuários.
Pensando no estilo de vida, no cotidia-
no de uma família, o dispositivo repleto de tecnologia faz parte do mercado que visa o cuidado para com o próximo ou para com seus bens. Tudo que for moni-
torado é controlado por meio da configu-
ração em que o usuário programa tanto a frequência dos avisos quanto os serviços
oferecidos. Por exemplo, você quer saber a localização do seu filho no condomínio,
você irá programar o perímetro no bairro que você pediu para ele circular (ruas, bairros, etc.), caso seu filho saia desta lo-
calização você receberá uma mensagem dizendo a localização atual que ele se encontra, e poderá ver até mesmo pontos de referências que ele esteja próximo.
Vários outros modos de programação
e funcionalidade são oferecidos, assim como determinar a velocidade que seu filho deve andar com o carro.
O Grupo C&M Executive é parceira
oficial da Vodafone no Brasil – grupo britânico de telecomunicações móveis que oferece venda de dados em tempo
real. O grupo também atua fortemente com operadoras de telefonia móvel
corporativa, rastreamento de pessoas, pets e objetos e gestão e auditoria empresarial em telefonia.
www.meappego.com.br
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65
Incluir cultural
Pulsar Cia. de Dança Com participação em festivais, a Cia. de Dança se destaca por incluir bailarinos com e sem deficiência em coreografias ousadas Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação
66
revista incluir
A
Pulsar Cia. de Dança Contem-
neiro com o apoio da prefeitura, onde realiza
palestras gratuitas. O espetáculo conta com
cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Nas mais variadas cidades do Brasil, onde a
recem aulas gratuitamente.
porânea foi criada em 2000 na
Teresa Taquechel, diretora, coreógrafa e bailarina da companhia, tem a honra de ver seu trabalho sendo considerado uma referência nacional no trabalho com a
arte, com a dança, com a deficiência e a inclusão social.
Desde sua criação, dedica-se à constru-
seus ensaios e recebe incentivos da Funarte. companhia se apresenta, o tema ‘Dança e
todo o trabalho é promover a troca de expe-
cada ano espetáculos são elaborados e apre-
que a arte é para todos, independentemen-
do Movimento’ também são palestradas. A
sentados visando abordar em suas coreografias temas de grande importância.
indivíduo e as possibilidades de produção
para Crianças com e sem Deficiência’; ‘Dan-
próprias de movimento.
Além da proposta artística, a Pulsar, for-
mada por bailarinos com e sem deficiência,
ao longo desses anos, vem ministrando pa-
ça contemporânea para a Melhor Idade’
e ‘Dança Contemporânea e Consciência
Através do Movimento’, para adolescentes e adultos com ou sem deficiência.
O Festival Corpos Ímpares é uma refe-
rência de espetáculos de inclusão, além de
diálogo sobre política de inclusão cultural.
ce de dança, como já mencionado, mas
A companhia de dança é residente do
Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Ja-
te da condição física e social. .
intuito. São elas ‘Dança Contemporânea
lestras e oficinas sobre dança, educação e cidadania, contribuindo de forma ativa no
riências e fazer com que o público perceba
Três modalidades de oficinas são ofere-
cidas pela companhia, cada qual com um
artística entre corpos ímpares com soluções
Teresa Taquechel diz que o objetivo de
Recuperação Motora através da Consciência
ção de obras coreográficas em dança contemporânea, refletindo a multiplicidade do
a presença de outras companhias que ofe-
apresentar programações com performantambém teatro e música com preços populares, incluindo oficinas, mesas-redondas e
revista incluir
67
Alternativa
SER EM CENA Oficinas e experimentações artísticas auxiliam na comunicação oral e corporal Por: Maira Isis Cardoso | Fotos: Divulgação
A
arte do Teatro, musicalização
sobre a realidade vivida por eles.
semana para cada turma. Com exceção do
oficinas da Ser em Cena ofere-
turmas, com aulas gratuitas e exclusivas para
realizado no final do ano com a participação
ção realiza um trabalho que visa auxiliar,
afasia, as oficinas ainda trabalham com esti-
e dance ability são o que as
cem como meio de integração. A instituihabilitar e reabilitar pessoas com afasia e com outros distúrbios de comunicação, sem fins lucrativos. Permitindo que se
integrem à sociedade por meio da arte dramática, e assim, a divulgam como método eficaz e buscam sensibilizar a todos
68
revista incluir
No começo do ano são formadas novas
pessoas maiores de 18 anos que tenham mulação cognitiva e psicomotricidade com
período de ensaios, um espetáculo teatral é dos alunos, em que os grupos se reúnem de dois a três dias na semana.
A Ser em Cena foi fundada em 2002, pela
apoio de profissionais da área de psicologia,
fonoaudióloga Fernanda Papaterra Limongi,
Essas turmas são organizadas de acor-
Teatro de Afásicos e iniciou em seu consultório
fonoaudiologia e artística.
do com o grau de dificuldade - sendo três grupos atualmente - com um dia de aula na
que trouxe uma experiência do Canadá com o
o atendimento gratuito de um grupo de pessoas com afasia. Nicholas Wahba ex-
paciente de Fernanda Papaterra, recuperado de uma afasia decorrente de um traumatismo craniano aos 16 anos, foi convidado por ela para participar deste projeto, e é um dos fundadores da Ser em Cena.
Desde então, a instituição vem auxi-
liando gratuitamente as pessoas e seus familiares. A Afasia é um déficit geral de linguagem ocorrido por uma lesão cerebral. As causas mais comuns são Acidente
Vascular Cerebral (AVC), traumatismo craniano e tumores cerebrais.
O trabalho que a instituição realiza, auxilia
na melhora da comunicação oral e corporal proporcionando aos alunos a vivência com
momentos alegres, com descontração e
aprendizado. Assim, sempre visa desenvolver a capacidade de expressão, a melhora da
depois se juntam no segundo semestre para
ções e usar sua criatividade nas cenas.
sentada no fim de cada ano.
da Alice’ foi escrita pelo diretor teatral da Ser
cionam em dias diferentes, onde são feitas
que depois se juntam para finalizar o que
com os afásicos, dando grande importância
vididos para ensaio no primeiro semestre, e
pacidade de cada um em superar suas limita-
autoestima e do relacionamento entre eles, o que facilita na integração social.
Divididas de acordo com o grau de di-
ficuldade de cada um, as três turmas funexperimentações cênicas. Os grupos são di-
que seja finalizada a montagem que é apreA peça é montada com cenas separadas
será apresentado. Visando desenvolver a ca-
No último ano a peça apresentada ‘Acor-
em Cena, através de conversas e pesquisas em se certificar de que eles tenham conhecimento do tema que será desenvolvido em
cena. Apresentada em novembro do ano passado, ela trouxe a temática sobre os ‘Sete Pecados Capitais’, no Teatro Frei Caneca.
Neste ano, novas pesquisas e experimen-
tações artísticas serão feitas com os grupos de alunos da Ser em Cena para decidir o
tema da peça a ser apresentada. A instituição
tem como plano abrir novas turmas de acordo com a procura e convidar pessoas que tenham afasia e queiram integrar o grupo.
Até o ano passado havia 61 alunos que
participaram das atividades. Eles superaram seus limites buscando se aprimorar a cada
dia, além de terem recuperado suas capacidades, desempenhando novas habilidades.
Todas as informações sobre as oficinas
de teatro, o público consegue por meio do
telefone (11) 3801-8166, pelo site www.seremcena.org.br e enviando e-mail para seremcena@seremcena.org.br
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69
Artigo
DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN Por: Sonia Casarin* | Foto: Divulgação
O
dia 21 de março tornou-se
ção da República Federativa do Brasil (1988), a
lização internacional, desde
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
uma data de grande mobi-
que foi instituído como o dia interna-
cional da síndrome de Down pela ONU, em 2006. Um dos objetivos dessa data
é oportunizar debates e divulgação para que a síndrome seja mais compreendida, tenha visibilidade e a inclusão social
seja efetivada. Embora a síndrome seja
Declaração de Salamanca (1994), a Convenção da ONU, (2007). Esses são apenas documentos que buscam garantir a participação social dessa população, que muitas vezes tem os
direitos negados ou dificultados, obrigando a
pessoa que tem limitações a fazer um esforço maior para atingir objetivos básicos.
No início do século XXI, podemos
muito visível, devido ao seu fenótipo fa-
constatar mudanças na vida da pessoa
oblíqua, cabelo fino e liso, face arredon-
de alguns direitos: ter acesso à assistência
cilmente identificável: fenda palpebral dada, baixa estatura, lábios grossos, essa
visibilidade não garantiu a aceitação, ao contrário, durante muito tempo, tornou mais fácil a segregação da pessoa que
tem essa síndrome. A deficiência intelectual é uma das características mais fre-
quentes, mas não tão visível, e constitui um dos maiores desafios quando se bus-
ca favorecer o desenvolvimento global
com síndrome de Down, com a garantia médica, ser matriculada em escola co-
mum; ter um emprego, embora pela “Lei de Cotas” e constituir família. Somente no
século XX foi constatado que o homem com síndrome de Down é fértil, mostran-
do que, embora ocorra na frequência de 1 entre 800 nascidos vivos, a síndrome precisa ser mais conhecida.
Houve muitas conquistas, mas ainda
da pessoa que tem síndrome de Down.
há muitos desafios, a lição que até agora
soas com deficiência, entre as quais se insere
e a luta pela inclusão da pessoa com sín-
Muitas leis garantem os direitos das pes-
a pessoa com síndrome de Down: a Constitui-
70
revista incluir
temos é que as mudanças são possíveis drome de Down vale a pena!
*Sonia Casarin é psicóloga, doutora em Psicologia pela PUC-SP, pós-doutora em Psicologia Educacional do Centro Universitário UNIFIEO (2015), coordenadora do Instituto de Estudos Psicológicos, responsável pelo S.O.S. Down. Foi coordenadora técnica do Projeto Down – Centro de Informação e Pesquisa da Síndrome de Down; foi professora de cursos de Pós-graduação em Educação Inclusiva; é responsável pelo Núcleo de Pesquisa do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural.
revista incluir
71
Notas Notas
ISENÇÃO DO IPVA É
AMPLIADA NO MS A Assembleia Legislativa do Mato
Grosso do Sul aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 085/2015, que amplia a isenção do
II SEMANA
Espectro Autista, a 2ª edição da Semana In-
Imposto sobre a Propriedade de Veículos
ternacional do Autismo – TEAbraço já tem
Automotores (IPVA) para pessoas com
INTERNACIONAL
confirmada sua grade de palestras gratuitas.
deficiência visual, intelectual e também
O evento, que acontece no Shopping Iguate-
pessoas com autismo, diretamente ou
mi de Ribeirão Preto (SP), entre os dias 28 de
por intermédio de seu representante
março e 3 de abril, contará com uma intensa
legal. De autoria do deputado estadual
programação de atividades.
Maurício Picarelli (PMDB), o projeto tem
No ciclo de palestras estão renomados
como objetivo acompanhar a legislação
especialistas no assunto que debaterão e
federal
apresentarão temas de grande importância
Produtos Industrializados (IPI) que sofreu
para famílias que possuem crianças com TEA.
alteração substancial para contemplar
Entre eles o neuropediatra Carlos Gadia, con-
outros tipos de deficiência, fato que não
siderado um dos maiores especialistas em
ocorreu com a legislação do IPVA que
autismo no mundo e o cientista brasileiro
continuou a favorecer apenas a pessoa
Alysson Muotri, biólogo e professor da Uni-
com deficiência física.
versidade da Califórnia, além do psicólogo
A nova lei será válida a veículo automotor
Celso Goyos; a psiquiatra Margherita Midea
que se destine exclusivamente ao uso
Nogueira, entre outros.
um veículo por beneficiário, ainda que este
cia com oficinas criativas, exposição, mostra
sanção ou veto do governo estadual.
DO AUTISMO Com o objetivo de democratizar e di-
fundir informações sobre o Transtorno do
Foto: Divulgação
relativa
ao
Imposto
Sobre
Cuccovia; a dentista Marina Luisa Garbarino
particular e a isenção será limitada apenas a
O evento terá ainda espaço de convivên-
não seja habilitado a dirigir. O PL segue para
de filmes e workshop internacional.
Fonte: Agência ALMS
PROJETO COBRA
o Projeto de Lei (PL) nº 3276/15,
e identificá-lo para possibilitar sua
ADAPTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
instalação de equipamentos de lazer
ou com mobilidade reduzida, tanto
DE LAZER A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência aprovou
72
revista incluir
do Senado, que torna obrigatória a em parques e outros ambientes de uso público adaptados para pessoas com
deficiência. O projeto amplia exigência contida
na
Lei
de
parques
de
diversões,
Acessibilidade
(10.098/00). A lei estabelece que os públicos
e
privados, devem adaptar, no mínimo, 5% de cada brinquedo e equipamento,
utilização por pessoas com deficiência quanto tecnicamente possível.
O projeto prevê essa mesma regra para ‘vias públicas, parques e demais espaços
de uso público existentes’. A proposta, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Fonte: Agência Câmara Notícias
Foto: Divulgação
INSTITUTO OLGA KOS
INTEGRA PROJETO
DO VATICANO O Instituto Olga Kos está entre as 12 en-
tidades de vários países que integram o projeto da Santa Sé para formatar um novo conceito de educação que irá servir de modelo para o mundo. A proposta do ‘pacto educa-
tivo’ prevê a busca da harmonia do indivíduo
com ele mesmo; do indivíduo com os outros e do indivíduo com o meio ambiente, se va-
lendo das experiências já desenvolvidas por
menos, 200 mil projetos de inclusão ao
O Encontro de Scholas Occurrentes
des convidadas para formular as bases do
essas entidades, a maioria da América Latina.
realizado no Vaticano, com a presença do Atriz postou imagens do curta em sua rede social
Papa Francisco, oficializou a participação
do Instituto Olga Kos e das demais entidades no projeto.
THAILA AYALA VAI INTERPRETAR CEGA
Wolf e Olga Kos durante encontro no Vaticano
“Estamos muito felizes em termos
sido escolhidos para integrar esse projeto grandioso que pretende apoiar, pelo
redor do mundo. Estar entre as entida‘pacto educativo’ é uma grande honra e uma prova do reconhecimento do traba-
lho que desenvolvemos no Instituto Olga Kos”, afirma o doutor Wolf Kos, presidente do instituto, que esteve no encontro
acompanhado da vice-presidente do instituto, doutora Olga Kos.
A atriz Thaila Ayala anunciou em sua
Foto: Divulgação
conta no Snapchat que vai interpretar
uma mulher cega no curta-metragem ‘When Red is White’ (A Nova Cor do Amor), título em português. Segundo a atriz, sua personagem nasceu cega e aprendeu a
ver de uma maneira particular o mundo ao seu redor. O roteiro se baseia na his-
tória de um casal cego. Eles se conhecem em uma associação para pessoas com deficiência visual e após um tempo juntos
decidem ter relações sexuais, pela primeira vez. O filme terá ainda uma geografia
sonora para envolver o público por meio de todos os sentidos num nível nunca an-
tes imaginado. O projeto contará também com audiodescrição, legendas em inglês e espanhol, além de roteiro em braile, veiculado em instituições e bibliotecas.
VILACESSIVEL NO CIRCUITO DAS ÁGUAS Entre os dias 26 e 29 de maio, acon-
temática, destaque para as atividades de
na cidade de Socorro (SP), com trans-
pecializada de monitores. Outras infor-
tece mais uma edição do ‘Vilacessivel’, porte saindo de São Paulo e do Rio de
Janeiro. Na programação, além da festa
aventura. Haverá ainda uma equipe es-
mações podem ser obtidas no site www. vilacessivel.com.br.
revista incluir
73
Coluna
Dificuldade em encontrar PcDs para o mercado de trabalho é mito ou verdade? *Por: Luciano Amato
Q
uando o tema sobre inclusão
profissionais. Boa parte prioriza a contrata-
vem à tona, muitas justificati-
severidade, restringindo o recrutamen-
de pessoas com deficiência
vas são dadas para o não cumprimento da
Lei de Cotas. A principal que tenho ouvido é sobre a dificuldade para encontrar pessoas com deficiência. Incomodado com essa justificativa, decidi buscar apoio nos números. Vejam o que encontrei.
ção de pessoas com deficiência de menor
somam-se a esses problemas como, por exemplo, a preferência por pessoas entre
18 e 40 anos, fazendo com que PcDs aci-
ma dessa idade sofram duplo preconceito.
Outro erro é a divulgação de vagas
exclusivas para pessoas com deficiência.
ção de 190 milhões de habitantes, e desse
fica nítido que não há um programa de
número, 23,9% (45 milhões) possuem alguma deficiência, sendo que 60% (27 milhões) em idade economicamente ativa.
De acordo com pesquisa da UNICAMP,
6 milhões de pessoas têm perfil para compor a Lei de Cotas que, se cumpri-
da integralmente, empregaria 1 milhão
Quando a empresa utiliza essa estratégia, inclusão estruturado, pois, possivelmente, “elegeu” algumas posições específicas
para contratar pessoas com deficiência,
sendo que o ideal é mapear os cargos e torná-los acessíveis, oferecendo as tecnologias assistivas necessárias.
A comunicação da vaga também deve
de pessoas com deficiência. Entretanto,
ser acessível. Por exemplo, não adianta
seja, temos 5,7 milhões disponíveis para
internet uma oportunidade para cegos.
o Brasil cumpre apenas 27% da cota, ou uma recolocação dentro dos quesitos da
Lei de Cotas. Além disso, anualmente, 10 mil pessoas ficam deficientes.
A questão não é onde encontrá-las,
mas sim como as empresas buscam esses
74
revista incluir
de pessoas com deficiência. Fique atento.
to a um pequeno grupo. Outros fatores
Segundo o IBGE, o Censo de 2010 de-
monstrou que o Brasil tem uma popula-
a ter resultados mais efetivos na contratação
fazer uma arte chamativa e divulgar na Por mais que o e-mail chegue até o desti-
natário, ele não conseguirá acessá-lo, pois softwares de voz não leem figura. Nesse caso, priorize mensagens de texto.
Esses são detalhes que poderão ajudá-lo
*Luciano Amato é vice-presidente de Eventos e Relações com a Comunidade da Associação Paulista de Recursos Humanos e de Gestores de Pessoas.
revista incluir
75
Casa para todos
Acessibilidade em casa Profissional destaca principais pontos da obra realizada para jovem paraplégico e sua avó, que tem alzheimer Por: Julliana Reis | Fotos: Adriana Barbosa
P
ouca gente sabe, mas o custo
de interiores Grafira Dias, para conseguir
universal em um projeto, ainda
deirantes, um jovem, estudante de direito
para garantir a acessibilidade
na planta, aumenta cerca de 3% do valor total da obra. Já para reformar ambientes, garantindo as adaptacões necessárias, o custo pode chegar a 25% do valor da obra.
Segundo a engenheira e designer
76
revista incluir
“Eu procuro sempre me colocar na posi-
atender às necessidades dos clientes ca-
ção do cliente para poder projetar o que ele
que tem paraplegia, Nicolau Oliveira de
bem mais desafiador”, explica a profissional.
Souza Dias, e sua avó, Daily Albernaz de
precisa. E, no caso deste cliente, o trabalho foi Para conseguir concluir o projeto,
Oliveira, que tem alzheimer, foi necessário
com sucesso, as normas da Associação
buscar produtos de qualidade.
ram fundamentais. “Elas são importantes,
pensar em algumas soluções criativas e
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fo-
principalmente para garantir conforto ao cliente, que participou de todo o processo de criação dos ambientes.”
isso, quebramos a parede que os dividia e fizemos um único banheiro grande.”
As gavetas ganharam puxadores lon-
Ainda de acordo com a profissional,
gos, em aço inox, para facilitar sua aber-
envolveu a reforma de dois quartos,
lados cabideiros com alças que permitem
o projeto em questão foi especial, pois com dimensões de 3 x 4 metros, com um banheiro anexo, em cada um deles.
tura, enquanto nos armários foram instaaos usuários o acesso às roupas.
Entre outras facilidades, o projeto
“No quarto da avó, foram necessárias
conta com venezianas motorizadas e
quação da cama e da TV. Já no quarto
para acesso com a cadeira de rodas, as-
pequenas adaptações, como a reade-
do rapaz, para garantir melhor circulação, foi necessário ampliar o tamanho
do quarto, o que exigiu uma mudança
bancada de estudos na altura perfeita sim como as tomadas e o interruptor, que estão ao alcance das mãos.
Segundo o estudante, o novo quarto
no telhado. Como sou engenheira e te-
e banheiro facilitou, em muito, sua rotina.
ficou mais fácil, porém essas mudanças
ma foi o banheiro. Ter um quarto adap-
nho um bom empreiteiro na equipe isso deixaram os custos um pouco mais elevados”, explica.
Outra adaptação importante envol-
veu a abertura dos banheiros, que foram transformados em um único espaço, de
uso compartilhado para os dois dormitórios. “Eram dois banheiros estreitos, por
“O que facilitou minha vida após a refor-
tado transforma a vida de pessoas com deficiência. Depois da reforma posso afir-
mar que as dificuldades somem diante da acessibilidade”, concluiu Nicolau.
Grafira Dias: grafiradias@terra.com.br
revista incluir
77
Coluna
Mulheres que inspiram mulheres Por: Eliane Lemos | Foto: Alex Rosa
N
o Instituto Entre Rodas & Batom (IERB), a estrutura pedagógica é o SIM = SENSIBI-
LIZAR, INSPIRAR e MOBILIZAR pessoas
para transformarem vidas. Entre sensibilizar e mobilizar, o verbo INSPIRAR é o elo que une emoção e ação.
2016 representa um ano importante
para milhões de brasileiros, principal-
mente os que possuem uma deficiência. Em setembro, milhões de pessoas em todo o mundo serão impactadas pe-
las Paralimpíadas, afinal, esse é o maior
evento esportivo em investimentos. Esse momento propõe a construção de um legado significativo, principalmente para as mulheres e meninas com deficiência. O artigo 6º da Convenção Sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência
- Os Estados parte reconhecem que as mulheres e meninas com deficiência
estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação – é um dos pilares do IERB na construção de sua missão.
Esse será um ano que convidamos
a todos a fazerem mais do que se in-
dignar. Queremos inspirar as pessoas a transformarem suas vidas por meio das histórias de vida das mulheres que fa-
zem parte do time inspiracional do IERB.
“Nunca fui uma criança muito nor-
mal, apesar de todas as dificuldades,
78
revista incluir
preferi ver o mundo de forma colorida e alegre. Minha defici-
ência nunca foi obstáculos para absolutamente nada!”. Assim Paola Kokler, que faz parte o IERB, avalia sua forma de viver.
Sua mãe recebeu o diagnóstico de que provavelmente seu
bebê nasceria sem os braços e pernas. O médico com falta de sensibilidade e incompreensão de mundo entregou um diagnóstico acompanhado de uma possibilidade: interromper a
gravidez. Nem precisamos estender para afirmar qual a escolha
que a mãe fez. Paola nasceu com má-formação que mais tarde ocasionou a amputação de membro inferior esquerdo. Cresceu ouvindo que não era normal uma criança ter apenas uma perna.
Driblou, antes mesmo de ser uma das primeiras crianças a praticar o basquete sobre rodas, o preconceito.
Aprendeu a lidar com a frase “tão linda e com uma
deficiência” retribuindo com um belo sorriso. Aprendeu a
vencer em quadra, há oito anos faz parte da seleção brasileira de basquete sobre rodas. Com sua força interior e determinação,
aprendeu a superar a pior das barreiras que ainda impera em nossa sociedade: a atitudinal.
“A deficiência é uma questão de olhar”.
Eliane Lemos Ozores é psicóloga com especialização
no atendimento da pessoa com deficiência pela Universi-
dade São Paulo. Atua como consultora e palestrante em educação inclusiva.
eliane@entrerodas.org www.entrerodas.org
www.facebook.com/entrerodasebatom @PsicoEliane
revista incluir
79
Laramara
Laramara oferece máquina de escrever em braile Crianças e jovens com deficiência visual carecem de importante equipamento para alfabetização e inclusão escolar
A
Da redação | Fotos: Divulgação
máquina de escrever em braile
é considerada a principal ferramenta para alfabetização de
pessoas com deficiência visual. Mesmo
sendo tão importante, mais de 16,5 mil alunos nessas condições, matriculados em
escolas públicas e instituições de diversas regiões do Brasil, estão sem acesso ao equipamento por falta de recursos.
Para aprender a ler, escrever e ter
domínio do método braile, a pessoa com
deficiência visual precisa desembolsar um valor alto, cerca de 5 mil reais por um produto importado. No entanto, existe no mercado
nacional de tecnologia assistiva uma opção mais acessível fabricada pela Laramara –
Associação Brasileira de Assistência à Pessoa
com Deficiência Visual, por meio de uma parceria com escolas SENAI, que pode ser
comprada por um valor até 50% mais barato.
Outra solução para os estudantes
que não têm condições financeiras para
adquirir a máquina braile, é se cadastrar em um banco de dados da instituição, onde aguardam numa fila de espera para ganhar o equipamento, distribuído por meio de projetos sociais, campanhas e parcerias.
Para se ter uma ideia, desde 2004, quan-
do o equipamento começou a ser produzido no Brasil pela associação, mais de 7 mil
crianças e jovens com deficiência visual já foram beneficiados.
“A Laramara é uma associação sem fins
80
revista incluir
visual e um centro de referência na América
Latina no desenvolvimento e na pesquisa na área da deficiência visual. Fundada em
1991, realiza atendimento especializado nas áreas socioassistencial e socioeducativa com ações complementares e atividades
específicas essenciais à aprendizagem e
ao desenvolvimento das pessoas com deficiência
visual
e
com
deficiências
associadas. As atividades são realizadas em grupos e os usuários dispõem ainda de
atendimentos específicos de braile, Soroban, Desenvolvimento da Eficiência Visual (Baixa
Visão) e Orientação e Mobilidade. Disponibiliza recursos humanos para apoio à inclusão
social, colabora para o aperfeiçoamento e a capacitação de profissionais e divulga suas experiências e aquisições para todo o Brasil, por meio de recursos instrucionais
produzidos por sua equipe, como livros, lucrativos, fundada há mais de duas décadas,
acesso à educação, facilitando a inclusão”,
parcela da população. Como muitas dessas
e parcerias na Laramara.
os órgãos públicos e o patrocínio das em-
A Laramara:
viabilizar as doações de recursos e permitir o
instituições especializadas em deficiência
que conhece os desafios dessa importante
pessoas são de baixa renda, a parceria com
presas e pessoas físicas é primordial para
explica Cristiano Gomes, gestor de projetos
A Laramara é uma das mais atuantes
manuais e DVDs. A Laramara trouxe para o Brasil a fabricação da máquina braile e da bengala longa, indispensáveis para a
educação e a autonomia da pessoa cega.
Buscando a inclusão profissional de jovens e adultos com deficiência visual, ampliou seu projeto socioeducativo em 1996 realizando atendimento a essa população.
revista incluir
81
Minha história
Karla Nunes
Aos 27 anos, a recifense conta sua história e destaca ensaio fotográfico que marcou sua vida Por: Karla Nunes | Fotos: Thelma Vidales
Q
uando criança, no processo
diz ele que fazia parte da mecânica de um
que eu tinha um problema neurológico.
minha família percebeu que
tamanho PP que amarrava em meus tor-
não havia um diagnóstico fechado. Tentei
de aprendizagem para andar,
eu caía mais que o normal e que era difícil manter o equilíbrio. Minha mãe desconfiada, passou a consultar alguns médicos em
busca de uma resposta. Fiz uma cirurgia de tendão de Aquiles, pois o médico alegava que meus tendões eram curtos e após a
cirurgia, precisaria usar botas ortopédicas
fusca, enganchou em uma coleira de gato nozelos, furou a ponta de uma sandália e
costurou a tal molinha de fusca. A invenção era perfeita! A mola fazia a função de levantar meus pés e assim eu conseguia
andar com menos dificuldades. O médico ficou admirado com o resultado!
Com o passar do tempo, passei a ter di-
que eram muito pesadas para mim. Meu
ficuldades para pegar objetos pequenos e
inventor, teve uma ideia: usou uma mola,
mais como antes. Foi aí que descobriram
pai, professor, mas com um espírito de
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perceberam que minhas mãos não abriam
Fiz vários exames, fisioterapias... Mas ainda acompanhar outras crianças, mas era difícil participar das brincadeiras que exigiam um esforço físico, então eu me isolava e prefiria brincar com as minhas bonecas. Além disso, minhas opções eram assistir aos desenhos, brincar de boneca, de fazer comidinha e de ser professora.
Em meio ao meu mundo de fantasia,
era obrigada a enfrentar uma realidade muito difícil. Não entendia porque eu não
podia dançar, pular, correr, andar de bicicleta, assim como todas as outras crianças.
Sempre indo a médicos, fazendo exercícios e infinitos exames, isso me desgasta-
va. Confiava em Deus e dizia para minha mãe: “Não chore, Jesus vai me curar!”
Anos se passaram e chegou a adoles-
cência. A fase mais dolorosa que passei,
pois comecei a perder as forças nas pernas e, aos dez anos, acabei indo para a cadei-
ra de rodas. A partir daí, meu mundo seria outro. Alguém sempre me empurraria? E como seria minha vida sentada? Me sentia diferente de todos os meus colegas. Mui-
ta coisa mudou. Passei a ser cadeirante e vivenciar todas as circunstâncias possíveis de quem vive sobre rodas.
Me empenhei muito nos estudos, con-
cluí um curso técnico de turismo e um cur-
so superior de Marketing que, para mim, foi um marco em minha vida. Aprendi a
me comunicar melhor com as pessoas, a desenvolver e preservar as relações inter-
pessoais e a ter a consciência de que meu
papel no meio em que eu vivia, não era me adaptar, e sim, contribuir para uma política
que defendesse que o meio deve ser adap-
tado às minhas necessidades, diminuindo assim as barreiras físicas que limitavam.
Sempre fui muito vaidosa. Gostava de
me maquiar e arrumar meus cabelos, e
amava tirar fotos! Já tirava selfie sem saber que era selfie. Foi aí que surgiu o convite
da Thelma Vidales, fotógrafa. A proposta era de fazer um trabalho que mostrasse a feminilidade e a sensualidade da mulher
cadeirante. A ideia de quebrar paradigmas
me atraía. Fizemos um trabalho excelente.
Continuo trabalhando na área de
marketing, mas amo fazer trabalhos como este. Minha intenção é sempre tentar fazer as pessoas entenderem que antes de ser uma pessoa com deficiência, sou uma
pessoa, uma mulher! E uma mulher sem problema algum e com autoestima.
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Coluna
INSTITUTO FERNANDO FERNANDES LIFE: 2 ANOS DE SUCESSO Instituto promove atividades esportivas gratuitas de canoagem na represa do Guarapiranga Por: Fernando Fernandes*
O
Instituto Fernando Fernan-
damental em tudo o que aconteceria
de um grande sonho que
principalmente muito amor pelo que
des Life é uma realização
nasceu com a minha recuperação, logo após sofrer o acidente que me deixou paraplégico, em 2009.
depois. Muita dedicação, esforço, mas
eu fazia foram as chaves para que os resultados começassem a aparecer.
Em 2010 eu me tornei o primeiro
Foi o momento mais difícil da minha
brasileiro a conquistar um campeo-
próspero e brilhante se transformou na
então tantos outros vieram, mas mais
vida, quando toda certeza de um futuro
dúvida do que seria o meu amanhã, o esporte voltou à minha vida com mais
força do que nunca. Logo nos primeiros meses após o acidente, eu pratiquei
várias modalidades quando estava no Centro de Rabilitação Sarah, em Brasília
nato mundial na modalidade, e desde
importante do que todas as medalhas de ouro, eu descobri ali um motivo para
seguir em frente, para enfrentar todas
as dificuldades, sejam elas as maiores ou as menores.
Por meio da canoagem eu me rein-
(DF), e um deles foi exatamente a pa-
seri dignamente na sociedade e venho
trouxe de volta as sensações de liberda-
exatamente isso que eu quero oferecer
racanoagem, que imediatamente me de e capacidade.
Foi como se sentando no caiaque
pela primeira vez eu entendesse que a partir daquele momento aquela seria a minha ferramenta de comunicação com
o mundo. Com a identificação imediata, este esporte até então desconhecido para mim, passou a ter um papel fun-
provando o meu valor a cada dia, e é
ao maior número de pessoas que eu
puder no Instituto Fernando Fernandes Life, uma chance de entender que esforço, dedicação e amor ao que se faz é fundamental para alcançar o sucesso.
Pode ser que aqui estejam futuros cam-
peões do esporte, mas certamente aqui estão os grandes campeões da vida.
*Fernando Fernandes é campeão mundial e bicampeão sul-americano de canoagem paralímpica
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Coluna
Impressionante Por: Caio Graneiro*
V
ivemos em uma era onde tudo
capacidade de comunicar, pois se avança só
clicar de um play! Nunca foi tão
como sociedade propriamente dita.
pode ser aprendido com um
fácil aprender sobre qualquer coisa, des-
uma parcela da sociedade, não avançamos Por exemplo, quanto conhecimento
de como tirar manchas de tecido, fazer
através de vídeos uma pessoa surda, mui-
coisas bem mais complexas e específicas
simplesmente pela falta de interpretação
uma comida do trivial ao sofisticado e até como montar e desmontar um motor.
Sempre foi possível acessar informações
e ter conhecimento através dos livros, mas era necessário um livro específico para cada
necessidade. Nem sempre era fácil, rápido e prático sair de casa a procura de um livro ou informações que atendessem a urgência.
o que traz tanta facilidade seja exclusivida-
questão que desperta tamanho incômo-
do, se dá justamente pela falta de igual-
dade ao acesso a algo tão elementar do desenvolvimento de alguém como o ser humano: conhecimento e informação.
É muito comum ver em vídeos com in-
a beleza do que veem. A alguém desaper-
vros. O livro sempre teve e terá o seu valor,
mas aprender a fazer uma receita vendo os ingredientes, o movimento das mãos, o desenvolver das texturas, fica mais fácil do que apenas ler sua descrição .
Quando pensamos em como a tecnolo-
gia vem aumentando as possibilidades de
conhecimentos, vem o questionamento; até quando essa evolução chegará apenas em alguns segmentos. Precisa-se alargar a
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Até quando a segunda língua do Brasil,
em Libras (Língua Brasileira de Sinais). A
experiência, em vídeo e o coloca on-line, vezes, impossível de ser adquirida nos li-
tecnologia pode trazer, deve ser contínua.
que é reconhecida pela lei 10.436/02, ficará
terpretação em Libras, comentários enalte-
esse ganha a tridimensionalidade, muitas
porcione a todos acesso e benefícios que a
tas vezes, fica impossibilitada de acessar,
Quando alguém transforma o conhe-
cimento tácito, aquele adquirido pela
A luta pela divulgação da Libras, da au-
diodescrição e de toda ferramenta que pro-
cendo a iniciativa ou impressionados com cebido, esses comentários não revelariam
no anonimato? Até quando se aceitará que de e privilégio para poucos? Até quando se impressionar com algo que deveria fazer parte do cotidiano?
Libras é possibilidade de compartilhar
conhecimento e fazer a sociedade evoluir como um todo.
E da próxima vez que se impressionar,
que seja pela falta de acessibilidade, pois a falta impressiona e não a sua presença.
nenhum problema, mas ao se aprofundar
na questão percebe-se que eles são apenas
a prova de como as pessoas ainda consideram raro, ou algo fora do expectrum da normalidade, o acesso garantido a todos. E
mais revelador ainda é quando se admira a interpretação e diz ter ficado impressionado. Ninguém se impressiona com o corriqueiro, com o comum ou ordinário. Impressionante
mesmo é o diferente, o desconhecido, o não praticado.
*Caio Graneiro é psicólogo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, intérprete de Libras há mais de dez anos, com proficiência no uso e ensino da língua atestada pelo Prolibras. É coordenador pedagógico da Escola Verbo em Movimento, ministra aulas, palestras e workshops na área de inclusão
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Carnaval
Carnaval 2016 Escolas de samba e blocos de rua garantem um Carnaval da Inclusão para pessoas com deficiência. Confira um pouco do que aconteceu!
Rio de Janeiro Fotos: Tata Barreto/RioTur Fotos Públicas
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N
este ano, o desfile das escolas de samba no Sambódromo da Cida-
de Maravilhosa contou, pela pri-
meira vez, com um sistema de audiodescrição
para pessoas com deficiência visual. De acordo com a secretária municipal da Pessoa com De-
ficiência, Georgette Vidor, a descrição contemplou informações sobre as alegorias, as fanta-
sias, os efeitos especiais e os movimentos dos
componentes das escolas. Além disso, algumas fantasias foram levadas ao setor onde estavam as pessoas com deficiência visual para que elas pudessem sentir a textura e os adereços.
Entre as ações da secretaria, destaque
ainda pelos 300 ingressos que foram dis-
tribuídos gratuitamente, por dia de desfile. Um dos contemplados, o psicólogo Helio
Orrico, assistiu ao desfile do Grupo Especial no domingo, 7/2. “Eu não tinha motivação
para assistir por conta da falta de acessibi-
lidade, já que você fica perdido em relação aos acontecimentos durante o desfile. Mes-
mo que minha mulher me ajudasse descrevendo a festa, ficaria preocupado por ela
não estar se divertindo. Acho esse serviço da audiodescrição fantástico”, conta Helio, que já desfilou três vezes na Sapucaí.
Ainda no Rio, na passarela do samba,
o destaque maior ficou com a comissão
de frente da União Ilha do Governador. A escola, que teve como tema ‘Olímpico por
natureza... Todo mundo se encontra no Rio’, em menção aos jorgos Olímpicos e Para-
límpicos, que serão realizados no segundo
semestre, trouxe em sua comissão de frente 15 integrantes, sendo oito deles cadeiran-
tes, que arrasaram em uma apresentação assinada pelo coreógrafo Patrick Carvalho.
Em Niterói, o bloco ‘Me empurra que eu
ando’, também reuniu foliões com e sem deficiência, em uma tarde regada a muita animação. No Catete, no Rio, o bloco ‘Senta
que eu empurro’, também reuniu grande público, no pré-carnaval carioca.
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Carnaval
SAO PAULO Fotos: Edu Garcia
Rosas de Ouro
Assim como no Rio, o Carnaval paulista
também inovou garantindo que pessoas com
deficiência
auditiva
pudessem
acomanhar os desfiles no Sambódromo do
Anhembi. Intitulada ‘Samba com as mãos’, a ação inédita da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade
Reduzida em parceria com a São Paulo Turismo
levou
intérpretes
da
Língua
Brasileira de Sinais (Libras) a um camarote
onde tiveram acesso a tradução dos sambasenredos das escolas de samba, bem como à
interpretação de tudo o que aconteceu no Dragões da Real
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revista incluir
Sambódromo. Para a secretária Marianne
Pinotti, “se, em um primeiro momento, a
acessibilidade arquitetônica da estrutura do Sambódromo do Anhembi já foi alcançada, agora a busca é por construirmos a consciência de que pessoas com deficiência auditiva também querem estar presentes
nestes eventos significativos de São Paulo. E o Carnaval é uma das festas mais tradicionais da cidade, um universo totalmente novo para esse público”.
A iniciativa teve apoio da Liga Indepen-
dente das Escolas de Samba de São Paulo, que promoveu visitas às quadras das escolas de samba antes do desfile oficial.
Rosas de Ouro
Rosas de Ouro
GaviĂľes da Fiel
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Carnaval
Piaui Fotos: Rômulo Piauilino
Em Teresina (PI), foram eleitos o Rei e
a Rainha do Carnaval 2016 da Pessoa com
Deficiência. Carlos Augusto, o ‘Carlinhos’, e Bárbara Pereira foram coroados em evento realizado em Teresina.
“Para mim é uma grande satisfação ser
escolhido o Rei da pessoa com deficiência. Eu sempre digo: nós não somos deficientes, nós somos diferentes, nós temos os mes-
mos direitos e podemos alcançar nossos sonhos. Só precisamos ser incluídos e aceitos pela sociedade”, conta Carlinhos.
Já a Rainha Bárbara, que é estudante
de Direito, também falou sobre sua conquista. “Não é uma cadeira que vai nos impedir de dançar, de sorrir, de partici-
par do Carnaval como tanta gente gos-
ta e participa. Hoje eu sou só felicidade. Obrigada a todos que votaram em mim”,
enfatiza Bárbara, que tem hidrocefalia e mielomeningocele.
O Rei Carlos Augusto e a Rainha Bárbara Pereira do Carnaval 2016
PERNAMBUCO Foto: Diego Galba / Prefeitura de Olinda
O concurso contou com nove partici-
pantes, sendo sete mulheres e dois homens. A Prefeitura de Teresina, por meio da Secre-
taria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social, apoiou o evento junto à Associação Piauiense pelos Direitos Iguais (APIDI). As Majestades da Pessoa com Deficiência integram a programação oficial do
Carnaval de Teresina, realizado pela Prefeitura por meio da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves.
Camarote da Acessibilidade no Carnaval de Olinda
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Minas gerais Foto: Divulgação / Apae BH
Santa Catarina Em Florianópolis (SC), com o retorno do tradicional desfile dos
idosos, ganhou novo formato, e inseriu também a participação de crianças carentes e pessoas com deficiência atendidas pela Apae.
Esta foi uma iniciativa da Liga das Escolas de Samba de Floria-
nópolis (Liesf), das secretarias de Turismo e de Assistência Social e da Apae. “Nossa ideia é a de utilizar o Carnaval não só como uma
ferramenta de inclusão cultural, mas social também. A gente vê muito esse envolvimento nas próprias escolas de samba, que aco-
lhem todos num único espaço. Já somos o terceiro maior Carnaval do Brasil, e isso era o que faltava para engrandecer ainda mais este espetáculo”, explica o presidente da Liesf, Joel Costa Junior. Grito de Carnaval da APAE-BH fez bonito pelas ruas do bairro Santa Tereza
Em Belo Horizonte (MG), aconteceu a 10ª edição do
Grito de Carnaval da Apae. Com o tema ‘Apae folia nas
paralimpíadas’, o bloco reuniu centenas de foliões nas Ruas de Santa Tereza, em homenagem aos atletas paralímpicos.
O bloco tem apoio da prefeitura de Belo Horizonte,
por meio da Coordenadoria de Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD).
Em Olinda (PE), o Camarote da Acessibilidade dispo-
nibilizou, pelo quarto ano, um espaço para pessoas com
deficiência e idosos acompanharem os desfiles dos blocos. Localizado na Praça do Carmo, próximo ao Mourisco, o camarote contou ainda com audiodescrição para
pessoas com deficiência visual e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para garantir também a inclusão dos foliões com deficiência auditiva.
Tiago Saúde, que acompanhou o Carnaval do
camarote, falou da alegria por contar com o espaço acessível. “Todos os anos venho para cá e acho muito
especial poder brincar o Carnaval neste espaço, porque nem sempre temos lugares acessíveis. Para quem gosta de brincar Carnaval, aqui é perfeito”, afirma.
revista incluir
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CPB
CENTRO PARALÍMPICO BRASILEIRO Espaço conta com alojamentos para quase 300 pessoas e estrutura para treinamento de 15 modalidades
A
Fonte: Portal Brasil 2016 | Fotos: Roberto Castro / brasil2016.gov.br
estrutura está pronta e os
materiais esportivos, em fase de compra. A 200 dias da
cerimônia de abertura dos Jogos Para-
límpicos, o planejamento do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é fazer a fase final de treinos e o processo de aclima-
tação no novo Centro Paralímpico Brasileiro, inaugurado em São Paulo.
“A gente planeja entrar lá neste
primeiro semestre”, afirma o presidente do CPB, Andrew Parsons. “O centro é de
altíssimo nível e vai apresentar condições de treinamento melhores do que qualquer outra instalação no Brasil. Assim que estiver em operação, será colocado à disposição
das confederações e das modalidades para a fase final de treinos e a aclimatação
da delegação completa, cerca de duas semanas antes da entrada na Vila”, explica.
teve as obras iniciadas em dezembro de
pamentos, pelo CPB e por meio de con-
quase 300 pessoas e estrutura para treina-
“A obra civil está pronta. Estamos traba-
cretarias do governo de São Paulo. “Em
O espaço conta com alojamentos para
mento de 15 modalidades do programa paralímpico: atletismo, basquete em cadeira de
rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira
de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball,
halterofilismo, judô, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e vôlei sentado. Localizado
no
Parque
Estadual
Fontes do Ipiranga, em um terreno de cerca de 100 mil m² (em torno de 65 mil m² de área construída), o complexo
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revista incluir
Por: Maira Isis Cardoso
2013 e passa pelos ajustes finais.
lhando com a operação da piscina. Já fizemos testes de vazamento e agora vamos
ligar os equipamentos, como aquecimen-
to, filtro e componentes para tratamento da água”, explica a coordenadora da obra,
vênios do Ministério do Esporte com secerca de 90 dias deveremos ter a maioria do material adquirido”, acredita Parsons.
O modelo de gestão, a cargo do Comitê, está em fase final de definição.
“É a realização de um sonho ter um
a arquiteta Mei Ling. “Temos instaladas as
centro de treinamento específico para o
pista de atletismo, partes elétricas e hidráu-
do mais alto nível. É um legado dos Jogos
quadras com pisos de madeira, piscina,
licas, sistema de som e de controle de acesso, rede de lógica e wi-fi”, enumera.
A próxima fase é a compra de equi-
esporte paralímpico, multidesportivo e que vamos oferecer aos atletas. Será uma
sensação de dever cumprido quando fizermos isso”, define o presidente.
à participação dos jogadores nas principais competições do calendário internacional,
com foco na classificação para o Mundial da China, em 2014.
Na Bolsa Atleta, desde a criação do pro-
grama, já foram 8.991 bolsas concedidas a atletas de modalidades paralímpicas e a
outras que não constam do programa dos Jogos, em um investimento de R$ 126,6 milhões. Em 2015, dos 6.131 contemplados,
1.298 são paralímpicos (R$ 18,7 milhões). Para incentivar a base e descobrir novos talentos, há ainda a criação de 254 Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs), em 240 cidades Investimentos federais
Além do CT paralímpico, resultado de R$
167 milhões do Ministério do Esporte e de R$ 115 milhões do governo de São Paulo, o
governo federal tem outras fontes de inves-
timento no esporte paralímpico. Desde 2010,
de 15% para 37,04% a fatia de recursos de
do país, fruto de um investimento de R$
Tendo por base os valores de 2014, a desti-
prática de até 13 modalidades olímpicas, seis
para aproximadamente R$ 130 milhões.
judô, halterofilismo, tênis de mesa, vôlei sen-
loterias destinados ao Comitê Paralímpico.
910,5 milhões. Em cada um deles haverá a
nação anual ao CPB passará de R$ 39 milhões
paralímpicas (esgrima em cadeira de rodas,
O Ministério do Esporte ainda firmou
tado e goalball)e uma não olímpica (futsal).
Os investimentos no esporte paralímpi-
foram celebrados 17 convênios com o CPB,
convênios com a Confederação Brasileira de
preparação das seleções permanentes em 16
de R$ 2,3 milhões, permitiu a estruturação
Nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto,
(um em Brasília, para atletas andantes, e um
nou a competição, pela terceira vez seguida,
aquisição de equipamentos, formação de
257 medalhas, sendo 254 (98,8%) conquista-
técnica e apoio à preparação da seleção,
atletas que subiram ao pódio no Canadá, 199
celebrado em 2013, destinou R$ 1,1 milhão
límpicos do Rio é chegar ao Top 5.
que somam R$ 67,3 milhões e contemplam a
modalidades para o ciclo de 2016, incluindo
a participação em treinamentos e competições, no Brasil e no exterior.
O último convênio com a entidade, cele-
brado em 2015 e publicado no Diário Oficial
no início de fevereiro, investe R$ 4,4 milhões
no apoio aos atletas beneficiados pelo Plano Brasil Medalhas e o programa Bolsa Pódio,
com a contratação de profissionais para equi-
Tênis de Mesa (CBTM). Um deles, no valor
co têm dado muitos resultados para o Brasil.
de dois centros de treinamento paralímpico
no ano passado, por exemplo, o país termi-
em Piracicaba, para cadeirantes), além da
como líder do quadro de medalhas. Foram
equipe multidisciplinar, custeio da comissão
das por bolsistas do governo federal. Dos 215
com 15 atletas. Outro convênio com a CBTM,
(92,5%) são bolsistas. A meta nos Jogos Para-
pes multidisciplinares de 12 modalidades.
Hoje, há 94 atletas paralímpicos de es-
portes individuais contemplados com a Bolsa
Pódio, o que significa um investimento anual de R$ 14,9 milhões. Por meio no Plano Brasil
Medalhas, 60 atletas de modalidades coletivas (vôlei sentado, futebol de 5, futebol de 7 e goalball) também são apoiados.
Além disso, a Lei Agnelo/Piva repassou
ao CPB, entre 2007 e 2014, R$ 209,8 milhões.
A arrecadação será ainda maior nos próxi-
mos anos, já que em julho de 2015 foi aprovada a Lei Brasileira da Inclusão, que ampliou
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Vale ler
MINHA IRMÃ É A GUILHERMINA
SOMOS TODOS ESPECIAIS Mãe transforma história de sua filha em livro, e compartilha conhecimentos com outros pais Por: Brida Rodrigues | Foto: Divulgação
T
oda mãe tem o desejo de ver seus
que, ao descobrirem que seu filho tem
boa qualidade de vida. Guilher-
manentes, o livro traz a possibilidade de
filhos bem e desfrutando de uma
mina, atualmente com seis anos, foi diag-
nosticada com paralisia cerebral diplégica
espástica depois de algumas complicações em seu nascimento, pois nasceu prematu-
ra de 28 semanas e sofreu inúmeras intercorrências. Ela ainda não anda e não fala.
Maira Favaretto, mãe de Guilhermina,
conseguiu uma cirurgia de alto custo para
uma deficiência e que terá lesões per-
mergulhar em um mundo de informações sobre as diferenças individuais de desenvolvimento da pessoa com deficiência e,
ainda, apresenta lições que podem ser extraída das adversidades, como os aspectos técnicos dos tratamentos, reabilitação e inclusão escolar, por exemplo.
Com textos da própria autoria, de ilus-
sua filha nos Estados Unidos. Foi então que
trações e fotografias feitas por profissio-
de forma independente surgiu. Motivada
ses grupos, Maira transformou-os em livro.
a esperança de ver sua filha caminhando
por este fato e pela incansável busca por
nais, e com as respostas que recebeu desDiferentes olhares, dicas, opiniões, re-
tratamentos, que vem travando desde o
latos, histórias de amor, dedicação e su-
profissional da área do direito, formulou
que passam pelas mesmas situações, mas
nascimento de sua filha, Maira, editora e e enviou questionários a alguns grupos
de pessoas que lidam diariamente com a
deficiência. São eles: pais, profissionais da área da saúde, professores entre outros as-
sociados, a fim de obter diferentes olhares
peração que ajudarão não só as famílias todas as famílias que desejam criar seus
filhos com a consciência de que somos todos iguais, independentemente de nossas diferenças físicas.
Toda a renda obtida pela venda do
sobre este universo.
livro será destinada ao custeio da cirur-
cionais e comoventes dos relatos de mães
exterior.
Navegando desde os aspectos emo-
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revista incluir
gia e do tratamento de Guilhermina no
MINHA IRMÃ É A GUILHERMINA Editoria independente | 2015 | 212 páginas
revista incluir
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Vale assistir
DEMOLIDOR Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação
D
os quadrinhos para as telas da TV, a série ‘Demolidor’ tem como protagonista um super-herói com deficiência visual. Uma produção da Netflix, a série dispõe de funções
inclusivas com audiodescrição para pessoas com deficiência visual.
Na história, o protagonista Matthew Murdock (Charlie Cox) é um
advogado que atua em defesa de pessoas carentes. Ele, que perdeu
a visão ainda na infância, se utiliza de outros sentidos para suprir sua falta de visão.
O jovem passa a ter uma vida dupla quando decide vestir o
uniforme e adotar o nome ‘Demolidor’, para combater a criminalidade nas ruas de Hell’s Kitchen, bairro da cidade de Nova York.
A função de audiodescrição da Netflix descreve tudo o que está
acontecendo na cena – inclusive ações físicas, expressões faciais,
roupas e cenários. A opção de audiodescrição pode ser selecionada da mesma maneira que se escolhe outros idiomas.
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revista incluir
Título: Daredevil / Demolidor País de Origem: EUA Gênero: Série Lançamento: 2015
Todos juntos fazem um trânsito melhor. MONOVOLUME/ MONOVOLUME/ MINIVAN MINIVAN
VENCEDOR VENCEDOR
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