Revista Incluir

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revista IncluiR - ao alcance de todos

40

Ano 6 R$ 14,90 € 5,00

A cidade que

De olho nas férias

queremos

Selecionamos os melhores resorts do Brasil preparados para atender a todos

Saiba o que as cidades têm de melhor e pior quando o assunto é acessibilidade!

Seus direitos!

método adaptado Meios de comunicação alternativa garantem a inclusão e a socialização de crianças com deficiência nas escolas

autismo

O apresentador Marcos Mion fala como se tornou a voz da comunidade autista no Brasil e compartilha algumas de suas histórias com o filho Romeo 40

ABR/MAI 2016

ISSN 2176-6134

MARCOS MION

Mulheres que conseguiram o direito à redução de carga horária de trabalho para acompanhar o tratamento de seus filhos

A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site


Job: 2016-Chrysler-Marco -- Empresa: Leo Burnett -- Arquivo: 36815-009-AF-Chrysler-AF-Renegade-Autonomy-230x277_pag001.pdf

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é uma publicação bimestral da Editora Minuano

DIRETOR-PRESIDENTE Nilson Luiz Festa - nilson@edminuano.com.br ASSESSORIA EXECUTIVA Natali Festa - natali@edminuano.com.br Vera Lúcia Pereira de Morais - vera@edminuano.com.br FINANCEIRO Diretora: Claudia Santos Alexandra Testoni, Liane Bezerra e Luis Eduardo S. Marcelino COBRANÇA Diana de Oliveira - cobranca@edminuano.com.br EDITORIAL Editora de conteúdo: Julliana Reis - julliana@edminuano.com.br Redação: Brida Rodrigues e Letícia Leite redacao@edminuano.com.br Editora de arte: Bianca Ponte - bianca@edminuano.com.br Assistente de arte: Danielly Stefanie - arte@edminuano.com.br Revisora: Adriana Bonone - adriana@edminuano.com.br Colaboradores: Bianca Ponte, Celina Germer, Daniel Tonet, Danielly Stefanie Oliveira, Giuliano Robert, Gustavo Moura, Marcela Barros, Marcio Rodrigues, Rodrigo Dod e Thiago Costa (fotos); Caio Graneiro, Eliane Lemos, Flávio Corrêa, Leonardo Gontijo, Renata Andrade e Sofia Crispim (Coluna); Karina Barbosa dos Santos (tradução) CIRCULAÇÃO Patricia Balan - circulacao@edminuano.com.br MARKETING Ismael Bernardino Seixas Jr - ismael@edminuano.com.br Jacqueline Santos - marketing@edminuano.com.br Jessica de Souza - marketing2@edminuano.com.br PUBLICIDADE Diretor Comercial: Arnaldo Stein Gerente Comercial: Denis Deli Assistente Comercial: Sheila Fidalgo - publicidade@edminuano.com.br Executivos de Conta: Bernardo Laudirlan, Jussara Baldini, Kalinka Lopes, Marco Gouveia e Stepan Tcholakian VENDAS Gerente: Marcos Rodrigues - marcosrodrigues@edminuano.com.br Gerente Depósito: Joel Festa - joel@edminuano.com.br Adriana Barreto - adriana.barreto@edminuano.com.br Sabino José dos Santos - vendas2@edminuano.com.br vendas@edminuano.com.br ASSINATURAS Tel.: (0XX11) 3279-8572 assinatura@edminuano.com.br ATENDIMENTO AO CLIENTE atendimento@edminuano.com.br Iara do Nascimento, Isabella Tomé, Michele Lima, Paloma França e Thais Souza Tel.: (0XX11) 3279-8571 DEPARTAMENTO DE WEB / DESIGN GRÁFICO Daniele Medeiros - daniele@edminuano.com.br PARA ANUNCIAR Tel.: (11) 3279-8516 publicidade@edminuano.com.br A Editora Minuano recebeu o prêmio TOP QUALIDADE BRASIL em 2015/2016 pelo reconhecimento da excelência de qualidade em seus produtos e ações.

FILIADA À

Impressão e Acabamento:

em busca da cidade ideal

Foto: Gustavo Moura

Av. Marquês de São Vicente, 1.011 Bairro: Barra Funda / CEP: 01139-003 - São Paulo / SP CX. Postal: 16.352 - CEP: 02515-970 Site: www.edminuano.com.br E-mail: minuano@edminuano.com.br Tel.: (0XX11) 3279-8234

A

cada edição trabalhamos muito em busca de assuntos novos e interessantes que vão influenciar de alguma forma a vida das pessoas. E quem acompanha nosso

trabalho sabe o quanto prezamos pelo bom senso e pelo conteúdo diferenciado. Por isso, fomos conversar com algumas pessoas com deficiência para saber o que elas esperam para viver de forma plena em suas cidades, e elas apontaram o que o lugar onde vivem têm de melhor e de pior quando o assunto é acessibilidade. Não é de hoje que tentamos entrevistar o apresentador Marcos Mion e é finalmente que conseguimos um horário em sua agenda super atribulada para um bate-papo que rendeu a entrevista de capa desta edição. Sem papas na língua, Mion contou detalhes sobre a rotina do filho Romeo, diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e foi além relatando um pouco sobre sua atuação como um dos principais representantes do autismo no Brasil, já que ele vem servindo de exemplo para pais que ainda enfrentam dificuldades para encarar o assunto. Confira também a cobertura completa do Arnold Classic Brasil, realizado no Rio de Janeiro, e que teve, pelo segundo ano consecutivo, a Arena Inclusão. Conheça ainda um pouco mais sobre o plugin para leitor de tela que realiza a leitura dos emoticons de forma mais interativa para pessoas com deficiência visual, e as histórias de mulheres que conseguiram o direito à redução da carga horária de trabalho para acompanhar os tratamentos de seus filhos, com deficiência. Desejamos a todos uma boa leitura e te esperamos na próxima edição!

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na Fontana divisão gráfica, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos. Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP. RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador

Julliana Reis Julliana Reis Editora-chefe


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Sumário

Edição 40

10 test-drive

22 histórias de Sofia Teatros e museus

14 vitrine

24 mundo afora Nyle DiMarco Foundation

36 Laramara 38 estamos de olho Oficina de automaquiagem Máquinas de cartão

16 instituto Casas André Luiz

26 transporte Uber

18 instituto CEPE

34 vale saber Redução carga horária

28 especial A cidade que queremos

20 instituto APAE de Rio Negrinho


50 entrevista Marcos Mion

40 Projetos especiais Braille Bricks

Mano Down

44 educação Comunicação adaptada

48 coluna Esportes

68 incluir cultural Cia de Dança Humaniza

70 alternativa Emoti Sounds

78 empregabilidade Mercado de TI

80 coluna Verbo em Movimento

82 lazer Resorts

90 notas Notícias do setor

92 destaque Premiacão internacional

94 CPB Tocha Olímpica

42 coluna

58 Rio 2016 62 especial Tiro com arco e esportivo Arnold Classic Brasil

72 coluna AAPSA

74 destaque Chip cérebro

66 tecnologia Red Hat e e-NABLE

76 coluna Entre Rodas & Batom

86 museus 88 minha história Museu do Amanhã e MAR Bárbara Garcia

96 vale ler Cadê a criança que estava aqui

94 vale assistir Como eu era antes de você


FALE CONOSCO Queremos saber sua opinião sobre a revista. E você também pode sugerir pautas ou

Sempre gosto muito das matérias sobre as

comentar nossas reportagens. Estamos

paralimpíadas, porque sou amante de esportes e

esperando seu contato!

praticante de basquete em cadeira de rodas. Inclusive já garanti ingresso para algumas disputas nos Jogos Paralímpicos e espero que o Brasil se destaque nesta edição dos jogos. Valeu! Caio Cesar Lopes de Sousa | Guarulhos/SP

A cada edição, a #RevistaIncluir se supera com reportagens completas que fazem sucesso com os pacientes da clínica onde eu trabalho. Aproveito para sugerir uma pauta sobre a recolocação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e sobre a importância da Lei de Cotas. Parabéns e obrigada. Carolina Lisieri de Lima | Niterói/RJ

Gostaria de elogiar as matérias da #RevistaIncluir, que cada vez se supera. São dignas de serem colecionadas, pois valem ouro. As reportagens são fundamentais para orientar os tratamentos e mostrar os recursos materiais hoje disponíveis, enquanto as histórias servem de exemplo para as pessoas com deficiência.

Carolina, agradecemos os elogios e a sugestão. A ideia da matéria de recolocação profissional está anotada e vamos abordar o tema em breve. Já quanto à outra sugestão, adianto que em nossa próxima edição teremos uma matéria sobre a Lei de Cotas, que está prestes a comemorar 25 anos. Redação

Anna Lúcia Lima | Rio de Janeiro / RJ

Eu tenho uma deficiência física e recentemente conheci a #RevistaIncluir. Fiquei feliz por saber que contamos com uma publicação séria e completa abordando temas inclusivos de forma simples e sem preconceitos. Parabéns a todos da equipe. Cristiane Liz Ferreira | São Paulo/SP

A #RevistaIncluir está de parabéns pela matéria ‘Especial pais e Filhos’, que trouxe depoimentos Central de atendimento ao assinante: 11 3279-8572

@ redacao@revistaincluir.com.br facebook.com/revistaincluir twitter.com/revistaincluir

muito bonitos sobre essa relação tão especial. Gostei bastante de ler a revista inteira, inclusive a entrevista com a linda Isabella Fiorentino, e estou ansiosa pela próxima edição! Ana Claudia Ripert Amorim | Campinas/SP

instagram/revistaincluir Acesse nosso site e confira as novidades e as edições anteriores: www.revistaincluir.com.br

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NOSSO ENDEREÇO: Av. Marquês de São Vicente, 1.011 - 2º andar Barra Funda - São Paulo / SP - CEP 01139-003 Tel.: 11 3279-8234

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Job: 2016

Registro


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Test-drive

Modelo se destaca pelo conforto e espaรงo interno Por: Julliana Reis | Fotos: Danielly Stefanie Oliveira

10

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A

Honda apresenta a linha 2016 do

City com novidades que o tornam ainda mais completo em todas as

versões. O sedã está em sua segunda geração no Brasil e possui quatro configurações: DX,

LX, EX e EXL, todas equipadas com o motor 1.5 i-VTEC FlexOne.

O modelo conta ainda com ar-condicionado

digital touchscreen; sistema de som com

Bluetooth, entrada USB e função mãos-livres; acionamento elétrico para travas das portas,

vidros e retrovisores externos; volante com ajuste de altura e profundidade; painel de

instrumentos moderno e de fácil visualização;

além de chave do tipo canivete com sistema

de travamento e destravamento das portas com imobilizador.

Entre os equipamentos de segurança, o

modelo

possui

freios

com

ABS

EPS

distância para os bancos da frente e mais

motorista e passageiro da frente; cintos

bagagens e objetos podem ser facilmente

(antitravamento);

direção

elétrica

(Electric Power Steering); airbags para de segurança de três pontos; encosto de cabeça para todos os ocupantes e pontos de ancoragem para assentos infantis.

O volante recebeu acabamento em couro

e foi adicionado um apoio de braço central dianteiro com porta-objetos. No

interior,

o

espaço

foi

ampliado,

melhorando significativamente o conforto para os ocupantes. Para o motorista e

passageiro do banco dianteiro, a distância

entre os ombros foi aumentada em 40 mm e o espaço da cabeça ao teto está

10 mm maior, em relação à geração

anterior. Os passageiros do banco traseiro também contam com mais espaço para

as pernas, com o aumento de 60 mm na

70 mm no espaço para os joelhos. As acomodados no porta-malas, que teve o acesso ampliado em 20 mm e possui capacidade para 536 litros.

O motor 1.5 i-VTEC 16V traz a tecnologia

FlexOne, que dispensa o tanque auxiliar de gasolina para partida a frio, pois aquece o

combustível no próprio injetor, se necessário. Quando há uma alta concentração de etanol e baixa temperatura ambiente, os injetores aquecem o combustível de acordo com a

necessidade, resultando em uma partida rápida e segura.

Esse propulsor oferece alta performance

aliada à redução do consumo de com-

bustível, conquistando classificação ‘A’ no teste do Inmetro.

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Test-drive é realmente muito bom. Os controles

auxiliares estão muito bem localizados, tem dois porta-copos e até um porta-

moedas, que são detalhes, mas fazem a diferença no dia a dia.”

Pontos positivos: ● Conforto ● Localização dos comandos ● Espaço interno ● Abertura de porta ● Alavancas para reclinar e para posicionar o banco

Pontos negativos: ● A cadeira não cabe montada no porta-malas

O test-drive Mais uma vez, o empresário e piloto de kart

ajustes dos retrovisores e achei bem prático.

testou o modelo City EX CVT, cedido pela

bém oferece muito conforto porque o espa-

adaptado Thiago Cenjor, que tem paraplegia, Honda, e recebeu adaptação da SpeedyTech.

Confira a seguir as impressões de Thiago sobre o carro:

“O conforto é sem dúvidas um ponto posi-

tivo do carro. As pernas ficam bem posicionadas e os apoios de braço também estão bem localizados, assim como os

comandos de rádio e de navegação, que podem ser acessados no volante de forma simples e bastante tranquila para mim.

O painel do carro é muito bonito, mas ele

poderia mostrar as marchas, só mostra que

está no ‘drive’ ou na ‘ré’, e não aparecem as mudanças de marcha. Fora isso o painel é bem completo e os comandos para

acender e apagar os faróis e para acionar o para-brisa também estão bem localizados.

Os controles no volante para áudio e para usar o telefone são muito fáceis de usar, bem como

a navegação de bordo. Também testei os

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Percebo que para os passageiros o carro tam-

ço interno do carro é muito bem aproveitado.

Nota: O carro é muito confortável, é bonito e

tem os comandos bem localizados. Por isso, minha nota é 8,5.

O carro tem uma abertura de porta bas-

tante generosa, o que facilitou muito meu trabalho para guardar a cadeira de rodas no banco do passageiro. Foi muito fácil

Nota da redação:

banco ficou bem tranquilo já que posso

Honda, que cedeu o modelo para o test-

que é bem raro de acontecer. O carro pa-

nold Classic Brasil, evento realizado no

e ninguém fica apertado aqui dentro.

Aproveitamos nossa viagem à cidade

para posicionar o banco são perfeitas porque

mas outras pautas, como a visita que

mesmo, e acho que o espaço para ela no

Nossa equipe contou com o apoio da

abrir, sem dificuldades, o porta-luvas, o

drive e também para a cobertura do Ar-

rece compacto, mas ele é bem distribuído

Rio de Janeiro (RJ).

Destaco ainda que as alavancas para reclinar e

maravilhosa para desenvolver algu-

não são giratórias, como muitos modelos.

Sobre o motor, pelo fato de ser um carro sedã, senti um pouco na saída, o que é uma coisa normal para carro automático, mas depois ele desempenha bem.

O único defeito dele é o fato de a cadeira não guardar inteira dentro do porta-malas,

mas isso é um detalhe porque o carro

fizemos com um jovem cadeirante, que tem ataxia de Friedrich, ao Museu do

Amanhã (você confere a matéria nesta edição).

Aprovamos o modelo em desempenho e conforto, e destacamos o espaço interno e o design do novo City.


Thiago Cenjor é empresário – ele tem um escritório

de arquitetura com foco em projetos de acessibi-

lidade – e também atua como piloto de motocross e kart adaptados, tendo conquistado o título de Campeão Brasileiro de Kart.

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Vitrine

Livros Coleção fazendo a diferença A Paulinas Editora apresenta a coleção ‘Fazendo a diferença’, que trata de assuntos relacionados à inclusão e traz livros

impressos em tinta e em braile. Entre as obras, destaque

para ‘A bruxa mais velha do mundo’, da escritora mineira

Elizete Lisboa; ‘Dança Down’, ‘Dorina viu’ e ‘Sarita menina’, de

Cláudia Cotes; e ‘O garoto da cadeira de rodas voadora’, de

Almir Correia.

Paulinas Editora

O TDAH na família e na sociedade O livro de Vânia de Morais Ribeiro apresenta os resultados de uma pesquisa realizada na Faculdade

de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a fim de investigar os aspectos psicossociais do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Editora Casa do Psicólogo | 102 páginas

Um mundinho para todos Era uma vez um mundinho em que cada habitante tinha um jeito de ser bem diferente do outro, e

cada um deles tinha sua forma de agradecer por viver num lugar tão feliz. Com texto impresso em tinta e em braile, a obra de Ingrid Bellinghausen destaca a importância em respeitar as diferenças.

Editora DCL | 24 páginas

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Inclusão educacional – eu tenho deficiência

A coleção ‘Inclusão educacional’, de Rose

Sgroglia Machado, tem por objetivo

oportunizar que todas as crianças possam

ingressar no ensino regular, indepen-

dentemente das suas diversidades. Seja

uma criança com deficiência visual,

auditiva, um paraplégico ou mesmo uma

criança com dificuldades de aprendizado. Editora Bicho Esperto | 16 páginas (cada)

Débora conta histórias O livro de Débora Seabra – primeira professora com síndrome de Down do Brasil – conta

por meio de fábulas curtas e divertidas sobre como deficiências e diferenças não impedem a construção de belas relações de afeto. Alfaguara | 32 páginas

Terapia assistida por animais O livro destaca a importância da terapia assistida por animais e sua aplicabilidade. Destinado a

profissionais das áreas de saúde e de educação, o livro aborda de maneira objetiva e dinâmica como desenvolver a técnica com crianças com deficiência intelectual no seu desenvolvimento psicomotor. EdUFSCar | 95 páginas

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Instituto

Casas André Luiz Instituição atua há 67 anos no atendimento de pessoas com deficiência intelectual Por: Brida Rodrigues | Foto: Divulgação

R

eferência no atendimento à pessoa

foi ampliando seus serviços e atendimentos,

ENSINO E PESQUISA

localizada na cidade de Guarulhos (SP).

departamento de Ensino e Pes-

trução da sede atual, onde estão localiza-

jetivo implementar, sistematizar

inauguradas entre os anos de 1962 e 1974.

cionadas ao ensino e à pesquisa

de 600 pacientes, que residem na Unidade

ainda como serviço de apoio aos

aproximadamente 2 mil atendimentos por

ensino e pesquisa, por meio do

Aos pacientes residentes são ofereci-

elaboração e execução dos pro-

com deficiência intelectual no Estado de São Paulo, as Casas André

Luiz foi fundada em 1949. Na ocasião, a insti-

tuição atendia 15 crianças carentes com deficiência intelectual e, com o passar do tempo,

sendo obrigada a ampliar também sua sede,

Criado na década de 1990, o

Com isso, em 1959, foi iniciada a cons-

quisa da instituição tem por ob-

das as quatro unidades de atendimento,

e organizar as atividades rela-

Atualmente, a instituição atende cerca

das Casas André Luiz, atuando

de Longa Permanência (ULP), e realiza

departamentos envolvidos com

mês em regime ambulatorial.

auxílio na pesquisa de artigos,

dos atendimentos em 16 especialidades

jetos de pesquisa científica.

de psicologia, de fisioterapia neuromotora

todos

atividades interdisciplinares de educação

estudantes e profissionais de

a qualidade de vida aos atendidos.

da

sem fins lucrativos, As Casas André Luiz de-

Comitê de Ética da Universidade

mentos. Os interessados podem ligar para

aprovação destes dois órgãos é

médicas, como terapias de fonoaudiologia,

Além

os

disso,

projetos

encaminha

e cardiorrespiratória, entre outras, além de física e terapia ocupacional, que garantem

outras instituições, para análise

Uma instituição de caráter filantrópico,

Casa e posteriormente para o

pende de doações para prestar os atendi-

de Guarulhos, somente após

o número 0800 11 90 12 ou acessar o site:

que a pesquisa pode ser iniciada.

www.casasandreluiz.org.br

16

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colaboradores

científicos

de

Comissão

como

Científica

da


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Instituto

CEPE Centro esportivo é referência no desenvolvimento do esporte para pessoas com deficiência física Por: Julliana Reis | Fotos: Daniel Tonet

U

Equipe de basquete em cadeira de rodas

m dos principais centros de

equipe multiprofissional especializada, possi-

bocha, o futebol de 7, a natação e o Cepinho,

pessoas a partir da prática do esporte.

para crianças entre 6 e 12 anos.

desenvolvimento esportivo para

bilitando o processo de inclusão social destas

região Sul do Brasil, o Centro Esportivo Para

Atualmente, a entidade tem 55 associa-

pessoas com deficiência física da

O time de futebol de 7

que é a escolinha de esportes paralímpicos

Além disso, o CEPE conta ainda com um

Pessoas Especiais (CEPE), está localizado na

dos cadastrados e conta com nove profissio-

departamento de palestras, gerenciado e

atendimentos por mês.

tiva, jurídica, imprensa e criação.

entidade.

cidade de Joinville (SC) e realiza cerca de 350 Fundada em 2002, a entidade, sem fins

nais que atuam nas áreas técnica, administraDesde sua criação, os atletas do CEPE

ministrado pelos próprios atletas filiados à

As atividades são realizadas na sede do

lucrativos, surgiu da iniciativa de duas profes-

participaram de 245 competições espor-

CEPE, na Arena Joinville e também no Ginásio

jetivo de promover atividades esportivas para

cionais e internacionais, tendo recebido

e na Associação dos Servidores Públicos do

soras de educação física da cidade com o obpessoas com deficiência, com a missão de desenvolver e divulgar o esporte paralímpico visando a autonomia dos atendidos.

Reconhecido como centro de referência

no segmento, o CEPE atua para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência física, com acompanhamento de uma

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revista incluir

tivas, com representantes em torneios natrês prêmios: Mérito Esportivo TVBE (2010);

Troféu Excelência de Melhor Entidade Esportiva do Instituto Guga Kuerten (2011); e

Prêmio Instituto Guga Kuerten de melhor

Ivo Varella, no Complexo Esportivo UNIVILLE Município de Joinville. A escolinha de espor-

tes Cepinho/RIEPER funciona na quadra do Colégio UNIVILLE.

Os interessados em conhecer e prati-

projeto social (2014).

car as atividades esportivas podem ir di-

atletismo, o basquete em cadeira de rodas, a

são realizadas.

Entre as modalidades oferecidas estão o

retamente nas unidades onde as mesmas


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Instituto

APAE de Rio Negrinho Associação foi selecionada pelo Desafio de Impacto Social do Google Por: Brida Rodrigues | Fotos: Divulgação

A

Associação de Pais e Amigos

manteve com a parceria do poder público

Negrinho ganhou destaque no

ções da comunidade. A qualidade do traba-

dos Excepcionais (APAE) de Rio

cenário internacional ao ser uma das duas associações brasileiras selecionadas pelo

Desafio de Impacto Social do Google/Deficiências.

Fundada em 1978, a APAE de Rio Ne-

grinho tem como finalidade oferecer aten-

dimento com qualidade para pessoas com deficiência intelectual, buscando sua rea-

bilitação e estimulando seu convívio social.

funcionários, voluntários e apoiadores da comunidade em geral que apoiam as atividades desenvolvidas.

DESAFIO DE IMPACTO SOCIAL

A APAE foi selecionada pelo Desa-

as habilidades ocupacionais, propiciando a

jeto criado em parceria com a Tá.Na.

inserção de seus atendidos no mercado de trabalho.

Atualmente, a unidade atende pessoas

com deficiência com idade entre 0 e 68

ciências, graças ao SMS Especial, proHora, e que pretende alcançar de 10 a 15 mil famílias de pessoas com síndro-

me de Down, por meio de mensagens via SMS ou Whatsapp.

Segundo Pedro Latocheski, pre-

Essencial (de 0 a 6 anos); Programa Pedagógico

sidente da APAE de Rio Negrinho, o

Laborativas Ocupacionais (acima de 18 anos);

ção sensível e coerente para que os

Específico (de 7 a 14 anos); Atividades Transtorno Invasivo do Desenvolvimento; Oficinas Pedagógicas Terapêuticas; e Centro de Convivência (acima de 40 anos).

A instituição conta ainda com uma hor-

ta escolar, com canteiros adaptados, onde

os alunos cultivam, com o auxílio de profes-

sores, hortaliças e verduras que são servidas nas refeições da escola ou encaminhadas às famílias quando a colheita é farta.

Prestes a completar 38 anos, a APAE se

revista incluir

graças ao empenho de seus colaboradores,

fio de Impacto Social do Google/Defi-

anos, distribuídos em turmas de Estimulação

20

lho realizado pela associacão só é possível

A associação também desenvolve, sem-

pre que possível, propostas para estimular

Claudia Campos, mãe do pequeno Matheus, de 2 anos, é uma das beneficiárias da APAE de Rio Negrinho

Federal, Estadual e Municipal e com doa-

SMS Especial terá foco na estimula-

participantes do projeto alcancem

estágios mais avançados de raciocínio e desenvolvimento. “O programa

envolve evolução profissional e busca por oportunidades de trabalho, alme-

jando a independência para desenvolver atividades cotidianas e o acom-

panhamento em caso de tratamento médico.”


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21


Histórias de Sofia

Teatro e musicais para todos Por: Sofia Crispim* | Fotos: Shutterstock/Arquivo pessoal

U

ma coisa que eu gosto muito é de

A Turma da Mônica também é muito inclu-

tar, dançar, estou sempre ouvindo

de Down, com autismo e cadeirante, o Luca,

música. Eu sempre gostei de can-

música e meu sonho é voltar para o balé. Mas

eu nunca tinha ido ver um musical (musical é um espetáculo de teatro em que os per-

sonagens cantam ou dançam a maior parte

do tempo). Aí esse ano fui convidada para ver um musical da Turma da Mônica.

Fui com a minha mãe e a minha tia. Meu primo

não quis ir, porque achou que era coisa de criancinha. Mas ele não entende nada: todo mundo gosta da Turma da Mônica, tinha pessoas de todas as idades.

22

revista incluir

siva: já criaram personagens com síndrome

que é o meu favorito. Mas na peça só tinha

a Mônica, a Magali, o Cebolinha, o Cascão e o Chico Bento. Ah, eu adoro o Chico Bento!

Bem, para entrar no teatro tinha rampa e lá dentro tinha escada, mas eram poucos

degraus e tinha aquela plataforma elevatória para cadeirante (plataforma elevatória é tipo um elevador, mas precisa de funcionário,

então, nem sempre é muito fácil). Não é meu

acesso favorito, tenho um pouco de medo, mas é melhor que escada, né? Legal é que,


além de mim, tinha mais um cadeirante lá.

Dentro do teatro tem cadeiras reservadas

para cadeirantes, mas ficava meio de lado. Preferi ir na plateia normal e sentar mais

na frente, para enxergar melhor. E o mel-

hor? Só tinha um degrau, o resto era tudo rampa para chegar nas fileiras da frente,

então só saí da cadeira na hora de sentar nas poltronas deles. Adorei, seria bom se os cinemas fossem assim também.

A peça era muito engraçada. Não vou con-

tar aqui para não atrapalhar quem ainda não viu, mas o Chico Bento era o mais engraçado de todos. O Cebolinha como sem-

pre armou um plano e no meio da história aparecia um filme do Mauricio de Sousa contando como criou cada um deles.

Bem, eu ri muito e todos eles saíam do palco e passavam bem do ladinho. A música não era alta demais (barulho demais me

deixa um pouco estressada), a luz era boa, eu adorei tudo. E o melhor foi no fim: podia

tirar foto com a Mônica e o Cebolinha, tinha uma fila enorme, mas tinha fila preferencial

e eu descobri que nem a Mônica é tão brava

nem o Cebolinha é tão danado. Eles são super fofos, ficaram conversando comigo

um tempão, a Mônica até me emprestou o Sansão e fez carinho no meu cabelo. Eles são muito legais, muito legais mesmo.

Bem, depois disso tudo eu quero ir mais no teatro e ver outros musicais, principal-

mente se for da Turma da Mônica. Mas uma vez eu fui no Teatro Alfa e também a aces-

sibilidade era ótima e tinha brincadeiras

Oficina dos Menestréis:

informações@oficinadosmenestreis.com.br

antes da peça começar.

Sabia que em São Paulo existe até um

grupo de teatro que, além de apresentar

peças, oferece cursos de teatro para pes-

soas com deficiência? É muito legal, chama Oficina dos Menestréis e todos os anos

eles apresentam peças. Quem sabe um dia eu participe, deve ser legal, mas por

enquanto eu vou ficar na plateia mesmo, que já é bem divertido!

*Sofia Crispim assina a coluna, sob supervisão de sua mãe, a jornalista Denise Crispim

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Mundo afora

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Modelo cria ONG para promover o acesso de crianças surdas à língua de sinais Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

N

yle DiMarco ganhou fama internacio-

O modelo defende que as famílias precisam

do reality show American’s Next Top

colhas sobre como educar seus filhos surdos,

nal após participar da 22ª temporada

Model, sendo o único concorrente surdo na

história do programa e o segundo homem a vencer a competição.

Atualmente, além de modelo e ator, o no-

vaiorquino de 27 anos possui uma nova fun-

ção: filantropo. DiMarco acredita que deve

todas as suas conquistas à comunidade surda e, como forma de retribuição, criou a Nyle DiMarco Foundation, além de ser porta-voz

da campanha LEAD-K (Igualdade de Língua e Aquisição para Crianças Surdas) e colaborador

criativo no ASL App, aplicativo que ensina a Língua Americana de Sinais (ASL).

A organização sem fins lucrativos tem raízes

em sua infância. DiMarco nasceu em uma família de surdos de várias gerações, participou de uma escola para crianças com deficiência auditiva e recebeu uma educação bilíngue em ASL e em inglês.

O objetivo da fundação é simples: transformar o mundo em um lugar melhor para crianças surdas e suas famílias, pois encontrar infor-

mações precisas sobre o tema e o acesso à linguagem ainda são desafios para os pais de crianças surdas.

e merecem apoio e orientação para fazer ese quer usar o seu perfil público para fomentar discussões e influenciar a percepção do público em geral em relação ao tema.

A ONG promove a conscientização sobre questões relacionadas à importância da lín-

gua e da alfabetização em crianças surdas e

Surdos no

mundo

está em busca de parceiros para promover a base cultural e abordagens inovadoras da comunidade.

De acordo com a Federação

iniciativas para a popularização da língua de

aproximadamente 70 milhões de

As contribuições recebidas dão suporte a sinais entre crianças surdas, apoiam programas

que dão acesso a recursos e serviços para os

pais dessas crianças e defendem as mudanças políticas que apoiam os direitos dos surdos.

O otimismo e a determinação de Nyle DiMarco podem servir de referência para a construção da identidade e para o sucesso de um in-

divíduo com deficiência auditiva. Antes de sua ascensão ao estrelato, ele foi diplomado

bacharel em Matemática pela Universidade de Gallaudet, única instituição de ensino superior

em que todos os programas e serviços são

Mundial de Surdos, existem pessoas surdas em todo o mundo. Mas apenas 2% desta comunidade

têm acesso à educação na língua de sinais, uma privação que levou a atrasos significativos na cognição,

aprendizagem e aquisição de linguagem.

Segundo o cientista Thad Starner, apenas 25% dos pais utilizam a língua de sinais para se comunicarem com seus filhos.

projetados especificamente para acomodar pessoas com deficiência auditiva.

revista incluir

25


Uber

ACESSIBILIDADE PARA TRABALHAR Uber oferece aplicativo adaptado para motoristas com deficiência auditiva Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação/Shutterstock/Arquivo pessoal

26

revista incluir


O

Uber, empresa multinacional de trans-

ficou surdo decorrente de uma reação

mais popular no Brasil. Seu serviço de

criança. Motorista parceiro há um ano,

porte privado, tem se tornado cada vez

‘carona remunerada’, solicitado mediante um

aplicativo para celular, aposta em um sistema diferenciado, auxiliando a diminuir o trânsito

nas cidades e a gerar renda para as pessoas de forma simples e rápida.

Segundo Fabio Sabba, diretor de comunicação

do Uber no Brasil, os principais benefícios de se tornar parceiro da corporação é ter flexibilidade para trabalhar de acordo com a sua necessidade

alérgica a um remédio quando era ainda conheceu o Uber através de um amigo

americano que já prestava esse serviço nos Estados Unidos.

“Minha vida ficou muito melhor depois que

passei a trabalhar como motorista parceiro. Não sofro nenhum tipo de preconceito, o

Uber respeita as pessoas, independente da sua deficiência”, diz Carlos Eduardo.

através de uma plataforma que possui acessibi-

COMO FUNCIONA O APLICATIVO ADAPTADO?

“A missão do Uber é oferecer transporte

auditiva, por exemplo, em vez de alertas

lidade para pessoas com deficiência.

confiável, seguro e acessível para o maior

número de pessoas. Oferecemos uma

plataforma inclusiva, com total flexibilidade para os usuários e também para os motoristas

parceiros para que eles se conectem e trabalhem quantas horas e quando quiserem”, diz.

No começo de 2015, o Uber iniciou uma série

de pesquisas, recebeu sugestões de motoristas com deficiência auditiva e da Associação Nacional de Surdos (EUA) para aprimorar seu

aplicativo e proporcionar maior conforto aos seus usuários e aos parceiros com deficiência.

Carlos Eduardo Cristalli Romano, 34 anos,

Para o motorista parceiro com deficiência

sonoros, o aplicativo envia alertas luminosos para indicar solicitações de viagem ou notificações.

Neste caso, o passageiro recebe uma men-

sagem informando sobre a condição do motorista, solicitando que ele insira o ponto

final da viagem no aplicativo. Dessa forma,

o motorista consegue realizar a viagem com tranquilidade e segurança.

Fabio Fernandes de Azevedo, 36 anos, é surdo desde a infância e teve que abrir mão

de seus sonhos profissionais devido à sua deficiência. Entretanto, viu no Uber uma

oportunidade de crescer profissionalmente.

“Meu amigo Carlos Eduardo me apresentou o Uber e, inicialmente, pensei que não

aceitariam surdos, mas conheci o aplicativo adaptado e tudo foi muito mais fácil do que imaginei, sou muito feliz trabalhando como motorista parceiro.”

COMO SE TORNAR UM MOTORISTA UBER? Qualquer pessoa, com deficiência ou não, pode se tornar um parceiro. Para isso, é

necessária uma carteira de motorista com

licença para exercer atividade remunerada (EAR) e uma certidão negativa de ante-

cedentes criminais nas esferas estadual e municipal.

Todos os documentos do carro que será

Você sabia? O IBGE aponta que há pelo menos 10

mil motoristas com

deficiência auditiva no Brasil.

utilizado para a prestação de serviços são

checados. É necessário apresentar a Certidão de Registro e Licenciamento do Veí-

culo, bilhete de DPVAT do ano corrente e apólice de seguro com cobertura APP (Acidentes Pessoais a Passageiros) a partir de 50 mil reais .por passageiro.

Além disso, após cada viagem, o motorista

parceiro avalia o usuário e o usuário avalia o motorista parceiro, que precisa ter mé-

dia 4,6, de 1 a 5 estrelas, para continuar a trabalhar com o Uber.

revista incluir

27


Especial

Afinal, o que queremos? A Revista Incluir dá voz às pessoas com deficiência para compartilharem suas percepções sobre acessibilidade em suas cidades Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

U

m levantamento realizado

população? A Revista Incluir entrevistou

possuírem buracos e falhas que dificultam

Geografia e Estatística (IBGE),

deficiências para que elas compartilhassem

deficiência física e visual.

da Saúde divulgado em 2015, aponta que

que descobrem a cada dia em suas cidades,

afirma que apesar de as cidades ainda não

relação à acessibilidade no que diz respeito

receber as pessoas com deficiência, a inclu-

pelo Instituto Brasileiro de em parceria com o Ministério

6,2% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. A pesquisa considerou

quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual.

pessoas de diferentes idades, rotinas e

suas experiências cotidianas, as coisas boas e para saber o que elas ainda esperam em

às ruas, ao transporte, aos serviços e ao lazer.

As maiores críticas são para as vias e cal-

Mas será que os municípios brasileiros

çadas, as quais os entrevistados alegaram não

necessidades desta grande parcela da

pas de acesso, sinalizações no piso, além de

estão se preparando para atender às

28

revista incluir

estarem totalmente preparadas com ram-

principalmente a locomoção de pessoas com Entretanto, a maioria dos depoimentos

estarem completamente adaptadas para são é um assunto que está sendo abordado com maior frequência e tratado com muita

atenção pelas instituições e pelas empresas no geral. Confira os depoimentos nas próximas páginas!


Lara Gomes, 29 anos

Deficiência auditiva | São Paulo – SP A funcionária da Biblioteca de Culturas Sur-

Libras (CIL), que promove o atendimento

surdez congênita de profunda a severa. Lara

públicos, e os aplicativos para celular Hand

das do Centro Cultural de São Paulo possui acredita que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) está se tornando cada vez mais popular:

Foto: Giuliano Robert

“Estão colocando intérpretes de Libras nas

atividades culturais e educativas, como nos teatros, em palestras, nos cursos, nas universidades e nas bibliotecas públicas, por exemplo”.

Entre os pontos positivoas que que Lara

estão a criação da Central de Intérpretes de

à comunidade surda em diversos órgãos

Talk e ProDeaf que facilitam a comunicação. Entretanto, afirma que resolver assuntos co-

tidianos ainda pode ser complicado: “Ainda não há intérpretes nos bancos, nas consultas

médicas e em diversos lugares para auxiliar

a resolver os problemas como qualquer ouvinte resolve no dia a dia, sem depender da

ajuda dos pais ou outros parentes”, finaliza.

Dayane Nunes, 24 anos

Deficiência auditiva | Recife – PE Dayane teve papeira aos seis anos de idade,

cional, Dayane diz que a acessibilidade para

audição. Assim como Lara Gomes, acredita que

em dia o que melhorou para nós, deficientes

ainda faltam intérpretes que os auxiliem em

atividades simples do dia a dia nos hospitais, bancos e em empresas onde há palestras e

treinamentos. Entretanto, no âmbito educa-

surdos já é uma realidade: “Apesar de tudo, hoje

Foto: Arquivo Pessoal

e, por esse motivo, perdeu completamente a

auditivos, é que não precisamos mais contratar um intérprete particular para fazer um curso

ou uma faculdade, a instituição de ensino já o disponibiliza”, diz a auxiliar administrativa.

Lucas Benedito, 20 anos

Deficiência visual | São Paulo – SP Lucas tem coloboma e estrabismo con-

gênito, possui pouca visão. É office-boy do

frequentar eventos e festivais em São Paulo

bancários da instituição, assim, ele conta sobre

o transporte público e as calçadas ainda

Instituto Laramara, responsável pelos serviços uma dificuldade que pode acabar comproFoto: Gustavo Moura

O office-boy diz que passear no shopping,

metendo seu trabalho: “A acessibilidade para deficientes visuais nos bancos precisa melhorar,

normalmente as instruções que ficam nas paredes são muito pequenas, e os sistemas atuais

de caixas eletrônicos são muito ruins para enxergar, pois são extremamente claros”, afirma.

têm sido tranquilo e acessível, entretanto,

deixam a desejar: “O que me atrapalha é quando vou pegar ônibus, pois não consigo

ver o letreiro e não há pessoas fiscalizando

sobre o assento preferencial. Além disso, gostaria que mudassem as calçadas no geral, pois são muito esburacadas e sempre acabo tropeçando”.

revista incluir

29


Foto: Arquivo pessoal

Especial Afonso Dias Nemetala, 24 anos Paralisia cerebral | Rio Branco – AC

Afonso possui paralisia cerebral e tetraple-

que no projeto não tem acessibilidade para

peão de bocha do estado do Acre e ministra

Entretanto, Cristina ressalta que ainda pas-

gia espástica congênitas, é estudante, cam-

deficientes ou idosos já suspendem a obra,” diz.

palestras motivacionais em universidades de

sa dificuldades para sair de casa, pois faltam

Sua mãe, Cristina Dias Nemetala, professora

procuro olhar com antecedência se no lugar

sua cidade.

e presidente da Associação Acriana de Pais com Filhos Especiais, conta o que já melhorou em sua cidade em relação à acessibilidade para

pessoas com deficiência, como seu filho: “O Ministério Público está agindo. Agora eles estão

observando as construções civis, e se eles veem

estruturas adaptadas. “Quando saio com ele,

tem acessibilidade ou não, se não tiver, mui-

tas vezes eu nem saio, porque infelizmente não temos calçadas boas, andar com ele é difícil. Aqui em Rio Branco não temos muita acessibilidade como sabemos que existe em outros lugares.”

José Willian Santos, 12 anos Paralisia cerebral | Guarulhos – SP

Ainda recém-nascido, José teve convul-

ou até mesmo ao médico. “Às vezes você vai

em paralisia cerebral. Sua rotina consiste em

cadeirantes, a gente tem que dar uma volta pra

da manhã, e no período da tarde ele faz fisio-

as calçadas são muito ruins, tenho dificulda-

ir à escola de segunda a sexta-feira, na parte terapia na AACD.

Sua mãe, Adriana Santos, comenta que

possui muita dificuldade para realizar ativida-

des simples com José, como ir ao shopping

em um hospital e não consegue acesso para

conseguir entrar por uma rampa. Além disso,

Foto: Gustavo Moura

sões e paradas respiratórias que resultaram

de em levá-lo ao mercado, e principalmente

ao shopping, pois o espaço é horrível para cadeirantes, a escada rolante, por exemplo, é muito pequena.”

Guilherme Ferreira, 17 anos

Foto: Gustavo Moura

Paralisia cerebral | Guarulhos – SP

30

revista incluir

Colega de escola de José, Guilherme teve

recido pela prefeitura, tem auxiliado neste que-

cerebral. A lesão afetou suas partes motoras.

muito por ter o serviço de transporte escolar,

um sofrimento fetal que levou a uma paralisia

Também residente de Guarulhos, ele e sua mãe, Joquebede Cabral Ferreira, teriam que pegar

três conduções para chegar à aula. Entretanto, um serviço de transporte escolar gratuito, ofe-

sito, como diz a mãe de Guilherme: “Agradeço o ‘Ligado’. Não tenho do que reclamar, ele é

adaptado para deficientes, nos pega em casa

e depois, na hora da saída, nos pega na escola. Sem ele seria muito difícil”, afirma.


Helen Cristina Lima, 24 anos Paralisia cerebral | São Paulo – SP

Helen sofreu uma paralisia cerebral espástica

solicitou a reestruturação daquele prédio,

lado dos membros superiores e em outro lado

quenta, frequentariam também pessoas com

com característica cruzada, possui força em um

dos membros inferiores, precisando do auxílio de muletas para se locomover.

A estudante de Direito possui uma rotina

deficiência que precisariam de uma melhor acessibilidade”, diz.

Helen também comentou sobre suas

bem intensa, além de ir à faculdade, partici-

experiências de lazer. A última vez que es-

AACD e trabalha no setor jurídico de uma

era precária, não havia acessos com rampas

pa de um programa de empregabilidade na

empresa. Sobre a acessibilidade em sua cidade, ela comenta: “Ao se falar em inclusão dá para perceber que São Paulo, principalmente, está evoluindo bastante”. Foto: Gustavo Moura

pois percebeu que no âmbito onde ele fre-

Ela também faz questão de comentar sua

experiência no prédio da OAB de Santo Amaro: “Lá só havia escada e não tinha corrimão,

infelizmente precisei segurar no braço de um colega pra subir. Mas um dos presidentes do local presenciou a situação e, em seguida,

teve em um parque aquático a estrutura

para as piscinas, o solo era inapropriado para muletas e o elevador estava quebrado. En-

tretanto, não deixou que isto atrapalhasse sua diversão: “Avisei sobre os problemas e pedi para que da próxima vez que voltasse

lá pudesse ter um acesso mais favorável. É algo que muitas vezes acaba passando despercebido, mas não significa que São Paulo não esteja preparada para receber a pessoa com deficiência”, finaliza.

Rodrigo Ferreira Loura, 35 anos Distrofia muscular | Itaquaquecetuba – São Paulo

cipa do programa de empregabilidade na

fundo, sem mencionar o degrau para subir no veículo”, comenta.

Rodrigo diz que seu maior desejo é que

AACD. Possui distrofia muscular nos mem-

ampliem a acessibilidade além dos centros

de rodas há quatro anos.

público não é muito bom, os elevadores dos

bros superiores e inferiores e utiliza cadeira Casado e pai de uma menina, tem uma

vida muito ativa, inclusive aos finais de semana. Gosta de ir ao cinema, ao parque e

principalmente viajar, entretanto, estas ati-

urbanos. Na região onde mora o transporte ônibus normalmente estão quebrados e não há acessibilidade na estação de trem mais próxima da sua casa.

“A acessibilidade na Avenida Paulista, por

vidades que deveriam ser simples às vezes

exemplo, é sensacional. Seria bom se todo

“Viajar é complicado, principalmente

em um lugar tão bacana como esse. Minha

tornam-se complexas.

quando tenho que pegar ônibus. Como não consigo passar no vão entre os bancos

tenho que sentar na frente, e para usar o banheiro é muito difícil porque ele fica lá no

brasileiro tivesse oportunidade de morar

Foto: Gustavo Moura

Rodrigo trabalha para uma universidade

em São Paulo e atualmente também parti-

cadeira está toda quebrada devido à falta de acessibilidade no lugar onde eu moro,

pois tenho que passar por buracos e subir nas calçadas,” finaliza.

revista incluir

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Especial

João Carlos Freire, 67 anos Deficiência física | Paraty – RJ

Promotor de Justiça aposentado, João

com deficiência ainda não é a ideal: “Gosto

doença oscilam, em certos momentos está

das noites enluaradas, das cachoeiras e das

possui mal de Parkinson. Os sintomas da

Foto: Arquivo pessoal

apto a andar, ainda que com dificuldade, e

praticar diversas atividades, entretanto, às

vezes, precisa do auxílio de seu aparelho motorizado.

João aprecia muito a natureza da peque-

na cidade onde reside, mas comenta que em alguns lugares a acessibilidade para pessoas

de tudo em minha cidade, principalmente praias que consigo acessar sem muita dificuldade, como a praia do Pontal, a praia da

Jabaquara, além da área de caminhada da

Avenida Beira Rio. Entretanto, as ruas mais movimentadas onde ficam os comércios

são impossíveis de andar, maltratadas e estreitas”, diz.

Leonardo Ferreira, 28 anos Deficiência visual | São Paulo – SP

Formado em Análise e Desenvolvimento

que avisam, por comando de voz, quando o

Leonardo é técnico em tecnologia assistiva no

algum ponto, facilitando a entrada e a saída do

Instituto Laramara.

Nascido no interior do estado de Pernambu-

co, Leonardo veio para São Paulo em busca de

mais acessibilidade devido à deficiência visual,

possui glaucoma congênito e catarata. Leonardo diz que uma das coisas que mais gosta em

São Paulo são as empresas que o enxergam

ônibus está chegando e quando se aproxima de

veículo. Em relação ao metrô, ele aponta inicia-

tivas positivas: “Na linha 4 amarela do metrô, há portas nas plataformas, que dão mais segurança pra uma pessoa com deficiência visual utilizar o

piso tátil, sabendo que ela não vai, por algum engano, sofrer um acidente fatal,” afirma.

Apesar disso, ele comenta que o serviço

como um cliente: “Em alguns bancos, por exem-

de auxílio para pessoas com deficiência nas

ouvido e tem o comando de voz pra fazer suas

sejar: “Em estações muito grandes como a Barra

plo, você vai ao caixa eletrônico, põe o fone de

transações. Não é só o fato de a empresa respeitar as deficiências, trata-se de dar condições pra que essas pessoas usufruam os serviços.”

Leonardo utiliza transporte púbico com fre-

quência e deixa como dica para as pessoas com deficiência visual usarem aplicativos de celular

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revista incluir

estações de metrô e de trem ainda deixa a de-

Funda, a Sé e a Estação da Luz, você precisa ficar esperando 30 minutos ou mais pra ser atendido, então normalmente acabamos pedindo

ajuda para algum usuário, o que nos atrasa para o trabalho, para os compromissos e até nos desanima pra ir a um evento cultural”, finaliza.

Foto: Gustavo Moura

de Sistemas e pós-graduado em Marketing,


Olvídio Nicolini, 47 anos

Deficiente físico | São Paulo – SP O técnico em farmácia possui sequelas no

lado esquerdo de seu corpo recorrente a alguns

dem para que eu entre na fila comum, mas eu

as estruturas da cidade estão bem adaptadas

preferência. Em certas ocasiões sou obrigado

problemas ao nascer. Olvídio diz que, no geral, para receber pessoas com deficiência como a dele, entretanto, para pessoas com outro tipo de deficiência, como os tetraplégicos, acredita que

brigo pelos meus direitos, pois sei que tenho a me identificar como deficiente mostrando a carteirinha,” afirma.

Atualmente enfrenta um novo desafio:

ainda faltam rampas de acesso, principalmente

participa do programa de empregabilidade

a própria população como o maior problema:

administração, e trabalha no setor de Recursos

nas estações de metrô, e afirma, ainda, que vê “Encontro barreiras na rua, principalmente

nos transportes públicos, devido à população, pessoas de baixa cultura que não tem vontade de praticar o bem. Eles dão mais atenção a uma criança de colo, uma idosa com uma bengala, Foto: Gustavo Moura

“Às vezes estou na fila preferencial e pe-

na AACD, adquirindo conhecimento na área da Humanos em uma empresa como recrutador.

A partir desta nova experiência, Olvídio acre-

dita que a preocupação das empresas com a inclusão está muito maior.

“Já estive do lado do contratante e agora

do que para um deficiente físico.”

estou como contratado, vejo que a lei de cotas

cia dos atendentes em alguns estabelecimentos,

a pessoa com deficiência. Há uns 15 anos não

Olvídio diz que ainda percebe certa resistên-

como nos bancos por exemplo. Comenta que

muitas vezes não respeitam os seus limites, sendo praticamente induzido a realizar atividades que estão fora de suas possibilidades.

obrigatórias nas empresas abre caminhos para

tinham essa visão, achavam que um PCD ou PNE eram muito limitados, poucas empresas se esforçavam para entender as necessidades das pessoas com deficiência,” finaliza.

revista incluir

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Vale Saber

Conheça seus direitos!

Servidoras públicas conseguem redução de carga horária de trabalho para acompanhar filhos com deficiência em seus tratamentos Por Letícia Leite | Fotos: Arquivo pessoal

Q

uando se tem filhos, é um desa-

fio e tanto organizar e conciliar os horários de todos da família,

principalmente quando os pais trabalham

fora de casa e devem cumprir horários de

entrada e saída. O panorama torna-se ainda mais complicado quando as crianças possuem algum tipo de deficiência.

Milhares de pais se veem perdidos em

meio a essa complicada situação por não

poderem acompanhar seus filhos em atividades de ordens médicas devido à sua

jornada de trabalho. Entretanto, algumas famílias já recorreram à justiça para garantir legalmente a redução da carga horária de

trabalho, sem que seja exigido compensação de horas ou redução de salário. POR ONDE COMEÇAR?

Ainda não há legislação específica que

aponte o direito de pessoas que possuem

Vanessa e o filho João Vitor

Segundo Anne Caroline Fidelis de Lima,

justificado, o solicitante do benefício deve

tado da Mulher e dos Direitos Humanos –

“A solicitação do benefício deve ser ba-

dependentes com deficiência terem um

advogada e Servidora da Secretaria de Es-

a resolução da solicitação diretamente com

SEMUDH, em um primeiro momento deve-

seada no direito de dignidade da pessoa

devidamente fundamentado, à sua insti-

dependentes com deficiência, permitindo

horário de trabalho especial, o que dificulta a instituição de trabalho. Quando resolvido judicialmente, o concedimento ou não do

benefício depende da interpretação dos juízes, podendo ser positivo ou negativo.

34

revista incluir

-se fazer um requerimento administrativo, tuição. Caso receba um retorno negativo

ou nenhum tipo de retorno, devidamente

recorrer ao judiciário.

humana, de promover o zelo e proteger os

que eles sejam devidamente cuidados por seus pais”, afirma a especialista.


Redução da jornada Vale ressaltar que estas circunstân-

cias valem para servidores públicos, pois a Consolidação das Leis do Traba-

lho (CLT) costuma ser menos flexível,

o tratamento não pode ficar apenas

no consultório, deve ser continuado em casa pelos pais”, diz Aline.

Já no caso de Vanessa Duarte

dificultando este processo para os em-

Gama, mãe de João Vitor de 13 anos,

Aline Cristina Jara da Silva conse-

rante, o processo foi um pouco mais

pregados celetistas.

guiu na Justiça a redução de sua carga horária de trabalho pela metade, sem

necessidade de compensação ou redu-

ção de salário, para cuidar de seu filho

que tem paralisia cerebral e cadei-

complicado. Após também ter seu pedido administrativo negado, perdeu a causa em sua primeira tentativa.

Os advogados de Vanessa en-

Davi, de seis anos, que tem autismo. En-

traram com recurso e ganharam a

Após passar por uma perícia na em-

garantindo o benefício. Entretanto,

tretanto, teve que recorrer à justiça.

presa em que trabalha, a junta médica

da instituição alegou que ela teria direito ao benefício, mas o departamento de Recursos Humanos o contestou por não

haver uma lei que defenda esta decisão. Assim, Aline foi ao judiciário, e por meio

de uma decisão da Justiça Federal de

Mato Grosso, conquistou a liminar em

liminar de antecipação de tutela,

a universidade para a qual ela trabalha recorreu ao pedido derrotando

a solicitação novamente. Apesar de ainda trabalhar em horário reduzido,

pois não conseguiram vetar sua antecipação de tutela, ela teme perder seu direito.

“Já se passou mais de um ano nes-

um período de 30 dias, e atualmente, já

te processo que ainda está em anda-

“Agora que acompanho o Davi dia-

instante perder minha liminar. Espero

possui o benefício de forma definitiva.

riamente, percebi um grande desenvolvimento em sua fala e em seu relacionamento com outras pessoas. O fato de

eu estar presente ajuda muito, porque

mento, corro o risco de a qualquer

que antes que isso aconteça já exista uma lei a favor das pessoas que possuem dependentes com deficiência”, finaliza Vanessa.

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Laramara

Oficina de automaquiagem Jacques Janine e Laramara unem expertises em oficina de beleza Da redação | Foto: Celina Germer

36

revista incluir


A

impossibilidade de enxergar o próprio reflexo no espelho não

CORES E TEXTURAS

Com o apoio da Vult Cosméticos, que doou

significa que mulheres com defi-

os itens de make para a oficina, as mulheres

make com perfeição. É com esse conceito

mundo de cores, texturas e tendências de ma-

ciência visual não possam fazer seu próprio

que o Jacques Janine e a Laramara – As-

sociação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual – criaram uma ofi-

cina para ensinar dicas de automaquiagem às pessoas cegas e com baixa visão.

Sob o comando da maquiadora e con-

sultora de imagem da rede de salões, Chloé Gaya, a oficina tem como principal objetivo

com deficiência visual são apresentadas a um quiagem. Para isso, os produtos serão identi-

ficados em braile, sistema de leitura e escrita dos cegos, e em tipos ampliados; e as alunas

serão estimuladas pelo tato e por outros sen-

tidos sensoriais, fomentando a importância da autovalorização e a independência das pessoas com deficiência visual no dia a dia.

Segundo Lilia Giacomini, pedagoga que

valorizar a beleza e melhorar a autoestima

realiza atendimentos de atividades de vida

Em seis aulas que inclui teoria e prática,

quiagem é uma experiência nova para a Lara-

das participantes.

a oficina surgiu como uma oportunidade enriquecedora de autoconhecimento, pois

ensina as participantes a mapear seu pró-

prio rosto e a identificar seus traços por meio da experiência tátil e de técnicas de maquiagem. Entre os assuntos abor-

dados estão desde a rotina de cuidados de preparação da pele, as funções dos

produtos e até os truques de como fazer um delineado.

“A maquiagem faz parte de nossa ima-

autônoma na Laramara, a oficina de automamara. “Estamos iniciando um projeto que é um

complemento de outras ações oferecidas pela instituição no universo das atividades de vida

autônoma, para que a pessoa com deficiência visual aprenda a se cuidar melhor e conheça a

sua própria identidade. E, quando pensamos em valorizar a beleza, respeitando as características de cada um, também percebemos um avanço nas relações pessoais, contribuindo para inclusão social”, destaca.

Em seus quase 25 anos de existência, a La-

gem pessoal e ela é muito importante, pois

ramara ganhou reconhecimento nacional e

diante do mundo. Quando nos sentimos

tados ao desenvolvimento de crianças, jovens,

influencia na maneira como nos sentimos mais bonitas, elevamos nossa autoestima e ficamos ainda mais felizes. Nesta oficina, ensinamos os cuidados com a beleza e a fazer uma maquiagem de maneira prática para o dia a dia e para ocasiões especiais”,

explica Chloé Gaya, maquiadora e consultora de imagem do Jacques Janine.

internacional por seus projetos assistenciais vol-

adultos e idosos com deficiência visual no Brasil e na América Latina. Nesse período, assistiu a mais de 10 mil famílias, oferecendo apoio no

processo de independência e autonomia nas atividades cotidianas. Também é referência na

luta pela inclusão e participação social dessa importante parcela da população.

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Estamos de olho

Acessibilidade ao pagar

Máquinas de débito e crédito ainda não são 100% adaptadas para pessoas com deficiência visual Por: Letícia Leite | Fotos: Shutterstock

38

revista incluir


R

ealizar transações financeiras é uma

atividade que exige muita cautela, todo cuidado é pouco para que os

dados bancários não fiquem expostos. Agora imagine no caso de pessoas com deficiência visual. Se não houver alguém de confiança para poder auxiliá-la nos procedimentos, a situação torna-se complicada.

Outro problema é a falta de recursos táteis

e sonoros em máquinas de cartão de débito

ou crédito, que se agravou por conta da substituição das máquinas antigas, que tinham botões físicos, por modelos mais modernos touchscreen

que

não

inviabilizando o pagamento.

possuem

teclas,

Segundo Alberto Pereira, consultor de aces-

sibilidade da Laramara – Associação Brasileira

de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual,

“é preciso melhorar diversos aspectos de usabi-

lidade dos terminais de pagamentos eletrônicos para os cegos. A falta de acessibilidade nas máquinas pode deixar essas pessoas vulneráveis a

golpes, além de impedir que elas exerçam seu direto de cidadania e participação social”.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO?

Em janeiro de 2016, entrou em vigor

a Lei Brasileira de Inclusão, que assegura

uma máquina totalmente acessí-

tre as pessoas com deficiência e cria um

pessoa cega ou com baixa visão di-

igualdade de direitos e oportunidades endesenho universal de acessibilidade, em

que nada pode prejudicar ou impedir a participação social desse grupo de brasileiros,

“Empresas operadoras de cartões de crédito e débito terão que oferecer teclas em braile, adaptar informações em áudio e aumentar as proteções laterais nos equipamentos.”

QUAL É A SOLUÇÃO?

Chegou-se à conclusão que

inclusive no acesso às novas tecnologias.

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a Lei

nº 4.754 publicada no Diário Oficial da União

determina que, até maio deste ano, empresas

operadoras de cartões de crédito e débito terão que oferecer teclas em braile, adaptar

informações em áudio e aumentar as prote-

vel seria a que possibilitasse que a gitasse com autonomia, a partir de

recursos táteis, e que também fosse capaz de verbalizar, passar através

de um fone de ouvido todas as in-

formações que seriam mostradas em telas, como o valor da compra,

o número de parcelas e se o pagamento seria realizado em débito ou crédito.

“Temos dois tipos de máquinas

ções laterais nos equipamentos. O descum-

no mercado: as que possuem teclas

na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990,

são sensíveis ao toque devem ter

primento sujeitará às penalidades previstas do Código de Defesa do Consumidor.

Instituições como a Laramara, a Organi-

zação Nacional de Cegos no Brasil, a Asso-

ciação Brasileira de Cartões e Serviços e a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiên-

e as touchscreen. Mesmo as que

marcações táteis, pequenos relevos que permitam que o deficiente

localize o posicionamento dos números”, garante Pereira.

Ainda segundo o especialista, é

cia têm ouvido pessoas com deficiência para

de suma importância que ambos os

ideal de máquina de cartão de débito e cré-

para assim, se tornarem completa-

solucionar a grande questão: Qual é modelo dito para as pessoas com deficiência visual?

modelos tenham comando de voz, mente acessíveis.

revista incluir

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Projetos especiais

Blocos de montar ganham versão adaptada para alfabeto braile Projeto experimental é uma nova ferramenta de alfabetização e inclusão de crianças cegas Da redação | Fotos: Divulgação

P

ara as escolas brasileiras todo

minidocumentário.

área educacional.”

principalmente, os que contém

de Apoio à Inclusão, da Fundação Dorina,

dade, já que o Braille Bricks ainda não está

cativas que despertam o aspecto lúdico e

va e surge para contribuir com o universo

visual do Brasil e do mundo. Para que as peças

material didático é bem-vindo,

informações em braile. As ferramentas edutátil das crianças que possuem deficiência

visual são muito importantes, uma vez que complementam o uso de livros e apostilas na alfabetização. Pensando nisso, a

Lew’Lara\TBWA criou o Braille Bricks, um alfabeto em braile desenvolvido a partir de peças clássicas de blocos de montar.

O projeto, utilizado pela Fundação Dorina

Nowill para Cegos, se transformou em um

40

revista incluir

Para Eliana Cunha, Assessora de Serviços

o Braille Bricks é fruto de uma ideia criati-

educacional. “O sistema de escrita e leitura braile é fundamental para o processo de

alfabetização das crianças cegas e agregá-las

a peças conhecidas e apreciadas por todas as crianças (e adultos também!) faz com que o Braille Bricks seja um recurso lúdico que con-

tribuirá com a aprendizagem, promovendo

interatividade entre todas as crianças, além de se constituir uma tecnologia assistiva na

O objetivo do vídeo é mobilizar a socie-

acessível para as crianças com deficiência possam ser produzidas em escala global, o

projeto estará disponível de forma gratuita

no site Creative Commons, onde qualquer fabricante que se interessar pode usar a ideia e executar. Para que a iniciativa do projeto che-

gue até os fabricantes, foi lançada a hashtag

#BrailleBricksForAll nas redes sociais. A sociedade pode torná-la conhecida e convencer

marcas de brinquedos a produzir o produto


para crianças de todo o mundo.

“Vimos o potencial de usar brinquedos na

educação do braile em escolas e também na inclusão das crianças com deficiência visual na

sociedade. Ver crianças com e sem deficiência reunidas em torno desse produto – brincando e aprendendo – nos deixou muito felizes. Mas a meta é tornar esse produto global,

convidando as pessoas a pressionarem os fabricantes com a hashtag #BrailleBricksForAll.

O registro do produto está disponível através do Creative Commons,” conta Felipe Luchi, CCO da Lew’Lara\TBWA.

Já Márcio Oliveira, CEO da Lew’Lara\TBWA,

“aprender brincando sempre foi um jeito mui-

to importante de desenvolver e educar as crianças. Conseguir trazer para esse processo

de aprendizado a inclusão de crianças cegas é maravilhoso”.

O PROJETO

A ideia nasceu a partir de um insight da

primeira observação do alfabeto braile, o qual

é semelhante às peças plásticas de montar, que seguem o padrão 3x2 pinos. A partir dessa

referência, Leandro Pinheiro e Ulisses Razaboni, dupla envolvida no projeto, tiveram o desafio de buscar peças originais com as

cores clássicas da marca pioneira. Toda a ação, desde a ideia até a produção das peças, levou mais de um ano.

Com o projeto finalizado, a agência en-

tregou o brinquedo adaptado a crianças com deficiência visual de 7 a 10 anos de idade. O uso do Braille Bricks foi filmado e transformado

em um minidocumentário, que mostra as reações reais das crianças, a funcionalidade do novo recurso e os resultados gerados para os alunos.

Para conhecer mais sobre o projeto, aces-

se: www.braillebricks.com.br.

Se quiser conferir o

documentário, acesse:

revista incluir

41


Coluna

Mano Down M

uito honrado em poder contribuir para uma revista pela qual

tenho muita admiração. Quan-

do recebi o convite da Julliana Reis, senti um

misto de felicidade e responsabilidade. Aceitei

Por: Leonardo Gontijo | Foto: Divulgação

O Instituto Mano Down visa a longo prazo dentro de seu planejamento:

- Difundir, reiterar e perseverar na cau-

o desafio ciente que não podemos perder um

sa da inclusão da pessoa com síndrome

visibilidade social das pessoas com Down.

para uma mudança social quanto à ques-

segundo sequer na luta pela erradicação da inAntes de mais nada, gostaria de me apre-

sentar: Me chamo Leonardo Gontijo e sou um ser humano em busca de uma sociedade mais

de Down em todas as situações de vida, tão do descrédito nas capacidades da pessoa que tem a síndrome de Down;

- Reunir e disseminar, por todos os

justa e inclusiva. Formado em Direito e Enge-

meios, informações referentes às pessoas

do Dudu do Cavaco. Também sou professor

mudança por parte da sociedade, quanto

nharia Civil, sou mais conhecido como irmão e consultor em Sustentabilidade e Inclusão,

com síndrome de Down, visando uma

a valorização das pessoas que têm a sín-

Vale ressaltar que, embora as alterações

cromossômicas da síndrome sejam comuns a todas as pessoas, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as malformações. A única

característica comum a todas as pessoas é o

déficit intelectual. Não existem graus de sín-

drome de Down; a variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é

a mesma que existe entre as pessoas que não

têm a síndrome. Diante disso, não podemos

generalizar as características e comportamentos das pessoas com Down. Cada ser é singular e espetacular.

Muito grato pelo espaço. Você leitor(a)

drome de Down;

está convidado(a) a partilhar conosco seus an-

peração de barreiras e para a construção de

educativos, visando à valorização das pes-

e inclusão. Sinta-se em casa! Vamos juntos. Su-

Com muita alegria abro este espaço para

- Buscar meios de capacitação profis-

pai da Duda e da Laura, marido da Carolina. Acredito no amor como combustível para supossibilidades.

- Organizar eventos sociais, culturais e

soas com síndrome de Down;

falar e debater, para ouvir e acolher. Tendo

sional que permitam a inclusão das pes-

pecificamente a temática síndrome de Down

de trabalho.

como pilares os temas de inclusão social, es-

e suas inúmeras nuances e possibilidades. Este espaço visa ser um ponto de encontro. Uma janela para ensinar e aprender.

O QUE É A SÍNDROME DE DOWN?

amor ao meu irmão Dudu do Cavaco e hoje

comotrissomia 21. Para um irmão apaixona-

Down tem como um dos seus principais obje-

tivos o desenvolvimento das possibilidades das

pessoas com Down para a participação social. A missão do Instituto Mano Down é valorizar

as potencialidades das pessoas com Down e estimular suas habilidades, aptidões e com-

petências. Além de congregar as pessoas com síndrome de Down, seus familiares e interessados na causa.

42

revista incluir

inclusivos.

Para os cientistas é uma alteração genética

produzida pela presença de um cromossomo

ampliou suas atividades. O Instituto Mano

gestões e toques serão bem-vindos. Abraços

soas com síndrome de Down no mercado

Atualmente sou do presidente o Instituto

Mano Down, associação que começou por

seios, utopias e convicções sobre a vida, amor

a mais, o par 21, por isso também conhecida do é uma forma de aprender a conviver com

as diferenças. Uma forma de olhar para a vida

com menos crenças e mais sentimentos. Uma possibilidade de perceber a diversidade humana, uma maneira de descobrir que a maior tec-

nologia existente é a tecnologia humana. Uma forma de ampliar a valorização da vida. Um caminho que sinaliza para olhar mais para dentro

em busca de essências. Uma nova forma de viver e conviver.

MANO DOWN

www.manodown.org.br


revista incluir

43


Educação

A educação com comunicação adaptada Além de aprimorar o processo de aprendizagem dos alunos com deficiência, métodos alternativos de inclusão em sala de aula contribuem para maior socialização Por: Letícia Leite | Fotos: Shutterstock/Arquivo Pessoal

44

revista incluir


ta que ainda falta estrutura nas escolas para receber pessoas com deficiência.

“Apesar de possuírem boas salas de recur-

sos para comunicação adaptada, as escolas

regulares estão sobrecarregadas. Na escola municipal onde a Alana estuda atualmente,

há 47 alunos de inclusão para duas professoras e um estagiário especializados”, diz Nanci.

Os educadores devem elaborar um tra-

balho multidisciplinar com as metodologias

possíveis a fim de identificar qual é a forma de

comunicação ideal para cada aluno, e a parti-

cipação da família torna-se muito importante à medida que ela já conhece suas particularidades. Saber os detalhes da rotina do aluno

pode ser fundamental para auxiliar o professor neste processo.

Além de proporcionar um processo de

aprendizagem mais eficaz, a comunicação adaptada traz uma série de benefícios para os

Q

alunos que a usufruem, auxilia na construção

A aluna Alana

da identidade e ainda eleva sua autoestima, à medida que eles sentem-se mais incluídos àquela turma.

uando a palavra comunicação é

para exercer esta atividade.

vem em mente é sua forma oral,

haja um profissional especializado em comu-

menos tempo e participem das atividades de

ver a interação. Entretanto, no universo da

dos alunos. Aos poucos, ele vai se tornando

grande prazer pertencer ao grupo. Quando

mencionada, geralmente o que

ocultando outras formas capazes de promoinclusão, há diversas metodologias que contribuem para que pessoas com deficiência

sejam capazes de se comunicar e desenvolver

determinadas atividades, como estudar por exemplo, promovendo maior socialização e

“É importante que nas turmas regulares

nicação adaptada que faça parte da rotina parte da turma e auxiliando para que ela seja colaborativa, passando a entender as necessi-

dades do colega com deficiência”, diz a especialista.

Nanci Vieira da Costa, arquiteta, é mãe da

instigando o desejo de aprendizagem.

Alana de 11 anos, que tem autismo moderado

nhecida, normalmente é posta em prática

de sala na Defensoria Pública há quatro anos,

A comunicação adaptada, como é co-

por educadores, seja em colégios privados,

especializados ou em escolas regulares. Como previsto na Lei Brasileira da Inclusão, toda e

qualquer instituição de ensino deve receber e dar suporte a estes alunos que necessitam de uma atenção especial. Segundo Ingrid

Strelow, mestre em Educação e especialista em Neuropsicopedagogia, todas as escolas

devem contar com profissionais capacitados

“Por mais que eles fiquem na sala por

forma mais restrita e adaptada, para eles é um o aluno consegue se comunicar de alguma forma, eleva sua autoestima e até mesmo o vínculo com o professor”, afirma Laura Claés Maranhão, psicóloga clínica que atua com pessoas com deficiência e suas famílias.

Promover a comunicação adaptada

e conta com um pedido de acompanhante

é um grande desafio no processo de in-

que ainda não foi atendido. Alana já passou

quando há poucos recursos para investir

por diversos tipos de escolas, regular estadual, regular particular, escola especial, e atualmen-

te está em adaptação em uma escola regular

municipal que possui programa de inclusão em Porto Alegre (RS), onde reside.

Alana possui o lado cognitivo desenvol-

vido e após muito tratamento é capaz de

comunicar-se verbalmente, mas Nanci acredi-

clusão nas salas de aula, principalmente

em tecnologias especializadas. Mas mes-

mo nestas circunstâncias é possível desenvolver um trabalho de integração de

qualidade utilizando materiais pedagógicos adaptados, capacitando os alunos

a se expressarem, elaborar perguntas, re-

solver problemas, tornando-os mais participativos.

revista incluir

45


Educação

LIBRAS Apesar de já ser bem popular e muito

utilizada na comunicação de pessoas com

deficiência auditiva, vale ressaltar que a Lín-

gua Brasileira de Sinais (Libras), assim como qualquer outra, precisa de constante atuali-

zação, pois novas gírias surgem a todo tem-

po. Entretanto, mesmo sem o domínio das novas expressões, ainda é possível manter uma comunicação efetiva utilizando os sinais tradicionais.

PRANCHA DE COMUNICAÇÃO COM SÍMBOLOS E FIGURAS

Este método de comunicação

alternativa é muito útil no proces-

so de ensino e aprendizagem visto que o aluno consegue expressar

suas sensações e sentimentos, facilitando a aplicação das ativi-

dades. Geralmente utiliza-se nas

pranchas ilustrações como animais, tipos de alimentos, elemen-

tos da natureza, todas separadas tematicamente, permitindo que o aluno aponte suas preferências e organize seu pensamento.

46

revista incluir


PRANCHA DE COMUNICAÇÃO ALFABÉTICA

Composta pelos números e le-

tras do alfabeto tradicional, através da prancha alfabética, o aluno

pode formar frases apontando ou

esboçando reações quando uma segunda pessoa indica um elemen-

to da prancha. Assim, esta é uma boa opção para pessoas que já estão em processo de alfabetização dentro da língua portuguesa. APLICATIVOS

A comunicação adaptada digital está ganhando cada vez

mais espaço, softwares ricos em ilustrações no estilo ‘Flash-

cards’, capazes de construir frases e emitir sons a partir de imagens, têm sido muito bem avaliados por profissionais da

educação inclusiva. Pessoas com autismo têm se beneficiado bastante com estas novas tecnologias. O aplicativo Prolo-

quo2Go, por exemplo, fornece uma solução de comunicação aumentada para quem possui dificuldade com a oralização.

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Esporte

Educação Física para crianças com autismo Por: Flávio Henrique Corrêa*

E

star na sociedade com limitações

possibilitando-lhes o desenvolvimento da

proposto intermitentemente. In-

a construção de si próprios como seres

das mais variadas naturezas nos é

terpretações equivocadas, erros e aprendi-

zagens são enfrentamentos comuns quando nos deparamos com limitações.

Para Tomé (2007), cabe ao professor

de educação física estabelecer um princípio básico de atividades, com aquecimento, atividade principal e relaxamento, impondo novos desafios como superação de limites. As atividades propostas devem,

além de melhorar o condicionamento físico da criança com autismo, melhorar sua integração social, diminuir padrões este-

reotipados e melhorar sua concentração.

consciência corporal, a qual lhes permite

inseridos no mundo. Esta dimensão de atuação da referida disciplina é dada a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96, que lhe confere um papel

pedagógico formativo e informativo junto às crianças, jovens e adolescentes, em que o

papel formativo diz respeito às contribuições

relativas ao desenvolvimento físico, social e psicológico e o papel informativo refere-se à ‘transmissão e produção do conhecimento,

vinculado ao objeto de estudo da área – o desenvolvimento humano’.

Portanto, a elaboração de um progra-

Introduzir uma criança com autismo em

ma de atividade física para a criança com

coletiva, exige uma atenção especial do

sua socialização e melhorar a base familiar.

uma atividade física, seja ela individual ou profissional de educação física.

Segundo Oliveira (2004), entende-se

que a educação física, como disciplina, pode

atuar junto aos alunos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), realizando

atividades

coletivas

ou

individuais que potencializem a socialização e

a

48

interação

social

revista incluir

destes

alunos,

autismo deve ter como principal objetivo A dificuldade de socialização do autista

deve ser vista como um grande desafio para o professor de educação física, saben-

do que em muitos dos casos a criança pre-

serva sua inteligência, cabe ao professor desenvolver atividades que estimulem a

integração, a cooperação e o trabalho em grupo.

*Flávio Henrique Corrêa é profissional de Educação Física e diretor do Departamento Técnico de Esportes Adaptados da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Barueri (SP)


revista incluir

49


50

revista incluir


A voz da

comunidade autista Apresentador se destaca como a voz da comunidade autista no Brasil e fala sobre sua relação com o filho Romeo Por: Julliana Reis | Fotos: Marcela Barros/Arquivo pessoal

C

om mais de 17 anos de carreira

anos, eu era muito jovem, mas digo que

ca atualmente no comando do

desejado. No momento em que peguei

artística, Marcos Mion se desta-

programa Legendários, na Rede Record, mas já passou por outras emissoras e também acumula em seu currículo trabalhos

como ator, com atuações em séries, filmes

foi muito melhor do que eu poderia ter ele no colo, virei um homem de verdade. Mudei a minha postura.

Como foi receber o diagnóstico de

e peças teatrais.

autismo do Romeo?

a designer Suzana Gullo, com quem tem

fosse ele do jeito que fosse, era o filho

cado com Transtorno do Espectro Autista

a parte difícil, que obviamente teve, para

Marcos Mion é casado há 11 anos com

três filhos, Romeo, de 10 anos, diagnosti(TEA), Donatella de 7 anos, e Stefano, de 6 anos.

Por conta de seu primogênito, Mion

tem se destacado como a grande voz da

comunidade autista no Brasil e compartilha um pouco mais sobre suas histórias

com o filho Romeo, na entrevista que você confere a seguir!

A paternidade mudou sua vida?

Desde os 16 anos de idade eu desejava

ser pai. O Romeo veio quando eu tinha 24

Eu juro que não tive medo, porque

que eu tanto quis na minha vida. Mesmo

mim estava dentro do pacote de ser pai. A

única coisa que eu tinha certeza era que ele precisava de mim e que eu estaria do lado dele para o que fosse preciso. Sempre recebi isso como uma bênção, um

presente de Deus. O amor sempre fala

mais forte. Talvez eu pense assim até porque eu fui criado numa família de médi-

cos. Mas não tenho intenção de criar uma família perfeita, a minha postura em relação a isso sempre foi muito ‘faz parte do meu pacote’.

revista incluir

51


Entrevista

52

revista incluir


Como você lida com essa questão no

bravo. E as pessoas criticavam: nossa, que

lhos especiais cresce sem acreditar em si

Tivemos um período de reclusão,

tem o julgamento dos outros. Por isso

autoestima, porque os pais só dão aten-

âmbito social?

porque é uma exposição, você não sabe como vai ser. Quando você está na fase da

batalha, sente que ainda não é o momento de se expor. Deixamos de ir a muitos

lugares. Eu e a Suzana nos dedicamos de corpo e alma ao nosso anjo e presente de

Deus. Mas quando compartilhei publicamente essa questão era porque tínhamos decidido que era o momento, queríamos viver de verdade e com verdade. Hoje em dia é mais tranquilo, porque o Romeo leva uma vida normal e quem olha de fora só

pai, deixa a criança nesse estado. Ainda

fomos nos fechando. Mas hoje a família toda sai junto, vai a babá, meus três filhos,

a sogra, minha mãe, o primo... E em lugares onde as pessoas não sabem sobre o

Romeo, a gente faz algumas coisas, como chegar num restaurante e avisar as mesas ao lado que vai ficar um pouco de bagun-

ça ali. Aí dizemos para ficarem à vontade se quiserem mudar de lugar. E as pessoas não se assustam mais.

E como é a relacão do Romeo com os

acha que ele é tímido. Mas, no começo,

irmãos?

gar o Romeo no colo e ir embora com ele

que a grande maioria dos irmãos de fi-

não tinha muito controle. Tinha que pe-

Há um estudo muito sério que diz

mesmos, se sentindo abandonados, sem ção para o filho especial. Minha mãe é

psicanalista e independentemente disso o Romeo sempre teve uma psicólo-

ga, desde o começo, com quem a gente

conversa muito. E eu procuro ler bastante sobre o assunto também. Toda vez que a

gente ia pra fora eu tentava conversar e compreender o melhor jeito de lidar com isso, até que esse estudo chegou até nós. Hoje, dividimos o tempo entre eles, o

que é fundamental. Até porque o Romeo fica muito comigo. Então, o Stefano vem

mostrar alguma coisa, eu pego o Romeo e falo: filho, agora eu vou falar com o seu irmão, tá? Daqui a pouco o papai volta e

revista incluir

53


Entrevista fala com você de novo. Tem que ter essa divisão de tempo. E aí, com isso, eu dou

100% de atenção que o outro também precisa. Porque todo pai tem o instinto de

ajudar quem está precisando mais, então, é importante ter essa consciência.

E como vocês lidam com o tratamento?

É obvio que não é fácil, não é da noite

para o dia que a criança vai se desenvol-

ver. Mas eles precisam de muito carinho,

paciência, paciência, paciência e amor. Nasceu, num nasceu? É seu, vai ter que viver e criar ele, certo? Então, cria do jeito

certo. Eu lembro que a gente parou um tratamento em Miami que era muito bem

conceituado porque eles acharam que

era o momento de moldar o comporta-

mento social do Romeo. E aí eu falei: não, gente. Eu não quero transformar meu filho num robô. Se ele quiser balançar a mão (movimento chamado de flapping),

que ele balance; se ele quiser pular, que ele pule. É meu filho e ele é assim. Real-

mente há evolução nesse tipo de trata-

mento, mas você vê que eles aprendem a fazer aquelas coisas e fazem assim sem-

pre. Lógico que tem gente que opta por

Você é considerado um represen-

tante da comunidade autista no Brasil. Como você lida com esse título?

Me sinto abençoado e especial. Acho que

esse tipo de tratamento e não sou contra

não tem como fugir, porque no momento

para o meu filho. É a identidade dele, não

foi um dos escolhidos, foi abençoado na

quem faz. Mas eu não achei que era ideal pode perder isso. Os comportamentos e atitudes, mesmo sendo características de

uma criança autista, fazem parte de como ele é, da essência dele.

E como vocês avaliam a repercussão

de tudo isso?

Eu me sinto muito feliz de ver que o

Romeo está servindo de exemplo para

muitas pessoas. Tenho um orgulho enorme quando vejo o depoimento dos fãs

nas mídias sociais. Sou apenas um instrumento para levar o amor do Romeo adiante.

54

revista incluir

que você tem o entendimento que você

verdade, para fazer parte desse universo, aí as coisas começam a fazer um pouco de sentido na sua cabeça. Eu tenho muitos anos dedicados à comunicação e à atuação,

sendo reconhecido como uma pessoa de credibilidade no meio artístico, que leva

emoção para as mais variadas pessoas, e sou presentado por Deus com uma criança que

faz parte do TEA, aí você começa a juntar

as peças e é uma coisa quase que orgânica. Conheço pessoas que fogem da realidade e

que preferem viver a vida escondendo ou deixando de lado por inúmeros motivos, cada um tem o seu. Mas tem a outra leva,

como o Romário, a Isabella Fiorentino, e eu, no caso. Como eu falo hoje, muita gente

me agradece e me fala que eu ajudo, mas eu sempre falo que não sou eu, isso é o

Romeo, e eu sou usado apenas para passar adiante isso para pessoas que eu cativei ao

longo da minha carreira, então as coisas começam a se encaixar, nesse sentido. A

partir do momento que eu consigo chegar

na casa das pessoas, com essa credibilidade

que eu conquistei por outros motivos, nada mais natural que eu usar isso por um motivo tão nobre que na verdade é passar adiante o que o Romeo me ensina. Acho

importante falar que eu me coloco sempre

muito como aprendiz dele. Óbvio que tem

a correria do dia a dia, tem a questão dos horários, porque a Donatella e o Stefano

vão chegar atrasados na escola, mas o

Romeo tem o tempo dele e respeitamos isso muito.


revista incluir

55


Entrevista

56

revista incluir


Mesmo com a correrria do dia a dia, tem

algum momento especial em que vocês procuram estar juntos?

Todas as noites nos reunimos para rezar e,

neste momento, o Romeo começa a falar das

coisas do dia e o que ele pensa e esses apon-

tamentos dele me influenciam muito. São mo-

mentos de ouro, na forma como eu sou com os outros e isso é muito legal.

Como é a rotina do Romeo?

Ele tem uma rotina muito intensa, porque

a gente desde sempre investiu muito e se dedicou demais na evolução dele. A rotina dele

já teve mil configurações, mas hoje em dia ele

estuda em uma escola regular, e é o único aluno com TEA. Ele tem o acompanhamento de uma professora acompanhante que faz um

trabalho específico em relação às matérias que

estão sendo dadas em sala de aula. Isso porque o Romeo está com um défict muito grande

em relação às demais crianças da turma. Então

ela pega o conteúdo que está sendo passado e traduz para ele, que tem alguns horários es-

pecíficos para trabalhar a escrita, a leitura, a se-

mântica e a matemática, separado dos demais alunos. A escola realmente abraçou a gente e

somos muito gratos por isso, pois conseguimos ter essa mobilidade. Tem dias que ele

entra na escola mais tarde para fazer um treino motor e funcional para fortalecer a parte física mesmo. Ele também passa com a psicóloga e

com a fonoaudióloga. Acho importante destacar que realizamos um trabalho com a Gradual,

que alinha todo o trabalho realizado para garantir que o Romeo não perca o que conquistou. Ele também faz aulas de música, com os irmãos. Ele ama artes e faz aulas de canto lírico. Você pensa em fundar uma ONG?

Penso muito, até mesmo porque as que

conheço no exterior são muito legais. Aqui

tem algumas muito bacanas que eu conheço e que fazem a diferença, mas existem limitações de idade e outras questões que não podem

acontecer porque eles precisam de um traba-

lho constante. No entanto, quando me deparei com a questão da burocracia me senti deses-

timulado, mas, ainda assim, penso nisso todos os dias. Queria poder oferecer isso para todo mundo que precisa.

Que mensagem você deixa aos pais que,

como você, têm um filho com autismo?

Se a vida me ensinou alguma coisa que eu

pudesse passar adiante é que no momento

em que você coloca uma criança no mundo, tem uma responsabilidade inerente que

pode fugir, mas ela não vai sair de você. Então,

se o seu filho tiver alguma deficiência ou al-

gum transtorno, você é responsável por essa criança. Acho que toda criança é um presente

que vem para ensinar e para iluminar, fazendo a gente pessoas melhores. Acredito ainda que algumas crianças são presentes escolhidos de Deus e eu não tenho vergonha de falar isso,

como é o meu caso com o Romeo. Eu não se-

ria o que sou, e minha família não seria o que

é, se não tivéssemos ele com a gente. Às vezes parece que o chão vai se abrir, que o desespero vai bater e ouço muito isso dos pais. Outro

dia estava com a Suzana em um evento e uma

senhora veio agradecer e contar pra gente

que tinha um filho com autismo e que ela e o marido não sabiam o que fazer até ler um de

meus posts e, então, eles mudaram a postura e o modo de lidar com o filho. Se eu puder

deixar uma mensagem, é que você tenha orgulho de seu filho, que tenha amor, e se ele for

especial, tenha também paciência. As pessoas acham que é tudo muito romântico, mas não

é. Meu filho grita pra caramba, tem surtos de

virar a mesa, mas, nessas horas, não adianta brigar. Eu paro, olho, coloco a mesa de volta, fico do lado dele até terminar o surto e sempre a primeira coisa que ele fala depois disso

é desculpa. Eles não querem fazer isso, mas é mais forte do que eles. Então, temos que ter

essa elevação para entender isso. Não é fácil, mas sempre tive isso como um instinto e, por

isso, eu falo que amor, dedicação e paciência são fundamentais.

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Rio 2016

Versão em Português

TIRO COM ARCO Modalidade conta com disputas individuais e por equipes

O

Fonte: CPB | Fotos: Getty Images China Photos

tiro com arco é uma das mais

exclusivamente masculinas, o tiro com arco

ainda conta com a disputa por equipes, com

Jogos Paralímpicos e está pre-

passos.

com Arco paralímpico são as mesmas do es-

tradicionais modalidades dos

sente no programa desde 1960, nos Jogos

incluiu as mulheres desde seus primeiros A modalidade é organizada pela Fede-

de Roma (ITA). A história do esporte é ainda

ração Internacional de Tiro com Arco (WA,

Inglaterra, por ideia do neurologista alemão

comando da disciplina, que até então esta-

mais antiga. No meio da década de 1940, na Ludwig Guttmann, a modalidade começou

a ser praticada como atividade de recreação e recuperação de feridos da Segunda

Guerra Mundial. Em 1948, a primeira com-

petição de tiro com arco para paraplégicos

em inglês). Em 2007, a entidade assumiu o va com o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês).

COMO É DISPUTADO

O Tiro com Arco paralímpico pode ser

três arqueiros em cada time. As regras do Tiro porte olímpico. Os participantes têm como

objetivo acertar as flechas o mais perto possível do alvo, que está colocado a uma distância

de 70 m e tem 1,22 m de diâmetro, formado

por dez círculos concêntricos. O mais externo

vale um ponto, e o central vale dez. Quanto mais próxima do círculo central estiver a flecha, maior a pontuação obtida. BRASIL NOS JOGOS

foi disputada em Stoke Mandeville (ING).

disputado por pessoas com amputações, pa-

sitada do tiro com arco em Jogos Paralím-

doenças disfuncionais e progressivas, como a

de tiro com arco em toda a história dos Jogos

nas articulações, problemas na coluna e múlti-

manha, o arqueiro que representou o País ter-

Uma característica marcante, e até inu-

picos, é que as provas foram disputadas

por homens e mulheres desde o início. Ao contrário da história de diversas outras modalidades, que começaram com disputas

raplégicos e tetraplégicos, paralisia cerebral, atrofia muscular e escleroses, com disfunções plas-deficiências.

Além das provas individuais, a modalidade

O Brasil só teve um participante na disputa

Paralímpicos. Em 1972, em Heidelberg, na Aleminou a prova em 25º. CLASSIFICAÇÃO

Os atletas do tiro com arco são divididos

em três categorias: ARST, ARW1 e ARW2. A

ARST engloba aqueles que não possuem deficiência nos braços, mas possuem grau

de perda de força muscular nas pernas, de coordenação ou mobilidade articular. Na

ARST, o atleta pode atirar sentado em uma cadeira normal, com os pés no chão ou em

pé. A ARW1 é para atletas com deficiência nos braços e nas pernas, com alcance limitado de

movimentos, de força, de controle dos braços e pouco ou nenhum controle do tronco. Já a

ARW2 é para aqueles que possuem paraplegia e mobilidade articular limitada nos mem-

bros inferiores e que precisam da cadeira de rodas para uso diário.

58

revista incluir


Versão em Inglês

PARALYMPIC ARCHERY The sport features individual and team competitions Source: CPB | Photos: Getty Images China Photos Translated by: Karina Barbosa dos Santos

A

rchery is one of the most traditional sports in the Paralympic Games and features in the pro-

gram since 1960, in the Rome Games (ITA). The history of sport started in mid-1940s, in England. Thanks to German neurologist Ludwig Guttmann, the sport began to be practiced as a recreational and recovery activity for those injured in World War II. In 1948, the

first archery competition for paraplegics was held in Stoke Mandeville (ING).

A remarkable and unusual feature of ar-

chery in the Paralympics is that the sport was played by men and women since its debut.

Unlike many other sports, which began exclusively with male competitions, archery included women from its first steps.

The sport is organized by the World Ar-

chery Federation (WA). In 2007, the organi-

zation took charge of the sport, which was

as Olympic Archery. The goal is to hit the

pic Committee (IPC).

placed 70m far from the players and marked

tions: ARST, ARW1 and ARW2. ARST includes

ring is worth one point, and a hit in the center

have a degree of leg disability (loss of mus-

first governed by the International Paralym-

HOW IT IS PLAYED

Paralympic Archery can be played by

amputees, paraplegics and quadriplegics,

also by people with cerebral palsy, dysfunc-

tional and progressive diseases, such as muscle atrophy and sclerosis, joint dysfunction,

bull’s-eye on a 122cm wide target, which is

by ten concentric rings. A hit in the outermost

is worth ten points. The closer the arrow is to the center ring, the higher the score. BRAZIL IN THE GAMES

Brazil had only one Archery player in the

back problems and multiple disabilities.

history of the Paralympic Games. In 1972, in

competitions (three archers in each team).

sented the country has finished the compe-

The sport features individual and team

The rules of Paralympic Archery are the same

Heidelberg, Germany, the archer who repretition in the 25th place.

CLASSIFICATION

Athletes are divided into three classifica-

those who do not have arm disabilities, but cle strength, coordination or joint mobility). In ARST, athletes can shoot standing or sitting in a regular chair, with both feet on the

ground. ARW1 is for athletes with disabilities in the arms and legs who have limited mobi-

lity, strength or control of arms and little or no

control of the trunk. ARW2 is for paraplegics and people with limited lower limb mobility who need a wheelchair for everyday use.

revista incluir

59


Rio 2016

Versão em Português

TIRO ESPORTIVO

Carlos Garletti foi o primeiro brasileiro a disputar uma edição dos Jogos no tiro esportivo Fonte: CPB | Foto: Getty Images China Photos

provas de 50 m, também com as balas de 5.6 mm de diâmetro.

BRASIL NOS JOGOS

O Brasil ainda não tem medalhas na mo-

dalidade em Jogos Paralímpicos. Nas últimas duas edições dos Jogos, em Pequim/2008 e

Londres/2012, o país teve um representante

nas disputas: Carlos Garletti. Primeiro brasileiro

a disputar uma edição dos Jogos no tiro esportivo, Garletti compete nas provas de carabina. CLASSIFICAÇÃO

O tiro utiliza um sistema de classificação

O

tiro esportivo estreou nos Jogos Paralímpicos em 1976, em Toron-

to. Porém, até chegar ao formato

de disputa atual, passou por algumas mudan-

funcional que permite que atletas com difepes no Aberto de Apeldoorn, na Holanda. COMO É DISPUTADO

As regras das competições têm apenas

ças durante os ciclos. Em Toronto, apenas os

algumas adaptações. Pessoas amputadas,

Arnhem, Holanda, as mulheres entraram na

deficiências locomotoras podem competir

homens competiram. Quatro anos depois, em disputa, inclusive em provas mistas. Em Stoke

Mandeville e Nova Iorque/1984 e Seul/1988, as provas mistas foram retiradas do programa,

voltando apenas em Barcelona/1992, substituindo a prova feminina. Quatro anos depois,

em Atlanta, os três tipos de disputas foram fixa-

paraplégicas, tetraplégicas e com outras nas classes SH1 (deficiência baixa, sem ne-

cessidade de apoiar a arma) e SH2 (deficiên-

cia mais aguda, com necessidade de apoio para a arma). Pessoas com deficiência visual competem na classe SH3.

O alvo é dividido em dez circunferências

das novamente nos Jogos.

que valem de um a dez pontos. Em finais olím-

praticado em 1997, no Centro de Reabilitação

ainda têm pontuação decimal. Neste caso, é

No Brasil, o tiro esportivo começou a ser

da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Em 2002, o Comitê Paralímpico Brasileiro investiu na mo-

dalidade para aumentar o número de pratican-

do, força muscular, mobilidade de membros

superiores e inferiores), e das habilidades que são requeridas no tiro, os atletas são divididos em três classes: SH1, SH2 e SH3. Mas as com-

petições paralímpicas incluem apenas as clas-

ses SH1 e SH2. A diferença básica entre SH1 e SH2 é que atletas da SH2 podem usar suporte

especial para a arma, que obedecem às espe-

cificações do IPC. Os atletas da SH3 possuem debilitação visual.

A classificação do Tiro é dividida em três

querem suporte para a arma;

ção equivalente a 10,9 pontos.

Rifles e pistolas de ar, com cartuchos de 4.5

perfuração é utilizada com projéteis de 5.6 mm.

revista incluir

de funcionalidade do tronco, equilíbrio senta-

possível fazer, com apenas um tiro, a pontua-

Strub, Cillas Viana e Walter Calixto conquistou

60

Dependendo das limitações existentes (grau

classes principais:

mm, são utilizados nas provas de 10 metros

uma medalha de bronze na disputa por equi-

juntos, tanto no individual como por equipes.

picas, os dois círculos menores (9 e 10 pontos)

tes no Brasil. A iniciativa deu resultado já no ano

seguinte, e o trio brasileiro formado por Carlos

rentes tipos de deficiência possam competir

de distância. Já nos 25 metros, uma pistola de Rifles de perfuração e pistolas são as armas das

SH1: atiradores de pistola e rifle que não reSH2: atiradores de rifle que não possuem

habilidade para suportar o peso da arma com

seus braços e precisam de um suporte para a arma;

SH3: atiradores de Rifle com deficiência

visual.


Versão em Inglês

PARALYMPIC SHOOTING Carlos Garletti was the first Brazilian to play the sport at the Games Source: CPB | Photos: Getty Images China Photos Translated by: Karina Barbosa dos Santos

BRAZIL IN THE GAMES

Brazil has not yet won any medals in the

sport in the Paralympic Games. In the last two editions of the Games, Beijing (2008)

and London (2012), the country was repre-

sented by one athlete: Carlos Garletti, the first Brazilian to participate in an edition of

the Games in Paralympic shooting. Garletti competes in carbine events.

S

hooting debuted at the Paralympic Games in 1976 in Toronto. However,

CLASSIFICATION HOW IT IS PLAYED

The rules of the competition have only

it underwent some changes before

a few adaptations. Amputees, paraplegics,

In Toronto, only male athletes competed.

motor disabilities can compete in classes

turning into the current competition format.

Four years later in Arnhem, the Netherlands, women debuted in the dispute and there were

also mixed events. In Stoke Mandeville and New York (1984) and Seoul and (1988), mixed

competitions were no longer part of the pro-

quadriplegics and people with other loco-

SH1 (players are able to support the weapon without a stand) and SH2 (players need a weapon support). People with visual impairment compete in SH3 class.

The target is divided into ten circles

Paralympic Shooting has a functional

classification system that allows athletes

with different disabilities to compete together, both in individual and team events.

Athletes are divided into three classes: SH1, SH2 and SH3, depending on the existing limitations (body functionality, sitting balance, muscle strength, mobility in upper

and lower limbs), and on the skills required for shooting.

However, Paralympic competitions in-

gram. In Barcelona (1992), it replaced the wom-

worth from one to ten points. In Olym-

clude only SH1 and SH2 classes. The main

three types of disputes featured in the Games

9 and 10 points) have decimal points. In

is that SH2 class athletes may use a special

en’s competition. Four years later in Atlanta, all again.

Brazilians started praticing shooting sports

in 1997 at the Rehabilitation Center of the Mili-

pic finals, the two smaller circles (worth this case, it is possible to achieve a score of 10.9 points with a single shot.

For the competitions in which shoot-

difference between SH1 and SH2 classes weapon support, which meet the IPC specifications. SH3 class athletes have visual impairment.

Athletes are divided into three main classes:

tary Police of Rio de Janeiro. In 2002, the Bra-

ers are 10 meters away from the target,

sport to increase the number of athletes in the

4.5mm cartridges in the competitions

letes are able to hold the gun without a

ters, athletes use a rapid fire pistol with

SH2: rifle competitions; athletes are not able

zilian Paralympic Committee invested in the

country. Such initiative became a success in

the following year, when the Brazilian trio Carlos Strub, Cillas Viana and Walter Calixto won a bronze medal in the team competition in Apeldoorn, the Netherlands.

athletes use air rifles and pistols with from distances of 10 meters. For 25 me-

SH1: pistol and rifle competitions; ath-

stand;

5.6mm bullets. For the 50 meter competi-

to hold the gun without a weapon support;

tols with 5.6mm bullets.

sual impairment.

tions, shooters use long rifles and free pis-

SH3: rifle competitions; athletes have vi-

revista incluir

61


Arnold Classic Brasil

Arnold Classic Brasil

investe em inclusão esportiva Quarta edição do evento teve arena paradesportiva com a apresentação de atletas com deficiência em diversas modalidades Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte e Rodrigo Dod / Savaget

M

aior evento multiesportivo

intelectual

rica Latina, o Arnold Classic

capoeira, com os atletas com deficiência

e feira de nutrição da Amé-

Brasil 2016 reuniu no Riocentro, no Rio

das

Olimpíadas

Especiais

Brasil, além de Jiu Jitsu adaptado e de

física da Associação de Assistência à

de Janeiro (RJ), atletas de diversas partes

Criança Deficiente (AACD).

Inclusão, que recebeu a visita do astro

tora da Savaget Promoções & Excalibur

de conferir de perto as atividades da are-

tora do evento, também tem orgulho e

do mundo, com destaque para a Arena

Arnold Schwarzenegger. Ele fez questão

na, por onde passaram paratletas de diversas modalidades.

Dividida em quatro áreas para a práti-

ca de modalidades esportivas adaptadas, a arena sediou disputas de futebol de 5 (para cegos); basquete em cadeira de rodas; bocha paralímpica, e badminton (para cadeirantes).

Segundo Adriana Dutra, coordena-

dora da Arena Inclusão, o público com e sem deficiência que passou pela arena

foi convidado a participar das atividades. “Todos puderam vivenciar as modalida-

des paralímpicas, sempre de forma lúdica, educativa e inclusiva.”

A Arena Inclusão teve apresentações

de judô com os atletas com deficiência

62

revista incluir

Para Ana Paula Leal Graziano, dire-

Congressos e Eventos, empresa promoum carinho especial em relação à Arena Inclusão. “Tive a honra de escutar várias vezes o governador Schwarzenegger e ele sempre mencionava a importância de levarmos competições com crianças e

jovens ao evento, pois o esporte é uma forma poderosa de inclusão social, prin-

cipalmente num país como o Brasil, com

tantas diferenças socioeconômicas. Com isso, fomos os pioneiros em introduzir

no Arnold Sports Festival diversas mo-

dalidades, mas entre tantas novidades, iniciamos, ano passado, a Arena Arnold

Paradesportiva, com mais de sete modalidades diferentes. E este ano tivemos a

Arena Inclusão, onde o público pôde vivenciar diversas modalidades.”


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63


Arnold Classic Brasil

64

revista incluir


FOTO EM FOCO

Uma das novidades do evento,

o projeto ‘Foto em Foco’ da universidade Anhembi Morumbi utilizou

a fotografia como instrumento para tratar de um tema de relevância so-

cial. Neste ano, foi realizado o ensaio fotográfico ‘Atletas que inspiram: uma percepção sobre o esporte’, que enal-

teceu pessoas com deficiência atendidas pela AACD que tiveram a vida melhorada graças ao esporte.

O projeto homenageia os paratletas,

representando através da fotografia o

significado do esporte nas suas vidas. Além de demonstrar a dedicação, a

disciplina e a resiliência dos atletas, os

painéis de fotos serviram como fonte de inspiração.

O projeto contou com o apoio

dos atletas da AACD, da universidade Anhembi Morumbi, da Arnold Classic

Brasil, da Centauro e da Rodrigo Dod Fotografia.

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65


Tecnologia

Parcerias tecnológicas Multinacional e ONG se unem para oferecer próteses de mãos para crianças de todo o mundo Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte e Divulgação

A

Red Hat, líder mundial em tec-

bém em outras áreas de atuação, uma

aberto), focada em soluções

com a Fundação e-NABLE, rede global

nologia open source (código

de virtualização, cloud computing e tec-

nologia móvel, tem se destacado tam-

66

revista incluir

Tudo começou quando Jon Schull,

delas envolve um trabalho em conjunto

especialista em pesquisa científica e fun-

que atua na impressão de próteses em

conhecimento de um vídeo em que um

3D para crianças de todo o mundo.

dador da comunidade e-NABLE, tomou

menino sul-africano está recebendo uma


prótese de mão impressa em 3D. “Eu es-

tudo isso possível, graças à sua atuação

isso na internet e então resolvi deixar um

ainda a qualidade das próteses. “Já con-

tava tomando café da manhã quando vi comentário. Fiquei perplexo por saber

que essa prótese saiu de uma colabo-

ração entre duas pessoas de diferentes continentes que compartilharam seus

recursos e conhecimentos para transfor-

mar a vida de uma criança que eles nem

de open source”, conta Jon, que destaca seguimos viabilizar milhares de próteses com design e tecnologia diferenciadas, que permitem movimentos bastante

específicos, e a um custo muito baixo, e isso é maravilhoso”, completa.

Segundo Jacqueline Yeaney, vice-

conheciam”, relembra.

-presidente de Estratégia e Marketing da

interessadas no projeto e, para sua sur-

presa ter uma visão focada na missão do

No comentário, Jon buscava pessoas

presa, milhares de pessoas se apresentaram em poucos minutos. Contando com

o conhecimento da Red Hat, que dispo-

nibilizou um software na internet para criação de mãos biônicas sob medida e

de baixo custo, e com donos de impressoras 3D dispostos a ajudar, a fundação

Red Hat, isso se deve ao fato de a emopen source. “Disponibilizamos nosso

conhecimento em benefício de um projeto maior e isso nos deixa muito felizes. Somos apaixonados pelo open source e

pelo poder que ele pode proporcionar junto às comunidades”, garante.

Já para James Whitehurst, presidente

de Jon já pôde beneficiar milhares de

da Red Hat, “pessoas apaixonadas por tec-

“Nós fazemos crianças sorrirem, pais

animadas por saber que nossas contribui-

crianças.

chorarem e nerds se deliciarem e a Red

Hat foi a grande responsável por tornar

nologia conhecem nosso trabalho e ficam ções são usadas em pessoas ao redor do mundo, clientes ou não”, conclui.

Jacqueline Yeaney

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Incluir cultural

Bailarinas com deficiência da Cia de Dança Humaniza são certificadas pela Unesco Projeto apadrinhado por Carlinhos de Jesus busca o reconhecimento profissional dos artistas Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

68

revista incluir


A

cidade de Campinas (SP) sediou o

alguns movimentos nos membros superiores.

social e e renda para suas famílias nas apresen-

em Dança CID – Unesco Brasil. O

suas terapias, e com o passar do tempo foi se

Keyla Ferrari, bailarina, educadora, presiden-

43º Congresso Mundial de Pesquisa

evento recebeu bailarinos de diversos países e

contou com palestras e apresentações sobre os mais variados tipos de dança, principalmente a inclusiva.

O espetáculo de abertura ‘A Flor é Espelho,

refletindo o Amor’ foi apresentado pela Companhia de Dança Humaniza, que tem como

Há dez anos, ela foi apresentada à dança em envolvendo cada vez mais, até que teve a opor-

te do Conselho Internacional de Dança (CID) da

de assistência de reabilitação, e aos poucos

Humaniza, comenta sobre a importância da

tunidade de realizar um curso com o suporte

começou a ampliar seus conhecimentos e aprendeu a lidar com o seu lado emocional durante as apresentações em palco.

“Esta certificação é uma honra e uma res-

padrinho o bailarino Carlinhos de Jesus e que

ponsabilidade que recebo com bastante hu-

empreendedorismo social.

ainda mais. Além do ganho físico, através da

atua com a proposta de aliar dança, poesia e

A ocasião tornou-se ainda mais especial com

a premiação de três bailarinas do grupo que

possuem em comum a paixão e a dedicação à dança. Aryanne Cristina Masson Silva, que tem

mildade, isso significa que preciso me dedicar arte sou capaz de me expressar, assim, espero

com deficiência efetivamente reconhecidos no país, assim, este diploma vem a agregar, almejamos que a arte seja cada vez mais reconhecida profissionalmente e que acreditem nela como um agente transformador de vidas.”

Em parceria com Vicente Pironti, educa-

projetos desenvolvidos para pessoas com ou

pinas. Idealizado para pessoas com ou sem

movimentos dos membros inferiores e possui

arte no Brasil e atualmente há poucos bailarinos

As atividades da Cia de Dança acontecem

rimentem a dança”, diz a bailarina.

primeiras brasileiras a receberem a certificação Após um acidente de carro, Rose perdeu os

premiação de suas alunas. “É muito difícil fazer

dor e empreendedor social, além da Cia de

no Centro Cultural de Inclusão e Integração

do Conselho Internacional da Dança da Unesco.

Unesco e uma das fundadoras da Cia de Dança

que outras pessoas sejam motivadas e expe-

síndrome de down, Cláudia Regina de Lucca e

Rose Marilongo, que são cadeirantes, foram as

tações contratadas.

Social da Unicamp, o CIS Guanabara, em Camdeficiência, que possuem certa proficiência

em dança, o objetivo do projeto é promover a

interação entre pais e alunos, gerando inclusão

Dança Humaniza, Keyla coordena outros dois sem deficiência: a Escola de Dança Humaniza, e um ainda maior, que é Universidade Aberta da Dança Humaniza. Ainda em construção,

o local abordará vários tipos de arte, como o

teatro, a música, a arte circense, mas ainda terá a dança como carro-chefe.

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69


Alternativa

PLUGIN DÁ UM ‘UP’ NA COMUNICAÇÃO VIRTUAL ENTRE CEGOS Plugin para leitor de tela promove leitura dos emoticons de forma mais interativa Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

A

s pessoas com deficiência visual

um cego, por exemplo, ele ouvirá na grava-

livre mais utilizado no mundo traz maior sen-

leitores de tela que transformam

situação que se torna cansativa e incômoda é

nando a leitura dos emoticons, e consequen-

utilizam a internet por meio de

o texto em voz. Mas você já imaginou como eles entendem os emoticons? Para quem

ainda não sabe, para eles as figuras são narradas de forma descritiva e fria, sem emoção.

Quando a figura de coração é enviada a

70

revista incluir

ção a seguinte frase: ‘coração batendo’. Outra quando o emoticon é enviado mais de uma vez seguida, pois eles terão que ouvir a mesma narração repetidamente.

Mas um projeto inovador está alterando

este cenário. Um plugin para o leitor de tela

sibilidade à interpretação das imagens, tor-

temente as conversas virtuais, muito mais emotivas e agradáveis. A iniciativa batizada de ‘Emoti Sounds’ faz parte da campanha

#DaPraSerAssim da Live TIM e foi idealizada pela agência Artplan.


Curiosidade O dicionário Oxford elegeu a figura ‘chorando de rir’

como a palavra mais ‘fala-

da’ de 2015. Pela primeira

vez na história uma imagem que representa uma ideia foi vencedora da categoria.

Como utilizar o plugin? Basta instalá-lo através da

área de ‘Add On’ do NVDA

ou pelo site do projeto: www.emotisounds.com

qrcode Assista ao minidocumentário do projeto:

COMO FUNCIONA?

Como exemplo prático, em vez de dizer

O plugin Emoti Sounds é gratuito, e está

disponível para leitura em português e inglês, podendo ser utilizado por qualquer pessoa que possua o leitor NVDA (NonVisual Desktop Access) em seu desktop.

‘Emoticon Beijo’, o leitor de tela reproduzirá

o som de um beijo, e assim sucessivamente

Glória, representante do Instituto Benjamin Constant.

Segundo

Bárbara

Bono,

Head

de

com as 68 imagens ‘traduzidas’ pelo plugin.

Conteúdo e Engajamento da agência Artplan,

boração da equipe do Instituto Benjamin

as mídias sociais e para os celulares.

A concepção dos sons contou com a colaConstant, centro de referência nacional para

há o intuito de expandir o uso do plugin para “A ideia é que as grandes redes de troca

questões de deficiência visual.

de mensagem utilizem a tecnologia e pro-

experiência equiparada a de qualquer outro

projeto se coloca além de meros sons, ele se

periência para as pessoas com deficiência

internet, uma linguagem que está cada vez

estar presente em todas as ações pensa-

A ferramenta permite que as pessoas

com

deficiência

visual

tenham

uma

usuário ao utilizar as mensagens de texto na mais popular.

“O Emoti Sounds inclui a pessoa cega! O

coloca no espírito humanístico que precisa

das e propostas pelo homem”, diz Maria da

porcionem maior acesso a esse tipo de exvisual. Também esperamos levar a solução

para os celulares e outros tipos de navegadores utilizados pelos cegos”, afirma.

revista incluir

71


Artigo

ACESSIBILIDADE NO TRABALHO: produtividade e engajamento do profissional com deficiência Por: Renata Andrade* | Foto: Divulgação

O

investimento em

diversidade pode

gerar maior pro-

na busca de soluções custo-

divulgação da vaga até a demis-

Para que o profissional com

de ajustes razoáveis incluem

mizadas.

dutividade, novas ideias e

deficiência use seus talentos

a outros mercados e imagem

igualdade de oportunidades

perspectivas, além de acesso corporativa positiva. Para prosperar, mais do que apenas ga-

rantir uma força de trabalho diversificada, o local de trabalho precisa ser inclusivo.

Uma empresa inclusiva

pensa e age além da obrigação

legal, possui uma cultura da di-

ao máximo e tenha garantia de

para avançar, além de eliminar barreiras coletivas, é preciso

realizar adaptações razoáveis – alterações que ajudam alguém

com uma condição funcional específica a ter um desempenho laboral satisfatório.

supor o que alguém com de-

ficiência vai encontrar como

desafio. As discussões devem focar na identificação individual

e empírica das reais dificulda-

des geradas pelo ambiente e

72

revista incluir

humana, como intérpretes de

Libras. Além disso, retém bons

funcionários e são essenciais para conquistar o respeito de

colaboradores e de clientes,

de trabalho. A situação de cada pessoa é diferente, dependendo

da natureza e da extensão da sua deficiência e suas potencialidades,

bem como o que o trabalho exige delas.

As adaptações razoáveis

se aplicam em todas as fases

do processo laboral, desde a

VA

com ou sem deficiência.

Em seu Painel de Acessibi-

sos Humanos e de Gestores de

para a adaptação razoável no local

Porém, é importante não

disponibilização de assistência

todos. Ou seja, não há checklist

barreiras físicas e atitudinais, os funcionários.

balho e/ou de carga horária e

lidade e Mobilidade Urbana, a

mesmo recurso não serve para

valorizando igualmente todos

adaptações do posto de tra-

O desafio para o RH é que um

versidade e é livre de quaisquer

práticas discriminatórias e de

são do empregado. Exemplos

T

Associação Paulista de RecurPessoas, AAPSA, discutirá as

mudanças legais e os aspectos práticos da promoção da

acessibilidade e de adaptações

individuais. O evento será realizado em 9 de junho, e contará com especialistas, representantes de empresas e pessoas

com deficiência. Saiba mais em www.aapsa.com.br.

*Renata Andrade é coordenadora do Grupo de Valorização da Diversidade e Inclusão da AAPSA e coordenadora de projetos na Diversitas Soluções Inclusivas. Atua há 21 anos como pesquisadora, conteudista e consultora em programas e desenvolvimento inclusivo.


Participe. Participe. Inscreva-se Inscreva-se nos nos eventos eventos dada AAPSA AAPSA através através dodo e-mail e-mail eventos1@aapsa.com.br eventos1@aapsa.com.br ouou pelo pelo telefone telefone (11) (11) 3459-0977 3459-0977

AJMAM J E E VAVMABMÉBÉ IIIIIIPAINEL PAINELDE DEACESSIBILIDADE ACESSIBILIDADEDA DAAAPSA AAPSA T T

O III O III PAINEL PAINEL DEDE ACESSIBILIDADE ACESSIBILIDADE tem tem o objetivo o objetivo dede gerar gerar reflexão reflexão sobre sobre os os impactos impactos dada comunicação comunicação acessivel acessivel nana atração atração e retenção e retenção dede profissionais profissionais com com deficiência. deficiência. Eliminar Eliminar barreiras barreiras atitudinais atitudinais e comunicacionais e comunicacionais é de é de suma suma importância importância para para uma uma empresa empresa que que valoriza valoriza a diversidade a diversidade e que e que pretende pretende incluir incluir profissionais profissionais com com deficiência. deficiência.

CASES CASES

PALESTRAS PALESTRAS

MESA MESA REDONDA REDONDA

09/06 09/06 Das Das 8h00 8h00 àsàs 13h00 13h00

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73


Destaque

Tecnologia a favor da acessibilidade Tetraplégico movimenta as mãos graças a software inovador Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação

74

revista incluir


M

ais uma vez a tecnologia surpreende ultrapassando os limites físicos, desta vez em prol da acessibi-

lidade. Segundo um estudo publicado na revista

Nature, um novo software permite que um jovem tetraplégico consiga movimentar suas mãos.

Ian Burkhart de 24 anos ficou completamente paralisado

após um acidente há seis anos. O que o norte-americano ou-

vira dos médicos foi que jamais movimentaria seus membros. Entretanto, graças a um sistema chamado NeuroLife, desen-

volvido por Chad Bouton, do Feinstein Institute for Medical Research nos Estados Unidos, e uma equipe de cientistas ame-

ricanos, atualmente o garoto realiza diversas atividades como pegar uma garrafa, segurar um telefone ao ouvido, mexer o café e até mesmo tocar guitarra através de um videogame.

Em abril de 2014, os médicos implantaram um pequeno chip

no córtex motor do cérebro de Ian. Este chip transmite seus pen-

samentos para um computador e o software restaura a comunicação entre o cérebro e os músculos sem passar pela medula espinhal, transmitindo os comandos para uma série de pulseiras

que estimulam eletricamente os músculos do braço. É a primeira vez que uma pessoa sem movimento algum consegue realizá-lo utilizando apenas seus próprios pensamentos.

O sistema ainda está em fase clínica, mas poderá ser utilizado

fora dos hospitais. Os pesquisadores esperam aprimorá-lo para

que não utilizem fios, assim, o paciente não ficará coberto de cabos que, atualmente, ligam as pulseiras de seu braço ao computador e ao chip de seu cérebro.

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Coluna

O que minha filha vai ser quando crescer? Por: Eliane Lemos | Fotos: Divulgação

mos guerreiras, heroínas,

pessoa com deficiência e da sua família.

outros adjetivos não dão

mães, desencadeia vários sentimentos, vemos

ela afirme estar cansada,

Descobriram que pra fazer acontecer é preci-

batalhadoras entre tantos

muito espaço para que sobrecarregada, com raiva de uma situação que

não consegue administrar, desanimada, com sentimento de solidão e

com desejo de desistir de Carol e sua mãe Simone Batista, que é diretora de Comunicação do Entre Rodas e diretora da Convert Publicidade

P

ara os filhos perguntamos: O que você vai ser quando crescer? Uma

delícia ouvir as respostas, elas são

ou adquiriram uma deficiência ou doença fazem para si mesmas: O que meu filho ou filha vai ser quando crescer?

Difícil pensar numa resposta simples e até

mesmo na preocupação que elas carregam no peito. Geralmente uma resposta sincera que traga sentimentos como medo, dor, in-

certeza, desconforto, cansaço, estão fora de cogitação. Pelo simples fato de que a imagem e atitude de supermãe precisam estar acima do seu real interior.

Se observarmos nas redes sociais, os ter-

76

revista incluir

Com brilho nos olhos e imensa alegria elas

nos apresentam seus filhos.

“Torna-te o que tu és” – Friedrich Nietzsche

apoio às famílias onde um dos integrantes tem uma deficiência, referencia minha fala.

Todas as mães querem que seus filhos se-

futuro de uma criança com deficiência, sa-

que muitas mães de crianças que nasceram

lidade e a presença do preconceito.

lhando com grupos de

do, desejamos que nossos filhos ou filhas sePorém, uma pergunta que trago aqui é o

so sair de casa, mesmo com a falta de acessibi-

em consultório, traba-

jam felizes, aceitos e respeitados. Tenham eles

jam eles mesmos, só que agigantados!

que no presente elas estão indo muito bem.

tudo. Minha experiência

variadas e divertidas. Quantas super-heroínas, bombeiros, médicos e professores! E, no fun-

Enquanto esse futuro que, para muitas

ou não uma deficiência. Mas como sonhar o bendo das omissões familiares e do Estado?

A regra da vida é que os pais saiam de cena antes de seus filhos. Ficando seus filhos, quem cuidará deles?

A omissão do Estado é evidente ao mes-

mo tempo em que é inaceitável. Alguns dirão

que existe a preocupação e que projetos serão implantados. Com isso surge o questiona-

mento: Se eu morrer primeiro, quem cuidará da minha filha com autismo? Quem cuidará

do meu filho com deficiência intelectual seve-

ra? Quando eu envelhecer e não puder mais cuidar, quem cuidará de mim? São perguntas que precisamos ouvir para encontrarmos uma resposta que respeite a dignidade da

Eliane Lemos Ozores é psicóloga com

especialização no atendimento da pessoa com deficiência pela Universidade São Paulo. Atua como consultora e palestrante em educação inclusiva.

eliane@entrerodas.org www.entrerodas.org

www.facebook.com/entrerodasebatom @PsicoEliane


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77


Empregabilidade

Mercado de TI Setor sofre com falta de mão de obra qualificada e programa oferece capacitação gratuita a pessoas com deficiência Por: Letícia Leite | Foto: Divulgação

78

revista incluir


O

segmento de Tecnologia da

“Esse projeto traz equidade para as

Informação tem crescido ano

pessoas com deficiência. Com a capacitação,

Brasileira de Empresas de Software (Abes),

no mercado TI de forma mais igualitária e,

a ano. Segundo a Associação

o mercado movimenta mais de 60 bilhões

de dólares. Mas enquanto não faltam oportunidades na área, faltam profissionais qualificados para preenchê-las.

No Brasil, de acordo com o Censo

Demográfico de 2010, 23,9% da população

elas podem concorrer a vagas de trabalho além disso, proporciona impactos positivos

na vida pessoal do aluno, como o resgate

social e aumento da autoestima”, conta

Lucimara de Almeida, do Departamento de Educação do Instituto Eldorado.

Atualmente as aulas são ministradas nas

declarou algum tipo de deficiência ou

cidades de Araraquara (SP), Brasília (DF),

mental ou intelectual. E como forma de

Bernardo do Campo (SP), em parceria com

incapacidade visual, auditiva, motora e

impulsionar a participação dessa parcela

de pessoas no mercado de trabalho, em 1991 foi promulgada a lei 8.213, conhecida como Lei de Cotas.

No entanto, existem algumas barreiras

para o cumprimento da lei, dadas às

dificuldades encontradas em função da

baixa escolaridade, da falta de estrutura

Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e São empresas que desejam contratar pessoas

com deficiência para compor o seu quadro de colaboradores. E como cada organização

possui demandas diferentes, cada turma tem suas peculiaridades e requisitos específicos, mas todas seguem a mesma metodologia de formação e condução.

O curso contempla capacitação

adequada das empresas e também pela

presencial e conta com infraestrutura

Na tentativa de mudar este panorama,

bem como instrutores orientados para

ineficiência dos treinamentos profissionais. um programa de capacitação gratuito para

pessoas com deficiência, denominado ‘Oficina do Futuro PcD – A competência faz

adaptada para receber os participantes, proporcionarem o melhor atendimento às pessoas com deficiência.

Todo o material didático é adaptado

a diferença’ vem obtendo bons resultados

para o público-alvo e existe um treinamento

Instituto Eldorado. No total, foram 34

das atividades de capacitação técnica,

desde a sua implantação em 2007, pelo

turmas concluídas e mais de 460 pessoas capacitadas, somando mais de 5 mil horas de treinamentos técnicos ministrados.

Os treinamentos do projeto são

oferecidos gratuitamente e têm como foco temas de Tecnologia da Informação e

de nivelamento dos participantes. Além

os participantes recebem treinamentos comportamentais ministrados por profissionais de Recursos Humanos. COMO PARTICIPAR?

O projeto se destina a pessoas com

Comunicação. Além da informática básica,

deficiência que tenham no mínimo 18 anos,

com linguagens de programação, testes de

prévio em informática e disponibilidade para

a iniciativa prepara os alunos para atuarem software e hardware entre outros, em um

mercado de trabalho altamente exigente em termos de qualificação profissional.

Ensino Médio completo, conhecimento participar de cursos presenciais programados.

As inscrições devem ser realizadas no site: www.oficinadofuturopcd.org.br

revista incluir

79


Coluna

Ao final deste curso já serei um intérprete? Por: Caio Graneiro*

N

ão se espera outra pergunta de

A capacidade de interpretar está muito

Portanto, se você for um estudante de

uma pessoa que deseja aprender

além do tanto que uma pessoa conhece

Libras e se sente desconfortável quando te

um intérprete ao final do curso?’, e isso se

estar de posse de técnicas específicas de

é normal já que você ainda está aprenden-

uma nova língua, além de: ‘serei

aplica a qualquer idioma. Dificilmente após

seis meses de um curso de inglês seja possível

trabalhar, com segurança, como intérprete

sobre uma língua. Para tal função é preciso interpretação que não se aprende em um curso normal de idiomas.

Existem alguns cursos de Libras, como o

para um americano em visita ao Brasil.

da Verbo em Movimento, por exemplo, que

é a Libras, uma das perguntas mais recorrentes

e também preparar o aluno, orientando-o

Porém, quando a língua que está em foco

é: quanto tempo se leva para ser tornar um

intérprete, é fácil, é difícil, é só fazer mímica? O aprendizado de qualquer língua é com-

plexo, seja ela oral ou gestual. Ameniza-se o

grau de dificuldades com comprometimento

e envolvimento do interessado. É ilusão achar que aprender a língua de sinais é menos complexo do que aprender uma língua oral. Muitas

se preocupa em ensinar a língua de sinais sobre as técnicas de interpretação com uma gama de aulas, exercícios e vídeos. Porém,

para se tornar um intérprete, para ser capaz

de fazer uma interpretação com êxito, precisa se aprofundar na aquisição da nova língua, nas

tímida, ela pode ser excelente conhecedora

prete, afinal é completamente diferente saber

inglês para si e interpretar a fala de outra pes-

soa para uma terceira. Se um fluente em inglês não é necessariamente um intérprete, porque uma pessoa fluente em Libras deveria ser?

80

revista incluir

cite com as técnicas adequadas para isso. E se você já é um bom conhecedor da língua de sinais, mas ainda não se sente confiante para interpretar, talvez a questão seja mesmo

que você não tenha sido preparado para tal

função, quem sabe esse texto te ajude a criar

coragem e estudar técnicas de interpretação. Reflita, pode ser isso o que esteja faltando!

Além disso, existem alguns fatores que

terpretar’ qualquer fala de algum surdo.

inglês não é necessariamente apta a ser intér-

intérprete, procure uma escola que te capa-

com a comunidade surda.

envolvem o lado emocional, como, por

Portanto, uma pessoa que é fluente em

do. Se deseja a preparação para ser um bom

técnicas de interpretação e no entrosamento

vezes as pessoas esperam que um estudante de um módulo básico de Libras, consiga ‘in-

pedem pra interpretar, não se preocupe, isso

exemplo, se uma pessoa é extremamente da Libras para si mesma, mas ter dificuldades

para levantar diante de uma sala cheia de

pessoas e fazer uma interpretação. Nesse sentido é importante que o aspirante a in-

térprete se responsabilize em trabalhar suas questões pessoais, a fim de se tornar apto para o trabalho.

*Caio Graneiro é psicólogo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, intérprete de Libras há mais de dez anos, com proficiência no uso e ensino da língua atestada pelo Prolibras. É coordenador pedagógico da Escola Verbo em Movimento, ministra aulas, palestras e workshops na área de inclusão


O primeiro aplicativo tradutor de Português para Libras agora com nova versão! A nova versão do aplicativo ProDeaf Móvel traz uma interface melhorada e agora com a novidade de traduzir do Inglês para a Língua Americana de Sinais. Acesse: http://movel.prodeaf.net e instale o aplicativo! É grátis, especialmente pensado para você que ama Libras. revista incluir

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Lazer

lh o n o e D a

sf érias Selecionamos os melhores resorts brasileiros preparados para receber a todos Por: Julliana Reis | Fotos: Divulgação

R

econhecidos por oferecer serviços completos que vão da hospedagem à

recreação, os resorts são referência no atendimento a pessoas com deficiência.

Mais que garantir a opção de

all inclusive, com pensão completa, os resorts se diferenciam ainda

por proporcionarem uma série de

atividades esportivas e de recreação aos hóspedes. “É muito impor-

tante garantir uma estadia plena

aos hóspedes, oferecendo a todos,

sem distinção, os mesmos serviços

e o acesso a todas as áreas, além de

atendimento diferenciado, sempre que necessário, para garantir a in-

clusão atitudinal”, explica Ana Cláudia Nobile, gerente de marketing do Jatiúca Resort.

Confira nossa seleção com al-

guns dos melhores resorts brasilei-

ros quando o assunto é hospedagem para pessoas com deficiência.

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revista incluir

Costão do Santinho


Club Med

Os dois resorts brasileiros da rede Club

Med, localizados nas cidades de Rio das Pedras

(RJ) e Trancoso (BA), dispõem de total acessibilidade para pessoas com deficiência, com suí-

tes adaptadas e acessibilidade nas áreas sociais, garantindo o acesso a todos os ambientes.

As unidades oferecem ainda uma série

de atividades esportivas e recreativas entre outros serviços, para todos os hóspedes.

Localizado no sul do Rio de Janeiro, no

meio da Mata Atlântica, o segundo ecossiste-

ma protegido do Brasil, a unidade de Rio das

Pedras mantém uma reserva ecológica, que permite uma imersão no coração da floresta.

Também localizada em meio a uma

área verde preservada, a unidade de Trancoso se destaca ainda por dispor aos hóspedes estadia em deliciosos bangalôs.

www.clubmed.com.br

Localizado em Florianópolis (SC), entre

a praia do Santinho, dunas e costões rochosos, o resort Costão do Santinho ofere-

ce ao turista acessibilidade e diversas atividades que envolvem, inclusive, a prática

de esportes de aventura e uma equipe de monitores para atender as crianças.

O resort oferece uma estrutura adap-

tada aos hóspedes com deficiência como rampas, sinalização, banheiros e apartamentos adaptados. “Há uma hóspede

cadeirante que é VIP e frequenta todo ano o Costão. A equipe de recreação presta um serviço diferenciado para que

ela possa tomar banho de mar e de piscina. Isso reforça que, além da estrutura,

a equipe está preparada para atender às necessidades específicas de cada hóspede”, destaca a assessoria de imprensa. www.costao.com.br

revista incluir

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Lazer

Jatiúca Resort

Referência não só em Maceió (AL), mas

em todo o Nordeste, o Jatiúca Resort é um

verdadeiro ícone turístico brasileiro. Com

a modernização que contou com investimentos de 30 milhões de reais, o resort

vem conquistando cada vez mais o mercado. Seja para viagens a lazer ou negócios.

Com estrutura moderna, funcional e

direcionada a diversas atividades, o resort oferece total acessibilidade física e atitudinal. O

resort é totalmente plano e todos se locomo-

vem bem em cadeira de rodas. Além disso, as

atividades recreativas são realizadas por uma equipe especializada que está preparada para

atender pessoas de todas as idades, inclusive crianças e idosos, pois o objetivo é manter o hóspede entretido durante toda sua estadia.

O resort fez questão de destacar que

também atende às restrições alimentares de seus hóspedes, mediante aviso prévio.

84

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www.hoteljatiuca.com.br


Amazon Ecopark Jungle Lodge

Localizado em plena selva amazônica,

o Amazon Eco Park Jungle é um complexo turístico, científico e educacional, às

margens do Rio Tarumã, um afluente do Rio Negro.

Com 64 apartamentos distribuídos

entre 21 bangalôs, o hotel dispõe de suítes com acessibilidade e atividades recreativas e educativas.

O complexo ainda oferece píer para

embarque e desembarque dos hóspedes, ampla recepção, bar, loja de conveniência

e restaurante em forma de maloca indí-

gena, com cozinha aberta para visitação, quatro piscinas naturais e praia privativa.

Entre as atividades oferecidas aos hós-

pedes, destaque para o tour para interação com os botos, o passeio aos encontro das águas e o ritual indígena.

www.amazonecopark.com.br

Vila Galé

Com sete unidades no Brasil, o Vila

Galé se destaca tanto pela qualidade do

atendimento, quanto por proporcionar uma experiência única a seus hóspedes, inclusive, os que têm alguma deficiência.

Além da acessibilidade física, a rede se

preocupa com a questão atitudinal, oferecendo atendimento diferenciado aos hóspedes com deficiência ou mobilidade reduzida.

As unidades da rede Vila Galé no Brasil

estão localizadas nas cidades de Caucaia

(CE); Angra dos Reis e Rio de Janeiro (RJ);

Cabo de Santo Agostinho (PE); Fortaleza (CE); Camaçari (BA) e Salvador (BA). www.vilagale.com

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Rio de Janeiro

Acessibilidade nos museus Conferimos com um convidado cadeirante a acessibilidade de dois museus na cidade maravilhosa Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte, divulgação e reprodução site

C

om uma estrutura suntuosa

e projeto assinado pelo arquiteto espanhol Santiago

Calatrava, o Museu do Ama-

nhã foi idealizado com o objetivo de ser um museu de artes e ciências, além de contar

com mostras que alertam sobre os perigos das mudanças climáticas, da degradação ambiental e do colapso social.

Localizado na Praça Mauá, região portuá-

ria do Rio de Janeiro (RJ), o prédio – inaugu-

rado no final de 2015 – chama a atenção por sua forma futurista, com espinhas solares que

e até a saída, tivemos a companhia de um

para se adaptar às mudanças das condições

nossa equipe e nosso convidado. “De um

se movem ao longo da claraboia, projetada ambientais.

Entre tantos diferenciais, a acessibilidade

do museu se destaca. Isso porque durante nossa estadia na cidade maravilhosa para a cobertura do Arnold Classic Brasil, convidamos o publicitário Leonardo Nascimento,

24 anos, que tem ataxia de Friedrich e usa cadeira de rodas, para testar a acessibilidade do museu.

profissional que ofereceu total suporte para modo geral, a visita foi muito bacana desde a chegada à Praça Mauá. Mesmo com os trilhos do VLT passando pelo caminho, não muda o fato de ser uma calçada para o cadeirante

‘andar’. E valeu a pena porque o museu é realmente bastante acessível, tanto para um cadeirante, como eu, como para uma pessoa cega”, garante Leonardo.

Ele também fez questão de destacar a

Além dos pisos e das maquetes táteis,

receptividade dos profissionais do museu.

visual, o museu dispõe de rampas, eleva-

cipalmente o que esteve comigo durante

para atender os visitantes com deficiência

dores, cadeira de rodas para empréstimo,

fraldários e banheiros adaptados, tudo com

“Os funcionários são bem atenciosos, printoda a visita”, conta.

Leonardo também avaliou positivamente

sinalização universal.

o acervo do museu. “Além da interatividade,

equipe de atendimento e dos guias. Desde

que é muito atual e relevante para toda a

Mas o grande diferencial fica por conta da

nossa chegada ao local, durante nossa visita

86

revista incluir

que é bem bacana, tem a questão ambiental população se conscientizar”, conclui Léo.

MUSEU DE

ARTE DO RIO Aproveitamos nossa passa-

gem pela Praça Mauá para visitar o Museu de Arte do Rio (MAR),

que também foi aprovado, com resalvas, por Leonardo.

“O museu tem uma estrutura

boa para o visitante com deficiência física. Mas achei bem ruim a descida pela rampa, entre o mirante e o espaço das artes”.

O Museu do Amanhã e o Mu-

seu de Arte do Rio funcionam de terça-feira a domingo, das 10h às 17h.


Museu do AmanhĂŁ

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87


Minha história

Barbara garcia Jornalista relata desafios e conquistas da vida e da profissão

S

Fotos: Divulgação

empre é complicado iniciar um depoimento. E olha que já

escrevi vários. Me formei recentemente na faculdade de

jornalismo da Puc-Campinas e meu trabalho de conclusão

de curso foi um livro-reportagem organizado como coletânea

de depoimentos de nove jornalistas, todos com algum tipo de deficiência. Mesmo possuindo a entrevista como ponto de partida

para o texto, sentia com frequência aquela insegurança quase natural do início.

E agora não é diferente. Principalmente porque é a primeira

vez que escrevo para uma revista. Meu nome é Bárbara Garcia

Pedroso, tenho 22 anos, e também possuo uma deficiência. Nasci de uma gestação prematura de seis meses e meio e por conta disso meus pulmões ainda não estavam completamente maduros.

Sofri uma parada respiratória e precisei de transfusão de sangue. O procedimento foi feito, mas a falta de oxigenação momentânea causou uma lesão na estrutura do cérebro que controla o equilíbrio.

Meus pais perceberam isso quando eu tinha mais ou menos oito meses. Tudo porque comecei a ter dificuldade para sentar e tinha a musculatura mais rígida. Desde então, faço fisioterapia e trata-

mento com ortopedistas especialistas em casos de pessoas que tiveram lesões neurológicas na infância. Sempre precisei de apoio para andar. Quando criança, usava muletas do tipo canadense e

atualmente me locomovo com um andador de três rodas, o qual apelidei de BabiMóvel.

Voltando à infância, aos seis anos passei por uma cirurgia de

alongamento de tendões e o médico cometeu um erro. Alongou

demais o tendão perto do meu pé esquerdo. Por causa disso o osso do pé ‘desabou’, e ele ficou plano e voltado para dentro, dizendo de uma maneira simples. Na época em que isso ocorreu eu não

88

revista incluir


poderia passar pelas correções ósseas porque

seu espaço na sociedade e um trabalho digno

nhou por muito tempo, até que aos 20 anos

também não será empecilho se eu estiver

ainda iria crescer. Essa questão me acomparecebi um ultimato do médico que estava me

acompanhando. A hora havia chegado. Ou eu enfrentaria uma grande cirurgia de correção do osso do pé e de alongamento definitivo

de alguns tendões, ou talvez precisasse parar

de andar, tamanhas se tornariam as dores e o desequilíbrio. Diante dessa situação, precisei encarar o desafio. Os oito meses que ante-

cederam a segunda cirurgia foram de muita

angústia e sofrimento. Passei por crises de pânico, ao ponto de não dormir, comer ou

prestar atenção nas aulas. Nessa época, no co-

meço de 2013, eu estava cursando o segundo ano da faculdade de jornalismo. Acredito que

só consegui enfrentar essa questão graças ao apoio da minha psicóloga, que me acom-

panha até hoje, a Nelly Nucci, o incentivo da

e interessante, a minha dificuldade motora

disposta a me reinventar a cada dia. Todos os nove entrevistados do livro me fizeram sentir

esse tipo de empatia e deixaram grandes contribuições para o jornalismo enquanto campo profissional. Meu grande desejo é um dia ser capaz de deixar uma contribuição bonita

como essa, mesmo que pequena, onde quer

que eu esteja. O livro ‘Sobre limão e linhas tortas

– a trajetória de pessoas com deficiência no jornalismo profissional’ já é um começo. O título

foi inspirado em dois ditados populares: “Se a vida lhe der um limão, faça dele uma limonada”

e “Deus escreve certo por linhas tortas”. O limão, portanto representa as deficiências em si, e as linhas tortas representam as barreiras

encontradas e transpostas durante o caminho. Uma frustração que carrego é a de não

Roberta Metzker, minha fisioterapeuta e as

conseguir andar tranquila pelas calçadas. No

dos amigos, dos professores e de meus pais.

por conta do veículo em si, mas porque raríssi-

várias manifestações de carinho que recebi

Dois anos depois da cirurgia voltei a andar

com o andador e me sinto ótima. Consigo

caminhar grandes distâncias sem me cansar, faço compras no supermercado sozinha, adoro

sentir esse gostinho de autonomia. Nesse sentido, a coisa mais emocionante que fiz até

meu caso, utilizar ônibus é complicado, não

mas vezes o ponto de parada coincide com o

local exato que se quer ir. E andar nas calçadas íngremes, esburacadas e inclinadas é quase impraticável para mim. Tá aí um exemplo de impedimento causado pela barreira social.

Espero que pouco a pouco a sociedade

hoje foi viajar sozinha para o Rio de Janeiro, para

como um todo se engaje cada vez mais na

Fui de avião e voltei no dia seguinte, de ônibus.

Que entendam que essa é uma questão de

fazer duas entrevistas para o livro-reportagem.

Me hospedei em um hotel com quarto e

banheiro adaptados e fui bem recebida pelos

emancipação das pessoas com deficiência. todos, não apenas de alguns.

E que as condições financeiras e sociais não

funcionários do refeitório, que me ajudaram

sejam um critério de corte. Que todos possam

Lucas de Abreu Maia, que já foi repórter

lazer gratuitos e de qualidade. Parece utópico

quando necessário. Os entrevistados foram

do Estadão e da Revista Exame e é cego, e Fernanda Honorato, considerada a primeira

repórter do mundo com síndrome de Down. Conhecê-los dessa maneira me fez sentir uma admiração enorme! Talvez eles nem saibam

disso, mas essa experiência marcou minha vida

para sempre porque me fez perceber que assim como a deficiência deles não se tornou um impedimento para que eles conquistassem

utilizar transporte, saúde, cultura, educação e

demais, não é? Mas como já diziam vários autores, a utopia não existe para ser alcançada, capturada por nossas mãos ansiosas. É uma

luz no horizonte que nos permite continuar caminhando.

Muito obrigada, Bárbara Garcia.

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Notas Notas

MINHA VIDA

do canal A&E, mostra os desafios que

COM SÍNDROME

na

DE DOWN

Com uma proposta inédita na TV, a série ‘Minha vida com síndrome de Down’,

as pessoas com a síndrome enfrentam sociedade.

A

produção

original

acompanha a história de um grupo de sete

pessoas com síndrome de Down, que são amigos e vivem com suas famílias no sul da

Califórnia (EUA). Dos mesmos produtores

de ‘Keeping Up With the Kardashians’ e ‘The Real World’, a série pretende oferecer ao público uma forma diferente

de conscientização da sociedade sobre a síndrome de Down. O canal mantém com

essa estreia a sua proposta de explorar formatos diversos para mostrar a vida

PARATLETA FAZ

paradigmas.

CAMPANHA CONTRA

real de maneira audaciosa e quebrando Para saber mais sobre os episódios, acesse: minu.inf.br/0mqI90lwq1

ISENÇÃO DE IPI PARA ELETRÔNICOS

A GSK elegeu 2016 como o ano de com-

A Comissão de Defesa dos Direitos

das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou proposta que

isenta as pessoas com deficiência do pagamento do Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI) e do Imposto de Importação (II) na compra de computado-

res pessoais, smartphones, tablets, notebooks, modems e acessórios, importados

sem que exista algo similar produzido no

Brasil. Estão aptas ao benefício pessoas com deficiência que tenham impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

90

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A MENINGITE bate à meningite e lançou uma campanha global com o objetivo de conscientizar sobre a doença, suas causas, consequências e a importância da prevenção. A campanha

conta com a participação da fotógrafa australiana Anne Guedes, embaixadora mundial da causa que realizou um ensaio fotográfico em Nova Iorque com bebês e seis

atletas paralímpicos de diversos países, que superaram a doença. Entre os paratletas

está Ivanilde Cândida da Silva, do basquete em cadeira de rodas, que teve meningite

aos nove meses de vida, e que conquistou

o bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto-2015.


REABILITAÇÃO PROFISSIONAL Nos dias 20 e 21 de junho, acontece a

9ª edição do Prêmio e Congresso de Reabilitação Profissional, no Teatro Brasil Kirin do Shopping Iguatemi de Campinas

(SP). Organizado pelo Centro Brasileiro de Segurança e Saúde Industrial, o

evento é voltado a profissionais das áreas de gestão de RH e deficiência,

de reabilitação profissional, das áreas

da saúde, engenharia e segurança do trabalho, entre outros, interessados em

PROGRAMA CAPACITA

PROFISSIONAIS PARADESPORTIVOS Idealizado

em

comemoração

ao

centenário da Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK), o Programa de Capacitação

para Profissionais Paradesportivos (Pulsar) vai promover a capacitação de profissionais

para atuar no paradesporto. Desenvolvido por professores da Universidade de Esportes

de Colônia, na Alemanha, instituição com

temas de inclusão social, habilitação,

física adaptada, o curso de extensão teve

Saiba mais sobre a programação no link:

grande conhecimento na área de educação

readaptação e reabilitação profissional.

início em abril e conta com a parceria do

minu.inf.br/CmSjxOtNwB

Instituto Superar, da Firjan e da Universidade de Esportes de Colônia. O curso é focado

no aprimoramento de profissionais de educação

física,

fisioterapia,

psicologia,

nutrição e áreas afins que lidam com pessoas com deficiência, com o objetivo de

desenvolver competências estratégicas com

ênfase no cenário paradesportivo, com aulas práticas e teóricas.

CONCURSO MODA

INCLUSIVA

Já estão abertas as inscrições para a 8ª

edição do Concurso Moda Inclusiva, da Secretaria de Estado dos Direitos da

Pessoa com Deficiência de São Paulo. Assim como a edição anterior, podem

participar estudantes de cursos técnicos,

universitários e profissionais das áreas

de moda e saúde. Os 20 melhores trabalhos inscritos serão apoiados com tecido para a confecção das roupas

e participarão do desfile final em um grande evento que será realizado no final do ano, na capital paulista. Os três

melhores colocados serão premiados.

Os interessados podem se inscrever, até

o dia 10/6, no site: modainclusiva.sedpcd. sp.gov.br/inscricao.

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Destaque

PREMIACÃO INTERNACIONAL Peça teatral escrita e protagonizada por atriz com síndrome de Down recebe prêmio de melhor espetáculo brasileiro apresentado nos Estados Unidos Por: Julliana Reis | Fotos: Thiago Costa

Down, que passa por situações de pre-

conceito, discriminação e violência, até encontrar seu verdadeiro amor. Com

mais de dez atores no elenco, a peça já foi apresentado em Nova Iorque e em Miami, durante o Festival Internacional de Teatro Hispânico.

Neste ano, a montagem foi convida-

da pelo Fundo das Nações Unidas para

a Infância – UNICEF – e pela Organização das Nações Unidas – ONU, para uma

apresentação especial durante a 60ª

Session of the Commission on the Status of Women, que discutiu o combate à violência contra a mulher.

A peça acaba de ganhar aprovação

para receber apoio por meio da Lei

Rouanet e deverá estrear turnê no Brasil e na Europa, ainda este ano..

A

Nascida em São Paulo, Tathi atual-

atriz Tathi Piancastelli ficou en-

petáculo na edição de 2016 do evento.

goria Melhor Atriz, no Brazilian

lective, cia. americana de teatro, a mon-

tre as cinco finalistas na cate-

International Press Award, premiação inter-

nacional que reconhece e celebra a arte, a cultura e a presença brasileira no exterior.

Já a montagem teatral ‘Menina dos

meus olhos’, escrita e protagonizada por Tathi, levou o prêmio de melhor es-

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TATHI PIANCASTELLI

revista incluir

Produzida pela Nettles Artists Col-

tagem dirigida por Debora Balardini é

o prirmeiro espetáculo profissional escrito e protagonizado por uma pessoa com síndrome de Down.

A peça conta a história da persona-

gem Bella, uma jovem com síndrome de

mente vive com a família nos Estados Unidos, onde atua também como apresentadora de TV.

Além disso, é conhecida por ter

servido de inspiração para o cartunista Maurício de Sousa criar a personagem Tati, que tem síndrome de Down.

Sobre o reconhecimento a seu tra-

balho, ela garante: “acredito nos meus sonhos e corro atrás deles”.


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CPB

PARATLETAS PARTICIPAM DO REVEZAMENTO DA TOCHA OLÍMPICA Além dos atletas, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro também participou do revezamento Fonte: CPB | Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBP

94

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N

o início de maio, a Tocha Olím-

do deste evento. Poder levar a chama das

e atletas do movimento para-

do Rio”, disse a tenista.

pica Rio-2016 chegou ao Brasil

límpico puderam sentir a emoção de car-

regá-la durante o revezamento que teve início em Brasília (DF). Participaram do

Olimpíadas significa a chegada dos Jogos

Tocha Paralímpica

Em setembro acontecerá o revezamento

revezamento os paratletas Alan Fonteles,

da Tocha Paralímpica, envolvendo cerca

‘Parré’, do atletismo, e Natália Mayara, do

brasileiras, mais o Rio de Janeiro. Apostando

Shirlene Coelho e Ariosvaldo Fernandes, o tênis em cadeira de rodas, além do presidente do CPB, Andrew Parsons.

Alan abriu a participação dos para-

límpicos no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) Trecho 2, em meio a muita

euforia dos brasilienses. “É uma sensação

muito boa. Pelo fato de eu não ser de Bra-

sília, nascido no Pará e morando em São Paulo, estar aqui para representar o Brasil e também o esporte paralímpico é muito

bom. Fiquei muito emocionado”, afirmou o velocista, campeão paralímpico dos 200 m nos Jogos de Londres-2012.

Depois de Alan, foi a vez da campeã

de 500 carregadores em cinco cidades na tecnologia para aproximar as pessoas,

parte do revezamento será realizada de maneira interativa, com fãs do Brasil e dos

demais países sendo convidados a enviar suas ‘chamas pessoais’ para cinco cidades brasileiras. Todo o processo será feito virtualmente, por meio de mídias digitais.

A partir desta interação, chamas físicas serão acesas em setembro de 2016 nessas cinco cidades, a serem escolhidas para

representar cada uma das regiões do país,

onde haverá revezamentos de duração de um dia.

Uma sexta chama será acesa na cidade

parapan-americana Natália Mayara entrar

britânica de Stoke Mandeville, berço do

jeto final da região do Sia, e se sentiu bas-

juntarão no Rio de Janeiro para formar a

em ação. Ela foi a última a percorrer o tratante emocionada em participar do mo-

mento. “Carregar a tocha foi uma emoção muito grande pra mim. Sei que pouquíssi-

mas pessoas vão poder estar nesse lugar. Então foi uma honra incrível ter participa-

Movimento Paralímpico. As seis chamas se

Chama Paralímpica, que percorrerá a cida-

de por dois dias seguidos, culminando na

cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, marcada para 7 de setembro de 2016, no Estádio do Maracanã.

A tenista Natália Mayara recebeu o carinho do público de Brasília

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95


Vale ler

CADÊ A CRIANÇA QUE ESTAVA AQUI? Este é primeiro livro da literatura infantil com um personagem autista Por: Julliana Reis | Fotos: Divulgação

L

ançado pela primeira vez em

1998, o livro ‘ Cadê a criança que estava aqui’ foi relançado em

dezembro de 2015, levantando a questão

da diferença e da inclusão. Segundo a escritora Tânia Dourado, que é linguista, publicitária e mãe do Bento, este foi o pri-

meiro livro da literatura infantil com um personagem autista.

A obra retrata de maneira única o uni-

verso de Pablo (Pabita) em seu contexto

familiar. Narrado por uma criança, o livro

expõe a expectativa criada por seu irmão, Alexandre, em torno de sua chegada e o

estranhamento inicial de todos os familiares diante do surgimento de seus comportamentos atípicos, já que o personagem tem autismo.

Ao longo da narrativa, a autora apre-

senta, por meio do comportamento de Pabita, as características típicas do trans-

torno, como o flapping, a aflição com a

quebra da rotina, as crises e a resistência ao novo.

O nome do personagem, embora seja

inspirado em um de seus sobrinhos que tem autismo, remete ao pintor Pablo

Picasso, permitindo a partir dessa e de

outras referências trabalhar a diferença em outras acepções dentro narrativa,

96

revista incluir

Por: Maira Isis Cardoso


tais como a pintura, a música e a moda.

“Além dos meus dois sobrinhos que têm o

transtorno do espectro autista, meu filho

Bento, que não é autista, também convive com outras crianças com autismo e outras síndromes e isso fez dele uma criança li-

vre de preconceitos. Inclusive, um de seus melhores amigos é Asperger. A ideia é tornar essa relação algo natural e livre de amarras”, explica Tânia.

Outro aspecto que a autora faz ques-

tão de destacar é que Pabita vai aos poucos quebrando uma a uma as expec-

tativas que construíram em torno dele, principalmente, a do irmão mais velho (e narrador da história), que sonhava ganhar

um irmão para brincar e brigar ‘de igual para igual’.

A ideia é tornar essa relação algo natural e livre de amarras. Tânia Dourado

A obra integra a coleção ‘Criança é

diferente’, um projeto desenvolvido para promover a inclusão educacional, que

conta ainda com os livros ‘Por que temos medo do escuro?’, que narra a experiência de um garoto com deficiência visual e ‘E nós, aonde vamos?’, sobre uma bai-

larina cadeirante que enfrenta desafios

da falta de acessibilidade no seu próprio quarteirão.

“Infelizmente, apesar do enorme apoio

das instituições e dos professores, a direção das escolas ainda resiste em aceitar trabalhar com o que denomino desde o

mestrado, de discurso da diferença. Mas, o nosso trabalho vai aos poucos conquis-

tando uma ampliação de consciência e criando um mundo verdadeiramente in-

clusivo, que só é possível com o respeito às diferenças”, conclui Tânia Dourado.

revista incluir

97


Vale assistir

COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ Fotos: Divulgação

C

om estreia prevista para junho, o

longa reproduz o best-seller de Jojo Moyes, de mesmo nome.

Na história, William Traynor (Sam Claflin),

um jovem rico e bem-sucedido, sofre um

grave acidente e fica tetraplégico. Ele está profundamente depressivo até o dia em

que sua mãe, Camila Traynor (Janet Mc Teer), contrata Louisa Clark (Emilia Clarke),

uma garota simples que está em busca de um emprego, para ser sua acompanhante. Ela, que sempre levou uma vida modesta,

com dificuldades financeiras e problemas no

trabalho, está disposta a provar para Will que ainda existem razões para viver.

98

revista incluir

Título original: Me before you Gênero: Drama / Romance Ano: 2016 Duração: 110 minutos Direção: Thea Sharrock



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ASSISTENTE DE PARTIDA EM RAMPAS

• Ar-condicionado • Air bag duplo • Faróis de neblina • Faróis com LED • Direção elétrica • Calotas integrais • Bagageiro de teto • Vidros, travas e espelhos elétricos • Rodas de aço 15” com calotas integrais • 4 Tapetes em carpete (dianteiros e traseiros) • Freios ABS com controle de estabilidade e tração • Aviso sonoro do cinto de segurança (motorista e passageiro)

Consulte um Distribuidor Ford. Válido para pessoas com deficiência, com isenção de IPI e ICMS, mediante carta de autorização da Receita Federal e Secretaria da Fazenda. Sujeito a aprovação de crédito. Válido para cores sólidas. Frete incluso.

Na cidade, somos todos pedestres.

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4/14/16 11:39 AM


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