Revista Incluir

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www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos

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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00

Inclusão está na moda

prioridade para a libras

Roupas e acessórios quebram padrões e evidenciam o mercado da moda inclusiva no país

Mitos e verdades sobre deficiência auditiva e métodos que facilitam o aprendizado de alunos surdos

MUITA

direito SEU

acessibilidade

nas FÉRIAS! NICK VUJICIC

Conheça as medidas que irão evitar o uso indevido das vagas reservadas

Cidade do Paraná se destaca por oferecer roteiros acessíveis e cheios de história

saúde

Conheça seus direitos e não caia nas burocracias dos planos

NICK VUJICIC

DEZ/JAN 2016/2017

DE OLHO NA SUA

HISTÓRIAS QUE Jovens criam mochila para carregar amigo em viagens pelo mundo

44

O primeiro aluno com deficiência a ingressar na escola regular da Austrália conta como transformou a dor em motivação e se tornou um dos maiores palestrantes do mundo ATENÇÃO: A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site


DESENVOLVIMENTO GRÁFICA LARAMARA

FOTOS ARQUIVO LARAMARA

PROJETO ATIVIDADES DE VIDA AUTÔNOMA

Serão beneficiadas 300 Escolas Públicas, Creches e Instituições que atendem pessoas com deficiência.

Patrocínio

Realização anos

Transformando Vidas

MATERIAIS:

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Folheto Projeto AVA_Set2016_Rev. Incluir.indd 1

900 - Livros Instrucionais 600 - Audiolivros 300 - DVD’s 1.800 - Brinquedos e Recursos Acessíveis 3.000 - Folhetos exclusivos.

26/10/16 08:30


Foto: Gustavo Moura

é uma publicação bimestral da Editora Minuano

Av. Marquês de São Vicente, 1.011 Bairro: Barra Funda / CEP: 01139-003 - São Paulo / SP CX. Postal: 16.352 - CEP: 02515-970 Site: www.edminuano.com.br E-mail: minuano@edminuano.com.br Tel.: (0XX11) 3279-8234

DIRETOR-PRESIDENTE Nilson Luiz Festa - nilson@edminuano.com.br ASSESSORIA EXECUTIVA Natali Festa - natali@edminuano.com.br Vera Lúcia Pereira de Morais - vera@edminuano.com.br FINANCEIRO Alexandra Testoni, Liane Bezerra e Luis Eduardo S. Marcelino EDITORIAL Editora de conteúdo: Julliana Reis - julliana@edminuano.com.br Redação: Letícia Leite e Marina Sobrinho redacao@edminuano.com.br Editora de arte: Bianca Ponte - bianca@edminuano.com.br Assistente de arte: Danielly Stefanie - arte@edminuano.com.br Revisora: Adriana Bonone - adriana@edminuano.com.br Colaboradores: Augusto Moraes, Bianca Ponte, Carlos Irineu, Gustavo Moura, Kica de Castro, Leonne Sá Fortes, Leticia Leite, Marcelo Nicolato, Marco Maia, Osvaldo Francisco dos Santos, Rafael Dias Silva, Ricardo Teles e Simone Thomaz (fotos); Mário Louzã, Rafael Dias Silva e Théo Monteiro Lima (textos); Caio Graneiro, Eliane Cristina Baatsch, Eliane Lemos, Leonardo Gontijo, Luciano Amato e Sofia Crispim (colunas); Denise de Sousa Feliciano (artigo); Elitan David (turma do Dauzito) MARKETING Ismael Bernardino Seixas Jr - ismael@edminuano.com.br PUBLICIDADE Gerente Comercial: Denis Deli Assistente Comercial: Sheila Fidalgo - publicidade@edminuano.com.br Executivos de Conta: Bernardo Laudirlan, Jussara Baldini, Kalinka Lopes, Marco Gouveia e Stepan Tcholakian VENDAS Gerente: Marcos Rodrigues - marcosrodrigues@edminuano.com.br Gerente Depósito: Joel Festa - joel@edminuano.com.br Adriana Barreto - adriana.barreto@edminuano.com.br ASSINATURAS Tel.: (0XX11) 3279-8572 assinatura@edminuano.com.br ATENDIMENTO AO CLIENTE atendimento@edminuano.com.br Paloma França e Thais Souza Tel.: (0XX11) 3279-8571 DEPARTAMENTO DE WEB Daniele Medeiros - daniele@edminuano.com.br

#SouMaisQueIsso Um problema de ordem mundial, o bullying é um termo da língua inglesa que provém da palavra bully, que significa intimidar. Com isso, podemos dizer que apesar de ‘nova’, essa palavra já é bastante conhecida por pessoas de todas as idades que o sofrem ou que o praticam, por meio de atitudes preconceituosas de intimidação e coação. Já sofri bullying e também o pratiquei como uma forma egoísta de repassar a raiva que senti (pura maldade). Hoje, só posso dizer que sim, sou mais que isso. Claro que me arrependo e até me envergonho desse gesto, mas infelizmente não acredito que seja possível retratar-me desse malfeito. #SouMaisQueIsso é uma campanha contra o bullying que surgiu a partir das ideias visionárias de um casal maravilhoso que tive o prazer de conhecer e entrevistar para esta edição da Incluir. Tudo começou há alguns anos quando Leandro Marcondes e Danile Granato resolveram abrir a empresa Experiência de Sucesso, e eles entram na nossa história quando decidem trazer Nick Vujicic ao Brasil, em um grandioso evento que deve atingir algumas dezenas de milhares de pessoas em cinco capitais brasileiras. #SouMaisQueIsso surgiu para retratar, em pequenos vídeos

PARA ANUNCIAR Tel.: (11) 3279-8516 publicidade@edminuano.com.br A Editora Minuano recebeu o prêmio TOP QUALIDADE BRASIL em 2015/2016 pelo reconhecimento da excelência de qualidade em seus produtos e ações.

FILIADA À

Impressão e Acabamento:

compartilhados nas redes sociais, histórias reais de pessoas que sofreram ou que praticaram o bullying, como uma forma de externar a mágoa ou o ressentimento de algo que não merece ser guardado só para si. A passagem de Nick Vujicic pelo Brasil será breve, mas, as marcas desse momento e, em especial, dessa campanha, ficarão por muito tempo na mente e nos corações das pessoas.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na Fontana divisão gráfica, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos.

Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP.

RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador

Julliana Reis Julliana Reis Editora-chefe


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Registro: 185159 -- Data: 16:07:29 09/12/2016


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Sumário

Edição 44

12 test drive Nissan Versa

14 seus direitos Multa moral

16 instituto Ester Assumpção

18 instituto Rodrigo Mendes

20 instituto Adere

28 especial Moda inclusiva 22 histórias de Sofia Brotas

24 mundo afora Cadence

26 estamos de olho planos de saúde

40 vale saber Dislexia

Mano Down

42 coluna

44 educação Surdez

38 vitrine Moda


48 coluna Equoterapia

56 vale saber Bullying

58 vitrine Kapra medical

60 laramara UPS

62 saúde TISMOO

64 tecnologia Fetin

70 coluna AAPSA

72 projetos Ação paralímpica

80 coluna Verbo em Movimento

82 turismo Roteiro tropeiro

90 notas Notícias do setor

92 vitrine Livros

50 entrevista Nick Vujicic

66 lazer Escape 60

68 incluir cultural Cia Dança sem Fronteiras

76 histórias que inspiram 74 coluna Kevan Chandler Entre Rodas & Batom

84 projetos especiais Simbora gente

94 vale ler Amor de guia

86 minha história Théo Monteiro

96 vale assistir O Filho eterno

78 congresso Libras

88 artigo Denise Feliciano

98 turma do Dauzito O presente


Seu espaço www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos

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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00

Atenção

A musa

A partir do código em braile, o

MARINALVA DE ALMEIDA

leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site

e pura superacao

Esportista, modelo, mãe e mulher: A velejadora, que participou das paralimpíadas do Rio, fala como lida com uma rotina multitarefa

MARINALVA DE ALMEIDA

especial sexualidade Tire dúvidas e desmistifique tabus que ainda existem sobre o tema

você pode

A festa paralímpica O evento trouxe para o País muita superação, inclusão, acessibilidade e histórias para contar! Conheça a opinião de quem acompanhou de perto e o legado pós Jogos Paralímpicos

chefe ser o

Laramara

Adaptações garantem que pessoas com deficiência tornem-se empreendedores

Prestes a completar 25 anos, associação comemora resultados positivos

OUT/NOV 2016

43

Foto de capa: João Augusto de Oliveira

Agradecemos a todos os leitores

que nos escrevem. Saibam que cada manifestação de carinho nos

motiva a continuar nosso cami-

nho em busca de um mundo mais inclusivo, da mesma forma

que as sugestões de pauta nos levam a discutir possíveis temas para as próximas edições.

{MANDE SUA MENSAGEM }

conte pra gente o que você achou desta edição:

redacao@revistaincluir.com.br

Espaço do Leitor PARABÉNS PELA REVISTA!!! Joyce Cardoso, via Instagram @psicopedagoga_joyce

Gostaria de externar minha alegria por este projeto da revista Incluir. Estou lançando o livro ‘O grito silenciado’, acerca da violência contra surdos e demais pessoas com deficiência, que traz uma pesquisa inédita sobre o tema. Adoraria divulgar meu trabalho na revista. Nilton Câmara, via Instagram

Nilton, que bacana! Sugestão anotada.

Parabéns pela atitude de vocês

Recebemos seu material

em criar uma revista assim

e estamos programando

Muito bom.

a divulgação do seu

Alessandra Souza Rangel, via Instagram @alessandrasouzarangel

livro em nossa próxima

Escreva para

a revista!

10

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edição.

ATENDIMENTO AO LEITOR

PARA COMPRAR OU ASSINAR:

Envie suas perguntas, dúvidas ou sugestões para

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o e-mail: redacao@revistaincluir.com.br. Ou, se

DÚVIDAS SOBRE SUA ASSINATURA:

preferir, escreva para nossa redação: Avenida Marques de São Vicente, 1.011 - 2º andar – Barra Funda – São Paulo / SP - CEP 01139-003

(11) 3279-8195 PARA ANUNCIAR:

(11) 3279-8484 kalinka@revistaincluir.com.br


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Test drive

Equipado com motor 1.6, o modelo Versa Unique CVT se destaca pelo desempenho e pelo espaço interno Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte

F

O analista financeiro Rodrigo Bottini durante o test drive do novo Nissan Versa

abricado em Resende, interior do es-

O câmbio continuamente variável, por

tado do Rio de Janeiro, o novo Nissan

exemplo, não dá os famosos trancos nas trocas

XTRONIC CVT®, mundialmente reconhecida e di-

nais, pois não funciona com engrenagens,

Versa conta com versões de transmissão

fundida em modelos superiores da marca.

Com a novidade, disponível para as versões

equipadas com motor 1.6 16V, a Nissan segue sua filosofia de Mobilidade Inteligente com um

sistema que traz muita tecnologia embarcada e oferece o melhor em desempenho e conforto.

12

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Mais tecnologia e menos consumo

Entre os compromissos da Nissan está o equi-

de marchas das caixas automáticas tradicio-

líbrio entre o bom desempenho do veículo com

mas sim com duas polias que variam de tama-

proporcionam o melhor desempenho em con-

nho de acordo com a velocidade requisitada

na condução. Tudo para entregar conforto, desempenho e economia de combustível (o Versa recebeu nota ‘A’ no programa de eficiência energética do Inmetro).

a economia de combustível. As modificações sumo de combustível, já que mantém a rotação do motor adequada.

Com etanol, o modelo 1.6 16V faz 7,8 km/l

(cidade) e 10 km/l (estrada) e 12 km/l (cidade) e 14 km/l (estrada) com gasolina.


A eficiência em consumo dos modelos da

Nissan é um resultado direto do Green Program

2016 (NGP2016), plano de ações ambientais que

tem como meta a redução das emissões nas ati-

vidades da companhia e de seus produtos. Em 2014, a Nissan reduziu em 2% as suas emissões

globais ao mesmo tempo em que sua produção mundial de veículos cresceu 5,1%.

O Nissan Versa conta também com a função

‘Overdrive’, um botão na lateral da alavanca do

câmbio que permite ao motorista mudar o regime

de rotação do motor para uma maior faixa de giro,

proporcionando melhores respostas nas acelerações. A opção traz vantagem nas ultrapassagens

de veículos, acelerações em subidas, frenagem de alta velocidade nas curvas e permite a redução de velocidade pelo freio motor.

A cadeira de rodas coube, desmontada, no porta-malas do carro. Ainda sobrou espaço para guardar outros objetos

O test drive

Para realizar o test drive do modelo Nissan Ver-

No entanto, Rodrigo tem no porta-malas um

sa Unique CVT, convidamos o analista financeiro

ponto negativo. “Como todo sedã, o porta-malas é

um projeto educativo que visa conscientizar as

mente quando o assunto é guardar uma cadeira

Rodrigo Bottini, 41 anos, criador da Multa Moral, pessoas sobre a importância de respeitar as vagas reservadas para pessoas com deficiência {confira a matéria na página 12}.

Paraplégico há 18 anos, Rodrigo elogiou

o modelo testado. “O carro é muito bom, tem

ótima visibilidade, excelente desempenho e um bom espaço interno. Os comandos de

volante dão muita autonomia e até o acesso

ao porta-luvas, que parece distante, não é um problema para mim, que tenho os braços longos (risos)”, explica.

enorme, mas sua abertura limita muito, principal-

de rodas. Como eu uso muito o carro e não gosto de desmontar a cadeira para colocar no banco do

passageiro. Sempre opto por um porta-malas que dê para guardar a cadeira inteira. Para isso sempre

conto com a ajuda de terceiros, mas vale a pena,

pois há menor desgaste da cadeira”, explica ele,

que tem no espaço do porta-malas uma prioridade na escolha do carro.

Rodrigo também elogiou a abertura de portas

do carro e a altura do banco, o que facilitou muito sua entrada no carro.

Outro ponto aprovado foi a abertura de portas do carro

Nota da editora: Durante o test drive, a cadeira de rodas

do Rodrigo foi desmontada (com sua autorização) e guardada no porta-malas do veículo.} Rodrigo aprovou o novo Nissan Versa e elogiou os comandos de volante do modelo

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Seus direitos

Essa vaga não é sua! Mudança no código brasileiro de trânsito pretende penalizar, com mais rigor, motoristas que estacionarem em vagas reservadas Por: Julliana Reis | Fotos: Bianca Ponte e Shutterstock

T

odo mundo sabe que as vagas

No Brasil, existem mais de 26 milhões

reservadas para idosos e pessoas

de idosos, com mais de 60 anos, segundo

exclusivo. No entanto, o que quase ninguém

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

com deficiência são de uso

entende ainda é que não se trata de um

privilégio para poucos, mas, de um direito,

adquirido há 16 anos, com a promulgação

da chamada Lei de Acessibilidade (Lei

dados divulgados em 2013 pelo Instituto

pessoas que se utilizam das vagas reservadas

possuem alguma deficiência.

Rodrigo Bottini, 41 anos, criou o projeto

que mais de 45 milhões de brasileiros

Em vigor desde 1º de novembro, a nova

lei de trânsito prevê penas mais rigorosas

No detalhamento da lei, atualizada

reservadas para idosos e pessoas com

em 2004, consta a obrigatoriedade dos

estabelecimentos privados oferecerem 2% de suas vagas, próximas à entrada principal e de fácil acesso.

Parece simples e praticamente todos os

estabelecimentos já cumprem essa regra, no

entanto, é importante destacar que essa lei ga-

rante o direito de ir e vir para milhares de pessoas.

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Pensando em conscientizar e educar

que também apontou em seu último Censo,

10098/2000), que regulamenta o uso de vagas reservadas em estacionamentos.

Multa moral

para quem usar de forma indevida as vagas

sem autorização, o analista financeiro ‘Multa moral’, que explica, de forma educada

até mesmo bem-humorada, o porquê de as vagas serem reservadas.

“A melhor maneira de conscientizar a

deficiência. Isso porque a multa para esta

pessoa é educando e evitando o conflito,

considerada gravíssima, e quem for flagrado

certas. Por isso, resolvi criar esses cartões

infração, antes considerada grave, agora é com o carro estacionado de forma irregular nestas vagas vai pagar multa no valor de 293 reais e 47 centavos, além de ter o veículo apreendido e somar sete pontos na carteira de habilitação.

porque as pessoas sempre acham que estão

que trazem a informação sobre a infração de forma educada, com informações sobre

a lei e explicando como tirar o cartão DeFisDSV, que dá a autorização especial para estacionamento”, explica Rodrigo.


Vila Madalena, e contamos com a ajuda

Durante a reportagem, aplicamos duas multas morais e testamos um aplicativo que localiza vagas reservadas

do aplicativo Parknet para localizar vagas reservadas. Em dez vagas rastreadas (nove delas

por meio do app), duas estavam ocupadas por veículos não autorizados. Nossa equipe não

hesitou em aplicar a multa moral nos infratores. Por conta dos problemas para estacionar,

Rodrigo garante que acaba optando por

programas em locais específicos, que lhe garantem uma certa facilidade e conforto. “Tem alguns shoppings que já oferecem o serviço de conseguir conscientizar as pessoas sobre o que é certo. Esse é meu objetivo”, completa.

Para Rodrigo, a melhor forma de

conscientizar as pessoas é fazendo com que elas paguem mais caro pela infração.

“Infelizmente as pessoas precisam sentir no bolso para entender a importância em Eventualmente, o analista fica

observando a reação das pessoas quando são surpreendidas pela multa moral no painel do carro. “Alguns rasgam sem ler,

outros leem e depois rasgam, mas, há os que leem e refletem sobre o erro. Só espero

respeitar as vagas. A multa moral tem por

valet, pelo mesmo preço do estacionamento comum, para pessoas com deficiência e isso é um diferencial que vale a pena”, conclui.

{saiba como adquirir seu cartão no link: minu.inf.br/oK9vocNYYW}.

Movimento Criado pela agência TheGetz, o movimento

objetivo educar, mas, acredito que além de

‘Essa vaga não é sua nem por um minuto’

ter um custo maior. Isso sim faria as pessoas

quanto ao respeito às vagas reservadas, já

ser considerada gravíssima, a multa deveria

pensarem duas vezes antes de estacionar.”

Durante a reportagem com Rodrigo,

circulamos pelos bairros de Pinheiros e

tem por objetivo mobilizar as pessoas que muitas vezes, as pessoas que fazem uso

de forma irregular das mesmas afirmam que estacionaram ‘só por um minutinho’.

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Instituto

Instituto Ester Assumpção Organização colabora para que as pessoas com deficiência alcancem a inclusão educacional e profissional Por: Marina Sobrinho | Fotos: Divulgação

a construção de um ambiente favorável à contratação de profissionais com deficiência.

Neste trabalho, uma equipe qualificada verifica os principais problemas no ambiente da

empresa relacionados a esse aspecto e indica soluções para tornar possível a inclusão.

Já o trabalho junto às escolas consiste

na elaboração de metodologias e técnicas

que estimulem o desenvolvimento e a

aprendizagem dos alunos com deficiência,

O

da educação infantil ao ensino superior,

O grupo de crianças e jovens atendidos pelo instituto, que tem sede na cidade de Betim, em Minas Gerais

Instituto Ester Assumpção

nosso conhecimento com as organizações

educadora Ester Assumpção.

nos processos de inclusão”, explica o

foi fundado em 1987, pela

A organização, que inicialmente levava o

nome de Sociedade Ester Assumpção de

Pesquisa e Assistência ao Excepcional (SEAPE),

para que tenhamos resultados eficazes

superintendente da organização Oswaldo Ferreira Barbosa.

O instituto é uma organização da

vem realizando, ao longo desses quase 30

sociedade civil sem fins lucrativos e seus

construção de uma sociedade mais inclusiva.

às pessoas com deficiência, atendimento

anos, diversas ações que contribuem com a Localizado em Betim (MG), o instituto

desenvolve um serviço de assessoria especializada no desenvolvimento de

soluções inclusivas para empresas e escolas

que desejam construir um ambiente organizacional que seja favorável à inclusão

de pessoas com deficiência. “Utilizando ferramentas de gestão, compartilhamos o

16

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buscando aproximação e coerência com as diretrizes atuais da Política Nacional de Educação Especial. Entre as ações realizadas, destacamos os cursos para professores e

gestores com temas relativos à educação especial inclusiva e os estudos de casos, que levam discussões e orientações para situações vivenciadas pela escola.

trabalhos seguem três frentes: Atendimento

às empresas e atendimento às escolas.

Na primeira, as ações são voltadas para a

qualificação e o encaminhamento de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho,

bem como, fazer um acompanhamento durante sua vida profissional e escolar.

Na segunda frente, o instituto promove,

junto às empresas, ações que proporcionam

Instituto desenvolve ações de empregabilidade


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Instituto

Instituto Rodrigo Mendes O IRM e a UNICEF se unem para inclusão no esporte e na arte Por: Marina Sobrinho | Fotos: Reprodução Facebook

R

Instituto se destaca por promover ações de inclusão voltadas ao esporte, integrando crianças com e sem deficiência de todo o país

odrigo Hübner Mendes, mestre em

O Instituto criou um portal de Centro

realização do seminário ‘The quest for global

conhecimento sobre educação inclusiva,

livre tradução), organizado pela Faculdade

Gestão da Diversidade Humana

de Estudos, voltado à produção de

Mendes (IRM), sofreu um acidente em 1994 e

destinado à troca de experiências e à

e fundador do Instituto Rodrigo

se tornou tetraplégico aos 19 anos. Após esse episódio, começou a pintar, e esse contato

construção de conhecimento, a partir das

inclusion’, (A busca pela inclusão global, em de Educação de Harvard.

A associação se desenvolveu e não se

práticas das próprias escolas.

limitou. Depois de oito anos, foi criado um

Em consequência disso, surgiu a ideia de

com o Ministério da Educação (MEC), um

inclusão’, que envolveu ações inclusivas por

deficiência, dando-lhes a oportunidade de

que tem como finalidade disponibilizar os

com a arte foi de extrema importância.

criar um instituto para atender pessoas com desenvolvimento por meio da arte.

Em 2005, o IRM inaugurou uma nova

etapa, visando colaborar para que a rede pública de ensino brasileiro fosse capaz

de atender alunos com deficiência na sala

de aula regular, por meio de um programa chamado Plural.

18

O IRM iniciou então, em parceria

trabalho que resultou no projeto Diversa,

projeto denominado ‘Portas abertas para a meio do esporte em 15 cidades brasileiras.

“Abrir as portas das escolas públicas

conteúdos desenvolvidos pela equipe de

regulares para as crianças com deficiência,

gestores de escolas, secretarias de educação

desenvolver de forma integral é o objetivo

pesquisa do instituto e apoiar educadores, e especialistas que se sentem desafiados a incluir pessoas com deficiência na escola.

A atuação do IRM resultou em um convite

para participação como corresponsável pela

garantindo o direito de aprender e se

do projeto, pilotado pelo Instituto Rodrigo Mendes, em parceria com a Unicef e com nosso parceiro Fundació FCBarcelona”, conclui Rodrigo Mendes.

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Instituto

ADERE Associação atua no desenvolvimento educacional de jovens com deficiência intelectual e também atua na área da empregabilidade de seus assistidos Por: Marina Sobrinho | Foto: Divulgação

Gourmet, têm o valor de venda destinado ao trabalho da instituição, que também conta com doações de empresas e pessoas físicas.

O instituto também lançou um projeto

chamado Adere Gentil – Zeladoria da Vila com objetivo de inserir os atendidos na comunidade do entorno da instituição de maneira proativa,

como cidadãos críticos e protagonistas de mudanças para o bem comum.

Jovens e adultos da organização carregam

celulares, câmeras, papel e caneta, observando

problemas estruturais do bairro da vila, como

buracos e desníveis nas calçadas, que dificultam

C

Com sede na cidade de São Paulo, associação atende jovens com deficiência intelectual

riada em 1972, a Associação para

A instituição conta com uma equipe

a acessibilidade, fios elétricos soltos, lixo

irregular em terrenos, árvores podres, bueiros entupidos a partir de 11 roteiros definidos pela

Desenvolvimento, Educação e

multidisciplinar, e os atendidos descobrem

(ADERE) está na cidade de São Paulo (SP) e

criativo, que, ao mesmo tempo, incentiva sua

habilidades importantes, os atendidos também

Uma parte dos beneficiados é capacitada

são parte essencial da sociedade, capazes de

Recuperação do Excepcional

atua como uma instituição sem fins lucrativos que nasceu de um grupo de pais de pessoas

suas habilidades em um ambiente seguro e autonomia.

com deficiência intelectual, preocupados com

para o mercado de trabalho e contratada por

O projeto oferece atendimento global, que

desenvolve autoconhecimento, autoestima e

o futuro de seus filhos.

inclui o desenvolvimento das habilidades de jovens para sua inserção no mercado trabalho. Por meio das manifestações da arte, traduzidas

em oficinas, além do trabalho com o corpo e a mente, a associação promove atividades físicas com exercícios e artes marciais.

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empresas parceiras da instituição. Outra parte sensação de pertencimento para que se sinta

equipe da instituição.

“Com o projeto, além de desenvolver

trabalharão a autoestima, percebendo que encabeçar mudanças que repercutirão na vida

de muitas pessoas”, explica a coordenadora institucional da Adere, Soeni Sandreschi.

A Adere pretende criar canais de

acolhida e capaz de conquistar seu espaço na

comunicação com instituições públicas e

As peças artesanais e os acessórios para casa

problemas, como a subprefeitura da regional do

família e sociedade.

e escritório, realizados nas oficinas, assim como os pratos e doces feitos pelo projeto Adere

privadas, responsáveis pelas soluções dos

Jabaquara, envolvendo também a associação de moradores e outros grupos de caminhada.


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Histórias de Sofia

Brotas Por: SofiaCrispim* | Fotos: Shutterstock/Arquivo pessoal

N

este ano eu fui duas vezes para Brotas. Uma no aniversário da

minha mãe e as primas dela e

a outra no encontro da Família Crispim.

Brotas é um lugar que é famoso por ter

cachoeiras, mas em nenhuma das vezes a

gente foi em cachoeira lá. A gente gosta de cachoeira, mas normalmente as trilhas são

muito ruins para ir com a cadeira de rodas. Aliás, a gente gosta desses passeios

assim na natureza, mas é muito difícil ir por-

que natureza e cadeira de rodas parece que não combinam muito. Mas nem sempre!

Nesse hotel que a gente foi tinha quar-

tos com acessibilidade e rampa para todos

os lugares. Eu conseguia andar bastante Sofia com seus familiares durante o encontro da Família

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Crispim


muito bom quando isso acontece. Outros

amigos nossos disseram que existem mais

hotéis fazenda assim, com acessibilidade. Tem um até que já saiu aqui na Incluir, o hotel fazenda Campo dos Sonhos. Mas esse eu não conheço ainda.

Eu gostei tanto que até brinquei que

se a diária fechasse dez e meia eu queria

ficar até dez e trinta e um, para aproveitar

cada minuto! Da próxima vez eu quero ver se dá tempo de ir a uma cachoeira, mas se

não der, só de poder passear por todos os lugares, aproveitar a piscina, a comida, os

docinhos e brincar bastante, já vale a pena. Tomara que outros hotéis aprendam

com este e que fique cada dia mais fácil passear, seja na cidade ou no campo!

hotelfazendaroseira.com.br

Sofia durante um passeio pela cidade de Brotas, no interior do estado de São Paulo

sozinha com a minha cadeira, e também

Ah, o hotel era numa fazenda e quase

passear com meu primo e as outras crianças

tudo que a gente comia era feito lá mesmo.

É muito difícil ver um hotel que não

isso, uma fazenda completa, ainda assim

que estavam lá.

tenha degrau! Em todos os lugares era ram-

pa e isso não é bom só para mim. Tinha

Eu até vi um cafezal. E mesmo tendo tudo era acessível.

Eu até lembrei de uns resorts que nós

velhinhos no hotel e até gente da minha

já fomos e tinha toda essa estrutura. Mas

escada, então as rampas eram mais legais

assim tinha tudo que precisava para eu

família que também não ia conseguir subir para todo mundo.

hotel fazenda é mais simples e mesmo conseguir me movimentar sem riscos. É

*Sofia Crispim assina a coluna, sob a supervisão de sua mãe, a jornalista Denise Crispim.

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Mundo afora

Cadence: Eu sou apenas eu Garotinha com autismo inspira outras crianças por meio de sua página na internet Por: Leticia Leite | Fotos: Reprodução Facebook

A garotinha, que ganhou milhares de segui-

dores, compartilha sua rotina e suas experiências

no site: iamcadence.com, onde é possível encontrar alguns de seus textos, reflexões e tutoriais de itens de artesanato.

Todas as crianças com autismo têm pontos

fortes, uma personalidade única e uma série de desafios de comunicação, sociais e emocionais a superar. Cadence tem uma dificuldade particular na compreensão de como e por que

as pessoas se comportam de determinadas

maneiras em várias situações, uma incapacidade de 'interpretar' expressões e emoções

faciais – tanto nos outros quanto em si mesma, capacidade limitada para usar a linguagem ver-

bal em formas típicas e dificuldades sensoriais consideráveis. Ela também acha muito difícil se

sentir segura na maioria dos ambientes devido

C

Cadence durante uma sessão de fotos feitas para seu blog

adence é uma menina de oito anos,

em livre tradução), publicada em agosto de 2015.

meira obra ‘Autism is why I am diffe-

palavras inspiraram e motivaram diversos co-

amante da escrita, que teve sua pri-

rent’ (O autismo é o porquê de eu ser diferente,

24

revista incluir

Poucas horas depois da publicação, suas belas rações ao redor do mundo por meio da mídia.

Cadence brinca com um golfinho durante viagem


devido ao seu bom comportamento, é uma típica aluna de alto desempenho. Não é uma garota

que gosta de ser o centro das atenções, fotografia

escolar não é uma atividade com a qual ela se envolve, receber prêmios ou certificados, parti-

cipar de atividades escolares abertas ao público

como desfiles, dias de esportes e excursões é muito difícil para ela.

Em casa, Cadence age como um filho apa-

rentemente normal em muitos níveis. Ela lava louças, alimenta os animais e consegue constan-

temente fazer uma bagunça. Em contraponto, não há beijos noturnos ou ‘eu te amo’, e se ela fica confusa, angustiada, ou um estranho chega

à porta, não seria incomum encontrá-la em seus

refúgios embaixo da cama, em um armário ou se escondendo em seu balanço. Uma garotinha

adorável, que mostra seu afeto genuíno para os outros por meio de notas escritas, deixadas ao

redor da casa e mediante suas ações de compaixão pelos outros.

O meio ambiente em que Cadence vive tem

sido importante no desenvolvimento da sua au-

toconfiança, um lugar onde é consistentemente compreendida e apoiada, mas ao mesmo tempo

incentivada a utilizar suas habilidades, encontrar o equilíbrio entre a deficiência e suas necessidades

genuínas e a não permitir que seus medos ou

Uma das mensagens de Cadence, sobre o que é o autismo

ao alto nível de ansiedade social. Cadence teve

gosta de passar o tempo com os amigos, fazendo

das expectativas para sua idade, e tem uma

fadas, no coelhinho da Páscoa e embora ela

um desenvolvimento intelectualmente acima visão profunda de suas diferenças.

Segundo sua mãe, Angela, "Cadence é

apenas Cadence”, ela é consciente que tem um ‘perfil’ particularmente complexo, mas considera que este fato não tem importância para sua vida cotidiana.

“Ela não percebe e nem acredita que suas

diferenças a diminuem de alguma forma – pelo contrário, ser diferente sempre pareceu motivá-la para encontrar maneiras de se entender e se relacionar com o mundo ao seu

ginástica, pulando e rolando. Ela acredita em nunca esteja inteiramente convencida de que Papai Noel existe, lhe escreve uma carta a cada

ano. Entretanto, de certo ponto, ela é um pouco diferente, raramente cumprimenta seus amigos,

dificilmente seu ‘olá’ e ‘tchau’ são dados de forma típica e pode ficar facilmente confusa durante

jogos imaginativos, sociais e de playground. Dona de uma personalidade exuberante e gentil, é mui-

to bem recebida por seus coleguinhas, mesmo que não a compreendam muitas vezes.

No contexto escolar, Cadence faz parte de

redor e ser corajosa.”

uma turma regular, é bem vista pelos funcioná-

ças da sua idade, feliz, muito ativa e brincalhona,

considerada um 'modelo' para as outras crianças

Cadence é muito parecida com outras crian-

limitações se tornem obstáculos.

rios e por seus colegas, tem boas maneiras e é

Cadence indicando que gosta muito de sorvete

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25


Estamos de olho

Planos de saúde: burocracia e falta respeito com os clientes Apesar de ser proibido legalmente recusar pessoas com deficiência ou com doenças preexistentes, prática ainda é comum Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal e Shutterstock

A

o contratar um plano de saúde ou,

mãe, Rita de Cássia Goulart, entrou em

serviço prestado por ele, são muitas

operadora para fazer uma reclamação quan-

contato com a central de atendimento da

até mesmo, ao reclamar de algum

as dúvidas que passam pela cabeça do cliente.

do descobriu que não cobriam o tratamento

Diante disso, é preciso ter muita atenção e ana-

do seu filho, mas a própria operadora disse

lisar os serviços oferecidos, visto que cada vez

que não poderia fazer nada e a aconselhou

mais surgem casos de negligência e de práticas

a procurar a justiça.

ilegais adotadas pelas operadoras, e a falta de

Rita tentou ingressar em outro plano de

informação é a pior inimiga nestes casos.

saúde para conseguir o tratamento, mas

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

carência para uma pessoa com deficiência,

O Código de Defesa do Consumidor e a

todas as operadoras pedem dois anos de

afirmam que as operadoras de planos de saúde

sendo que o tempo padrão para os demais

não podem recusar nenhum cliente. Segundo

pacientes é bem menor.

Dagoberto José Steinmeyer Lima, advogado e

“Se uma pessoa sem deficiência se

especialista em saúde suplementar, a Lei 9656

acidenta e precisa de uma fisioterapia, o

proíbe que haja qualquer impedimento ao

pra pessoas com deficiência não. Nenhuma

de 1998, que regulamenta os planos de saúde,

plano de saúde cobre, mas uma fisioterapia

acesso de pessoas com deficiência aos serviços

operadora cobre este tipo de tratamento,

de qualquer plano de saúde.

elas te vendem uma coisa que não existe.

É uma caminhada muito difícil, pois quem

“A operadora não pode recusar uma pes-

soa que tenha qualquer deficiência física ou

intelectual. A cobertura dos serviços deve ser

Rita de Cássia com o filho Bernardo

ainda, autoriza a ANS a fazer o chamado ‘plano

e precisa realizar um tratamento chamado

dimentos para patologias que as operadoras

avançada, entretanto, seu plano de saúde

igual para todo mundo. O artigo 10 da Lei 9656, preferência’, que contempla um hall de procesão obrigadas a cumprir”, explica Dagoberto.

26

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Bernardo, 10 anos, tem paralisia cerebral

Pediasuit, uma espécie de fisioterapia mais

ainda não cobre este procedimento. Sua

depende do Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue um tratamento adequado, e quando você tem condições de ter um

convênio é obrigado a passar por esse monte de burocracia. Agora contratei uma

advogada para tentar reverter este caso na justiça”, finaliza Rita.


“É uma caminhada muito difícil, pois quem depende do SUS não consegue um tratamento adequado, e quando você tem condições de ter um convênio é obrigado a passar por esse monte de burocracia” – Rita de Cássia

Como reclamar?

Se a operadora foi indevida, a ANS abre um

Recentemente, ela descobriu um problema

Em casos de negligência, o primeiro passo é

processo sancionador junto a seu núcleo de

na bexiga e o único tratamento para isso seria

o ocorrido. Caso o problema não seja solucio-

um processo que vai culminar em uma multa,

poderia ter infecções frequentes. Assim, surgiu

contatar a ouvidoria do plano de saúde e relatar nado, é preciso dirigir-se à ouvidoria da ANS,

que abrirá um processo contra a operadora

fiscalização para que a mesma se defenda, em geralmente muito pesada.

Bruna Basile Focaccia, 25 anos, teve câncer

chamado ANIP, que é um processo sumário e

no intestino em 2011. A advogada havia ingres-

porque não está dando a cobertura adequada.

teve que arcar com quase todo seu tratamento

urgente para que o plano de saúde explique

um segundo problema com a operadora, que se negou a oferecer o produto.

“Entrei em contato com o plano de saúde

sado em um plano de saúde há pouco tempo e

e nem entenderam o que eu estava pedindo,

em atendimento particular. Em 2012, após

médico falou pra eu tentar pegar a sonda no

tratamentos como radioterapia, quimioterapia

e algumas cirurgias, tentou ingressar em outro plano de saúde e negaram sua apólice, mesmo

declarando que já estava curada. Bruna entrou com uma ação judicial para ingressar no plano.

logo negaram a minha solicitação. Meu próprio

posto de saúde, porque os pacientes que ele

conhecia, que tinham conseguido pelo con-

vênio, só conseguiram receber o produto por intervenção judicial”, afirma.

Pela segunda vez Bruna processou a ope-

“Eu não neguei em nenhum momento que

radora e conseguiu a liminar, assim, as sondas

o que poderiam impor é a carência de até 24

meses. A operadora recorreu ao processo, mas

tive a doença. De acordo com o contrato deles,

meses. Mas, mesmo assim, eles não aceitaram

o meu pedido de inclusão e isso é um absurdo. Bruna Basile acumula dois processos contra operadora

a utilização de uma sonda, caso contrário, ela

Na época eu tinha 21 anos, imagina como é para uma pessoa de 70, 80 anos”, diz.

são fornecidas pelo plano de saúde há cinco Bruna acredita que as chances de reverter a situação são mínimas. Agora, Bruna pretende ajudar um colega cadeirante a conseguir a sonda na justiça.

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Especial

Moda inclusiva Projetos criam peças adaptadas e dão visibilidade às pessoas com deficiência mostrando ao mercado a importância do segmento Por: Leticia Leite e Marina Sobrinho | Fotos: Carlos Irineu, Kica de Castro, Marco Maia, Divulgação e Shutterstock

28

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T

odas as pessoas, independente

da idade e gênero, gostam de se olhar no espelho e se sentirem

bonitas. Cada peça, seja um sapato, uma blusa ou um acessório, além da função

de vestir, é utilizada como um item que transparece a personalidade de quem a

usa. Desta forma, o mercado deve oferecer às pessoas com deficiência peças

adaptadas de acordo com suas necessida-

des, para que assim não sejam obrigadas

a fazer adaptações caseiras que muitas

vezes comprometem o design da peça e

causam desconfortos ao vestir. O segmento de moda inclusiva ainda está em proces-

so de descoberta e em evolução no país,

e dentre seus principais objetivos estão proporcionar maior conforto às pessoas

com deficiência e trabalhar a sua vaidade e autoestima.

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Especial

Inclusão nas passarelas Em novembro, a cidade de São Paulo

(SP) recebeu a final do 8º Concurso de Moda

Inclusiva, a iniciativa da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência tem

sivos à medida que observava muitas pessoas com deficiência nas ruas e imaginava como a roupa pode facilitar seu dia a dia.

“Eu já conhecia o evento e o acompanhava

como objetivo incentivar a produção de looks

as edições pela internet, este ano decidi parti-

oportunidade para que estudantes e profissio-

participação é muito importante, pois já faz

para pessoas com deficiência, além de ser uma

nais de diversas áreas discutam tendências, de-

batam novas ideias e troquem experiências no âmbito da moda inclusiva e do mercado têxtil.

Na ocasião, participaram estudantes de cur-

sos técnicos, universitários e profissionais da área da moda e da saúde, e desfilaram os modelos

finalistas de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso

cipar e por sorte fui selecionada. Para mim essa alguns anos que venho trabalhando esse tema

nos meus projetos dentro da universidade, e chegar onde cheguei me diz que estou indo no

caminho certo. O meu questionamento sobre o tema é: será que não chegou a hora de re-

solvermos esses problemas de acessibilidade?” A estilista fez o look adaptado sob medida

do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Bahia e tam-

à distância para a modelo Ravelly Santana, 20

concurso também recebeu inscrições de países

a deficiência há dois anos, quando teve que

bém projetos do Japão, da Argentina e do Irã. O como Canadá, Chile, França, Índia e Paraguai.

A ideia de tornar o concurso internacional

surgiu da necessidade de convidar participantes

de todo o mundo a compartilhar soluções inovadoras que podem contribuir no bem-estar e na qualidade de vida das pessoas com deficiên-

cia, além de apresentar novos conceitos à moda. Natsue Kiyama é da cidade de Córdoba, na

Argentina, e veio para o Brasil participar pela

primeira vez do Concurso de Moda Inclusiva. Ela está terminando os seus estudos em Moda

e Design Têxtil e decidiu produzir looks inclu-

anos, que é estudante de jornalismo e adquiriu amputar parte da perna, devido a um proble-

ma de saúde. “Como a minha deficiência é só

na perna, tenho dificuldades para comprar calças, e só uso saia rodada, porque as outras tipo ‘tubinho’ não ficam legais em mim. Mas a maior dificuldade é pra comprar sapato,

porque o pé da prótese é rígido como pé de

boneca, e normalmente os calçados não têm flexibilidade para entrar no pé.

Para Ravelly, a mídia também tem grande

importância para a moda inclusiva, pois ela

exerce o papel de disseminar a informação

Divulgação A modelo Ravelly Santana na passarela do Concurso de Moda Inclusiva

30

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nicação que o mercado olhará pra nós, esses projetos e concursos nos divulgam como

Divulgação

sobre o tema. “É através dos meios de comu-

pessoas consumidoras, que atualmente o mercado não enxerga”, finaliza.

A advogada Mariana Meneguel Ribeiro, 29

anos, possui mielomeningocele, é cadeirante

e diz que sua maior dificuldade na hora de comprar uma roupa não é a peça em si, e sim

Leticia Leite

a acessibilidade das lojas. “Há muitas lojas com

escadas, e normalmente seus vestiários são pequenos. A roupa em si a gente adapta. Eu, que sou baixinha e gordinha, por exemplo, sempre mando a costureira fazer as barras.”

A advogada também faz trabalhos como

modelo fotográfica e estreou nas passarelas

no Concurso de Moda Inclusiva com um look

para noivas da estilista brasileira Andreia Zibordi. Ela desenvolveu um vestido de noiva para

Mariana Meneguel no Concurso de Moda Inclusiva

roupa linda e ao mesmo tempo confortável,

leitor QR code com áudio descrição das fun-

drão destes vestidos muitas vezes não atende

ficou com o iraniano Ali Entezari, que produziu

cadeirantes com o intuito de proporcionar uma

pois os tecidos utilizados e a modelagem paàs necessidades das pessoas com deficiência. “O vestido tradicional de noiva é bem justo

e estruturado, para as cadeirantes isso não é

cionalidades em cada peça. O terceiro lugar uma capa estilizada para a prótese da perna esquerda de sua esposa, que foi a sua modelo.

Detalhes do vestido criado por Andreia Zibordi

interessante, mas essas mulheres também

querem uma roupa acinturada, então coloco detalhes que dão o mesmo efeito à peça, mas

que são mais confortáveis para a noiva. Já o

tecido é de algodão, ajudando na transpiração e tem um bordado de pérolas na manga, e não no encosto, porque como elas ficam muito

encostadas é capaz de machucar. Ainda há um o velcro na lateral que auxilia no momento de

vestir a peça e também permite que a noiva

o utilize longo ou curto, é um vestido clássico e moderno ao mesmo tempo”, diz Andreia.

Os premiados no 8º Concurso de Moda

Inclusiva foram o estilista Eduardo Inacio Alves,

de Campo Grande (MS), que faturou o primeiro e o segundo lugar com os looks Solar Power

e Solar Energy. Neles foram feitas adaptações

Provadores DEVEM ser acessíveis Em outubro, foi sancionada no Rio de Janeiro a Lei 7.443/16 que determina que lojas de vestuário, calçados e similares são obrigadas a instalar ou adaptar seus provadores para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Em caso de descumprimento, os estabelecimentos estão sujeitos a punições previstas no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), que vai de multa até a interdição da loja.

como zíper com argola nas laterais, abertura de botões nos ombros, etiquetas em braile e

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Moda para anões Quando o assunto é moda, as pessoas

com nanismo ainda enfrentam dificuldades.

figurinista, atriz e videomaker é graduada

tendo que investir em peças infantis e que

na época da faculdade que surgiu o envol-

Em muitos casos, devido à altura, acabam

não condizem com a sua personalidade. Tanto o público feminino quanto o mas-

culino possuem necessidades específicas

devido à diversidade de corpos, como o comprimento de mangas e pernas, a locali-

zação de bolsos e outras séries de questões que estão sendo debatidas, uma delas é

a ausência de modelos com nanismo em

vimento com a moda adaptada, começou a

criar looks para suas amigas com nanismo e, então, como trabalho de conclusão de curso, preparou o desfile ‘Democracia dos

Corpos’, não só com modelos anões, mas

também com pessoas muito altas e com anorexia entre outros.

Carina diz que o processo de produção

de roupas para pessoas com nanismo é

Carina Casuscelli, criadora do projeto

para a contratação de um staff especializa-

‘A moda está em baixa’, acredita que o

sentimento dos empresários em relação à moda para pessoas com nanismo é o medo, pois por mais que gostem das ideias

acabam não patrocinando os projetos para este público.

repleto de desafios, como a falta de verba do, modelistas que já tiveram experiência com peças para corpos com diversidade.

Nas últimas coleções que desenvolveu a

malharia foi o tecido mais utilizado, pois ele se adapta às silhuetas das modelos.

“No início me achavam excêntrica, naque-

“Há muitos anos vi que no mercado

le tempo nanismo era um tabu, e só víamos

toda a beleza e potencial das meninas com

conteúdo. Achavam impossível realizar algo

brasileiro não havia nada que mostrasse nanismo... fico feliz de ter contribuído com diversos projetos em todo o Brasil pela inclusão de mulheres maravilhosas na moda e na arte, e mesmo com todo o sucesso que

conquistamos, ainda temos dificuldade em captar verbas e apoios de empresas”, diz Carina.

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em Negócios da Moda e Artes Cênicas. Foi

propagandas de cosméticos, marcas de roupas e acessórios.

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A multiartista, diretora teatral, estilista,

pessoas com nanismo em programas de baixo com as meninas com nanismo e que logo eu iria desistir, mas 15 anos se passaram e o projeto está com grande visibilidade, temos certeza

que atingiremos nossos objetivos artísticos, sociais e mercadológicos. Hoje contamos com mulheres com personalidade de todo o Brasil que querem participar”, finaliza Carina.


Carlos Irineu

Carlos Irineu

Carlos Irineu

Viviane de Assis veste look ‘A Moda está em Baixa’

Rebeca Costa é modelo para ‘A Moda está em Baixa’

Adriana Cristina veste ‘A Moda está em Baixa’

Carlos Irineu

Carlos Irineu

Patrícia Scherer com peças adaptadas para anões Kenia Maria com look desenvolvido para anões

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Especial

Meu corpo é real

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revista A modelo do projeto 'Meuincluir Corpo é Real' Bárbara Barros


Marco Maia

Leticia Guilherme tem fragilidade óssea e posa para a campanha ‘Meu Corpo é Real'

Michele Simões é formada em moda,

mas passou a enxergar a necessidade de abordar a moda inclusiva após sofrer um

acidente e se tornar paraplégica, em 2006.

de reabilitação reclamavam das mesmas

coisas, tanto da parte de modelagem quanto da representatividade”, comenta.

Pensando no direito de consumo das

A partir de uma visita a uma exposição

pessoas com deficiência, criou o projeto

conheceu a sua paixão por moda social

principal objetivo promover a inclusão da

de uma marca canadense, Michelle ree entendeu que é possível trabalhar com moda inclusiva sem perder a identidade dos produtos.

“Me deparei com um corpo completa-

mente diferente e comecei a perceber que isso não era uma questão só minha, grande parte das pessoas que eu convivi no centro

‘Meu Corpo é Real’, em 2015, que tem como pessoa com deficiência na indústria da

moda por meio da comunicação. “A ideia principal é fazer uma ponte entre esses

consumidores que não se sentem repre-

sentados no mundo da moda, fazendo com que, futuramente, este movimento seja aderido”, explica Michele.

Marco Maia

revista incluir

35


Especial Marco Maia

meio de seus estudos, a curadora percebeu

que precisava expandir a campanha para outros públicos como o plus size, agênero e negros. “A gente quer trabalhar com tudo

o que a moda não quer trabalhar. O ‘Meu

Corpo é Real’ acredita que a moda tem

que ser pra todos e esses padrões que ela costuma trabalhar devem cair”, diz Michele. O projeto também pretende alcançar

os estudantes do ramo, os levando para conhecerem esse universo e desmistifica-

rem a deficiência, promovendo encontros entre esses alunos e o público, para que

eles se entendam melhor e compartilhem seus interesses.

O ‘Meu Corpo é Real’ teve apoio de

voluntários e de empresas que abraçaram a causa. Com essa iniciativa, estudantes

foram alcançados com o objetivo principal

que é conscientização da moda inclusiva e

começaram a identificar adaptações para

as pessoas com deficiência. Alunos que nunca pararam para pensar sobre a re-

presentatividade entenderam que, como profissionais, precisam resgatar a autoestima desse público e dar visibilidade

a ele. “A gente percebe que através da informação e da comunicação é possível Bruno Favoretto e Ravelly Santana posando para a campanha

gerar mudanças”, conclui Michele.

A primeira ação do projeto foi o

‘Fashion Day Inclusivo’, que reúne em uma tarde de palestras conteúdos sobre ma-

quiagem, consultoria de imagem e estilo e informações sobre o mercado da moda.

A ação tem como objetivo sanar dúvidas e atender às necessidades das pessoas com

deficiência em relação à indústria da moda. Outras ações também foram promovidas, como um minidocumentário para agregar

a campanha, fazendo jus ao nome, mos-

Marco Maia

trando corpo reais e valorizando a beleza das pessoas com deficiência.

Em princípio, a ideia era atingir o pú-

blico feminino com deficiência, mas no

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revista incluir

Michele Simões, idealizadora do projeto ‘Meu Corpo é Real’


Grife inclusiva extremamente gratificante.

para pessoas com deficiência. A idealizadora da

mente faz a diferença na

marca, Dariene Rodrigues, fisioterapeuta há 16

anos, nunca imaginou que entraria para o ramo da moda. Sempre atuou com pacientes com de-

Percebemos que isso real-

vida das pessoas”, afirma Dariene.

Atualmente, o carro-

ficiência nas clínicas e percebia a necessidade de

-chefe da empresa são os

“Usar uma roupa pode ser complicado ao

a de algodão, que possui

existir vestimentas acessíveis para essas pessoas.

desabotoar, abaixar o zíper, principalmente se a pessoa tem uma dificuldade de equilíbrio.

Durante as sessões na clínica onde eu trabalhava, as mães dos pacientes faziam uma adap-

tação na peça, um corte para passar a sonda

ou a bolsa coletora, e eles tinham dificuldade para se vestir. Os cadeirantes, principalmente,

deixam de usar calça jeans e começam a usar bermudas de moletom e tactel por serem

mais fáceis de vestir, além disso, se o paciente tem que usar fralda ele terá que usar uma modelagem maior, então consequentemente é corrigida a questão da fralda, mas aumenta o restante da peça”, diz.

A partir de 2011, Dariene criou alguns

projetos em Sorocaba, cidade do interior de São Paulo, e conforme foi ampliando o leque

Kica de Castro

A ‘Labo B Moda Inclusiva’, inaugurada em

2013, foi a primeira loja virtual do Brasil voltada

dois tipos de calças jeans,

uma gramatura mediana,

visando o conforto do usuário, e o modelo que é última tecnologia na área

de denim, o megaflex, que tem aparência de jeans,

mas seu fio é o mesmo

Marinalva de Almeida e Thiago Cenjor vestem peças da ‘Lado B Moda Inclusiva’

do moletom. A confecção também trabalha com o tecido brim, que é 100% algodão. Em

relação às cores para esse leque de produtos,

há as lavagens clara ou escura para os jeans e

as cores cinza, cáqui, branca e marinho para o

tecido brim. Passaram também a confeccionar bermudas jeans com uma modelagem

um pouco mais comprida, visando o conforto, principalmente, dos cadeirantes.

A empresa também produz peças adap-

de atividades para pessoas com deficiência,

tadas de forma personalizada. No site, há uma

viável para sanar essas dificuldades das pesso-

sidade do cliente, e dentro das possibilidades

projetou o desenho de uma peça que achou as com deficiência e procurou outras pessoas para auxiliá-la na confecção da peça.

“Nunca imaginei projetar algo assim, princi-

palmente por ser fisioterapeuta. Quando a gente

recebe a ligação de uma pessoa dizendo que tem deficiência e deixou de usar uma peça por causa das dificuldades para vestir, e que agora

a peça que produzimos caiu super bem nela é

tabela de medidas e, de acordo com a neces-

da modelagem e do tecido, fazem ajustes no comprimento das peças, no tamanho da cintura

e do quadril. A pessoa pode ainda escolher o

tipo de tecido, a modelagem, a lavagem quan-

do é o jeans ou a cor quando o tecido é o brim,

o tipo de aviamento e de fechamento da peça, que pode ser com zíper ou velcro.

Dentre os planos para um futuro próximo

da ‘Labo B’ estão o lançamento de outras peças, e o principal, a criação de uma loja física. A em-

presa, ainda, está trabalhando em duas formas

de expandir a marca, com um programa de afiliados, onde formariam empreendedores com

deficiência, para que eles possam se beneficiar

através de comissões, e a outra forma seria por

meio de representantes, estabelecimentos como lojas ou clínicas médicas que poderiam adquirir kits e revender os produtos.

“Estamos testando algumas peças piloto,

mas o processo não é tão simples, há uma série

de atributos que temos que estudar. Em primeiro lugar temos que pensar no nicho que vamos

atender de acordo com a deficiência da pessoa, pois infelizmente não conseguimos criar uma

peça única para todas as pessoas com deficiências, temos que levantar as possibilidades e

verificar quais são as suas necessidades para desenvolver uma peça que resolverá os seus problemas com a moda”, finaliza.

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Vitrine

Moda para todos Fotos: Divulgação

Calça jeans algodão

A peça possui elástico no cós para facilitar o uso de calça plástica,

abertura estratégica na frente e nas

laterais para facilitar o vestir, o despir e o cateterismo. Há ainda um bolso

interno para acoplar bolsa coletora.

Calça jeans Megaflex

Produzida com o tecido megaflex,

tem o visual do jeans com o conforto do moletom e mantém a temperatura do corpo. Também possui elástico no cós auxiliando o uso de fraldas,

aberturas na frente e nas laterais que facilitam na hora de vestir, despir e o cateterismo, fora o bolso interno para acoplar bolsa coletora.

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Vale saber

COMO IDENTIFICAR SE SEU FILHO TEM DISLEXIA? Por: Mario Louzã* | Fotos: Divulgação e Shutterstock

É

no início da fase escolar, principalmente

lobos frontais e parietais. Não se sabe exatamente

criança). A dislexia é detectada, em geral, no início

notar se a criança possui algum distúr-

neuronais responsáveis pela integração das di-

Se houver dislexia, a partir dos sete anos, a

na alfabetização, que começamos a

bio de aprendizado: troca letras, dificuldade de compreensão das atividades, não tem o mesmo

ritmo que os colegas, entre outros comporta-

mentos que destoam. Um destes distúrbios de

aprendizado pode ser a dislexia, caracterizada

como são afetadas. Aparentemente, os circuitos versas fases da leitura (desde o reconhecimento

criança não desenvolve a leitura na mesma ve-

tas em uma palavra com um significado e uma

lenta e, ao escrever, costuma trocar letras ou

gráfico visual das letras até a transformação desfonética) são afetados.

A dislexia atinge cerca de 5% a 10% da po-

pela dificuldade de leitura e escrita, percebidas na

pulação infantil e suas causas ainda não são

As principais áreas afetadas no cérebro são os

fator genético é preponderante (genes ligados

decodificação e interpretação de letras e palavras. lobos temporais, além de algumas estruturas dos

40

revista incluir

da alfabetização, na faixa dos cinco aos sete anos.

totalmente conhecidas. O que se sabe é que o

ao desenvolvimento do cérebro no embrião e na

locidade que os outros colegas. A leitura é mais escreve ao contrário, como se fosse a visão de

um espelho (‘b’ e ‘d’, ‘p’ e ‘q’). A criança também pode inverter a letra ao escrever (‘s’ em forma

de ‘z’, por exemplo). Com os números, não é diferente. Pode haver uma inversão, por exemplo, entre o ‘6’ e o ‘9’.


Há diferentes tipos de dislexia: Dislexia Adquirida: é mais recorrente

Dislexia Superficial: neste tipo de dis-

tipo de traumatismo craniano, derrame

ma forma que são escritas, como ‘bala’,

em adultos e pode ocorrer após algum

cerebral ou doenças neurodegenerativas.

Dislexia de Desenvolvimento: é a dislexia

típica do desenvolvimento da criança, sem uma causa aparente. Contrasta com a dislexia adquirida, que é consequência de alguma doença neurológica.

Dislexia Fonológica: é a dificuldade de ler palavras desconhecidas.

lexia, as palavras que são lidas da mesnão geram dificuldade, ao contrário das

palavras cuja escrita não coincide com

a pronúncia, dificultando a leitura (por exemplo, ‘exercício’ – o ‘x’ é pronunciado como um ‘z’).

Dislexia Profunda ou Mista: envolve dificuldade tanto no reconhecimento

sonoro da palavra quanto na compreensão de seu significado.

O diagnóstico é feito por uma equipe que envol-

treino de leitura (ler alto ou auxiliar na compre-

um neuropsicólogo. No entanto, quem realiza o

atividade lúdica que envolva o reconhecimento

ve psiquiatra, fonoaudiólogo e, eventualmente, tratamento é um fonoaudiólogo. Além do apoio

emocional, os pais podem ajudar os filhos no

ensão do que está sendo lido) ou em qualquer das letras, das palavras, dos seus sons e de seus significados.

*Mario Louzã é médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

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Coluna

O nascimento de um filho com deficiência Por: Leonardo Gontijo* | Foto: Divulgação

C

onsiderando que os pais nunca pla-

sejam ressaltados. O médico deve considerar

cautela ou frieza –, o impacto do choque e a dor

com deficiência, pode-se supor que

perimentam durante os estágios de choque e

mascarar a alegria que, normalmente, acompa-

nejam o nascimento de um filho

grande parte da reação inicial à notícia que o o bebê nasceu com síndrome de down será

determinada pelo tipo de informação recebida, a maneira como ela é apresentada e a atitude

o período de desorganização que os pais ex-

negação, sabendo que informações sobre as condições e a evolução da criança terão que ser repetidas várias vezes.

Vários autores salientam que os profissionais

da pessoa que faz a comunicação.

precisam ter uma linguagem adequada, para

cação da notícia e do diagnóstico da síndrome

e atualizadas no momento da notícia. Não se

Os profissionais responsáveis pela comuni-

de Down devem estar constantemente preocu-

pados com o preparo para este momento tão delicado para a vida de um casal, para que seja comunicado e explicado da melhor forma para a

verem as informações e fazerem suas perguntas. Acredito que, quanto mais informada a fa-

longo da vida. Ao receber o diagnóstico de forma

maneira adequada, fazendo ampliar o sofrimento

e, consequentemente, trazendo mais dificuldades para a aceitação do filho recém-nascido.

Algumas vezes, a maneira profissional e ob-

jetiva da equipe profissional do hospital pode

causar a indignação dos pais; por isso, é importante que o bebê seja apresentado à família de

tal maneira que seus atributos e aspectos típicos

42

revista incluir

Abraços inclusivos!

é importante dar um tempo para os pais absor-

quilo para o pleno desenvolvimento da criança. frequentemente a notícia não é transmitida de

a perguntas, medos e inseguranças.

deve falar neste momento sobre prognóstico e

mília, mais a criança com síndrome de Down

Segundo dados e entrevistas que fizemos,

nha o nascimento de um filho. O susto dá lugar

oferecer aos pais informações claras, objetivas

família e que esta tenha melhores chances para superar esta fase e contribuir de modo mais tran-

podem destruir sentimentos e até embaçar e

poderá desenvolver suas potencialidades ao

incorreta, a família passará por uma tempestade que poderá alterar profundamente seu futuro,

podendo influenciar na aceitação ou rejeição da criança. Muitas vezes, obstetras, pediatras e enfermeiros que acompanham mãe e filho não percebem o trauma que podem causar,

por isso lutamos para capacitar os profissionais da importância do momento da notícia.

Vale ressaltar que qualquer que tenha sido

a forma da notícia aos pais – com humanidade,

*Leonardo Gontijo é idealizador e MANO DOWN presidente do Instituto Mano Down, www.manodown.org.br criado para divulgar a síndrome de Down de forma a quebrar paradigmas. Instituto Mano Down www.manodown.org.br


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Educação Este conteúdo é uma parceria entre as revistas Incluir e Mundo da Inclusão, publicação especializda em educação inclusiva

EDUCAÇÃO PARA SURDOS Família deve ficar atenta aos sinais da surdez e, após o diagnóstico, a inclusão comunicacional por meio da Libras deve ser prioridade Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação Rio Branco

Alunos surdos do CES Rio Branco fazem o sinal da escola e as letras C, E e S, em Libras

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revista incluir


A

surdez consiste na diminuição da

de forma igualitária todo o conteúdo que é

audição, ou seja, da capacidade de

ministrado aos alunos ouvintes.

escutar e entender o que as pessoas

Ao identificar a surdez, a criança precisa

falam. Pode acontecer em diversos graus, do leve

ser inserida em um ambiente linguístico

nada. Pode ser adquirida em qualquer idade,

pois seu canal privilegiado é o

ao profundo, que é aquele que não se escuta

que favoreça o seu desenvolvimento,

desde o nascimento à idade adulta, e é basica-

visual, é a partir dele que ela consegue receber todas as

mente classificada em dois tipos: de condução,

que se origina no ouvido externo ou médio e

informações do mundo.

neurossensorial, que se origina essencialmente

“Normalmente as pessoas

falam que ao ficar exposta à

no ouvido interno.

Identificar a surdez em uma criança nem

língua de sinais, a criança vai

sempre é uma tarefa fácil, tudo depende da sua

ficar preguiçosa e não vai falar,

faixa etária e do seu tipo de perda auditiva. Se-

e isso não é verdade. Há muitas

gundo Sabine Vergamini, fonoaudióloga pós-gra-

pesquisas que comprovam que

duada em psicopedagogia, no caso dos bebês,

as crianças surdas conseguem se

por exemplo, espera-se que eles tenham reflexos córneos palpebrais, ou seja, que eles pisquem

os olhos quando ouvem algum barulho, como um trovão ou fogos de artifício, e uma criança

que não ouve, consequentemente, não reage

a esses ruídos. Hoje já é possível diagnosticar a surdez através do teste da orelhinha, feito ainda

na maternidade, mas apesar de ser obrigatório, nem sempre é realizado.

Ainda segundo Sabine, que é diretora do

Centro de Educação para Surdos Rio Branco

(CES), a surdez da criança também pode passar despercebida. “Quando a criança tem uma perda

auditiva moderada, por exemplo, ela ouve alguns

sons e a família, às vezes, não consegue perceber a surdez, principalmente se é o primeiro filho,

pois não há uma comparação com as reações de outras crianças.”

Quando é descoberto que uma criança

possui deficiência auditiva, uma das principais dúvidas dos seus responsáveis é sobre como ela

será educada. Atualmente no Brasil há muitas

escolas especializadas na educação de crianças

surdas, que as preparam para se comunicarem

a partir da Língua Brasileira de Sinais (Libras), da escrita e em alguns casos da forma oral. Nas escolas públicas já é obrigatória a presença de um intérprete de Libras nas salas de aula para

auxiliar essas crianças, para que elas aprendam

desenvolver como uma criança ouvinte

Implante coclear, utilizar ou não?

desde que ela seja estimulada adequadamente,

e para isso devemos privilegiar o canal visual”, diz Sabine.

O Implante Coclear é um dispositivo eletrônico, implantado cirurgicamente na orelha, que tem a função de estimular o nervo auditivo e recriar as sensações sonoras. Entretanto, antes de partir para este método, algumas questões devem ser levadas em consideração, como diz Sabine Vergamini. “Costumamos dizer que a cirurgia de implante coclear é como a digital, é diferente de pessoa pra pessoa. Claro que sabemos que o quanto antes a criança colocar o ouvido biônico, o prognóstico é melhor, só que tem crianças que são operadas precocemente e não têm um bom resultado. Brinco que o implante coclear não é pastel, que você coloca ali e sai pronto do outro lado. A criança tem que fazer a ativação, depois ela fará um acompanhamento com a fonoaudióloga pra fazer um mapeamento, e esse processo é longo, então não é só a cirurgia, é um processo que requer muito investimento.”

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

Em Suzano, município da grande São Pau-

lo, há o trabalho de Atendimento Educacional

Especializado (AEE) nas escolas da prefeitura, comandado pelos agentes especiais de educação, que ajudam os professores a ministrarem o mesmo conteúdo dos alunos ouvintes às crianças

surdas, diferenciando apenas algumas atividades de acordo com as necessidades do aluno.

Há cinco anos os alunos com surdez pas-

saram a usufruir do projeto na cidade, no qual estudam no processo de inclusão na turma

regular e duas vezes na semana frequentam a

sala de recursos. Dentre as atividades está a aula

em Libras, fortalecendo a educação bilíngue e a

interação em grupo, para o reconhecimento e valorização da língua. Atualmente são 25 alunos em processo de inclusão, todos filhos de ouvintes,

e a turma mais nova é composta por alunos de dois anos de idade.

“Trabalhamos um conteúdo a cada dia, fa-

zemos diversas atividades para eles entende-

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Educação rem como funciona a Libras e para estimular a

comunicação. Fazemos um acompanhamento

até os alunos perceberem que podem usar um

sinal para se comunicarem, pois às vezes eles são tão independentes que não sentem a necessi-

dade de se comunicar. É um longo processo até que eles entendam o que é a linguagem de sinais e aos pouquinhos vão incorporando nas suas vidas”, diz a Agente Especial de Educação Ariane Polizel.

O projeto também compreende ações para

educadores e para a família das crianças surdas,

como roda de conversa com especialistas e curso

de Libras. Na última reunião, Ariane ministrou uma palestra em parceria com outros profissionais ensinando o ‘Método das Boquinhas’,

técnica individual de alfabetização fônica no qual o aluno surdo observa a posição da boca e a relaciona com a letra escrita, servindo de apoio para a leitura labial.

A agente especial de educação deixa um

alerta aos pais: “A sociedade é muito ouvinte, e

estar incluído nesse universo é muito importante, porém, as crianças surdas precisam receber uma

Alunas do Centro de Educação para Surdos Rio Branco conversam em Libras

MEU FILHO É SURDO, E AGORA?

Gerusa Gomes é mãe de Guilherme, que

atenção maior, os pais devem ser participativos,

foi diagnosticado como surdo há apenas três

que é quando as crianças estão passando por

a deficiência de seu filho. “Os pediatras diziam

principalmente na faixa etária dos dois anos, grandes descobertas.”

anos. Ela conta que no início foi difícil identificar que o seu atraso na fala era normal, mas a gente

achava estranho porque batia porta, colocava

o som e ele não escutava. Já nas primeiras semanas de aula ele começou a dar um pouquinho de trabalho, ficava agitado na classe.

Fui chamada várias vezes na escola, e apesar

de já terem perguntado se o Guilherme pos-

suía alguma dificuldade, eu não sabia, e dizia que não. Fui instruída pela diretora da escola a fazer alguns exames até que foi descoberto que ele era surdo.”

A partir daí Gerusa conta que foi instruída

a procurar um ensino auxiliar para seu filho,

assim, o menino, que está com nove anos, passou a frequentar o AEE na sua cidade, em

Suzano, onde aprende Libras. Nos encon-

tros promovidos pela educadora do projeto, sua mãe também aprendeu a linguagem de sinais para conseguir se comunicar melhor

com o filho e educá-lo em casa. Atualmente Guilherme está na 3ª série e em processo de alfabetização.

“Acompanhei esse projeto por um mês,

lá nos explicaram o que é uma criança surda e como posso entender o potencial que ela A professora com os alunos do Centro de Educação para Surdos Rio Branco

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tem. Depois desse acompanhamento especial

“Não seguimos um roteiro preestabele-

na língua de sinais. Ter profissionais surdos neste

trabalhando as dúvidas dos familiares, e é

nam referência para o aluno e, além disso, têm

percebi muita evolução no Guilherme, hoje ele

cido, temos um grupo com o qual vamos

antes, era uma criança totalmente acanhada,

importante ser um grupo, porque eles não se

é uma criança totalmente diferente do que era não falava nada, era como se ele fosse mudo.

Hoje ele tem duas opções, a fala em libras e oral, pois ele também é acompanhado por uma fonoaudióloga”, finaliza Gerusa.

CENTRO DE EDUCAÇÃO PARA SURDOS RIO BRANCO

sentem únicos no mundo, acolhemos essas

famílias, trabalhamos em parceria e desde o

primeiro momento os pais aprendem a língua de sinais para se comunicarem com essa

criança”, diz Sabine, diretora do Centro de Educação para Surdos Rio Branco.

A partir da educação infantil, a criança passa

ambiente é muito importante, pois eles se tor-

um papel fundamental para os pais, que quando descobrem que têm um filho surdo pensam

nas suas perspectivas de futuro, e ao verem esses professores surdos que são independentes, que estudaram, que mantêm uma casa, eles

começam a entender que seu filho simplesmente pertence a uma minoria cultural, linguística, que

ele é respeitado nas suas necessidades e é uma

Com duas unidades, uma em Higienópolis,

a frequentar a escola em meio período, e ela não

de da grande São Paulo, o Centro de Educação

do, por isso defende-se a proposta de educação

dos, pois quando o filho é ouvinte eles têm que

como a primeira língua e aprender o português

perspectiva, e nosso trabalho é muito forte nesse

na cidade de São Paulo, e outra em Cotia, cida-

para Surdos Rio Branco atua desde o diagnóstico

da surdez até a inclusão da criança em classes regulares a partir do 6º ano, depois de estarem com a identidade surda formada e fortalecida, no

pode esperar para receber informação do munbilíngue, na qual ela vai adquirir a língua de sinais escrito como segunda.

Tudo o que acontece na escola, que é um

colégio Rio Branco, acompanhada por intérprete.

ambiente linguístico favorável para essa criança,

de zero a três anos, ensinando suas famílias, que

ças surdas aprendem as mesmas coisas que as

A primeira etapa de trabalho é com crianças

na maior parte são ouvintes, como estimular adequadamente essa criança com situações do cotidiano. Obrigatoriamente pelo menos um

membro da família deve aprender a língua de sinais, pois o que o aluno aprende na escola deve ser multiplicado em casa.

é em Libras. Em termos de currículo, as crian-

pessoa capaz como qualquer outra.

“Há casais surdos que querem ter filhos sur-

aprender a ser pais de ouvintes, é uma outra

sentido. Além do conteúdo curricular que a gente tem que passar e é fundamental, temos que trabalhar fortemente essa questão da identidade surda”, conclui Sabine.

crianças ouvintes, há aulas de linguagem, de matemática, de raciocínio lógico, aprendem a

escrever o próprio nome e o nome dos colegas entre outras palavras.

surdez na universidade

No Centro de Educação há professores sur-

dos e professores ouvintes, todos são fluentes

A fundação de rotarianos comprou a causa educação de surdos há 39 anos. Nas Faculdades Integradas Rio Branco, os alunos surdos também são recebidos. “Os universitários possuem intérpretes nas salas de aula, e também há o centro profissionalizante, onde é feito todo o trabalho de profissionalização de surdos. As aulas são ministradas em línguas de sinais e também há a preocupação de orientar as empresas, porque não é só eu formar esse surdo para ingressar no mercado de trabalho, mas essas pessoas que vão receber esse surdo também”, explica Sabine.

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Coluna

O cavalo – amigo da equoterapia

N

ormalmente, quando se pensa

em equoterapia, logo se vem na

cabeça o método terapêutico

Por: Eliane Cristina Baatsch* | Foto: Augusto Moraes

emocional e psicológico, refletindo diretamente no motor.

Quem pensa que o cavalo é um animal

através da montaria no cavalo.

mecanizado, somente treinado para andar

histórico do cavalo como ser forte, impo-

aprendizagens, está enganado. O cavalo

Esse pensamento se atribui pelo fator

nente, símbolo de beleza, liberdade e poder representado muitas vezes pela montaria e

domínio. E por informações e estudos sobre o cavalo ideal de equoterapia em sua

morfologia, simetria, biomecânica, prumo,

ao passo, trote, galope ou condicionado às estabelece uma relação com o praticante

e vice-versa, como com o equoterapeuta,

auxiliares, tratadores, enfim com todos na sessão e em sua convivência.

Sempre reconhecendo aquele praticante

passo adequado, altura, comportamento

ou familiar que traz a cenoura de agrado nas

Contudo, não podemos pensar no cavalo

bem, a insegurança e angústia pela situação

ideal, totalmente pertinentes.

para ser somente montado ou instrumento de trabalho. O cavalo é um amigo importante do

praticante, porque juntos estabelecem uma

sessões. E quando está doente ou não está

do animal toma o setting terapêutico por todos os envolvidos.

Não existe a raça ideal para o cavalo de

relação de empatia, confiança e respeito mútuo.

equoterapia, tudo depende da estrutura de

olhar, o cheiro, a temperatura, o sensorial, a

ticante, treinamento do animal, morfologia,

Existe o carinho, o cuidado, o toque, o

confiança... Quantos neurotransmissores e até

hormônios conseguimos abranger com isso... Como desenvolver um trabalho motor,

cada centro, e direcionamentos para o pra-

condições físicas e emocionais de trabalho e bom senso.

A intervenção tem várias indicações, ne-

se o praticante tem medo do cavalo e nem

cessitamos de ajustes tônicos emocionais tam-

amizade? Nesse momento, a inadequação

Equoterapia é muito mais que montaria...

estabeleceu uma relação com o animal de

pode prejudicar no desenvolvimento, tanto

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bém para o desenvolvimento biopsicossocial. E, nem sempre, só a montaria é equoterapia!

*Eliane Cristina Baatsch é equoterapeuta, coordenadora da Hípica Santa Terezinha, instrutora de equitação clássica, equitação para equoterapia e de volteio terapêutico. Pedagoga e psicopedagoga, especialista em deficiência múltipla


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Entrevista

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Nick Vujicic Considerado um dos maiores palestrantes do mundo, Nick vem ao Brasil em uma grande campanha contra o bullying

J

Por: Julliana Reis | Fotos: Divulgação/Bianca Ponte

ovem, bonito e bem-sucedido, Nick

Autor de diversos livros, Nick vive com

Vujicic não passa despercebido. E isso

a esposa e seus dois filhos na Califórnia

– Nick nasceu sem os braços e pernas devido a

palestras promovido pela Experiência de

não se refere à ausência dos membros

uma síndrome rara –, mas sim a sua forma de fazer a diferença.

Primeiro aluno com deficiência a ingressar

em uma escola regular da Austrália, Nick sofreu

muito bullying durante a infância e, acredite, ele transformou a dor em motivação e se tornou

(EUA), e vem ao Brasil em um ciclo de Sucesso – empresa especializada em de-

senvolvimento pessoal –, além de uma grande campanha contra o bullying, intitulada #soumaisqueisso {Saiba mais na página 55}.

“Pensamos em realizar o evento em

um dos maiores palestrantes do mundo, sendo

2017, mas acreditamos na urgência da

Além de palestrar e escrever, Nick desenha,

ciência das pessoas sobre questões im-

referência no segmento.

joga futebol, golfe, nada, mergulha, pesca, salta de trampolim, pula de paraquedas e surfa. Ele,

inclusive, já pegou onda com Bettany Hamilton, surfista americana que perdeu um braço em um ataque de tubarão e contou sua história no filme ‘Soul surfer’.

questão e queremos despertar a consportantes como a inclusão e o bullying”,

explica Leandro Marcondes, da Experiência de Sucesso.

Antes de chegar ao Brasil, Nick conce-

deu uma entrevista para a revista Incluir, que você confere a seguir!

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Entrevista Sua passagem pelo Brasil envolve um

ciclo de palestras e uma grande campanha contra o bullying, um assunto que

você conhece muito bem e que teria sido o propulsor do seu sucesso. O que você

pode nos dizer sobre transformar a dor em motivação?

Quando descobri um poderoso senso

de propósito na vida, uma esperança tão

forte que é impossível diminui-la, um espí-

rito corajoso, uma vontade de mudar, um coração confiante, a fome de aproveitar as

oportunidades, a capacidade de avaliar riscos, rir da vida e principalmente quando

encontrei a missão de ajudar as pessoas e colocá-las em primeiro lugar, encontrei tudo

de que precisava, e isso pra mim é vencer. Eu aprendi que, se minha circunstância não muda, então, meu coração precisa mudar.

Você foi um dos primeiros alunos com deficiência em toda a Austrália a estudar em

uma escola regular e isso teria sido uma das

principais causas de seu sofrimento com bullying na infância. Como você avalia os prós e contras desta situação?

Ter sido a primeira criança com deficiên-

cia a frequentar a escola regular na Austrália

foi uma grande coisa em 1990. Não foi como se eu me olhasse no espelho e dissesse: "Ah, eu não tenho braços nem pernas". Eu sabia que era diferente, mas não imaginava que era tão fora do comum. Fui atormentado e ri-

dicularizado e me senti muito estranho. Não havia outros alunos como eu e minha mãe

e meu pai me diziam para ignorar as piadas que faziam comigo. Obviamente, quando

você é criança, a escola é o seu mundo, e em

qualquer lugar que eu fosse, eu era sempre

olhado e sempre me deparava com aquela

atenção indesejada. E eu perguntei para meus pais, tantas vezes, por quê Deus deixou isso acontecer comigo. Mas me lembro que minha mãe só chorava e dizia que só Deus sabia o porquê daquilo, isso mesmo depois

Nick Vujicic em uma de suas palestras motivacionais

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de eu ficar mais velho. E eu pensava comi-

go mesmo: "Isso não me basta". As pessoas

tentavam me encorajar dizendo: "Nick, tudo vai dar certo". Mas como alguém pode me dizer isso se elas não sabem como é andar com os meus sapatos (risos). O incentivo

dos meus pais me fez continuar e então aprendi a digitar. Posso digitar 43 palavras

por minuto em um teclado normal. Também aprendi a andar e a nadar. Nem sempre deixei a situação me abalar, eu sempre queria me divertir o máximo que eu podia.

Nós sabemos muito sobre o Nick palestran-

te e escritor. Como é o Nick pai e marido? Todas as minhas inseguranças foram

embora pela janela à medida que vi como minha esposa Kanae olhou para mim, me

abraçou e percebi o que nós dois sentimos um pelo outro. Não há nada melhor do que

um amor correspondido e incondicional.

Depois de um relacionamento que não deu certo, eu desejava ter uma noiva cuja

família iria me receber em seus corações. O maior teste para nós aconteceu quando

passei por uma crise financeira pessoal. Vendo o compromisso da Kanae em es-

Nick com sua esposa Kanae e um de seus filhos

tar ao meu lado sem se importar com a situação foi a mais incrível descoberta de quão profundo era seu amor por mim.

Ela me olha e posso dizer que ela não vê um homem sem os membros ou ainda

um homem com deficiência, como sou conhecido por onde passo.

Você é um homem vaidoso?

Tenho a oportunidade única de me

relacionar com as pessoas, chegar ao seu coração, solidarizar-me com elas, entender

sua dor e oferecer-lhes alívio e conforto. Sim de fato tenho muitas necessidades especiais,

mas também sou abençoado por ter uma

família amorosa, uma mente perspicaz e uma fé profunda e tolerante. Como não ser vaidoso?

Nick com um de seus filhos, ainda bebê

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Entrevista Quais as expectativas para suas palestras aqui no Brasil?

Estou bem animado, volto ao Brasil para

inspirar a sonhar grande e nunca desistir, contar como transformei minha vida sem

membros para uma vida sem limites é muito gratificante para mim. Eu amo o Brasil, aguardo todos vocês!!

Você pode deixar uma mensagem para os leitores da revista Incluir?

Viajo pelo mundo incentivando as pessoas

a superarem suas adversidades por meio da

fé, da esperança, do amor e da coragem, para que assim possam batalhar por seus sonhos. Mas, primordialmente, quero que as pessoas não se comparem com o meu sofrimento, saber que tem alguém sofrendo mais do que

Nick durante sessão de autógrafos de um de seus livros

Você encontra muitas barreiras em sua rotina?

Não gosto de dizer que tenho barreiras

em minha rotina, tenho algumas limitações,

como todo mundo e quer saber? Tiro todas

Sempre estou em movimento, os novos

projetos estão incríveis vocês não perdem por esperar, mas ainda não posso revelar.

elas de letra.

Como você concilia as palestras e tantas viagens com compromissos familiares?

Minha rotina é bastante puxada, mas con-

sigo conciliar tudo, minha esposa é super

compreensiva e me apoia, não tenho do que me queixar.

Fale um pouco sobre seu novo livro.

O livro ‘Me dá um abraço’ é um lança-

mento da editora Mundo Cristão, um livro

para toda a família. Conto meu testemunho de superação, as belíssimas ilustrações e sua

mensagem de motivação e esperança fazem da obra uma gostosa experiência de leitu-

ra para a mente e o coração de pessoas de todas as idades.

Além das palestras, você já trabalha algum

novo projeto (podemos esperar um novo livro em breve)?

Nick abraçando um de seus filhos

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elas não é o meu intuito, meu objetivo é levar

esperança para as pessoas. Transformem suas vidas, monitore suas emoções e controle seu modo de agir, sigam seus sonhos.


O casal Leandro Marcondes e Danile Granato durante a entrevista na sede de seu escritório em São Paulo

Campanha contra o bullying Através do show motivacional ‘Experi-

Europa e se sentiu muito tocado por sua

trantes que também irão revelar suas his-

damos e estruturamos o evento, que deverá

ência sem limites’, com convidados pales-

tórias de exemplo e superação, Nick vem ao Brasil falar de sua grande luta contra o bullying. A fim de engajar os brasileiros

palestra. Em pouco mais de um ano estuchegar a um público de 70 mil pessoas, em cinco cidades brasileiras.

Leandro: Muitos já viram suas palestras

nesta bandeira, a Experiência de Sucesso

na internet, mas ver o Nick ao vivo é sensa-

propõe o desafio de compartilhar expe-

dade aos brasileiros, principalmente neste

criou a campanha #soumaisqueisso que

riências vividas em atos de preconceito.

Para participar, basta postar um vídeo nas redes sociais usando a hashtag e contar

cional e eu queria oferecer essa oportunimomento tão especial. Antes mesmo de ele vir já está transformando vidas.

sua história de superação, desafiando pelo

E como surgiu a campanha #soumaisqueisso?

Estivemos na sede da Experiência de

com o Nick ele disse que adoraria abordar

os empresários Leandro Marcondes e Danile

vens e estudantes aqui do Brasil. Criamos

menos três amigos a fazer o mesmo.

Sucesso em São Paulo e conversamos com Granato, para saber sobre esse projeto.

Quando vocês tiveram a ideia de trazer o Nick ao Brasil?

Danile: Somos representantes da Success

Resources no Brasil e estávamos pensando

em nosso próximo evento. Em maio de 2015,

o Leandro seguiu o Nick em seu tour na

Danile: Em um de nossos encontros

o bullying para atingir especialmente jo-

a campanha para mostrar às pessoas que o

bullying pode te derrubar ou te fazer crescer, depende da forma como você encara essa

situação. E o Nick é um grande exemplo disso e consideramos a vinda dele ao Brasil como um momento ideal para uma grande

campanha como essa, de conscientizar as pessoas sobre o tema.

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Vale saber

Como lidar com o bullying? Trabalhar o lado emocional e social das crianças previne as agressões

C

om a popularização do termo, várias

Por: Letícia Leite | Fotos: Shutterstock

aprendizado, um aluno que vai muito bem no

grupo que não tem boa capacidade emocional.

A pessoa que pratica o bullying geralmente

-se que haja um administrador neste grupo,

agressores, e enxergam uma possibilidade de

pais, e cabe ao responsável zelar para que este

definições de bullying pairam na in-

estudo torna-se facilmente o alvo, por exemplo.”

‘intimidação’, que pode ser entendida como

tem a ajuda de outros, que também se tornam

pessoa. Segundo Tania Paris, presidente da Asso-

se sentirem melhor em relação à diferença do

ternet, mas a sua tradução literal é

qualquer ato para tornar tímida e inibir uma ciação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEC),

o bullying surge como uma dificuldade em lidar com o diferente. “Essa diferença pode ser em relação a um colega que é mais inteligente do

que eu. Em uma classe que tem dificuldade de

56

revista incluir

outro, procuram algo nessa criança que justifique as brincadeiras e maldades. E quando o assunto se trata de uma criança com deficiência, sua diferença é percebida de uma forma mais rápida e ela acaba sofrendo com o bullying em um

Quando o assunto são crianças, entende-

seja um professor, um cuidador ou os próprios

ambiente de convívio seja acolhedor e saudável, principalmente para uma criança que sofre com

o bullying. “Em um ambiente emocionalmente

seguro não há bullying, porque o grupo é instruído a gostar de ajudar o outro e a comunicar quando há um problema”, afirma Tania.


Identificando o bullying

E em relação às escolas?

Geralmente, um dos primeiros sinais de

A escola é um dos locais onde o bullying

que uma criança é vítima de bullying é a irri-

acontece com maior frequência e tolerá-lo

que demonstra nervosismo, ela passa a ficar

tências emocionais e sociais das crianças,

tabilidade, o aumento de um comportamento

é crime. É necessário aumentar as compe-

contida, inibida e os pesadelos são frequentes.

ensiná-los a lidar com o fracasso e a não

Ela pode, ainda, passar a evitar aquele espaço

descarregar isso no outro, a competência

onde o bullying é praticado. Quando a criança

de empatia, de perceber que aquilo que

já não quer mais ir para a escola, por exemplo,

ele está fazendo é nocivo e vai magoar o

ela pode estar indicando que aquele ambiente

próximo e a competência de pedir ajuda e

não está adequado pra ela.

de conversar com o outro. Segundo Tania,

“Uma questão superimportante é que se

é preciso que seja estabelecido nas escolas

a criança começa a acreditar que ela merece o

que estão fazendo com ela, que é o principal objetivo do bullying, é instalada uma sensação de mal-estar e de baixa estima”, diz Tania.

um programa de educação emocional, que

O que os pais devem fazer?

em vez de coibir, evita o início do bullying.

“É muito simples você dizer para uma

Ainda segundo Tania Paris, os pais devem ter

criança como ela deve se comportar, mas

aconteça, porque às vezes, na melhor das inten-

grama de educação emocional contribui

o posicionamento de não tolerar que o bullying ções, os pais podem ensinar os filhos a revidarem as agressões, e com essa atitude o processo do bullying não é desmontado, ele é incentivado.

“O ponto principal é a consciência de que

isso não é justo e devido, e baseado nisso, os pais devem apoiar seus filhos e mostrarem que podem contar com eles para tomar providên-

cias, pedindo ajuda no lugar onde as agressões acontecem, por exemplo.”

isso é uma ação de fora pra dentro. Um pro-

para uma ação preventiva, de dentro pra fora, mediante a qual o agressor começa a

sentir que ele não deve fazer o que estava fazendo. Muitas vezes as pessoas pensam

que é só uma brincadeira, mas se acontece

em escala e corrói, não é uma brincadeira. O bullying, em qualquer grau, é muito sério, e temos que acabar rápido com isso pregando uma cultura de intolerância às agressões.”

Como agir diante do bullying? 1º passo

Não concordar com as brincadeiras:

2º passo

Manifestar para a vítima que

3º passo

Ajudar a vítima a obter aju-

Isso pode ser bastante complicado de acor-

é injusto: Estamos falando de al-

da: Pode acontecer de a criança

que não concorda com o bullying ela pode

cesso de debilitação, então uma

para um colega e não ter coragem

do com a idade da criança, pois ao explicitar

ser a próxima vítima. É importante que todas

as testemunhas se posicionem contrárias e, principalmente, que não riam da agressão.

guém que está sofrendo um proforma de ajudar é fazer o contrário,

se reportar à vítima e dizer que ela não merece aquilo.

conseguir comunicar a agressão

de comunicar para um adulto, então um amigo pode ajudar nesta questão.

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Vitrine

Reabilitação Conheça alguns produtos da linha de reabilitação da Kapra Medical Fotos: Divulgação

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do encosto até 180 graus, pés antiderrapantes, suporte de cabeça e faixas

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Laramara

Laramara e UPS comemoram 15 anos de parceria Empresa se destaca por oferecer serviços de voluntariado e pelas doações financeiras feitas para a associação Da redação | Fotos: Divulgação

D

Funcionários da UPS durante a montagem de kits doados pela Laramara

esde 2001, o braço filantrópico

onde existe uma sede da UPS crie uma ne-

logística, desenvolve ações em

para dar suporte que pode ser financeiro ou

ao Deficiente Visual – Laramara. “Essa parte

a gerente de Recursos Humanos da UPS,

da UPS, empresa líder global de

prol da Associação Brasileira de Assistência filantrópica estabelece que todos os países

60

revista incluir

Segundo a gerente, a parceria da empre-

cessidade de identidficar e propor projetos

sa com a entidade, que atende pessoas com

através de atividades voluntárias”, explica

os anos realizamos atividades voluntárias

Michele Rocha Cavalcante.

deficiência visual, é muito grande. “Todos

que envolvem uma série de ações, como a montagem dos kits. Também oferecemos


Equipe da UPS na sede da Laramara, para a montagem de kits doados pela associação

De acordo com a profissional, a escolha

instituição não foi apenas o atendimento

importânte no atendimento a pessoas com

surgiu da indicação de um funcionário da

fazia, mas a educação e inclusão como um

Entre as colaborações da UPS, destaque

um filho que fazia tratamento na associação

suporte financeiro e nos sentimos muito

confortáveis em ajudar essa associação tão deficiência visual”, completa Michele.

para a doação de 38 mil dólares, valor que

garantiu a distribuição de 900 kits compos-

tos de livros que instruem escolas e outras instituições a lidarem com crianças com

deficiência visual e kits com talheres, copos

e pratos. “No caso destes kits, fomos convi-

dados a participar também da montagem

da Laramara como associação apadrinhada

empresa. “Um de nossos colaboradores tinha e ele sugeriu para a gente. E assim acontece

Atualmente, o Atendimento Educacio-

dicação dos funcionários

educacional visando questões muito mais

Elas sempre são escolhidas por meio da in-

Laramara

Uma organização da sociedade civil, sem

montagem dos kits, porque os funcionários

de uma garota cega – e por um grupo de

do ser muito mais bacana”, aponta Michele.

família, escola e comunidade.

nal Especializado é desenvolvido através de

fins lucrativos, a Laramara foi fundada em

se sentem parte disso, o que faz o voluntária-

todo, num trabalho centrado também na

com todas as associações que trabalhamos.

e foi muito gratificante acompanhar todo o

processo, desde a doação dos recursos até a

individual da criança, como usualmente se

ações de complementação e suplementação

amplas como a empregabilidade, a cultura

e o lazer das crianças, jovens e adultos com deficiência visual.

Desde sua fundação até os dias de hoje,

1991, pelo casal Victor e Mara Siaulys – pais

a associação atendeu cerca de 9 mil famílias

profissionais atuantes na área.

600 crianças, jovens e adultos integrados

Desde o início, o foco de atenção da

vindas de todo o Brasil e do exterior e tem em algum tipo de programa ou serviço. revista incluir

61


Saúde

Startup oferece anàlise genética para autismo Recém-inaugurada em São Paulo, a TISMOO promete revolucionar o diagnóstico de tratamento de doenças genéticas Por: Marina Sobrinho | Fotos: Divulgação e Shutterstock

D

Startup promete revolucionar os diagnósticos e tratamentos do autismo e de outros transtornos neurológicos de origem genética

edicada a análises genéticas

chega ao mercado para revolucionar os

fosse além de um atendimento médico e

rapêuticas personalizadas para

Criada em 2016, a iniciativa surgiu de pais

e formar recursos humanos especializado

com foco em perspectivas te-

diagnósticos e tratamentos destas doenças.

o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

e cientistas que tinham um objetivo social

gem genética, a TISMOO é uma startup que

pacientes com TEA e síndrome de Rett, que

e outros transtornos neurológicos de ori-

62

de fazer um centro de referência para os

pudesse fazer pesquisas básicas, atualizações

para esse público, trazendo, assim, aquilo que é estudado nas universidades para as pessoas, como já é feito em outros países.


Além do autismo, a empresa também

uma medicina mais individualizada, ca-

também para avaliar o melhor tratamento.

neurológicos de origem genética como as

cada paciente. Assim, pretende, por meio

genética, é possível descobrir qual ou quais

se dedica a estudar outros transtornos

síndromes de Rett, de Timothy, do X-Frágil, de Angelman e de Phelan-McDermid.

Segundo a Organização Mundial de Saú-

de (OMS), a maioria das crianças com autismo

paz de atender as características únicas de da modelagem celular e edição genética,

criar uma nova plataforma para a análise funcional das alterações dos genes.

Para melhorar as formas de tratamento,

recebe o diagnóstico após os quatro anos de

a startup realiza exames genéticos em busca

do muito antes disso. Para o especialista Car-

do transtorno, podendo servir para analisar e

los Gardia, é necessário que esse diagnóstico

seja dado mais cedo. “Há mais de uma década já sabemos que, com diagnóstico precoce e

terapias intensas, entre 1% e 5% das crianças com autismo progridem tanto que saem do

espectro, ou seja, a detecção precoce é a ferramenta mais eficaz que temos para fazer a diferença na vida dessas crianças”, comenta.

A TISMOO se propõem a impactar po-

sitivamente a vida das famílias de pessoas com distúrbios neurológicos, oferecendo

de uma possível alteração que relate a causa

"

genes estão afetados, mas a ciência ainda tem

pouco conhecimento sobre eles, ou então,

os genes afetados já são bem conhecidos e sabemos como ele funciona, o que acontece

em aproximadamente 1% dos casos”, explica a bióloga Graciela Pignatari, diretora executiva da TISMOO.

Medicina personalizada

Autismo e as síndromes de Rett, de Timothy, do X-Frágil, de Angelman e de Phelan-McDermid são estudados pela startup

"

idade, embora o transtorno possa ser detecta-

“No caso de identificarmos uma alteração

A medicina personalizada é uma téc-

nica que tem sua base na modelagem de

doenças onde é possível obter as células ou órgão alterado no laboratório utilizando

as células do seu próprio organismo car-

regando as suas informações genéticas. A descoberta da alteração é o primeiro passo para esse processo.

Em pesquisas já realizadas pela equipe

da TISMOO, foi possível constatar atividades importantes em neurônios, por meio da

reprogramação celular. "Nossas pesquisas

têm demonstrado que as células neurais de autistas conseguem se recuperar dos

defeitos sinápticos se expostos ao ambiente

certo – na presença de substâncias que alteram as sinapses, por exemplo – mos-

trando que as alterações genéticas não são deterministas. Disso tudo tiramos uma lição

importante de que o autismo pode ser re-

versível. Nosso próximo passo é entender porque alguns pacientes conseguem isso e outros não", salienta o biólogo molecular Alysson Muotri.

Startup

Entre outros objetivos, a startup preten-

de que, em breve, as pessoas tenham acesso a informações genéticas que possibilitem

abordagens clínicas com mais precisão, possibilitando que os médicos atuem nos A bióloga Graciela Pignatari, diretora executiva da TISMOO

pontos específicos do problema.

revista incluir

63


Tecnologia

Fetin 2016:

uma feira de soluções Dentre os projetos vencedores da 35ª Feira Tecnológica do Inatel, três deles foram desenvolvidos em prol do bem-estar da pessoa com deficiência Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

17 metas da ONU para entender melhor as dificuldades ao redor do mundo. “A nossa feira

apresentou projetos que podem contribuir para que esses problemas sejam amenizados usando a tecnologia”, afirma.

Dentre os projetos inovadores que foram

premiados nesta edição do evento, três deles são especializados em tecnologia assistiva e

reabilitação, desenvolvidos com o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida para

pessoas com deficiência, conheça cada um deles:

Soluções para pessoas com deficiência auditiva (S.D.A.)

Daiane Aparecida Rosa Batista, estudante de

A

Engenharia de Controle e Automação, e Felipe

Público participou da Feira Tecnológica em Minas Gerais

cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG)

totalizando mais mil alunos.

gica do Inatel (Fetin), que tem como

muitas novidades voltadas para o entreteni-

criar e inovar por meio da pesquisa e desenvol-

nexão Cultural e o Espaço Maker, voltado para

sediou a 35ª edição da Feira Tecnoló-

principal missão motivar estudantes a descobrir, vimento de soluções que contribuam para um mundo melhor. Com o tema ‘Tecnologia que

une vidas’, a Fetin reuniu alunos de diferentes cursos e pessoas de diferentes realidades, foram mais de 70 equipes do Inatel e equipes de ou-

tros países como Bolívia, Colômbia, Alemanha, China e Japão, além da visita de 26 caravanas,

64

revista incluir

Fora a exposição dos trabalhos, a feira trouxe

mento, como o Festival de Food Trucks, o Co-

os jovens de Ensino Médio, e ofereceu diversas experiências práticas, como óculos de realidade

virtual, robótica e um workshop de eletrônica. De acordo com o coordenador da Fetin, professor

Areias Silveira, estudante de Tecnologia em Au-

tomação Industrial, desenvolveram um projeto

para pessoas surdas, assim, como ferramenta de estudo, priorizaram três atividades que os

ouvintes realizam por meio de mensagens sonoras, como atender à campainha, atender a

um chamado a curta distância de alguém que

não está vendo e acordar com o despertador para desenvolver o estudo.

Para converter essas mensagens sonoras

Wanderson Saldanha, ao longo do ano, todos

em um tipo de sinalização para o surdo, foram

atividades de conscientização em torno das

a campainha, deve ser acionada uma lâmpada

os alunos participantes passaram por diversas

desenvolvidas as seguintes propostas: ao tomar


e vibrar um dispositivo. Já quanto ao chamado, há um controle que ao ser pressionado deve

vibrar o mesmo dispositivo que vibra ao tocar a campainha, e por fim, o despertador deve vibrar a cama do deficiente auditivo.

Felipe, um dos integrantes do grupo, tem

deficiência auditiva, e afirma que ao dormir deixa em seu bolso pulseiras ou dispositivos

para auxiliá-lo ao acordar, mas isso o atrapalha enquanto dorme, e com esta nova alternativa nada o incomodará ao dormir.

“Acredito que nosso trabalho tem um

grande potencial, já que também foi idealiza-

do pelo Felipe, que vivencia as dificuldades dos deficientes auditivos. Ficamos muito contentes

pela premiação devido ao reconhecimento da importância do projeto, com isso pudemos perceber a real valorização de projetos como

este que contribuem para melhorar a vida das pessoas”, diz Daiane.

Integrante do projeto 'Andar' mostra seu trabalho durante a Fetin

um comprometimento muito grande e com o

conversamos com uma fonoaudióloga e um

subirmos no palco do teatro foi um alívio e uma

autismo, assim, pudemos entender melhor

auxílio de inúmeras pessoas, de forma que ao motivação a mais para darmos continuidade no projeto”, afirma Ulisses.

Andar

Desenvolvido pelos alunos de Engenharia

Biomédica, Cláudio Pimenta de Paula Júnior e

Aré

Os alunos Nathália Souza Campos, Henri-

Ulisses Augusto Silva Silveira, o projeto é um

que de Paiva Ribeiro e William Pinheiro Castro,

o pé equino. Ele utiliza uma corrente elétrica de

Matheus Absalon Brum de Magalhães, estu-

eletroestimulador funcional para pacientes com

baixa intensidade, com uma frequência pré-

-determinada no nervo fibular comum do pa-

ciente, e assim o paciente gera um movimento de dorsiflexão do tornozelo voluntariamente.

O projeto consiste em uma unidade esti-

muladora, que ficará presa a perna do paciente com dois eletrodos, que serão designados a

propagar o estímulo ao paciente. Dentro da

estudantes de Engenharia da Computação, e dante de Engenharia Biomédica, tiveram a ideia

de desenvolver um aplicativo para auxiliar no

desenvolvimento de crianças com autismo, aprimorando sua linguagem e raciocínio por

“Ao ser anunciado o prêmio foi uma surpresa,

nós não estávamos esperando! Foi uma emoção

muito grande, é o reconhecimento de um traba-

lho que está sendo desenvolvido há meses com

É gratificante saber que muitos que conheciam ou conviviam com uma pessoa com autismo

se identificaram com o que estávamos falando e sabiam da importância do projeto e, princi-

palmente, que nós poderíamos mesmo ajudar essas crianças. A maior alegria, durante a feira,

foi ver uma criança com autismo jogando e se divertindo”, finaliza Nathália.

O jogo faz com que a criança realize várias

ocorra, por exemplo, uma resposta ‘Bola!’ para

o utilize em sua própria casa.

um deles foi um pedacinho do nosso prêmio.

locais que o objeto pertence.

usuário, a fim de que o choque seja no momento

de forma dinâmica, permitindo que o paciente

tin, recebemos feedbacks muito legais, e cada

os seus respectivos significados, utilizando os

associações, e, assim, comece a entender melhor

correto. Isto ocorre pois o aparelho vai trabalhar

suas necessidades. Durante a semana da Fe-

meio de jogos que relacionam os objetos com

unidade estimuladora há sensores que serão

responsáveis por definir a posição da perna do

dos integrantes do grupo tem um irmão com

os significados certos das coisas, evitando que

a pergunta ‘Onde você mora?’, uma resposta que não se encaixa à pergunta. Para o desen-

volvimento do projeto foi utilizado o software Construct 2, que converte o jogo em html e é possível criar um aplicativo.

“Realizamos algumas pesquisas para en-

tender melhor o cotidiano dessas crianças,

Os alunos criadores do aplicativo 'ARÉ'

revista incluir

65


Lazer

Jogo, que é uma das mais novas atrações de lazer no país, também é acessível para pessoas com deficiência

A

Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

indústria do entretenimento

decifrar códigos, achar

lazer para o público, sempre

enigmas, o objetivo é

traz cada vez mais opções de

ávido por novidades. Os queridinhos da vez são os jogos de escape, que saíram

do mundo virtual e agora trazem uma

experiência real aos que gostam de

desafios. A brincadeira acontece em salas

temáticas, em um ambiente misterioso especialmente desenvolvido para aguçar

suas habilidades e a sua inteligência. A primeira franquia do jogo no Brasil foi o

Escape 60, que atualmente possui oito

itens escondidos e resolver

conseguir encontrar a saída e escapar do local em até

60 minutos. Quando o assunto é acessibilidade,

a Sócia e Diretora de Marketing do Escape 60,

Jeannette Galbinski, diz que pessoas com qualquer tipo

de deficiência podem jogar. “Já recebemos em

unidades, sendo duas na cidade de São

nossas unidades pessoas

Paulo, duas na cidade do Rio de Janeiro,

de deficiência. Para

Paulo, uma em Santo André, na Grande São uma em Curitiba, uma em Belo Horizonte e uma em Fortaleza.

A experiência é em grupo, que varia

de 4 a 16 participantes dependendo da sala escolhida, crianças menores de 12

anos devem estar acompanhadas por um

adulto. O grupo é trancado na sala para

66

revista incluir

com todos os tipos cadeirantes, indicamos a sala “Falsário”, na

unidade Vila Olímpia, com capacidade para até 16 pessoas. Já na unidade

Moema, indicamos as salas

“PS: tenha medo”, RIP –

Fachada de uma das unidades do Scape 60 em São Paulo


não pode ser realizado por cadeirantes, entretanto, isso não impede que eles

continuem interagindo no jogo. Notamos que não há informações em libras e nem

em braile, fora a ausência de piso podotátil tanto na sala quanto na área comum da unidade.

“No caso dos deficientes visuais, as salas

ainda não são acessíveis, porém, já tivemos alguns participantes com esta deficiência e há projetos para adaptar as instalações.

Queremos tornar o Escape 60 cada vez mais democrático, e para isso estudamos formas

de adaptações para que possamos receber

bem as pessoas com deficiência e possibilitar Sala 'Rest in Peace' (Descance em Paz) reproduz um cemitério

Rest in Peace” e “E60”, cada uma com

você teve que visitar o cemitério. Os

Deficientes auditivos podem jogar em

e se não sair do cemitério em uma hora,

capacidade para, no máximo, 10 pessoas. todas as salas, e com aviso prévio, as dicas

sonoras que são enviadas durante o jogo

mortos sentem que é a hora da vingança, você se tornará um deles.

O ambiente é amplo, o cenário da sala

passam a ser enviadas textualmente”, diz.

é um cemitério, com pouca luz, e, apesar

Testamos e contamos nossa

circulação de cadeirantes. As atividades

experiência para você!

Algumas adaptações foram feitas

nas unidades Escape 60 para torná-las acessíveis. Na unidade Vila Olímpia há uma

que desfrutem da alegria e satisfação de

sair de uma de nossas salas. Consideramos

a acessibilidade uma questão de extrema importância, nosso objetivo principal é

oferecer um novo tipo de entretenimento a todos os públicos”, finaliza Jeannette.

Apesar de alguns pontos a serem

de ter alguns obstáculos, não impede a

aprimorados, consideramos o passeio

consistem em desvendar enigmas,

uma experiência única que testa os seus

descobrir senhas e abrir cadeados, algumas

dicas são dadas ao longo do jogo por um

aviso sonoro. Apenas um enigma da sala

acessível para pessoas com deficiência e conhecimentos e estimula o trabalho em

equipe. Vale a visita, muitas surpresas aguardam por você!

rampa móvel para conduzir os cadeirantes para a sala de jogo no térreo. Já na unidade Moema, a qual visitamos, há uma série de adaptações para pessoas com deficiência,

como estacionamento com vallet, porta de entrada acessível para cadeirantes,

banheiro adaptado com barras de apoio,

vaso sanitário e pia apropriados, fora o acesso a três salas no piso térreo.

Nossa equipe testou a sala “Rest

In Peace”, considerada uma das mais

acessíveis da franquia. A história é de

arrepiar! No jogo, você é um estudioso

da vida após a morte e seus livros orientam como evitar o retorno dos maus espíritos.

Mas, devido a um falecimento na família,

Jogo envolve alguns mistérios que precisam ser desvendados em apenas 60 minutos

revista incluir

67


Incluir cultural

Dança sem fronteiras fronteiras Bailarinos retratam a diversidade em seus espetáculos Por: Leticia Leite | Fotos: Ricardo Teles

Os bailarinos da Cia. Dança sem Fronteiras, durante uma de suas apresentações

68

revista incluir


A

Cia. Dança sem Fronteiras é

um projeto criado em 2010,

por Fernanda Amaral. Após um

longo período no exterior, onde já atuava

em companhias de dança que trabalhavam com a diversidade, a coreógrafa trouxe o movimento para o Brasil.

Em 2013, a companhia foi contemplada

pelo ProAc de Produção de Espetáculo de

Dança, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, para criar o espetáculo ‘O olhar de neblina’, que teve como inspira-

ção o fotógrafo esloveno Evgen Bavcar, que tem deficiência visual.

“Quando cheguei ao Brasil, passei a co-

nhecer muitas pessoas cegas e com baixa

visão, daí passamos a pesquisar sobre o tema, sobre essa percepção em relação ao

outro, porque muitas vezes percebemos que o olhar crítico de quem não enxerga é muito mais aguçado”, conta Fernanda.

A companhia também foi contemplada

pela Fundação Príncipe Claus (Holanda),

e com este apoio realizou residência em uma escola pública por dois anos, com um

projeto de arte na educação. As crianças e funcionários da escola conviviam diaria-

mente com bailarinos, com e sem deficiência, que criavam e ensaiavam espetáculos.

No ano passado, a companhia também

Companhia promove oficinas gratuitas no Centro Cultural de São Paulo

foi contemplada pelo 19º Fomento à Dança

diversas formas, e ao ver este movimento

realizar uma pesquisa continuada e difundi-la

e querem participar. As pessoas devem se

da cidade de São Paulo, e assim conseguiu

por meio da criação de um novo espetáculo

de rua que passou por vários locais públicos da cidade de São Paulo, como a Avenida Paulista,

a Praça das Artes e o Minhocão, com a peça

ver retratadas nos produtos artísticos e

culturais e também ter espaço para participar deles”, completa Fernanda.

faz uma alusão à percepção do olhar.

Oficinas regulares

em suas performances materiais de tec-

promove projetos gratuitos e abertos ao

e muletas, dando outro sentido a esses

todos os primeiros domingos do mês no

‘Frestas no Olhar’, que tem em sua equipe

bailarinos com e sem deficiência e novamente Os bailarinos da companhia utilizam

nologia assistiva, além de cadeira de rodas

produtos. A companhia consiste em um trabalho profissional e mostra que, assim

como no esporte, na cultura também há profissionais com deficiência pelo Brasil, entre eles músicos, atores e bailarinos.

“Nosso trabalho retrata a diversidade,

que é uma característica da humanidade.

Além dos espetáculos, a companhia

público, como as oficinas que acontecem

Centro Cultural de São Paulo. Durante a atividade são trabalhados a dança e o impro-

viso a partir de um denominador comum entre as sensações, relações, contextos,

formas e habilidades específicas de cada pessoa, características da DanceAbility.

“Nas oficinas têm música ao vivo, as

Os espetáculos são criados com pessoas de

pessoas vão chegando aos poucos, par-

investir nestes trabalhos para quebrar as

percepção. Acreditamos que só com o co-

corpos diferentes, e eu acho fundamental Performances envolvem cadeiras de rodas e muletas

as pessoas com deficiência se identificam

barreiras existentes. Você pode dançar com alguém em uma cadeira de rodas de

ticipando, e tudo isso trabalha com a sua nhecimento temos chance de vencer os medos e preconceitos”, conclui Fernanda.

revista incluir

69


Coluna

O PROCESSO DE FEEDBACK E DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA Por: Luciano Amato* | Foto: Divulgação

U

ma dúvida comum entre gestores

estratégias de desenvolvimento.

causa resistência nas contratações

forma que é feito com os outros funcionários,

substituída ou como devem proceder para

sional, relatar onde e como deve se aprimorar,

de pessoas com deficiência e que

é se uma pessoa com deficiência pode ser ajustarem seu desempenho profissional.

Em relação à legislação, é permitida a

substituição. Entretanto, enquanto a em-

presa não atingir o percentual mínimo legal de contratação de pessoas com deficiência, só poderá dispensar esse profissional

O feedback deve ser realizado da mesma

ou seja, informar os pontos positivos do profis-

firmar prazos e deixar claro o que depende dele ou da empresa. Nos casos de deficiência intelectual, é essencial ser mais específico e

exemplificar as críticas, propondo alternativas claras e viáveis para o colaborador.

Um ponto importante é que o gestor com-

substituindo-o por outro em condições

preenda as limitações dos profissionais com

as regras gerais que disciplinam a rescisão

nos resultados, bem como proporcionar as

semelhantes. Fora desse requisito, valem

do contrato de trabalho, conforme art. 93 § 1º da Lei nº 8.213/91.

Quanto ao desempenho, primeiro lugar

deficiência que porventura possam influenciar tecnologias assistivas necessárias para o bom desempenho de suas atividades.

Em relação à capacitação, deve ser garan-

é importante ter a ciência que antes da de-

tida para a pessoa com deficiência a mesma

ferramentas de desenvolvimento utilizadas

radores e também considerar os recursos de

ficiência existe a pessoa. Assim, as mesmas para os demais colaboradores devem ser usadas para os profissionais com deficiência. O

feedback constante e a capacitação técnica e comportamental ainda são as melhores

70

revista incluir

oportunidade oferecida aos demais colaboacessibilidade necessários.

Percebe-se então que o processo difere

em alguns detalhes, mas, em sua essência, é o mesmo, pois o foco sempre estará na pessoa.

*Luciano Amato, vice-presidente de Eventos e Relações com a Comunidade da AAPSA – Associação Paulista de Recursos Humanos e de Gestores de Pessoa


N O S S O S MAIS DE:

1000 associados

eventos externos

reuniões técnicas

15

participação de mais de

1500 executivos decisores

100 90

N Ú M E R O S

grupos de debates e networking participação de mais de

mais de

2500

de pessoas cadastradas nos maillings

2milhões

1milhão

profissionais mais de

de postos de trabalho

Atenta ao cenário global desde a sua constituição, a Associação Paulista de RH e Gestores de Pessoas se tornou referência no debate de atualidades, tendências e inovações relacionadas à gestão corporativa e de pessoas. Anualmente, uma equipe de 80 experientes profissionais coordenam 15 Grupos de Debates e Networking, promovendo mais de 90 reuniões técnicas, que contam com a participação direta de mais de dois mil e quinhentos profissionais, criando um ambiente fértil para a troca de informações, boas práticas, conhecimentos, networkings e geração de negócios. Ao todo, a Associação contabiliza acima de mil associados, que empregam mais de dois milhões de pessoas e, no ano passado, promoveu mais de 100 eventos externos que atraíram a participação de mais de mil e quinhentos executivos decisores, gerando uma visualização de mais um milhão de pessoas cadastradas nos mailings da Associação.

Acesse saiba mais: www.aapsa.com.br

revista incluir

71


Projetos

Ação paralímpica Projeto utiliza o esporte como ferramenta para a eficiência Da redação | Fotos: Divulgação

I

dealizado em 2015, para oferecer ativida-

des esportivas para jovens com deficiência, em idade escolar, da cidade de São José

dos Campos (SP), o programa Ação Paralímpica surgiu da falta de ações em prol deste grupo.

“Percebemos que os equipamentos da pre-

feitura contemplavam apenas paratletas de alto rendimento e precisávamos de um programa direcionado aos demais jovens com deficiência,

em idade escolar”, explica o professor Luiz Carlos Giudice de Andrade, responsável pelo projeto Ação Paralímpica.

Aula de estimulação com os jovens atendidos pelo programa

rios e outras adversidades, Luiz, que é assessor

projeto ganhou forma e uniu várias secretarias

Enfrentando a falta de recursos orçamentá-

cia da Secretaria de Promoção da Cidadania, o

desafios e com muita criatividade, desenha-

de Políticas Públicas para Pessoa com Deficiên-

municipais da cidade. “Motivados por esses

com a ajuda de parceiros, e envolvemos tanto

mos uma ação transversal para ser realizada as secretarias quanto comércio e entidades assistenciais da cidade”, explica Luis.

Segundo o gestor, da secretaria de Esportes

foram utilizados os professores, os materiais e as instalações; da secretaria de Educação, as escolas, os professores, os alunos e seus familiares; da secretaria de Saúde, os médicos, os laudos e os atestados.

Outro parceiro essencial para o sucesso

do programa, segundo Luiz, a loja de artigos

esportivos Decathlon garante o empréstimo de materiais, fundamentais para a viabilização Os atendidos pelo programa 'Ação Paralímpica' de São José dos Campos

72

revista incluir

da ação. “De braços dados com os parceiros,


ANUNCIO 11,5 X 27,5.pdf

1

11/24/16

6:00 PM

ANUNCIO 11,5 X 27,5.pdf

1

11/24/16

6:00 PM

Jovem atendida pelo projeto realiza alongamento

outro desafio despontou em nosso

80 crianças e jovens com deficiên-

grama novo numa comunidade

pla, por meio de sua iniciação no

horizonte, como divulgar um procarente da zona leste da cidade?

Precisávamos de um nome conhecido que representasse as pessoas

com deficiência”, lembra Luiz, que teve a ideia de convidar o judoca

cia física, visual, intelectual e múltiparadesporto, nas modalidades

natação; arquerismo; badminton;

tênis de mesa; basquete; e tênis

C

As atividades são desenvol-

M Y

em cadeira de rodas.

Breno Viola, que tem síndrome de

vidas no contraturno escolar e

ma. “A presença do Breno tornou a

senvolvido nas escolas públicas de

Down, para ‘apadrinhar’ o prograAção Paralímpica uma realidade”, relembra.

O projeto

Desde então, a Ação Paralím-

pica garante um programa de ati-

vidades físicas e desportivas, como parte do processo educacional e de inclusão de aproximadamente

C M

Y CM

servem de apoio ao trabalho de-

CM MY

MY CY

São José dos Campos.

CY CMY

Antes de iniciarem as ativida-

CMY K

des, os beneficiários do projeto

K

passam por uma análise funcio-

nal e desenvolvem trabalhos de estimulação com uma equipe mul-

tidisciplinar. “Dessa forma, procu-

ramos contribuir para a formação humana, física e social destas pessoas”, conclui Luiz.

A equipe do basquete em cadeira de rodas do programa 'Ação Paralímpica'

revista incluir

73


Coluna

Por tudo em minha vida, sou grata Por: Elaine Lemos* | Foto: Arquivo pessoal

G

RATIDÃO: Reconhecimento de

compromisso que juntos assumimos: Fazer

auxiliou. Essa é palavra exata para

das.

uma pessoa por alguém que lhe

encerrar 2016.

acontecer para que vidas sejam transformaUma organização do terceiro setor quan-

Em 2013, quando o rascunho do Institu-

do é criada significa que algo está fora de

intermédio de seis jovens, algo em meu co-

nidade da pessoa humana, sofrimento, dores,

to Entre Rodas e Batom saiu da gaveta por

ração ficou em êxtase. Naquele momento, o

sentimento era de esperança pelo que viria a ser. E hoje somos!

O IERB celebra três anos de vida, uma

menina que sonha como criança e se responsabiliza como mulher. Um dos paradoxos que a vida nos convida a aceitar. E aceitamos!

Família e amigos foram chegando pra

sonharmos juntos. Arregaçamos as mangas para fazer acontecer. E fizemos!

Sabemos que ainda há muito por fazer.

E faremos!

Faremos porque acreditamos que é junto

e misturados que alimentaremos a nossa fé de que um mundo melhor é possível.

Algumas pessoas vieram e ficaram o tem-

po que a vida permitiu, outras apenas passaram e levaram, outras passaram e deixaram

um pouco de si, e tantos outros hoje estão como muitos ainda virão. Essa é grandeza do

74

revista incluir

ordem. Significa que há desrespeito da digdesarranjos e tantos outros desalinhos que desencadeiam o desejo da mudança, igual-

dade, fraternidade e exercício do amor. Os

desencontros da vida nos uniu e com alegria vamos em busca das possibilidades para mudar a situação.

Somos guerreiras e guerreiros, sonhadoras

e sonhadores e é assim que constituímos a

família do IERB. Nos tornamos cúmplices porque sabemos que é desafiador transformar

vidas num país onde a desigualdade social destrói esperanças. Em união somos mais fortes, ousados e livres para viver uma vida permeada por amor, respeito e dignidade.

A cada um de vocês deixo aqui registrada

a minha mais profunda GRATIDÃO. Sem vocês

eu teria apenas um sonho que desbotaria com o passar do tempo.

Preparados para 2017? Eu estou e sei que

vocês também!

*Eliane Lemos Ozores é psicóloga com especialização no atendimento da pessoa com deficiência pela Universidade São Paulo. Atua como consultora e palestrante em educação inclusiva. eliane@entrerodas.org www.entrerodas.org www.facebook.com/entrerodasebatom @PsicoEliane


revista incluir

75


Histórias que inspiram

Kevan Chandler, em sua mochila, contou com a ajuda de amigos para conhecer a Europa

Um sonho americano Jovem conta com ajuda de amigos para conhecer a Europa em uma mochila desenvolvida especialmente para ele Por: Julliana Reis | Fotos: Reprodução

C

om um sonho de infância na cabe-

que o jovem utiliza no seu dia a dia, além de

momento da viagem. Eles querem produzir

para ajudar, o escritor americano

Para viabilizar a jornada, também foi re-

que outras pessoas com deficiência física ou

ça e alguns amigos com disposição

facilitar seu acesso durante a viagem.

Kevan Chandler, 30 anos, conseguiu cruzar o

alizada uma campanha, chamada ‘We Carry

Ele, que tem atrofia muscular, vive com a

Kevin’, que envolveu eventos beneficentes

oceano para conhecer a Europa.

família em Fort Lauderdale, cidade localizada

na Flórida (EUA), contou com a ajuda de alguns

Kevan’, em livre tradução: ‘Nós carregamos para arrecadar fundos para a viagem.

Agora, depois de realizarem o sonho do

amigos, que projetaram uma espécie de mo-

amigo, que conheceu França, Irlanda e Ingla-

uso da pesada cadeira de rodas motorizada,

compartilhar mais que as histórias de cada

chila para transportá-lo nas costas, evitando o

76

revista incluir

terra, em três semanas, os jovens pretendem

a mesma mochila usada com Kevan, para mobilidade reduzida possam vivenciar mo-

mentos de liberdade, assim como o amigo. "Os limites se dissolvem onde prevalece a

amizade”, disseram os jovens, em um vídeo que está circulando nas redes sociais.

Nós falamos com Kevan para saber um

pouco mais sobre sua jornada e você confere a entrevista a seguir.


Por que a Europa?

Na verdade, eu queria conhecer alguns luga-

res que são históricos e importantes, como a casa do músico Django Reinhardt, na França, e também lugares por onde passaram alguns de meus ídolos ingleses, além do mosteiro de Skellig Michael, na Irlanda.

Quando vocês decidiram que a viagem iria acontecer?

Mantive meu pensamento fixo nessa ideia por muitos anos, mas só no ano passado compartilhei

isso com alguns amigos. Como eles moram em locais um pouco distantes da minha cidade, co-

meçamos a trocar ideias pelo telefone e, depois, nos encontramos para decidir como viabilizar a

viagem, que se tornou realidade no último Natal. Em fevereiro começamos a angariar verbas para viajar.

De quem foi a ideia de criar a mochila que o transportou?

Foi uma ideia minha e do Tom. Trabalhamos

Kevan, que tem atrofia muscular, em sua cadeira de rodas motorizada, que é pesada e difícil de transportar

Vocês pretendem compartilhar esse projeto da

na Europa e, talvez, a China. Neste momento,

conforto e acesso. Como está isso?

para ajudar outras pessoas, e uma vez que está

mochila para que outras pessoas tenham mais As pessoas acreditam que a acessibilidade

nisso há alguns anos a partir da proposta de criar

vem de rampas e elevadores, ou depende de

facilitar a minha acessibilidade durante a viagem.

ajudam as outras nada é impossível. Então, quere-

uma opção de transporte seguro que pudesse

O resultado foi surpreendente porque, com essa mochila, posso ir onde normalmente não poderia por conta da minha cadeira de rodas, que é

grande e pesada. Tínhamos feito outras versões

antes, mas precisávamos de algo mais seguro. Assim, compramos um transportador de crianças

e trabalhamos com meu pai e alguns outros artesãos locais para modificá-lo para nosso uso. Foi confortável?

Sim! Nós tínhamos maneiras de ajustá-lo ao longo do dia para que eu pudesse ficar confortável. Como foi o planejamento da viagem?

pessoas que queiram ajudar. Quando as pessoas mos ajudar as pessoas a ver isso com as mochilas

ou algum outro equipamento que garantam

Que mensagem você gostaria de deixar aos nossos leitores?

Seja corajoso na vida e não tente ir sozinho!

cuidadores e ajudar a planejar aventuras para

dar a pessoas com deficiência uma experiência igual à que tive o prazer de vivenciar?

E como foi a questão da acessibilidade durante a viagem?

A mochila foi muito útil, mas não deixo de

destacar que tudo isso só foi possível por causa da

criatividade e da persistência dos meus amigos. Sem eles isso não seria possível. Quais os planos para o futuro?

organizou a arrecadação de verbas; Ben e Tom

conhecer a América do Sul e, é claro, o Brasil. Sou

de minhas necessidades pessoais.

ir lá também. Quero conhecer outros lugares

trabalharam comigo na mochila e para cuidar

configurado, vamos decidir onde ir em seguida.

seu conforto e segurança. E, porque não treinar

Foi ótima, meus amigos fizeram tudo acontecer. Philip trabalhou nos detalhes do roteiro; Luke

estamos focados na criação de uma organização

Queremos ir a todos os lugares! Eu adoraria

descendente de argentinos, então, seria bom

Saiba mais sobre Kevan no link: facebook.com/wecarrykevan

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77


Congresso

FLORIANÓPOLIS VIRA PALCO IMPORTANTE DE REFLEXÃO SOBRE A LIBRAS Congresso reuniu especialistas em língua de sinais na capital catarinense

E

Texto e fotos: Rafael Dias Silva*

ntre os dias 28/11 e 2/12, a capital

catarinense e a Universidade

Federal de Santa Catarina

todo o Brasil para ouvir as experiências

se referem às áreas de cultura e extensão

O congresso contou com pesquisadores,

Dados divulgados pelo evento revelam

dos maiores nomes do segmento.

dentro e fora da universidade.

(UFSC) sediaram o 1°Congresso Nacional

professores, estudantes e interessados

que o 1°Congresso de Linguística reuniu 804

5°Congresso Nacional de Pesquisas em

de conhecimento vai além do contexto

já no 5°Congresso Nacional de Pesquisas

de Pesquisas em Linguísticas e Libras e o Tradução e Interpretação de Libras e Língua

Portuguesa, evento que já é tradição na cidade e que reúne pessoas vindas de

no tema de vários países. O intercâmbio acadêmico, pois muito do que se discutiu

em comunicações orais, minicursos, oficinas e apresentação de pôster também

participantes com 210 trabalhos aprovados,

em Tradução e Interpretação de Libras e

Língua Portuguesa esse número pulou

para 915 participantes com 116 trabalhos

Os professores Camila Nunes, Elisangela de Jesus e Ricardo Ferreira Santos, que atuam no atendimento de alunos surdos

78

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acessibilidade em peças e musicais acessíveis à comunidade surda, pois não nos damos conta de vários aspectos da organização e

planejamento. Uma reflexão interessante

sobre qual a melhor posição do intérprete

para que a comunidade surda seja mais bem assistida indo além da figura do profissional

para outros elementos que compõem este universo como figurinos e trilhas sonoras entre outros.

Que venham novos congressos e

que multipliquem tais iniciativas porque

somente através de espaços de reflexão

como esses, onde os profissionais podem pensar a sua prática docente e desenvolver

novas estratégias educacionais de tradução e interpretação, é que iremos garantir a real

inclusão da comunidade surda no cenário O professor Rafael Dias Silva com o intérprete Cleber Bordini e as professoras Carla Sparano e Camila Nunes

aprovados. Participaram pessoas vindas do

Na opinião da professora e intérprete

estado de São Paulo (135 participantes), de

ouvinte Carla Regina Sparano Tesser, “o evento

Grande do Sul (100 participantes).

suscitar reflexões e aprendizado sobre a sua

Santa Catarina (105 participantes) e do Rio Eventos assim, realizados desde 2008,

se destacam no cenário nacional em

se torna um espaço de formação que permite prática docente quanto profissional”.

Refletir sobre a realidade do profissional

decorrência das apresentações referente às

intérprete em diversos cenários tem

áreas de inclusão, acessibilidade, linguística,

de tradutor e intérprete da Língua Brasileira

publicações de inúmeros pesquisadores nas tradução, interpretação e educação, em especial da Língua Brasileira de Sinais.

A professora ouvinte Camila Nunes da Silva,

contribuído para a consolidação da profissão

de Sinais, regulamentada pela Lei n°12.319 de 01/09/2010.

Segundo a professora Arlete de Paula,

da Escola Municipal Bilíngue Neusa Bassetto, da

que é surda, “sempre precisamos pesquisar

do evento propicia o desenvolvimento

cada processo e o glossário de Libras”.

cidade de São Paulo, “acredita que o formato dos profissionais da área em virtude do

na parte linguística da língua de sinais em Junto do congresso aconteceu o 1° Encontro

compartilhamento do conhecimento e que

& Mostra de TILS da Esfera Artística, que abordou

refletir sobre a prática e novas perspectivas

de teatro, musicais e encontros artísticos.

participar se torna uma oportunidade de de pesquisa na área de língua de sinais”.

temas da acessibilidade e adaptação de peças Para os pesquisadores e profissionais

Difundir e compartilhar pesquisas dessas

da área que atuam nesta esfera artística,

a discussão sobre as práticas didáticas e também

palestrantes Carolina Fomin e Amanda de

diversas áreas do conhecimento têm incentivado em outros contextos sociais compartilhados pela comunidade surda.

educacional brasileiro.

conseguimos discutir – por meio das Lima Oliveira, além dos integrantes do grupo

Maleta Cultural – sobre a melhor forma de

*Rafael Dias Silva é professor e pesquisador. Criador do projeto Libras na Ciência Habits – Escola de Artes, Ciências e Humanidades USP | LESTE rafael.dias.silva@usp.br Facebook: @librasnaciencia

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Coluna

Atenção básica à saúde do surdo A

Por: Caio Graneiro* | Foto: Arquivo pessoal

empatia é um sentimento impor-

sobre assuntos íntimos e delicados: notei um

Se não é da área da saúde, mas se identificou com

de entender o sofrimento do outro

senti dor na última relação sexual. E todas as

convide um profissional que você conheça a

tante, pois, às vezes, a única forma

é colocando-se no lugar dele.

Ao falar de saúde, de modo geral, estamos

nos referindo ao primeiro nível de atenção à saú-

de, contemplando a prevenção e os tratamentos de baixa complexidade. A lógica de forma muito simplista é: A prevenção é o melhor caminho para

economizar com tratamentos, como na prática

de ensinar a escovar os dentes todos os dias a

cada refeição, diminui assim, as chances de cáries. Há quem possa perguntar o que a empatia

tem a ver com a saúde básica?

Não se pode falar de educação básica para as

odor diferente, sinto uma coceira incômoda ou

dimensões da área da saúde em situações que podem ser frequentes em hospitais, onde pes-

podem correr riscos, simplesmente pelo fato de

de ser atendido adequadamente.

que não sabem atendê-las em sua língua. Porém gico que é de sua importância a presença desse profissional, mas quantos e quais hospitais ele

estará disponível 24 horas por dia e se solicitado, chegará a tempo?

Outra situação que nos leva à reflexão é o

emocional que acontece em sessão de terapia.

precisam necessariamente saber a língua, e é

aqui que o exercício da empatia se faz necessário.

A mulher esclarecida visita um ginecologista

periodicamente, mas se lembra da sua primeira

com terapeuta e a profundidade do contato Pense como seria os seus segredos contados para o intérprete que os passará ao terapeuta?

Exagero nos exemplos? A internet está aí,

para pesquisarmos e certificarmos de quantos casos reais e aqui no Brasil acontecem.

O texto reforça a extrema importância do

consulta, a sensação de estranheza por se desnu-

intérprete e alerta você que é um profissional

a construção de um vínculo de confiança. Agora

Libras, pois o conhecimento adequado da língua

dar diante de um estranho, e ao mesmo tempo

imagine o caso de paciente surda, somando a

essa experiência a necessidade de uma segunda pessoa desconhecida, o intérprete. O médico não

fala a sua língua e você precisa fazer perguntas

80

revista incluir

língua e o surdo merece o direito e o respeito

tranquilizam-nas solicitando um intérprete. Ló-

a importância do ensino da Libras aos profissiose houver intérpretes os profissionais em si não

Se espera no exercício da empatia, a saída da

zona de conforto, reflexão e ação. Libras é uma

com elas e se não são compreendidas, suas vidas

atendimento psicológico que requer um vínculo

nais da área da saúde, alguns questionam que

aprendê-la.

soas chegam e tentam explicar o que se passa

pessoas surdas desconsiderando a falta de acesso

à sua língua materna, muitas vezes ao falar sobre

as complicações geradas por essas situações,

da área da saúde, a sensibilizar-se e aprender promove a saúde, a adesão à tratamentos e pou-

pa sofrimentos. Ou que estejam minimamente treinados no conhecimento da Libra, para os

primeiros socorros até a chegada do intérprete.

*Caio Graneiro é psicólogo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, intérprete de Libras há mais de dez anos, com proficiência no uso e ensino da língua atestada pelo Prolibras. É coordenador pedagógico da Escola Verbo em Movimento, ministra aulas, palestras e workshops na área de inclusão


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Turismo

Tropeiro Urbano Programa turístico tem como objetivo recuperar e difundir a histórica cidade da Lapa, no Paraná Por: Letícia Leite | Fotos: Divulgação

ro, com duração de um dia, oferece passeios

guiados pelos museus e edifícios históricos da cidade, apresentações musicais e culturais, almoço típico, café e hospedagem de uma noite.

O projeto é fruto de uma parceria entre o Ho-

tel Tropeiro da Lapa e a Pousada Tropeira, que conta com o apoio dos comerciantes locais.

“Entre os séculos 17 e 19, os tropeiros se tor-

naram responsáveis pelo comércio e transporte de animais e mercadorias por todo território

que passavam. Os locais onde eles paravam acabaram virando freguesias, vilas e cidades,

com fortes heranças culturais que foram espalhadas, principalmente, no trajeto que ia do Rio

Grande do Sul até São Paulo, tendo a cidade da Lapa como uma das principais paradas. Foi aí que a Lapa começou a ganhar força e impor-

tância. É essa história rica e repleta de encantos

L

culturais e gastronômicos que queremos mos-

Monumento aos tropeiros, no Caminho das Tropas

ocalizada na região metropolitana

Histórico mantém características originais da

é uma das mais antigas do estado

no estilo português dos séculos 17 e 19 são os

de Curitiba (PR), a cidade da Lapa

e palco de marcos importantes da república brasileira: em 1894, a cidade ficou sitiada por

época, ruas de paralelepípedos, construções principais atrativos para os turistas.

Acessibilidade para os turistas

co que fará com que os visitantes aproveitem

adaptações para receber os visitantes que

recer. Denominado ‘Tropeiro Urbano’, o rotei-

fazem o transporte do público são adaptados

unidos ao lazer, criou-se um programa turísti-

dia instituir sua própria forma de governo no

o melhor que a cidade da Lapa tem para ofe-

Sul por rejeitar a República. Assim, seu Centro

82

revista incluir

dor do projeto, Márcio Assad.

Com o intuito de reviver estes momentos

26 dias quando o exército local conteve o

avanço da Revolução Federalista, que preten-

trar aos turistas”, explica o historiador e idealiza-

O roteiro turístico conta com algumas

possuem deficiência. As vans e os ônibus que


Cidade é reconhecida como o Caminho dos Tropeiros, no Paraná

com assentos próprios para pessoas com defi-

em braile, por exemplo.

realizadas ao longo do percurso não possuem

possa ser visitado por pessoas com defici-

tando que acompanhem o restante do grupo

à pessoa com deficiência, e como nós esta-

ciência física, como os cadeirantes. Já as trilhas

grau de dificuldade muito elevado, possibiliem um caminho cheio de aventuras.

Dentro do cronograma do roteiro tam-

bém há o passeio a cavalo, que faz a festa das

crianças com síndrome de Down e autismo. A atividade proporciona aos pequenos be-

“Não há local do nosso roteiro que não

ência. Tenho como norte pessoal o cuidado

mos nesta questão cultural há muitos anos,

o resultado que temos com este público é muito gratificante. A inclusão faz parte da nossa filosofia”, finaliza.

Ruas guardam as marcas da cidade histórica

nefícios similares aos da equoterapia, pois as crianças saem da sua zona de conforto e vi-

vem experiências que muitas vezes imaginaram que jamais viveriam em suas vidas.

Durante o passeio, ainda, é disponibilizado

um guia intérprete de Libras para proporcionar diversão também aos visitantes com de-

ficiência auditiva. Segundo Márcio, a maioria

dos pontos turísticos visitados no percurso possui acessibilidade para pessoas com deficiência, e afirma que mesmo os mais antigos,

que ainda não passaram por grandes adapta-

ções, não são impeditivos de visita, e que para o próximo ano pretendem adaptar o roteiro também para pessoas com deficiência visual, com o resumo das informações do passeio

Variedade gastronômica é um dos atrativos da cidade

revista incluir

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Projetos especiais

Dentre os principais objetivos do projeto está o desenvolvimento da autonomia e do senso crítico da pessoa com deficiência intelectual Por: Letícia Leite | Fotos: Osvaldo Francisco dos Santos

C

riado há oito anos, o ‘Simbora

Gente’ surgiu da possibilidade de construir novos olhares em relação

à diversidade humana, orientando as pessoas com deficiência, auxiliando-as por meio da aprendizagem mediada e de apoio específico

às suas singularidades. Seu principal objetivo é favorecer o desenvolvimento pessoal

do participante, a formação de indivíduos questionadores, autônomos e responsáveis

capazes de interagirem com conhecimento,

refletir e viver como cidadãos numa sociedade pluralista e em permanente transformação.

O projeto oferece suporte pedagógico,

terapêutico, lazer, orientação profissional e consultoria a empresas e escolas. Atualmente,

dentre os participantes, estão 70 crianças, jovens e adultos, a maioria com deficiência

84

revista incluir

Fabiana Duarte com Roberto Zorzi, um dos integrantes do projeto


Integrantes do 'Simbora Gente' em uma das atividades desenvolidas em grupo

intelectual, autismo e paralisia cerebral, que

posição, bem como fazer escolhas e respon-

adolescente ou adulto participa, com o foco

histórias e buscar novos desafios.

um diálogo aberto pautado no respeito às

tomem reconhecimento de sua capacidade

querem trocar experiências, compartilhar O ‘Simborinha’, programa para crianças de

5 a 9 anos, conta com atividades terapêuticas e

sabilizar-se pelas consequências a partir de diferenças.

“Apesar de vários jovens com deficiência

com o trabalho de uma equipe multidisciplinar

intelectual já participarem do mercado de

fisioterapeuta entre outros. Já para o ‘Simbora

tras áreas sociais, o olhar do outro em relação

composta por fonoaudiólogo, nutricionista e Teen’, para adolescentes de 10 a 17 anos, as

atividades são voltadas para o lazer, e no

‘Simbora Adulto’, que compreende o público maior de 18 anos, as saídas são construídas

com eles e para eles, como para barzinhos, viagens e shows.

A iniciativa mobiliza o participante a de-

sejar o convívio social em diversos contextos por meio de saídas culturais e recreativas,

onde exercitam o ouvir e fundamentam sua

trabalho ou possuírem uma vida ativa em ouao dito ‘diferente’ ainda incomoda. Lidamos

com a questão da humanização que vai muito

no empoderamento, para que os envolvidos

produtiva, se apropriando de seus direitos,

deveres, necessidades, sonhos e tantos ou-

tros ideais possíveis de serem conquistados

tornando-os assim agentes do processo de construção de uma sociedade comprometida com a inclusão e com a diversidade.

“Devemos levar uma orientação para as

além da deficiência. O caminho para promo-

famílias que buscam entender melhor os li-

ainda encontram-se além das atuais políticas

possam entender que tipo de suporte indivi-

ção da igualdade e o respeito à diversidade

ditas inclusivas”, diz a idealizadora do projeto, Fabiana Duarte.

O trabalho do ‘Simbora Gente’ também é

pautado em ações conjuntas com as famílias e com a comunidade da qual esta criança,

mites e as possibilidades de um, para que dual a pessoa com deficiência precisa para se desenvolver, e que essa pessoa tem muito a

contribuir, tanto na família, quanto na rede de amigos, na escola, no trabalho e no seu papel como cidadão”, finaliza Fabiana.

revista incluir

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Minha história

Minha vida em palavras Jovem compartilha seus sonhos e fala sobre como é levar a vida de uma forma diferente, porém, normal Por: Théo Monteiro de Lima | Fotos: Arquivo pessoal

É

difícil para um jovem cadeirante

viver em sociedade, ainda mais se este jovem for ateu, de esquerda, e

se for um sonhador, como eu.

Nasci bem pequeno e com 28 semanas

fiquei com uma sequela motora em decor-

rência de uma paralisia cerebral. Para muitos já cheguei longe, mas para mim estou só no início.

Desde bem pequeno eu venho seguindo

os meus ídolos, e eles me dão força para prosseguir, a vida digital sempre me seduziu. Des-

de criancinha assistia às séries e musicais de

TV. E esse mundo sempre me acolheu bem e me apoiou, pelo menos na minha imaginação.

Identificava-me com o Michel Jackson por-

Théo durante a infância e na incubadora, poucos dias após seu nascimento

86

revista incluir


Théo com seus familiares, durante a infância, e já na adolescência, durante passeio

que também trabalhei desde criança, no meu

e Demi Lovato, elas me ajudaram a superar

fonoaudiologia e outros tantos tratamentos,

escola. Na época, a Katy tinha lançado a músi-

caso fazia muitos tratamentos de fisioterapia, mas pelo menos foi pro meu bem. E como o

Usain Bolt eu sempre faço o meu melhor e

do filme ‘Forrest Gump’: "A minha mãe sempre

ca ‘Firework’, e eu usei isso como um refúgio.

para trás antes que possa seguir em frente".

Confesso que via muitas séries da Disney

não desisto. Fui sempre guerreiro e por isso

quando era criança, eu adorava ‘High school

Mas, de onde vem esse meu jeito? Não sei,

outras. Talvez seja esse o motivo por eu sonhar

me identifico com o RAP.

não é dos meus pais. Eles sempre me impulsionaram para frente, lutaram por oportuni-

dades, mas definitivamente somos diferentes. A primeira recordação familiar que eu tenho

foi um desfile do bloco de Carnaval. Meus pais têm um bloco, o ‘Folião.com’, e eu nem gosto tanto de Carnaval. Talvez seja porque eles tenham me fantasiado de pirata na UTI Neonatal. Isso me traumatizou (risos).

Fui para a escola e tive as dificuldades de

inclusão como quase todas as crianças com

musical’, ‘Hannah Montana’ e ‘Sunny’ entre

amigos, me sentia muito sozinho, sem amigos reais. A web me permitiu expandir o meu

universo e nela eu sou igual. A propósito, eu consegui, tenho agora um mundo de amigos. Sim, eu sonho demais. Mas eu também

me aborreço, principalmente quando dizem

que ficar babando é feio. Mas, e daí, minhas glândulas salivares não funcionam direito.

O futuro? Bem, eu planejo continuar bata-

gos. Embora tenha feito algumas amizades

ter uma vida feliz. Estou escrevendo um livro

época vem a minha veneração por Katty Perry

Espero voltar aqui mais vezes para falar

de novos assuntos!

@theodtudo, meu Instagram, para fazer novos

lhando, fazendo meus tratamentos e tentando

sinceras que ainda existem até hoje. Dessa

disse que você tem que colocar o passado

demais. Já mais velho um pouquinho eu criei o

deficiência, sofri também descriminação por ser diferente, era difícil ser aceito pelos ami-

Agora termino esse texto com uma frase

os problemas que eu tinha na minha antiga

buscar um lugar onde eu possa trabalhar e

e meu sonho é me tornar colunista de um periódico, jornal ou revista.

Théo com seus pais e seu irmão

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87


Artigo

Os primeiros anos de vida e a saúde mental Por: Denise de Sousa Feliciano* | Foto: Divulgação Casa Curumim

A

vida é repleta de dificuldades e

equilíbrio do adulto para se reorganizar.

trar soluções criativas que pro-

sono, higiene e interação afetiva. É importan-

qualidade de saúde mental dos envolvidos.

poucos, dando-lhe tempo para que apreenda

desafios. Lidar com ela e encon-

movam o desenvolvimento depende da Uma mente fortalecida tem mais condições

de aceitar as frustrações e encontrar soluções alternativas para os problemas.

Isso acontece na rotina de alimentação,

te que os pais apresentem-lhe o mundo aos

o ambiente e desenvolva capacidade de se relacionar com as pessoas.

É preciso que o espaço físico da criança

A estrutura da mente humana se constrói

e sua rotina tenham estabilidade, inclusive

capacidade dos pais oferecerem um ambiente

não fica exposta a estímulos excessivos de

nos primeiros três anos de vida e depende da saudável. Eles próprios precisam ter uma mente bem estruturada, para serem capazes de acolher a desorganização psíquica da criança pequena e dar-lhe estabilidade emocional.

quanto a horários. Desse modo a criança

fome e sono entre outros, que não podem

entender e tolerar. Os excessos são como uma ameaça à sua integridade vital.

Durante os anos iniciais as necessidades

No início de vida a criança depende dos

mudam rapidamente, mostrando a evolução

dados. As vivências dessa fase servirão de

precisa em dado momento, os pais têm que

pais para garantir-lhes a segurança e cui-

modelo para o resto de suas vidas e formam o alicerce da vida mental. Baseados nesse

saber, os profissionais de saúde ficam atentos a ajudar os pais quando algo não vai bem.

O bebê recém-nascido tem a sensação de

não ter uma pele que o contenha e é por isso que mantê-lo aconchegado é muito impor-

do aparelho mental. Para saber o que a criança estar próximos e tentar compreendê-las. Se esforçar para olhar do seu ponto de vista concreto e ‘esquecer’ o mundo abstrato do adulto.

Precisam ‘regredir’ um pouco para estar no nível dos filhos, mas mantendo a estabilidade e bom senso do adulto para ajudá-los.

Ao perceberem limites e dificuldades em

tante para ele não sentir que vai ‘desmanchar’.

si ou na rotina da criança, a ajuda de um pro-

dador fosse uma parte de si, portanto, precisa

seus desconfortos e angústias através do

Vive como se o colo da mãe ou do adulto cui-

de sua presença constante e atenta às suas necessidades. Sua mente primitiva não suporta o

desconforto por muito tempo, são ausências vividas como desamparo absoluto, um ‘fim de

mundo’. Por isso se desesperam, sinalizando seus limites e precisando da tranquilidade e

88

revista incluir

fissional pode facilitar. As crianças sinalizam sono, alimentação, irritabilidade, disfunções

excretórias... É importante que os pais enten-

dam esses sinais como pedidos de ajuda. A

dedicação dos pais no início de vida dá aos

filhos a maior das riquezas, que é a saúde mental.

*Denise de Sousa Feliciano é psicóloga e psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, do Departamento de Saúde Mental e Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Membro do Departamento de Psicanálise com Crianças no Instituto Sedes Sapientiae, professora nos cursos Relação Pais Bebê: Da Observação à Intervenção e Amamentação e Psiquismo. Doutora em psicologia pelo IPUSP-SP, especialização em Psicopatologia do Bebê pela USP e Université Paris 12 e membro Filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo


revista incluir

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Notas Notas

MARA GABRILLI

Um direito que começa na porta da nossa

deputada Mara Gabrilli foi relatora e autora

material traz também ilustrações sobre os

no Senado Federal. Segundo ela, a ideia da

cartilha Calçada Cidadã é informar e trazer

dicas aos gestores de todo o Brasil sobre como fazer a reforma ideal nas calçadas de

sua cidade. “Uma boa calçada é garantia de um direito fundamental de todos nós: ir e vir.

casa: na calçada”, garante. A nova versão do

modelos de calçamento ideal, mostrando como padronizar o passeio, os tipos de pisos

que podem ser utilizados e como tornar

100% acessível a calçada para qualquer pedestre: pessoas com e sem deficiência,

idosos, obesos, mães com carrinhos de bebê e até mesmo mulheres de salto alto.

Divulgação PMSP

do texto substitutivo aprovado na Câmara e

MULHERES COM

Reprodução

2010, foi reescrito de acordo com a Lei

Brasileira de Inclusão, projeto do qual a

ADAPTADA PARA

DEFICIÊNCIA

LANÇA CARTILHA CALÇADA CIDADÃ

O material, originalmente publicado em

MAMOGRAFIA

JOVENS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ILUSTRAM

A Comissão de Constituição e Justiça e de

ITENS DE PAPELARIA

Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou Divulgação

‘Inclusivo por dentro, exclusivo por fora’,

esse é o objetivo da parceria entre a marca Você Q Faz, especializada em produtos para

customização e a ONG Nossa Cooperarte,

blocos e cadernos e depois encadernam,

de

clientes. Os produtos são vendidos nos

que juntas estão promovendo um trabalho inclusão

social

para

jovens

com

deficiência intelectual por meio da produção

de bloquinhos de anotações e moleskines com ilustrações na capa que podem ser coloridas com canetinhas pelos clientes. Na

prática, os jovens criam as ilustrações nos

90

revista incluir

para, posteriormente, serem coloridos pelos pontos de vendas da Você Q Faz e os valores da comercialização são repassados à ONG.

Os produtos custam a partir de 25 reais, já com seis canetinhas hidrocores inclusas. Saiba mais em: voceqfaz.com.br.

o Projeto de Lei 3595/12, do Senado, que garante o acesso das mulheres com deficiência a

equipamentos

adequados

para

suas

condições físicas na prevenção, diagnóstico e tratamento dos cânceres de mama e de colo de útero no Sistema Único de Saúde (SUS). Em

algumas situações, como a da tetraplegia, por exemplo, há dificuldades para a realização de

exames ginecológicos ou mamográficos se não houver adaptação ou local adequado.

(Fonte: Agência Câmara Notícias)


Simone Thomaz

INSTITUTO ENTRE

RODAS & BATOM

COMPLETA 3 ANOS O Instituto Entre Rodas & Batom comemo-

rou seu terceiro aniversário em grande estilo,

em um jantar para seus parceiros e apoiado-

res. Segundo o presidente do instituto, Adelino Ozores, “o encontro reuniu todos aqueles que contribuíram ao longo do tempo para a

formação, desenvolvimento e manutenção do Rodas & Batom nestes três anos”. Para realizar o jantar, o instituto contou com a colaboração

de alguns parceiros especiais, como o Instituto

Ana Rosa, local onde o evento aconteceu, o Flores OnLine, a Mestiça Agência de Publicida-

de, a Convert Publicidade, os chefs de cozinha Felipe Primi e Viviane Sandre, e a Incluir.

CAPACETE PROMETE INTERROMPER LESÕES NO CÉREBRO DE BEBÊS Pesquisadores da Universidade Fe-

cal e o progresso de lesões no cérebro de

cruz desenvolveram um dispositivo ca-

o nascimento, evitando assim processos

deral do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fio-

MEMORIAL DA INCLUSÃO RECEBE PRÊMIO BRASIL

MAIS INCLUSÃO

O Memorial da Inclusão foi agraciado

no Plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados com o Prêmio Brasil Mais

Inclusão – Sinal de Reconhecimento à Pessoa com Deficiência. Criada em 2015,

a premiação visa reconhecer e valorizar

paz de interromper lesões cerebrais em

recém-nascidos com falta de oxigênio. O

problema, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é responsável pela morte quatro milhões de bebês todos os anos. O invento é uma lâmina que, rapi-

damente, se torna um capacete flexível,

resfriando o local da lesão cerebral, inter-

rompendo o aumento de temperatura lo-

recém-nascidos que têm asfixia durante irreversíveis ou até a morte do bebê. O

equipamento armazena um gás que permite ao cérebro continuar funcionando

normalmente. O tratamento pode durar até quatro horas, tempo para que a criança possa chegar ao hospital O dispositivo

é indicado para resfriar o cérebro de recém-nascidos em situação de risco, contribuindo para evitar mortes por asfixia.

Reprodução

pessoas, entes federados, empresas e entidades que se destacam na promoção da inclusão da pessoa com deficiência.

Inaugurado em 2009, o Memorial da

Inclusão: os Caminhos da Pessoa com Deficiência tem o propósito de reunir em um só espaço fotografias, documentos,

manuscritos, áudios, vídeos e referências aos principais personagens, às lutas e

às várias iniciativas que incentivaram as conquistas e melhores oportunidades às pessoas com deficiências.

revista incluir

91


Vitrine

Livros Brinquedos do chão O livro de Gandhy Piorski é o primeiro de

uma série de quatro volumes que relacio-

nam o imaginário e o brincar aos quatro

elementos da natureza: terra, fogo, água e ar, e revela a voz livre e fluente da criança

em sua trajetória de moldar a si própria, tão

esquecida nos estudos sobre a infância. Editora Peirópolis | 156 páginas

Avanços em políticas de inclusão O livro, que tem como organizadores

Claudio Roberto Baptista e Denise Inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho

O livro de Diego Nassif da Silva trata do conceito da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e sua aplicação jurídica, destacando os direitos e a legislação sobre a questão. Editora Juruá | 238 páginas

Minha casa verde Mais que um livro, Minha casa verde é a realização de um sonho de Carlos Eduardo

dos Anjos Souza, interno da Associação Cruz Verde, referência no atendimento de

pessoas com paralisia cerebral. Em poucas páginas, o autor leva o leitor a enxergar o mundo de uma outra forma, e entender um pouco mais o ponto de vista da pessoa com deficiência.

Cruz Verde | 48 páginas

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Meyrelles de Jesus, apresenta um conjunto de estudos associados à

configuração das políticas de inclusão escolar e da educação especial em

vários municípios e estados do Brasil, trazendo

aportes

em

relação

contexto italiano e francês.

Editora Mediação | 228 páginas

ao


Ler e escrever no escuro Apaixonada por literatura e vinda de uma família de amantes de livros que

sofreram com problemas de visão, Denise Schittine se inspirou na nove-

la Mondo di carta, de Pirandello, para

buscar na vida real como os homens que ficam cegos reconstroem sua relação com o texto.

Editora Paz & Terra | 462 páginas

A escova de dentes azul O apresentador Marcos Mion escreveu um livro inspirado em uma história que viveu no

último Natal, com seu filho Romeo, que tem autismo. A história discorre acerca da escolha de presentes de Natal dos filhos. Enquanto os mais novos Donatella e Stefano queriam

ganhar presentes ‘caros’, o mais velho pediu apenas uma escova de dentes azul. O relato fez tanto sucesso nas redes sociais que Mion transformou o ocorrido em uma história in-

fantil, com ilustrações de Fabiana Shizue, repleta de conhecimento, simplicidade e amor.

Panda Books | 48 páginas

O menino feito de blocos Especialista em games, o jornalista britânico Keith Stuart compartilha

Caminhos para a inclusão

a história de seu filho Zac, que

tem autismo. A história acontece a

Organizado por José Pacheco, ex-diretor da célebre

partir da ocasião em que o menino

bem-sucedidas, realizadas na Áustria, Islândia, Espanha

de idade, tratando sua relação com

escolas obrigatórias desses países e tem como objetivo

ajudou a se expressar, fazendo com

Escola da Ponte, de Portugal, o livro reúne experiências e em Portugal, direcionadas à educação inclusiva em

oferecer aos professores, pais e serviços de apoio, informações sobre práticas de educação escolar inclusiva. Editora Artmed | 230 páginas

descobriu o Minecraft, aos 6 anos

o jogo e a nova experiência, que o

que seus pais entendessem melhor quem ele era.

Editora Record | 378 páginas

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Vale ler

Amor

de Guia

Conheça histórias de deficientes visuais e seus companheiros: os cães-guia Por: Leticia Leite | Foto: Arquivo pessoal

O

livro ‘Amor de Guia’ traz uma

e o que ele poderia trazer a uma pessoa

to respeito. Serve como fonte

se questionar porque eram tão poucos os

lição de amor, cidadania e mui-

de inspiração para aqueles que desejam ter um cão-guia e resgata a esperança de todos que acreditam na força de vontade das pessoas e no potencial dos animais. Ao ler as histórias dos usuários e seus cães-guia

narradas no livro é possível notar o entrosamento da dupla e compreender como

acontece essa parceria. Estão registradas

com deficiência. A partir dali, começou a

cegos que encontrava caminhando pela

cidade, mesmo usando a bengala, ou com seus cães. A estudante de jornalismo, na época, estudou mais sobre o assunto e viu

que não havia muitos livros ou literatura a respeito, daí surgiu a ideia de escrever um livro-reportagem sobre o tema.

“É possível que muitas pessoas que te-

também as experiências vividas pelos so-

nham adquirido o livro nunca encontrem

ajudar o cão a graduar-se como um guia.

elas saibam qual é o papel e a sua importân-

cializadores e instrutores responsáveis por

Além disso, o livro ajudará aqueles que não conhecem ou não sabem como funciona a rotina do cão-guia e de seu usuário.

A autora do livro, Natalia Alcantara,

sempre foi apaixonada por cachorros, mas o assunto despertou seu interesse

após conhecer a história de um cão-guia

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com um cão-guia, mas é importante que cia para os deficientes visuais. O ‘Amor de Guia’ acabou se tornando uma referência,

Amor de Guia

bre o assunto. Precisamos estar preparados

O livro também está disponível no formato

quanto o deficiente visual na sociedade, e

ência visual.

já que são poucos os livros que tratam so-

Editora Bookstart | 136 páginas | 2015

para receber bem e incluir tanto o cão-guia

e-book, acessível para pessoas com defici-

o livro ajuda neste processo”, diz Natalia.


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Vale assistir

O Filho Eterno Fotos: Divulgação

B

aseado na obra de Cristovão Tezza, o filme conta a his-

tória de Roberto, um escritor ainda não publicado, que

está seguro de que o nascimento do filho é o marco

para uma nova vida.

No entanto, ainda no hospital, ele descobre que terá de se

acostumar com uma nova ideia: ser pai de Fabrício, uma criança com síndrome de Down.

A notícia provoca em Roberto uma enxurrada de emoções

contraditórias e conflitos que acabam afetando sua relação com o

trabalho e seu casamento com Cláudia. Numa jornada de 12 anos,

entre obstáculos, conquistas e descobertas, se revela o significado da paternidade.

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Gênero: Drama Ano: 2016 Duração: 82 min Direção: Paulo Machline


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A AAfalta falta faltade dedeinformação informação informaçãofaz faz fazcom com comque que que pensem que eles são incapazes pensem pensemque queeles elessão sãoincapazes incapazes

E EEnós, nós, nós,viemos viemos viemospara para paraprovar provar provarooocontrário! contrário! contrário!

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Há 5 anos lutando pela inclusão Há Há5 5anos anoslutando lutandopela pelainclusão inclusão

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Turma do Dauzito

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