www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos
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Ano 7 R$ 14,90 € 5,00
EMPODERAMENTO
feminino
Autismo na escola
Campanhas publicitárias destacam a diversidade de mulheres ‘fora do padrão’ e investem cada vez mais em pessoas com deficiência
NATÁLIA MARTINS
Blogueiros, youtubers e influencers com deficiência ganham espaço na internet para falar sobre inclusão e autonomia
Você conhece os riscos do Zika vírus? Especialista explica sua relação com a microcefalia e alerta para os cuidados que as mulheres devem ter durante a gestação
EMPREGO
Instituições oferecem orientação aos jovens que buscam uma oportunidade profissional
NATÁLIA MARTINS A primeira jogadora de vôlei surda a atuar profissionalmente no Brasil se destaca na superliga de vôlei, é eleita a melhor jogadora do Pan-americano e promove a inclusão dentro e fora das quadras
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ATENÇÃO: A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site
FEV/MAR 2017
bombando na web
Dicas e soluções para garantir o sucesso no processo educacional dos alunos autistas
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Foto: Gustavo Moura
é uma publicação bimestral da Editora Minuano
Av. Marquês de São Vicente, 1.011 Bairro: Barra Funda / CEP: 01139-003 - São Paulo / SP CX. Postal: 16.352 - CEP: 02515-970 Site: www.edminuano.com.br E-mail: minuano@edminuano.com.br Tel.: (0XX11) 3279-8234
DIRETOR-PRESIDENTE Nilson Luiz Festa - nilson@edminuano.com.br ASSESSORIA EXECUTIVA Natali Festa - natali@edminuano.com.br Vera Lúcia Pereira de Morais - vera@edminuano.com.br FINANCEIRO Alexandra Testoni, Liane Bezerra e Luis Eduardo S. Marcelino EDITORIAL Editora de conteúdo: Julliana Reis - julliana@edminuano.com.br Redação: Leticia Leite e Marina Sobrinho redacao@edminuano.com.br Editora de arte: Bianca Ponte - bianca@edminuano.com.br Assistente de arte: Danielly Stefanie - arte@edminuano.com.br Revisora: Adriana Bonone - adriana@edminuano.com.br Colaboradores: José Eduardo e Rafaela Trindade do Vale (texto); Augusto Moraes, Benedict Johnson, Eduardo Saraiva, Dani Villar, Danielle Cestaro, Danielle Sampaulo, Gastão Guedes, José Eduardo, Juan Esteves, Rodrigo Dod/Savaget, Roni Sanches, Vítor Beltrame (Fotos); Romeu Sassaki e Zilanda Souza (Artigo) MARKETING Ismael Bernardino Seixas Jr - ismael@edminuano.com.br PUBLICIDADE Gerente Comercial: Denis Deli Assistente Comercial: Sheila Fidalgo - publicidade@edminuano.com.br Executivos de Conta: Bernardo Laudirlan, Jussara Baldini, Kalinka Lopes, Marco Gouveia e Stepan Tcholakian VENDAS Gerente: Marcos Rodrigues - marcosrodrigues@edminuano.com.br Gerente Depósito: Joel Festa - joel@edminuano.com.br Adriana Barreto - adriana.barreto@edminuano.com.br ASSINATURAS Tel.: (0XX11) 3279-8572 assinatura@edminuano.com.br ATENDIMENTO AO CLIENTE atendimento@edminuano.com.br Paloma França e Thais Souza Tel.: (0XX11) 3279-8571 DEPARTAMENTO DE WEB Daniele Medeiros - daniele@edminuano.com.br
Beleza e carisma Desde que conhecemos a história de Natália Martins, iniciamos os contatos com a equipe de imprensa do Nestlé Osasco, time em que ela atua há quase dois anos. Não foi fácil, mas assim que soube do nosso contato Natália demonstrou interesse em nos receber. Natália é uma mulher que chama a atenção por onde passa. E isso não se deve apenas pela beleza ou por seus quase 1 metro e 90 de altura, mas sim por sua presença marcante e por seu carisma. Quando a história de vida de Natália entra em cena, aí as coisas ganham muito mais cor. Isso porque ela é a primeira jogadora de vôlei surda a atuar profissionalmente no Brasil, tendo sido eleita um dos destaques da superliga e melhor jogadora do Pan-americano. E foi com um sorriso largo no rosto e muita simpatia que ela nos recebeu, no ginásio José Liberatti, em Osasco, sede de seu clube. O resultado desse encontro você confere nesta edição, em uma entrevista exclusiva, em que ela aborda temas como preconceito e vaidade, além de destacar suas conquistas, que não foram poucas! Ainda nesta edição, você confere uma matéria especial sobre algumas marcas de cosméticos que incluíram mulheres com deficiência em suas campanhas publicitárias para promover a
PARA ANUNCIAR Tel.: (11) 3279-8516 publicidade@edminuano.com.br A Editora Minuano recebeu o prêmio TOP QUALIDADE BRASIL em 2015/2016 pelo reconhecimento da excelência de qualidade em seus produtos e ações.
FILIADA À
Impressão e Acabamento:
beleza feminina. Na matéria especial, você conhece alguns digital influencers que utilizam seus canais na internet em defesa da causa das pessoas com deficiência. E mais, matérias exclusivas sobre os riscos do zika vírus para as mulheres durante a gestação e sobre instituições que oferecem orientação gratuita a jovens com deficiência que buscam uma oportunidade profissional.
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na Fontana divisão gráfica, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos.
Boa leitura e até a próxima!
Julliana Reis
Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP.
RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador
Julliana Reis Editora-chefe
Foto de capa: João Pires /FotoJump
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revista incluir
Sumário
Edição 45
10 esporte Crossfit
12 eventos Jogos Parapan-Americanos
22 histórias de Sofia O aprendiz de feiticeiro
38 vale saber Surdolimpíadas
6
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24 mundo afora Candoco dance
40 vale saber Histórias em Libras
14 seus direitos Lei do cão-guia
18 instituto Ser Especial
20 instituto PAC
26 estamos de olho Microcefalia e zika
42 coluna Mano Down
28 especial Digital influencers
56 beleza Marcas inclusivas
44 educação Autismo e a educação
48 coluna Equoterapia
58 artigo Romeu Sassaki
60 eventos Arnold Classic
68 incluir cultural Teatro Novo
70 coluna AAPSA
78 trabalho Como se preparar
80 turismo Serra Gaúcha: Canela
84 alternativa Almoço sensorial
90 notas Notícias do setor
92 vitrine Livros
94 vale ler Grito silenciado
50 entrevista Natália Martins
62 saúde 64 tecnologia A importância da fisioterapia Enabling the future
72 projetos especiais Robôs para autistas
66 lazer Bondinho de Aparecida
74 coluna 76 histórias que inspiram Entre Rodas & Batom Mergulho
86 minha história Síndrome de Wolfran
96 vale assistir O contador
88 artigo Zilanda Souza
98 turma do Dauzito Gente down é tudo igual? revista incluir
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www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos
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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00
Inclusão está na moda
prioridade para a libras
Roupas e acessórios quebram padrões e evidenciam o mercado da moda inclusiva no país
Mitos e verdades sobre deficiência auditiva e métodos que facilitam o aprendizado de alunos surdos
MUITA
direito SEU
acessibilidade
NICK VUJICIC
Espaço do Leitor
nas FÉRIAS!
saúde
DE OLHO NA SUA
Conheça seus direitos e não caia nas burocracias dos planos
Meu nome é André Venturini,
importantes! Sou surdo, estilista e
sou cadeirante e tenho uma
modelo.
doença genética. Criei um blog
Renato Paulo, via Instagram
motivacional com o intuito de
@renato.paulo315
ajudar pessoas que sofrem com
NICK VUJICIC
HISTÓRIAS QUE Jovens criam mochila para carregar amigo em viagens pelo mundo
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Oi, gostei da revista. Informações
Conheça as medidas que irão evitar o uso indevido das vagas reservadas
Cidade do Paraná se destaca por oferecer roteiros acessíveis e cheios de história
DEZ/JAN 2016/2017
Seu espaço
O primeiro aluno com deficiência a ingressar na escola regular da Austrália conta como transformou a dor em motivação e se tornou um dos maiores palestrantes do mundo ATENÇÃO: A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site
alguma limitação a recuperar o prazer de viver e pelo feedback que Alagoas terá agora um
recebo está ajudando muita gente,
Instituto para pessoas com
e não só pessoas com deficiência.
Síndrome de Down, que já tem
Confiram meus textos no Blog:
realizações pioneiras como ser
www.facesoflife.com.br.
a primeira instituição no Brasil
André Venturini, via Facebook
a participar de uma cerimônia oficial da FIFA, com crianças e
Oi André, muito bacana mesmo
adolescentes com síndrome de
seu Blog. Vamos acompanhar
Down no jogo das seleções Brasil
seu trabalho e sinta-se à vontade
e África do Sul realizado em
para sugerir novas pautas via
Maceió. Gostaríamos de sugerir
Facebook ou pelo e-mail.
uma pauta sobre o Instituto Life Down na Revista Incluir. David Eduardo, vicePresidente do Instituto Life Down, via Facebook Oi David, parabéns pelo instituto. Muito bom saber que novos projetos estão se transformando
Joyce Cardoso, via Instagram @psicppedagoga_joyce
Olá! Parabéns pela atitude de vocês em criar uma revista assim. Não conhecia. Muito bom.
em realidade. Agradecemos a
Alessandra Rangel, via
sugestão. Em breve nossa equipe
fará contato para uma matéria!
@alessandrasouzarangel
Escreva para
a revista!
8
Parabéns pela revista!
ATENDIMENTO AO LEITOR
PARA COMPRAR OU ASSINAR:
Envie suas perguntas, dúvidas ou sugestões para
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Job: 46
Regis
Job: 46975-005 -- Empresa: Publicis -- Arquivo: 46975-005 An. Prisma PCD 23x27.7_pag001.pdf
Registro: 185774 -- Data: 11:32:34 03/02/2017
Esporte
para cadeirantes Esporte para pessoas com deficiência tem cadeira de rodas adaptada e competições internacionais Por: Leticia Leite | Fotos: Danielle Cestaro, Danielle Sampaulo e Divulgação Jumper Equipamentos
P
raticar um esporte pode proporcionar
espécie de fisioterapia, até no que diz respeito à
uma cirurgia, acabou sofrendo uma lesão me-
uma pessoa com deficiência, desde
31 anos, é um exemplo disso. O rapaz sofreu um
inserindo ao mundo esportivo para não cair no
inúmeros benefícios para a vida de
o desenvolvimento físico, agindo como uma
10
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qualidade de vida e socialização. Diego Coelho,
acidente de carro há cinco anos, e decorrente de
dular e tornou-se cadeirante. Aos poucos foi se sedentarismo e acabou conhecendo o Crossfit.
Danielle Cestaro
Diego compete internacionalmente em campeonatos de crossfit para cadeirantes
“Depois do acidente cheguei a pesar 130
quilos, fiz uma cirurgia bariátrica e comecei a praticar musculação. Um tempo depois recebi
Cadeirantes’, único torneio do país voltado para
do país, desde a vaga de estacionamento, ram-
praticantes de crossfit em cadeiras de rodas.
pas de acesso, até aos banheiros.
“Comecei a postar muitas coisas no meu
“O crossfit é fantástico, salvou a minha
um convite para participar de uma feira, para
instagram sobre o esporte e passei a receber
vida. Se hoje me tornei um atleta, devo isso a
primeiro contato com o esporte. Depois de
das de como praticá-lo. Ano passado ministrei
uma ferramenta para melhorar sua condição
alguns meses um amigo me levou em um box
de crossfit e aí comecei a treinar, fiz uma aula experimental e nunca mais parei”, diz.
O esporte está em desenvolvimento no
país e o atleta fomenta a prática em suas mídias sociais. Após três anos praticando crossfit, Diego
muitas mensagens de cadeirantes com dúvi-
o primeiro curso de crossfit adaptado, com o
lugar na categoria Scale (iniciante). Diego, ainda, conquistou o quinto lugar na categoria Elite no campeonato da Wheelwod Championships, no evento UG Series, realizado no Canadá, além
de ser idealizador do primeiro ‘Games Crossfit
e este é o próprio intuito do crossfit, criar uma
formar esses profissionais”, afirma.
família dentro do esporte”, finaliza.
Atualmente não há nenhum profissional
com a pessoa com deficiência quais as melhores
semanas de campeonato terminou em primeiro
sair de casa e socializar, pois você faz amigos
um cadeirante dentro do crossfit e começar a
único cadeirante, conquistou a 18ª posição. Em
para cadeirantes, o OPEN, e durante as cinco
inclusão social, um estímulo para a pessoa
treinadores e mostrar a eles como trabalhar com
específico para treinar atletas com deficiência
seguida, descobriu uma competição mundial
física, fazer uma manutenção da saúde, e de
intuito de passar a minha experiência para os
participou de seu primeiro campeonato, na academia onde treinava. Entre 21 atletas, sendo o
este esporte. Além disso, ele funciona como
no crossfit, o ideal é que o treinador aprenda
adaptações e maneiras de realizar os exercícios. Alguns deles que os atletas fazem em pé, por
exemplo, os cadeirantes fazem o mesmo mo-
vimento, só que sentados, fazendo a extensão
de tronco. Já a subida de corda, pessoas com deficiência física realizam sem usar as pernas. A academia, conhecida como ‘box’, onde Diego
treina, é um dos únicos locais 100% adaptados
Divulgação Jumper Equipamentos
fazer uma apresentação crossfit, e lá foi o meu
Cadeira de rodas adaptada para a prática de crossfit
Cadeira especial Além da estrutura do box e de um coach
preparado, é interessante que o atleta tenha
uma cadeira especial para a prática do esporte. As cadeiras tradicionais não são apropriadas
para a prática do exercício, muitas vezes acaDanielle Sampaulo
bam sendo quebradas. Para isso, a Jumper Equipamentos desenvolveu a primeira cadeira
de rodas para crossfit da América Latina, com ela os exercícios são desenvolvidos de uma Diego faz exercício de corda utilizando somente a força dos braços
forma melhor e mais segura.
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Eventos
Mona - Mascote Jogos Parapan-Americanos de Jovens
Jogos Parapan-Americanos de Jovens Esporte para pessoas com deficiência tem cadeira de rodas adaptada e competições internacionais
E
Por: Julliana Reis | Fotos: Eduardo Saraiva/A2IMG
ntre os dias 20 e 25 de março, a
modalidades. “O CPB fica extremamente feliz
acabou de sediar os Jogos Paralímpicos?”,
Jogos Parapan-Americanos de
como os Jogos Parapan-Americanos
que também é vice-presidente do Comitê
cidade de São Paulo vai sediar os
Jovens de 2017, evento que vai reunir cerca
de mil atletas, com idade entre 13 e 21 anos, de 20 países.
Organizado pelo Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB), o evento terá disputas em 12
12
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de obter o direito de sediar uma competição de Jovens em São Paulo. Após os Jogos
Paralímpicos do Rio-2016, o reconhecimento
afirma o presidente do CPB, Andrew Parsons, Paralímpico Internacional (IPC).
Para o presidente do Comitê Paralímpico
do esporte paralímpico estará no seu auge nas
das Américas, José Luis Campo, desde
a atletas jovens do que competir no país que
Americanos de Jovens, em 2005, na Venezuela,
Américas. O que poderia ser mais motivador
a primeira edição dos Jogos Parapan-
As instalações do Centro Paralímpico, em São Paulo, onde as disputas serão realizadas
o evento tem crescido cada vez mais. “Tenho confiança que, em 2017, São Paulo sediará a
melhor competição da história. É importante
para o desenvolvimento de atletas jovens que eles tenham a oportunidade de competir no mais alto nível. Esta é a função do Parapan de
Jovens. Já vimos atletas que saíram vitoriosos
nestes eventos e que seguiram em frente
e competiram em Jogos Paralímpicos. Tenho certeza que muitos destes estarão competindo em São Paulo também.”
Buenos Aires, Argentina, foi a sede da
última edição dos Jogos, em outubro de 2013. Na ocasião, o evento atraiu cerca de 600 atletas, de 16 países, para competir em
dez modalidades. O Brasil liderou o quadro de medalhas do Parapan-2013 com 209 pódios,
sendo 102 de ouro. A primeira edição do Parapan de Jovens aconteceu em 2005, em Barquisimeto, Venezuela, e contou com atletas
de dez países. Em 2009, 14 países estiveram presentes em Bogotá, Colômbia.
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Seus direitos
Projeto de lei do Senado prevê o acesso de cães de assistência a locais públicos e privados
Lei do Cão-Guia Projeto prevê mudanças na lei para garantir que pessoas com outras deficiências tenham acesso a cães de assistência
A
Fonte: Agência Senado | Fotos: Marcos Oliveira/Agência Senado e Shutterstock
s pessoas com deficiência
exemplo do que já acontece com quem
Comissão de Direitos Humanos e Legislação
acompanhar de seu cão de
o que determina o projeto de lei do Senado
A proposta estende o direito já garantido
poderão ter o direito de se fazer
assistência em locais públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo, a
14
revista incluir
tem deficiência visual com seu cão-guia. É
(PLS) 411/2015, de autoria do senador Ciro
Nogueira (PP-PI). O texto está em análise na
Participativa (CDH).
pela Lei 11.126/2005 (Lei dos Cães-Guias), para contemplar as demais categorias de
texto, serão objeto de regulamento os
requisitos mínimos para identificação do cão de assistência, a forma de comprovação de treinamento do usuário, o valor da multa e o tempo de interdição impostos à empresa
de transporte ou ao estabelecimento público ou privado responsável pela discriminação ou impedimento da entrada do cão.
A senadora apresentou emenda para evitar
embaraços ao ingresso e à permanência com
cães de serviço em locais de uso individual,
como guichês de atendimento e cabines de banheiros. Desse modo, o texto passaria a mencionar ‘locais públicos e privados
abertos ao público ou de uso coletivo’ em
vez de ‘veículos e estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo’.
O relatório de Fátima Bezerra foi lido em
reunião da CDH pela senadora Regina Sousa
(PT-PI). A proposta terá decisão terminativa na comissão. Se for aprovada e não houver recurso para votação do texto pelo Plenário, poderá seguir para a Câmara dos Deputados.
Apenas cães-guia são autorizados a acompanharem seus donos
cães de assistência, como cães ouvintes, que
como já acontece com os
sobre sinais sonoros; cães de alerta, cujos
ressalta, no entanto, não
alertam pessoas com deficiência auditiva sentidos aguçados percebem quando
alguém pode ter uma crise diabética, alérgica ou epilética; cães para pessoas com autismo, que ajudam a confortar o usuário durante
cães-guia. A parlamentar ser adequado listar em lei
quais deficiências devem ser contempladas.
“É mais prudente
eventuais crises; e cães para cadeirantes,
e conveniente deixar
pouco acessíveis ou caídos no chão e apertam
da regulamentação
que abrem e fecham portas, pegam objetos botões de elevadores.
Segundo a relatora do PLS 411/2015,
senadora Fátima Bezerra (PT-RN), a Lei 11.126/2005 não incluiu essas categorias
à época da aprovação devido ao pouco conhecimento sobre a importância do cão em outras atividades. Em sua opinião, o
uso dos cães de serviço e a permanência
dos usuários com eles em quaisquer locais
devem ser integralmente amparados em lei,
essa listagem a cargo infralegal, que dispõe sobre a identificação
dos cães de serviço, principalmente para evitar fraudes, como a
apresentação de um animal de companhia
como sendo de serviço”, pondera.
De acordo com o
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Instituto
Ser Especial
Associação, especializada na inclusão profissional, completa 14 anos e inaugura novas instalações Por: Julliana Reis | Fotos: Divulgação
cidadania. Dessa forma, acontece a ‘inclusão de fato e não só no papel’, conforme defende a educadora Carmen Lydia da Silva Trunci de Marco, diretora voluntária da Ser Especial.
Segundo ela, o real comprometimento
com a inclusão está alicerçado na filosofia de
que o ensino deve oferecer a oportunidade
de conviver com a diversidade, primeiro passo, para aceitação das diferenças o que
contribui para a formação de um jovem solidário, um cidadão do mundo.
Em 2016, a Ser Especial firmou parceria
com a Insper, uma instituição de ensino e
pesquisa, sem fins lucrativos, que oferece
cursos de graduação, pós-graduação e
especialização em MBA, mestrado profissional,
A
doutorado e educação executiva.
Os jovens durante oficina realizada pela associação
Ser Especial – Associação
limite etário. As iniciativas são desenvolvidas
aprendizes com deficiência intelectual, e a
Trabalho (AAIT), que completou 12
que utiliza tecnologia social própria: a inclusão
áreas de atuação para estes alunos.
Assistencial de Integração ao
anos de atuação em 2016, inaugurou novas instalações de seu Centro de Capacitação
e Aprendizagem Profissional. A associação também foi cadastrada no Conselho Municipal
da Criança e Adolescente para desenvolver
uma parceria de aprendizagem profissional,
por uma equipe multidisciplinar especializada,
monitorada, que consiste no acompanhamento
dos processos de recrutamento, capacitação,
seleção e suporte pós-contratação com objetivo de fomentar a retenção da pessoa com deficiência no trabalho.
A metodologia utilizada tem como base o
para o ‘Programa Jovem Aprendiz’. Desde
trabalho realizado em parceria com o Colégio
empresas com objetivo de fechar novas
educativa voltada à capacitação de pessoas
então, a entidade fez contato com diversas
parcerias. Assim, intensificou ainda mais sua atuação, iniciada em 2002, na criação de
programas de inclusão social no mercado de
trabalho para pessoas com deficiência, sem
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Com isso, o instituto recrutou oito
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Paulicéia, instituição com sólida base sociocom deficiência por meio da valorização
de suas habilidades, competências e
autonomia, respeitando sempre seus limites e conduzindo-as ao exercício pleno da
Ser Especial ajudou a mapear as melhores
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Instituto
Projeto Amigos das Crianças Projeto surgiu quando um grupo de amigos passou a atuar como voluntários em abrigos e orfanatos Por: Julliana Reis | Foto: Divulgação PAC
O
PAC – Projeto Amigos das
Crianças surgiu em 2003, quando um grupo de amigos decidiu se
organizar e visitar abrigos e orfanatos, de
forma voluntária, com o objetivo de levar algum conforto a crianças e adolescentes carentes. O que começou como simples visitas foi tomando a forma de um projeto
mais maduro, até que, em 18 de outubro de 2006, o PAC foi formalmente fundado.
Uma equipe de 70 funcionários e
cerca de 50 voluntários prestam serviços
pautados nas diretrizes do Plano Nacional
de Promoção, Proteção e Defesa do Direito
Projeto conta com quatro unidades na zona oeste da cidade de São Paulo
de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária, nas unidades, localizadas na região de Pirituba, bairro da zona oeste de São Paulo (SP).
Mas ainda falta mão de obra. “O que mais
precisamos hoje é de voluntários que possam se dedicar de forma integral ao projeto, como oficineiros, por exemplo”, garante a gestora Fernanda Figueiredo Batista.
Quem puder, pode apadrinhar uma
criança fazendo doações de itens de primeira necessidade, atuar como
voluntário, ser oficineiro, doar os créditos
da nota fiscal paulista ou, ainda, doar
por meio de depósito bancário ou via Pagseguro. Saiba mais em: projetopac. org.br/como-ajudar.html.
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Unidades
Serviço de Acolhimento Institucional
oficinas lúdicas e de geração de renda.
– Casas do PAC I e II: Acolhe crianças
Serviço de Assistência Social à Família
maus tratos, abandono, em risco, órfãos
(SASF): Tem como público-alvo famílias
para Crianças e adolescentes (SAICA) e adolescentes até 18 anos vítimas de ou afastados de convívio familiar por falta de condições dos pais ou responsáveis.
Centro para Crianças e adolescentes
(CCA) – Amigos das Crianças do São Domingos: Atende crianças e
adolescentes com idade entre 6 e 15 anos. Por lá são desenvolvidas atividades
esportivas, socioeducativas, culturais,
e Proteção Social Básica no Domicílio
e pessoas beneficiárias de programas de transferência de renda (PTR) e benefícios
assistenciais; Pessoas com deficiência e idosos, que vivenciam situação de vulnerabilidade e risco social, beneficiários
do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Por lá são desenvolvidas oficinas lúdicas e de geração de renda, além de reuniões socioeducativas.
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Histórias de Sofia
O aprendiz de feiticeiro Por: Sofia Crispim* | Fotos: Shutterstock/Arquivo pessoal
N
essas férias nós viajamos em de-
legais, coisas que dão certo e não sobre o que
bullying na escola e que é defendido por Jane,
um pouco e tivemos muitas aven-
muita gente falando no mundo. Então a gente
jogo, ele é levado a um mundo mágico onde
zembro para a Bahia. Passeamos
turas por conta de um hotel que dizia que tinha acessibilidade, mas era só no quarto
e no restaurante. Será que eles pensam que
cadeirante não vai para a piscina? Não sei, mas eu vou e minha mãe acabou me levando
no colo, descendo muitas escadas e isso foi
dá errado, porque sobre coisas ruins já tem foi para a Bahia de novo, foi legal, a praia de
Itapuã já tem rampas e está muito bonita e também encontramos muitos restaurantes com acessibilidade. De um ano para o outro parece que as coisas estão melhorando!
Mas voltamos da Bahia e não viajamos
muito, muito perigoso porque começou a
mais. Fomos ao cinema ver ‘Sing’ e ‘A bailari-
mas na hora deu medo e frio. Só que aqui
Aprendiz de feiticeiro’.
chover. Lembrar disso agora é até engraçado, na Incluir a gente gosta de falar sobre coisas
22
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de quem recebe um celular. Ao clicar em um tem aulas com um mago e enfrenta desafios para conquistar a garota de seus sonhos.
Eu gostei muito da peça porque foi emo-
cionante e divertida, e também porque en-
sina que a gente precisa enfrentar os nossos medos e respeitar as diferenças.
Antes de ir a qualquer lugar, minha mãe
na’, e fomos também ao teatro assistir ao ‘O
sempre pesquisa se tem acessibilidade. Nes-
A peça fala sobre um garoto que sofre
lugares para cadeirantes, então ela falou com
se teatro ela viu que só a última fileira tinha
o pessoal do teatro para ter certeza se dava
para ver bem e eles disseram que dava. Na
entrada do teatro (bilheteria) tinha degraus, mas eles têm daqueles elevadores pequenos
(plataforma elevatória) para subir e um bombeiro vem acompanhar.
Lá dentro também tem bombeiro para
ajudar no que for preciso e todo mundo é muito legal, os atores até conversam com o público depois do espetáculo.
Depois do teatro a gente foi no shopping
tomar um lanche e era um shopping que eu nunca tinha ido. Nunca vi um shopping com tantos degraus, mas lá também tinha
funcionários e esses elevadores pequenos,
para tantos degraus. Conseguimos chegar, mas foi complicado!
Agora estou ansiosa mesmo para voltar
à escola. Na minha escola nova todo mundo usa rampa e elevador, seria bom se todos os lugares fossem assim! Sofia com o elenco do espetáculo 'O Aprendiz de Feiticeiro'
Nota da mãe:
Embora a gente sempre pesquise
o cadeirante deve ter o mesmo direito de
que é bom para um não é para todos,
sujeitas às surpresas como a falta de
ral). A mesma coisa no cinema, por ficar só
opções, uma mais na frente e uma mais
antes de sair de casa, ainda estamos
acessibilidade no acesso às piscinas num grande hotel de Salvador. Nos
teatros, cinemas e shoppings tenho observado uma grande melhora, mas deixar apenas a última fileira nem sempre é suficiente (porque num teatro,
escolha de lugares que o público em gena primeira fileira, que em que o ângulo não é muito favorável? Diversos teatros e cinemas já têm promovido reformas
para oferecer mais do que uma opção: pessoa com deficiência não pensa igual
e nem sempre tem os mesmos gostos. O
então o ideal é ter, pelo menos, duas
no fundo. E assim como nos shoppings, rampas e elevadores podem resolver os obstáculos dos degraus, como muitos cinemas já têm feito, acesso por rampas,
que facilitam também a vida de idosos e mães com carrinho de bebê entre outros.
Serviço:
O Aprendiz de Feiticeiro Classificação Livre
Pessoa com deficiência e acompanhante têm 50% de desconto
Teatro J Safra (R. Josef Kryss, 318 – Barra Funda – São Paulo – SP) Informações: (11) 3611-3042
*Sofia Crispim assina a coluna, sob a supervisão de sua mãe, a jornalista Denise Crispim.
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23
Mundo afora
Candoco Dance Company Companhia londrina inclui pessoas com deficiência em seus espetáculos de dança contemporânea Por: Leticia Leite | Foto: Benedict Johnson
F
undada em 1991, por Celeste Dandeker
os apoiam, que deseja mostrar o que a
Company é uma companhia de dança
recursos consideráveis no envolvimento e
e Adam Benjamin, a Candoco Dance
contemporânea com sede em Londres, no Reino
Unido, e tem como objetivo atuar como uma empresa de dança profissional focada na inclusão de bailarinos com e sem deficiência.
De origens humildes, a Candoco tornou-
-se um grupo de dança líder mundial que já se apresentou em mais de 50 países. Participou das
apoia grupos de dança de jovens em Londres para que realizem oficinas em todo o país.
Candoco e o Brasil Edu O. é um coreógrafo, dançarino e artista
visual brasileiro, e segundo ele, a Candoco foi
cia estavam presentes em ambos os eventos na
não se sentia representado na dança. Ao ver o
história dos jogos, e se apresentou também na
abertura e encerramento dos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012.
Dentre seus principais trabalhos estão as
produções nacionais e internacionais criadas
por coreógrafos em nível mundial. Além disso,
através de seus projetos e atividades de educação, oferecem acesso a mais alta qualidade de
sua primeira referência como um artista que filme ‘Outside in’ da companhia, logo pensou:
“Quero fazer parte desta organização”. Este so-
nho parecia muito distante para um garoto do
interior da Bahia, mas seus caminhos se cruzaram em 2002, quando ele dançou na abertura de
um dos espetáculos da companhia durante sua passagem pelo Brasil.
O tempo passou e Edu se tornou dançarino
trabalho para pessoas que participam da dança
profissional, e quando menos esperava, graças
uma carreira em desenvolvimento.
mendações recentes, recebeu um convite da
contemporânea por prazer ou como parte de A Candoco se define como uma equipe
apaixonada e dedicada, desde dançarinos,
staff, curadores, além dos parceiros que
revista incluir
desenvolvimento do talento de amanhã,
cerimônias dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, foi a primeira vez que artistas com deficiên-
24
dança pode oferecer. A organização investe
a esses primeiros encontros e algumas recoCandoco para participar com o grupo em um
projeto para as Olimpíadas Culturais de Londres em 2010 e 2012.
Dançarinos da Candoco Dance Company durante uma incluir de suas apresentações revista
25
Estamos de olho
Cuidado com o zika! Especialista confirma a relação do zika vírus com a microcefalia e explica como ele age no organismo da gestante Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal e Shutterstock
O
zika vírus é transmitido por
Quando uma gestante é infectada, o que
proporcionaram algum dano ao feto, en-
De acordo com o doutor Antônio Bandeira,
vírus zika atravessa a placenta, o que pode
meio da picada do mosquito
acontece com o feto é um pouco diferente.
nos locais onde se acumula água parada.
membro da equipe que descobriu o zika
Aedes Aegypti, que se prolifera
Ao contrário do que muitos acreditam, ele não se incorpora no DNA da pessoa
infectada, ele se multiplica na parte mais
citoplasmática da célula e se expande a
partir daí. A infecção causada normalmente
é autorresolutiva, ou seja, o organismo do próprio indivíduo produz anticorpos que neutralizam o vírus, mas há exceções.
26
revista incluir
vírus no Brasil e do Comitê de Arboviroses
da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o vírus pode infectar e destruir as células do
sistema nervoso central do feto em formação
devido à sua atração por células nervosas
tretanto, já temos a comprovação de que o
trazer uma grande consequência para o cérebro, a massa encefálica é desenvolvida
em menor proporção, fazendo com que o cérebro não cresça e a calota craniana da criança fica menor”, diz o especialista.
Michele Cabiceiras e Joana Passos mo-
jovens, o que causa a microcefalia.
ram em Salvador, na Bahia, estado onde
que tiveram zika vírus durante a gestação
zika vírus. Ambas tiveram uma gravidez
“É verdade que nem todas as mulheres
foram descobertos os primeiros sinais do
Microcefalia
Tamanho normal
Gabriela, passou pela mesma situação
de Michele: “Descobri que minha filha
tinha microcefalia no segundo ultrassom
morfológico, com 26 semanas de gestação. Por volta da 30ª semana, o médico suspeitou que a malformação poderia estar relacionada ao zika vírus, uma vez
que eu estava com o quadro similar ao de outras pacientes infectadas. Quando o diagnóstico foi confirmado, levei um
grande susto, pois ninguém suspeitava dessa ligação”, afirma.
Os primeiros vestígios do vírus no
tranquila, mas ao serem infectadas pelo
gestação, e no final do 6º mês um exame de
caracterizado por causar febre, coceira,
bebê. Me senti lesada pelas autoridades
vírus no primeiro trimestre de gestação, dores e manchas avermelhadas pelo
corpo, seus bebês foram diagnosticados com microcefalia.
“Através das informações fornecidas
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e
pela Fundação Oswaldo Cruz fui diagnosticada com zika vírus no primeiro trimestre de
ultrassom apontou uma alteração no meu públicas que não foram eficientes no con-
trole da endemia do vírus zika. Atualmente o meu filho passa por fisioterapias diárias,
além de tratamentos de fonoaudiologia e neuropediatria devido à microcefalia”, diz Michele, mãe de Daniel de um ano.
Joana, de 35 anos, mãe da pequena
Brasil foram descobertos em 2015, na
cidade de Camaçari, na Bahia, mediante o aparecimento de pessoas com sintomas semelhantes aos da dengue, porém com um quadro bem mais brando e de
uma forma diferente. Com o auxílio do Hospital Santa Helena de Camaçari, foram
coletadas 25 amostras de indivíduos que apresentavam esses sintomas, e assim
foi detectada a presença do zika vírus no sangue dessas pessoas.
“Imediatamente o Ministério da Saúde
foi informado sobre a existência do zika vírus circulando nas Américas de uma
maneira que ele se dissemina de forma própria, diferente de quando uma pessoa
infectada traz o vírus de outro país”, afirma. Mas como se prevenir? Segundo o
doutor Antônio, atualmente há uma gama
de estratégias que devem ser colocadas
em prática. Do ponto de vista ambiental, é preciso reduzir a população do Aedes Aegypti, e fazer isso da forma mais moderna possível é utilizar mosquitos geneticamente modificados para que eles reduzam a
população do mosquito selvagem. Ainda
há a ação conjunta ao uso de inseticidas
e repelentes, principalmente em áreas de especulação, fora as pesquisas para o Michele com seu bebê Daniel
A administradora Joana com a sua filha Gabriela, de um ano
desenvolvimento de vacinas, terapias e medicamentos antivirais.
revista incluir
27
Especial
Blogueiros, youtubers e digital influencers promovem a inclusão e defendem a causa das pessoas com deficiência em suas páginas na internet Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal
H
á alguns anos a internet deixou de ser um
informação sobre os mais diversos
como fonte de lazer e pesquisa.
são? A Incluir entrevistou pessoas
canal utilizado apenas
Atualmente, com o boom das mí-
dias sociais, milhares de pessoas têm compartilhado dicas, notícias e
até mesmo sua própria rotina a fim de inspirar pessoas a determinadas
coisas, gestos e estilos de vida. Os
blogueiros, youtubers e digital influencers tornaram-se amigos de
seus seguidores, que em alguns casos os acompanham da hora
que acordam até a hora em que vão dormir.
28
revista incluir
O novo clã on-line compartilha
assuntos, e por que não sobre incluresponsáveis por sete canais dife-
rentes, seja no Youtube, no Instagram, Facebook ou em um Blog,
que possuem o mesmo objetivo, promover a inclusão de pessoas
com deficiência na sociedade, seja
por meio da moda, da beleza, do la-
zer, da educação e de muitos outros temas que podem ser colocados
em pauta no que diz respeito aos direitos da pessoa com deficiência. Confira nas próximas páginas!
Moda em Rodas Sempre antenada
público muito grande de pessoas com nanismo
participou de coberturas
que de alguma forma possuem dificuldades
no assunto, Heloísa já
para o São Paulo Fashion
Week, para o Moda Plus Size e o Moda Inclusiva,
e sempre leu a respeito em revistas e blogs, mas
sentia ausência de repre-
que havia muitas blo-
gueiras e youtubers com em beleza, no universo das maquiagens por
nisso, Heloísa Rocha, de 32 anos, criou um Insta-
moda. Assim, deu início ao ‘Moda em Rodas’,
perfeita, mais conhecida como ossos de vidro
ou de cristal, e ao longo de sua vida sempre
Tenho menos de 1 metro de altura e peso menos de 20 quilos, e me vestir adequadamente é um
desafio, pois essas peças específicas não existem no mercado, temos que procurar uma costureira ou nos vestir no departamento infantil”, diz.
geral, principalmente com a mulher brasileira,
e a moda inclusiva ainda está engatinhando no mercado brasileiro”, finaliza.
de moda, onde comprar peças específicas e quanto elas custam.
Neta e sobrinha de costureiras, ela desen-
o que fica bem em mim, a escolher o tipo de
po todo e o modo de se vestir influencia bastante.
realidade que não condiz com a mulher no
com suas seguidoras seus looks do dia, dicas
que o mercado tradicional oferece.
“No jornalismo precisamos estar vestidos
fica abalada diante da moda tradicional que
sua página no Instagram onde compartilha
volveu desde cedo o gosto e conhecimento
apropriadamente, lidamos com o público o tem-
“O ‘Moda em Rodas’ resgatou a vaidade
exemplo, mas não havia nada específico para
encontrou dificuldades para se vestir de acordo
com as suas necessidades diante das peças
trabalhar a autoestima da mulher.
deficiência especializadas
Quem nunca entrou na internet para bus-
deficiência. A jornalista tem osteogênese im-
é ser uma amiga que dá conselhos e ajuda a
faz culto ao corpo perfeito. A mídia vende uma
uma pesquisa, concluiu
que, assim como ela, possuem algum tipo de
afirma que seu principal objetivo com o projeto
do fashion. Os blogs se mercado, mas através de
blog para dar dicas de moda a outras mulheres
ou acima do peso, por exemplo. A jornalista
da mulher com deficiência que muitas vezes
popularizaram muito no
car inspiração na hora de se vestir? Pensando
para se vestir, como pessoas de baixa estatura
sentatividade da pessoa com deficiência no mun-
Heloísa Rocha possui um guarda-roupa adaptado às suas necessidades
e também de pessoas sem deficiência, mas
de moda: “aprendi a analisar o meu corpo e tecido e de costura mais adequados. Sei escolher um bom corte e o quanto uma peça
vale em uma loja. Viajo muito e assim adquiri
cultura de moda, quando vou para algum lugar
diferente procuro lojas locais, e assim consegui montar um guarda-roupa que atendesse os
meus objetivos e de acordo com o meu estilo”. Sem perceber, Heloísa passou a atender um
modaemrodas modaemrodas heloisahr revista incluir
29
Especial
~
Vai uma Maozinha ai? falar sobre um tema tão pouco abordado no
Brasil, e um ano e um mês depois, a campanha da Revista Vogue para promover os Jogos Para-
límpicos Rio 2016, protagonizada por Cléo Pires, com uma deficiência no braço, e Paulinho Vilhena, com uma deficiência na perna, foi o estopim
para que suas ideias viessem à tona, e assim ela publicou o seu primeiro vídeo, o ‘Recado pra
Vogue’, que já rendeu quase 20 mil visualizações. “Não questiono o fato de serem pessoas
famosas, mas sim pessoas famosas que não têm histórico de luta com deficiência. Aquela
campanha não me representou em nenhum sentido porque ela não era real, photoshop
não me representa, e para mim a deficiência foi
muito real desde que eu nasci. Se for pra fazer Mariana Torquato inspira pessoas com deficiência a se assumirem do jeito que são
Com o intuito de promover a representa-
tividade das pessoas com deficiência, Mariana
Torquato, de 24 anos, em um momento de
questionamento sobre o que estava fazendo para que o mundo fosse um lugar melhor de
viver e estar, criou um canal no Youtube, o ‘Vai uma Mãozinha aí?’.
“Percebi que as pessoas com deficiência es-
tavam sem representação na mídia e há poucas
pessoas com deficiência realmente fazendo parte da sociedade. Pensei que gostaria de fazer algo
para pessoas que estão na mesma situação que eu ou similares, e o canal no Youtube foi uma ideia para expressar o que eu sentia”, diz.
Entretanto, a tarefa não foi tão simples! A
administradora e estudante de ciência e tecnologia de alimentos, que nasceu sem o antebraço
esquerdo, precisou de um empurrãozinho dos
30
revista incluir
amigos para iniciar sua vida on-line e eles sempre
uma campanha, apoie algo que seja real, mas os marqueteiros talvez discordem de mim”, afirma.
Em seu canal, Mariana tenta abordar sobre as
ficaram admirados com o seu jeito de levar a vida,
diversas formas de deficiência e compartilha um
Após a criação do canal, Mariana sentia que
coisas, como pintar o cabelo, por exemplo, sem a
cheia de opinião, atitude e autoestima.
ainda lhe faltava uma fonte de inspiração para
pouco do seu universo, como faz suas próprias ajuda de ninguém. E um dos principais objetivos
da página é mostrar que pessoas com deficiência
não faziam, como tirar fotos sem esconder a
sentimentos e também são cidadãos.
apesar do seu público-alvo ser a pessoa com
são como qualquer outra, que têm angústias, Mariana recebe um feedback muito positivo
de seus leitores e histórias incríveis de pessoas que estão se sentindo representadas pelo
canal e inspiradas a fazerem coisas que antes
“Parece que agora estou conhecendo uma
deficiência, por exemplo. Afirma também, que
comunidade de pessoas com deficiência que
deficiência, também está aberta para conversar
não é necessariamente algo ruim, pode ser uma
com a comunidade sem deficiência, pois elas
querem saber como lidar com a deficiência de
uma forma simples, natural e sem ter vergonha.
estão se assumindo. Viver com uma deficiência
forma de se surpreender e se superar todo dia. E é importante que as pessoas tenham uma cabeça
aberta para as diferenças, porque se olhar bem de perto todo mundo é diferente um do outro”, diz. Sobre os planos para o futuro do canal, Ma-
riana diz que é ir ‘ao infinito e ao além’, espera
representar e conhecer cada vez mais as pessoas com deficiência e deseja fazer com que esta causa seja ouvida de fato. “Somos 20% da população,
é uma quantidade expressiva de pessoas que está aumentando, e os seus direitos não. Não somos pessoas infelizes e incapazes, somos simplesmente humanos, vivos, minoria, desrespeitados, e não estamos a fim de ficar calados”, finaliza.
Vaiumamaozinhaai Marianatorquato Matorquato Vai uma mãozinha aí revista incluir
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Nossa Vida com Alice
Carol e Thomas com seus filhos Antônio e Alice
Carol Rivello e Thomas Ventura de Souza são
acreditava ser possível, afinal havia realizado
aberto para o que estava por vir. Por sua causa,
anos, que já é protagonista de muitas mudanças,
absolutamente nada. Entretanto, no dia seguinte
novo, foi como se uma janela fechada há muitos
pais do Antônio e também da Alice, de quatro conquistas e desafios na vida do casal.
Na madrugada após o nascimento de sua
filha, a designer gráfica e ilustradora foi até o
berço, a observou atentamente, e achou seus traços diferentes dos da família. Logo, pensou na possibilidade de uma deficiência, mas não
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revista incluir
vários exames e ultrassons, e não foi apontado a pediatra as visitou no quarto, e sem muitos ro-
deios, falou que tudo indicava que Alice possuía síndrome de Down.
finalmente abri meus olhos para um mundo
anos tivesse sido aberta na minha vida, trazendo novos ares”, diz Carol.
E a partir do sentimento de que a sua história
“Fiquei muito abalada, claro. A sensação é de
e a da Alice haviam se cruzado por um motivo
gado tanto àquela bebezinha e fiquei de peito
uma oportunidade que a vida lhe ofereceu para
perder o chão. No entanto eu já tinha me ape-
muito especial, Carol decidiu criar um blog, vendo
lutar pelas pessoas com síndrome de Down e outras deficiências, mudando o olhar da sociedade para estas causas e empoderando as famílias.
Suas páginas na internet são espaços de re-
flexões sobre os desafios que vivem, lá compar-
tilham o seu dia a dia e também trazem informações atuais acerca da síndrome de Down. Além
disso, mostram como a estimulação de bebês
e crianças pode ser fácil, acessível e prazerosa através de coisas simples do cotidiano, e que
os papais não precisam ficar dependentes do consumismo, de brinquedos caros e complexos. “Notei grande interesse dos amigos e familia-
res em acompanhar e torcer pela nossa história, o que me deixou feliz e surpresa. Assim, em um
mês criei um blog especial para a Alice. Gosto da oportunidade de poder combater o capaci-
tismo, seja lutando contra termos ultrapassados e ofensivos, seja incentivando um novo olhar
sobre as habilidades das pessoas com síndrome
de Down ou informando sobre os direitos das pessoas com deficiência”, afirma.
Carol acredita que o feedback dos leitores é
muito importante, que trocar ideias, respeitando o ponto de vista do outro, seu local de fala e sua vivência, é o combustível para evoluir, crescer e enxergar outras realidades.
“Nosso trabalho é um retalho em uma grande
colcha de esforços individuais que, em conjunto, fazem a diferença e promovem uma evolução na
qualidade de vida das pessoas com deficiência. Tem pai contribuindo com seus conhecimentos
como bioquímico, tem mãe lutando por inclusão através de sua profissão de advogada, mães jornalistas que fazem um trabalho fantástico unindo
todas essas pessoas... e essa grande trama tem um valor inestimável”, finaliza.
W
nossavidacomalice.wordpress.com Nossavidacomalice Nossavidacomalice Nossavidacomalice
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Especial
Mais uma Rodada por onde entrar, onde comprar o ingresso,
como é a acessibilidade do evento e outras coisas. Para ele, apesar da questão da mo-
bilidade ainda estar bem longe do ideal, as pessoas estão pensando cada vez mais
em garantir a acessibilidade para pessoas com deficiência.
“Percebo que já há informação para pes-
soas com deficiência na internet, mas poucas
relacionadas ao lazer. Então o meu desejo é fazer com que a galera saia de casa e vá
se divertir, porque a vida acontece lá fora! A palavra-chave é empoderação”, finaliza.
Pedro Américo é frequentador assíduo de festivais e shows
Quando uma pessoa com deficiência de-
seja sair de casa, muitas questões de acessibilidade costumam ser estudadas, para que,
assim, ela não passe por nenhum desconforto
o público. Em eventos com 50 mil pessoas às vezes só havia eu de cadeirante, então comecei a pensar porque isso acontece.”
Quando passou a utilizar cadeira de rodas,
e possa curtir o passeio sem problemas. Mas
aos 22 anos, Pedro assume que passava mui-
Pedro Américo, de 32 anos, pode te ajudar.
de informação sobre os locais de lazer, afirma
como saber se o local é acessível? O canal de Com foco em lazer e programas culturais, no
‘Mais uma Rodada’, o funcionário público, que é cadeirante devido a uma distrofia muscular,
compartilha suas experiências nos eventos do seu ponto de vista: sentado.
“Eu não paro quieto, tenho muitas histó-
rias interessantes para contar, e meus amigos
me incentivaram a fazer o canal. Além disso, passei a frequentar muitos shows e festivais, e reparava que não havia cadeirantes entre
34
revista incluir
to tempo dentro de casa por vergonha e falta que as pessoas com deficiência deixam de ir a uma festa ou ao teatro, por exemplo, porque
não sabem como será lá, se vai ter espaço
para elas, assento ou banheiro adequado.
“Por mais que o evento tenha uma página na internet falando sobre acessibilidade, quando chegamos lá é tudo diferente.”
Os seguidores entram em contato com
o Youtuber em busca de informações, principalmente sobre os festivais, perguntando
mais1rodada maisumarodada Mais uma Rodada
Blog Ana K preendedorismo e política. Em agosto de
de informações onde podem sanar algumas
dos mesmos assuntos. Entretanto, as coi-
vida com deficiência.
2015, deu início a um Blog onde trataria sas tomariam um rumo diferente após ser
pois cada pessoa tem sua própria história, mas
pessoas com deficiência, assim, Ana fez seu
ência podem romper barreiras e viver a vida
primeiro vídeo sobre o assunto.
Quando sofreu o acidente em 2009, Ana
K, como passou a ser chamada na época da faculdade, diz que pesquisava sobre próte-
projeto ‘Vida de Deficiente’, que atualmente é o principal projeto da página, que gera mais tráfego e engajamento.
inspiradas e mais capazes. Essas histórias resultaram na hashtag #AnaKApresenta, que
divide os relatos com outros leitores e amplia as conexões geradas pelo Blog.
“O trabalho vai além de mim, e isso é muito
novas possibilidades, motiva pessoas sem de-
é informar e empoderar pessoas com deficiência e inspirá-las a realizarem seus sonhos. Acredito que informação é poder, uma pessoa
que conhece suas possibilidades não fica limitada ao que tentam impor a ela”, diz.
Dentre os demais temas abordados nos
Formada em marketing, Ana decidiu
mes. Ana sente que seus leitores confiam em
assuntos relacionados à sua profissão, em-
ao verem seus vídeos se sentiram motivadas,
impeachment. Hoje meu principal objetivo
posts e vídeos estão acessibilidade, inclusão,
criar um canal no Youtube para abordar
relatos que recebe de mulheres que estavam
gratificante. É algo que faz diferença na vida
que sua deficiência a transformou em uma pessoa melhor.
Ana diz que a melhor parte de seu tra-
“No início o ‘Blog Ana K’ tinha outro intui-
to, o primeiro post foi sobre o processo de
trágico, mas hoje, aos 25 anos, ela acredita
porta-voz das pessoas com deficiência”, afirma.
se sentindo reféns da sua deficiência, e que
deficiências no seu blog, e assim nasceu o
pernas. Em princípio parecia extremamente
leitores me vejam, como ouvinte, auxiliadora e
pessoas fora do Brasil, a informação era forma, sentiu que precisava falar mais sobre
São Paulo e sofreu amputação em uma das
que sonham. É assim que eu quero que meus
balho e o que a motiva a continuar são os
algo que parecia fora do seu alcance. Desta
Aos 18 anos, Ana Kelly Melo caiu na li-
um exemplo de como pessoas com defici-
ses e mulheres amputadas e só encontrava
nos sites e nas mídias sociais histórias de
nha do trem na região metropolitana de
“Não quero ser um exemplo de superação,
abordada de forma grosseira por um guar-
da quando estava na vaga reservada para
Ana Kelly aborda questões nacionais sobre deficiências
dúvidas, especialmente no período inicial da
lifestyle, dicas de viagens, shows, livros e filsua opinião e querem saber sobre as suas
experiências, veem o Blog como um canal
das pessoas com deficiência mostrando a elas ficiência e principalmente reprime o precon-
ceito e promove o respeito, fortalecendo a imagem da pessoa com deficiência”, conclui.
W bloganak.com.br
anakmeloo anakmeloo anakmeloo Ana K Melo
revista incluir
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Especial
Cacai Bauer Um ano depois, a visibilidade não para de
produção, mas dizem que ainda é muito
canal e quase 4 milhões de visualizações
pessoas interessadas em contribuir com pa-
crescer! Já são quase 200 mil inscritos no em todos os seus vídeos. Tudo isso pegou
a família de Cacai de surpresa, pois não esperavam que alcançariam grandes proporções em pouco tempo. A manutenção
do canal é realizada em casa, Janaina é res-
Cailana a fama é natural e ela fica muito feliz com o assédio do público, é como se
De Lauro de Freitas, na Bahia, para o
ela estivesse vendo o retorno de tudo o
na internet como Cacai Bauer, é uma das
Janaina afirma que o retorno do público
mundo! Cailana Eduarda, mais conhecida
que ela sonhou quando criança”, diz a mãe.
revelações de 2016, no Youtube. Bem hu-
é grande, principalmente de regiões interio-
é assim que os pais da moça de 22 anos,
acesso à informação. Muitos pais de crianças
Janaina Bauer e Dalmo Lemos decidiram
procuram pedindo conselhos. Já em relação
continuasse desenvolvendo suas habilida-
tudo como sempre, com muito bom humor.
“Cailana desde pequena gosta de mos-
mais do que ela. Quando o comentário é
Depois que ela descobriu o Youtube, fica
pessoa que escreveu de uma forma edu-
aprende tudo sozinha, ficamos surpresos
pois na maioria das vezes são crianças que
as coisas”, diz Janaina.
acabamos relevando”, diz a mãe.
de 2016, e com apenas duas semanas já
inscritos no canal, a família passou a ter
morada, extrovertida e muito talentosa,
ranas onde as pessoas ainda não têm muito
que possui síndrome de Down, a definem.
e adolescentes com síndrome de Down os
criar um canal na internet para que a filha
às críticas, Cacai reage muito bem e leva
“Quem quiser criar uma página na inter-
e uma estrutura para oferecer conteúdos de
da família. Os pais devem estar atentos ao conteúdo que os jovens buscam e publicam na internet e verificar se ele é adequado ao
público que os acompanha. Temos que correr atrás dos nossos sonhos, foi o que fizemos com
a Cailana, e hoje ela inspira outras crianças e
adolescentes com Down”, completa Janaina.
“Nos incomodamos com as críticas
trar seu talento, de dançar e interpretar.
muito agressivo, costumamos advertir a
procurando coreografias na internet e
cada, mostrando que aquilo não é certo,
com a facilidade que ela tem de absorver
estão em fase de desenvolvimento, então
Seu primeiro vídeo foi ao ar em fevereiro
Após ultrapassar a marca de 100 mil
revista incluir
da família é fundamental.
qualidade, mas o mais importante é o apoio
“Ficamos muito orgulhosos por ela, para
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deram a ela e diz, ainda, que a motivação
e Caio auxiliam nas letras das paródias, nas coadjuvante dos vídeos.
acumulava mais de 200 inscritos no canal.
sua filha é resultado do apoio que sempre
net precisa ter uma noção básica de edição
canções e também participam de forma
des e realizasse o seu sonho: ser famosa!
trocínio. Janaina acredita que o sucesso de
ponsável pela edição dos vídeos, Dalmo
pela identidade do canal, e os irmãos Luísa
Cailana Eduarda tem quase 200 mil inscritos em seu canal
difícil alavancar o canal devido à falta de
retorno financeiro e ampliou a equipe de
Cacaibauer Cailanaeduarda Cailanabauer Cacai Bauer
Rampa de Acesso “Meu trabalho tem grande relevância para
a comunidade com e sem deficiência, pois
acredito que de alguma forma posso ajudá-
-los a enfrentarem suas lutas, seus dilemas e problemas diários que são comuns a todos, e
compartilhando minhas experiências como
mulher com deficiência mostrar que todos podem superar seus limites, assim como tenho superado os meus!”, finaliza.
O objetivo de Vânia Martins é trabalhar a autoestima da mulher com deficiência
Após conhecer o trabalho de algumas
“O principal objetivo das minhas páginas
Youtubers e se apaixonar pela plataforma,
na internet é motivar! Levar a minha história
o aliado perfeito para a proposta que estava
mostrar que, apesar de todas as minhas limi-
Vânia Martins percebeu que um canal seria
estudando. Graduada em serviço social, pos-
sui Distrofia Muscular de Duchenne e utiliza cadeira de rodas para se locomover devido
de superação ao maior número de pessoas e
tações, sou muito feliz, amada e vaidosa! Sou uma mulher que vive intensamente“, conta.
Vânia acredita estar no caminho certo e
a algumas limitações nos membros inferio-
fica muito feliz com cada seguidor que con-
motivação a todos que, de alguma forma,
Recebe milhares de mensagens, perguntas
res e superiores, e queria levar um pouco de precisavam de um referencial, principalmente
ao público feminino. E assim nasceu o ‘Rampa de Acesso’, canal no Youtube, e atualmente
também o blog onde Vânia conta sobre sua
rotina, dá dicas de beleza, além de proporcionar informação e entretenimento.
quista diariamente em suas mídias sociais. e opiniões, sempre sugerem coisas novas e
querem saber ainda mais como é a vida de uma mulher cadeirante. Seu maior desejo é
inspirar mulheres com ou sem deficiência a
elevar sua autoestima através da aceitação e dos cuidados com a beleza.
vaniarampadeacesso.com.br rampadeacesso rampadeacesso Rampa de Acesso com Vânia Martins revista incluir
37
Vale saber
Brasil busca patrocínio para Surdolimpíadas Summer Deaflympics acontecem em julho, na Turquia Da Redação | Foto: Shutterstock
E
ntre os dias 18 e 30 de julho, acontece a 23ª edição do Summer Deaflym-
pics, as Surdolimpíadas de Verão, uma
versão dos jogos olímpicos, disputados exclusivamente por atletas com deficiência auditiva.
Organizado pelo Comitê Internacional de
Desde 1955, o Comitê Olímpico Interna-
nas da edição de 2005, em Melbourne, Austrália.
máxima desportiva internacional para surdos.
leira esteve representada por 13 atletas e seis
cional (IOC) reconhece o ICSD como entidade
O Brasil nas Surdolimpíadas
A primeira participação do Brasil nas Surdo-
Desportos de Surdos (ICSD), o evento será rea-
limpíadas aconteceu em 1993, na Bulgária. Na
atletas, que vão disputar 21 modalidades.
conquistaram três vezes o quarto lugar. Desde
lizado na Turquia e deve reunir cerca de 2.500 Com uma delegação de 230 atletas, a Con-
federação Brasileira de Desportos de Surdos
(CBDS) busca apoio para conseguir participar
Em 2009, em Taiwan, a delegação brasi-
dirigentes, tendo conquistado a primeira medalha para o Brasil, no judô, com o bronze de Alexandre Soares Fernandes.
Em 2013, o Brasil voltou à Bulgária com uma
ocasião, dois nadadores disputaram 11 provas e
delegação de 19 surdoatletas e 14 dirigentes.
então, a natação brasileira é a modalidade mais
quatro medalhas, sendo três na natação e uma
presente no evento, tendo ficado de fora ape-
Nesta edição, o Brasil voltou para casa trazendo no karatê.
do torneio.
Mas para que os atletas possam disputar
o torneio em 16 das 21 modalidades, a CBDS
precisa levantar mais de 2 milhões de reais em patrocínio.
Deaflympics
Idealizado em 924, o evento inicialmente
era chamado de ‘Jogos Internacionais Silenciosos’. Já no período entre 1966 e 1999, a
nomenclatura mudou para ‘Jogos Mundiais
Silenciosos’. Desde o ano 2000, o evento passou a ser chamado de ‘Deafympics’, Surdolimpíadas em livre tradução.
A 1ª edição das Surdolimpíadas de Verão
foi realizada em 1924, em Paris (França). Nesta época, havia 145 atletas de nove países europeus que participam nas sete modalidades.
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revista incluir
an_so
Aqui todos têm oportunidades iguais.
A Sodexo Serviços é líder em qualidade de vida e acredita na Diversidade e Inclusão como importantes itens de sua receita de sucesso. E pensando na importância destes profissionais para o mercado, a SODEXO SERVIÇOS tem vagas para pessoas com deficiência em diversas áreas e departamentos. Se você tem alguma deficiência, envie seu currículo para: diversidade.br@sodexo.com e faça parte da nossa equipe! Ou, se você conhece alguém nessas condições, dê o nosso recado. Aqui todos têm oportunidades iguais. revista incluir
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Vale saber
Contação de histórias em Libras Além de estimular a imaginação e o desenvolvimento das crianças surdas, atividade conscientiza sobre a deficiência auditiva Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal
oral e escrita e valorizar os laços familiares. Mas e no caso das crianças com deficiência auditiva? Alguns pais se veem perdidos em
meio a esta situação, mas para isso há uma saída, a contação de histórias em Libras.
Na rede de Atendimento Educacional Es-
pecializado (AEE), da Secretaria de Educação
da cidade de Suzano (SP), algumas escolas já promovem este tipo de atividade que envolve
pais e alunos. É realizado o Sarau com Libras, onde cada turma apresenta uma atividade,
como a contação de histórias, canções e poe-
sias. A ideia é movimentar toda a escola, para que o público reflita sobre a questão da surdez.
É de suma importância que as escolas
promovam este tipo de atividade inclusiva, entretanto, é preciso que os professores
O
Contação de histórias estimula a imaginação e o desenvolvimento das crianças
s profissionais da educação, como
senvolvimento infantil, pois a atividade pode
fendem que a contação de histó-
como aguçar a criatividade e a imaginação,
os pedagogos, por exemplo, de-
rias é uma ferramenta muito importante no de-
40
revista incluir
trazer inúmeros benefícios para os pequenos,
auxiliar no desenvolvimento da linguagem
apoiem as ideias e estejam envolvidos na
causa. Durante a atividade sempre há um intérprete de Libras presente, e algumas vezes
os educadores levam fantoches que fazem a
interação com o público, o boneco responde tanto em linguagem oral quanto em Libras. As
histórias são compostas por elementos visuais
para que as crianças possam interiorizá-las de uma forma mais efetiva.
“Como nós vivemos e trabalhamos com
a proposta da inclusão, precisamos divulgar
cada vez mais a questão da surdez, estimular o surdo e, ao mesmo tempo, fazer com
que as outras crianças que não possuem deficiência auditiva também entendam o que é a Libras,”, garante a agente especial de educação Ariane Polizel.
Geralmente os próprios alunos preparam
as poesias, as canções e as histórias, os professores fazem a leitura e eles as interpretam.
Segundo Ariane, a contação de histórias em Libras é uma forma de divulgar a surdez, a
Libras, e de fazer com que todos tenham acesso à informação.
“Geralmente os surdos são filhos de pais
ouvintes, então eles acabam chegando na es-
PDF/X-4 ISO cola achando que estão falando, e leva algum
arizona.flow
tempo até que eles entendam que a Libras
Para quem supera desafos todos os dias, conquistar uma vaga no McDonald’s vai ser fácil.
Alunos do Atendimento Educacional Especializado de Suzano (SP) conversam em Libras
é uma forma de comunicação. É muito legal quando eles veem a Libras fazendo parte das
suas vidas, vão compreendendo melhor o que essas mãos mexendo significam”, finaliza.
O McDonald’s, eleito 17 vezes uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil, está com vagas abertas para pessoas com defciência. É uma ótima oportunidade para quem está querendo entrar no mercado de trabalho. Conheça os benefícios que a vaga oferece: • carteira assinada • alimentação no local • vale-transporte • assistências médica e odontológica • avaliação individual das atividades • treinamento especializado e contínuo
Para se candidatar, você precisa ser maior de 16 anos e comparecer a um dos Restaurantes McDonald’s ou acessar mcdonalds.com.br e cadastrar seu currículo na área Trabalhe Conosco. Letícia Pereira do Nascimento Bruna Vinho Luiz Gustavo Cruz Matsumoto
revista incluir
41
Processado por arizona.flow em Mon Jan 16 16:02:32 2017 BLACK YELLOW MAGENTA CYAN
80228_2949-003-000_AnIncluirInclusao_230x1385_1.pdf - 230 x 138.5 mm - pag. 1
Coluna
Informações que você precisa saber sobre a síndrome de Down
A
Por: Leonardo Gontijo* | Foto: Divulgação
síndrome de Down é uma condi-
ficiência mental, que traz fatores de ordem
conhecer a Síndrome de Down e o que ela re-
alteração genética na formação do
rística da síndrome;
pessoas e ter em mente que é possível ter uma
ção que acontece quando há uma
indivíduo. A pessoa com a trissomia possui três
psicológica e nada tem a ver com a caracte3) Não existe portador da síndrome: o
cópias do cromossomo 21 em vez de dois, ou
termo portador de síndrome de Down é er-
A síndrome apresenta como característica prin-
uma deficiência, já que esta é uma condição
seja, um cromossomo a mais em todas as células. cipal certo atraso intelectual e, por vezes, podem
aparecer alguns problemas de saúde ou físicos. Porém, nada disso impede que a pessoa
com a síndrome tenha uma vida repleta de conquistas e realize todas as suas atividades
roneamente utilizado. Não é possível portar
inerente à pessoa, ou seja, não se pode escolher portá-la ou não. A maneira correta de
dizer é que a pessoa tem uma deficiência intelectual ou que tem síndrome de Down;
tem Síndrome de Down: quem vive com essa
ções sobre SD, preparamos cinco informações
socialmente sem o menor problema. Portanto,
importantes, pois conhecimento combate mitos e preconceitos!
1) Síndrome de Down não é doença:
ela acontece apenas por uma alteração na quantidade de cromossomos, portanto, não é considerada uma doença. Ela não impede que
a pessoa desenvolva suas habilidades físicas
cia mental: a deficiência intelectual consiste em uma demora maior para assimilar alguns
aprendizados e desenvolver um pensamento
ou uma habilidade. Muito diferente da de-
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revista incluir
Ficou com alguma dúvida ou tem algum
comentário que deseja compartilhar conosco? Abraços inclusivos!
preciso ouvi-las e levar em consideração o que
pensam a respeito de determinados assuntos, principalmente os que são referentes a ela;
5) A pessoa é um indivíduo e não sua de-
ficiência: antes de ser alguém com síndrome
apresentá-la aos demais com seu nome, mos-
2) Deficiência intelectual não é deficiên-
amor são sempre as melhores atitudes para tudo.
ela também pode emitir opiniões sensatas. É
essa condição como uma doença, assim como tenha a síndrome de Down de doente;
muitas pessoas têm. A inclusão, a paciência e o
se ela é capaz de realizar todas essas tarefas,
de Down, a pessoa é um indivíduo e deve ser
também não é correto chamar alguém que
desmontar uma visão muitas vezes errada que
condição pode estudar, trabalhar e conviver
e intelectuais, só é necessário que se dê mais
tempo para isso. Portanto, não é preciso encarar
vida plena, ajuda a incluí-las na sociedade e a
4) É importante respeitar a opinião de quem
no seu tempo.
Para ajudar você a saber algumas informa-
presenta para quem a possui. Saber lidar com as
tratado como tal. Por isso, é muito importante
trando quem é a pessoa, antes de citar ou falar
sobre a síndrome. Isso ajuda a desconstruir um
estereótipo de que a síndrome pode chamar mais atenção do que a pessoa em si e ajuda a trazer a igualdade entre as pessoas que, acima de qualquer coisa, são seres humanos.
Com essas informações, fica mais fácil saber
*Leonardo Gontijo é idealizaMANO DOWN dor e presidente do Instituto Mano www.manodown.org.br Down, criado para divulgar a síndrome de Down de forma a quebrar paradigmas. Instituto Mano Down www.manodown.org.br
revista incluir
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Educação Este conteúdo é uma parceria entre as revistas Incluir e Mundo da Inclusão, publicação especializda em educação inclusiva
O AUTISMO E A EDUCAÇÃO Ser flexível com os hábitos da criança com autismo é uma das peças-chave para conquistar sua confiança e evoluir na comunicação
O
Por: Leticia Leite | Imagens: Shutterstock
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por alterações ou
atrasos nos principais domínios do
Ainda segundo a especialista, o diagnóstico
do TEA se baseia em diferentes testes clínicos
Frequentemente diagnosticadas após os três
já que as conclusões podem apontar outras con-
anos de idade, essas características podem ser percebidas dentro e fora de casa. Muitas vezes, os educadores são os primeiros a sinalizarem o atraso na fala, que frequentemente se associa às dificuldades nos contatos sociais. Ficar atento às
observações dos professores pode ser o primeiro passo para buscar o auxílio especializado e iniciar o tratamento correto o quanto antes.
A médica geneticista e neuropediatra, Iara
realizados por meio de um olhar multiprofissional,
dições médicas ou psiquiátricas em associação com o TEA. A análise comportamental é o foco dos protocolos clínicos padronizados internacio-
nalmente, além da investigação da linguagem verbal e abordagens educacionais, entre outros.
O AMBIENTE ESCOLAR No ambiente escolar, a criança com autismo
Brandão, afirma que, nestes casos, a frase ‘cada
apresenta dificuldade na interação social e na
rodesenvolvimento, no qual existe um tempo
radas tímidas e possuem um comportamento
criança tem seu tempo’ não se aplica para o neu-
esperado para comportamentos e atividades de cada idade.
“Não se pode deixar passar a abordagem
precoce para intervir com o tratamento correto. A neurologia infantil conhece esse tempo e o
exame clínico neurológico precoce pode propor-
cionar o diagnóstico em tempo hábil, procurando
revista incluir
atrasando essa etapa”, alerta a doutora.
neurodesenvolvimento: socioafetivo, linguagem
verbal e não verbal e atenção compartilhada.
44
associações e condições médicas que estejam
comunicação verbal. Muitas vezes são consideemocional caracterizado pela evitação. Estudos indicam que crianças com autismo estão três
vezes mais suscetíveis a sofrerem bullying, comparadas a outras crianças, assim, os pais e educadores devem ficar atentos aos sinais.
Além disso, essas crianças com TEA possuem
dificuldades em permanecer em certos am-
bientes, como locais com
inclusiva é mesclar o ensino regular com o
apelo visual muito forte, que
lio de um professor especializado que entenda
barulho, e que tenham um são considerados pela especialista como elementos distratores.
“Os autistas têm altera-
ções neurossensoriais que geram dificuldades em se adaptarem aos ambientes distratores. São crianças que
têm dificuldade em supor-
tar um estímulo auditivo e visual ao mesmo tempo, o que é muito frequente no ambiente escolar”, diz.
Ainda existem mitos
sobre o desenvolvimento intelectual da criança com
autismo. Apesar de serem classificadas como Asper-
ger, algumas crianças não
apresentam dificuldades
Você conhece os tipos do TEA? Autismo clássico: Evitam contatos sociais e não usam a fala como meio de comunicação. Frequentemente apresentam movimentos estereotipados, podendo ou não apresentar comprometimento intelectual; Síndrome de Asperger: Autismo de alto desempenho, em que o paciente é verbal e apresenta inteligência preservada, quanto menos dificuldade de interação social, mais perto da função social adequada estarão estes pacientes; Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação: É o diagnóstico mais difícil, pois não possuem sintomas do TEA suficientes para classificá-los em uma categoria específica.
Outra forma de trabalhar com a educação
muita luminosidade, muito
de comunicação verbal,
no entanto, vivem o mes-
mo processo de isolamento
adaptado no contraturno escolar, com o auxí-
a dinâmica, as necessidades da criança e estimule adequadamente seus canais sensoriais.
Segundo a especialista, no Brasil e em outros países, inclusive os considerados desenvol-
vidos, ainda faltam investimentos neste tipo
de profissional, transformando a educação inclusiva para crianças com autismo em um desafio muito grande para todos.
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA A família é um pilar muito importante para
a criança com autismo, já foi amplamente
comprovado, por meio de pesquisas, que o convívio e estímulo à interação entre pais e
filhos é essencial para o seu desenvolvimento, como para qualquer outra criança do univer-
so. Os pais ou responsáveis devem estimular comportamentos menos restritivos, promover
sua participação social respeitando seus as-
pectos de hipersensibilidade e não permitir que a criança se isole naturalmente.
Cada família deve compreender sua criança
e comportamento repetitivo, assim, são bem
na maneira de interagir com o ambiente e na
relacionado a uma melhor capacidade de sinte-
Iara Brandão, crianças com autismo têm uma
objetivos, mas não necessariamente isso está tização do conteúdo ministrado em sala de aula.
“Há quem diga que todo autista é
superdotado de inteligência, e isso não é verdade.
hora de realizar suas tarefas. Segundo a doutora
forma diferente de ser criança e os familiares devem ser flexíveis com essa característica.
“Se esta criança tem ligação com apenas
Sabemos que grande parcela das crianças com
um tipo de brincadeira, os pais devem brincar
intelectual, e aí elas têm um pensamento
espaço para outras opções de brincadeira,
espectro autista pode apresentar deficiência
concreto e que foge da questão de inteligência preservada”, afirma a doutora Iara.
O ideal é que a criança com autismo siga
sua educação em uma escola regular e não em
escolas especiais. Entretanto, é necessário que essa escola tenha um espaço físico e pedagógico
adequado para incluir o aluno, já que eles são hipersensíveis, em sua maioria, aos estímulos distratores, referidos anteriormente.
com ela desta forma, mas também devem dar
dando um simbolismo, um sentido para a nova atividade. Além disso, é preciso não reprimir o comportamento da criança o tempo
inteiro, porque isso vai causar estresse e ansiedade. Se ela fizer algo considerado errado
ao brincar, em vez de dizer logo de cara ‘não faça isso!’, você deve participar da brincadeira
desta forma e só depois mostrar-lhe qual é o jeito certo de brincar”, finaliza.
revista incluir
45
Educação
Como o professor deve agir? Seja flexível no sentido de auxiliar
Dê diretrizes objetivas e simples:
gará cada vez mais próximo de uma
a criança à sua necessidade: Se per-
Essa ação evita confusão nas tarefas,
comunicação efetiva;
cebeu que a criança possui sensibili-
já que essas crianças têm um pensa-
dade acústica e visual, evite lugares
mento mais objetivo e focado;
muito barulhentos e com muitos estímulos visuais, respectivamente;
Não seja inflexível com as atividades repetitivas: Faça questão de que ela não
Dê autonomia à criança: Procure
tenha comportamento repetitivo, mas
não fazer as tarefas em seu lugar, dê
trabalhe isso de forma amigável em vez
Estimule os canais de comuni-
a oportunidade de ela executar as
de ir de encontro às suas manias;
cação da criança: Se ela gosta de
atividades;
desenhar, comunique-se com ela dessa maneira, tente verbalizar o que o desenho significa;
46
revista incluir
Elogie: Valorize uma atividade realiConquiste sua simpatia: Respeite
zada de uma boa forma ou conforme
seus vícios e hábitos e assim che-
o esperado.
revista incluir
47
Coluna
O cavalo e a síndrome de Down Por: Eliane Cristina Baatsch* | Foto: Augusto Moraes
A
equoterapia como intervenção
menta em controle postural, adequação de
de desenvolvimento global da
fala, estimulação sensorial, educacional, so-
terapêutica auxilia no processo
pessoa com a síndrome de Down, mais conhecida como cromossomo do amor.
A síndrome de Down ou trissomia do cro-
mossomo 21 é uma condição geneticamente
determinada com características físicas espe-
tônus muscular devido à hipotonia global, cial, cognitivo, comportamental, entre outros.
E como principal, a relação com o amigo ca-
valo, o cuidado, a confiança recíproca, por fim o benefício proporcionado pela montaria.
Comumente as pessoas com síndrome de
cíficas e atraso no desenvolvimento, algumas
Down apresentam boa interação com o cavalo
patologias. Normalmente a equoterapia é
no ambiente equoterápico, têm boas respostas
pessoas apresentam associações com outras
indicada, porém algumas pessoas podem apresentar cardiopatia e a instabilidade atlanto-axial entre outras. Por isso, a importância da avaliação médica e da equipe de triagem.
e com toda a equipe, socializando muito bem
na habilitação motora e de controle postural.
E a família, em conjunto as outras terapias, contribui amplamente com o desenvolvimento. No Brasil temos o atleta Claudio Aleoni
Embora a maioria das características físi-
Arruda que realiza equitação de trabalho,
ticante é diferente em seu contexto global.
participações em provas pela Federação Pau-
cas seja peculiar, na equoterapia cada praPortanto, tem o seu direcionamento especificado à queixa apresentada pela família,
encaminhamentos de outros profissionais,
avaliação da equipe equoterápica e objetivos.
Normalmente a equoterapia é procurada
como principal queixa à marcha e ao equilíbrio. Contudo, o prognóstico se comple-
48
hipismo, adestramento e é profissional, com lista de Hipismo (FHP) e na Eslováquia o Filip
Graño que participou da prova dos três tam-
bores pela NBHA BRAZIL na World Cup - 2016. “É o cavalo fazendo a diferença não só
na modalidade da terapia, mas também no
esporte, na profissão e na vida das pessoas com síndrome de Down.”
*Eliane Cristina Baatsch é equoterapeuta, coordenadora da Hípica Santa Terezinha, instrutora de equitação clássica, equitação para equoterapia e de volteio terapêutico. Pedagoga e psicopedagoga, especialista em deficiência múltipla
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28/11/16 15:19
Entrevista
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Natalia Martins Em bate-papo com a Revista Incluir, atleta revela como conquistou uma carreira de sucesso no esporte e fala sobre seu relacionamento com a comunidade surda Por: Julliana Reis e Leticia Leite | Fotos: João Pires/Fotojump
N
ascida e criada na cidade de Lorena,
no interior de São Paulo, Natália Martins de 32 anos é a primeira
jogadora de vôlei surda a atuar profissionalmente no Brasil. Com passagem pela seleção brasileira
de Vôlei, Natália integra a equipe Nestlé Osasco, um dos times mais populares do país.
Dona de uma história marcada por desafios
e muita perseverança, Natália é casada há três anos e sonha em ser mãe de cinco filhos, um
deles adotado. Confira essa e outras curiosidades sobre a atleta na entrevista exclusiva a seguir!
revista incluir
51
Entrevista Você tem 70% de perda auditiva e desco-
briu isso ainda na infância. Como foi sua inclusão escolar?
Sempre estudei em escolas regulares, minha mãe apenas dizia aos professores que eu tinha
deficiência auditiva e os orientava para que eles falassem olhando para mim e que eu sentasse
na frente, mas eu era bagunceira e queria ir para o fundão. Normalmente as escolas abraçavam a minha causa, mas quando mudei de colégio,
do ginásio para o ensino médio, fui para uma escola que não me aceitou, disseram que o meu lugar era em uma sala especial. Assim, fiquei um
ano sem estudar, mas no ano seguinte concluí os estudos em outra escola.
Como sua família agiu durante o seu processo de conquista de independência?
As pessoas dizem que eu nunca convivi com surdos, e não mesmo, vivia em uma cidade
do interior onde a comunidade surda era muito pequena, cresci no meio de ouvin-
tes e minha mãe me tratava sem qualquer regalia ou diferença. Quando eu andava de bicicleta, por exemplo, ela tinha medo que
eu não escutasse o barulho dos carros, mas ela precisava que eu desenvolvesse uma per-
cepção. Com isso acabei ampliando o meu campo visual e aprendi a identificar quando estava vindo um carro. E, graças a isso, hoje eu tenho uma percepção muito boa.
Quando você conheceu o vôlei e como decidiu que atuaria profissionalmente?
Conheci o esporte através de uma professora
da escola, ela precisava de algumas meninas
para praticar ginástica, e como eu era alta acabei arriscando. Fiz dois anos de ginástica rítmica e, quando a professora percebeu que eu estava crescendo rápido demais, me convidou a migrar
para o vôlei, aí foi quando eu me apaixonei. Tive que aprender a fazer toque, manchete, sempre
observando as meninas. A professora acabou ficando só com ginástica e me apresentou para
outra treinadora em Guaratinguetá, uma cidade
52
revista incluir
Natália sonha em ser mãe de cinco filhos
vizinha. Eu continuava jogando na escola, mas as
Brasília e atualmente no Nestlé Osasco.
eu era surda. Mas de Guaratinguetá acabei indo
Você é uma mulher vaidosa?
pessoas falavam que ‘não ia dar em nada’ porque
para Mogi das Cruzes, e então precisei sair de
casa (eu estava com 15 anos) e ali eu realmente
percebi que queria me tornar uma profissional do vôlei.
Por quais clubes você já passou?
Em times estaduais atuei em Lorena, Guaratin-
guetá, Mogi das Cruzes, Porto Real e Varginha. Já na Superliga atuei no SESI de Uberlândia, no Minas Tênis Clube de Belo Horizonte, no Brasil
Telecom de Brusque, no Pinheiros e no SESI em São Paulo, no São Caetano, no Praia Clube de
“Foi um aprendizado muito grande e deixei uma semente plantada dizendo que os surdos também podem chegar até lá”
Sim! Gosto muito de me arrumar, de passar maquiagem, fora de quadra. Dentro de quadra eu só passo rímel porque ele não sai, e
não passo base porque mancha as toalhas e deixa uma marca horrível no rosto, você
vai tirar uma foto e o rosto fica um lado com base e o outro sem (risos).
Quem é o seu ídolo no esporte?
Há duas pessoas que admiro bastante, a Fo-
fão, com quem eu já tive a oportunidade de jogar e foi uma experiência sensacional, e o
A atleta já passou por mais de dez clubes ao longo de sua carreira
revista incluir
53
Entrevista
Natália é fã de Bernardinho, ex-treinador de vôlei, e da ex-jogadora Fofão
Bernardinho. Quando eu tinha 12 anos assistia
giu, penso que vou perder tempo se for discutir
Qual é o balanço após a sua passagem pela
para ele. Mandei uma mensagem para ele na
mas situações e em alguns lugares, tinha sempre
Foi uma grande vitória, tenho uma lem-
muito vôlei na TV e decidi escrever uma carta internet, e não sei se foi realmente ele quem me respondeu, mas foi muito importante para
mim. Na mensagem eu disse que gostaria de ser igual a ele, chegar aonde ele chegou e ele respondeu: ‘Se você tiver garra, determinação e
perseverança vai chegar onde quiser’. E eu levei essas três palavras comigo a carreira inteira e
com a pessoa. Não me sentia incluída em algu-
que estar perto de alguém, tentar ser amiga de alguém, e eu nunca gostei disso. Mas em todos os times pelos quais eu passei me incluíram, me
ajudaram e me incentivaram, sempre aprendo com as meninas e elas aprendem comigo. É uma troca muito saudável.
até hoje, se acontece alguma coisa, eu me
Como é ser a primeira jogadora de vôlei com
passo até chegar aonde eu cheguei. Por isso
mente no Brasil?
lembro daquilo, e fui superando tudo passo a ele é muito importante na minha carreira.
A perda auditiva te fez pensar em desistir da carreira em algum momento?
Várias vezes. Já sofri discriminação, sempre tem alguém cochichando, mas isso nunca me atin-
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revista incluir
deficiência auditiva a atuar profissionalNo início eu nem entendia muito bem o que
era isso, mas hoje posso dizer que é muito gra-
tificante, acabei me tornando uma referência
Seleção Brasileira de Vôlei?
brança incrível. Sempre fui uma pessoa muito pé no chão, via onde era o meu limite
e até onde podia ir, nunca imaginava que
um dia fosse chegar à seleção brasileira, embora tivesse o apoio de muitas pes-
soas. Quando o José Roberto Guimarães (técnico da seleção) me fez o convite, eu
fiquei muito feliz, até o Bernardinho me parabenizou e me desejou boa sorte. Foi
um aprendizado muito grande e deixei uma semente plantada dizendo que os surdos também podem chegar até lá.
para outros que queiram atuar no esporte e abri
Você participou dos Jogos Pan-Americanos
minho que eu, fiquei muito feliz em saber disso.
Foi sensacional! Os jogos aconteceram em
as portas para que eles percorram o mesmo ca-
de Vôlei para Surdos, como foi a experiência?
Washington, nos Estados Unidos, em uma
para que a comunidade surda participe dos
ouvintes porque eles são muito fechados, e
língua de sinais, foi uma experiência surreal
Não vamos entrar para as Paralimpíadas
estarem só entre eles, mas não é assim que
faculdade só para surdos, todos falavam a e quero ter a oportunidade de vivenciá-la mais vezes. Nos Estados Unidos há muitos jogadores com potencial, mas só eu
era profissional, as demais meninas eram
amadoras, o que dificultava o entrosa-
mento durante as partidas. As jogadoras surdas têm muita dificuldade visual e não possuem uma percepção tão boa quan-
to a que eu desenvolvi. Também foi um grande desafio para mim, pois tive que
tirar o aparelho para jogar, e você perde
jogos?
porque o surdo não tem literalmente uma deficiência física. O que precisa ser feito é a
divulgação da causa da comunidade surda,
participar, como a Surdolimpíadas, e estamos
Gostaria de dizer para que as pessoas te-
em busca de patrocínio. Acredito que a nossa
modalidade, o vôlei, conseguirá entrar porque estamos batalhando para isso e eu vou estar lá se der tudo certo.
que ajuda bastante na minha performance
Muitas pessoas me mandam mensagem atra-
técnico dava bronca, eu o desligava (risos).
Nas Paralimpíadas não há competições para
surdos, você acredita que há alguma chance
ouvintes e os ouvintes a eles.
Qual mensagem você deixa para os leitores
tras competições para surdos que podemos
Como é o seu relacionamento com a comu-
dentro de quadra, só às vezes, quando o
funciona, eles têm muito o que ensinar aos
precisamos de mais ênfase na mídia. Há ou-
o equilíbrio, quer ouvir um barulho e não
tem. Uso um aparelho de alta tecnologia
eu quero quebrar isso. Eles têm orgulho de
nidade surda?
vés da minha página na internet, e agora com a minha participação na seleção brasileira o meu contato com a comunidade
surda aumentou ainda mais. Mas a minha
maior vontade é trazê-los para o mundo dos
da Revista Incluir?
nham perseverança e fé diante das difi-
culdades, se alguém disser que você não vai conseguir, coloque na sua cabeça que
você consegue ir mais além do que pode imaginar. Tem um cara lá em cima sempre
nos guiando e colocando coisas boas ao
nosso redor. Deus me dá muita estratégia, às vezes Ele me desvia de um caminho
sem eu entender e depois eu percebo que foi para o meu bem, assim, peça a Deus para te colocar no melhor caminho e ele
sempre vai te mandar por caminhos que te façam feliz.
Natália com as parceiras do time Nestlé Osasco
revista incluir
55
Beleza
Empoderamento Feminino Marcas lançam campanhas para destacar a beleza de todas as mulheres Por: Marina Sobrinho | Fotos: Celina Germer / Divulgação
A
representatividade e o empode-
pessoas com deficiência.
vêm ganhando espaço nos últi-
de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 9
ramento feminino são temas que
mos anos. As mulheres buscam a liberdade
de serem como são, exibindo a beleza de suas
realidades, sem julgamentos ou influências
tipo de deficiência.
Para atender a este público, algumas mar-
cas estão se tornando inclusivas e mostrando
timos necessidade de estar bem (inclusive
que já apresentaram campanhas inclusivas es-
esteticamente), e isso não é diferente com revista incluir
milhões de mulheres brasileiras têm algum
da sociedade.
Todos nós, independente de sexo, sen-
56
Segundo dados do Instituto Brasileiro
que beleza é sim para todos. Entre as marcas tão a AVON, a Maybelline e a Vult Cosméticos.
Tramita na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 6190/16, que estabelece cota de 5% de pessoas com deficiência
em peças publicitárias governamentais. A proposta garante a presença de pelo menos uma pessoa com deficiência em
Audio makeup
Desenvolvido exclusivamente para mulhe-
oferece aulas narradas de forma didática em 19
Maybelline, é o primeiro curso on-line de auto-
A partir disso, surgiu também a websé-
res com deficiência visual, o Audio makeup, da
módulos. {Disponível em: audiomakeup.com.br}
maquiagem. Criada com consultoria da maquia-
rie ‘Faça Acontecer’, em que a maquiadora
da Associação de Deficientes Visuais e Amigos
que prezam pela beleza, com a hastag De-
dora oficial da marca, Juliana Rakoza, em parceria (ADEVA), a ferramenta é totalmente gratuita e
entrevista mulheres com deficiência visual safio No Escuro.
Beleza além dos olhos
Quem também desenvolveu uma campa-
Em 2016, foram realizadas duas edições
nha para mulheres com deficiência visual é a
do curso e novas turmas serão formadas
dos olhos, a campanha tem como base o fato
produtos da marca possuem informações
marca Vult Cosméticos. Intitulada Beleza além de que toda mulher tem que se sentir linda.
A campanha envolve um curso de auto-
para 2017. Além das aulas inclusivas, os em braile para facilitar sua identificação.
“Foi muito importante cada aula, cada dica.
maquiagem produzido em parceria com uma
Hoje, estou me sentindo mais poderosa e perce-
Assistência ao Deficiente Visual - Laramara.
Maria Augusta Cadete, que realizou o curso.
rede de salão de beleza e a Associação de
bi que as pessoas me notam mais”, conta a aluna
cada propaganda e prevê ainda que as
pessoas selecionadas para a campanhas devem ter uma deficiência ‘aparente’.
Segundo a deputada Erika Kokay, autora do projeto, o mesmo foi idealizado com
o objetivo de alertar sobre a necessidade de inserir pessoas com deficiência em peças publicitárias para contribuir com
a reconstrução da autoestima e por seu empoderamento.
Dona dessa beleza
Considerada uma das principais marcas de
cosméticos do Brasil, a AVON lançou a campa-
nha Dona dessa beleza, em prol da diversidade,
que traz histórias de ‘influenciadoras’, como a atriz e modelo Samantha Quadrado, que
tem síndrome de Down; a blogueira Priscila Pereira Souza, que é surda; e a atleta paralímpica Terezinha Guilhermina, que é cega; além
de outros personagens como a modelo plus size, Bee Reis; a Mc Linn da Quebrada, que é transexual; e a rapper Kessidy Reis, que canta a música 'Não fica na reta', trilha da campanha.
revista incluir
57
Artigo
PEC 55 VAI GERAR CARÊNCIAS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS Por: Romeu Kazumi Sassaki* | Foto: Divulgação
A
gestão das escolas públicas, que há muito tempo já não vinha acontecendo a contento, devido, entre ou-
material de apoio individualizado para milhões
Plano Nacional de Educação (aprovada pela
• Recursos para cobrir necessidades básicas
referência às 19 estratégias contidas na Meta
de alunos em todas as escolas inclusivas.
tros motivos, à carência de recursos financeiros,
das escolas como, por exemplo: material da
próximos 20 anos. E, neste sentido, os problemas
limpeza.
ficará ainda pior com a vigência da PEC 55 nos de gestão não serão muito diferentes nas escolas
particulares, de modo que as carências de que
trataremos a seguir se aplicam a todas as escolas. Como se sabe, a educação de pessoas com
deficiência – conforme dispõe a Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – deverá ser oferecida no contexto de sistemas educacionais inclusivos.
O entendimento do que seja ‘um sistema
administração, papel higiênico, material de
Lei 13.005, de 25/6/2014), notadamente com
4, que atingem os níveis infantil, fundamental, médio e superior.
Estes são os dez tipos de carência que, de
• Recursos para a compra e manutenção de
certa forma, já vinham acontecendo, mas que,
mais pobres que não terão meios para pagar
tros ao longo de sua vigência, num flagrante
transportes escolares, prejudicando as famílias transporte particular.
• Recursos financeiros para pagar professores
e demais profissionais que atuam nas escolas em todos os níveis hierárquicos.
• Projetos de pesquisas educacionais em
infelizmente, a PEC irá piorar, além de gerar oudesrespeito à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que o Brasil ratificou
com valor de Emenda Constitucional (Decreto Legislativo n°186, de 9/7/2008).
Irônico é o fato de que o Brasil promulgou o
todos os níveis escolares.
Decreto n°6.949, de 25/8/2009, afirmando que a
venção. Trata-se de um espaço educativo co-
mídias específicas sobre educação inclusiva.
executados e cumpridos tão inteiramente como
estudando juntos em um clima de aceitação
nologias da informação e comunicação para os
‘educação inclusiva’.
salas de aula serão objeto de recomendações da
inclusivo’ está bastante claro na referida Conmum a todos os alunos, com e sem deficiência, mútua, colaboração e cooperação. Daí o nome Ao mesmo tempo em que nos empenha-
mos em melhorar a qualidade da educação in-
• Projetos de publicações de livros e outras • Produtos de tecnologia assistiva e de tec-
Unesco a partir de 2017.
• Recursos financeiros para a realização de
cursos e seminários de capacitação de milhões
escola.
nas escolas inclusivas.
Eis que a PEC 55 chega com força de lei após
de professores e demais profissionais que atuam • Recursos financeiros para a execução de
a sua promulgação no Congresso Nacional em
cursos de formação ou capacitação de cente-
so de desenvolvimento da educação inclusiva, a
Convenção da ONU (Artigo 19) e a Lei Brasileira
15/12/2016. Atravancando seriamente o procesaplicação do ‘teto dos gastos públicos’ resultará na carência dos seguintes:
• Materiais didáticos e pedagógicos, inclusive
58
revista incluir
neles se contêm.”
alunos com deficiência, cujos usos e acessos em
clusiva, estamos preocupados com os milhões
de pessoas com deficiência que estão fora da
Convenção e o seu Protocolo Facultativo “serão
nas de atendentes pessoais, conforme ditam a
de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n° 13.146, de 6/7/2015).
• Recursos para a execução, até 2024, do
*Romeu Kazumi Sassaki é consultor de educação inclusiva
revista incluir
59
Eventos
Arnold Classic investe em inclusão esportiva Pelo terceiro ano consecutivo, evento terá arena para a prática de atividades paradesportivas Por: Julliana Reis | Foto: Rodrigo Dod/Savaget
que a emoção do Arnold Schwarzenegger e dos atletas será sensacional”, explica.
Ainda de acordo com a coordenadora, nes-
te ano também será realizada a primeira edição
da mostra ‘Sua foto no Arnold Classic’, que terá como tema ‘Atividade física é para todos!’, que tem por objetivo expor imagens de pessoas
com deficiência praticando atividade física. “Com certeza essa ação irá quebrar paradig-
mas de muitos visitantes que não vivenciam essa realidade, porque a ignorância é a grande vilã do preconceito, e essa aproximação é
E
fundamental para a inclusão. Temos o apoio
da Wilson e esperamos despertar o interesse
Arnold durante visita à Arena Inclusão
ntre os dias 21 e 23 de abril, a cidade
America terá uma Arena Inclusão, onde serão
do Arnold Classic South America,
de rodas, bocha, futebol de 5, para pessoas com
de São Paulo vai receber a 4ª edição
maior evento multiesportivo e feira de nutrição
da América Latina, chancelado pelo ator e ex-
realizadas atividades de basquete em cadeira deficiência visual, e tênis em cadeira de rodas.
Segundo a coordenadora da arena, Adriana
fisiculturista Arnold Schwarzenegger, que
Dutra, o espaço tem por objetivo proporcionar
ao maior número de pessoas possível qualidade
para todos os públicos. “Pessoas com e sem
idealizou o evento com o objetivo de garantir de vida e saúde por meio do esporte.
O evento deve reunir cerca de 10 mil
competidores para disputar mais de 30 modalidades esportivas, entre elas, quatro
destinadas ao paradesporto. Isso porque, pelo terceiro ano consecutivo, o Arnold Classic South
60
revista incluir
a vivência de modalidades paralímpicas
deficiência poderão se divertir no circuito, fico muito feliz em poder levar o esporte adaptado
para a maior feira multiesportiva do Brasil. Este
será nosso terceiro ano com a arena e o primeiro
ano em São Paulo – as edições anteriores foram realizadas no Rio de Janeiro –, e temos certeza
de outras grandes empresas, para o esporte”, completa Adriana.
O Arnold Classic South America é realizado
pela Savaget Excalibur Promoção e Eventos e
a Arena Inclusão também tem apoio de mídia da Revista Incluir.
Arnold Classic South America – Arena Inclusão Dia/hora: 21 a 23/4, 6ª, das 14 às 20h; sáb., das 10 às 20h; e dom., das 10 às 18h
Local: Transamérica Expo Center (Av. Doutor Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro – São Paulo – SP)
Informações: arnoldclassicsouthamerica.com.br
APOIO: Confire as regras no site www.arnoldclassicsouthamerica.com.br ou use o QR Code ao lado: revista incluir
61
Saúde
A importância da fisioterapia Assiduidade e comprometimento com as atividades terapêuticas são essenciais para garantir bons resultados Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação
D
efine-se fisioterapia como a
dos ou nunca adquiridos. De acordo com
precisa de pistas sensoriais e motoras e isso
nas áreas neurológicas e neu-
pós-graduada em fisioterapia neurológica
o que ela é capaz de fazer, com algumas
reabilitação, principalmente
rofuncionais, através dos meios físicos. O
profissional da área atua com o objetivo de resgatar movimentos que foram perdi-
a fisioterapeuta Rebeca Santos Rehder, e proprietária da clínica Espaço Sete, há
abordagens diferentes para cada situação.
decorrente de uma lesão
mentos, por meio de atividades de treina-
movimentos e os perdeu
que seu corpo precisa
fazer e como se organizar
de forma sensorial e muscular, e o papel do fisioterapeuta é facilitar esse
reaprendizado mostrando novos caminhos”, diz a especialista.
TERAPIA INFANTIL
Uma criança com
desenvolvimento típico
explora o ambiente e se estimula sozinha, ela
engatinha, tentar escalar
o sofá, já a criança com
revista incluir
Nos casos de crianças que não adquiriram
desenvolvimento motor típico, a fisioterapia
ele já tem mapeado o
62
adaptações.
“No caso de um paciente que possuía
medular, por exemplo,
A paciente Ayla Vitoria da Silva na atividade de marcha
vai ajudá-la para que seu cérebro descubra
deficiência muitas vezes
trabalha para o aprendizado desses movi-
mento de marchas, exercícios com rolos, bolas e estimula o paciente para que ele
possa adaptar essas atividades em seu cotidiano. As crianças sem estímulo não criam
estratégias de aprendizado, então a fisiotera-
pia propõe desafios de maneira lúdica, pois a criança atenderá melhor os comandos do fisioterapeuta quando ela se divertir.
“Se a criança nunca teve um padrão de
movimento, precisamos dar a ela experiência motora. Se ela não chegou a andar, não posso dar um comando verbal para ela andar, preciso facilitar e proporcionar essa experiência a ela, fazendo treinamento de
marcha suspensa, por exemplo, onde tiro um pouquinho a ação da gravidade, e a criança fica suspensa por elásticos ou por corda fixa dependendo do objetivo da terapia”, diz.
Ainda segundo Rebeca, inicialmente o
terapeuta fará praticamente todo o exer-
cício para o paciente, mas trabalhando o estímulo visual e repetindo as atividades,
ele observará aos poucos a evolução da criança, até o momento que ela passa a agir com voluntariedade.
CONTRA O SEDENTARISMO
O corpo é feito para estar em movimen-
to, assim, evitar o sedentarismo é essencial
para não acarretar problemas circulatórios, cardiovasculares e cardiorrespiratórios, principalmente nas pessoas com deficiência. Os cadeirantes, por exemplo, permanecem
muito tempo sentados, e isso também pode trazer complicações físicas e musculares.
Nestes casos a fisioterapia aborda as li-
mitações físicas, evita o encurtamento mus-
cular, facilita seu fortalecimento e promove a adequação da postura, como também o
controle cardiorrespiratório para o desen-
volvimento de atividades do dia a dia. Há
algumas abordagens como a prevenção de deformidades, que é a prevenção para que
o corpo não se acomode a uma postura por muito tempo, e a orientação no uso
de adequadores posturais, de órteses e na aquisição de parapódios.
Rebeca afirma que o tratamento fisiote-
rapêutico deve se estender fora do ambiente
clínico, e isso demanda um envolvimento e dedicação diária de toda a família, dos acompanhantes e do fisioterapeuta, pois a frequência da fisioterapia é mandatória para os ganhos.
“Não adianta fazer uma hora de fisiote-
rapia contra as outras 23 horas do dia em
que o paciente é mal posicionado e mal estimulado, a orientação familiar é muito
importante no processo de reabilitação. Para ter um ganho motor, o mais importante é a continuidade e ser assíduo no
processo, é necessário manter um ritmo
terapêutico, o corpo precisa de rotina e acumular ganhos de repetição para garantir aprendizado”, finaliza.
Paulo Ferraresso faz atividade de marcha com a fisioterapeuta Rebeca Santos Rehder
revista incluir
63
Tecnologia
Tecnologia na sala de aula Projeto Enabling the Future leva impressoras 3D às escolas e garoto de nove anos cria prótese para seu professor Por: Letícia Leite / Fotos: Divulgação
A Enabling the Future é uma orga-
ções pelos mais variados motivos.
ras 3D, cria próteses para aqueles
as salas de aula para que os alunos apren-
de apoio para os membros supe-
escolas no mundo todo os estudantes de
nização que, por meio de impressoque precisam de um dispositivo
riores. A equipe é composta por professores, estudantes, engenheiros, cientistas, médicos, de-
signers, artistas, filantropos, programadores, pais, filhos, pessoas que querem fazer a
diferentes idades ficam animados ao redor da impressora 3D por descobrirem algo
novo para resolver um dos problemas do
mundo real, e assim, fazer a diferença na vida de alguém.
No ano passado, mesmo que com difi-
culdades, a comunidade e-NABLE cresceu
Essas pessoas colocam de lado
de escolas, muitas delas, inclusive, têm in-
suas diferenças políticas, religiosas,
culturais e pessoais e se unem para colaborar com o bem-estar do pró-
ximo, desde aos que nasceram sem
algum membro aos que sofreram amputa-
revista incluir
dam mais sobre a tecnologia. Em diversas
diferença e ajudar a ‘dar ao mundo uma mão amiga’.
64
O projeto leva os equipamentos para
e conseguiu levar o seu projeto à dezenas corporado este aprendizado em sua grade anual de cursos. A organização criou ainda o
programa Prosthetic Kids, que envolve mais de 100 alunos na produção, montagem e acabamento de mãos impressas em 3D.
Aluno nota 10 Calramon Mabalot tem nove anos e agora
é integrante da comunidade Enabling the
Future. O motivo? Ele criou um modelo de
antebraço com dedos articulados para um de seus professores.
O garoto, que vive em San Diego, na
O professor Nick com seu aluno Calramon Mabalot
Califórnia (EUA), conheceu o professor Nick
durante as aulas sobre criação de projetos em 3D.
O equipamento foi finalizado em apenas
quatro dias e foi utilizado um diagrama de
base para finalizar os ajustes necessários da
prótese personalizada. O modelo criado foi
inspirado no personagem do filme Operação Big Hero, que tem como um dos personagens um robô-enfermeiro gigante.
Saiba mais! A criação da pró-
tese passo a passo e outras atividades didá-
ticas realizadas por Calramon podem ser conferidas em seu perfil no Twitter: twitter.com/HabSkibbix/status/745090207041544193
outras historias No site da comu-
nidade são compartilhadas muitas histó-
rias, assim como a de
Calramon, para que todos possam se inspirar, lembrar que ainda há pessoas boas e sentir o amor que existe no mundo, acesse: enablingthefuture.org
revista incluir
65
Lazer
Bondinhos Aéreos de Aparecida Participantes do BioMob visitam a cidade e testam o bondinho Textos e fotos: José Eduardo
Turma da excursão para os Bondinhos Aéreos de Aparecida, em São Paulo
66
revista incluir
A
Bondinho é acessível para cadeirantes
preocupação com a acessibilida-
surpreendeu a todos. “Eu mesma não sabia
e funcionários capacitados para receber os
Aéreos de Aparecida (SP). Todos
malmente, que teria um bondinho adaptado
lidade é garantida. Pra gente é uma alegria
de é prioridade nos Bondinhos
podem aproveitar o passeio da melhor forma possível e se divertir com qualidade. Quem
que poderia chegar aqui e fazer o passeio norpara cadeirantes. Isso é muito legal”, avalia.
São quatro cabines adaptadas para receber
pôde comprovar isso foram os integrantes
cadeirantes. A gerente comercial dos Bondi-
rísticos e restaurantes, entre outros espaços,
preocupação com o bem-estar dos visitantes.
do BioMob, aplicativo que avalia pontos tu-
classificando a acessibilidade e disponibili-
zando os dados para todos os interessados. Um grupo de 15 pessoas, incluindo sete
cadeirantes participantes do projeto BioMob, visitaram a cidade de Aparecida e fizeram o passeio de bondinho. Segundo a consultora
Luciana Trindade, a experiência foi ótima e
visitantes com deficiência. “Aqui a acessibi-
enorme receber não só eles, mas todos que
quiserem fazer o passeio”, destaca Suelen. Para Ana Parente, que participou do
nhos de Aparecida, Suelen Alencar, destaca a
passeio, foi tudo muito tranquilo. “Minha
“Assim como em todo o complexo do Santuário
é muito legal, bem acessível. Vale a pena.”
Nacional, nós do bondinho procuramos garantir
vida é sempre uma aventura e esse passeio Sobre a acessibilidade da cidade, Lucia-
segurança e integridade física das pessoas com
na garante: “Aparecida tem pontos turís-
Nas duas estações, Santuário e Mor-
é um deles. Essa é uma informação que
deficiência física e mobilidade reduzida.”
ro do Cruzeiro, existem ainda rampas de acesso, elevadores, banheiros adaptados
ticos acessíveis. Sem dúvidas o bondinho
a partir de hoje já vai estar no BioMob”, conclui a consultora.
revista incluir
67
Incluir cultural
Instituto Teatro Novo Grupo tem como objetivo quebrar preconceitos e promover o talento de atores com deficiência Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação
O
Grupo Teatro Novo é formado
por atores com síndrome de Down e dirigido pelo psicólo-
go Rubens Emerick Gripp, que desenvolveu durante 14 anos um trabalho de teatro com adolescentes e adultos na APAE de
Niterói – que formavam o antigo Grupo Sol. Gripp notou que os pacientes da organização não tinham independência e resolveu desenvolver com eles estas capacidades.
“Ao invés de fazer um trabalho dentro
da unidade fui para a rua, saía com três
alunos de cada vez para aprenderem a andar de ônibus, ir ao banco, fazer compras,
enfim, trabalhos de competência social. Quando chegavam à instituição, transformavam o que tinha sido feito na rua em
teatro. Daí surgiu o Grupo Sol na APAE de Niterói, e isso mudou a vida dos meninos,
pois eles passaram a se apresentar em di-
versos lugares, passaram por 15 capitais do Brasil e até mesmo pela Colômbia e Estados Unidos”, diz. Alunos do Instituto Teatro Novo
68
revista incluir
Já em dezembro de 1999, foi criado
rística marcante deste
PATS: inserções em estações de trabalho
apresentação é diferen-
radores.
trabalho, assim, cada te da outra. Após cada
e interação com funcionários e colabo-
“Queremos sensibilizar as empresas
espetáculo é realizado
e seus funcionários para a inclusão das
teia, quando é apresen-
trabalho, desmistificar o estereótipo de
um debate com a platado o trabalho desde
a criação do enredo da peça, dos personagens,
cenário, figurinos, e há uma conversa informal
sobre a experiência de vida dos atores.
Dentre os temas dis-
cutidos estão a inclusão, responsabilidade social, educação no trânsito,
pessoas com deficiência no mercado de uma arte sem estética e sem qualidade, que considera a pessoa com deficiência mais dependente, menos criativa, menos
inteligente e incapaz para a arte, não po-
dendo desempenhar um papel como ator. Inclusão significa promover o respeito ao
próximo. As pessoas saem das peças sem o sentimento de pena, elas provocam uma
mudança de olhar no público”, finaliza Rubens.
empreendedorismo, sustentabilidade, acessi-
bilidade, empregabilidade, reciclagem, ecologia,
economia empresarial,
relações familiares e pro-
Atores antes de entrar em cena
o Grupo Teatro Novo, uma companhia
independente de teatro cujas atuações transmitem o valor da arte como
fissionais, segurança no
trabalho, saúde, meio ambiente, inovação e enfermagem.
Estas apresentações, de forma criati-
instrumento do desenvolvimento do ser
va, utilizam a arte como ferramenta de
Teatro Cacilda Becker, e atualmente são
sobre a importância dos temas para o
humano. Desde 2000, eles ensaiam no quase 70 alunos adolescentes e adultos com deficiência intelectual. O grupo já foi
premiado diversas vezes, em 2012 recebeu
o Prêmio Rio Sociocultural, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com Rubens, o principal ob-
conscientização e propiciam reflexões
efetivo exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida. O contato com os
atores com deficiência intelectual marca
definitivamente a vida das pessoas que assistem ao Grupo.
Nos últimos três anos, o ‘Teatro Novo’
jetivo do ‘Teatro Novo’ é “retirar as pessoas
se apresentou em vários festivais, mos-
pectadores, para que na posição de atores,
Brasil. Dentre suas atividades estão apre-
com deficiência da situação de simples esconscientizem a sociedade sobre a impor-
tância da inclusão social e do respeito às diferenças para um mundo melhor”.
Nas peças é utilizada uma linguagem
espontânea e improvisada, uma caracte-
tras, teatros, universidades e escolas do
sentações de esquetes para eventos ou empresas, projetos especiais como peças personalizadas para determinados grupos,
cursos de capacitação de professores e
profissionais da área e projetos para SI-
Fernanda Honorato caracterizada para a apresentação
revista incluir
69
Coluna
O CICLO DA INVISIBILIDADE A história da Pessoa com Deficiência é notoriamente marcada por preconceitos e discriminações geradas pela falta de conhecimento e dificuldade do ser humano em lidar com a diferença Por: Luciano Amato
N
a Antiguidade, as
dutos da união entre a mulher e o
ência eram mortas ou
da mãe e da criança.
crianças com defici-
abandonadas ao relento, atitude
demônio, o que justificava a queima
ção das pessoas com deficiência era
Com a organização da so-
este fato, é só perguntar a alguém
que era congruente com os ideais
ciedade e a revolução industrial
que a perfeição do indivíduo era
e a produtividade, a deficiência
morais da sociedade da época, em extremamente valorizada.
Na Idade Média, a deficiência
era atribuída a um caráter ‘divino’
ou ‘demoníaco’. Com a influência
priorizando o modelo econômico
começou a ser considerada como
que eram consideradas como pro-
estudou.
Neste período, as pessoas com
pela própria família, gerando um
prevalecem. Um fato curioso
pessoas com deficiência intelectual
quantas pessoas com deficiência
No período contemporâneo,
produtivos economicamente.
portanto, eram filhos de Deus ‘meções de caridade, com exceção de
com 20 anos, ou pouco mais, com
deficiência ficavam ‘escondidas’ ou
as discrepâncias entre as pessoas
recendo’ acolhimento nas institui-
quase inexistente. Para comprovar
um atributo dos indivíduos não
da doutrina cristã, começaram a ser
vistas como possuindo uma alma e,
Há pouco tempo, a participa-
com e sem deficiência ainda é o Ciclo da Invisibilidade que
ilustra muito bem como ainda
hoje a pessoa com deficiência está à margem:
Ficavam escondidos e
eram estigmatizadas muitas vezes
isolamento. Como não interagiam no dia a dia, nas escolas e no mercado de trabalho, não eram reco-
nhecidas como membros desta so-
ciedade, justificando a inexistência
de políticas públicas, instituições, edificações e cidades acessíveis, ampliando ainda mais o problema da
formação e da inclusão no mercado
eram estigmatizados
de trabalho com a exclusão desta parcela da população. Consequen-
Sem inclusão, continuam na invisibilidade e sofrendo discriminação
Não eram reconhecidos como membros da sociedade
temente, retornamos ao primeiro
ponto do ciclo que é a invisibilidade.
Para que a inclusão seja feita
verdadeiramente, é preciso quebrar este ciclo, incentivando e propician-
do cada vez mais políticas públicas e a participação das pessoas com Sem acesso, não con-
seguem ser incluídos
Se não eram membros, o
acesso não era necessário
deficiência na sociedade de forma
natural, por meio da equiparação
de oportunidades acadêmicas e no mercado de trabalho.
70
revista incluir
*Luciano Amato, vice-presidente de Eventos e Relações com a Comunidade da AAPSA – Associação Paulista de Recursos Humanos e de Gestores de Pessoa
N O S S O S MAIS DE:
1000 associados
eventos externos
reuniões técnicas
15
participação de mais de
1500 executivos decisores
100 90
N Ú M E R O S
grupos de debates e networking participação de mais de
mais de
2500
de pessoas cadastradas nos maillings
2milhões
1milhão
profissionais mais de
de postos de trabalho
Atenta ao cenário global desde a sua constituição, a Associação Paulista de RH e Gestores de Pessoas se tornou referência no debate de atualidades, tendências e inovações relacionadas à gestão corporativa e de pessoas. Anualmente, uma equipe de 80 experientes profissionais coordenam 15 Grupos de Debates e Networking, promovendo mais de 90 reuniões técnicas, que contam com a participação direta de mais de dois mil e quinhentos profissionais, criando um ambiente fértil para a troca de informações, boas práticas, conhecimentos, networkings e geração de negócios. Ao todo, a Associação contabiliza acima de mil associados, que empregam mais de dois milhões de pessoas e, no ano passado, promoveu mais de 100 eventos externos que atraíram a participação de mais de mil e quinhentos executivos decisores, gerando uma visualização de mais um milhão de pessoas cadastradas nos mailings da Associação.
Acesse saiba mais: www.aapsa.com.br
revista incluir
71
Projetos
Robo auxilia no aprendizado de crianças Protótipo reproduz movimentos humanos e oferece jogos educativos para ajudar crianças com autismo Da redação | Fotos: Divulgação
U
m robô que anda, fala e pro-
põe desafios para estimular a comunicação e a concentração
de crianças com autismo... Esse é Aria (sigla para Assistente Robótico de Inclusão
ao Autista), projeto desenvolvido por dois
alunos da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Carapicuíba, com o objetivo
de ser um novo aliado no tratamento de crianças com deficiência.
A proposta dos estudantes Lucas Olím-
pio de Brito, 19 anos, e Wendell Pereira
Barreto da Silva, 22 anos, foi uma das principais atrações da 10ª edição da Feira Tec-
nológica do Centro Paula Souza (Feteps) e conquistou o primeiro lugar na categoria Saúde e Segurança do evento.
Com sua estrutura formada por peças
de filamentos de plástico, projetadas pelos Os alunos recebem o prêmio pela criação do robô
72
revista incluir
alunos e modeladas pela im-
Então, elaboramos um modelo
Robótica da Fatec, o robô se
um robô, mas com detalhes
pressora 3D do Laboratório de movimenta e oferece seis jogos digitais educativos, como
quebra-cabeças, disputa de
corrida com personagens, formação de palavras com sílabas
e identificação de animais pelos
sons. A criança pode interagir
com características claras de que remetem a uma relação mais humana, com olhos, pernas, movimentos e voz”, afirma.
Startup
O robô bípede será o
por meio de sensores e uma
primeiro projeto incubado no
Wendell explica que são
Inovação Tecnológica (NIT) do
tela de smartphone.
games especiais, com interfa-
ce gráfica simples e instruções dadas verbalmente para facili-
tar a compreensão da criança. “Nossa pesquisa constatou que
pessoas com autismo têm uma enorme atração por tecnologia.
Um Umprojeto projetoque que Um Umprojeto projetovidas! que que Um projeto que transforma transforma vidas! transforma transformavidas! vidas! transforma vidas! Fernando FernandoAranha Aranhacampeão campeãononoesporte esportee enanavida, vida, doa doacadeiras cadeiras decampeão decampeão rodas rodaspersonalizadas personalizadas para para Fernando Fernando Aranha Aranha no noesporte esporteee ena na vida, vida, Fernando Aranha campeão no esporte na vida, Fernando Aranha campeão no esporte e na vida, melhorar melhorar a a qualidade qualidade de de vida vida de de crianças. crianças. doa doacadeiras cadeirasde derodas rodaspersonalizadas personalizadaspara para doa cadeiras de rodas personalizadas para doa cadeiras de rodas personalizadas para Faça Faça parte, parte, ligue! ligue! melhorar melhorara aqualidade qualidadede devida vidade decrianças. crianças. melhorar de vida de crianças. melhorar aa qualidade qualidade de vida de crianças. Faça Façaparte, parte,ligue! ligue! Faça Faça parte, parte, ligue! ligue!
recém-inaugurado Núcleo de
Centro Paula Souza. O próximo
passo dos alunos será a
realização de testes em parceria com institutos que atendem crianças com autismo para
identificar ajustes e aprimorar as funções do robô.
Um projeto que transforma vidas! Fernando Aranha campeão no esporte e na vida, doa cadeiras de rodas personalizadas para melhorar a qualidade de vida de crianças. Faça parte, ligue!
Um projeto que transforma vidas!
Fernando Aranha campeão no esporte e na vida, doa cadeiras de rodas personalizadas para melhorar a qualidade de vida de crianças. Faça parte, ligue!
Apresentação do robô durante a Feteps
revista incluir
73
Coluna
Um anjo contempla seu destino? Por: Elaine Lemos* | Foto: Arquivo pessoal
E
ssa pode ser uma pergunta feita
Assim começamos 2017, transformando
pela Vitória (seis anos) que nunca
o destino das crianças do Projeto INCLUSIVE
chamar de sua. Ela estava na lista de espera
Os anjos liderados por Eduardo Florence,
atingirmos a meta, a dobraremos.
Que a sua meta, assim como a nossa,
VOCÊ.
ultrapasse o número de cadeiras e siga em
há quatro anos. A história da Thauany (sete
da MESTIÇA PROPAGANDA, deram início a
lher. Se podemos ser o nosso melhor, que
que emprestasse uma cadeira. Ela está há
piada no país, foi ressignificada e inspirou
teve uma cadeira de rodas para
anos) é diferente porque encontrou alguém seis anos na lista de espera por uma cadeira
própria. Ou então, uma pergunta feita pelo João Vitor, que tem dez anos, e foi abando-
uma campanha incrível. A frase, que virou muitas pessoas: “E quando atingirmos a meta,
melhor e em seu orçamento não cabe a troca
ANEL DA ATITUDE, afinal, são os responsáveis
Um anjo contempla meu destino? Não
apenas um, mas vários!
Muito obrigada a todos os anjos!
Os anjos mestiços, ao contemplarem des-
tinos, desenharam uma campanha no final
da cadeira que está pequena demais.
sejamos então!
dobraremos a meta!”
nado pela mãe quando ainda era um bebê.
A avó se dedica integralmente para lhe dar o
direção à nossa capacidade de amar e aco-
de 2016 para seus clientes e entregaram o
pelas TRÊS primeiras cadeiras entregues em
evento realizado no Centro de Voluntariado de São Paulo.
Para fabricar as cadeiras sob medida, a
empresa ALPHAMIX se torna um dos patrocinadores do projeto.
Além de tantos anjos que vemos por meio
das atitudes, acredito que muitos outros, in-
visíveis aos nossos olhos, contemplavam a
aura de amor e gratidão que tomou conta do ambiente.
Nesse exato momento, a certeza de que,
para lidarmos com a desigualdade, passamos
obrigatoriamente pelas pessoas que nos inspiram a ser mais do nosso melhor. Fica aqui
a minha profunda gratidão a todos os anjos envolvidos nessa jornada e que acreditam
que podemos fazer muito mais, afinal, quando
74
revista incluir
*Eliane Lemos Ozores é psicóloga com especialização no atendimento da pessoa com deficiência pela Universidade São Paulo. Atua como consultora e palestrante em educação inclusiva. eliane@entrerodas.org www.entrerodas.org www.facebook.com/entrerodasebatom @PsicoEliane
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75
06/07/16 11:02
Histórias que inspiram
Sete alunos com síndrome de Down ou déficit intelectual foram certificados mergulhadores
Aventura embaixo d’água Atendidos da APAE Barueri são as primeiras pessoas com síndrome de Down e déficit intelectual do mundo certificados em mergulho Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal
P
or ser um país repleto de pontos
com deficiência também pode praticá-la.
quisadora Chrystianne Simões Del Cistia,
modo recreativo com equipamento,
tíficas sobre o mergulho adaptado para
grama em Distúrbios de Desenvolvimento
larizou no Brasil, e a boa notícia é que pessoas
um projeto inédito comandado pela pes-
ideais para mergulho, a atividade de
mais conhecido como scuba diving, se popu-
76
revista incluir
Ainda não existem publicações cien-
pessoas com deficiência intelectual, mas
Educadora Física e Doutoranda do Prona Universidade Mackenzie, provou que todos podem se divertir embaixo d’água
com segurança e que a prática pode trazer
benefícios para as pessoas com deficiência. A pesquisa intitulada ‘Mergulho para
pessoas com síndrome de Down ou Déficit Intelectual: estudo exploratório sobre riscos,
benefícios e função cardiorrespiratória’, em
parceria com a APAE Barueri e a escola de mergulho Scafo Mergulho|ABC, capacitou
20 pessoas com síndrome de Down ou dé-
ficit intelectual a partir de 12 anos. Os participantes passaram por aulas teóricas para
compreenderem os equipamentos e seu manuseio e por aulas práticas em piscina.
Foram aplicados testes de manuva-
cuometria, espirometria e oximetria para
verificar se os exercícios respiratórios e as
técnicas da atividade trazem benefícios para a parte diafragmática, pulmonar e de oxigenação sanguínea do mergulhador.
“O projeto tem o objetivo de investigar
os efeitos do mergulho na função respirató-
ria de pessoas com síndrome de Down ou déficit intelectual e quais são os cuidados
básicos para indicação e contraindicação desta atividade para estes grupos. O méto-
do baseia-se em uma proposta longitudinal que inclui avaliação periódica quantitativa,
por meio de testes específicos de avaliação
cardiorrespiratória e vivência do mergulho”, diz Chrystianne.
A pesquisa é marcada por um feito iné-
dito, pela primeira vez no mundo pessoas com síndrome de Down ou déficit intelectual foram certificadas mergulhadores pela PADI - Professional Association of Diving
Instructors. O mergulho oficial aconteceu
nos dias 24 e 25 de janeiro em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e o ‘batismo’ certificou sete mergulhadores em scuba diving.
“Os meninos foram espetaculares, fi-
zeram todos os procedimentos corretos,
descemos com eles em uma profundidade de cinco metros. Foi uma experiência única,
surpreendente e muito emocionante, até chorei embaixo d’água”, finaliza.
revista incluir
77
Trabalho
COMO SE PREPARAR PARA O MERCADO DE TRABALHO? Instituições em São Paulo oferecem orientação aos jovens com deficiência que buscam oportunidades e auxiliam empresas que querem contratar Por: Leticia Leite | Foto: Juan Esteves
I
niciar os estudos e ingressar no
APAE SÃO PAULO
de Pessoas com Deficiência Intelectual.
é um desafio. Muitas pessoas não
APAE de São Paulo é uma entidade
Apoiado, largamente utilizada em países
o currículo? O que estudar? Quais empresas
sional regulamentada no Ministério do
mercado de trabalho muitas vezes
sabem por onde começar: como preparar procurar?. Atualmente, na cidade de São
Paulo (SP), algumas instituições já ofere-
cem serviço de orientação profissional para pessoas com deficiência e prestam serviços de assessoria para que as empresas que
buscam estes profissionais saibam como recrutá-los e incluí-los em suas corporações.
Com programas customizados, a
formadora para a aprendizagem profisTrabalho. Seu processo inclui: análise de postos de trabalho, palestras de sensi-
bilização, diagnóstico clínico, indicação de pessoas, qualificação profissional e acompanhamento pós-inclusão.
A instituição possui um programa
de Qualificação e Inclusão Profissional
Com base na Metodologia do Emprego
da Europa, Estados Unidos, entre outros, pessoas com deficiência intelectual são
incluídas e recebem apoio técnico no próprio local de trabalho, por pelo menos
12 meses. Com isto, pessoas que historicamente encontravam dificuldades para
ingressar no mercado de trabalho, rece-
bem o suporte necessário para sua efetiva inclusão e permanência no emprego.
QUALIFICAÇÃO E INCLUSÃO PROFISSIONAL
2015
2014
2013
2012
Pessoas com deficiência intelectual qualificadas
531
450
250
311
Pessoas com deficiência intelectual incluídas no mercado de trabalho
405
300
281
94
Pessoas com deficiência intelectual que permanecem no mercado de trabalho
98%
96%
94%
85%
Dados: APAE de São Paulo
78
revista incluir
Há duas etapas neste tra-
balho: o processo de qualificação, que tem como objetivo
desenvolver nessa pessoa
com deficiência habilidades para o trabalho, e quando
inserida na empresa há outro processo, onde é feito o
mapeamento dos postos de trabalho e pessoas com perfis
específicos são indicadas para as vagas. Também são ministradas nas empresas palestras de sensibilização com o grupo
que receberá a pessoa com deficiência.
“Percebemos uma evolu-
ção nessas pessoas, muitas delas chegam sem orientação e uma oportunidade de
trabalho muda suas vidas,
Turma de Qualificação e Inclusão Profissional da APAE São Paulo
muitos acabam contribuindo com a fa-
parceria com a AACD, oferecem cursos
seu currículo em sites de emprego, sabe
autoestima e dá a ela uma perspectiva
rante seis meses aprendem competên-
damos algumas dicas e fazemos uma
mília, e isso faz toda a diferença para sua de futuro. Entendemos que o trabalho é
tão importante quanto a escola, quanto atividades de lazer, então entendemos
que é uma oportunidade de a pessoa se
desenvolver como qualquer outra e estar na sociedade”, diz a gerente Valquiria Bar-
bosa, do departamento Socioassistencial da APAE São Paulo.
de capacitação nos quais os alunos du-
cias comportamentais para mercado de trabalho, como Pacote Office, raciocínio lógico e redação corporativa, entre outros, e normalmente quando eles fazem
este curso já são contratados ao término
“Esse é um desafio porque ainda
em mim’, e sabemos que a população
verdade em suas empresas.
“Percebemos que de 2015 pra cá
já instrumentaliza a empresa para que
Empresas que possuem vagas des-
a diversidade.
uma assessoria para fazer a inclusão de
escolarização, além de avaliar seu potencial
tinadas ao público com deficiência, em
também precisam passar por um trabalho
há preconceitos, muitas pessoas com
aconteceram muitos encontros de RH,
psicoprofissional.
Entretanto, Lydiane ressalta que as
taneamente para orientá-las em relação
um trabalho de orientação vocacional para
saber se a pessoa tem que investir na sua
sua formação”, diz.
de orientação para saber como lidar com
e foi criado em uma época em que as
ao cumprimento da Lei de Cotas e como
a descobrir novas potencialidades. É feito
pessoa com deficiência a ir em busca da
Streapco, o programa existe desde 2006
Paulo, é oferecido o Serviço de Orienta-
objetivo ajudar a pessoa com deficiência
com cada caso, sempre incentivando a
pessoas que estão dentro das empresas
De acordo com a psicóloga Lydiane
empresas buscavam a instituição espon-
ção e Empregabilidade, que tem como
orientação bem customizada de acordo
das aulas.
AACD
Já na AACD, também na cidade de São
como procurar as oportunidades. Nós
fóruns de inclusão e diversidade que ela faça o seu próprio processo seleti-
vo, porque uma pessoa com deficiência bem orientada sabe como preencher o
deficiência dizem ‘meu chefe não confiava com deficiência tem condições de ter uma
alta performance profissional, mas em alguns casos ela precisa de preparação, de uma ponte que faça sua ligação com
a empresa e que trabalhe para que seu gestor seja mais apoiador. E a AACD vem atuando como uma consultoria nesse processo de inclusão”, finaliza.
revista incluir
79
Turismo
Canela: acessibilidade na Serra Gaúcha Cidade conta com diversas atividades com acessibilidade para os turistas Por: Leticia Leite / Foto: Dani Villar e Divulgação
A
cidade de Canela, localizada na
Bondinhos Aéreos Parques da Serra
damente 40 mil habitantes e faz
Bondinhos Aéreos proporcionam uma vista
cisco de Paula, Caxias do Sul e Três Coroas. De
contemplar a Cascata do Caracol e a natureza
Serra Gaúcha, abriga aproxima-
divisa com as cidades de Gramado, São Fran-
característica turística, conta com uma vasta rede hoteleira e várias atrações de lazer para todos os públicos. A revista Incluir separou algumas atividades imperdíveis na cidade que
possuem acessibilidade para que pessoas com deficiência possam se divertir com conforto e segurança, confira!
O passeio é dividido em três estações, co-
Para quem gosta de belas paisagens, os
meçando pela Estação Central. O local possui
inesquecível. O parque possibilita aos visitantes
te que permite uma vista completa do vale
da mata nativa da Serra Gaúcha por um ângulo privilegiado. Os primeiros bondinhos do
Rio Grande do Sul passaram a funcionar em dezembro de 2013, no total são 12 bondinhos,
que comportam confortavelmente oito pessoas cada um, e a distância do percurso de ida e volta é de 840 metros.
uma área de alimentação, lojas e um mirana 60 metros de altura. A próxima parada é a
Estação Animal. Com um desnível de 130 metros, o espaço conta com mirante e trilhas por onde é possível acompanhar a identificação das árvores e se conectar com a natureza.
O Espaço das Esculturas que Falam é outra
atração do local, com cerca de 85 peças talhadas em madeira pelo artista plástico Masaharu Hata. A Estação Cascata completa o trajeto. Nela é possível contemplar a beleza do vale
e a Cascata do Caracol, uma queda d’água de 131 metros, oferecendo uma vista inesquecí-
vel ao visitante. A atração é indicada para todas as idades e possui acessibilidade em todas as estações.
“Temos total estrutura para atender pesso-
as com deficiência. Defendemos que devemos
atender todos os visitantes de maneira igualitária, por isso sempre buscamos melhorias, para que as pessoas possam realizar o passeio
e conhecer nossas atrações da melhor forma possível, e que saiam daqui satisfeitos com
vontade de retornar em outra oportunidade”, diz o diretor dos Bondinhos Aéreos Parques da Local oferece acessibilidade para cadeirantes
80
revista incluir
Serra, Fabricio Bogo.
A montanha-russa Alpen Blizzard é a maior em aço do Rio Grande do Sul
Alpen Park
Inaugurado em 2003, o parque é um dos
maiores complexos de diversão e de entre-
tenimento da Serra Gaúcha. Em um cenário que une natureza e alta tecnologia, o parque oferece atrações para todos os públicos. Para
os amantes de aventura, o empreendimento apresenta opções como rapel, escalada, bungee trampolin, arvorismo e tirolesas.
Há outras opções de lazer como a pista de
trenó, a primeira deste tipo no país, e a maior
montanha-russa de aço do Rio Grande do Sul. O parque conta com adaptações para facilitar
a circulação e uso dos brinquedos por parte das pessoas com deficiência. “Todas as atra-
ções são indicadas para qualquer pessoa com
deficiência, respeitando as normas de segurança específicas. Faz parte da nossa missão proporcionar entretenimento de qualidade
para todos que nos visitam, e nos orgulha muito atender as pessoas com deficiência dentro de suas expectativas”, explica o diretor do Alpen Park, Renato Fernstenseifer.
Parque possui a primeira pista de trenó do Brasil
revista incluir
81
Mundo a Vapor Inaugurado
em
1991,
o parque chama atenção
pela riqueza de detalhes e
o funcionamento das mesmas. O tour inclui ainda um passeio de trenzinho.
Atualmente o parque conta com rampas
fidelidade de réplicas em
de acesso nas áreas externas e internas e com
máquinas, fábricas e usinas.
além de materiais impressos com as informa-
escala reduzida de diversas O espaço reúne mais de 20
atrações, todas em pleno funcionamento, e os visitantes são acompanhados por
A fachada icônica do parque 'Mundo a Vapor'
uma equipe de monitores que explicam todo
banheiros preparados para os cadeirantes, ções repassadas pelos monitores. “O Mundo a
Vapor se preocupa em receber bem todos os
visitantes, e trabalhamos para facilitar a visita de todos”, garante a diretora Caren Urbani.
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Ônibus possuem acessibilidade para cadeirantes e deficientes visuais
Bustour
Uma rede de ônibus panorâmicos que
percorre as principais atrações de Gramado e Canela, o passeio no Bustour passa por mais
de 30 pontos turísticos da região. Com o
equipados com o que há de mais moderno no
ria. “Para pessoas com deficiência, o Bustour
inglês e espanhol, apresentando as principais
da ao veículo, e para pessoas com deficiência
mercado, contando com áudio em português, informações histórico-culturais da região.
Com funcionamento diário, o Bustour
sistema de embarque e desembarque livre, o
possui tickets para um, dois ou três dias. Ou-
com seus interesses. Os veículos de dois andares
um desconto especial na compra dos bilhetes
passageiro pode montar o roteiro de acordo são abertos na parte de cima e totalmente
82
revista incluir
tra facilidade é o pacote família, que oferece para um casal e um filho de qualquer faixa etá-
possui rampa de acesso que auxilia na entravisual temos o sistema de áudio que acaba
facilitando muito o turista em seu trajeto. Para nós, acessibilidade significa eliminar as bar-
reiras de locomoção, promovendo a inclusão social”, diz a gerente de Marketing da Bustour, Adriana Rambo.
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revista incluir
83
Alternativa
Almoço sensorial:
gastronomia rica em sensações Além do paladar e da visão, todos os sentidos foram trabalhados nos pratos servidos no evento, promovendo uma experiência única para os participantes Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação
te que pode ser apreciada com o tato, e
essa forma de sentir a comida traz novas
sensações para pessoas com deficiência visual, que passam a aproveitar ainda mais as refeições.
Com o intuito de promover um ban-
quete rico em sensações para pessoas com
e sem deficiência, o Senac Osasco ofere-
ceu um almoço sensorial em sua sede, em evento realizado em parceria com o Casu-
lo Cultural. O cardápio foi desenvolvido e preparado pelos alunos de gastronomia
da instituição, com coordenação do chef Lucio Roberto, um dos organizadores
A
Participantes sem deficiência visual passam pela experiência de almoçar vendados
gastronomia está em constan-
te transformação, atualmente,
ser apenas saborosa já não é
seja, que despertem a vontade de ‘comer com os olhos’.
Além do paladar, os alimentos possuem
o suficiente para agradar os clientes, que
uma série de características que podem
é que os pratos sejam apresentados cada
de uma carne que é agradável ao nosso
estão cada vez mais exigentes. A tendência vez mais bonitos, de forma elaborada, ou
84
revista incluir
aguçar os demais sentidos, como o cheiro
olfato, a textura de uma massa crocan-
do evento.
“Para a construção dos
pratos pensamos que teríamos a questão visual envolvida, então a intenção era que todos os pratos
brócolis). Já a sobremesa foi uma panacota com calda de frutas amarelas, seguida por um
café tradicional com biscoito de castanha-do-pará. As bebidas servidas durante o banquete eram água aromatizada e suco de laranja.
As pessoas com deficiência visual que
participaram do almoço tiveram a oportude sensações, e as pessoas sem deficiên-
privadas – que visem o desenvolvimento
cia passaram pela experiência de aguçar os demais sentidos, já que não poderiam pudessem mesclar os outros sentidos, como o tato com as diferentes texturas, a audição na crocância das amêndoas, o olfato pelos
aromas que eram propostos, trazer esses outros elementos agregando valor e outras per-
cepções aos alimentos, já que a visão é bem importante quando falamos da montagem de um prato. Gostamos muito do resultado, os alunos estão de parabéns, defenderam e
enxergar o que estavam comendo. Para a
cantora Márcia Torres, que almoçou com
os olhos vendados, a experiência foi única. “Foi difícil acertar o corte da carne,
quase impossível, bati vários garfos sem
dutores culturais e iniciativas – públicas ou cultural da região oeste do estado de São
Paulo. Nascido em maio de 2016, o Casulo Cultural reúne a experiência e a vivência de
quatro jovens empreendedores da cidade de Osasco: Eva Coutinho, Gabriel Oliveira, Karem Schumacher e Thiago Gallindo.
Atualmente o Casulo é um projeto
nada na boca achando que tinha algum
itinerante e vem ocupando espaços de
de quem passa por isso e o quão impor-
atividades. Em poucos meses de atividade,
alimento e entendi, de fato, a dificuldade
tante é aguçar os outros sentidos para que a refeição seja completa”, afirma.
entenderam a proposta e o resultado ficou
empresas parceiras para desenvolver suas
o Casulo já mostrou que tem garra para colocar todo o projeto em prática. O obje-
tivo dos ‘casulianos’ é montar um espaço que ofereça atividades diárias a todas as
bem interessante”, garante o chef.
pessoas criativas da região oeste. Neste
O cardápio, rico em aromas e texturas,
espaço poderão ser desenvolvidos cursos
teve como entrada um tartelete de salmão
de aprimoramento profissional, além de
defumado com involtini de uva. Em seguida
palestras e workshops. Atividades de ex-
foram servidos dois pratos principais, o pri-
pressão artística das mais diversas, como
meiro, um risoto de limão-siciliano com pernil
exposições, intervenções, shows, mostras e
desfiado e amêndoas laminadas, e o segun-
o que mais a mente humana permitir, serão
do, um medalhão de mignon com trilogia de
apresentadas no espaço que pretende ser
purês (cenoura, be-
terraba e
O Casulo Cultural é um projeto que
nasceu para ser o elo entre artistas, pro-
nidade de desfrutar de uma refeição repleta
Entrada servida durante o evento
O Casulo Cultural
Medalhão de mignon com purês
um mix de Centro Cultural, coworking de criatividade e escola.
revista incluir
85
Minha história
Por: Rafaela Trindade do Vale| Fotos: Arquivo pessoal
deira, pois ele não havia se acostumado com
o seio, e no mesmo instante que ele sugou o leite o mesmo começou a escorrer por todos os orifícios da face, olhos, nariz, boca... Foi uma
cena muito chocante, pois até então o Natã
estava bem e poderia mesmo estar em casa.
Foi então que meus pais olharam dentro da boca do meu irmão para ver se tinha algo de errado e eles observaram um orifício no céu da sua boca.
Imediatamente ele foi levado ao pediatra
que alegou não ter visto essa abertura no céu
da boca enquanto o bebê estava na UTI. Junto a isso, foi constatado que havia restos de parto
nos ouvidos do Natã, mas que por um milagre não gerou nenhuma infecção. Meu irmão foi
encaminhado ao Centro de Atendimento ao Fissurado Lábio Palatal (CAIF) onde, além do cuidado com a fenda palatal, foi realizado o
exame de audição que constatou que o Natã
M
era surdo profundo bilateral.
e chamo Rafaela Trindade
saúde. Essa perspectiva durou apenas algumas
nossa família, pois, além de não termos sido
quando tinha apenas cinco
à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com
noção de como nos comunicar com ele. Algum
do Vale, tenho 20 anos, e
disse aos meus pais que meu sonho era ter um irmãozinho. Esse sonho foi realizado
horas quando meu irmão teve que ser levado taquipneia transitória, sendo então entubado.
Passados sete dias foi constatado que o
no dia 19/11/2002, quando o Natã nasceu,
Natã tinha capacidade de respirar sozinho e
sem nenhuma deficiência ou problema de
mãe, Janete, foi amamentá-lo com a mama-
prematuro, mas aparentemente um bebê
86
O diagnóstico foi um choque para
revista incluir
poderia ir para casa. Já em nosso lar, minha
informados da melhor maneira, não tínhamos
tempo depois o Natã passou a utilizar próteses auditivas, as quais ele não se adaptou, fez uma
cirurgia plástica no céu da boca, colocou tubo de ventilação nos ouvidos para evitar infecção e, aos três anos e meio de idade, operou o
o Natã foi diagnosticado com síndrome de
sua qualidade de vida. Meu irmão não fala
que afeta 1 em cada 500 mil pessoas. Desde
são e isso dificulta nossa comunicação, mas
Wolfram, uma doença extremamente rara
então meu irmão recebe atendimento de várias especialidades médicas (neurologista, endocrinologista, cardiologista, nefrologista,
oftalmologista), visto que essa síndrome afeta
Hoje o Natã tem 14 anos e, apesar de todas
ir ao estádio de futebol e acompanha todas
blema na tireoide, faz acompanhamento renal por conta do diabetes e da própria síndrome
e também acompanhamento com psiquiatra. Desde que meu irmão nasceu ele precisa
trabalhou sua estimulação auditiva.
algumas coisas.
tus tipo 1, atrofia do nervo óptico, que pode
profunda bilateral, atraso no crescimento, pro-
e também uma escola para alunos surdos, onde
e também consegue expressar oralmente
essas adversidades, é um adolescente muito
progredir para a perda total da visão, surdez
coclear. Natã sempre frequentou escola regular
ele usa a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
diversos sistemas do corpo.
Atualmente o Natã apresenta diabetes melli-
ouvido esquerdo colocando o implante
como nós, ele não tem a mesma compreen-
de cuidados especiais e uma maior atenção.
Até os dias de hoje meus pais e eu vamos em busca de novos médicos, novos tratamentos, e tudo que for possível para melhorar
feliz, risonho, atencioso, estudioso, gosta de as partidas de todos os times pela TV, gosta de estar com os amigos da igreja e da escola,
presta atenção em cada detalhe, cuida da nossa família e se importa com cada pessoa
próxima. Ele é um verdadeiro milagre e a cada dia mostra que é mais forte que todas as injeções que leva diariamente e que qualquer outro obstáculo que venha a existir em seu
caminho. Esperamos que sua história sirva de inspiração para muitas pessoas.
Até os oito anos de idade nós acháva-
mos que a única deficiência do Natã era a auditiva, até que em uma consulta de rotina oftalmológica o médico disse que ele possuía
uma progressiva atrofia no nervo óptico e, além disso, percebeu que ele tinha um há-
lito cetônico muito forte e já o encaminhou
para um endocrinologista. Na consulta com o endócrino, após exames de sangue, o Natã
foi internado imediatamente com hiperglicemia, permanecendo ali por cinco dias. Ele foi diagnosticado com diabetes mellitus tipo
1, passando a usar insulina de quatro a oito vezes por dia, e fazendo o monitoramento glicêmico nessa mesma proporção.
Após apresentados vários sintomas, os
médicos desconfiaram que meu irmão pos-
suía uma doença genética e então o encaminharam ao Hospital de Clínicas em Curitiba
para fazer o acompanhamento endocrino-
lógico, e a um geneticista, para que fosse feito um exame genético e confirmasse ou
descartasse a hipótese de uma doença genética. Assim, em 2010, após o teste genético,
revista incluir
87
Artigo
Inclusão escolar: reconhecer as diferenças é acordar para o conhecimento Por: Zilanda Souza* | Foto: Vitor Beltrame
E
stamos na era da neurociência. Nunca se descobriu tanto sobre o desenvolvimento humano, seu
é experimentar luz, clareza, conhecimento. Levar a ciência para dentro da sala de aula.
Se os desenvolvimentos diferentes
funcionamento típico e atípico. As redes so-
existem, a neurociência também nos
sobre dislexia, TDAH, autismo, deficiência
PLASTICIDADE NEURAL, que constitui na
ciais trazem todos os dias chuvas de ideias
intelectual, superdotação, altas habilidades. Inclusão não é mais uma palavra desconhecida. Embora nossa construção deva sempre ser filtrada pelas evidências científicas.
São notáveis as iniciativas para se promo-
ver a inclusão. São todas eficazes? Não sei. Temos uma legislação. E um começo que
deve ser considerado e celebrado. Por quê? Porque a ciência vem trazendo
consideráveis evidências sobre as possíveis disfunções, transtornos e dificuldades que
podem acometer o desenvolvimento humano
por diversos motivos: ambientais, hereditários,
neurobiológicos e circunstanciais. Sendo assim, não temos como garantir a uniformidade do
trouxe a boa notícia sobre o conceito da
capacidade do cérebro em responder
à experiência. Onde estão as mais ricas experiências que os humanos
podem vivenciar? Em quais ambientes somos privilegiados por constantes
plasticidades que culminam em estímulos
e desenvolvimento de novas habilidades? Certamente em ambientes onde pode-se ter contato com habilidades diversas, diferentes
níveis de conhecimento e muita liberdade.
Imaginem um trabalho de intervenção em atenção onde todos os membros do
grupo são desatentos? Onde buscaremos a referência da atenção?
A diversidade de habilidades e neces-
desenvolvimento. A sociedade não deve
sidades potencializa o processo de plasti-
e os educadores também não.
desafio para o processo de inclusão escolar é
esperar por um padrão de indivíduos. A escola A tentativa da padronização, de reunir
iguais, é um fracasso. Reconhecer as diferenças é acordar para a realidade. Somente acor-
dados, podemos promover inclusão. Acordar
88
revista incluir
cidade de todo o grupo, porém um grande a profissionalização do professor com ênfase
em grupos diversos. A inclusão escolar, se bem compreendida, beneficia a todos: professor, aluno, escola e a sociedade.
*Zilanda Souza é mãe, professora, especialista em psicopedagogia e neuropsicopedagogia. Autora do livro ‘Brincando de Palavrear’, escritora da coluna ‘Desenvolvimento e Aprendizagem’, coordenadora da pós-graduação em neurociência aplicada a avaliação e intervenção psicopedagógica. Diretora da Espaço Vida em Minas Gerais e no Distrito Federal. Atua em pesquisa voltada para a intervenção em funções executivas em crianças do ensino fundamental. Instagram: @espacovidagvbsb Facebook: facebook.com/espacovidagv Youtube: Canal Espaço Vida
Há 11 anos, o INSTITUTO CHEFS ESPECIAIS faz inclusão pela Gastronomia para jovens com Síndrome de Down. Para que esse trabalho continue e cresça, precisamos do seu apoio! Traga sua Empresa para ser nossa parceira ou faça sua doação mensal ou única.
Itaú - 341 Ag. 6961 - CC 16161-0 CNPJ: 15.224.993/0001-52 Informações para parcerias: chefsespeciais@hotmail.com.br ou (11) 2638-7478 Cardápio especial para sua Empresa: Vivências, Coffee Break, Confraternizações
89 www.chefsespeciais.com.br revista incluir
Notas Notas
BEBÊ ALBINO FAZ SUCESSO EM ENSAIO
FOTOGRÁFICO
O pequeno Rhyan, que tem albinismo, encantou
fotográfico
a
todos
realizado
durante no
o
Estúdio
ensaio
Roni
Sanches, especializado em fotos de recémnascidos, bebês e gestantes.
Vestido de pintor e anjinho, o bebê teve
Roni Sanches
seus primeiros meses de vida registrados em
cenários criados pela artista plástica Adriana Sanches.
Confira a galeria de fotos no link {minu.inf. br/iE4pi7HSSQ}
SP RECEBE FEIRA INTERNACIONAL DE
TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Entre os dias 27 e 29 de abril, acontece em
São Paulo a segunda edição da Rehafair - Feira Internacional de Tecnologias
Divulgação
Assistivas, Empregabilidade e Esporte Adaptado. O evento, que promete reunir
o que há de mais moderno e inovador no segmento inclusivo, será realizado no
inscrever gratuitamente no site: rehafair.
(Educin).
Durante os três dias de evento serão
Na
drive. O evento, que tem apoio de mídia
Parque Anhembi, em São Paulo (SP).
realizados seminários e simpósios que
vão apresentar as novidades do setor,
além de propor novos conhecimentos aos
90
participantes, revista incluir
que
podem
se
com.br.
programação,
destaque
para
os
seminários de Mobilidade (Mobilitech) e
de
dos
Inovações
simpósios
Tecnológicas,
de
além
Empregabilidade
(Empregasim) e de Educação Inclusiva
Também
serão
realizadas
apresentações de Equoterapia e test
da revista Incluir, acontece das 13 às 20 horas, no Pavilhão de Feiras do Anhembi,
que fica na avenida Olavo Fontoura, nº 1.209, em Santana.
CARTILHA ESCLARECE
BRINQUEDOS ADAPTADOS
O APARELHO URINÁRIO
PARA CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE
Algumas crianças, por causa da mielomeningocele, também conhecida como espinha
bífida, apresentam complicações neurológi-
cas como a bexiga neurogênica e não sentem vontade de fazer xixi. 'Juca em uma viagem pelo aparelho urinário' é um projeto de extensão do curso de enfermagem da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu. Para o
professor João Luiz Amaro, presidente da So-
Um projeto em análise na Comissão de
CHEFS ESPECIAIS
“a informação exerce um papel fundamental,
(CDH) prevê que shoppings tenham, no
Com 11 anos de atuação, o Instituto Chefs
áreas de lazer adaptados para pessoas com
na inclusão de jovens com síndrome de
382/2011). A medida será incluída na Lei de
pelos chefs de cozinha Márcio e Simone
dessa parcela dos brinquedos em parques
do casal em desenvolver uma ação social
do projeto na CDH, senadora Regina Sousa
promovendo assim sua inclusão profissional
deficiência em todos os ambientes e acredita
Com isso eles podem ser mais independentes,
ciedade Brasileira de Urologia, seção São Paulo,
melhorando a qualidade de vida das pesso-
as com bexiga neurogênica” explica ele, que completa: “para as crianças o fator educacio-
nal, ou seja, a compreensão não somente do problema vesical e das técnicas de cateterismo, é fundamental, pois poderá evitar as com-
plicações, como infecções urinárias, decorrentes da bexiga neurogênica”, alerta o médico. A Cartilha 'Juca em uma viagem pelo aparelho
urinário' está disponível para donwload no site: www.doutorbexiga.com.br/#book5/page1
CONSULTORIA CONTRATA
Direitos Humanos e Legislação Participativa
mínimo, 5% dos brinquedos instalados em
Especiais promove um trabalho maravilhoso
deficiência ou mobilidade reduzida (PLS
Down por meio da gastronomia. Idealizado
Acessibilidade, que já prevê a adaptação
Berti, o instituto surgiu da necessidade
de diversões públicos e privados. A relatora
para
(PT-PI), defende a inclusão das pessoas com
por meio da gastronomia.
que a medida será aprovada ainda neste ano.
inclusive financeiramente, pois o projeto
bom trabalho, serem autossuficientes e
PROFISSIONAIS COM AUTISMO
contribuírem para o sucesso dos projetos
A everis, multinacional de consultoria
com o apoio da Specialisterne Foundation,
que oferece soluções de estratégia e de
negócios, do Grupo NTT DATA, implantou o Projeto TEA, que visa a inclusão de
profissionais com o Transtorno do Espectro Autista. De acordo com a gerente da
empresa, Rita Souza, o projeto pretende gerar
uma
mudança
de
perspectiva
sobre o autismo na empresa, promover
a diversidade entre seus profissionais e mostrar a grande capacidade que as pessoas com TEA têm de executarem um
dos clientes. Nesse processo, a everis conta uma organização dinamarquesa que atua na capacitação de profissionais com TEA na
área de TI e em sua inserção no mercado de trabalho. "Estamos muito felizes com
esta parceria, pois a everis é um grande exemplo de empresa que investe em uma política inovadora de gestão de pessoas,
busca e potencializa o talento diverso, atuando como uma empresa socialmente responsável",
enfatiza
o
Specialisterne, Thorkil Sonne.
fundador
da
atender
jovens
com
deficiência,
envolve a realização de eventos sociais
como confraternizações, cafés da manhã e outras ações, com a participação destes jovens que transformam o ato de cozinhar em um momento único e especial para os
convidados. Segundo Simone Berti, para que
o trabalho seja mantido, o instituto busca
novos apoiadores individuais e também
patrocinadores. Quem conhece o trabalho dos Chefs Especiais sabe de sua importância
para muitas famílias que, além de uma ajuda na renda, consegue acompanhar o desenvolvimento de seus filhos.
Os interessados em conhecer, colaborar, ou
ainda contratar os Chefs Especiais para um evento, podem fazer contato pelo telefone (11) 2638-7478.
revista incluir
91
Vitrine
Livros Volta ao mundo em 13 escolas O livro é resultado de uma pesquisa dos amigos
André Gravatá, Camila Piza, Carla Mayumi e Eduardo Shimaraha, que percorreram cinco continentes
em busca de novos olhares para a educação
contemporânea. A ideia da obra é inspirar pais
inquietos, jovens curiosos e novos empreendedores
em educação. O livro pode ser baixado
gratuitamente no link: minu.inf.br/Nx4FUcPaTY
Coletivo Educ-ação | 293 páginas Educação inclusiva – Proposta de escolas eficazes
Com a proposta de rever práticas Neuropsicologia do desenvolvimento O livro de Mônica Carolina Miranda, Mauro
Muszkat e Claudia Berlim de Mello abrange os principais distúrbios que acometem
a criança, abarcando as lesões cerebrais congênitas e adquiridas, os transtornos desenvolvimentais e de aprendizagem, bem como as disfunções neurológicas. Editora Rubio | 251 páginas
Manual dos direitos da pessoa com deficiência Este manual congrega em seu bojo os princípios do respeito à vida, à igualdade, à
solidariedade, à dignidade e à fraternidade, da primeira à última página, uma vez
que os autores George Salomão Leite, Glauber Salomão Leite, Carolina Valença Fer-
raz e Glauco Salomão Leite acreditam que o direito à diversidade é de todos nós, pessoas com deficiência ou sem deficiência. Editora Saraiva | 477 páginas
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que dinamizam o espaço escolar
a fim de torná-lo mais inclusivo, a autora Luciane Porto Frazão de Souza Rever apresenta a educação inclusiva
como princípio que redimensiona e reestrutura a escola.
LP-Books | 128 páginas
Lei de cotas - Pessoas com deficiência a visão empresarial
Luiz Eduardo Amaral de Mendonça aborda a importância da atual lei de cotas brasileira e questiona se esta é a melhor forma de in-
clusão para pessoas com deficiência, além de apresentar a ótica da empresa e uma
análise histórica e crítica da lei, bem como
a atual interpretação adotada pela fiscalização do trabalho e pelos tribunais. Editora LTR | 240 páginas
Direito da infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência O livro trata de questões como o acesso à informação e o mundo
digital, que revela as mazelas já conhecidas, porém até então ainda não expostas com tamanha intensidade, como: a falta de políticas
satisfatórias da inclusão social de menores abandonados, o descaso com os idosos e a ausência de perspectivas mais favoráveis às pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Editora Atlas | 368 páginas
Atividades físicas para jovens com deficiências graves
Estratégias lúdicas para o ensino da criança com deficiência
Por meio de uma abordagem
dinâmica e um formato prático de
consulta, o livro de Rebecca Lytle e
No livro, a autora Kelem Zapparoli compartilha sua
Lindsay Canales traz 50 atividades
crianças com deficiência, porém as sugestões e os
passo a passo e acompanhadas
de como elaborar propostas pedagógicas para estes
uma educação física acessível e
experiência de mais de dez anos na educação de
relatos expostos não têm por objetivo trazer uma receita alunos, mas sim mostrar algumas das experiências
vivenciadas em educação especial, que poderão servir de apoio a outros professores e demais profissionais.
físicas envolventes, explicadas de fotografias para promover
de alta qualidade para jovens com deficiência.
Editora Manole | 134 páginas
Editora Wak | 152 páginas
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Vale ler
GRITO SILENCIADO Conceitualizações de violência na comunidade surda Por: Leticia Leite | Foto: Arquivo pessoal
O
livro ‘Grito Silenciado’ aborda
os leitores a respeito da violência sofrida
que tange ao processo de língua oral, no
demonstrar o que pode ser feito por di-
(Libras) principalmente no
caso, a tradução da língua portuguesa para a língua de sinais, e tem como temática
a violência sob a perspectiva da própria pessoa surda.
O interesse pelo tema surgiu do envol-
vimento do autor, Nilton Câmara, com a comunidade surda e pessoas com defici-
ência desde 1998. O doutorando e mestre em Linguística Aplicada pela Universidade
Estadual do Ceará atua como educador
no ensino e intérprete da Libras, com a formação de professores, como consultor
em empresas que precisam se adequar à realidade da pessoa com deficiência, viajan-
do por todo o Brasil para ministrar cursos, palestras e oficinas.
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O conteúdo serve de apoio para educar
a Língua Brasileira de Sinais
pelas pessoas com deficiência, bem como, versos agentes intervenientes, como, por exemplo, governo e prefeituras, provedores
de serviços, sociedade civil e associações de pessoas com deficiência de modo geral,
com o intuito de acabar e diminuir com a
violência contra a pessoa surda, motivando a todos para que incluam a prevenção da violência contra as pessoas com deficiência em seu trabalho, e de incentivarem as
pessoas com deficiência a se protegerem contra os variados atos de violência.
Grito Silenciado
Editora Garimpo | 212 páginas
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Vale assistir
O contador Fotos: Divulgação
Christian Wolff (Ben Affleck) é um sábio contador que tem mais
afinidade com os números que com pessoas, devido ao autismo.
Atrás desse disfarce, num escritório de uma pequena cidade, ele trabalha como freelancer para uma das mais perigosas organiza-
ções criminosas, até que descobre registros fraudados e se torna uma ameaça e passa a ser perseguido.
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Gêneros: Ação, suspense e drama Ano: 2016 Duração: 130 minutos Direção: Gavin O’Connor
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Turma do Dauzito
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A A falta falta de de informação informação faz faz com com que que AAfalta faltadedeinformação informaçãofaz fazcom comque que pensem pensem que que eles eles são são incapazes incapazes pensem pensemque queeles elessão sãoincapazes incapazes
EEnós, nós,viemos viemospara paraprovar provaro ocontrário! contrário! EEnós, nós,viemos viemospara paraprovar provaro ocontrário! contrário!
HáHá 5 anos 5 anos lutando lutando pela pela inclusão inclusão HáHá 5 anos 5 anos lutando lutando pela pela inclusão inclusão
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