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FÓRUM NISSAN DA MOBILIDADE INTELIGENTE

Os caminhos da descarbonização

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Com a pandemia da COVID-19 a abrandar, o Fórum da Mobilidade Inteligente voltou a ser organizado presencialmente pela Nissan no Parque das Nações em Lisboa, voltando a colocar o uso do automóvel elétrico no centro da discussão, onde se falou como várias tecnologias podem ser combinadas para tornar a vida mais fácil e mais saudável para os utilizadores.

PAINEL DA CONDUÇÃO INTELIGENTE

A preocupação com um uso diário mais e ciente do automóvel elétrico foi a peça central da discussão do painel dedicado à condução inteligente.

Donato Vitella, responsável pela estratégia de produto da Nissan na Europa, aproveitou para mostrar as vantagens dos vários níveis de eletri cação dos modelos da marca, com destaque para os novos modelos 100% elétricos, o Ariya e o Townstar, o primeiro concebido para uso familiar e o segundo adaptado como veículo de trabalho. Mesmo no Qashqai, no futuro X-Trail (ambos recorrendo ao sistema híbrido da marca, denominado e-Power) e no novo Juke Hybrid, existem tecnologias que reduzem o consumo de combustível, recorrendo o máximo de tempo possível à energia elétrica.

Daniela Simões, diretora-geral da Miio, falou da integração entre automóveis e rede ao mostrar o seu aplicativo de smartphone, que ajuda os seus utilizadores a encontrar o ponto de recarga mais próximo entre 2417 opções em território nacional. Além de eliminar o tempo à procura de um carregador público, também permite aos utilizadores encontrar os melhores preços. Também não é necessário que o utilizador seja cliente de um serviço especí co de fornecimento de energia, pois a Miio permite acesso anónimo através de um código QR a 11% da rede portuguesa de carregamento. Embora possa ser usado por clientes individuais, Daniela Simões vê as frotas como uma parte signi cativa dos seus potenciais clientes, mas sempre com o objetivo de facilitar o uso diário do carro elétrico.

Gustavo Barreto, diretor comercial da seguradora Ageas, mostrou o crescimento da fatia de automóveis elétricos em circulação e falou de soluções de seguros especí cas para utilizadores de veículos elétricos, mostrando alguns dos seus produtos, como a cobertura de furto a cabos elétricos e de danos a terceiros feitos pelos cabos da viatura, assim como serviços de recarga de bateria em assistência em viagem.

Henrique Sánchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Eléctricos (UVE), propôs que o carro elétrico não é o futuro, já é o presente, e complementou as apresentações de Daniela Simões e de Gustavo Barreto falando das vantagens scais e nanceiras de adquirir um veículo elétrico, com o custo médio para percorrer 100 quilómetros a ser menos de metade do mesmo custo do gasóleo e menos de um terço do custo da gasolina. Os veículos elétricos continuam isentos do Imposto Sobre Veículos e do Imposto Único de Circulação, e o IVA da sua aquisição é dedutível para empresas. Em termos práticos, o presidente da UVE aproveitou para lembrar a viagem de ida e volta de 2700 quilómetros feita com um Nissan LEAF de Lisboa a Marraquexe, mostrando que o carro elétrico pode percorrer grandes distâncias mesmo num país onde os carros elétricos não são uma visão tão vulgar como na Europa.

“Não percebemos porque ainda se continua a incentivar o diesel”

Antonio Melica

Diretor-geral – Nissan Portugal

DESAFIO DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Um painel a solo foi o palco para António Coutinho, presidente da EDP Inovação, mostrar como pretende colocar a empresa portuguesa de fornecimento de energia na linha da frente para a transição energética do petróleo para a eletricidade, no que diz respeito à mobilidade. António Coutinho reconhece que “a realidade atual é

que o nosso mundo gira em torno do petróleo e sem o petróleo seríamos incapazes, por exemplo, de produzir

e transportar os alimentos para a população mundial”, mas que é obrigatório mudar o paradigma e acabar com a dependência dos combustíveis fósseis para acelerar a transição energética para a eletricidade: “Atualmente, 83%

das emissões provêm do consumo de energia. A mobilidade, que representa 19% das emissões, é a grande consumidora de petróleo. É aqui que temos de atuar

rapidamente, até porque a tecnologia já existe”. A eletri cação dos transportes, um objetivo já conhecido da EDP, representa hoje uma fatia signi cativa do investimento desta. Os principais desa os são a cadeia de fornecimento da extração mineira ao equipamento nal, encontrar a estabilidade para a legislação e regulamentação, facilitar o acesso a licenciamento, rapidez da adoção de serviços por partes dos consumidores, e a falta de trabalhadores especializados nesta área. Também é importante aumentar a extração dos minerais necessários – António Coutinho antevê que a procura vai ser 5 vezes superior dentro de 30 anos – e contrariar o domínio da China no fornecimento de muitos destes materiais.

PAINEL DA ENERGIA INTELIGENTE

Entre o otimismo e a apreensão pelo futuro, o terceiro painel começou com Alexandre Fernandes, administrador

da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), a apontar para o setor dos transportes como o que tem mais necessidade de ser descarbonizado, lembrando que apenas 6% da energia usada provém de fontes renováveis. Ao acelerar a eletrificação nesta área, será muito mais fácil atingir o objetivo de Carbono Zero a nível mundial, que necessita que 75% do consumo energético global seja de origem sustentável. Para os transportes contribuírem para esse número, esses 6% terão que passar para 59%, usando não só a eletricidade, mas também o hidrogénio e biocombustíveis. Para Alexandre Fernandes, a ENSE, como entidade reguladora, tem o dever de facilitar este novo paradigma, “colocando o Estado como acelerador da mudança para a transição energética”.

António Sá da Costa, presidente da Federação Europeia de Energias Renováveis (EREF), por seu lado, demonstrou que essa estratégia já está a dar frutos em Portugal, revelando que 62,8% da energia elétrica produzida no nosso país já é de origem renovável (com a hídrica e a eólica a contribuírem com a principal fatia), e até se mostrou otimista em relação ao futuro, defendendo que “ter a

eletricidade 100% renovável não é fácil, mas é possível, desde que haja vontade política e a capacidade de coordenar as diferentes tecnologias de produção, de forma

a encontrar o ótimo nacional”. Para António Sá Costa, este objetivo exige estabilidade financeira e legal, simplificação de processos, expansão da rede e redução das tarifas.

Gisela Mendes, coordenadora de sistemas inteligentes de energia na EDP New, demonstrou as capacidades da nova subsidiária da produtora energética portuguesa, apresentando as cinco áreas onde a EDP New faz pesquisa e desenvolvimento, com destaque para redes inteligentes

“À medida que a mobilidade elétrica se vai democratizando, vamos chegar às pessoas que não têm garagem para carregar o seu carro elétrico”

António Coutinho

Presidente – EDP Inovação

de energia, integrando capacidade de armazenamento, interoperabilidade e transmissão do veículo para a rede. Reforçando a ideia que as próprias cidades devem estar preparadas para contribuir para um uso eficiente da energia, enquanto as fontes deverão ser renováveis (como eólica ou maremotriz).

Luís Tiago Ferreira, diretor de inovação na E-Redes, demonstrou estar confiante nesta integração entre veículo e produção e armazenamento de energia, avançando que

“os veículos elétricos podem tornar-se um ativo valioso para o sistema elétrico, o que aumentará as vantagens para o cliente”, acrescentando como expetativa que “no final da década a rede de carregamento pública atinja os 45 mil postos, mantendo o rácio de um posto por

cada 20 automóveis”.

PAINEL DA INTEGRAÇÃO INTELIGENTE

O painel final do dia pareceu ter menos intercâmbio de ideias, ironicamente considerando o tema... Alexandre Videira, administrador da Mobi.e, mostrou como a rede de carregamento para carros elétricos tem ajudado a promover a mobilidade. Para usar a rede Mobi.e, basta ter um contrato com um fornecedor de serviços, não sendo necessário um contrato direto com os utilizadores. Assim, preocupou-se apenas em crescer à medida que o número de carros elétricos em circulação aumentava, e agora conta com uma rede de 2750 carregadores com 5700 tomadas, com uma capacidade de 102,5 MW, quase 30 MW mais

Nissan: “avalanche” de novos modelos e tecnologias

A par do debate aberto sobre a forma e a velocidade da transição energética já em curso que foi a 6.ª edição do Fórum Nissan da Mobilidade Inteligente, a marca promotora deste evento que é já um “rendez-vous” anual obrigatório no panorama da mobilidade elétrica aproveitou para con rmar a verdadeira “avalanche” de novos modelos e novas tecnologias prestes a chegar à sua gama nacional: o novo modelo 100% elétrico Ariya, a versão e-Power do Qashqai que vai estrear na Europa este inédito sistema híbrido proprietário da Nissan (que Antonio Melica, o diretor-geral da Nissan Portugal, classi cou como “A tecnologia ideal para fazer a ‘ponte’ entre os motores convencionais e a eletri cação total”), a versão híbrida do crossover compacto Juke, o novo comercial ligeiro Townstar que estará disponível também numa versão 100% elétrica, além do LEAF modelo 2022, bem como da con rmação de que a nova geração X-Trail recorrerá também ela à tecnologia e-Power. Destacando na abertura e no encerramento deste Fórum da Mobilidade Inteligente como a loso a da Nissan continua a basear-se no conceito japonês “Kabuku” de desa ar o convencional ousando fazer aquilo que nunca ninguém fez, com o objetivo de liderar a inovação para melhorar a vida das pessoas, Antonio Melica relembrou ter sido esta marca a criadora da mobilidade elétrica massi cada (com o lançamento do LEAF em 2010) e rea rmou o ambicioso plano de eletri cação que levará a que já em 2023 toda a gama de modelos Nissan esteja eletri cada.

“Não faz sentido termos carros elétricos e andarmos a produzir toda a eletricidade a carvão”

António Sá da Costa

Presidente – Federação Europeia de Energias Renováveis (EREF) que o necessário. Em 2016, servia apenas 700 utilizadores mensais, mas agora já são 28 mil.

Paulo Ferreira dos Santos, diretor-geral da plataforma de partilhas Ubirider, defendeu que seria preferível a integração de meios de transporte públicos e individuais, advogando uma diminuição do número de automóveis a circular: “Se é verdade que a progressiva substituição

por automóveis elétricos tem evidentes benefícios na qualidade do ambiente das nossas cidades, os problemas de falta de espaço e tempo perdido continuam sem

solução”, relembrando que de 2010 a 2019 não houve alteração no número de condutores que usam o carro diariamente.

Teresa Ponce de Leão, presidente da Associação Portuguesa do Veículo Elétrico (APVE), focou-se nas di culdades sentidas para assegurar o acesso aos materiais necessários para a produção de baterias, na falta de infraestrutura de carregamento (embora avançando que o maior potencial de crescimento está no carregamento caseiro) ou que é cada vez mais complicado suprir as necessidades energéticas só com fontes sustentáveis. Para isso, sugeriu o investimento em fontes diversi cadas de materiais, promover inovação tecnológica em todos os pontos da cadeira de fornecimento, incentivos à reciclagem em massa, melhorar a transparência do mercado, melhores políticas governamentais para o ambiente, e maior colaboração internacional entre produtos e consumidores. 

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