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emissões
EURO 7
Fim do motor de combustão pode chegar (ainda) mais depressa
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EURO 6
EURO 7
Éjá certo e sabido que o m do motor de combustão está cada vez mais próximo. Uma morte anunciada que começará pela Europa, com os legisladores comunitários a terem votado favoravelmente ainda há um par de meses o calendário para a redução das emissões que os automóveis novos deverão respeitar nos próximos anos; decisão que, a con rmar-se (falta apenas a etapa nal do processo legislativo: as negociações entre os estados-membros e o Parlamento Europeu de modo a conseguir-se chegar a um acordo sobre os textos jurídicos nais), signi cará que a partir de 2035 só poderão ser produzidos e comercializados no espaço europeu carros novos com nível de emissões CO2 nulas.
Mas o m dos automóveis equipados com motores a combustão até poderá acontecer antes dessa data, e o catalisador que poderá acelerar esse m anunciado tem um nome: Euro 7!
EURO 7: PORQUÊ?
Trata-se da atualização da norma legislativa destinada a acompanhar a necessidade de continuar a reduzir as emissões nocivas à saúde com origem no transporte terrestre, reconhecidamente um dos principais fatores de poluição que a sociedade atual enfrenta: as estatísticas o cias identi cam os veículos de passageiros e comerciais ligeiros em conjunto como responsáveis por cerca de 15% das emissões CO2 (o principal gás com efeito de estufa, fenómeno que leva ao aquecimento global) na Europa e como a maior fonte de poluição do ar em meio urbano (diretamente associada a graves problemas de saúde e a milhares de mortes prematuras todos os anos). E a razão para ainda ser necessário atualizar essa legislação, sabendo que a Europa se prepara para proibir daqui a pouco mais de uma década a circulação de veículos com motor de combustão interna, é bem válida: apesar da eletri cação acelerada da indústria automóvel, e com ela do parque circulante, daqui até 2035 ainda serão vendidos na União Europeia qualquer coisa como 95 milhões de veículos movidos a derivados de combustíveis fósseis, os quais estarão em utilização nas estradas europeias pelo menos – previsão – durante mais 10 ou mesmo 15 anos.
EURO 7: O QUE É?
A Europa prepara-se assim para desenvolver normas de emissões mais rigorosas para todos os automóveis – de passageiros, comerciais ligeiros, pesados e autocarros
– movidos a gasolina e a gasóleo: iniciativa integrada no Pacto Ecológico Europeu (pacote de iniciativas estratégicas destinadas a apoiar a transição ecológica indispensável para que a Europa cumpra o compromisso de alcançar a neutralidade climática até 2050), a nova normativa denominada Euro 7 deverá substituir o standard que vigora atualmente, Euro 6d, impondo limites ainda mais apertados. Mas não só: a confirmar-se o que está em cima da mesa, a nova legislação Euro 7 representará um desafio ainda maior para a indústria automóvel, já que, de modo a garantir que os veículos que circulam nas estradas da União Europeia se mantêm “limpos” ao longo de toda a sua vida útil, as regras propostas pretendem assegurar a possibilidade de determinar o nível de emissões em situações reais de condução. E não, como é o caso até aqui, de acordo com testes cujos parâmetros incluem componentes laboratoriais e médias aproximativas que não representam os consumos (logo, as emissões) que realmente acontecem na estrada. A norma Euro 7 pretende pois melhorar os ensaios e métodos usados para medir as emissões de gases à saída do tubo de escape, garantindo que essa medição é feita em tempo real e a qualquer momento, recorrendo para isso a novas tecnologias que devem equipar de origem os veículos.
STANDARD DE EMISSÕES PARA VEÍCULOS LIGEIROS DE PASSAGEIROS
NOx PN PM CO HC
Euro 6d
(standard atual) 60 mg/km (gasolina) PN23 = 6x1011 #/km 4.5 1000 THC = 100 NMHC = 68
80 mg/km (diesel) PN23 = 6x1011 #/km 4.5 500 HC + NOx = 170
Euro 7
(proposta) 20 - 30 mg/km 1x1011 (PN10) 2 400 25 - 45 (NMOG)
legenda:
NOx – Óxidos de Azoto PN – Número de Partículas PM – Partículas CO – Monóxido de Carbono HC – Hidrocarbonetos THC – Hidrocarbonetos totais NMHC – Hidrocarbonetos não metânicos NMOG – Gases orgânicos não metanos nota: o standard Euro 7 propõe ainda limites para as emissões de compostos como amoníaco (NH3), metanal (HCHO), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4) com origem nos gases de escape.
EURO 7: PARA QUANDO?
Esta nova etapa nas regras de emissões que os veículos automóveis devem passar a respeitar irá tornar-se oficial sob a forma de uma proposta de regulamento oriunda da Comissão Europeia. Só que a mesma tem sido sucessivamente adiada nos últimos dois anos: a última data prevista era o final do mês de julho, mas voltou a ser reagendada para outubro. Para todos esses atrasos terá seguramente contribuído a conjuntura recente, mas as várias correntes de opinião recorrentemente manifestadas sobre o tema podem estar também elas a ajudar à indecisão… Se é certo que – como referido mais acima – não pode ser questionada a validade e necessidade de novas regras, mais atuais e rigorosas, também o é considerar a normativa Euro 7 e as suas exigências um enorme desafio para um mercado automóvel já hoje a braços com uma importante crise ao mesmo tempo que se vê obrigado a acelerar o investimento na eletrificação total. É assim que, enquanto entidades e associações da área da saúde e do ambiente continuam a apelar aos decisores europeus para a necessidade da nova legislação Euro 7 prever mesmo limites mais apertados para as emissões, única forma – acrescentam – de reduzir o impacto no ar que respiramos de elementos como os óxidos de azoto ou as partículas finas necessariamente emitidos pelos milhões de unidades de carros a combustão novos que ainda vão ser lançados nos próximos 10 a 15 anos (e que continuarão a circular por muito mais tempo), um importante ator de mercado como – por exemplo – a ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis) defende, por outro lado, que os sucessivos adiamentos na sua adoção pela Comissão Europeia, a ponto de ainda hoje se desconhecer o detalhe dessa proposta, tornam irrealista a sua entrada em vigor na data até aqui prevista (2025, no caso dos ligeiros de passageiros), considerando o ciclo de desenvolvimento e produção de novos motores, ainda por cima com a indústria automóvel fortemente empenhada num contexto de transição energética massiva, das motorizações a gasolina/gasóleo para a eletrificação.
Pode ser em 2025 ou mais tarde, mas ainda mais certo é a constatação de que ao novo standard Euro 7 estará – tudo indica – reservado um papel decisivo: o de dar resposta à absoluta necessidade de permitir melhorar a performance ambiental dos milhões de carros novos a gasolina/gasóleo que vão entrar no mercado europeu daqui até 2035 (e que, mesmo depois disso, não vão desaparecer de um dia para o outro…), contribuindo assim para que eles sejam ainda parte da desejada solução para uma mobilidade cada vez mais sustentável.
Seja como for, atrasada ou não, e mais ou menos exigente do que o esperado, a nova norma europeia em matéria de emissões para os veículos automóveis vai mesmo chegar, ajudando a tornar a aposta na mobilidade elétrica ainda mais óbvia (até pelos elevados custos de desenvolvimento de novos motores térmicos, que terão de ser compatíveis com essas novas regras mais restritivas e que para os fabricantes se irão tornar cada vez menos rentáveis face à sua limitada expectativa de vida útil) e fazendo com que o fim anunciado da venda de carros com motor a combustão possa afinal chegar ainda mais cedo… l