Eurobike magazine #14

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ISSN 2179 - 2046 14

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RAZÃO | EMOÇÃO | PRAZER | DEVANEIO


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EDITORIAL

Lá se vai 2010. E só temos a agradecer pela sua companhia, parceria, amizade. Percorremos um bom ano juntos. De nossa parte, reiteramos o compromisso de continuar investindo no crescimento do Grupo, sem perder o foco na qualidade do atendimento e dos serviços. Nesse sentido temos colhido bons frutos, como, por exemplo, a recente nomeação, pela Audi, da Eurobike como concessionária de São Paulo, capital. Além de contribuir para o crescimento do Grupo, fortalece ainda mais o segmento premium, e todos ganham com isso. Esta edição traz novidades no projeto gráfico, mais moderno, e maior diversidade no conteúdo editorial. Gostaríamos de receber seus comentários a respeito! Abordamos temas diferentes na razão, prazeres daqui e de lá do deserto de Atacama, fomos até a Alemanha visitar a belíssima exposição Art Cars Collection, devaneamos por São Paulo, capital. É uma edição bem plural, ficamos felizes com o resultado; esperamos que você goste. Boa leitura, boas festas!

Um grande abraço,

Henry Visconde Diretor Presidente

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magazine@eurobike.com.br



COLABORADORES

Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Land Rover, MINI, Porsche e Volvo. Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP 1

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Tel.: (16) 3965-7000 www.eurobike.com.br | www.eurobikemagazine.com.br contato@eurobikemagazine.com.br

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Ombudsman

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Patricia Braga www.eurobike.com.br/ouvidoria (11) 3883-7105

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Editorial: Eduardo R. da C. Rocha, Heloisa C. M. Vasconcellos Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Nelson Martins Representação para publicidade: Nominal | www.nominalrp.com.br

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Preparação e revisão: Denis Araki Produção: blue media

Tiragem desta edição: 13.000 exemplares 13

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Impressão: Ipsis Distribuição: Eurobike

1 Bianca Bassani, 2 Bruno Garcez, 3 Caio Guatelli,

Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autoriza-

7 Guto Carvalho, 8 Juan Esteves, 9 Kriz Knack,

As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da

4 Carol Da Riva, 5 Carol Ribeiro, 6 Eduardo Petta,

ção da Eurobike.

10 Lalo de Almeida, 11 Marcelo Curia,

revista.

12 Mariluza Costa, 13 Patricia Cornils, 14 Simone Fonseca

Blue media Rua Fidalga, 471 Cj. 02 Vila Madalena - São Paulo - SP CEP - 05432-070

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Auditada pela

Foto da capa: Carol Da Riva

Tels.: 11 2729-5360 | 2769-5360



CONTEÚDO

# 14 | 12 2010 24 | emoção 26 | BMW Art Cars Collection 48 | Emoção a milhares de giros 52 | Asas da memória 60 | 500Km de Interlagos

10 | razão 12 | A escolha é nossa 16 | O azeite na mesa. E a Amazônia de pé

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18 | O Homem Porsche


66 | prazer 68 | Deserto vibrante 80 | Joalheria de raiz brasileira 84 | Achados e imperdĂ­veis

86 | devaneio

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88 | SĂŁo Paulo cidade luz!


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RAZテグ


A escolha é nossa O Brasil se encontra em um momento de virada, uma fase de incontáveis possibilidades, mas também em uma encruzilhada, na qual a opção a ser trilhada pode selar o destino do país. É essa a visão de Eduardo Giannetti da Fonseca, um economista que critica a obsessão brasileira com a economia e o consumismo, um professor universitário que se volta contra o elitismo do meio acadêmico e um ensaísta cujo próximo livro deverá ser uma obra literária

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Por Bruno Garcez | Fotos Juan Esteves


RAZÃO

brasileiro. “Os brasileiros passaram a agir como um hipocondríaco, que mesmo saudável, fica obcecado em não voltar a ficar doente”, compara.

“O Brasil tem um sonho, o de ser uma novidade para o mundo. Mas existe também a fantasia mal resolvida do Brasil potência, do país ser uma cópia empobrecida dos Estados Unidos, de viver como vivem os cidadãos médios dos Estados Unidos, mas esse modelo não pode ser exportado.” A visão de mundo de Giannetti parece moldada por suas idas e vindas. Doutor em economia pela Universidade de Cambridge e membro do Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele já foi, na juventude, um militante trotskista de extrema esquerda. Hoje, crê que o Brasil precisa conciliar suas diferentes aspirações: “Incorporar o que de melhor há no mundo ocidental, a conquista da tecnologia, mas também promover melhorias básicas em educação e saneamento e oferecer oportunidades iguais, sem acarretar no que Freud chamou de ‘mal-estar da civilização’. Nós queremos a civilização sem mal-estar. Senão, o brasileiro perde sua alegria, sua atitude descompromissada; foi esse jeito afável e esse encontro dos mundos que resultou em coisas como a bossa nova”, exemplifica. Giannetti não é um economista típico. Em seus livros de ensaios, títulos como Vícios privados, benefícios públicos?, com o qual venceu pela primeira vez o Prêmio Jabuti, em 1995, ou As partes & o todo, se debruça sobre complexos problemas econômicos sem enveredar pelo “economês”. Não é só nisso que ele difere de outros colegas.

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Sua ardorosa defesa por um modelo de crescimento sustentável, guiado pelo cumprimento de metas básicas e não movido por aspirações consumistas fizeram com que ele, mesmo sendo um dos mais conceituados economistas do país, passasse até mesmo a jogar contra seu próprio time. Giannetti acredita que a economia continua tendo um papel preponderante no dia-a-dia brasileiro, mas que isso acaba sendo algo negativo, um sintoma dos anos de hiperinflação e sucessivos pacotes econômicos malogrados que o Brasil enfrentou no passado. “O país viveu uma situação muito crítica; se sua saúde anda mal, você se preocupa com ela. Mas se a saúde melhora, isso te liberta para se preocupar com outras coisas, com outros valores.” Mas, na visão do autor, não foi isso que ocorreu no caso

“Há algo errado se, no momento quando mais se prospera, mais se enriquece, mais se fica enredado no valor econômico. Caímos em algum tipo de armadilha. A imagem que uso é a da corrida armamentista. Dois países se armando cada vez mais. E, ao final, cada vez se sentindo mais inseguros. Um paradoxo. A economia virou a corrida armamentista do consumo.” O autor de O valor do amanhã acredita que o país ainda não acordou para uma das frases recorrentes de seu livro, vencedor do Prêmio Jabuti em 2006: “Use agora e pague juros, ou economize agora e receba dividendos”. Foi essa capacidade de unir extremos, as aspirações do país rumo à modernidade e a necessidade de promover um crescimento sustentável, que fez com que Giannetti se identificasse com a proposta da senadora Marina Silva e se tornasse assessor de sua campanha à presidência. “Eu acho que a Marina representou uma renovação. Traz valores que foram entendidos por 20% da população, mas que vinham sendo deixados de lado, como educação, meio ambiente e saneamento básico. O nosso capital humano tem uma formação muito aquém do minimamente tolerável. A formação educacional que oferecemos faz com que a maioria da população tenha uma qualificação profissional frágil, algo realmente muito sério. O Brasil fica no 54º lugar no ranking mundial de aprendizado em matemática, ciências e línguas, e 53% dos eleitores que foram às urnas na última eleição não têm ensino fundamental completo. Uma educação de qualidade para toda a população é um desafio e é algo que a Marina compreende.” Já que o assunto é educação, eis aí outra área na qual Giannetti, que é professor há mais de vinte anos, não tem reservas em atirar contra o próprio patrimônio. “O processo de educação no Brasil é muito ritualístico. O professor ensina o que está no manual e o aluno reproduz. Não estimula o processo de pensamento. Os alunos querem o conhecimento mastigado, o que está no livro, no texto, o que é dado na lição. Aluno brasileiro aprende tabuada e não consegue fazer multiplicação, não dá conta do que envolve pensamento, é um recital. No ensino fundamental é assim.” O professor do Insper — Instituto de Ensino e Pesquisa —, de São Paulo, diz que os problemas da faculdade são semelhantes e ainda contam com um agravante. “A academia tem o cacoete da linguagem hermética, opaca, os professores têm o vício de falar um com o outro. Eles se comprazem em publicar artigos em


Para concluir, Giannetti quer dissipar qualquer imagem de ceticismo que possa ter passado em relação ao momento e ao futuro brasileiro. “O que dá uma grande vantagem ao Brasil é que o país é o resultado fascinante da mistura profunda de três etnias. Principalmente a cultura africana, que é uma cultura prémoderna com valores que precisam ser revividos e que falam mais alto do que essa obsessão atual com a técnica.”

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Para seu próximo projeto, Giannetti pensa em repetir a dose. “Há várias possibilidades, mas uma certeza que tenho é que seguirá, como o último livro, um caminho mais literário que ensaístico. Me sinto motivado a fazer algo na fronteira com a literatura.” Apesar de já ter apresentado um quadro no programa

Fantástico, da Rede Globo, Giannetti descarta enveredar pelo mundo do audiovisual. “Cinema não é a minha praia. O Fernando Meirelles (diretor de Cidade de Deus) até me chamou para colaborar, mas não me sinto apto a contribuir. Penso em palavras, não em termos visuais.”

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periódicos que ninguém lê. Fazer uma carreira é o que importa.” Com uma trajetória que prima pelo inusitado, causa pouco espanto que o mais recente trabalho de Giannetti seja uma obra literária e não um ensaio econômico. Lançado em julho deste ano pela editora Companhia das Letras, A ilusão da alma - biografia de uma ideia fixa trata de um jovem professor de literatura especializado em Machado de Assis que, após retirar um tumor cerebral que o deixa parcialmente surdo, resolve se isolar do mundo e fica obcecado em mostrar a relação entre o cérebro e a mente.


Arquivo Ouro Verde

RAZÃO

O azeite na mesa. E a Amazônia de pé Por Eduardo Petta

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25 de outubro de 2010, São Paulo, restaurante Dalva e Dito. Evento: Jantar da Terra. 120 pessoas chegam para o banquete beneficente sob o slogan “para salvar o planeta”, imaginado pela mente mirabolante do chef Alex Atala. Os convivas se aboletam ao simbólico custo de cinco mil reais o casal. Logo chegam as entradinhas, assinadas por onze craques como Bel Coelho, Helena Rizzo e Mara Salles. Vinhos tintos, brancos e champagnes franceses. Ao tilintar dos talheres, pratos quentes: oito peças de design, todas de chefs internacionais. Quem dá a largada é o peruano Gaston Acúrio com seu duo de ceviche de luxo, seguido do tamboril com lulas do indiano Atul Kochhar, da rabada braseada do japonês Tetsuya Wakuda e outras tantas iguarias que deus me sacuda. A bandeira quadriculada, claro, fica por conta de Alex Atala. O chef mais pop do Brasil se faz de estátua de Rodin e pensa. Olha os vinhos da França, lembra do conceito terra brasilis e voilá, das mangas do avental cria um insuperável pirarucu com ratatouille do sertão. A combinação perfeita monsieur Atala? Ainda não. Falta regar com azeite. Um fio de ouro escorre líquido pelo prato, dourando a noite. Aproximamo-nos com um zoom mega-ultra-superóptico da mesa do Alex para observar melhor esse azeite e descobrir em que olivais mediterrâneos floresce essa boa cepa. Qual não é a surpresa ao conferir o rótulo: azeite extra virgem de, de... castanha-do-brasil? Como assim?

Pois sim, castanha-do-brasil, uma amêndoa que só cresce na floresta amazônica e em mais nenhum outro lugar. Semente que despenca uma vez por ano de quarenta metros de altura, encapsulada em pesados ouriços (do tamanho de um crânio) dos ga-lhos da Bertholletia excelsa, mais conhecida como castanheira, ou “rainha da floresta” — pelo porte ereto de seus troncos que crescem rumo aos céus. Prensada a frio mecanicamente, e de forma natural, transformada em néctar, em sumo, em suprasumo azeite. A ideia surgiu da cabeça de duas mentes brilhantes do mundo acadêmico, Luís Fernando da Fonseca e sua esposa, Ana Luisa Da Riva. Foi, aliás, nos bancos das salas de aulas que eles se conheceram. PhD pela Universidade de Kentucky, nos EUA, Luís Fernando era professor de Ana na Faculdade de Veterinária da USP. Mas eles só se tornariam um casal anos mais tarde, quando Ana Luisa terminou o seu mestrado em Ciências Ambientais pela USP. O amor pelo campo e pela terra levou-os a morar em Alta Floresta, em 2000, na região norte do Mato Grosso, onde surgiu o sonho de criar um negócio lucrativo, mas que mantivesse a floresta em pé. Em 2003, após dois anos de pesquisas com a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo e outras entidades, fundaram a Ouro Verde, uma pequena agroindústria com o intuito de beneficiar a castanha-do-pará. “Beneficiamento”, esta foi (e é) a palavra-chave, segundo Luis Fer-


Carol Da Riva

nando Laranja, para o comércio das castanhas (e de qualquer outro produto da floresta) sair do período do homem primata e ingressar no mundo atual capitalista. Além do azeite, a Ouro Verde passou a produzir o creme de castanha e um granulado (uma espécie de farofa), valorizando assim os produtos, que antes só eram vendidos in natura, a baixo valor. “Os apanhadores de castanha eram muito mal remunerados. Isso fazia com que eles não dessem importância para a manutenção da floresta. Era preciso pagá-los melhor, incentivá-los, capacitá-los e acima de tudo incluí-los em toda a cadeia produtiva, para que se animassem a preservar”, conta Luis Fernando.

Para Luís Fernando, o segredo do azeite é o seu aroma suave, fino e adocicado. “Ele dá um sabor exótico aos alimentos, um

O poder da castanha não é novidade para os amazônidas. A farinha de castanha com mandioca, por exemplo, era um ótimo alimento para levar nas viagens quando as tribos mudavam de lugar, pela fadiga da terra ou pela proximidade de inimigos. Era a chamada “farinha dos guerreiros”, ainda hoje usada em algumas aldeias para reforçar o beiju e a tapioca. Pensando bem, nestes dias de hoje, em que precisamos renovar a energia a cada dia, faz todo sentido o chef Alex Atala ter regado o seu “jantar da terra” com esse azeite criado para salvar, se não o planeta, ao menos uma parte preciosa da floresta amazônica.

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Se no oceano dos negócios a Ouro Verde nada de braçada, no mar da culinária o azeite vai conquistando seu lugar. Além das casas de Alex Atala, o azeite já ilustra as páginas de vários outros menus. O chef Leo Botto, do paulistano Lorena 1989, por exemplo, gosta de usar o azeite para coroar o seu filhote com creme de coco fresco e castanha-do-pará com banana ao forno. Já Pascal Valero, do Le Coq Hardy, o recomenda “no lugar do azeite de nozes, em vinagretes, para temperar saladas, especialmente as que levam queijos”.

apelo de Amazônia que os chefs adoram.” E recomenda às pessoas que o experimentem puro, “como exercício de saúde”. Afinal, a lista de componentes benéficos da castanha é longa: fibras, proteína, cálcio, ferro, potássio, vitamina E, zinco e, principalmente, uma dose substancial de selênio, importante antioxidante que atua no equilíbrio da tiróide, fortalece o sistema imunológico, previne o câncer, reduz o colesterol e protege contra a ação dos radicais livres.

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Tanto sucesso chamou a atenção do Grupo Orsa — uma das principais organizações brasileiras no setor de madeira certificada (na região do Vale do Jari, entre o Pará e o Amapá) —, que incorporou a Ouro Verde para compor um projeto ousado: preservar uma área gigantesca da floresta (cerca de dois milhões de hectares) com negócios que a mantenham em pé e incluam a comunidade nos lucros. O casal comemora junto com os vários colaboradores que estão com a Ouro Verde desde sua criação. Oito anos depois de preencher o primeiro frasco de azeite, a Ouro Verde gera renda para mais de duzentas famílias com a compra de quinhentas toneladas ao ano de castanha advindas de várias comunidades, exportando-as para França, Holanda e Canadá.

Carol Da Riva

O trabalho inicial foi duro. Tiveram que convencer as comunidades indígenas e os pequenos agricultores, mas aos poucos foram ganhando o respeito das populações locais e da comunidade científica. Em 2006, a Ouro Verde foi uma das vencedoras do programa New Ventures da Fundação Getúlio Vargas. Em 2007, ganhou o prêmio Chico Mendes (categoria negócios sustentáveis) e de Inovação Tecnológica da FINEP. Com muito esforço, conseguiram dois selos respeitados no mercado: o Carbon Free (que assegura emissão zero de carbono em quase todas as fases do processo produtivo) e o Ecocert Brasil (para produtos orgânicos, livre de agrotóxicos).


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O HOMEM PORSCHE Marcel Visconde avanテァa com a Stuttgart, maior importadora Porsche da Amテゥrica Latina

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Por Mariluza Costa | Fotos Caio Guatelli


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RAZÃO Para chamar a atenção de clientes tão especiais, nada de descontos, promoções ou brindes. Nem mesmo festas populares ou eventos chamativos. No segmento de carros de luxo, o que funciona mesmo é a novidade. Quando um novo modelo Porsche é lançado, o importador exclusivo da marca para o Brasil sabe que vai ampliar as vendas e ganhar mais espaço no mercado. “Quem tem oferta apropriada para atender a demanda com certeza cresce nessas ocasiões”, afirma Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, revendedora oficial da Porsche. Aconteceu em 2002, quando o Cayenne foi lançado, marcando uma nova fase da empresa. O utilitário esportivo de luxo, segundo mais vendido da marca no mundo — só perde para o clássico 911 — é também o preferido por aqui. O modelo que mais cresce em vendas representa 55% dos negócios da Stuttgart e uma importante porta de entrada para novos clientes no restrito clube de proprietários Porsche. Atrai consumidores que permanecem fiéis. “Com o tempo eles migram para carros mais esportivos e de maior valor”, afirma Marcel, que também adota o veículo — com perdão do trocadilho — carro-chefe da Stuttgart para uso próprio.

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Não se sabe se foi a variedade, com quinhentas opções de acabamento, a estabilidade ou a sensação de segurança o que atraiu a atenção das mulheres para o Cayenne, mas o público feminino já representa 30% dos compradores do modelo. Com isso descobriu-se que elas — como eles — também gostam de estilo e exclusividade na hora de dirigir. A tradução mais fiel desses atributos num veículo começou em 1948, quando Ferdinand e Ferry Porsche lançaram o 356, primeiro modelo da linha de carros esportivos de luxo que desperta desejo e paixão ao redor do mundo. Marcel é um desses apaixonados, que fez do objeto de desejo o foco de um grande empreendimento. “Sempre gostei de carro e de comércio”, afirma. Gostar, neste caso, é pouco para definir o envolvimento com o setor. Há cinco anos ele participa da Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, competição com oito etapas anuais que reúne 26 pilotos. O resultado dessa dedicação é a conquista de vários troféus.

tre a função de diretor da Stutttgart e de executivo da Biosintética, empresa farmacêutica que era de sua família. À frente de áreas-chave, como a de marketing, ele aprendeu noções importantes sobre o mundo corporativo. “No setor farmacêutico fiz uma trajetória que me deu conhecimento prático de como é esse processo, tanto em âmbito comercial como administrativo”, afirma. Segundo o empresário, a base de ambos os tipos de negócios é muito parecida. A experiência acumulada foi útil em várias áreas da importadora. “Eu era um ‘faz tudo’, porque a empresa era muito pequena.” Desde a época da dupla jornada, muita coisa mudou na vida desse empreendedor paulista. A família cresceu e hoje espera a chegada do quarto filho: uma menina. Os outros são dois meninos, de três e cinco anos, e a filha mais velha, de oito anos. A expansão não se resume à vida privada: em 2006 ele tornou-se presidente da Stuttgart. A empresa tem avançado ano a ano, com novos showrooms nas principais cidades do país: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Ribeirão Preto a marca é representada pelo irmão, Henry Visconde, presidente da Eurobike. As vendas, que crescem em ritmo acelerado, devem fechar este ano 65% maiores do que no ano passado. “O último quadrimestre de 2009 foi muito ruim, mas agora o mercado está aquecido”, esclarece. A força da marca em território brasileiro fez o país ultrapassar o México, tornando-se o maior importador da América Latina das cinco linhas Porsche: 911, Boxter, Cayman, Panamera e Cayenne. No primeiro trimestre, as vendas mais que dobraram, avançando 114% sobre o mesmo período de 2009 e atingindo o equivalente a 50% do mercado de carros de luxo do país. Para Marcel, essas conquistas significam a consagração das estratégias comerciais adotadas pela Stuttgart. E, mais uma vez, o desempenho foi impulsionadas pelo lançamento de novos modelos: Cayenne S Hybrid e novo Panamera. Híbrido e superveloz

Da dupla jornada à presidência

Atração no Salão Internacional do Automóvel realizado este ano em São Paulo, o Cayenne S Hybrid é o primeiro carro flex produzido em série pela Porsche. A versão 2011 é inovadora principalmente porque tem dois motores: um a combustão e outro elétrico, alimentado por uma bateria. Assim, está em sintonia com a sustentabilidade do planeta e de acordo com as regras que limitam a emissão de gás carbônico (CO²) na atmosfera. O preço está em torno de R$ 270 mil.

Com 41 anos, Marcel Visconde trabalha desde os 33 na importadora que comprou em 2002. No começo, ele dividia a rotina en-

O outro destaque, o Panamera V6, é um dos veículos mais exclusivos e desejados do mundo. Desde sua chegada às lojas,


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“O lançamento bem feito é meio caminho para o sucesso de comercialização de um veículo”


RAZÃO

em janeiro, revolucionou o mercado e já vendeu 130 unidades — número maior do que de todos os concorrentes juntos, segundo Marcel. Não é para menos, se considerarmos a velocidade máxima de 305 km/h, que chega de 0 a 100 km/h em apenas 3,9 segundos. O quatro portas mais rápido do mundo custa em torno de R$ 390 mil. Agressividade na medida “O lançamento bem feito é meio caminho para o sucesso de comercialização de um veículo”, acredita Marcel. Para isso, a Stuttgart desenvolve ações adequadas ao perfil dos seus clientes, que são convidados a conhecer os modelos. Sem medir esforços nem investimento, são realizados encontros que reúnem cerca de 1.500 pessoas. Este ano, o lançamento dos novos carros foi no Espaço Daslu, onde os detalhes das máquinas Porsche puderam ser conferidos de perto. A festa é a última fase de uma série de ações de marketing direto iniciada com pelo menos um ano de antecedência. “Enviamos mala-direta e material de divulgação produzido pela empresa na Alemanha”, conta o empresário. Para manter contato permanente é preciso dar asas à criatividade, oferecendo, por exemplo, objetos inusitados, como um pen drive em forma de chave ou um encarte para montagem do carro em várias cores. E quando o cliente chega, ele precisa ter variedade para escolher. “Entramos no mercado de modo agressivo, com um grande número de unidades”, diz. O mailing ativo da Stuttgart Sportcar inclui mais de três mil nomes, garimpados com muito cuidado pelo setor de marketing, que classifica e direciona a ação de acordo com cada um. “Procuramos trazer os clientes para perto, os estimulando a frequentarem as lojas”, explica. E tudo de uma forma discreta, sem massificação, porque as pessoas que gostam do Porsche detestam exageros.

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Caminhos da multiplicação Em oito anos, o quadro de pessoal da Stuttgart Sportcar se multiplicou de dez para 1.590 profissionais. Na capital paulista havia apenas um showroom e hoje são dois, além do centro técnico. O estado de São Paulo responde por 60% da comercialização da Porsche no país. A loja do Rio de Janeiro, inaugurada em 2005 para atender a demanda que já existia na capital carioca, representa 12%. Dois anos depois de chegar em Curitiba, a Stuttgart já conquistou um mercado comprador de 15% do total de suas vendas. Há um ano foi a vez de Porto Alegre integrar a lista de showrooms — e as vendas aos gaúchos representam 10%. Mercados tão diferentes entre si que mereceram atenção específica da empresa. Segundo o presidente, não existe um modus operandi padronizado, mas um trabalho feito com base na observação do comportamento de cada região.

Mas existem coisas que não podem ser modificadas. Quando Marcel adquiriu a empresa ela já se chamava Stuttgart, cidade da Alemanha onde os carros esportivos da Porsche são produzidos; os outros modelos são fabricados em Leipzig. Outra coisa que atravessa as décadas sem mudança é a tradição: a palavra Porsche, em qualquer lugar do mundo, significa qualidades como menor escala de produção, exclusividade, costumização, cores únicas e padrão de acabamento sem igual. E é claro, a garantia de segurança. Antes de sair da fábrica, por exemplo, o conversível tem o teto aberto e fechado seis mil vezes numa câmara climatizada, as janelas 40 mil vezes e as portas 100 mil vezes. Detalhes que não precisam ser contados aos clientes de altíssimo poder aquisitivo, como empresários e profissionais liberais, que têm prazer em investir até quase um milhão de reais numa máquina. O que importa mesmo é a certeza de possuir algo único, exclusivo. Muitos esperam até oito meses para receber um carro montado sob encomenda, que não terá igual em nenhum outro lugar do mundo.


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driver s watch

Nenhum outro relógio é desenvolvido exatamente como um Rolex. O Cosmograph Daytona, lançado em 1963, foi projetado para atender às necessidades dos pilotos de carros de corrida profissionais e rapidamente conquistou seu status de ícone. Com o seu mecanismo de cronógrafo patenteado e luneta com escala tacométrica, ele permite aos pilotos medir os tempos de volta dos circuitos e calcular a velocidade média. O Cosmograph Daytona é apresentado aqui em ouro Everose patenteado da Rolex.

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EMOÇÃO

BMW ART CAR COLLECTION (1975 – 2010) Joias de cores e design Por Eduardo Petta | Fotos Carol Da Riva

sua arte. A maquete foi levada à Munique, onde o especialista Walter Maurer transferiu com precisão a obra para o projeto.

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O primeiro carro de arte da coleção BMW data de 14 de junho de 1975. Mas é preciso voltar ao ano de 1973, para rastrear a ousada ideia do curador de arte e piloto francês Hervé Poulain. Apaixonado por velocidade, Poulain sonhou em adicionar “beleza artística às linhas de um objeto já perfeito, como um carro de corrida” — e pensou isso no meio da crise do petróleo, uma época em que o próprio automóvel era vítima de uma visão crítica da sociedade. Poulain desejava pintar o seu carro para a próxima corrida de Le Mans e pediu a ajuda de um amigo, o norte-americano Alexander Calder, um dos escultores mais importantes do seu tempo. Àquela época, Calder já era um mestre da arte em movimento, com suas esculturas em forma de móbile, que ultrapassavam a inércia do objeto, e aceitou o desafio. O que faltava era um carro de corrida adequado para tanto. Foi então que o ferrarista Jean Todt, na época colega de rali de Poulain, deu a dica ao piloto francês: conversar com o chefe da BMW Motorsport, Jochen Neerpasch, outro entusiasta da arte. Neerpasch curtiu o projeto e deu a Poulain luz verde. Poulain adquiriu um modelo de brinquedo de um coupé de corrida da BMW, o 3.0 CSL, e o enviou a Calder. Diante da maquete, o escultor espalhou as cores primárias — vermelho, amarelo e azul — em generosas doses na carroceria e depois trabalhou-as, compondo a

O carro não foi um sucesso de corrida, mas em maio de 1975 já ilustrava o teto de uma exposição no Louvre, em Paris. Foi uma das últimas obras de arte de Calder; ele faleceu em 1976. E o veículo tornou-se a pedra fundamental de uma coleção que ele nem imaginava que poderia prosperar. Mas assim foi. Um ano depois, em 1976, foi a vez do nova-iorquino Frank Stella, outro apaixonado por carros, preencher um BMW com seus padrões digitais matemáticos. Stella foi seguido por uma série de artistas pop: Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Robert Rauschenberg. E com exceção da BMW de Rauschenberg, todas estas máquinas participaram da tradicional 24 Horas de Le Mans. Andy Warhol foi o primeiro a pintar pessoalmente um BMW Art Car. “Mande-me as passagens aéreas que irei a Munique pintá-lo pessoalmente”, disse Warhol, que levou exatos 28 minutos vorazes, no ano de 1979, para cobrir o carro com a energia de suas pinceladas. “Eu tentei representar uma experiência real da velocidade. Se um carro é rápido de verdade, todos os seus contornos e cores ficarão borrados na pista”, disse Warhol, que ficou apaixonado pelo carro. “Ele verificou-se ainda melhor do que a minha obra de arte.” Na década de 1980, a colecção buscou inovar, trazendo ar-


Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Alexander Calder, Frank Stella, Roy Liechtenstein, Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Ken Done, A.R. Penk, Sandro Chia, David Hockney e Jeff Koons

Ao longo destes 35 anos, os BMW Art Cars foram admiradas em vários museus e galerias de todo o mundo: no Louvre, em Paris, no Palazzo Grassi, em Veneza, no Museu Powerhouse, em Sydney, e no Guggenheim, em Nova York e Bilbao, para citar apenas alguns. Ditando tendências culturais, juntos, os Art Cars formam um espelho da cultura contemporânea, tão exemplar quanto única. Até junho de 2011, quem for ao moderno BMW Museum, na espetacular cidade de Munique, terá a chance de ver pela primeira vez na história toda essa coleção reunida. Arte tridimensional, ao vivo, a centímetros da íris. Só não é permitido tocá-los. Afinal, essa honraria coube, e caberá, apenas a alguns dos maiores mestres da arte contemporânea mundial.

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No século 20, apenas mais dois artistas tiveram um BMW em suas mãos. Intitulada Your mobile expectations (Suas expectativas de mobilidade), o projeto BMW H2R do dinamarquês Olafur Eliasson estreou no San Francisco Museum of Modern Art em 2007. Em sua arte, Eliasson removeu o escudo exterior da BMW H2R e substituiu-o com uma pele translúcida construído a partir de malha de aço, painéis de aço reflexivos e muitas camadas de gelo.

Em 2010, o 17º BMW Art Car ganhou vida. O premiado foi o mesmo autor de Puppy do Guggenhein de Bilbao, do coelho de plástico espelhado Brancusi, do chipanzé de chicletes de porcelana e da escultura de ouro de Michael Jackson, o norteamericano de York, na Pensilvânia, Jeff Koons. Orgulhoso de dar segmento a uma história que nasceu com Calder e cruzou caminho com os mitos da arte pop, Koons desenhou com cores explosivas, na linha comics, o BMW M3 GT2. Numa homenagem da BMW à Andy Warhol, o carro alinhou para a lendária prova das 24 Horas de Le Mans em 2010 com o número 79 no capô, o ano em que o maior ícone da cultura pop pintou o seu Art Car.

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tistas de outras nacionalidades e estilos, como o austríaco Ernst Fuchs, os australianos Michael Jagamara Nelson e Ken Done, o japonês Matazo Kayama, o espanhol César Manrique e a sulafricana Esther Mahlangu, que trouxeram suas memórias de vida para os carros. Na década de 1990, o alemão A.R. Penck pintou sua arte tribal num BMW Z1 vermelho, o italiano Sandro Chia imaginou um espelho na superfície de um protótipo e o britânico David Hockey trouxe à tona o interior de um BMW 850 Csi, onde até Stanley, o seu pequeno cão da raça dachshund, foi imortalizado na obra. Ao fechar das cortinas do século 20, em 1999, Jenny Holzer, uma das maiores artistas e críticas contemporâneas, desenhou frases conceituais de impacto sobre sexo, velocidade e truísmos nas incríveis linhas brancas de um arrojado BMW V12 LMR. “What urge will save us now that sex won’t?” ( Qual desejo irá nos salvar agora que o sexo não salvaria?) — imprime Holzer, no local do cockpit onde estaria a mente do piloto.


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Alexander Calder, 1975

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BMW Art Car 3.0 CSL motor 6 cilindros em linha 3.210 cc de capacidade cĂşbica 430 hp 270 km/h de velocidade mĂĄxima


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BMW Art Car 3.0 CSL motor 6 cilindros em linha turbo 3.210 cc de capacidade cúbica 750 hp 341 km/h de velocidade máxima “Precisão!” Frank Stella


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Frank Stella, 1976


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“O céu, o sol brilhando. Linhas que seguem. Continuação de paisagens. Experiências da estrada.” Roy Lichtenstein

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BMW Art Car 320 Group 5 motor de 4 cilindros em linha 2.000 cc de capacidade cúbica 300 hp 290 km/h de velocidade máxima

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Roy Lichtenstein, 1977


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Andy Warhol, 1979

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BMW Art Car M1 Group 4 motor de 6 cilindros em linha 3.498 cc de capacidade cúbica 470 hp 310 km/h de velocidade máxima “Eu amo esse carro. Ele é ainda melhor do que a arte.”

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Andy Warhol


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Robert Rauschenberg, 1986 BMW Art Car 635 CSi motor de 6 cilindros em linha 3.430 cc de capacidade cúbica 185 hp 213 km/h de velocidade máxima “Dar o primeiro passo foi extremamente difícil. Foi como estar sozinho no quarto com uma virgem divina.”

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Robert Rauschenberg


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Ken Done, 1989 BMW Art Car M3 Group A Race Version motor de 4 cilindros em linha 2.332 cc de capacidade cúbica 300 hp 280 km/h de velocidade máxima “Papagaios da minha infância. No movimento das cores, nunca há inércia.”

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Ken Done


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A.R. Penk, 1991 BMW Art Car Z1 motor de 6 cilindros em linha 2.494 cc de capacidade cúbica 170 hp 225 km/h de velocidade máxima “Arte na arte. Símbolos da natureza no símbolo máximo da cultura ocidental.”

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A.R. Penk


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Sandro Chia, 1992 BMW 3-Series Racing Touring Car Prototype

“Você pode enxergar o carro e a si próprio refletido na superfície. Espelho e encontro de

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belezas.” Sandro Chia


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BMW Art Car 850 CSi motor V12 5.576 cc de capacidade cúbica 372 hp 248 km/h de velocidade máxima “O tudo de dentro para fora.”

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David Hockney


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David Hockney, 1995


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Jeff Koons, 2010 BMW Art Car M3 GT2 motor V8 3.999 cc de capacidade cúbica 500 hp 300 km/h de velocidade máxima “Carros de corrida são como a vida: uma explosão de energia.”

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Jeff Koons


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EMOÇÃO A MILHARES DE GIROS

Escola de Formação de Pilotos da Eurobike Volvo reúne amantes do automobilismo em Porto Alegre

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Por Bianca Bassani | Fotos Marcelo Curia Adrenalina, diversão e aprendizado. São essas três palavras que motivam alguém a participar de um curso de pilotagem. Pelo menos foi o que os alunos e instrutores da Escola de Formação de Pilotos da Eurobike Volvo relataram em seu último evento, que aconteceu no dias 27 e 28 de novembro. Em dois dias de aulas realizadas no autódromo de Tarumã, o grupo formado por clientes Eurobike e amigos de todo o Brasil buscou desenvolver suas habilidades


Marcelo Casagrande, empresário do ramo de telecomunicações em Porto Alegre, conhece bem a qualidade da escola de pilotagem. Isso

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A escola de pilotagem da Eurobike surgiu no ano passado, mas foi neste ano que tomou ares mais concretos, com cronograma planejado e cursos mais frequentes. De acordo com o gestor comercial da Eurobike de Porto Alegre, Fábio Bernardes, em 2010 o curso formou cem pilotos, em capacitações dividas por quatro níveis. “Não existe nenhuma escola de pilotagem com a estrutura como a da Eurobike no Brasil”, pontua ele.

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na direção, fugir do stress do dia-a-dia, e, é claro, experimentar um pouco da adrenalina de pilotar um carro de corrida.


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porque já está em seu quarto curso e não pretende parar por aí. “É uma fonte para desestressar e testar os próprios limites”, explica ele. Os amigos de Juiz de Fora, Ângelo Navarro e José Cláudio Braga, ambos empresários, compartilham da mesma opinião de Casagrande. Em seu primeiro curso de pilotagem, os mineiros atestaram que disciplina, autocontrole e equilíbrio são essenciais na direção. Mesmo com a técnica aprendida, nos momentos que antecedem a entrada no carro o nervosismo e a ansiedade são quase inevitáveis. E é aí que entra a experiência dos instrutores Airton Dinel, Ricardo Landi, Carlinhos de Andrade e o filho Tiel de Andrade. Carlinhos convive com o mundo automobilístico desde 1975 e é um dos professores mais experientes. Ele explica que o grande desafio de pilotar é controlar a emoção, de modo que ela não ultrapasse a concentração do piloto e os princípios de segurança do carro. O tempo todo Carlinhos é questionado pelos alunos

sobre as atitudes corretas na pista. Com calma e segurança, ele passa a técnica desenvolvida ao longo dos anos de experiência aos ainda inexperientes pilotos. No curso, os alunos têm a oportunidade de pilotar um Volvo C30, do mesmo modelo que participa de competições de corrida oficiais. Durante as aulas, uma regulagem é feita para que ele chegue até os 150 km/h, mas a velocidade do carro pode atingir os 260 km/h. Ao final da capacitação, eles são submetidos a uma avaliação prática, onde é verificado se o aluno está ou não apto a obter uma chancela para ter sua carteira de piloto junto à federação. Para o próximo ano, Fábio Bernardes projeta um crescimento significativo para o curso, devido à mudança de local, para o Velopark, em Nova Santa Rita, e à abertura de novas modalidades, como o Racing for Family, onde todos os membros da família vão se unir pelo amor ao automobilismo.


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ASAS DA MEMÓRIA Eurobike leva seus clientes para um passeio no belo Museu TAM, em São Carlos, SP, no 1º Eurobike Air Trip

Por Patrícia Cornils | Fotos Kriz Knack

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Tudo começou com um avião abandonado no meio de um capinzal, um Cessna 195 B. Era 1981, João Francisco Amaro administrava a ORA-Táxi Aéreo, em Cuiabá, e todos os dias via o monomotor, com a porta aberta balançando ao vento, a se acabar. “Era uma situação indigna para um avião tão bonito e charmoso”, escreve ele. Convenceu o administrador do aeroporto a leiloar o avião e decidiu reformá-lo. Foi o primeiro de um acervo que hoje tem 72 aviões restaurados, dos quais cerca de 40% estão em condições de voo, no Museu TAM.


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Ouvir a história dessas aeronaves — e observálas no museu — é quase como voar. Está lá um Neiva L 42 Regente, da empresa brasileira Neiva, que voou pela primeira vez em 1967 e foi o primeiro avião fabricado em série no Brasil. A Indústria Aeronáutica Neiva, comprada pela Embraer em 2006, foi a primeira empresa no mundo a fabricar um avião movido a etanol, em 2005.

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Está lá também o primeiro avião projetado por uma mulher, Cassel de Hibs, e vendido em forma de kit por iniciativa de outra, Lilian Holden. O American Flea Ship é uma aeronave minúscula, voou pela primeira vez em 1935, pesa 188 quilos, tem um comprimento de 4,9 metros e uma envergadura de 7 metros. Também está lá o mais antigo avião em condições de voo que há no Brasil, um Curtiss-Robin C2 fabricado em 1928. O Museu TAM foi inaugurado em 2006, dez anos depois de os irmãos João Francisco e Rolim Amaro começarem a comprar e restaurar aviões, simplesmente por paixão. Na época, tinha cerca de trinta modelos restaurados. Em

2008, foi fechado ao público e passou por uma reforma em que teve sua área ampliada de 9,5 mil metros quadrados para os atuais 22 mil. O acervo foi ampliado e deve continuar crescendo nos próximos anos. Isso porque há, no pátio em frente a um dos hangares do museu, vinte modelos que ainda vão passar por restauração. Muitos desses aviões não têm mais projetos ou plantas. Há um Focke Wulf Stieglitz, bombardeio da Segunda Guerra Mundial, cujos manuais só existem na Inglaterra, no Museu Aeronáutico de Shuttleworth. Há aeronaves que demoram quatro anos até serem pacientemente restauradas. É o caso do Miles M.2H Hawk, da década de 1930. Existem apenas seis aeronaves desse modelo no mundo e a que está em São Carlos é a única ainda capaz de voar. Algumas aeronaves vieram para o museu voando, como o Supermarine Spitfire Mk IX, caça britânico que era o único, na Segunda Guerra, capaz de superar os caças alemães. Outras chegaram desmontadas, como o Lockheed L-049 Constellation que, depois de ficar abandonado por 34 anos no Paraguai, viajou para o Brasil desmontado e em seis carretas.


Na página da esquerda, réplica do 14 Bis de Santos Dumont Abaixo, o monoplano São Paulo e o caça a jato Goster Meteor, o primeiro jato da FAB

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Hoje cerca de dez pessoas trabalham na oficina, que faz parte do complexo do museu. Há uma sessão de dioramas, onde se pode ver uma do Cessna 140 que em 1960 pousou na floresta amazônica boliviana com o piloto Milton Terra Verdi e seu cunhado, Antonio Augusto Gonçalves. Eles ficaram à espera do socorro, que chegou quatro meses depois. Verdi sobreviveu setenta dias e escreveu um diário, que se tornou um livro: Diário da morte – a tragédia

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Para preparar as aeronaves a serem expostas a partir da segunda inauguração do museu, em junho, 23 pessoas, entre mecânicos, pintores, chapeadores e estagiários de escolas de aviação, trabalharam na oficina do museu. O responsável pela oficina, José Hass de Azevedo Jr., é outro aficcionado por aeronaves. Aprendeu com o pai, que há trinta anos tem uma oficina de reparo e manutenção de aviões em Americana. “Meu pai era piloto, brevetou e voou a vida inteira”, ele conta. “Quando eu ainda era criança, abriu a oficina. Aprendi lá”, diz ele, que antes de trabalhar no museu passou quinze anos em empresas de construção e reconstrução de aeronaves.


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do Cessna 140, de Walter Dias. A aeronave foi recuperada em 2000.

Nesta página, no alto, à esquerda, o Cessna 140 da aviadora brasileira Ada Rogato, repleto de mensagens escritas deixadas por pessoas por onde ela passou; à direita, o caça britânico Supermarine Spitfire. No centro, à esquerda, o Gloster Meteor; à direita, o Jahu, hidroavião brasileiro que atravessou o Atlântico Acima, o P47 Thunderbolt da FAB

Museu TAM. Rodovia SP 318, km 249,5, São Carlos, tel.: (16) 3306-2020. Quarta a domingo, 10h às 16h (a bilheteria fecha uma hora antes). R$ 25,00. Grátis para crianças de até 6 anos e pessoas com mais de 60. Estacionamento grátis. www.museutam.com.br

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Na página da esquerda, o motor do Cessna 195B

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O Museu TAM conta com um auditório para palestras, conferências e eventos culturais, uma área para receber os visitantes, lanchonete, uma área de turbinas (onde se explica o funcionamento dos equipamentos que impulsionam os grandes jatos), espaço moda (que mostra a evolução dos uniformes de companhias aéreas do mundo todo) e o espaço Rolim (que conta a história e a trajetória da TAM e de seu fundador, o comandante Rolim Amaro).


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Air Trippers Clientes Eurobike partiram de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto com seus carros e motos rumo a São Carlos, para o tour pelo Museu da TAM. Após a visita todos se reuniram para um almoço no Dahma Golf Clube

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1 Aledson Alves Pereira e familia, 2 Ricardo Castanhari, seus filhos e Paulo Roberto de Carvalho, da Eurobike, 3 Luiz Carlos de Mello e Edilaine Martins de Mello, 4 José Teixeira de Mello e Tereza Lucas Teixeira de Mello, 5 José Luiz Johnson e familia, 6 Valdir Fedrizzi e Ana Rosa Corrente

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500 KM

DE INTERLAGOS

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Fotos Kriz Knack


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Os 500 Km de Interlagos, 53 anos de história: uma das mais tradicionais provas de longa duração do automobilismo nacional


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Carros de rua preparados, protótipos e superesportivos em suas versões de competição. A variedade de modelos torna o campeonato de Endurance bonito de se ver


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Carro e piloto não são os únicos fatores importantes. Uma parada nos boxes consome segundos essenciais durante a prova. Nesse momento, uma equipe rápida é tudo


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1957: 3h46m37,2s 2010: 3h15m31s Mais tecnol贸gica, mais segura e mais r谩pida a cada ano


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extrair beleza de dentro da terra, do grama de ouro Ă imensidĂŁo do deserto

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Por Heloisa Vasconcellos | Fotos Lalo de Almeida

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Cinco dias de intensa convivência com o deserto mais seco e mais alto do planeta, com o onipresente vulcão Licancabur ao fundo, Atacama é uma experiência sensorial


PRAZER Acima: vulcão Licancabur visto do bar do hotel Tierra Atacama Página da direita: hotel Tierra Atacama refletido nas águas da

O destino é Calama, Chile, a partir de Santiago; de lá para San Pedro de Atacama, a uma hora de carro, com hospedagem no Tierra Atacama — um charmoso e inusitado hotel spa.

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piscina externa

Visitar o deserto de Atacama é uma experiência quase obrigatória: tudo é tão intenso, vibrante e surpreendente que não se pode chamar de turismo convencional. Todo mundo deveria ir ao menos uma vez. Localizado no norte do Chile, entre o oceano Pacífico e a cordilheira dos Andes, o deserto reúne exuberantes e diferentes características geológicas como lagoas salgadas, cordilheira de sal, vulcões, gêiseres, salares, dunas de areia e lagoas altiplânicas. Entre outras vilas pré-cordilheiranas, abriga a pequena San Pedro de Atacama, a 2.438 m de altitude, onde todas as construções são feitas de adobe — tipo de barro que mantém a temperatura estável tanto no frio (e faz muito frio) como no calor (que também pode ser muito intenso). Vale da Morte: não se sabe ao certo se o nome se deve à escassez de vida — flora e fauna — no local, aos antigos aventureiros que de lá não voltaram ou aos costumes dos povos


Depois de atravessar os cânions, chegar nas termas de Puritana:

Curioso é que, quanto maior a altitude em que se encontra o poço, maior a temperatura da água (que chega a 30ºC). À medida que os poços se localizam em áreas mais baixas, a temperatura cai — cerca de um grau a cada poço. Os hotéis mais luxuosos estão perto do poço mais quentinho... Fundamental: mergulho e

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são águas termais que descem da cordilheira dos Andes de forma subterrânea e desembocam em oito poços naturais, em um declive repleto de vegetação.

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atacamenhos de levar seus doentes terminais ao vale para lá esperarem a morte. O fato é que escavações arqueológicas já encontraram muitas múmias na região, hoje expostas no Museu de San Pedro. Mas o que importa mesmo é que esse vale, com dois quilômetros de extensão, que faz parte da cordilheira do Sal, é de uma intrigante beleza. Imperdível o passeio por entre os estreitos cânions esculpidos pelo vento por milhares de anos.


PRAZER

piquenique com um bom vinho. Cavalgar no vale da Lua: grandes dunas de areia com vista para o vale todo rendado de branco e marrom, resultado da mistura entre sal e terra, que remete à paisagem lunar. Faz parte da Reserva Nacional Los Flamencos e também pertence à cordilheira do Sal. Os peludos cavalos atacamenhos “adoram” as dunas; ao avistálas, saem em disparada, o que torna o passeio bem divertido. O melhor é que os guias permitem o galope, o que é raro em passeios turísticos. No fim da tarde, a hora mais bonita, além das cores intensas, o pôr-do-sol produz sombras belíssimas. O deserto tem essa característica, a mudança de cor ao longo do dia. As diferentes inclinações da luz do sol refletem de diferentes formas a grande variedade de minerais. Passeio de bike até a laguna Cejar: a partir do hotel, uma hora e meia pedalando sob o sol gostoso de inverno. Céu azul de doer a vista; raramente chove, vez ou outra no verão. Chegando lá, surpresa... uma mesa posta com uvas, frutas secas, vinho e muito charme. É o luxo no deserto. Cejar é uma lagoa com alta concentração de sal, por isso, ao nadar nela, é impossível afundar. À noite, sim, afundar na piscina quente do hotel e depois uma massagem. Afinal, estamos em um spa!

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Para quem não teme o frio, um observatório com telescópio, no meio do nada e ao ar livre, mostra o céu mais bonito do mundo. Mas é preciso coragem: a temperatura oscila entre zero e cinco graus negativos. Imprescindível acordar um dia às 4h30 da manhã para ver os gêiseres: impressionante manifestação geológica de vulcanismo que nos faz lembrar que a Terra é um organismo vivo. A água subterrânea que se encontra nas fissuras, cavidades e lençóis freáticos, em contato com rochas e lava vulcânica de elevada temperatura, vai aquecendo gradualmente. A elevada pressão faz aumentar seu ponto de ebulição e, quando a temperatura da água atinge um ponto crítico, entra rapidamente em ebulição subindo de forma violenta, em forma de jatos que podem atingir cerca de dez metros de altura e temperaturas de 70 a 100°C. Um espetáculo. É preciso chegar antes do sol, pois assim que os primeiros raios começam a esquentar o ambiente, a “fumaça” — resultado do contato com o ar frio da manhã — deixa de ser visível. A temperatura antes do sol nascer, em julho, fica em torno de 16ºC negativos. Ao nascer do sol, os guias preparam ali mesmo o café da manhã com chocolate quente, cuja garrafa é aquecida no próprio gêiser, tal qual uma boca de fogareiro, chás, inclusive de coca, pães e salmão. Para os mais experientes em altitude e preparo físico, há vários vulcões nessa área que podem ser explorados.


Em baixo: Nina fotografa no Vale da Morte Acima: Nina, Vera e amigos nadam em uma das piscinas naturais das termas de Puritana

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No centro: Nina e a amiga Manuela descem correndo as dunas do Vale da Morte

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Pรกgina da esquerda, no alto: montanhas da cordilheira de Sal


PRAZER Acima: cavalgada pelas dunas da cordilheira de Sal À direita, no alto: Nadia pedala pelas ruas de areia de San Pedro de Atacama

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Abaixo: aperitivo servido nas termas de Puritana pelos guias do Tierra Atacama


No pueblo se vendem excelentes mantas de alpaca, agasalhos, tecidos para decoração — tudo 100% natural. Happy hour no hotel: pisco sour e empanadas com cineminha

Lagunas altiplânicas: a 4.600 m, são lagoas formadas pela erupção de um vulcão há milhares de anos. O contraste da vegetação amarelada com o azul intenso das lagoas é incrível. A trilha é muito bem demarcada porque corta a Reserva Nacional Los Flamencos, de ecossistema extremamente delicado. Essa área é rota de aves migratórias, que fazem parada nas lagunas, principalmente os flamingos.

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Programa descolado: tomar um vinho ao redor da fogueira no pátio de um dos restaurantes de San Pedro. Eles não têm telhado porque não precisam! A comida não é lá essas coisas, mas o ritual compensa.

— o Licancabur vai se apagando de baixo pra cima. Totalmente vermelho com o sol mais alto, vai perdendo a cor à medida que os raios deixam de incidir na base. Dá pra querer mais alguma coisa?

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Em uma tarde, um passeio de bike a San Pedro de Atacama, monocromático em terracota.


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PRAZER


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Página anterior: vicuñas caminham pelas margens cobertas de sal da Laguna Miñiques, a mais de 4 mil metros de altitude Acima: turistas posam para foto nos Geisers del Taito

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Página da direita: pôr-do-sol no Salar de Atacama


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É um deserto realmente vibrante. São três vulcões ativos, terremotos frequentes — aos quais ninguém dá importância, tal a harmonia geológica —, cenários que mudam de cor, vapores saindo das entranhas da terra, tempestades de areia: tudo em movimento. Parece a terra se formando. Só faltaram os dinossauros!


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Joalheria de raiz brasileira O que uma música tem a ver com um anel? Colar combina com cocar? Um brinco pode interpretar um movimento de dança? E uma cadeira inspira uma pulseira?

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Por Simone Fonseca | Fotos Arquivo H. Stern


Hans Stern, e atual presidente da empresa, quando assumiu o negócio do pai, nos anos 1990; decidiu fazer o que sempre quis: uma joalheria de design que traduzisse de forma contemporânea os conteúdos e movimentos das artes, arquitetura, moda e cultura. Nesse repertório conceitual, as expressões brasileiras foram ganhando cada vez mais força, por sua criatividade e originalidade. Caso dos irmãos Fernando e Humberto Campana, designers de móveis e objetos que foram escolhidos justamente pelo caráter inovador pelo qual utilizam materiais simples para criar suas obras. “A ideia foi interpretar em joias a simplicidade criativa dos Campana. Assim, nasceram peças que reproduzem a forma do papelão, das antigas portas pantográficas de aço e até dos ralos de banheiro”, conta Christian Hallot, embaixador da HStern. As joias da coleção foram criadas em parceria com os designers e projetadas à exaustão por uma equipe de ourives.

Um ano e meio e 65 joias de design A história de ter o Brasil como fonte para suas criações começou a crescer para Roberto Stern, filho do fundador da joalheria,

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Das tradições indígenas, a HStern passou para a música e criou em parceria com compositor baiano Carlinhos Brown a coleção Miscigens, com quatro linhas de joias. Para batizá-las, o músico escolheu nomes de suas canções — Latinha, Aruanda, Magano e Indiado. As peças tinham design inovador, como exemplo, um anel articulado, que envolve quase todo o indicador, mas sem comprometer o movimento do dedo e da mão. Justamente por isso, é perfeito para percussionistas usarem durante suas apresentações.

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Em uma viagem para o Alto Xingu, no início dos anos 1990, Roberto Stern se encantou com a estética indígena expressa nas pinturas corporais e nos objetos. Fascinado com os colares de sementes para atrair boa fortuna, os sons dos chocalhos, a beleza dos cocares e as crenças nos botoques — esferas de madeiras que os índios usam nas orelhas para ampliar percepções —, foi transformando suas experiências em inspirações. E, de volta ao trabalho, reuniu sua equipe de designers e, juntos, criaram os esboços da Purãngaw (beleza, em tupi-guarani), a primeira coleção de joias da HStern criada a partir de um elemento da cultura brasileira. Dividida em três linhas mestras: Espíritos do Ar, do Céu e da Terra, as joias reproduziam os chocalhos e folhas em ouro, traziam botoques de diamantes e pendentes de paude-chuva. Foi uma inovação na história da joalheria brasileira, até então voltada principalmente para as referências do outro lado do Atlântico.

“Muitas vezes, a primeira joia de uma nova coleção leva meses a ser desenvolvida, devido às dificuldades técnicas encontradas pelos artesãos para interpretar o desenho concebido pelos criadores. Como fazer os furinhos de um ralo em um pequeno brinco de ouro? Como tornar uma peça grande leve e confortável para quem usa? Estas são respostas que os artesãos joalheiros vão descobrindo ao longo do processo, sempre sob a supervisão dos criadores, até que se chegue à joia ideal”, conta Hallot.


PRAZER No caso dos irmãos Campana a empreitada durou um ano e meio, mas a espera deu belos frutos: uma coleção de 65 peças, incluindo um colar de cordas de ouro branco com 2.538 diamantes incrustados e uma estola com 80 mil fios de ouro finíssimos, cada um com 6 centímetros de comprimento. Se todos fossem emendados, a extensão seria de cinco quilômetros. Além dessas peças únicas e icônicas, a base do resto da coleção foi o mobiliário da dupla. Brincos e colares inspirados em suas luminárias ganharam microlâmpadas internas, os ralos que compõem a famosa mesa dos designers foram miniaturizados e se transformaram em pulseiras e anéis. O movimento das joias Quando chegou a notícia de que o próximo tema de coleção seria o Grupo Corpo, os designers da HStern reuniram fotos e vídeos, foram assistir aos espetáculos e entrevistaram coreógrafos e bailarinos. A intenção era entender o espírito da dança, mergulhar nas nuances dos movimentos, nas formas e contornos dos corpos. Após meses de traços e desenhos, chegaram a um conjunto de 63 peças divididas em dez linhas. Cada uma com o nome de um dos espetáculos da companhia, como Pas de Deux, Ongotô e Nazareth. São joias formadas por finíssimas lâminas de ouro com acabamentos acetinados que remetem à textura da pele humana.

“As joias da coleção Grupo Corpo têm, a meu ver, um desenho extremamente contemporâneo. Para mim, a obra não se encerra em si mesma: é sempre alguma coisa apontando para outra. Não é óbvia. É preciso que se olhe várias vezes para que ela seja percebida em todos os seus detalhes e nuances. E, para mim, esta coleção exige este olhar,” afima Paulo Pederneiras, fundador do Grupo Corpo.

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Considerado um dos melhores grupos de dança contemporânea internacional, o Corpo nasceu em Belo Horizonte, em 1975, e mostra o valor e riqueza da dança contemporânea, com raízes brasileiríssimas. E ao olharmos para um brinco ou anel que nasceram inspirados em suas coreografias, podemos responder que, sim, um brinco pode muito bem ser capaz de interpretar um movimento de dança.


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DEVANEIO

SÃO PAULO CIDADE LUZ! Enquanto a cidade se espalha pelo vale do Tietê, o espigão da Paulista se impõe como referência a todos que chegam. Torres, antenas, prédios: São Paulo também é para ser vista do alto. Em plena marginal, o skyline urbano desenha-se no espaço, nosso carro desliza tranquilo em meio ao fluxo semiordenado. Cidade vazia, São Paulo, feriado

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Por Carol Ribeiro | Fotos Guto Carvalho


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DEVANEIO Marginal do rio Pinheiros vista da varanda do Shopping Cidade Jardim. Na página anterior, o artísta Rafael Gentile faz um “rolê” de luz na noite pau-

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listana

Seguindo pelas alamedas, vemos que o verde persiste na zona Oeste, Alto de Pinheiros, Boaçava, Morumbi, Pacaembu. Aqui existe uma cidade arborizada, com vegetação pujante, onde dezenas de espécies de aves, resquícios da Mata Atlântica, convivem tranquilamente. O verde se espalha: ao lado dos prédios, no meio do shopping, São Paulo tem necessidade de plantas... arquitetura e paisagismo. Nada disso nos detêm, seguimos para a Paulista. A cidade surpreende, parece que o mundo inteiro veio morar aqui, tamanha diversidade que se vê pelas ruas. O choque da chegada, o trânsito, a marginal, de repente tudo se dissolve nas luzes dos edifícios, de onde o deus Hipnos nos observa. As opções por aqui vão muito além do imaginário. Escolhemos um hotel único. A suíte ampla, confortável e requintada abre suas janelas para a metrópole, coberturas, heliportos, vista para os Jardins. Tudo perfeito nos detalhes.


Paulista esquina com a rua Augusta, sentido centro, passando por um pedaço mais underground da cidade. Ali a programação de cinema sempre trará opções com garantia de bons filmes e projeções em salas de arte. Seguindo para o centro, casas noturnas badaladas mostram que a cidade não para de se renovar e quanto mais diversidade, melhor. No chamado “Baixo Augusta”, inovação e criatividade expandem-se. São Paulo e seu lado alternativo.

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Você pode discordar de mim, mas São Paulo é uma cidade de interior. Plantada às margens das nascentes do planalto, a cidade se desenvolveu aos poucos, até que desandou, e correndo alcançou espaço de cinco estrelas no cenário internacional. Os paulistanos, da clara e da gema, imigrantes, transeuntes, turistas, pedestres... por aqui todos são bem-vindos.

Estamos na mais paulista das avenidas. Sua geometria plana abriga eventos de ponta a ponta em inúmeros prédios de diversificada arquitetura. Do Paraíso até a Consolação passamos pela Casa das Rosas, Itaú Cultural, Fiesp, Masp, Trianon, até chegar ao Conjunto Nacional, uma galeria que abriga a Livraria Cultura — a maior casa de livros da América Latina. Boa pedida para comprar um livro ou simplesmente tomar um café expresso.

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De uns tempos pra cá a cidade se acostumou com turistas todos os dias do ano, de todo canto do mundo. O espaço, antes ocupado pelos empresários que frequentavam as feiras e salões, se multiplicou para o turismo de lazer; muita gente em busca da diversidade cultural que São Paulo oferece. Museus, shows, teatros, restaurantes. Na região da avenida Paulista, não raro se encontram grupos de estrangeiros divertindo-se pelas calçadas largas e convidativas. O tratamento ao hóspede tem se destacado nos hotéis, que oferecem conforto e hospitalidade.


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Oscar Freira e suas vitrines, passeio obrigat贸rio no entardecer da cidade


Seria necessário viver cem anos para conhecer esta cidade, São Paulo tem espaço para tudo e para todos, sempre haverá uma opção para quem quer ter mais opções. Entre amigos, sozinho ou acompanhado, a cidade nos reserva boas surpresas a todo instante. Mas não se iluda, a cidade que se oferece aprendeu a se valorizar, tudo tem seu preço. Pouco espaço para o improviso. Fazemos a reserva antecipada para não perder a viagem, não custa nada ligar antes e confirmar os detalhes.

Por aqui encontra-se de tudo, da badalada chef Helena Rizzo, à frente do Maní, à personalidade e sobriedade do Fasano, passando pela delicadeza do Carlota e pela tradição do Dom Curro. Cozinha chinesa, japonesa, coreana, muçulmana, libanesa, portuguesa. Também podemos sair em busca de lugares alternativos, segredos escondidos, desde a nona que ainda serve o supremo tortei de zucca com molho leve de tomates até um cuscus marroquino divino, servido no fundo de um corredor escuro. São Paulo é uma revelação. Surpreenda-se e, se afinal de contas, tudo acabar em pizza, não haverá problema, por aqui consomemse as melhores pizzas do mundo. (Bem, há controvérsias e um amigo nova-iorquino não aceita isso de maneira alguma...) Pela manhã, passear pelo centro, nosso destino é a Pinacoteca do Estado. O antigo Liceu de Artes e Ofícios cedeu espaço para um amplo e arejado museu, onde a luz natural dialoga com cerca de 8 mil obras, nas mais diversas técnicas e de diferentes autores. Com 105 anos de idade, a Pinacoteca é responsá-

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No fim da tarde a cidade se movimenta mais rápido, muita gente na rua, carros, é um bom momento para ficar na contra-mão, relentar, se aquietar e comer um quitute na Doceria Dulca, sentar na calçada, observando o bonito ir e vir das pessoas e o movimento infinito do metrópole. O sol forte já perdeu sua intensidade, uma brisa fresca convida para um happy hour.

Antes que a noite comece, nada melhor que uma sauna e uma massagem, regalo para os pés cansados. Uma pausa será sempre revigorante, servirá para recompor nosso organismo e despertar o apetite. Renovados, poderemos esticar a balada pela madrugada ou simplesmente relaxar num jantar romântico.

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Seguimos sentido inverso, Jardins, rumo oeste, em busca da luz do sol. Aqui a cidade tem estilo, São Paulo é pólo de moda e design. Marcas famosas tem mais de um endereço, fazendo da cidade um atrativo para quem quer renovar o guarda-roupa ou decorar a casa. Bom motivo para uma caminhada pela Oscar Freire e sua deliciosa sequência de vitrines famosas. As boas grifes, uma após outra, lado a lado. Hora de vagar...


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Saudades do interior, vontade de sentar ao pé de uma árvore frondosa, sentir a brisa fresca que sai de suas folhas, relaxar e almoçar, que ninguém é de ferro, já tivemos muita arte para uma manhã de sábado... Bem, se o assunto é comida, melhor

Pausa para a siesta... descansar é importante. São Paulo é um intenso exercício de futuro. O futuro será urbano e aqui se ensaia o convívio entre o espaço construído e o espaço natural. Metrópole madura, diferente de outras cidades grandes por aí, coisa que se percebe, seja na lida com o tráfego intenso ou no respeito aos ciclistas, que já começam a ganhar as ruas. Devagar. Uma parada rápida no Empório Santa Maria para abastecer nossa cozinha. Depois de comprar itens essenciais, daqueles que deixam a vida mais saborosa: vinhos, queijos importados e massas exclusivas, tomamos sorvete e café, para complementar a tarde e afastar o sono. De repente já estamos de novo no ritmo da cidade, marginal, pontes, estradas, viadutos. Não há saídas. Pelo teto solar aberto entram vento, nuvens e sensação de liberdade, até que surge a silhueta neoclássica do Shopping Cidade

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Da lá partimos para Vila Olímpia, zona Sul, o carro nos abriga e nos transporta seguros direto ao outro lado da cidade. O trânsito é intenso e, no isolamento acústico perfeito, o compositor Itamar Assumpção nos lembra que em “São Paulo, não há saídas, só ruas, viadutos e avenidas...“ Estamos bem! Pelo caminho cruzamos o Anhangabaú, Bela Vista, Paraíso, Itaim... espaços urbanos intensos, onde viceja um grafite único que se espalhou pelo mundo. Gêmeos ou gênios, aqui tudo pode virar negócio, negócio de arte, decoração, coleções. Arte que se pode comprar e colecionar. A cada galeria, um espaço exclusivo, coleção a mostra, objetos de desejo, investimento. Alma paulistana.

aproveitar e ir direto para o Figueira Rubayat, casa tradicional na cidade, grill, cardápio diverso e uma cave de respeito. As mesas se espalham por entre os galhos de uma inacreditável figueira. A arquitetura corretamente se adequou ao projeto da natureza. A comida é ótima, preparada em fornos de alta temperatura, pouca gordura. Os prazeres da carne!

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vel por um dos mais abrangentes panoramas da arte brasileira dos séculos 19 e 20. As esculturas no jardim do Parque da Luz convidam para um passeio mais atento, simplesmente sentar e contemplar os mestres e algumas de suas obras , mas por aqui o tempo passa voando. É inevitável dedicar uma parte dele ao acervo e à exposição no interior das salas, amplos corredores, janelas e imagens, lembranças de um tempo que não existe mais. A Pinacoteca é talvez o mais paulista dos museus.


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Jardim e suas inconfundíveis torres. Por dentro, o shopping tem um projeto ousado que integra o verde em todos seus planos. Da fachada ao térreo são grandes árvores, floreiras e jardins. Em discretas alamedas no entorno ficam as lojas de moda, joalherias, cinemas, restaurantes e docerias.

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Um shopping completo. Na cobertura, um jardim suspenso, com direito a jabuticabeiras, gramados e mesinhas ao ar livre. Ali saboreamos as deliciosas empanadas do Pobre Juan, enquanto, lá embaixo, a marginal continua a drenar as veias da metrópole. Hora de seguir. Passar num quiosque alguns andares abaixo apenas para provar o Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, lembro a “força da grana que ergue e destrói coisas belas”, na arquitetura e nos slogans. Adorei o bolo. Arquitetura é biscoito fino, que demora a ser apreciado, e alguns arquitetos ainda espalham mau-gosto pelas ruas. Tudo se mistura por aqui. Fachadas espelhadas, vidro como material inerte a proteger os interiores do inclemente sol. Ilhas de ar-condicionado. Arquitetura moderna ou modernosa? Que importa, talvez o motivo seja mais prosaico, quem sabe os arquitetos ainda sonham capturar os céus em suas fachadas de vidro, aprisionar


ali o deus sol, que se recusa a descansar. Horário de verão em plena marginal, cidade vazia, trânsito civilizado, direito de quem pode determinar seu próprio ritmo. Happy hour. E a noite, o que será que nos reserva?

Páginas anteriores: Pinacoteca do Estado e almoço no Figueira Rubayat Página da esquerda: visão geral do Empório Santa Maria

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Manhã de domingo, espero que haja realmente um bom motivo para sair da cama... Café-da-manhã reforçado, traje esporte fino, seguimos rumo a matinê especial da OSESP na Sala São Paulo.

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Acima: Shopping Cidade Jardim, sofisticação e espaços criativamente verdes

Entre prédios enormes e a praça, se destaca o bar Spot, reduto de modernos e longamente celebrado como ponto de encontro obrigatório da capital. Esta noite queremos mais. Logo abaixo, na Consolação, um novo bar deslocou o epicentro etílico da noite paulistana. E nesse caso o epicentro tem nome, Derivan de Souza, o barman mais premiado da capital. Bar Número. É neste novo espaço que o mestre Derivan se encontra com o chef Victor Vasconcellos, autor das melhores coxinhas do universo, e desta forma proporcionam o melhor da noite para um seleto público de celebridades, herdeiros e bem nascidos em geral. O arsenal alcoólico de martinis e baby drys foi argumento definitivo para deixar o carro na garagem do hotel e seguir de taxi. Don’t drink and drive! A noite promete.


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Conforme o tempo passa, a gente se torna mais paulistano, e nada mais paulistano que um concerto sinfônico matinal. Gente bonita, elegante, e o que é melhor, já desperta às 10 da manhã. Aqui se consome cultura como nas maiores cidades do mundo. O centro da cidade aos poucos se renova e ao entrar na Sala São Paulo temos a prova acabada desse movimento. Com sua acústica e arquitetura privilegiada é capaz de acentuar todos os detalhes de uma bela sinfonia, como deveria mesmo ser a sede da prestigiosa OSESP.

trado, de Rochelle Costi Acima: arquitetura reflete a arquitetura; cores e formas se misturam na avenida Paulista

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O futuro será urbano, São Paulo é um delicioso exercício de futuro, metrópole madura, experimento coletivo de vida. Cidade em transição. Hora de pegar a estrada, final da marginal, pelo retrovisor deixo meu carinho por essa gigante-multifacetadamega-metrópole animada. Bye Sampa, até a próxima. O murmuro do motor parece me dizer: “até breve...”. Acelero (enfim) mais uma vez.

Página da esquerda: galeria Luciana Brito e as obras da série Objeto encon-

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São tantos roteiros, teatro à noite e um concerto pela manhã, que fica difícil escolher entre tantas opções, uma entre centenas de peças em cartaz. Outra opção são os show de música, elencos nacionais e internacionais desfilam pela cidade em finais de semanas privilegiados, e ainda uma infinidade de shows alternativos distribuem-se pelos inúmeros bons teatros da cidade ou mesmo em espaços abertos, como os parques do Ibirapuera ou Villa-Lobos, o último exemplo de recuperação urbana, um antigo aterro que se transformou em uma simpática floresta que abriga centenas de espécies de aves, além de um público fiel. Nos parque de São Paulo as pessoas se reencontram com a natureza. Bom exemplo disso é o Parque do Povo, onde Paul McCartney, quando vem à cidade costuma pedalar... Sinal dos tempos.


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às 18h). Acervo permanente. Não tem área para fumantes. Aceita cheques. Não aceita reservas. Não tem ar-condicionado. Acesso para deficiente. Tem local para comer. Estacionamento grátis

Shopping Cidade Jardim Av. Magalhães de Castro, 12.000 (Marginal Pinheiros, altura da ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira) Tel.: (11) 3552-1000 Segunda a sábado, das 10 às 22h Domingo, das 14 às 20h Restaurantes: Segunda a sábado, das 10 às 23h Domingo, das 12 às 22h Bar Número R. da Consolação, 3.585 – Cerqueira César – Zona Oeste Tel.: (11) 3061-3995 Reservas: (11) 3060-8361 Aceita os cartões Amex, MasterCard, Visa Terça a sábado, a partir das 19h www.barnumero.com.br

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Pinacoteca do Estado Pça. da Luz, 2 – Bom Retiro – Centro Tel.: (11) 3324-1000 Ingresso: R$ 6 (grátis p/ menores de dez e maiores de 60 anos, entrada livre aos sábados) Ingresso combinado: R$ 6 (Estação Pinacoteca e Pinacoteca do Estado) Aceita os cartões MasterCard, VisaTerça a domingo: das 10 às 17h30 (c/ permanência até

Empório Santa Maria Av. Cidade Jardim, 790 Tel.: (11) 3706-5211 Segunda a sábado, das 8 às 22h Domingo, das 8h às 21h Aceita os cartões Visa, Mastercard, American Express, Dinners Estacionamento com manobrista www.emporiosantamaria.com.br A Figueira Rubaiyat R. Haddock Lobo, 1.738 – Cerqueira César – Zona Oeste Tel.: (11) 3087-1399 Segunda a quinta, das 12 à 0h30 Sexta e sábado, das 12 à 1h Domingo, das 12 às 24h Aceita os cartões Amex, Visa Aceita cheques. Não faz entrega em domicílio. Aceita reservas. Tem ar-condicionado. Acesso para deficiente. Proibido fumar. 320 lugares. Estacionamento com manobrista grátis Sala São Paulo Pça. Júlio Prestes, 16 – Campos Elíseos – Centro Tel.: (11) 3223-3966 Ingressos: R$ 20 a R$ 50 (estudantes: R$ 10 a R$ 25) Aceita os cartões Amex, Diners, MasterCard, Visa Luciana Brito Galeria Rua Gomes de Carvalho, 842 – Vila Olímpia Tel.: (11) 3842-0634 www.lucianabritogaleria.com.br



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