ISSN 2179 - 2046 17
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204008
R$ 20,00
RAZÃO | EMOÇÃO | PRAZER | DEVANEIO
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EDITORIAL
Caro leitor, Neste início de primavera estamos comemorando 4 anos da Eurobike magazine! Durante este período, a tiragem triplicou, nossos colaboradores foram cada vez mais longe e o Grupo Eurobike não parou de se expandir. Começou a operar na cidade de São Paulo, na Vila Olímpia, a primeira loja Audi Eurobike da capital. Loja e oficina foram totalmente reformadas para melhor atendê-lo. Venha conhecer. Em Ribeirão Preto, uma novidade: no alto da MINI está sendo inaugurado um restaurante, capitaneado pelo supercriativo chef Sidney Degaine. Ele realiza experiências bastante inusitadas, como fritar suspiros no nitrogênio líquido... Também temos novidades nas redes sociais, o Eurobike InMotion, vídeo veiculado no YouTube onde Ricardo Landi e pilotos convidados testam modelos das marcas comercializadas pelo Grupo Eurobike. Siga-nos! Em sintonia com o lançamento mundial da Range Rover, apresentamos a grande estrela da temporada, o Evoque. Obra de arte que é, esteve exposto no MUBE, em São Paulo. Sensacional. Ouçam o que têm a dizer nossos convidados desta edição: Anders Norinder, Roberto Waack, Muti Randolph. Todos expoentes em suas áreas de atuação. E viaje conosco para a Serra da Canastra, Porto de Galinhas e Tailândia!
Boa leitura.
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Um grande abraço, Henry Visconde Diretor Presidente magazine@eurobike.com.br
CADA ROLEX É FEITO PARA A GRANDEZA. O DATEJUST CRIADO EM 1945 FOI O PRIMEIRO RELÓGIO DE PULSO A EXIBIR A DATA ATRAVÉS DE UMA ABERTURA
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COLABORADORES
Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Land Rover, MINI, Porsche e Volvo. Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP 1
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Tel.: (16) 3965-7000 www.eurobikemagazine.com.br contato@eurobikemagazine.com.br
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Ombudsman
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Patricia Braga www.eurobike.com.br/ouvidoria (11) 3883-7105
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Editorial: Eduardo R. da C. Rocha, Heloisa C. M. Vasconcellos Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Nelson Martins Publicidade: blue media - contato@bluemedia.net.br
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Preparação e revisão: Denis Araki Produção: blue media
Tiragem desta edição: 13.000 exemplares 13
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Impressão: Aquarela Distribuição: Eurobike
1 André Hawle, 2 Caio Guatelli,
Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem
5 Erico Hiller, 6 Kriz Knack,
As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião
3 Carol Da Riva, 4 Eduardo Petta,
autorização da Eurobike.
7 Lalo de Almeida, 8 Marisa Cauduro,
da revista.
9 Maura Campanilli, 10 Paula Queiroz, 11 Pedro Damian, 12 Percy Faro,
13 Ricardo Landi, 14 Simone Fonseca Eurobike na internet
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blue media Av. Amarilis, 95
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Auditado por KPMG Auditores Associados
Foto da capa: Kriz Knack
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CONTEÚDO
# 17 | 09 2011 10 | razão 12 | A floresta como investimento 18 | Eurobike Alphaville 20 | Para todas as idades 22 | Volvo rejuvenesce para conquistar novos clientes 26 | Audi Center Vila Olimpia
28 | emoção
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30 | Hello Evoque 42 | Obra de arte 46 | BMW M3 Frozen 50 | Rumo a Babilônia
60 | prazer 62 | Revolucionário do século 21 72 | Same, same, but different 86 | Achados e imperdíveis
88 | devaneio
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90 | Com vista para o mar
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orazãorazãorazãorazãorazãorazãorazão dar um novo sentido, fazer de outra forma: evoluir razãorazãorazãorazãorazãorazãorazã orazãorazãorazãorazãorazãorazãorazãorazãorazão
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A floresta como investimento Rodar o mundo com amigos aventureiros, subindo montanhas, viajando de bicicleta e explorando cavernas e parques nacionais deixou marcas profundas em Roberto Waack, transformando o amor à natureza e o gosto por desafios em negócio. O empresário é um dos idealizadores da Amata, empresa que inaugurou as concessões florestais no Brasil e tem mostrado que é possível consumir madeira sem destruir o meio ambiente, através de florestas mais lucrativas em pé do que no chão
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Por Maura Campanili | Fotos Caio Guatelli
RAZÃO O envolvimento com o universo natural vem da infância, com um avô farmacêutico e o pai engenheiro ambiental, um dos primeiro executivos da Companhia de Saneamento Ambiental Paulista (Cetesb), e resultou na escolha da profissão de biólogo. O lado explorador, porém, fez com que buscasse, ainda aluno da Universidade de São Paulo, experiência em outras áreas, cursando também cadeiras da veterinária, psicologia e história. Acabou se aproximando também da administração, sobretudo na gestão de tecnologia. O espírito inovador veio logo após a formatura, no início dos anos 1980, quando a biotecnologia começava a se desenvolver no país, e foi um dos criadores da Embrabio, uma das primeiras empresas de biotecnologia a lidar com genética molecular no desenvolvimento de vacinas voltadas para a saúde humana e animal. Fez mestrado na área de microeconomia na Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP) e também carreira na indústria farmacêutica, passando por empresas multinacionais.
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Nessa época, Waack continuava suas viagens com a turma de amigos, que também participavam do despertar do movimento ambientalista brasileiro — como os jornalistas Peter Milko e Renata Falzoni, o médico Roberto Falzoni, o fotógrafo Roberto Linsker e o alpinista Luiz Makoto Ishibe. Além disso, manteve sua relação com a universidade, especialmente a FEA, onde participou de trabalhos voluntários de apoio a entidades do terceiro setor. “Nunca tive atividade de militância, mas colaborava na área de estruturação e estratégia”, conta. Foi em um desses trabalhos, com a Fundação Orsa, em 2000, que conheceu Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, que tinha acabado de comprar o Projeto Jari, o grandioso projeto de papel e celulose idealizado no final dos anos 1960 pelo bilionário norte-americano Daniel Keith Ludwig, na fronteira do Pará com o Amapá. “Conversamos sobre a dificuldade de lidar com a questão da Amazônia sob o ponto de vista florestal e o desafio de pensar novos modelos para a região e recebi o convite para dirigir a área florestal do grupo. Vi a oportunidade de juntar meu mundo de relações pessoais com a necessidade de buscar estratégias para manter a floresta em pé, levando em consideração a questão social da região e a relevância empresarial. Saí da área farmacêutica e embarquei de vez na florestal”, diz Waack.
Com o biólogo na direção, o Grupo Orsa apostou no manejo sustentável de madeira e o Projeto Jari, com uma área de 1,7 milhão de hectares, tamanho equivalente ao da Bélgica, começou a ser, pela primeira vez, economicamente viável. Com uma filosofia voltada para o diálogo, Roberto Waack se aproximou do FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal), que estava se consolidando como um modelo de certificação que envolve todos os setores interessados. “Decidimos buscar lá a referência de boa gestão florestal e passamos a ter o FSC como uma espécie de norte. Com isso, nos transformamos no maior projeto de manejo certificado da América Latina.” Membro do FSC Brasil, Waack se envolveu cada vez mais com a organização, fazendo parte do Conselho Internacional, com sede em Bonn, na Alemanha, do qual foi presidente por três anos.
“Na concepção da Amata, a estrutura central era ter práticas, as melhores práticas do mundo. Só assim o capital vem ao mundo florestal. Para tanto, apostamos na transparência e na inserção no ambiente político do país. No Brasil, não se pode mais operar à margem da legalidade, como o setor madeireiro operava e ainda opera. Também acreditamos na legitimação perante a sociedade através da certificação de toda a produção e da adição de valor. A atividade florestal não pode ser só fornecedora de matéria-prima, tem que construir valor. Navegamos no mundo do grande volume de madeira, o que causa maior pressão na floresta, que é a construção civil. Esse setor tem um impacto econômico forte, mas um menor valor agregado. Mas atuamos também no de alta adição de valor, que é o consumo de luxo,
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Vendo nesse processo uma oportunidade, Waack conheceu Dario Guarita Neto e Etel Carmona, o primeiro da área financeira e a segunda do setor de movelaria e design de luxo de São Paulo, e perceberam que tinham ideias semelhantes. Das conversas de Roberto e Dario à beira do rio Paru, no Jari, nasceu o conceito da Amata, na qual Waack cuida da produção na base
da floresta, Etel atua no topo da pirâmide, transformando o bem florestal em produto de altíssimo valor, e Guarita olhando o sistema sob a ótica financeira.
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Em meados dos anos 2000, com a discussão sobre mudanças climáticas se consolidando globalmente, o valor das florestas tropicais se evidenciou, sua importância saiu do ambiente de ONGs, incorporou aspectos sociais e econômicos e o setor financeiro começou a perceber no ativo florestal algo interessante para investir. Também no governo brasileiro, a área ambiental, com Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente, apostava em uma mudança de paradigma, sob o qual o componente econômico das florestas passa a ser considerado e cria-se a Lei de Concessões de Florestas Públicas.
RAZÃO através da movelaria e do design”, diz.
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A Amata foi a primeira empresa a obter concessão florestal no Brasil, na Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia, e a primeira a iniciar a produção de madeira, no ano passado. Atualmente, a empresa conta com uma outra concessão no Amazonas, que deve iniciar a produção no próximo ano, e uma terceira em negociação no Pará. Possui, ainda, duas frente de recuperação de floresta nativa no Pará (em Castanhal e Paragominas) e, ainda em 2011, deve iniciar a produção de eucalipto em áreas nas regiões Sudeste e Norte. Para Waack, “qualquer atividade que envolva árvore é considerada atividade da Amata. Seja manejar floresta existente ou plantar floresta onde não existe mais. Além disso, acreditamos no uso múltiplo da floresta, que tem a capacidade de oferecer produtos não-madeireiros para a indústria alimentícia e farmacêutica. Com a biodiversidade brasileira, o potencial é fabuloso. O terceiro ponto são os serviços ambientais, principalmente o carbono, que é talvez o grande tema do momento”. Nesse sentido, o empresário conta que foi feita uma parceria com a Biofílica, empresa especializada em carbono e serviços ambientais em floresta nativa, para desenhar projetos de REDD, abreviação do mecanismo de Redução de Emissões de Des-
matamento e Degradação florestal, através do qual um proprietário de floresta pode ser compensado pelo desmatamento que deixou de fazer e, consequentemente, pelo carbono que deixou de emitir para a atmosfera. A prova de que a aposta tem se mostrado certeira é, principalmente, a boa receptividade do mercado: o empreendimento foi o primeiro do setor florestal a ter investimento do BNDES, como sócio da empresa, e de fundos de pensão, através da BRZ Investimentos. “É o país investindo no seu mundo flores-tal e os pensionistas querendo participar de soluções para florestas tropicais. Conseguimos mobilizar capital para o negócio”, comemora o empresário. Outro feito da empresa foi a parceria com a Svenska Cellulosa Aktiebolaget (SCA), empresa sueca presente em mais de 50 países e uma das primeiras indústrias de papel e celulose a chegar ao maior patamar de ecoeficiência para o setor, com toda matéria-prima reciclada ou certificada. O projeto, nas plantas de recuperação florestal no Pará, iniciou o plantio há três anos de
Satisfeito com a opção que o levou a aliar trabalho com convicções pessoais, Roberto, que é casado com a finlandesa-brasileira Katri Lehto, traz esses conceitos também para seu estilo de vida, seja na escolha do local de moradia, na Aldeia da Serra, próximo de seu escritório em São Paulo, seja em sua casa de campo, em Gonçalves, Minas Gerais, onde consegue estar próximo da natureza também quando não está em suas florestas.
Segundo o empresário, embora ainda seja difícil a compra de madeira certificada de menor valor agregado, na área de produtos mais sofisticados, ligados ao design, não há desculpa, pois o conceito já está incorporado entre os principais profissionais e fornecedores. “O problema é que o consumidor de madeira às vezes não liga as duas pontas: é sensível à questão, sabe de sua importância, mas por algum motivo tira da cabeça na hora da decisão de compra. São essas mudanças de atitude que farão diferença na sustentabilidade do planeta.”
Para Waack, o desafio do setor é suprir toda a demanda de madeira de forma sustentável. “Isso só será possível com muitas outras empresas como a Amata, não adianta ficarmos sozinhos no mercado”, diz. Segundo ele, um dos motivos pelo qual esse mercado ainda não está totalmente desenvolvido é a falta de incentivo, principalmente do consumidor. “Na medida em que o consumidor exija a rastreabilidade da madeira, ele provoca uma
Praticante de atitudes amigáveis ao meio ambiente no dia a dia, como reciclar o lixo e produzir compostagem, Waack conta que só se sente culpado por conta das muitas viagens, sobretudo para a Alemanha, por conta das reuniões do FSC. Talvez isso aconteça porque, modestamente, se esqueça de contar em sua pegada ecológica pessoal suas florestas conservadas e em recuperação...
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reação na cadeia de suprimentos. Não precisa ser militante, mas apenas um consumidor consciente”, defende.
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um milhão de árvores anuais por 15 anos. As primeiras etapas de produção, através do sistema de manejo, devem começar em três anos.
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Eurobike inaugura unidade BMW em Alphaville Fotos Andre Hawle
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O Grupo Eurobike iniciou, em julho, sua operação em Alphaville, Barueri, SP. Em coquetel de inauguração, clientes e convidados puderam conferir em primeira mão o mais novo showroom BMW Eurobike. A nova concessionária surpreendeu os visitantes com uma interessante instalação: ao chegar, o cliente se deparava com um túnel, fazendo alusão às grades frontais dos carros BMW, uma das principais características da marca, que proporcionou divertimento extra. A unidade de Alphaville também conta com um espaço para venda de seminovos e oficina para assistência técnica e serviços de pósvenda. “Nosso principal foco é a satisfação
do cliente, dessa forma optamos por oferecer todos os serviços no mesmo local, para maior comodidade de nossos clientes”, afirma Henry Visconde, presidente da Eurobike. Para Alexandre Gaeta, sócio diretor da Eurobike, a região de Alphaville tem um enorme potencial e a Eurobike espera vender nessa área cerca de 20% do que é vendido na loja de São Paulo, capital, aproximadamente 20 unidades por mês. A nova loja conta com cerca de 30 funcionários e está localizada na Al. Amazonas, 832.
À esquerda, Alexandre Gaeta, Patricia Braga
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e Henry Visconde
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Para todas as idades Eurobike monta pista de autorama no Shopping Cidade Jardim
O Grupo Eurobike promoveu uma ação muito divertida no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, no período que antecedeu o dia dos pais. Uma estrutura de autorama foi montada para os frequentadores do shopping se divertirem durante as compras e também conhecerem o portfólio de marcas e produtos distribuidos pela Eurobike.
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Foi um sucesso. Adultos e crianças disputaram provas emocionantes com os carrinhos caracterizados com as marcas Audi, BMW, Land Rover, MINI, Porsche e Volvo. Um locutor se encarregou de comentar as provas e anunciar a classificação registrada pelo computador da pista. Nos fins de semana, a pista esteve lotada, formando uma aglomeração em frente à Lanchonete da Cidade, onde clientes aproveitaram o tempo de espera por mesas competindo com os velozes carrinhos. Os participantes receberam exemplares da Eurobike magazine, e os vencedores das provas, um boné da Eurobike.
“Pensamos em uma ação em que pudéssemos comemorar o dia dos pais, gerar entretenimento e diversão e apresentar os produtos Eurobike para o público. Então tivemos a ideia de montar o autorama, uma ação inovadora que conseguiu unir todas essas características em um só lugar”, diz Patricia Braga, gerente de marketing da Eurobike.
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Volvo rejuvenesce para conquistar novos clientes O sueco Anders Norinder revela como a empresa sueca — agora pertencente a um grupo chinês — se reinventou para ganhar mercado vendendo carros de luxo a preços acessíveis
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Por Pedro Damian | Fotos Érico Hiller
RAZÃO Os olhos do sueco Anders Norinder, 43, presidente da Volvo Cars Overseas Corporation, brilham quando fala do Brasil e seu povo. “O brasileiro é um povo extraordinário, tem um jeito que não dá pra não gostar”, exclama. A paixão do executivo, que considera o Brasil o seu segundo país, parece estar sendo correspondida pelos brasileiros. A marca que dirige no Brasil e América do Sul vendeu, no primeiro semestre de 2011, quase tanto quanto nos doze meses de 2010 (2.094 veículos contra 2.192 no ano passado, dados da Fenabrave — Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Com esse desempenho não é difícil imaginar que a meta de vendas da empresa para 2011, de cinco mil carros, deve ser alcançada com folga.
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Norinder sabe muito bem do que fala ao se referir ao país. Veio pela primeira vez ao Brasil em 1999, para em 2002 ser diretor executivo da Volvo Automóveis Brasil e Argentina. Casou-se aqui e teve dois filhos que ele chama de “brasileiros suecos”. Fez uma temporada de três anos na Volvo do México e retornou em 2009 para ocupar o cargo atual, em circunstâncias que não pareciam favoráveis: crise financeira mundial e possibilidade da mudança administrativa da Volvo, o que acabou realmente acontecendo, com a venda da marca pela Ford ao grupo chinês Geely, em março de 2010. “Nenhuma separação é prazerosa, mas a transição para os novos donos foi tranquila. Nós somos uma empresa independente. Tem um grupo que é a holding, a proprietária da Volvo Cars, mas as operações continuam como eram no passado. O que mudou foi o presidente, aliás, um dos melhores executivos da indústria”, afirma Norinder, referindose a Stefan Jacoby, presidente da Volvo Cars. Segundo ele, o grupo chinês, que pretende abrir uma fábrica no Brasil, tem um papel administrativo. Não há interação entre as marcas pertencentes à holding. Com o apoio de uma rede de 18 concessionários, forte investimento em marketing e lançamento de produtos mais ousados que os tradicionais, a gestão Norinder conseguiu alavancar as vendas da marca no Brasil. “Nos primeiros três meses de 2009 comemoramos porque vendemos 300 carros. No mês de julho de 2011 vendemos 670 unidades. Em um só mês de 2011 negociamos mais do que o dobro que no primeiro trimestre de dois anos atrás”, afirma. Otimista, o executivo vê o mercado brasileiro e também o latino-americano com grande potencial mesmo com o novo agravamento do cenário econômico mundial. “O Brasil tem um mercado
muito, muito interessante. Há poucos mercados no mundo que mostram um crescimento igual ao que o brasileiro está demonstrando agora — está atrás apenas do chinês. É muito competitivo e por isso estamos apostando muito nele”, diz. Para Norinder, “os mercados fortes hoje na América Latina estão preparados para passar bem pela crise. Claro que há desafios como o México, por exemplo, que tem a economia muito ligada à americana. Mas não é só o Brasil que está crescendo na região. O Chile passou de 640 unidades em 2009 para 1.700 em 2011 até julho, informa. Incólume às interferências externas do mercado, a Volvo tem apresentado um crescimento expressivo simultaneamente à mudança da imagem da empresa.”A percepção de imagem que tínhamos era de uma marca tradicional, de carros seguros. De ter carros mais caros que a concorrência, o que não é real. E esse foi o desafio, mostrar ao cliente que a Volvo tem carros muito acessíveis. Oitenta mil reais para um carro é bastante dinheiro, mas a contrapartida que você tem do produto o torna muito atrativo”, diz. “Para conseguir mudar essa percepção da marca tínhamos que falar mais alto”, afirma, remetendo à campanha de marketing do novo S60, o “Volvo Atrevido”, sedã de características mais joviais que a maioria dos veículos da marca, com forte desempenho e design repaginado, que envolve participação em redes sociais como Twitter, Facebook e YouTube. “Já tinhamos outros modelos bem agressivos, como o XC60 e o C30. Mas para saber isso você tinha que dirigir um. Nunca dissemos que eram atrevidos. Agora precisamos falar que a Volvo mudou. Continuamos falando que é um carro seguro, mas agora completamos dizendo que é um carro ‘atrevido’, que entrega em performance”, afirma Norinder. Essa agressividade mercadológica parece estar dando certo. Para o executivo, já é possível detectar uma leve mudança no perfil do cliente Volvo. “Hoje percebemos que no mercado brasileiro e na América Latina começam a aparecer clientes mais jovens da marca, proprietários do XC60, do C30 e agora também do S60.” A chegada do hatch C30 em 2007, o menor carro já produzido pela marca sueca e com poucas similaridades com os modelos Volvo fabricados até então, marcou o início da repaginação da imagem da marca no mercado latino-americano. “O C30 foi o carro que começou a mudar a imagem da Volvo. Era difícil para as pessoas imaginarem que se tratava de um Volvo. Foi um sucesso”, diz Norinder. “Depois chegou o XC60. Mas o C30 continuou vendendo bem. Comparando com outros mercados, ele teve muito maior aceitação aqui no Brasil”, completa. Com o hatch, a Volvo inaugurou uma estratégia de entrar no mercado de luxo nacional praticando preços altamente
“Lançaremos novos produtos porque precisamos ampliar nossa gama, entrar em segmentos em que não estamos hoje. Deveremos ter um modelo menor que o XC60”
O presidente da Volvo Cars Latin América conhece bem a tradição da marca sueca nos quesitos segurança e cuidado ambiental, pois trabalha na empresa há duas décadas. “Entrei como estagiário há 20 anos, e nunca saí da Volvo. Fui para a Espanha, Suécia, Austrália, Áustria. Para o Brasil vim em 1999 e fiquei até 2005, fui para o México e voltei para o Brasil em 2009. É bom conhecer vários países do mundo porque você entende que o consumidor não é tão diferente. O cliente da Volvo na Indonésia, no México, no Brasil e na Austrália tem os mesmos valores”, afirma.
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Solícito ao falar sobre o passado e o presente, Norinder é reticente ao tentar desvendar o futuro. De certo, a garantia de que o Brasil receberá vários lançamentos, e sem a tradicional defasagem em relação ao exterior. “Lançaremos novos produtos porque precisamos ampliar nossa gama, entrar em segmentos em que não estamos hoje. Deveremos ter um modelo menor que o XC60”, afirma, dando a entender que a Volvo entrará no
segmento dos utilitários esportivos compactos, concorrendo com BMW X1 e Audi Q3. “As reestilizações do S80 e do XC90 também estão nos planos, mas não para um futuro imediato”, revela. Outra grande novidade da marca, sem garantia para o mercado brasileiro, está concretizada: o C30 elétrico. “A Volvo tem tradição no cuidado com o meio ambiente e investe no desenvolvimento de motores híbridos e eletrícos. O C30 elétrico já está pronto e em fase de testes na Europa, já o V60 Plug-in Hybrid vai começar a ser produzido em pequena escala em 2012, afirma.
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competitivos. Chegando por pouco menos de R$ 90 mil, o C30 apresentava-se, ao menos no quesito preço, sem concorrentes no mercado de compactos de luxo no país. Mas foi com o XC60 que a tática comercial mostrou-se certeira. O utilitário esportivo foi apresentado ao país no final de 2008, ao preço inicial de R$ 138,5 mil. Seus concorrentes mais próximos, todos de marcas alemãs, custavam mais de R$ 200 mil. As vendas começaram bem e não pararam de crescer. “Hoje o XC60 vende em média 300 unidades por mês”, informa o presidente da Volvo Cars América Latina. “Em junho, o XC60, sozinho representou 11% de todo o segmento de luxo no Brasil (4.153 carros). Nós vendemos 453 unidades apenas neste mês”, diz Norinder, sem esconder o segredo do sucesso comercial da Volvo.
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Audi Center Vila Olímpia
Eurobike apresenta novo showroom Audi
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A Audi Eurobike ofereceu um café da manhã à imprensa para apresentar o seu novo showroom no coração da Vila Olímpia, em São Paulo. Estavam presentes no evento Henry Visconde, presidente do Grupo Eurobike, e Paulo Kakinoff, presidente da Audi, que promoveram uma coletiva para falar sobre a expansão dos negócios entre as duas empresas, os próximos lançamentos da Audi e o novo portfólio da marca em 2012. O Audi Center Vila Olímpia é o 23° ponto de vendas da marca no País. Durante o café, os jornalistas tiveram a oportunidade de fazer um teste de primeiras impressões, em um ambiente urbano, com modelos como o A1, Q5, RS5 e TTS.
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Agradecimentos: MUBE,
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Uma verdadeira obra de arte, que justificou inclusive um espaço de 400 m2 no MUBE — Museu Brasileiro de Esculturas, em São Paulo, para a apresentação ao público. A campanha de pré-lançamento mundial não é diferente. “Poucas vezes na história recente da indústria automobilística viu-se um veículo com tanto apelo para o design como quando foi anunciado o Range Rover Evoque. Se o modelo possui uma proposta diferente, de viés urbano, moderno e tecnológico, a estratégia que norteia seu lançamento mundial não poderia ser diferente”, comenta o presidente da Jaguar Land Rover América Latina e Caribe, Flavio Padovan, para explicar porque e a quê vem o Evoque. A campanha Pulse of the City, que quando encerrada terá passado por 60 grandes metrópoles do mundo, chegou à capital paulista e ao Rio de Janeiro para proporcionar ao público a oportunidade de navegar por todas as características do novo Range Rover Evoque. Trata-se de um pop-up showroom que convida as pessoas a responderem perguntas sobre as cores, sons, formas e movimentos que pulsam na cidade, além de acompanhar em tempo real as opiniões de pessoas nas cidades que recebem essa ação. Duas unidades do modelo três e cinco portas permanecem à disposição para serem vistas, tocadas, e exploradas ao máximo. Ao final, o passeio mostra todas as opções de cores, formas e acabamentos disponíveis nas três versões do veículo — Pure,
Dynamic e Prestige. Uma opção não quer dizer, necessariamente, que seja mais completa que a outra. Eles apenas têm propostas diferentes: o Pure, por exemplo, leva este nome por ser o modelo que mais se aproxima do conceito LRX, que deu origem ao Evoque. O Dynamic oferece apelo bastante esportivo e arrojado, enquanto o Prestige é mais voltado ao luxo e sofisticação. Cada uma das versões traz uma gama imensa de opções de cores da carroceria, cores para o teto (que pode ser diferente da adotada na carroceria), de tipos de acabamento, de cores e estilos do couro que reveste os bancos e painel. Enfim, são inúmeras opções jamais antes oferecidas em outro veículo da marca. Todos os Evoques serão oferecidos no Brasil com motor 2.0 a gasolina de 4 cilindros e 240 cv de potência, com tração 4x4. As versões diesel e de tração dianteira não serão oferecidas no Brasil por questões de legislação. Ele é o mais leve, compacto e eficiente entre os demais Range Rovers já produzidos pela marca e chegará às lojas da Land Rover em mais de 60 países em novembro próximo, de forma simultânea, inclusive no Brasil. Para Ralph Speth, CEO da Jaguar Land Rover, “este é um momento muito empolgante para a empresa. Não apenas pelo que o Range Rover Evoque acrescentará mundialmente em termos de participação de mercado, mas porque o veículo ajudará a definir um novo segmento dentro dos SUV Premium, com uma linguagem de mais estilo e mais esportiva”.
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UMA PISTA, PILOTOS... E CARROS
A Eurobike está trazendo para você toda a emoção de nossas marcas. Agora você pode assistir a testes completos de todos os modelos, pelas mãos de quem entende de carro: nossos pilotos Apresentação: Ricardo Landi
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Convidado: Lucas Di Grassi
No programa #1 vocĂŞ vai ver porque o Audi RS 5 e o BMW M3 fazem parte do seletĂssimo grupo dos melhores esportivos do mundo
00:05:00:00 Assista aos programas, nas redes sociais youtube.com/eurobikenet facebook.com/eurobike
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twitter.com/eurobikenet
EMOÇÃO
BMW M3 Frozen por Ricardo Landi Olá pessoal, hoje testamos um ícone da BMW, o M3 Frozen. Um carro nascido na área Motorsport da marca — divisão de desenvolvimento de carros de competição. Ela desenvolve os modelos que vão para as pistas de corrida, porém, para que sejam homologados, esses carros têm que ter suas versões de rua produzidas em série. E tive o prazer de experimentar esta máquina em um autódromo, onde pude usar toda sua potência.
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Vamos lembrar um pouquinho da história do modelo M3, que se mistura com a vitoriosa história da BMW nas pistas. Nestes 25 anos, desde seu primeiro modelo, em 1986, tem em seu currículo vitórias na tradicional 24 horas de Le Mans e nas 24 horas de Nürburgring — Nordschleife. Estamos na quarta geração deste mito. Tudo começou com o modelo E30, depois vieram o E36, E46, e agora o E92, como é conhecido pelos aficionados pela marca. Bem, voltando ao M3 Frozen, este modelo faz parte de uma série limitada, que tem como destaque a cor preto fosco e 30hp de potência a mais que o modelo tradicional. Seu motor V8, 4.0 litros, de 450hp a 8.300 rpm, com um torque de 42 kgf a 3.900 rpm, câmbio M DCT de 7 velocidades de dupla embreagem, possui também o M Differential Lock, diferencial com blocante progressivo. Tudo isso junto leva este modelo de 0 a 100 km/h em apenas 4,6 segundos e uma velocidade
máxima de 250 km/h (limitada eletronicamente), diversão garantida neste teste. Entrando na pista, fiquei impressionado com as trocas de marchas, que são extremamente rápidas, tanto para subir como para reduzir, dando a impressão de que você está no controle das trocas, mesmo sendo um câmbio semi-automático. No painel de instrumentos, na parte superior do contagiros, há o shift light, para avisar o momento ideal das trocas de marchas — me senti num vídeogame!
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EMOÇÃO Também tem um botão no volante, com a letra M, que, quando pressionado, muda a resposta do motor, liberando os 450hp deste incrível puro-sangue alemão.
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Este botão se chama MDrive, podendo ser configurado no modo que preferir: no iDrive, você define o DSC (Controle de Estabilidade Dinâmica); EDC (Controle Dinâmico de Amortecedor), com as posições Sport, Normal e Comfort; resposta do motor (Power); e o Servotronic (Sistema de Resposta da Direção Assistida), sendo dois modulos de ajuste, o Mode 1, dando uma resposta imediata e direta para o piloto, e o Mode 2, uma resposta mais confortável para uso diário em cidade. Como estávamos em uma pista, coloquei na configuração mais esportiva, com todos os controles desativados. Isso deixou o carro bem arisco. E com essa configuração, posso garantir que suei a camisa para controlar os 450 cavalos, mas me diverti muito. Outra coisa que se destacou foi a neutralidade do M3 em freiadas, contorno de curvas e saída. Isso tudo devido à excelente distribuição de peso, que é de 50:50, e com o centro de gravi-
dade mais no meio do carro, entre os dois eixos. O carro traz também o CFRP (Carbon Fiber Reinforced Plastic), o nome “chique” para o lindo teto de fibra de carbono, que não é apenas estética, mas uma diminuição de peso da parte superior do carro, que proporciona menos rolagem de carroceria, em freiadas e contorno de curvas. Tudo isso foi o que usei na pista, mas é um carro impressionante, pois após o teste fomos dar uma volta na cidade, colocando o câmbio em automático e o EDC em Comfort. Posso garantir que é um carro que você pode usar no dia a dia com muito conforto e luxo. Um verdadeiro BMW que nasceu para a pista, mas que também pode ser usado na cidade. Encerrarei esta matéria usando o slogan da BMW, que agora sei o verdadeiro significado: PRAZER EM DIRIGIR!
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EMOÇÃO
Rumo a Babilônia Eurobike Adventure Trip retorna à Serra da Canastra, em Minas Gerais, para mais um belo percurso Por Eduardo Rocha | Fotos André Hawle
Na bela fazenda secular que virou pousada, Sergio Miranda já nos aguardava, dando os últimos retoques no banner de boas vindas aos participantes. Apresentei meus amigos e fomos à sede tomar um cafezinho com Daniel, dono da Vale do Céu, e jogar conversa fora, pois a temperatura já estava caindo. O assunto, é claro, caminhos e Land Rovers.
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Seis horas e algumas paradas depois, cruzamos o Rio Grande e chegamos a São João Batista do Glória. Cruzamos a cidade e entramos numa boa estrada de terra que nos levaria até a Pousada Vale do Céu. Miranda e sua equipe se encarregaram de sinalizar o percurso, o que facilitou nossa vida.
Chegamos.
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Acordamos cedo. Havia marcado com o Plínio às 7h30, em frente à casa do Alexandre, no condomínio onde moramos, na Serra da Cantareira. Nossos Defenders, já com família e bagagens. No meu caso, com duas ausências, pois Patrícia, minha esposa, e Elisa, a caçula, estavam muito gripadas. Bem, hora de ir.
EMOÇÃO A noite chegou e fomos tomar uma ducha para “tirar o pó da viagem”, e descansar um pouco antes do jantar. Voltamos à sede para aguardar o jantar. Lá já estavam Saul e Mirian, de Porto Ferreira, que acabavam de chegar. Logo em seguida, chegam Celso e Rose, de Ribeirão Preto, Bob Harrison e a filha Julia, de São Paulo, Tatá e Elaine, de Atibaia. Dali a pouco, alguém avisou que o comboio vindo de Ribeirão Preto estava descendo a montanha. Uma serpente de luzinhas na escuridão da noite ainda sem lua visível. Em 15 minutos os caminhos do jardim da Vale do Céu ficaram repletos de Land Rovers. Defenders, Discoveries e Freelanders. O grupo estava reunido. Quem chegou à noite não tinha a menor ideia do visual que o entorno da pousada proporcionava. O despertar na manhã seguinte seria uma grata supresa. Adventure Trip virou uma confraria de pessoas apaixonadas pela marca Land Rover. Famílias, amigos, conhecidos, pessoas que já participaram dos eventos anteriores e outros recém chegados. A empatia é tal que todos parecem se conhecer há muito tempo. O aroma da comida caseira quentinha no fogão à lenha era irresistível. Comemos, bebemos um pouco de vinho para esquentar e conversamos bastante. Aos poucos, todos se recolheram, pois a jornada do dia seguinte começava cedo. “João, acorda. Tem um café delicioso esperando por nós e um dia lindo aí fora”.
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Depois de uma ótima noite de sono, café de coador de pano, pão de queijo quentinho saindo do forno e uma profusão de bolos doces, frutas e sucos. Tudo o que precisamos para nos suprir de energia. Um belo dia de passeio nos aguarda. Juliana Martins, executiva da Eurobike Land Rover de Ribeirão Preto, pede para Miranda passar o briefing do dia para todos ali. “Pessoal, o nosso percurso é bem tranquilo, mas vamos usar os recursos que temos em cada carro. O importante é não esquecer que atenção e segurança são fatores fundamentais para não se colocar em situações difíceis.”
A vista linda nos retém um pouco, mas precisamos continuar nosso percurso, agora serra abaixo, rumo à cachoeira do Quilombo. As recomendações do Miranda, sempre lembradas por todos, principalmente pelos menos experientes, valeram muito. Diversas erosões ao longo desse trecho permitiram a todos usar os recursos de seus carros e exercitar a calma. A pressa não com-
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Continuamos rumo à Serra Calçada, que tem esse nome devido aos trechos pavimentados com blocos de cimento. Ao que parece, sem eles seria bastante difícil chegar ao alto em dias mais úmidos. Por fim, nosso segundo ponto de parada, o mirante, com uma bela vista do Vale da Babilônia. A subida é íngreme, mas tranquila para quem tem torque de sobra, como é o caso dos Land Rover.
Paramos para apreciar a vista, fazer fotos, conversar e tomar um pouco de vento no rosto. O sol quente e o tempo seco do outono desidratam. Haja água!
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Tudo organizado, as motos abrindo e fechando porteiras para o comboio de 18 Land Rovers. Atravessamos alguns riachos e pegamos a estrada rumo à serra. No caminho, passamos pelo ateliê de uma ceramista local.
EMOÇÃO bina em nada com esse tipo de passeio. A diversão está em apreciar a paisagem, “interpretar” a estrada e sentir nas mãos o carro trabalhar e superar os obstáculos. Num desses momentos de bate-papo, pude conversar com o Robert Harrison, o Bob, inglês cuja trajetória faz parte da história da Land Rover no Brasil. Ele, assim como o próprio Miranda e alguns outros, formam um grupo de apaixonados pela marca, denominado “dinossauros”. Bob virou assíduo nos Eurobike Adventure Trip, pois segundo ele é um evento familiar. Passeio, diversão e convivência. Erosão aqui, riachinho para atravessar ali, laminha acolá. Chegamos a um espraiado do rio que continua da cachoeira do Quilombo. Pedras e cascalho fino aos montes, sinal de que o rio cobre tudo por ali na época de cheia. Estacionamos os Lands naquela “praia” e muitos subiram a montanha para ver as piscinas e quedas. Eu e o restante do grupo ficamos conversando na beira do rio e ensinando as crianças a quicar as pedras na superfície da água, gelada como um rio andino, apesar do sol forte. Quando um grupo de experientes offroaders, como o Fernando Torres, Giba e Celso, começam a olhar para um trecho do outro lado do rio, onde havia uma trilha, e confabular, algo de interessante vai acontecer. Era um bom exercício. Travessia de rio, seguida de uma subida íngreme, estreita e enlameada. Sabão. Celso, com seu olho clínico, indica “é só fazer uma curva, por ali”. E lá foram eles, para felicidade do cinegrafista Vitório, que fez belas imagens com a câmera grudada nos carros. Tatá, com toda sua empolgação, acabou fazendo um belo splash com seu Freelander, “desinstalando” a placa dianteira. Resultado: calça arregaçada acima dos joelhos e muita coragem para enfrentar a água gelada e pescar a placa no fundo do rio.
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Após essa mostra de competência dos Freelanders, Defenders e Discoveries, era hora de seguir até a Vanda, onde o almoço já deveria estar quase pronto. Mais algumas erosões intercaladas com boas estradas e chegamos a uma parte baixa do vale, e finalmente à Vanda. Muitas árvores, muito verde, ares de fazenda simples e lhamas. Isso mesmo, a Vanda tem um casal de lhamas pastando ali na chegada, que nos deu a sensação de estar chegando em algum
No alto, a prainha formada à beira do córrego do Quilombo No centro, as quedas finais da cachoeira do Quilombo Acima, a travessia do córrego do Quilombo
lugar no interior do Peru. Estacionamos e seguimos os aromas de torresmo frito, feijão bem temperado, frango caipira refogado com açafrão e do limão-cravo cortado, que não pode faltar. Legítima alta-gastronomia da roça. Divina. Após o almoço, doce de leite, goiabada e cafezinho de coador. Pausa para respirar e admirar o nosso próximo percurso: a subida da Serra Branca.
No alto, à esquerda, Tatá foi o único corajoso a encarar as geladas águas do córrego do Quilombo para resgatar uma placa. Á direita, o comboio organizado rumo ao almoço na Vanda No centro, a fazenda da Vanda Acima, a subida íngreme da Serra Branca
A estrada começa com piso de terra batida e, à medida que subimos, o arenito vai se fazendo mais presente, até tomar totalmente o piso. Estamos na Serra Branca. Temos de subir com cuidado, pois existem valetas, desníveis, curvas inclinadas, bem fechadas, rochas de vários tamanhos.
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Começamos a subir a serra rumo a outro mirante.
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“Vamos subir por ali?”, perguntei ao Miranda. “Não exatamente ali, mas bem parecido.” Era íngreme. Viria emoção por aí...
EMOÇÃO É o playground para quem gosta de offroad. Segunda marcha, reduzida engatada e bloqueio de diferencial acionado nos Defender, Terrain Response nos Freelander e Discovery com toda a sua sofisticada eletrônica dando a esses Land Rovers um comportamento impecável, em qualquer situação. A lenta subida nos permitiu observar o dedicado trabalho das suspensões dos carros à frente e até entender a formação geológica daquele trecho, onde o arenito laminado vai quebrando em infinitos palitos. Chegamos ao alto da Serra Branca. Vista deslumbrante do Vale da Babilônia. Os dezoito carros todos perfilados, mirando o vale. É hora de olhar, contemplar, tirar fotos do grupo reunido, jogar conversa fora, fazer dezenas de fotos, inclusive a clássica foto do grupo reunido.
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O sol começa a baixar e o vento vai esfriando aos poucos. É hora de descer rumo à Vale do Céu, onde banho e comida quentes nos aguardavam. Sobe, desce, vira aqui, vira ali, passa um mata-burro, dois, três, tudo com o suporte da equipe de motos, que cuidou para que ninguém se perdesse e até reparou alguns mata-burros no percurso. João, cansado de brincar com as outras crianças e de tanta coisa bonita vista ao longo do dia, chegou dormindo no colo do Wallace, nosso guia local que acabou pegando uma carona conosco.
Chegamos à pousada. Descanso? Não, happy hour com barman confeccionando caipirinhas de todos os tipos e DJ sonorizando nosso início de noite. Enfim, banho e uma horinha de descanso. Chegamos ao restaurante da Vale do Céu. Lá fora, a fogueira gigante iluminava o pátio e a churrasqueira anunciava um perfumado carneiro assado. Jantar esplêndido, bons vinhos, prosa melhor ainda, fotos do André exibidas no telão, todos comentando as passagens desse divertido dia de offroad. A musica ao vivo ia apenas começar, mas quem tem filho pequeno, dorme cedo.
“João, acorda. Vamos tomar café. Temos umas cachoeiras para visitar agora de manhã.” Mas João não estava muito bem e resolvi voltar a São Paulo. Tomamos o delicioso café com os companheiros de aventura, nos despedimos e pegamos a estrada para São João Batista do Gloria.
E sempre surge a mesma pergunta ali na roda: “Quando será o próximo?” Eu não sei. Mas que seja logo!
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Quando encontramos alguém que já participou de um Adventure Trip é motivo para uma boa conversa, lembrarmos as passagens do último evento, falarmos dos carros etc.
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Na estrada, João dormiu e eu vim pensando, que privilégio participar dessas viagens. Como diz o Miranda, conhecer pessoas, fazer novos amigos, trazer amigos para o grupo, viver e trocar experiências, conhecer lugares fantásticos. Sempre a bordo dos Land Rovers.
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Memorial de Incorporação R/21 da matrícula nº 89.535 - 2º CRI de Ribeirão Preto.
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Certas diferenças são essenciais.
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Incorporação
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302m2 de área privativa, 4 suítes, 4 vagas, entregue em menos de um ano.
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Deleitar-se com o inusitado, o singular
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Revolucionário
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do século
O artista carioca Muti Randolph, que não tira o sorriso do rosto, fala com exclusividade sobre como a tecnologia o fascina, o que faz para abstrair e conta como andam os novos projetos
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Por Paula Queiroz | Fotos Marisa Cauduro
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PRAZER Em 1952, quando o caçula de três irmãos, o carioca Muti Randolph, ainda nem sonhava em vir ao mundo, o trio Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari deram o pontapé inicial ao movimento verbivocovisual da Poesia Concreta. Uma verdadeira confluência de imagem, forma, ritmo, som e movimento, o projeto inspirado nos textos de James Joyce exigia todos os sentidos do leitor e é considerado um divisor de águas na história da arte brasileira. Do início dos anos 1950, direto para a segunda década do terceiro milênio, Muti Randolph, o artista polivalente de 42 anos, parece ser o personagem principal de um novo capítulo que começa a ser escrito na história da arte. Ele está à frente de uma verdadeira revolução cheia de tecnologia, luz e som, em perfeita sincronia com o design e a arquitetura. Formado em Comunicação Visual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, ele se tornou referência em projetos arquitetônicos, como o do casa noturna paulistana D-Edge, uma espécie de espaço-imersão, que exigem atenção especial e todos os sentidos ativos do espectador, pois integram design, arquitetura, som e iluminação, áreas que Muti domina e já se tornou um expert.
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Seu QG, de onde saem ideias mirabolantes, está localizado em um confortável loft na praia de Botafogo, a poucos metros de sua casa, onde mora com a mulher e a filha de 1 ano e 8 meses. O percurso diário entre o apê e o escritório é feito de skate, para driblar o trânsito carioca. O esporte é o mesmo que o acompanha desde sua infância, quando ainda morava com os pais em Copacabana, ouvia punk rock, era revoltado contra tudo e todos e dizia por aí que quando crescesse seria médico. Com apenas dois funcionários fixos, Muti costuma contratar profissionais especializados de acordo com cada job que recebe. Na agenda de telefones do designer, a lista é bem grande, tem arquitetos, designers gráficos, programadores, cenógrafos e por aí vai. Uma trupe que segue ao seu lado nessa empreitada, criando novas possibilidades de se pensar o espaço. Filho de pai belga e mãe paulistana descendente de poloneses, o garoto ia muito bem na escola e era viciado em videogame. Ele conta que os diretores do colégio passavam por um dilema. “Eles não sabiam o que fazer comigo, se me expulsavam da escola ou me colocavam na sala dos CDF’s. Eu não estudava
nada, ia super bem e ainda aprontava horrores”, revela Muti. Sua história com o videogame, em especial o Atari, merece um capítulo à parte. Muti sempre gostou de desenhar e se fascinou quando descobriu, em 1977, que no jogo Surround, onde você tinha que encurralar o adversário e isso deixava uma linha de pixels na tela, tinha um módulo livre onde era possível criar qualquer imagem com o uso do Joystick. “Tinham apenas 60 por 40 pixels enormes e eu adorava aquilo. Era a possibilidade de desenhar com luz na tela da televisão. Foi sem dúvida a minha primeira experiência reveladora.”
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“Eles não sabiam o que fazer comigo, se me expulsavam da escola ou me colocavam na sala dos CDF’s. Eu não estudava nada, ia super bem e ainda aprontava horrores”
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Como amante da tecnologia, não podia ser diferente, ele tem site, conta no Twitter e Facebook. Mas diz que se controla e até se considera bem contido. “Na verdade, acho que eu não quero que as pessoas saibam todos os meus passos. Fico até com vergonha disso. Gosto mesmo de postar assuntos relacionados ao meu trabalho”, conta ele. E como nem sempre dá para fugir do ditado popular “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”, ele assume: “Meu site está bem defasado, precisa com urgência de uma atualização. Vou reescrevê-lo em outra plataforma. Isso está no topo da minha lista de prioridades”. O motivo, segundo ele, é que o site foi feito em Flash, sistema da Adobe que não roda nos produtos da Apple. E é nesse exato momento que Muti
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“Mesmo quando eu não tenho uma brecha na agenda, eu forço a barra e se tiver onda eu vou. Surfar me salva a vida”
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“Os projetos comerciais têm vida, não estão presos dentro de um museu. Eles fazem parte do dia a dia das pessoas e é disso que eu gosto.”
tinha o know-how em computação gráfica, no Rio de Janeiro, e começou a ser descoberto pelas agências de publicidade. Depois de 1990, com a chegada do programa Photoshop no Brasil, tudo se tornou mais fácil e ele passou a fazer fotocomposições, e quase não encontrava concorrência no mercado. “Esses primeiros trabalhos me deram muita técnica, mas eu acabei desvirtuando um pouco do que eu queria, que era desenhar. E eu só realizava a ideia dos outros”, revela Muti, que nesse momento estava prestes a passar por uma grande transformação em sua carreira. Ele chegou a assinar diversas capas de discos, como os da Marina Lima, Lulu Santos, Pavilhão 9 e Planet Hemp, mas tudo mudou mesmo quando ele começou a trabalhar com cenografia ao lado de Gringo Cardia e levou suas ilustrações 3D para um espaço que acontecia no mundo real.
Daí pra frente, ele não parou mais, era um dos poucos que
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Na faculdade de design, que começou a cursar no ano de 1987, havia apenas uma atividade onde era permitido usar o computador, ferramenta que ainda era um pouco temida pelos mais cartesianos. Na sala de aula, apenas cinco computadores PC 386, sem mouse, rodavam o defasado programa Paintbrush. O que para Muti já era pra lá de ultrapassado, já que em casa ele tinha um Macintosh II, onde arriscava alguns trabalhos de ilustração.
Depois fez a D-Edge Campo Grande, no Rio de Janeiro, onde pôde experimentar o jogo de volumes e se jogar de cabeça no mundo tridimensional, e, na sequência, a D-Edge São Paulo, que se tornou um divisor de águas em sua carreira, por ter sido considerada a primeira casa noturna do mundo a utilizar a luz de LED como elemento de arquitetura. Sem falar no software desenvolvido por Muti, onde o sistema de som da balada está ligado em um display de LED, que analisa as frequências em tempo real e cria um desenho em perfeita harmonia com a música que toca.
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entra em um assunto que o fascina: a computação.
Com o Gringo, e depois sozinho, fez cenografias de entrega de prêmios, cenários de programas da Globo e MTV, além da montagem do palco da turnê Os cães ladram mas a caravana não para, do grupo Planet Hemp. Com esse currículo debaixo do braço, não foi difícil imaginar que grandes projetos estavam por vir. Em 1995, Muti recebeu um convite para desenvolver o projeto da casa noturna U-Turn, em São Paulo. Baladeiro, o designer já tinha deixado o punk de lado e estava viciado em música eletrônica. “Quando me chamaram para desenhar esse club, queriam um cenário que mudaria dali a 3 meses. Mas eu acabei entregando um projeto completo de interiores que se tornou permanente”, diz Muti, que, assim, quase que por acaso, acabou definindo a cara que seu trabalho teria dali pra frente.
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Entendendo suas raízes e influências, parece que fica fácil compreender o seu último projeto apresentado no Creators Project, em São Paulo. Em um momento da história em que as tecnologias digitais estão passando por uma verdadeira revolução, o evento, que se comporta como uma rede global que celebra a obra de artistas visionários, apresentou o trabalho de Muti, inti-
tulado Deep Screen. Este era uma tela de vídeo tridimensional, onde as pessoas podem entrar e interagir com as animações que acontecem no espaço, e simboliza, acima de tudo, a solidificação de um espaço que antes pertencia apenas à realidade virtual. Muti conseguiu, com seus cenários e projetos de interiores, proporcionar que as pessoas possam habitar fisicamente
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E como ele não consegue ficar parado, este ano ainda vai levar o seu trabalho para a Índia e para o México, e diz que sonha em conhecer Tóquio. “Quando era mais jovem, conseguia tirar dois meses e viajar pelo mundo. Tenho saudades disso. Porque hoje é mais difícil, eu acabo indo onde tem trabalho.” Sua obra, pra lá de visionária, anda fazendo o maior sucesso mundo afora. Como exemplo disso, uma das bíblias da arquite-
“Houve uma dúvida se essas minhas instalações deviam estar em um livro de arte ou de arquitetura. Conversei muito com o editor e chegamos à conclusão de que esses projetos, na verdade, representam a minha tentativa de experimentar o espaço e criar uma arquitetura com o uso da luz.” Esses trabalhos que respiram arte, sem fins comerciais, lhe causam uma sensação diferente, mas Muti diz que também gosta muito de não fazer arte. “Os projetos comerciais têm vida, não estão presos dentro de um museu. Eles fazem parte do dia a dia das pessoas e é disso que eu gosto.”
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Ligado no 220, Muti recarrega suas energias no mar. Como um carioca da gema, ele adora pegar onda e conta que tem um secret spot, escolhido a dedo, onde ele busca um respiro na correria no dia-a-dia. “Mesmo quando eu não tenho uma brecha na agenda, eu forço a barra e se tiver onda eu vou. Surfar me salva a vida”, revela.
tura, o livro Architecture Now!, da editora alemã Taschen, já está de olho no carioca. Primeiro publicou o famoso projeto da D-Edge, e agora ele acaba de ser convidado para participar da próxima edição, com dois trabalhos artísticos, um realizado na Baró Galeria, em São Paulo, e outro montado em Beijing e Nova York.
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suas ilustrações fictícias. E cada vez mais a luz que desenha o espaço, criando formas e volumes, mostra novas possibilidades em um mundo onde nada mais parece ser impossível.
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Same, same, but different No coração da Indochina, a Tailândia ainda exala encantos e segredos dissonantes deste nosso mundo cada vez mais homogêneo
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Por Eduardo Petta | Fotos Carol da Riva
PRAZER Dourado. Budas dourados com o céu azul ao fundo, sinos, oferendas, fé, flores: lótus, magnólias perfumadas, anéis de jasmim. Chás, temperos, especiarias, incensos, frutas coloridas: mangostim, dragoon fruit, snake fruit. Rama, Sita, Lakshman, Hanuman, Tosakan. Sorrisos, monges de bata laranja orando entre flores e imagens de Buda douradas. — Sir! Wake up, sir! Your tea! Abro os olhos, a vista embaçada. Estou confuso. Quem me chama? Dormi profundamente, desliguei. O aroma de incenso, meu corpo embalsamado por óleos essenciais, o tatame rígido com almofadas macias e as imagens de Buda no estúdio lentamente me resgatam a memória. Foco. Estou aos pés da voz de veludo que me desperta, um par de olhos negros rasgados, cabelos lisos, a pele morena, dona das mãos de seda que acabaram de me conduzir ao reino celestial do nirvana. Apenas um lençol cobre o meu corpo. A fada tailandesa deixa o recinto. Volto os olhos para o tatame, onde desperta minha companheira. A sua massagem também terminou. A esfoliação e o tratamento de beleza deixaram-lhe ainda mais bela. Toco de leve o seu rosto e posso sentir-lhe a maciez. Nossos olhos estão marejados e os corpos emocionados convidam a um abraço, um carinho, um beijo, um fixar mútuo de pupilas e uma vontade de trocar cafunés. É como se a vida estivesse zerando nossos problemas e só sobrasse em nosso coração a essência: o amor incondicional, a compaixão, a tolerância, a não violência. Uma paz celestial curtida à beira do Chao Praya, o rio da vida de Bangkok, a capital do reino do Sião. É o último ato de nossa viagem de vinte dias pela Tailândia. A porta se abre. Nossas fadas adentram ao estúdio.
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— Your taxi to the airport is ready, sir! Entorpecido, deixo o spa do hotel Mandarin Oriental e entro no táxi. São 40 km até o aeroporto. Quase não consigo mirar pela janela o skyline de Bangkok. Só enxergo o que restou tatuado na alma: flores, incensos, monges, fadas tailandesas, safadas tailandesas. O sagrado e o profano num piscar de olhos. Caleidoscópio que gira e se transforma em devaneio, cinema da nossa viagem, projetado em imagens de Buda douradas.
Aterrissamos na Tailândia. Alfândega, Phuket. Malas no hotel, moto para rodar a ilha. Verdes montanhas, praias de areia branca, mar turquesa, sol. Mentira. Chove, venta e a água do mar
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Letras tailandesas não são arábicas. São grafismos, como as chinesas. O povo tailandês não fala o inglês. “De onde vocês são?” Brasil. “Da onde?” É uma língua tonal. O érre tem som de éle. E uma palavra pronunciada diferente, significa outra. Problemas de comunicação? Nenhum. O sorriso desse povo é uma linguagem universal.
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Phuket, Sul, Mar de Andaman
PRAZER está turva. Estação das chuvas, clima de monções. O paraíso só se revela de novembro a março, época perfeita para desbravar suas ilhotas, como Ko-Phi Phi, que Leonardo Di Caprio consagrou em A Praia (2000). Ou a incrível Phangnga, a baía com aflorações rochosas, cenário de perseguições de James Bond em O Homem da Pistola Dourada (1974). Mas Pukhet por si só é turismo de massa, neons, a Tailândia Disneylândia, não a que buscamos. Um táxi, aeroporto. Em Phuket vimos alguns budas, mas não tivemos dias dourados. Chang Mai, norte, capital do reino Lanna Toda a Tailândia se espreme pela península do Sudeste Asiático, entre a Índia e a China. Ao norte, suas montanhas fazem divisa com a Birmânia (Mianmar), Laos e Camboja. Ao sul, a estreita faixa de terra encontra a Malásia, a oeste é banhada pelo Mar de Andaman e ao leste pelo Golfo da Tailândia. O país nunca foi colônia europeia. Mas mudou de nome em 1939. Deixou de ser Sião para virar Tailândia, terra da liberdade, da união dos reinos Sukhothai, Ayutthaya, Khmer e Lanna, em cuja ancestral capital, Chang Mai, meu avião acaba de pousar.
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Chang Mai é a segunda cidade do país. Espalhada por um grande vale, vive seu ritmo frenético sem preocupar-se com o turismo. Alugamos uma moto e circulamos. A antiga cidade murada, às margens do rio Ping, vibra de dia e de noite com seus mercados de rua, onde o povo está. Entramos no Warorot, o maior deles. Pimentas, cogumelos, raízes, especiarias, frutas, lufadas de sabores e temperos, alguns agradáveis, outros nem tanto. Ao nosso lado está Any. Ela é chefe de cozinha do Mandarim Oriental e nos guia pelos corredores explicando o que compra. Depois, “sala de aula”. Avental, panelas, facas, colher de pau. Os temperos são passados na lâmina bem fininhos: a cebolinha, o capim-cidreira, o gengibre. Tudo para a cuia, esmagado pelo pilão, jogado na água fervente e acrescido de leite de coco, limão, hot chilli. O curry está pronto. É preciso decorar o prato. “Come-se também com os olhos”, diz Any. Outras receitas se sucedem. Sabores doces, agridoces, salgados, apimentados servidos com arroz branco seguem à mesa. Para o tailandês, é preciso obter diversas sensações no paladar na mesma refeição. Depois do banquete, relaxar. O hotel oferece ioga, meditação, piscinas. Nós nos oferecemos à noite de Chang Mai, com seus bares, boemia, ruas e imagens de Buda pouco iluminadas. Mas só até o dia raiar e Chang Mai despertar. Hora de ver tigres,
elefantes, artesões, artesanatos e templos. Para o mais bonito, subimos ao topo: Doi Suthep, a montanha sagrada de Chang Mai, onde os budas dourados habitam. Chang Rai, extremo norte, entre o Mekhong e o Triângulo Dourado Estudamos o mapa. Decidimos. O melhor jeito de seguir viagem é alugar um carro. A estrada que liga Chang Mai à Chang Rai está ótima, bem sinalizada em seus 200 quilômetros. Na Tailândia dirige-se do lado contrário ao do Brasil. A adaptação é fácil. Difícil é não ligar o limpador de vidro, quando se quer dar o
Não ao menos em Chang Rai, segunda cidade do norte tailandês. Aqui a atração é o preto e o branco, o yin e o yang, a luz e as sombras. Contrastes em templos modernos. O Templo Branco é um elogio ao céu, à pureza. Flanar por seus pórticos é adentrar ao paraíso, mas não impunemente. “Sem sacrifício não se atinge a bem-aventurança”, diz o seu magnífico artista, Chalermchai Kositpipat, autor do livro Creating Buddhist Art for the Land. “Eu faço cada detalhe desse templo como devoção do meu dharma”, diz o luminoso Kositpipat. Mas também há o Templo
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camponeses e imagens de budas perdidas na selva, nem todas douradas.
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pisca. A paisagem encanta. Finalmente a zona rural. E a benção das chuvas caindo do céu para irrigar a lavoura, campos bem verdinhos até onde o horizonte alcança. Um deleite deixar-se estar diante de um oceano-arrozal. Caminhar em suas trilhas com barro nos dedos, admirar a gente de chapéu de palha pontudo preparando a terra, a semear o grão. Debaixo de cada chapéu, um sorriso, uma história como a nossa pra contar. “Same, same, but different”, como eles gostam de dizer para tudo. Os tailandeses acreditam que a vida deve ser sanuk, “divertida”. E o sanuk pode ser encontrado em qualquer momento. Seja colhendo arroz, andando na rua ou orando nos templos. Templos que se sucedem pela estrada, intercalados por florestas, vilas de
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Do Chao Praya ao Mekhong, os grandes rios da Tailândia, uma viagem entre templos, verdes campos de arroz, terraços cultivados de chá, massagens, danças, hotéis de charme, agitadas metrópoles e coloridos mercados. Jornada de contrastes, ao ritmo da fé inabalável de seu povo em Buda
Negro, de Thawan Duchanee. Tudo nele é perturbador: peles de animais, chifres, pouca luz, preto nas paredes. “Evoco o lado sombrio do homem, que é preciso conhecer para transformar”, diz o autor.
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De Chang Rai, em meia hora de carro, se chega ao Mekhong, a mãe de todos os rios da Indochina. É um sonho estar em Soup Ruak, diante de suas águas que nascem na China, percorrem a Birmânia, Tailândia, Laos e Camboja, até desaguar na maravilhosa Halong Bay, no Vietnã. Sempre sonhei em viajar pelo Mekhong. Em conhecer o seu triângulo dourado, a antiga região do ópio, dos campos de papoulas floridos. De ver a sua gente ribeirinha, pescando com barcos de cauda longa. E agora cá estou. Na tríplice fronteira. Os pés na Tailândia, os olhos nas montanhas da Birmânia e, ao girar do pescoço, Laos. Na beira do cais, crianças mergulham, dão piruetas. Mergulho também. Lanço flores, oferendas. Agradeço à mãe dos rios. Agradeço ao Buda.
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Luz, trevas, fadas, safadas, campos, cidades, budas, neons, silêncio, barulho. Tailândia é contraste, contradição. Ainda mais em Chang Rai, que concentra o maior número de povos das montanhas em sua província. São seis etnias: Karen, Lisu, Lahu, Akha, Mien e os Hmong. No Hilltribe Museum, consigo informações para visitar essas etnias em diferentes estágios de civilização, algumas autênticas, outras adaptadas ao mundo moderno, com casas de parabólica no telhado e celular nas mãos.
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Mae Salong, norte, montanhas, etnias, chá Pelo Mekhong se vai a China, ao Laos, ao Camboja. Mas do Mekhong seguimos pela Tailândia, rumo às montanhas onde se planta o chá, serpenteando pela estrada até encontrar a pequena Mae Salong. Não temos hospedagem. Entregamo-nos ao destino. Ali está uma placa: “casa de família com mirante”, onde sentamos. A dona da casa, Jan Pein, nos oferece chá, estadia, guia. O chá esquenta, a vista acalma, aceitamos a moradia e conhecemos o guia, seu marido, James Surapol. Ele nos fala de sua origem humilde, como venceu na vida e sobre a alegria em ajudar os outros. James é líder comunitário. Trouxe a escola para o bairro onde mora. E nos leva até lá para ver crianças lindas. Depois nos conduz entre os terraços de plantações de chá. O chá, que substituiu o ópio na Tailândia, proibido em 1959. Fazia tempo que não via um trabalho tão bonito. Dezenas de mulheres apanhando as folhas, cantando juntas.
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Mae Salong é repleta de imigrantes chineses que aqui se estabeleceram fugindo do comunismo de Mao Tse Tung. Ergueram pagodas, restaurantes de comida yunnanesa, casas baixas de bambus e se misturaram com os povos das montanhas. Assim nasceu James, filho de pai chinês e mãe akha. James, que nos leva com seu jeito doce para conhecer as etnias, descobrir seus saberes. Em cada uma delas, recepções de rei, com banquetes à mesa, quando mesa havia, à luz de velas, quando não havia luz. Por gente nem sempre com dentes, mas sempre contente. Gente que mantém sua espiritualidade de fé em deuses anímicos, mas também em Buda.
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Bangkok, centro, capital, frenética, alucinante Galo, galinha, noites estreladas, cigarras, perfume dos chás em cada manhã, James, Jan Pein. Sons, imagens e amigos entram na memória. Nosso carro desceu a montanha. Chang Mai de novo, estação de trem rumo à Bangkok, doze horas de viagem. Podia ser de avião, uma horinha, mas: Same, same, but different. Experiências! Do que a vale a vida sem elas? E doze horas depois: barulho, trânsito, gente, muita gente, dez milhões de habitantes, Bangkok. O olho direito enxerga templos seculares, o esquerdo, prédios de alturas centenárias.
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Passeamos. O centro velho, o mercado de flores, tantas cores, tanta arte com as pétalas. Das flores surge o Palácio Real, uma das obras maiores do oriente. Estátuas de nagas, as serpentes míticas, dragões, deuses, guerreiros, figuras de Buda, quadros, pórticos. Basta apontar a retina e descobre-se arte, fé e devoção estampada na face de cada budista tailandês, 95% da população de 70 milhões. Os fiéis chegam de longe para venerar o Buda de Esmeralda, a imagem mais sagrada da Tailândia. Ganhamos as ruas. Alugamos um tuk-tuk e com ele rodamos por suas avenidas, cafés, shoppings e bares nas coberturas dos grandes prédios, onde se avista o Chao Praya, o rio da vida de Bangkok, a correr caminho para o oceano.
Bangkok é caótica e barulhenta, mas eu passava fácil um mês aqui. Há quem escreva que nem em um ano se descobrem seus segredos. Então eu passava dois. Mas nosso táxi está chegando ao aeroporto. Meus olhos estão marejados. Estou emotivo pela massagem. Ainda avisto um último templo e peço ao motorista que pare. Tiro os sapatos, entro. Os tailandeses não apertam as mãos para se cumprimentarem. Eles as unem espalmadas em frente ao peito em reverência ao outro. Desejam-lhe alegria na vida. Diante do Buda se ajoelham. E agradecem a dádiva da vida. Eu agradeço a viagem. Táxi, aeroporto, devaneios. Penso em flores, incensos, na roda da lei, em iluminação, nas imagens de Buda. Fecho os olhos, mas elas continuam a dourar a minha mente.
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ental Spa e um jantar degustação da culinária tailandesa com show no restaurante Rim Naam.
Mandarin Oriental Dhara Dhevi, Chang Mai: www.mandarinoriental.com/chiangmai; (toll-free com atendimento em português: 0800 891 3578). Em 60 acres, decorado com elementos Lannas, cercado de arrozais, é a perfeição nos mínimos detalhes. Desfrute da divina cozinha do Le Grand Lanna (o restaurante que inspirou o hotel frequentado pelo rei da Tailândia) e não deixe de fazer um curso de cozinha tailandesa.
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Em Mae Salong, para uma experiência mais profunda com os povos da montanha, procure pelo incrível guia James Surapol: www.maesalonghomestay.com. A melhor época para visitar a Tailândia é entre novembro e março, estação das secas, principalmente se você planeja ir para as praias. Quem leva: Action Turismo, www.actionturismo.com.br, tel. (21) 3861-9900.
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DEVANEIO
Com vista para o mar A baixa estação no litoral sul de Pernambuco é ótima opção para quem quer beleza, conforto e descanso
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Por Simone Fonseca | Fotos Lalo de Almeida
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DEVANEIO Praia dos Carneiros Todos os anos, guias de viagem publicam listas com as praias mais bonitas do Brasil. As escolhas sempre geram controvérsias. Afinal, os motivos que fazem uma praia ser mais bela do que outra são subjetivos. Naturalmente, a cor azul e transparente do mar conta pontos. Assim como a presença de piscinas naturais, recifes, corais e coqueiros. Se há um rio por perto, aumentam as chances. Mas, no final das contas, sabemos que não são as características isoladas que tornam um lugar belo. É o conjunto, um não sei quê que chama a atenção e nos faz querer ficar mais. É assim com a praia dos Carneiros, no litoral sul de Pernambuco, eleita por várias publicações como uma das dez mais belas do Brasil.
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Um pequeno pedaço de areia branca, mar azul, águas quentes e calmas, milhares de coqueiros curvados pelo vento que elevam o passar do tempo a uma oitava superior. Chegar lá já é uma experiência notável. Tanto se pode ir por terra, por uma linda estradinha encravada na Reserva Biológica de Saltinho, oásis de 538 hectares de Mata Atlântica, quanto por mar. Nesse caso, é preciso pegar um catamarã na praia de Guadalupe e navegar por cerca de 20 minutos. Carneiros fica no município de Tamandaré, a 120 km de Recife e é área de preservação ambiental, parte da Costa dos Corais, uma faixa de 137 km de arrecifes que se estendem até Maceió, em Alagoas. Dizem que a sua fama nos guias nacionais e internacionais se deve ao fato de estar preservada e parecer com o que era há 100 anos. Chegando ao local, realmente, se percebe um tempo passado. Essa sensação é ilustrada pela presença da Igreja de São Benedito, uma capelinha à beira-mar construída entre o final do século 18 e início do 19 e que está em ótimo estado de conservação. Até a década de 1990, a praia era uma grande fazenda de cocos de uma única família e, nos últimos anos, vem mudando de perfil. Hoje, pequenos sítios, pousadas e poucos e bons restaurantes ocupam a privilegiada vista para o mar e atraem turistas de todo lugar.
O rio Formoso, no pontal da praia, traz um encanto particular. Um pouco de água doce para essa vastidão do mar. Dizem que no século retrasado, Carneiros era para a população do vilarejo de Formoso o que Olinda é para o Recife: lugar de veraneio. Independente de sua vocação anterior, essa praia foi um bom começo para a nossa pequena aventura de quatro dias no litoral sul de Pernambuco. O objetivo era visitar Porto de Galinhas e
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Um templo do luxo discreto Confesso que nunca havia estado antes em um resort. Não é o tipo de hospedagem que procuro em minhas viagens, que normalmente são em hotéis, nas metrópoles, ou em pousadas, na
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arredores, se hospedando em um de seus resorts mais exclusivos.
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praia ou campo. Então, quando veio o convite para fazer esta matéria, não sabia muito bem o que esperar. Inspirada em lembranças de filmes, pensei num resort à la Caribe, com música alta, pessoas dançando animadas à beira da piscina e professores sorridentes prontos para levar você a uma aula de hidroginástica. Depois imaginei um lugar decorado como os grandes hotéis americanos. Carpetes com motivos florais, camas enormes com colchões de molas, muitos travesseiros de pena de ganso e buffets de comida com lagostas gigantes enfeitadas com maçãs e laranjas. Pensei também em dançarinas de hula-hula e colares de flores havaianas. Quem sabe o Elvis Presley não morreu e viria dar uma canja em um luau à beira-mar? Enfim, todo o imaginário presente nos filmes da Sessão da Tarde povoou meu pensamento antes de chegar ao meu destino.
Nannai, oásis de luxo e silêncio à beira mar
Mas o Nannai contraria todas essas expectativas. Ele é discreto. Silencioso. Toca bossa nova e MPB contemporânea. Tem um jardim exuberante e muito bem-cuidado. E é elegantemente decorado. Não tem carpetes nem papéis de parede. Muito menos professores agitados ou hóspedes ansiosos. Os bangalôs são amplos e ventilados, inspirados nas praias da Polinésia Francesa. Na recepção, uma taça geladinha de espumante ou um copo de água-de-coco aguarda os turistas cansados da
Fiquei feliz de estar ali. Abri minha mala, troquei de roupa e decidi explorar o lugar. São vários bangalôs overwater, com paredes de madeira e decks particulares. Todos estão estrategicamente dispostos ao longo de uma piscina, que serpenteia todo o terreno de 12 hectares. Na parte central do resort, fica o restaurante e, de frente para a praia, gazebos com cortinas de voal e espreguiçadeiras com guarda-sóis. Convites explícitos para o dolce far niente. Circundam todo o lugar mais de três mil coqueiros, que são visitados constantemente por várias espécies de pássaros.
Fui ver a praia. O Nannai ocupa boa parte da praia de Muro Alto, que ganhou esse nome graças ao paredão de areia branca de três metros de altura que percorre sua extensão. Na faixa do mar, uma grande barreira de corais forma uma piscina de águas calmas, claras e mornas. Para os hóspedes, o resort oferece serviço de bar, cadeiras, quiosques e caiaques para quem resolver se aventurar. Mergulhei no mar, e senti que todo o cansaço da viagem e da vida corrida de São Paulo ia dando lugar para uma sensação de sossego e paz. Lavei corpo e alma. Agora sim estava pronta para desbravar outros lugares.
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Logo fui encaminhada para o meu apartamento, quando abri a porta vi uma imensa cama de dossel, toda decorada com flores colhidas no jardim. Pequenos chocolates estavam ao lado dos travesseiros. E um delicioso cheiro exalava por todo o ambiente. Abri a janela da varanda e deixei entrar a brisa do mar. Bem-vindo mar...
Nessa minha primeira caminhada pelo hotel, era quase meio-dia. O céu estava nublado, mas parecia que ia abrir. Decidi tomar um suco ao lado da piscina. Aproveitei para observar os hóspedes. Na sua maioria casais que bebericavam capirinhas, cervejas e taças de vinho branco. Alguns liam revistas e livros. Outros conversavam em voz baixa. Uma moça boiava na piscina, totalmente absorta. Um garçom passou com uma bandeja repleta de copinhos com caldinhos de peixe e pratinhos com castanhas de cajú. “Para abrir o apetite”, me diz ele. Aceito sem pestanejar. No setlist, Bebel Gilberto, embalada pelas ondas do mar.
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viagem. Os funcionários, outra surpresa, foram bem orientados para atender com eficiência e discrição. Pontos para o Nannai.
DEVANEIO Porto de Galinhas Logo após a abolição da escravatura, negros africanos continuavam sendo escravizados clandestinamente. Desviados do Recife, onde a fiscalização era mais rigorosa, desembarcavam em praias mais distantes, escondidos em engradados de galinhas-d’angola. Os contrabandistas bradavam: “Tem galinha nova no porto!”. Essa era a senha e a origem do nome da vila de pescadores que, séculos mais tarde, se tornaria um dos balneários mais cobiçados do Brasil. Localizada no município de Ipojuca, a 70 km de Recife, Porto de Galinhas é famosa por sua diversidade de praias de águas ora verdes, ora azuis, ora calmas, ora agitadas. Em frente à vila, ficam as piscinas naturais que emergem na maré baixa e cujas águas mornas e cristalinas são habitat para centenas de peixes coloridos. Jangadas zanzam da praia para as piscinas, levando turistas de todas as nacionalidades.
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Nós embarcamos na jangada do Elias junto com dois casais, um brasileiro e um português. Na meia hora que passamos nas piscinas, me encantei com a variedade dos peixes e as formas dos corais e dos ouriços do mar. Fiquei pensando como um bichinho daquele pode causar tanto estrago em uma pessoa. Preocupados com isso, os jangadeiros ficam o tempo todo avisando aos turistas: Cuidado para não pisarem nos ouriços! As ruas estreitas de Porto de Galinhas têm dezenas de lojinhas que vendem de tudo. Desde artesanato típico da região — galinhas de cerâmica bordados, redes, mantas — até lojas de roupas e acessórios. Alguns bons restaurantes, como o Beijupirá, garantem uma gastronomia autêntica, que combina ingredientes locais com criatividade contemporânea. Os pratos mais
Porto de Galinhas, praia para todos os gostos
famosos são à base de frutos do mar e também os da cozinha regional, como carne-de-sol e galinha cabidela, o nome pernambucano para galinha ao molho pardo.
Diego, o jangadeiro que nos levou para o santuário onde eles se reproduzem, avisou: “Se eu não conseguir pegar um deles para mostrar a vocês, não precisam me pagar a viagem”. Essa é uma espécie de garantia que os jangadeiros dão as seus clientes. Na verdade, eles sempre conseguem pegar os bichinhos, que são muito pacíficos. Eles são capturados apenas por alguns minutos. São colocados num pote com água do mar, mostrados aos turistas e depois devolvidos. Ficamos sabendo que eles só vivem em par e, se o macho ou fêmea desaparece, o seu companheiro fica à sua procura por alguns dias. Se não encontrar, morre também. De tristeza. Como algumas poucas espécies, acredita-se que os cavalos-marinhos são monogâmicos. Demos a sorte de ver o casal juntos. Um enroscou a cauda no outro e
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Pontal do Maracaípe Maracaípe é uma daquelas boas surpresas que acontecem em toda viagem: nunca tinha ouvido falar e foi um dos lugares mais belos que visitamos. A praia tem ondas fortes e perfeitas, próprias para a prática do surfe. Tanto é que em outubro acontece ali uma etapa do Campeonato Mundial de Surf. E o pontal, que fica ao final da praia, apresenta o encontro do rio com o mar. O programa ideal é pegar uma jangada, passear pelo manguezal e ver os siris, caranguejos, aratus e aguardar a expectativa para a grande atração que são os cavalos-marinhos. Ali funciona a sede do Projeto Hippocampus, pioneiro no estudo, preservação e cultivo desses simpáticos peixes que estão ameaçados de extinção.
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No verão a vila se transforma e muitos bares e boates itinerantes são montados, mas em agosto, tudo fica mais calmo. Mas, mesmo assim, para quem quer sossego é bom evitar suas ruas, lotadas de informações visuais das lojas e de ambulantes oferecendo de tudo um pouco. Saímos de lá e seguimos nossa viagem rumo à Maracaípe.
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assim ficaram, namorando e se exibindo para nós. O dia estava lindo. Era véspera de lua cheia e as águas do mar se agitavam. É um privilégio estar numa quarta-feira de agosto em um dos mais belos lugares do litoral brasileiro. E, meio da tarde, já era hora de voltar ao Nannai. Luar, massagem e peixe fresco Todos os dias, às 16 horas, o Nannai monta ao redor da piscina uma grande mesa com quitutes para serem degustados pelos hóspedes após a praia. Bolos, pães, frutas, sucos, chás, café
Descobri que, em dezembro, o Nannai inaugurará um spa em parceria com a marca francesa de cosméticos L’Occitane. Será um centro de bem-estar com vários ambientes para um ritual completo de massagens e banhos terapêuticos. Com certeza vai agregar mais alguns pontos para o resort. Pontualmente às 19h30, o grande salão do restaurante inicia seu serviço de jantar. São três grandes buffets, um com saladas, outro com pratos quentes e o terceiro com as sobremesas. Além disso, ainda existem três estações à parte, uma de culinária japonesa, com sushis e sashimis de peixes super frescos, outra com grelhados e a estação das massas e pizzas. É tanta variedade que fiquei um pouco confusa para escolher. É inevitável fazer misturas pouco ortodoxas. Depois de zanzar entre os pratos, acabei optando por sashimi, lagosta grelhada e salada.
Celebrei.
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...E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida.
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e crepes de tapioca fazem parte do cardápio. Um sino é tocado para avisar o começo do chá, que dura exatamente uma hora. Aproveitei esse tempo e fui fazer uma massagem, um dos serviços proporcionados pelo resort, além do salão de beleza e de uma lojinha que vende um mix de roupas de várias marcas. Meg, a massagista, é paulistana e foi para lá em busca de “uma vida melhor”, como diz. Trabalhava em Moema, mas cansada da loucura paulistana, foi buscar sossego em outras paragens. A massagem é feita em uma sala de frente para a praia. Você relaxa embalada pela música do mar. Nada mal.
Quando terminei o jantar, a lua estava majestosa. Presenciar a noite em uma praia nordestina é uma das experiências das mais tocantes. Um convite à meditação. Sentei em uma espreguiçadeira para contemplar estrelas, céu e mar. E me lembrei de um verso do grande poeta pernambucano, João Cabral de Melo Neto:
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Serviço Pernambuco é um estado de muitas tradições culturais. Seguem algumas sugestões de músicas e escritores. Para ouvir O Silêncio das Estrelas, Lenine Naquela Mesa, Otto Poeira (ou Tambores do Vento que Vem), Cordel do Fogo Encantado Maracatú Atômico, Chico Science Bicho de Sete Cabeças, Geraldo Azevedo O Xote das Meninas, Luiz Gonzaga Taxi Lunar, Zé Ramalho Vira Pó, Karina Buhr Para ler João Cabral de Melo Neto Manuel Bandeira Nelson Rodrigues Gilberto Freyre
Nannai Beach Resort Praia do Muro Alto (81) 3552-0100 www.nannai.com.br Passeios: Para ir à praia dos Carneiros, Porto de Galinhas e pontal do Maracaípe, o próprio hotel organiza passeios de buggy e catamarã. Evite: Praia de Calhetas, em Cabo de Santo Agostinho, pois o acesso está muito difícil.
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Nannai fica a 54 km do Aeroporto Internacional do Recife. Existem serviços de vans e helicóptero. Se preferir, alugue um carro. As estradas estão em obras, então é preciso um pouco de paciência para realizar o percurso.
Restaurante Beijupirá Rua Beijupirá s/n – Vila de Porto de Galinhas www.beijupira.com.br Projeto Hippocampus www.projetohippocampus.org
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