Eurobike magazine #4

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razão

#4 06 2008

emoção prazer

devaneio



CAROL DA RIVA

Entre com cuidado



CAROL DA RIVA

Pare, olhe, escute


expediente Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Land Rover, Porsche, Toyota e Volvo. Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600 14021-630 - Ribeirão Preto - SP Tel.: (16) 3965-7000 www.eurobike.com.br

Editorial: Heloisa C. M. Vasconcellos, Eduardo R. da C. Rocha Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Patricia Miller Comercial: Alexandra E. Henriquez Produção: R&M Editora

Tiragem desta edição: 6000 exemplares Impressão: Pancrom Distribuição: Eurobike

colaboradores

Carol da Riva, Daniel Piza, Eduardo Petta, Fifi Tong, Kriz Knack, Lalo de Almeida, Oscar Pilagallo, Percy Faro e Sérgio Chvaicer

Foto da capa: Sérgio Chvaicer

www.rmeditora.com.br 4 . Eurobike magazine


carta do editor

Caro leitor,

Estamos completando um ano de Eurobike magazine, e muito satisfeitos com a experiência de dividir com você nossas emoções, prazeres, certa dose de razão e um pouco de devaneio, porque ninguém é de ferro. Como não poderia deixar de ser, e porque realmente nos emociona, esta edição traz um belo ensaio sobre a GT3 Cup. Gostaríamos de transmitir a você, que admira um Porsche como nós, um pouco do clima que se vive em uma competição dessas, entre loucos por adrenalina. E conversamos com Raymundo Magliano, que à frente de uma das maiores corretoras de valores do país, mantém o firme propósito de promover o fortalecimento da sociedade civil e a democratização do capital, com o que compactuamos plenamente. Continue com a gente.

Um grande abraço,

Henry Visconde Diretor Presidente magazine@eurobike.com.br

Eurobike magazine . 5


#4 06 2008 10. raz達o 12. Raymundo Magliano

6 . Eurobike magazine


20. emoção 22. Porsche GT3 Cup 40. Porsche 911 GT3 Cup 42. BMW X5

46. prazer 48. Buena Fumaza Social Club

56. devaneio 58. Sabor Mantiqueira

Eurobike magazine . 7




FIFI TONG

10 . Eurobike magazine


raz達o

Promover o crescimento sustentado da economia e a inclus達o social Pacto Global

Eurobike magazine . 11


razão

Raymundo Magliano O REVOLUCIONÁRIO SILENCIOSO POR OSCAR PILAGALLO | FOTOS FIFI TONG

12 . Eurobike magazine


Eurobike magazine . 13


razão à corretora, que, enquanto estava parcialmente afastado, fora tocada por seus quatro No último dia 21 de maio, uma quarta-feira,

sócios. Trata-se de uma das instituições de

Raymundo Magliano Filho chegou cedo

mais prestígio e tradição no mercado e que

à sede da Bolsa de Valores de São Paulo,

emprega mais de cem pessoas. Um negócio

no Centro antigo de São Paulo. Foi uma

que, por maior que seja sua modernidade,

quebra de rotina. Em geral, o expediente do

evidenciada nos computadores ligados ao

presidente da Bovespa só começava à tarde,

mundo, não deixa de ter um aspecto afetivo,

depois de ele passar a manhã na corretora

familiar, quase nostálgico. Em sua nova-anti-

que leva o seu nome.

ga sala, Magliano tem emoldurado na parede um documento datilografado com data de

Não foi o horário, no entanto, o que chamou

23 de dezembro de 1947. Naquela antevés-

a atenção dos mais de 800 funcionários da

pera de Natal de seis décadas atrás, o en-

Bolsa. Foi o ritual diferente que Magliano fez

tão governador de São Paulo, Adhemar de

questão de cumprir. Sem a indefectível gra-

Barros, tinha nomeado seu pai, Raymundo

vata e vestindo uma camisa esportiva xa-

como ele, corretor oficial da Bolsa.

drez, ele não se dirigiu diretamente para sua sala, no 10º andar. Parou no térreo. Cum-

Magliano herdou do pai mais do que o nome

primentou a recepcionista, estendeu a mão

e a corretora. Um self-made man que es-

ao segurança, abraçou um corretor, trocou

treou no mercado de ações num tempo

palavras com todos. Os rápidos encon-

em que a República Velha começava a ser

tros se repetiam à medida que ele subia os

fustigada pelo tenentismo, Raymundo pai

andares em direção à ampla e austera sala

construiu seu patrimônio pessoal em meio

que, naquele momento, deixava de ser sua.

a preocupações sociais. É emblemático

Raymundo Magliano estava se despedindo

dessa faceta o fato de, ao assumir – ele tam-

da Presidência da Bolsa, cargo que ocupara

bém – a Presidência da Bolsa, no início da

nos últimos sete anos.

década de 1970, ter aberto para os transeuntes as portas da instituição, então no Pátio

Magliano havia renunciado na véspera,

do Colégio, coração histórico de São Paulo.

pouco mais de seis meses após a Bovespa

Foram muitos os que aceitaram o inusitado

ter obtido êxito absoluto no lançamento de

convite e participaram do coquetel em meio

suas ações, naquele que foi o maior IPO

a empresários e autoridades. “Meu pai tinha

da história do mercado acionário brasi-

uma visão popular” – lembra-se Magliano –

leiro. Com essa oferta, foi criada a Bovespa

e essa talvez tenha sido sua principal

Holding S.A., proprietária da Bovespa e da

herança.

Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. Para não estender o assunto, basta dizer

Magliano teve trajetória profissional diferente

que é um negócio que envolve muitos zeros

– e nem poderia ter sido de outra maneira.

enfileirados: com um volume diário médio de

“Sou um capitalista herdeiro”, diz, referindo-

cerca de 5 bilhões de reais, a Bolsa negocia

se à expressão do intelectual alemão Max

ações de quase 500 empresas, cujo valor de

Weber. De qualquer maneira, começou por

mercado corresponde a um PIB – 2,4 trilhões

baixo, como office boy do departamento de

de reais.

câmbio da corretora do pai, trabalho que desempenhava enquanto estudava no Dante

14 . Eurobike magazine

É esse o universo que Magliano está dei-

Alighieri. Magliano não podia imaginar, mas

xando para trás. “Ainda não caiu a ficha”,

o contato com a língua italiana no colégio

comentou à Eurobike, horas depois da mara-

seria fundamental para seu desenvolvimento

tona da despedida. Ele agora está de volta

intelectual.


Eurobike magazine . 15


raz達o

16 . Eurobike magazine


Na corretora há um quadro de grandes

São passos todos no mesmo sentido:

proporções que retrata ele e o pai ao lado de

dar maior visibilidade à instituição. Mas

uma mesa onde repousa um livro cujo nome

nesse caso, o que vem a ser exatamente vi-

do autor está bem legível: Norberto Bobbio.

sibilidade? Bobbio responde: “É a menor dis-

É esse singular pensador italiano, capaz de

tância entre o governante e o governado”. Se

neutralizar a contradição da etiqueta “liberal

é assim na política, Magliano se perguntou,

socialista” pregada em seu currículo, que

por que não pode ser assim no mercado?

forneceria o instrumental teórico para a mais

“Daí nós vimos a necessidade de sairmos

profunda revolução cultural numa Bolsa de

do 10º andar da Bovespa e irmos para as

Valores – e da qual Magliano seria o protago-

ruas.”

nista. Ir para as ruas é maneira de dizer. Na realiBobbio é razoavelmente conhecido no Brasil,

dade, a Bolsa foi também para o shopping.

para onde foi trazido pelas mãos de Celso

E para o clube. E praia. Além de sindicatos,

Lafer, seu amigo e discípulo. Tem mais de 50

empresas, associações, escolas. Enfim,

livros, muitos traduzidos para o português.

onde houvesse um interessado em poten-

E o que ele diz? Entre outras coisas, que ca-

cial, a Bolsa estava lá. O símbolo dessa Bolsa

ducou o axioma segundo o qual a esquerda

popular é o Bovmóvel, veículo adaptado para

quer a igualdade enquanto a direita quer

levar a mensagem da Bolsa aos quatro can-

a liberdade. Para ele, a esquerda democráti-

tos país. Hoje, há sete deles em circulação.

ca – e só ela – defende os dois valores. O objetivo nunca foi vender ações, mas esFoi nessas leituras que Magliano buscou

clarecer a população. Para que tal meta não

sua cultura humanística. Não foi uma leitura

se confundisse com retórica vazia, Magliano

apenas reverente, em que pese todo o res-

foi, mais uma vez, buscar consistência na

peito que tem por Bobbio. Foi uma leitura ab-

filosofia. “Kant diz que o esclarecimento é a

solutamente pessoal, ainda que mediada pelo

condição primeira para o homem sair da mi-

acompanhamento de professores que, até

noridade”, afirma, citando o filósofo alemão

hoje, lhe ministram aulas semanais particu-

do século 18. E, para surpresa de quem não

lares. Magliano tirou as lições de um contexto

o conhece bem, vale-se também do marxista

e as colocou em outro. Adaptou conceitos,

italiano Antonio Gramsci. “Enquanto Marx di-

propôs uma transposição, enfim, construiu

zia que se você mudar as relações econômi-

uma ponte entre democracia e mercado.

cas você muda a sociedade, Gramsci dizia

“Eu percebi que se quiséssemos transformar

que se você mudar os valores da sociedade,

nossa Bolsa elitista numa Bolsa realmente

você muda a sociedade.”

Eu percebi que se quiséssemos transformar nossa Bolsa elitista numa Bolsa realmente popular precisaríamos usar o instrumental que Bobbio defende para a democracia: visibilidade, transparência, acessibilidade e responsabilidade social

popular precisaríamos usar o instrumental que Bobbio defende para a democracia:

Os resultados mais expressivos dessa re-

visibilidade,

volução só devem aparecer a longo prazo,

transparência,

acessibilidade

e responsabilidade social.”

como, de resto, tudo o mais na Bolsa. Mas, de imediato, alguns números mostram que

Esse foi o ponto de partida. A construção de

o movimento inicial não foi nada desprezível.

uma Bolsa popular foi anunciada já no dis-

Nesses sete anos, o número de investidores

curso de posse, em janeiro de 2001. Vários

ativos na Bolsa pulou de 80 mil para meio

passos foram dados na seqüência, como

milhão. Os clubes de investimento quintu-

a criação do cargo de ombudsman e o es-

plicaram – hoje são quase 2.500. E quanto

tabelecimento das regras do Novo Mercado,

aos home brokers, registram crescimento

onde a prevalência das ações ordinárias ga-

exponencial, passando de 10 mil para cerca

rante o jogo democrático.

de 200 mil.

Eurobike magazine . 17


razão Os números, porém, não dão a dimensão

verno muito forte. É o oposto da sociedade

da mudança mais profunda na Bovespa.

americana.”

Magliano acredita que, para além dos resultados mensuráveis, o novo pensamento está

Feito o diagnóstico, Magliano partiu para

impregnado nas pessoas associadas à Bol-

os Estados Unidos, onde observou in loco

sa, e é isso o que realmente importa. “É uma

como a sociedade se organiza em movimen-

revolução silenciosa”, resume ele, confiante

tos de defesa de interesses específicos. No

na hegemonia das novas idéias. Tendo cita-

ano passado, visitou nada menos do que 25

do profusamente Bobbio e Gramsci, Maglia-

think tanks americanos – instituições conhe-

no faz questão de deixar claro a certa altura

cidas por formular e cobrar políticas públi-

da conversa: “Sou liberal”. Pausa. “Mas um

cas. Uma das que mais o impressionaram

liberal com visão social”, logo acrescenta.

foi a Mothers Against Drunk Driving, criada a partir da ação de uma mãe que perdeu

Se uma empresa não for reconhecida como sendo importante para a sociedade, ela não terá algo fundamental: legitimidade

Tudo o mais decorre dessa visão. Até mesmo

a filha de 13 anos atropelada por um mo-

o lançamento de ações da Bovespa no ano

torista bêbado. Com a pressão exercida, foi

passado faz parte desse processo. A Bolsa

possível mudar 2.100 leis estaduais, inclusive

deixou de ser uma instituição sem fins lucra-

a que proíbe consumo de bebida para meno-

tivos. O lucro agora é fundamental, mas está

res de 21 anos. Pragmático, Magliano admi-

longe de ser o único valor. “Antes éramos

ra a capacidade dos americanos de levantar

um clube, sócios com títulos patrimoniais,

fundos para causas nobres. “Boa idéia sem

o que inibia a entrada de novos sócios. Hoje,

grana é coisa de ibérico, de brasileiro”, diz

o acesso é democrático”, compara Magliano.

ele. “Não sou americanófilo, mas nisso eles

“Se uma empresa não for reconhecida como

são craques.”

sendo importante para a sociedade, ela não terá algo fundamental: legitimidade.” Daí

Os objetivos do Instituto Bovespa estão em

a importância da opção preferencial da Bolsa

linha com o Pacto Global, iniciativa lançada

pelo “capitalismo renovado”, na expressão

pela ONU durante o Fórum Econômico de

de Magliano.

Davos, em 1999, para promover o crescimento sustentado da economia e a inclusão

Raymundo Magliano não pôs um ponto final

social. Ao concluir o IPO, e ainda na condição

no livro da Bolsa. Apenas começou um novo

de presidente do Conselho de Administração

capítulo. Deixou a Bolsa dos muitos zeros

da Bolsa (aliás, a primeira no mundo a sub-

para se concentrar na Bolsa cujo valor não é

screver o Pacto), Magliano mandou um re-

expresso em números. Em seu novo papel,

cado ao mercado: “Gostaríamos de enfatizar

como presidente do Instituto Bovespa de

que a mudança societária não alterou nosso

Responsabilidade Social e Ambiental, ele é

compromisso com o Pacto Global”.

responsável pela área em que mais gosta de atuar. O Instituto abriga, por exemplo, o Cen-

Fazer revoluções, barulhentas ou silenciosas,

tro de Estudos Norberto Bobbio, cujo acervo

não é para amadores, e dá trabalho. Para

tem mais de mil livros de e sobre o filósofo de

Magliano, a luta continua. Com três filhos

sua predileção.

criados (e seis netos), deixará para mais tarde os dias de ócio, quando certamente terá

Não se pense, porém, que se trata do mere-

mais tempo para jogar o tênis de que tanto

cido repouso do guerreiro – ou, como talvez

gosta. Por enquanto, ócio só se for criativo,

ele prefira, do revolucionário. Aos 66 anos,

algo que ele nunca deixou de cultivar. “É nos

Magliano tem pela frente a missão auto-

momentos de lazer que tenho as melhores

imposta de fortalecer a sociedade civil. “No

idéias”, afirma.

Brasil a sociedade civil é muito fraca, e o go-

18 . Eurobike magazine



SÉRGIO CHVAICER

20 . Eurobike magazine


emoção

Criar a máquina perfeita e depois tentar dominá-la Da natureza humana

Eurobike magazine . 21


emoção

22 . Eurobike magazine


Porsche GT3 Cup Paixão e fascínio pela velocidade correm pelas veias do piloto de um Porsche 911 POR PERCY FARO | FOTOS SÉRGIO CHVAICER

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emoção

24 . Eurobike magazine


Precisão em cada detalhe: telemetria, rodas, pneus, freios, carroceria em aço e fibra de carbono e comandos estrategicamente posicionados. Perfeição

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emoção

26 . Eurobike magazine


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emoção

28 . Eurobike magazine


A agitação aumenta nos boxes quando se aproxima o momento da largada. A adrenalina toma conta de engenheiros, técnicos e mecânicos

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emoção

Começa mais um Porsche-espetáculo: carro e piloto com seus corações pulsando. Rotações e batimentos subindo rápido 30 . Eurobike magazine


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emoção

32 . Eurobike magazine


Lado a lado, palmo a palmo. No braรงo e na raรงa Eurobike magazine . 33


emoção

No Autódromo José Carlos Pace, mãos firmes conduzem os bólidos pelo “S” do Senna 34 . Eurobike magazine


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emoção

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emoção

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Na reta da chegada, a prova de que Ferdinand e Ferry Porsche foram visionårios que transformaram em realidade uma combinação de sonho e confiabilidade

Eurobike magazine . 39


emoção

Porsche 911 GT3 Cup Da personalidade discreta ao demônio das pistas POR PERCY FARO

importadora oficial dos lendários es-

frenta uma dieta severa. Ele tem que

portivos consagrados no cenário mun-

ficar pelo menos 245 quilos mais leve

dial do automobilismo –, onde o diretor

do que o irmão elegante e discreto.

do Centro Técnico da Porsche, Dener

Então, livra-se da forração interna, tem

Pires, dispensa idêntica atenção a cada

apenas um banco com forro antichama

um dos carros, a rotina do dia-a-dia

e cinto de segurança de seis pontos.

sempre é quebrada quando se aproxi-

O luxuoso painel dá adeus à moderna

ma nova etapa da competição. No total,

instrumentação para ganhar uma tela

são oito etapas com rodada dupla, real-

de cristal líquido, que fornece ao piloto,

izadas em São Paulo, Curitiba e Rio de

entre outras importantes informações,

Janeiro. Na preparação dos motores 3.6

a temperatura do motor e a pressão

boxer, de seis cilindros horizontalmente

de óleo.

opostos, o ronco chega aos ouvidos de quem gosta de velocidade como uma

Enquanto o GT3 de rua tem câmbio

Perfilados lado a lado, serenos, em

sinfonia executada por uma filarmônica

manual de seis marchas, o de com-

silêncio. Pela postura em sinal de res-

regida pelo número 1 dos maestros!

petição incorpora transmissão seqüen-

peito, a impressão é que estão reveren-

O nervosismo dos 911, nesse momen-

cial de seis velocidades com sistema

ciando algo sagrado, bíblico, no interior

to, transforma-se no DNA da emoção.

literalmente imóveis numa espécie de

O propulsor do 911 de competição

câmara acústica onde não se percebe

é praticamente o mesmo do modelo

sequer o som de alguém respirando.

usado nas ruas – com alguns ajustes,

A cena é essa, mas a realidade é outra.

claro! Refrigerado a água, quatro válvu-

Bem diferente.

las por cilindro, responde com 420 cv

SÉRGIO CHVAICER

de um templo religioso. São 22 figuras

de potência máxima a 7.300 rpm – o de A imobilidade, a ausência absoluta de

rua disponibiliza 415 cv a 7.600 rpm. Os

ruídos podem desaparecer num piscar

puros-sangues 911 da Porsche GT3

de olhos. E os respeitosos 22 perso-

Cup são levados para as pistas apenas

nagens transformam-se em demônios.

para treinos e corridas. “Fora disso, nem

Para isso, basta a disputa estar em jogo.

pensar”, diz Dener Pires. Uma mesma

O comportamento até então tranqüilo,

equipe prepara todos os carros, mas

angelical, dá lugar a criaturas dispos-

cada piloto tem o seu mecânico e o seu

tas a escancarar a filosofia que a marca

engenheiro, que acompanham palmo

alemã revela sob a forma de fascínio

a palmo todas as informações regis-

e paixão: elevar a mil os decibéis das

tradas no sistema de dados do veículo

batidas de seus corações, roncar alto

após cada corrida.

e exibir garras que impõem respeito As diferenças entre os Porsche de com-

à mais astuta das aves de rapina!

petição e o de rua estão basicamente Esse é o clima que se respira no Centro

nos detalhes – que, aliás, são muitos.

Técnico da Porsche, onde são guar-

O de corrida perde o acabamento

dadas – e idolatradas, por que não? –

sofisticado para dar lugar à tecnologia

22 unidades do modelo 911 GT3 que

que faz a diferença na pista. Portas,

participam do Cup Challenge Brasil,

capô e pára-choques traseiros são em

campeonato

da

fibra de carbono; espelhos retrovisores

Porsche, também disputado na Euro-

e molduras das janelas, em plástico;

pa, nos Estados Unidos, na Ásia e na

em vez de vidros, usa-se o lexan – ma-

Oceania.

terial parecido com acrílico, inquebrável

monomarca

oficial

e mais leve. Na oficina da Stuttgart Sportcar – a 40 . Eurobike magazine

Para perder peso, o 911 de corrida en-

Power Shift, que permite a troca de marchas sem acionar a embreagem nem tirar o pé do acelerador. Além de outros detalhes que fazem a diferença entre o 911 encapetado e o irmão comportado, uma curiosidade evidencia mais uma vez o tradicional jeitinho brasileiro: no lugar do ar-condicionado, ele tem uma geladeira desenvolvida no Brasil pela empresa Douglas Pires, que utiliza uma serpentina e faz circular água gelada pela camiseta do piloto. Sabe por quê? A água gelada reduz em até 15º C a temperatura do piloto, que, dentro do carro, durante a corrida, atinge 65º C. É por esse e outros detalhes que a competitividade é a tônica de cada etapa do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil.



emoção

BMW X5 – Ele sabe onde pisa POR PERCY FARO | FOTOS KRIZ KNACK

a velocidade de cada roda, conforme a

e no lazer de fim de semana ao lado

necessidade. O motorista pode variar

da família. “As linhas externas do carro,

Ele tem estilo moderno, é confortável,

a velocidade utilizando o acelerador ou

o bom gosto e o estilo moderno, o in-

robusto e versátil no uso do dia-a-dia e,

o freio, o que permite uma descida suave

terior e a agradável posição de dirigir,

para quem entende um pouco mais de

e mais controlada, uma vez que a sua

claro, também influíram no momento da

técnica, reúne atributos que o colocam

concentração estará totalmente voltada

compra”, diz o empresário.

à frente dos modelos de seu segmento:

para as manobras.

o de utilitários esportivos de luxo. Às ve-

O design, diga-se de passagem, faz

zes interage com o condutor, alertando-o,

Esses foram alguns fatores que pe-

a diferença do modelo BMW. Imponen-

por exemplo, sobre baixa pressão de um

saram

empresário

te, o formato do capô elevado e o estilo

pneu; em outras situações, antecipa uma

Antonio Brizoti Júnior, de 38 anos de

ousado dos faróis duplos complemen-

decisão em relação à segurança e man-

idade, de optar pelo BMW X5. Casado,

tam a combinação marcante das super-

tém a tração correta nas quatro rodas,

pai de duas filhas, uma de 10 e outra

fícies côncavas e convexas ao longo do

mesmo em condições viárias difíceis. Ele

de 12 anos, enxergou no utilitário es-

corpo do carro.

sabe até onde pisa, graças a um sistema

portivo alemão o veículo que preenchia

de controle de descida de ladeiras acen-

todos os requisitos para atendê-lo nos

Outro aspecto que falou alto para Bri-

tuadas, que bloqueia automaticamente

compromissos profissionais e sociais,

zoti Júnior decidir-se pelo X5 é a ligação

42 . Eurobike magazine

na

decisão

do


que tem com a marca alemã. É antiga, tem história e sonhos. “Sou de uma geração que cresceu vendo a BMW expandir-se no Brasil, e a marca acabou sendo objeto de desejo na minha adolescência. O desejo se concretizou com a compra de um BMW, modelo 540, em 2003”, conta Júnior. Contente com a escolha que fez, o empresário só tem elogios para o X5. E cita algumas características técnicas e de conforto que lhe agradam no uso diário do carro: a altura em relação ao solo é ideal, sem ser excessivamente alta, como os outros off-roads; a excelente qualidade do som; a dis-ponibilidade de TV, já que ouve/assiste aos telejornais pela manhã e no final do dia, Eurobike magazine . 43


emoção sangue a vontade de ser piloto de carro,

de cabeça para todos os ocupantes, e air

seja Fórmula 1, Marcas, Stock Car, etc. Com

bags laterais para os da frente. Se o cliente

no retorno para casa; o conforto e a precisão

o X5 4.8 Sport eu consigo matar essa vonta-

desejar, mais dois air bags laterais adicionais

da direção ativa no trânsito urbano; e a nova

de. Basta acelerar fundo, não esquecendo de

podem ser instalados no banco traseiro.

versão de piloto automático que incorpora.

selecionar o câmbio na condição esportiva.

“Excelente e prático para quem, como eu,

A sensação é deliciosa, e recomendo para

Emoções à parte, o comportamento dinâmi-

gosta de utilizá-lo nas viagens”, explica.

quem tem um veículo da marca com um mo-

co do BMW X5 agrada bastante ao em-

tor desse calibre. Na hora certa e na pista ade-

presário. O uso diário que faz do carro é 70%

quada, claro”, frisa.

na cidade e 30% no campo. “Acho que no

O conforto interno é outro ponto que merece

asfalto não tem pra ninguém na sua catego-

atenção especial. Revestimento em couro, ar-condicionado automático, apoio de braço

Nem poderia ser diferente. Afinal, o X5 guar-

ria. Os pneus grudam no chão, a estabilidade

central dianteiro, controle de distância para

da sob o capô um respeitável propulsor de

é total, mesmo acelerando mais forte. É ágil

estacionamento, câmera traseira, vidros elé-

oito cilindros em V, de exatas 4.799 cilindra-

e responde com retomada de velocidade

tricos dianteiros e traseiros, volante esportivo

das, que gera potência máxima de 355 cv

que surpreende. Sem contar que na terra

em couro e bancos esportivos dianteiros tra-

a 6.300 rpm. Esbanjando força, o carro acel-

não deixa nada a desejar”, completa. Júnior

duzem a sofisticação do X5. Brizoti Júnior

era de zero a 100 km/hora em apenas 6,5

faz apenas uma observação sobre um item

lembra mais itens de conforto interno:

segundos, e atinge 240 km/hora de veloci-

que merece ser melhorado no modelo: um

“A regulagem elétrica dos bancos traseiros –

dade máxima. Surpreendente para quem

porta-luvas maior, já que só o manual do

que, aliás, minhas filhas adoram –, além da

se propõe a ser um off-road, diria quem

proprietário ocupa 80% do espaço, e o con-

possibilidade de levar meus pais em peque-

tem como hobby praticar o fora-de-estrada.

sole central, por sua vez, torna-se insuficiente

nas viagens utilizando os sete lugares que

E suficiente para matar a vontade de ser

para guardar todos os objetos.

o carro disponibiliza”.

piloto, como diz Júnior.

Finalmente, numa escala de zero a 10, Brizoti Júnior dá nota 9 ao X5. “Quando ocorrer

A segurança veicular que o X5 incorpora é um

Para ampliar a segurança dos usuários,

a liberação para funcionar o sistema de nave-

capítulo à parte, e o depoimento de Júnior

o carro tem oito air bags como padrão: para

gação GPS do veículo, ele levará nota 10”,

deixa isso patente: “Todo brasileiro tem no

o motorista e o passageiro da frente, air bags

conclui.

44 . Eurobike magazine



LALO DE ALMEIDA

46 . Eurobike magazine


prazer

Uma roda de amigos um gosto compartilhado Simples assim!

Eurobike magazine . 47


prazer

Buena Fumaza Social Club POR DANIEL PIZA | FOTOS LALO DE ALMEIDA

48 . Eurobike magazine


É conhecida a frase de Freud quando provo-

do que dizem os freudianos que até hoje

cado sobre o significado psicanalítico de sua

parecem ver complexo de Édipo em tudo,

fixação em charutos: “Meu amigo, às vezes

mas também porque, de fato, o que é legal

um charuto é apenas um charuto”. A frase

em um charuto é que ele é apenas isso – um

é boa, não apenas porque desautoriza muito

charuto.

Eurobike magazine . 49


prazer

Ele resiste a ser ritualizado, a virar

nos meia hora seguida. E não vai rolar

o mundo da tabacaria (seu pai era

símbolo de alguma causa, a emitir

papo nenhum sobre frutas roxas, tons

fabricante de cigarrilhas e fumo para

algo além de uma fumaça adocicada.

amadeirados e persistência aromática

cachimbo), e há 14 anos está no va-

Ele nunca teve, por exemplo, a ima-

enquanto se desfruta de um deles. Mas

rejo de charutos (com duas lojas no Rio

gem de glamour que o cinema deu ao

é claro que, como os vinhos, os charu-

e esta há um ano na capital paulista),

cigarro; em compensação, também não

tos pedem o hábito, a comparação, o

– era o anfitrião. O empresário Se-

se tornou inimigo público número 1.

aprendizado gradual em direção ao

bastian Puglia, 30 anos, e a jornalista

Não virou bandeira de liberação, como

discernimento entre qualidades. Além

e gastróloga Bebel Baeta, 25 anos,

as drogas na contracultura, muito me-

disso, são muito bem acompanhados

eram os convidados. Edgar se serviu de

nos moeda de troca motivo de guerra

por bebidas como vinhos licorosos

um Cohiba Genios nº 5, um “maduro”

entre traficantes e policiais. E tampouco

e destilados digestivos. Organizar uma

(charuto potente cuja capa foi ama-

se converteu em objeto de afetação,

mesa em torno de charutos de tipos

durecida, ganhando um tom escuro),

como acontece cada vez mais com

diversos e de bebidas como porto

Sebastian, de um Romeo y Julieta

o vinho.

e rum, portanto, é uma grande idéia – e

short Churchill, e Bebel, de um Cohiba

foi o que fizemos em meados de maio

Secretos, também maduro, mas com

Por isso, estranhe quando lhe sugeri-

no Esch Café, na alameda Lorena, em

uma bitola menor. Sebastian foi de rum

rem uma “degustação” de charutos.

São Paulo.

– uma Havana Club 7 Años – e Edgar

Não se fuma um pouquinho de cada

e Bebel, de porto – Graham’s tawny.

charuto diferente: o charuto é um amigo

Edgar Esch, o dono – carioca de 54

No Esch Café, fumar não é apenas per-

com quem se conversa por pelo me-

anos que desde criança convive com

mitido: é incentivado. Uma loja de vidro

50. Eurobike magazine


vende charutos do mundo todo no meio do

“O charuto é perfeito para uma roda de ami-

mais na ponta ou no início do cilindro, de

espaço, e a atmosfera do café é atravessada

gos, para engatar uma boa conversa”, diz

acordo com o fluxo de fumaça desejado pela

por uma névoa sob a qual muitos homens

Edgar. Há pouco a saber para se entregar ao

pessoa. Acende-se a ponta circularmente,

e algumas mulheres estão felizes.

prazer de fumá-lo, como logo atesta Bebel,

utilizando um isqueiro do tipo lança-chamas.

a “novata” da noite. O corte pode ser feito

Há quem fume até a anilha (o anel com Eurobike magazine . 51


prazer

a marca na base do charuto, o qual algumas

bor se perdeu; e cultiva um fumar lento, para

pessoas preferem tirar antes de fumar), há

sentir melhor o sabor, deixando que a cinza

quem vá até o extremo. Não se deve tragar

se prolongue até cair sozinha, como uma

e não é errado que ele apague. Pronto: eis

pequena escultura, sobre o cinzeiro. “Mas

tudo que é conveniente saber para ir adiante.

sem protocolar, sem criar muitas regras”,

Ah, sim, e se você se tornar um habitué, pre-

adverte Edgar. “Cada um fuma como quiser;

cisará ter um humidor– estojo climatizado

eu já vi de tudo. O importante é apenas con-

para preservar seus charutos das oscilações

tinuar fumando.”

de temperatura e umidade. Talvez seja por isso, por essa informalidade,

52 . Eurobike magazine

Naturalmente, o tempo vai levando o usuário

que não se associa o charuto a um tipo

a adquirir suas preferências, e até manias.

de pessoa. As provas históricas são mui-

Edgar, que fuma dois charutos por dia

tas. O liberal aristocrático Winston Churchill

(o primeiro de manhã, seu preferido, e o se-

o adorava, assim como o revolucionário

gundo depois do almoço), enumera as suas:

comunista Fidel Castro (antes de ser proi-

gosta de um corte mais aberto, para sentir

bido de fumar pelos médicos). Comediantes

mais fumaça na boca; acha que charuto não

como Groucho Marx, que dizia preferir um

combina com vinho, exceto os de sobreme-

charuto a uma mulher, ou atores dramáti-

sa (como Sauternes e Moscatos); é contra

cos, como Orson Welles, para não falar no

acender “toco” no dia seguinte, pois o sa-

mestre do suspense Alfred Hitchcock, eram


todos “charutófilos”. (Para ficar no cinema,

charutos cuja unidade sai por R$100, como

talvez seja isso que falte a Woody Allen:

o Cohiba Esplendido Churchill e o Trinidad.

umas boas baforadas o deixariam um pouco

Se você é do tipo que fuma como Freud

menos neurótico). Se Freud deu ao charuto

– até 25 charutos no mesmo dia –, é um

uma aura de intelectualidade, foi também

hábito bastante caro... Hábito? Charuto não

o autor da frase citada acima, e não são pou-

vicia? “Não segundo os médicos”, diz Edgar.

cos os personagens, como caminhoneiros

“Mas é claro que o abuso pode fazer mal à

e mineiros, que vemos fumando em fotos

boca.” O próprio Freud, que morreu com um

antigas.

câncer de boca, é o exemplo mais evidente. Mesmo assim, caro e prejudicial à saúde,

Isso, porém, parece menos comum hoje.

o charuto está longe de ser um item de luxo

Fumar charutos tem sido mais e mais um

como muitos outros são.

hábito de classes altas. “É elitista?”, pergunta Bebel a Edgar, que responde: “Pelo

Enquanto Sebastian elogia seu Romeo

preço dos bons charutos, pode-se dizer

y Julieta combinado com o rum (“ele parece

que sim. Mas não é pedante.” Um bom Par-

quebrar um pouco o sabor do charuto”)

tagás, como o mais vendido – o robusto

e Bebel abandona seu pequeno Cohiba an-

nº 4 da série D –, sai por R$31. Uma caixa

tes de chegar à metade (mas ela jura que

com dez unidades do Cohiba Genios, como

vai repetir a experiência), Edgar conta de

a que está à nossa mesa, custa R$805. E há

suas idas anuais a Cuba. “Se champagne Eurobike magazine . 53


prazer

é francês, charuto é cubano”, diz. “Gosto de alguns dominicanos e até de alguns brasileiros, como o Dona Flor, da Menendez. Mas os ‘puros’ cubanos são o que há de melhor.” O que eles têm que os outros países não têm? Solo, clima ou técnica? “Tudo junto”, responde Edgar. Daí a quantidade de boas

“o charuto me fez mal” ou “me deu dor de

marcas: além de Cohiba, Romeo y Julieta,

cabeça”. Edgar rebate: “Pode ver que quase

Partagás e Trinidad, há Montecristo (o nº 1

sempre o sujeito acabou de fazer uma longa

Lonsdale é o que Edgar sempre fuma quan-

refeição e misturar um monte de bebidas...

do está lá), H. Upmann, Hoyo de Monter-

O que antecedeu é que fez mal”. Bebel

rey, Cabañas e outras menos conhecidas.

aproveita para confessar que mulheres têm

bebida (que pode ser uma grappa ou uma

Quem já foi a Cuba e, com muitos daiquiris

preconceito contra charuto, até por parecer

cachaça, além das mencionadas), um char-

e mojitos, ficou fumando ao ar livre na praça

pouco delicado para manuseio, lembrando a

uto é excelente cachimbo da paz. Ele parece

principal de Habana Vieja, com um violeiro ao

foto famosa da ex-diretora da Anac fumando

amortecer aromaticamente a boca, ajudar a

lado, sabe que não tem igual.

um charutão em uma festa, enquanto as

boa digestão e, ao mesmo tempo, estimular

vítimas da Gol sofriam. “As mulheres estão

o pensamento. Se o cigarro é, como dizem

Entre os fumantes habituais de charutos,

perdendo esse preconceito – diz Edgar –

seus defensores, um companheiro para a

há muita discussão sobre quais são os

e se concentrando no prazer.”

solidão, o charuto é o próprio fim dela: eis

melhores. Mas segundo Edgar, cada caixa

por que deve ser sorvido aos poucos, como

é uma caixa, pois o charuto “é como um ser

O único consenso – e quem dera os consen-

quem não tem pressa de procurar o que lhe

vivo, cada um vem de um jeito”, e em geral

sos fossem assim – é que os charutos po-

falta. Como escreveu Guillermo Cabrera In-

a memória de um charuto se confunde com

dem ser o gran finale de uma tarde ou noite

fante, escritor cubano exilado, em seu livro

a memória da ocasião em que foi fumado.

gastronômica. Depois de boa comida e boa

Fumaça pura: “Um bom fumante, como um

“E isso é que é bacana.” O que ele não

bebida, quando os amigos vão para perto da

bom amante, sempre completa o tempo com

aceita é quando chegam testemunhos como

janela conversar mais um pouco e tomar uma

seu charuto”. Se Édipo soubesse...

54 . Eurobike magazine



CAROL DA RIVA 56 . Eurobike magazine


devaneio

Descobrir paisagens impossĂ­veis Entregar-se ao desconhecido Experimentar Quando o espĂ­rito ĂŠ livre Existe sempre Mais um lugar

Eurobike magazine . 57


devaneio

58 . Eurobike magazine


Sabor Mantiqueira Aconchego e charme. São Francisco Xavier, Gonçalves, São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal A bordo de um Range Rover, no friozinho gostoso da Serra da Mantiqueira, uma viagem para aguçar os sentidos POR EDUARDO PETTA | FOTOS CAROL DA RIVA

Altitude: 700 metros. Cidade de São Paulo,

050. Estrada estreita a ligar São José dos

os primeiros romances num sítio de águas

sexta-feira, 06 de junho de 2008, cinco da

Campos, a gigante do Vale do Paraíba, com

claras, vendo voar pica-paus amarelos.

tarde. Lado bom da história: estou a bordo

a grande muralha: as montanhas que os an-

Mais algumas curvas, inspirados por conto

de um Range Rover preto novinho em folha,

tigos habitantes tupi-guarani chamavam de

de fadas, avistamos São Francisco Xavier.

minha família está confortavelmente instala-

Mantiqueira, a serra que chora, o ventre de

Altitude: 757 metros. Distante 157 quilôme-

da nos bancos macios, rumo às montanhas.

tantas nascentes a cortar o interior de São

tros de Sampa. Tão perto, tão longe. Do terno

Lado ruim: estou parado há uma hora no en-

Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

e gravata, das antenas da Avenida Paulista,

garrafamento da Marginal Tietê. Milhares de

aterrissamos numa gostosa cidade caipira.

carros e pessoas anônimas dividem a angús-

É noite quando passamos por Monteiro

Muita gente na praça, crianças correndo,

tia conosco. É preciso paciência, tolerância,

Lobato. Em frente à praça matriz e às anti-

festejo para a comunidade. No palco conto

foco nas coisas boas da vida. Vamos conver-

gas casinhas coloridas, o restaurante da Tia

um, dois, três, vários violeiros. O relógio da

sando sobre projetos, a fila anda, o rugido do

Nastácia, a sorveteria da Emília, o lanche da

matriz bate dez horas, acaba a cantoria.

Range Rover indica velocidade, e a mente,

Narizinho, a oficina do Visconde de Sabu-

Os senhores de chapéu de palha se retiram

finalmente, viaja.

gosa.

estabelecimentos

do palco, botam a viola na sacola e partem.

homenageiam o criador do “reino da fanta-

Nome,

ruas

e

O moço do pula-pula apaga as luzes, a praça

Duas horas depois de deixar a paulicéia

sia”. Foi nesse chão que o homem passou

esvazia. Silêncio. Mantiqueira. Céu estrelado,

desvairada, as curvas se sucedem na SP-

parte de sua vida, iniciou carreira e escreveu

perfume de flores no ar.

Eurobike magazine . 59


devaneio

60 . Eurobike magazine


Sábado, oito horas. Levantar da cama na

Serve como terra aos agricultores que há

a terra. As casinhas com o fogão a lenha

serra é desafio no inverno. Se a cama for boa,

mais de duzentos anos se instalaram na

levantando fumaça pela chaminé.

então... Ao vencer a preguiça, o ar gélido da

região plantando milho, feijão, arroz, café,

manhã lambe o rosto, dá bom dia, faz cóce-

cuidando de gado, tirando leite. Cada um em

Século 21 em São Francisco. Os bons caipi-

gas na garganta com sua pureza. Dá von-

sua roça. Depois era lombo de mula, levar a

ras ainda estão lá, nas roças, basta andar

tade de tomar em goladas. As brumas enco-

produção para o arraial que virou São Chico,

pelas estradas de terra da região. Mas ga-

brem as montanhas deitadas em seus vales,

como a chamam os mais íntimos. E trazer

nharam companhia. Depois de uma roça há

e só se dissipam quando o sol esquenta,

na volta o sal, um pano “pra mode” a mulher

sempre uma pousada charmosa, reduto de

revelando a inútil paisagem: montanhas, rios,

tecer roupa, um fio de óleo para fritar a banha

casais em lua-de-mel. Quem tem criança

cachoeiras, vez por outra, araucárias. Serve

do porco na panela e fazer torresminho para

sofre. Portas fechadas para a voz infantil

para nada, serve para tudo.

comer com a couve, o feijão. Os meninos

à luz de velas sob a qual os casais namoram.

crescendo em cima do cavalo do pai, arando

Na cidade é diferente. Os restaurantes até colocam placas: “Crianças são bem-vindas”.

São Francisco Xavier: vida caipira e pousadas charmosas na Serra da Mantiqueira

Eurobike magazine . 61


devaneio

Varanda da casa de banhos Bruxinhas do Mato, em São Francisco Xavier. Purificação 62 . Eurobike magazine


E é gostoso flanar pelas ruazinhas, pulando de bar em bar, conferindo cafés e bons restaurantes, esticando pescoço nas lojinhas de artesanato e oficinas de artistas plásticos. O sol esquenta de vez. Não há mais brumas. Turistas no cenário. Um grupo pronto para a caminhada aqui, o da cavalgada, acolá. Jipeiros abastecem suas máquinas, bikers ajeitam o capacete, carros passam levando asa-delta na capota. Todo mundo quer brincar. Os meios, destinos e caminhos são se conhecer conversam. O homem do casal

carregando as trutas. Mais fresca, impossível.

que toma vinho fala para o que toma cham-

Um brinde. A lágrima do tinto com a serra que

Com o mapa das atrações em mãos, es-

panhe: “A melhor coisa do mundo é viajar”.

chora no fundo.

colhemos visitar um criadouro de trutas,

O do champanhe responde: “Viajar sem des-

o Parque São Chico. As trutas vão direto da

tino. Sem programar.” O do vinho concorda:

A água está por toda parte na Mantiqueira. São

água para a cozinha: assadas, fritas, grelha-

“Aí você falou uma coisa bonita”. Cutuca

tantas cachoeiras. Colírio para o olhar, mas

das, servidas em bolinhos, como aperitivo ou

a mulher, levanta as sobrancelhas. “Sem pro-

haja coragem para banhar. O dedo congela

prato principal. O deque de madeira armado

gramar. Deixar o destino falar, o prazer de

ao toque. Então o bicho-homem inventa: ba-

para o cenário ajuda no paladar. Nas me-

descobrir um lugar com vento.” O vento so-

nheiras de hidromassagem, banhos aromáti-

sas ao lado, dois casais que acabaram de

pra carregando as nuvens, e o garçom chega

cos, piscinas aquecidas, japonesas ofurôs.

muitos.

Eurobike magazine . 63


devaneio Gonçalves, encravada a 1.256 metros de al-

número quatro do lendário seu Ovídio, o Zé,

titude. E na caminhada de volta, experimente

serve comida há 15 anos. Famoso por con-

Emergir entre pétalas de rosa, sais marinhos,

fazer o que faço agora: entregar-se à co-

tar causos e lendas da região, Zé está triste.

ervas. Purificar. Cada pousada dá um jeito

midinha mineira curtida no fogão a lenha do

Seu filho de 21 anos. Moto. “Faz um mês.”

de nos banhar em água quente. A terapeuta

restaurante Zé do Ovídio. O lugar é simples,

A serra chora.

Adriana, dona da casa de banhos Bruxinha

a vista, incrível. A rúcula, a alface, a acelga,

do Mato, avisa: “Daqui a meia hora eu cha-

a couve, todo verde vem da horta ao lado.

Desce a serra. Cercada de montanhas

mo vocês. Quando acabarem o banho, tirem

Nascido e criado na Pedra do Forno, o filho

e grandes rochas por todos os lados,

a tampa e firmem o pensamento em jogar pelo ralo tudo aquilo que não quiserem mais nas suas vidas”. Obedeci. Não sei se o ralo agüentou o tranco. Domingo de céu azul. As nuvens correm pelo céu. É para mais perto dele que vamos. Deixamos São Chico pela estrada de terra rumo a Gonçalves. Sobe, sobe, sobe, um passo a mais, Minas Gerais. Um trem de caminhos vazios a intercalar floresta atlântica preservada e pínus. Uma hora e meia de viagem depois, topo de serra, bairro da Pedra do Forno, no sopé da rocha de mesmo nome. O porquê desse nome? Caminhe uma hora da base até o topo, esteja em cima da rocha ao meio do dia, e a dúvida se dissipará. De lá também se pode observar a pacata

64 . Eurobike magazine


Gonçalves deve ser recordista de pousadas

homens em cima dos cavalos espia o campo

Souza, 77 anos, cachimbo na boca, cadeira

e restaurantes por metro quadrado. Tudo nas

de futebol. Seu Paulo, do alto da égua Estrela,

na varanda, vendo a vida passar na rua. “Fui

roças. Tudo em estradas de terra, distante

mansa de tudo, explica a partida. “Campe-

tropeiro. Levava o leite a cavalo para vender

do centro. Chego ao centro. Primeira mar-

onato de várzea. Joguei até os 45 anos. Tô

no bairro do Venâncio. Depois veio o cami-

cha, segunda, acabou a cidade. Marcha a ré.

com 50. Parei.” Parou por quê? “Filhos, tra-

nhão.” Tudo diferente.

Desce. A pé. É domingo. Todo mundo na

balho. A mulher reclamava.” Sei, conheço a

praça. O pipoqueiro, o vendedor de algodão-

história. Só muda nome e endereço. Tudo ig-

O sol se despede, cai a noite, a praça esvazia.

doce, a moça do balão. Uma dezena de

ual. Outra esquina. Seu Benedito Pereira de

Adeus, turistas! Fecha a porteira do Porto do Céu, bar da cantoria, fecha o portão do Bar do Marcelo, tradição desde 1939. Sobram os lampiões da igreja matriz, meia dúzia de meninos e o carrinho de lanche do Mc Mir.

Eurobike magazine . 65


devaneio

A mineira Gonçalves ainda guarda o charme do casario da época colonial Nosso lanche é o último do dia. São vinte e duas horas. Mc Mir fecha as comportas. Boa noite, Gonçalves! Segunda-feira. Cidadezinha gostosa, Gonçalves. É do lado da divisa, mas o sotaque mineiro domina. O café da manhã com pão de queijo, goiabada, bolinho de fubá, o jeito sereno, cafezinho cheiroso que só. Mais uma voltinha na praça. Um caminhão descarrega pinhão. É o fim da estação. Um expresso no Bar do Marcelo. Tantas cachoeiras, trilhas, mirantes. Pena que os restaurantes só abram nos fins de semana. Dá vontade de ficar, mas nosso destino é a estrada, agora asfalto, meia horinha, até São Bento do Sapucaí. É asfalto, mas é roça. Um senhor passa de carroça, o fiel cachorro segue atrás. Breca o carro! Um boiadeiro 66 . Eurobike magazine


Fundado em 1939, o Bar do Marcelo é referência em Gonçalves, ponto de encontro de turistas e moradores toca a boiada. Como nos velhos tempos. O boiadeiro saca o celular sem perder as rezes de vista. Mundo moderno. No horizonte, descortina o passado geológico em seu estado bruto: a Pedra do Baú, onipresente paisagem há milhares de anos. Seu contato imediato é quase um ímã. Atrai. Faz esquecer do resto o olhar. E para lá dirigimos a alma. Passamos rápido por São Bento, e subimos a serrinha. A cada curva, a pedra vai exibindo seus contornos. Mostra-se aos poucos, guarda mistério, não se entrega a um primeiro olhar. Faz a gente querer ver mais. Para mirá-la de frente, a Pedra do Bauzinho, chegada de carro, defronte ao olhar. Para subir-lhe no topo, a 1.950 metros de altitude, vontade, preparo físico. Uma trilha de hora e meia, mais 200 ganchos de escalada. Braço, perna, braço, Eurobike magazine . 67


devaneio

Monumento geológico símbolo da região, a Pedra do Baú pode ser avistada de quase todos os pontos de São Bento do Sapucaí perna. Recompensa: 360 graus de horizon-

Cansei e descansei. Entristeci e me alegrei,

tes, a definitiva conquista. Mente aberta para

e assim sempre caminhei. Hoje estou gas-

ver o mundo, as cidades vizinhas. Ver mon-

to e cheio de marcas, mas, com certeza,

tanhas até onde os olhos alcançam. Lugar

valeu a pena.” Seu Ditinho Joana, 55, tem

fértil para devaneios. Agora descer à reali-

metro e meio de altura e, apesar de morar

dade, mas manter a chama acesa do alto.

no sopé da Pedra do Baú, nunca andou de asa-delta. Mas com certeza sabe bem dos

Descer e subir, subir e descer. Pelas es-

altos e baixos da vida. A cada atitude, pa-

tradas de terra, pelo ar, pelos paredões de

lavra ou entalhe que faz na madeira, esse

rochas verticais. Essa é mesmo a onda da

neto de escravos, poeta e líder comunitário

Mantiqueira e, principalmente, de São Bento

da comunidade do Quilombo de São Bento,

do Sapucaí, 866 metros de altitude, a Meca

esculpe a história de seus antepassados.

paulista da escalada e do vôo livre. Nos fins

Figuras de homens com enxada e machado

de semana, a cidade paulista, com ruas

nas mãos, pés pretos no chão, parecem sal-

de paralelepípedo e casario colonial preser-

tar da madeira, de tão reais. Suas obras ga-

vado, vê seu céu repleto de asas coloridas.

nharam o mundo, mas ele não arreda pé da

Homens brincando de pássaro, território

casa onde nasceu. É lar, oficina, pouso onde

alado onde é permitido voar, subir e descer

vê os netos crescerem. Graças à batalha de

com liberdade.

Ditinho Joana, a comunidade tem luz, saneamento básico, escola, galpão de artesanato.

“Subi e desci. Andei depressa e devagar. 68 . Eurobike magazine

As ruas são limpas, tudo é bem cuidado.


Cartão-postal de Santo Antônio do Pinhal, a antiga estação de trem é pura nostalgia

“Sou um homem pobre cercado de riqueza.

do Pinhal, 1.080 metros de altitude, esten-

Trabalho com gente. Isto é o céu.” E se este

dida à beira da antiga rodovia para Cam-

não for para lá, quero ver quem vai.

pos do Jordão. Pausa na antiga estação de trem. O chocolate quente na beira dos tril-

Terça-feira. Mais um dia de sol invernal. A

hos é pura nostalgia. Volta para o presente.

pedra grande e o pequeno grande homem

O Range Rover é uma delícia de guiar. Na

ficam para trás. Estrada. Sapucaí passa à

terra, no asfalto, até parado, esperando a

direita. Mais 20 quilômetros, Santo Antônio

sessão de fotos da serra iluminada terminar. Eurobike magazine . 69


devaneio

Delícia também são os perfumes da serra:

chalés, um longe do outro. E aqui estamos na

Mergulho cada um deles no chocolate derreti-

jasmim, dama-da-noite, lavanda, flor de limoe-

serra dos sonhos, presente dos deuses. Bom-

do, e os termino de derreter em minha boca.

iro. O ar rarefeito deixa o aroma preencher os

bons em cima da enorme cama, coberta com

Mais um brinde de tinto. Voltamos para o quar-

espaços, harmoniza os sentidos.

edredom de plumas, travesseiro anatômico. No

to. É a última noite na Mantiqueira. Meu filho

quarto, lareira crepitante, sauna, piscina aqueci-

e minha mulher brincam na banheira do país

E assim vamos entrando na Quinta dos Pinhais,

da, rede, varanda, hidro. Um bistrô, luz de velas,

das maravilhas, entre pétalas de flores. No

pousada a 1.300 metros de altitude, com a vista

fondue

mais bonita da Serra da Mantiqueira. São dez

vermelhos suculentos rodando no tacho.

70 . Eurobike magazine

fumegante,

morangos

silvestres

“reino da fantasia”, no coração da serra que chora, derramo lágrimas de alegria.


Informações turísticas

Onde comer:

Dicas:

Como chegar: A partir de São Paulo, siga pela BR-116 (Rod. Pres. Dutra) até São José dos Campos, de onde se continua pela SP-050 até Monteiro Lobato. Guie mais 23 quilômetros até São Francisco Xavier. Para seguir a Gonçalves, como o roteiro sugerido no texto (por estrada de terra), siga em direção ao Pouso do Rochedo, e de lá até Gonçalves são mais 40 quilômetros. Ou retorne a Monteiro Lobato, de onde se pode seguir para Gonçalves (64 km), São Bento do Sapucaí (44 km) ou Santo Antônio do Pinhal (49 km), tudo pelo asfalto, bem sinalizado por placas.

São Francisco Xavier: Parque São Chico – somente almoço, especializado em trutas. Vale o passeio. Estrada Martins, s/n.

Programe sua viagem para finais de semana e feriados, ou para as férias de julho, pois tudo abre e fica mais animado.

O que levar: Tênis ou botas confortáveis para caminhada, roupa leve, agasalho para se proteger do frio, capa de chuva, protetor solar, mochila de ataque, chapéu ou boné.

Ponto Gastronômico: Rua 15 de novembro, Centro. Reservar pelo tel. (12) 9772-3344, pois a espera é longa, mas a comida é ótima, tudo feito na hora pelo chef Bill. Photozofia: Largo São Sebastião, 105, Centro. Para esticar a noite, ouvindo boa música. Gonçalves: Zé do Ovídio: Bairro Pedra do Forno – (35) 9981-5534. Comida mineira no fogão a lenha. Só almoço.

Onde ficar:

Porto do Céu: Centro – (35) 3654-1233. Jantar com música.

São Francisco Xavier: Pousada A Rosa e o Rei – (12) 3926-1318, www.arosaeorei.com.br (exclusiva para casais); Pousada Riacho Doce – (12) 3926-1376 (opção para famílias)

São Bento do Sapucaí: Restaurante Pedra do Baú: Estrada para Pedra do Baú – (12) 9703-9512. Comida simples caseira, atendimento simpático, com visual fantástico da Pedra do Baú.

Gonçalves: Pousada Solar d’Araucária (35) 3654-1398 www.solardaraucaria.com.br

Roça Chic: Creperia – (12) 3971-1772

São Bento do Sapucaí: Pousada do Quilombo (12) 3971-2688 www.pousadadoquilombo.com.br

Em São Chico, flane sem compromisso pelas ruas e faça um banho purificador na Casa de Banhos Bruxinhas do Mato – (12) 3926-1375/9758-5278. Em Gonçalves, tome um café expresso no Bar do Marcelo e deguste as geléias exóticas d’ A Senhora das Especiarias – (12) 3654-1458. Em São Bento do Sapucaí, visite o seu Ditinho Joana, e viaje nas suas esculturas de madeira – (12) 3971-2579. Visite também o Arte no Quilombo, que tem belo artesanato de reciclagem e palha de bananeira. Se tiver pique, suba a Pedra do Baú. Em Santo Antônio do Pinhal, experimente o bolinho de bacalhau da antiga Estação de Trem e compre queijos de leite de cabra no Capri-Alemão – (12) 3666-1639. Dê um presente para quem você ama: passe ao menos uma noite na Pousada Quinta dos Pinhais.

Santo Antônio do Pinhal: Bistrô Bernadette: Superaconchegante, gastronomia refinada, com vista de tirar o fôlego (12) 3666-2030. Reservar. Agências de turismo:

Santo Antônio do Pinhal: Pousada Quinta dos Pinhais (12) 3666-2030 www.quintadospinhais.com.br

São Francisco Xavier: CAT – Centro de Apoio ao Turismo – (12) 3926-1279 Gonçalves: Tribo da Montanha – (35) 36541172 www.tribodamontanha.com.br

Eurobike magazine . 71


devaneio

72 . Eurobike magazine




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