CIDADES | 04
ABORTO
A atriz e professora feminista Maíra Guedes reflete sobre o tema na entrevista desta edição
LUTA
Iniciativa das Pastorais, Grito dos Excluídos marca 7 de setembro em todo país
Bahia
ENTREVISTA | 8 e 9
Salvador, setembro de 2018 ano 1 edição 02 distribuição gratuita
Lula pode ser candidato? Pela primeira vez na história, milhares de pessoas registram uma candidatura à presidência da república.
BAHIA | 05
ELEIÇÕES
Conheça o perfil dos candidatos que concorrem ao governo do estado
CULTURA | 10
FÉ
Oferta de caruru e doces para Cosme e Damião é manifestação da cultura popular
ARTIGO | 10
VISIBILIDADE
O mês de agosto marca a luta das mulheres lésbicas e bissexuais pela visibilidade!
OPINIÃO | 2
Brasil de Fato BA
Salvador, setembro de 2018
EDITORIAL
O nome do jogo continua sendo política SOBERANIA. Retomada das lutas de massas, da democracia e da soberania deve ser objetivo principal chamado “grito da O independência” em 07 de setembro de
1822, que completa 196 anos, demonstra a característica das nossas elites em se antecipar aos processos de transformações para garantir e preservar seus interesses e privilegios. As tentativas frustradas de construção de um projeto de nação no Brasil, historicamente, foram impedidas por esta classe dominante, a partir de seu vínculo com o imperialismo e pelo seu ódio de classe ao povo brasileiro. A nossa independência foi incompleta. Por isso que a história brasileira é marcada por frágeis e curtos períodos democráticos. Tivemos, entre 1889 e 2016, seis golpes de Estado. Por seis vezes o Congresso Nacional foi fechado, além de outros ataques violentos e an-
é preciso fortalecer os congressos do povo, enquanto espaço de reorganização popular tidemocráticos cometidos contra o povo e a nação. A classe dominante e o Estado brasileiro se constituiu elegendo o povo como inimigo número 1° da ordem e do progresso. As formas que o capitalismo encontra para sair das crises, que ele mesmo produz, é se apropriando dos bens naturais e aprofundando a exploração sobre a classe trabalhadora. Todas as crises capitalistas desembocaram em conflitos mundiais
e profundas disputas políticas e econômicas. No Brasil, os interesses da classe dominante são as reformas que elevam a miséria do povo brasileiro, além do saque intensivo dos nossos bens da natureza como energia, água e minérios e da privatização das nossas empresas brasileiras. Por sua vez, os interesses políticos são a desorganização e destruição das organizações populares. Objetivo realizado através do Congresso, o po-
der judiciário e a mídia. É neste cenário que se localiza a prisão de Lula e o trabalho para criminalização política do PT, que afeta o conjunto da esquerda brasileira. O objetivo é impedir as classes populares de voltarem a ocupar algum espaço de poder no Estado. Superar essa encruzilhada histórica não será simples. A batalha exige fortalecimento e continuidade da luta pela liberdade de Lula e a denúncia de sua condição de preso político; transformar as eleições em palco de denúncia dos nossos inimigos; fortalecer a unidade das forças democráticas e populares na construção de vitórias para um fortalecimento de base popular no Congresso Nacional; e lutar para uma vitória eleitoral democrática de Lula/Haddad/Manuela. No en-
tanto, este conjunto de vitórias somente é possível com o objetivo da reorganização da classe trabalhadora e da retomada das lutas de massas. Na Bahia e no Brasil é preciso fortalecer os congressos do povo, enquanto espaço de reorganização popular. Este deve ser um espaço para a retomada do trabalho de base e construção de um Projeto Popular para o Brasil. Para a construção de uma nação soberana, democrática e verdadeiramente independente, com a força do povo no controle do Estado brasileiro. Até lá, teremos que realizar muitas batalhas. Temos a certeza, e a história nas mãos, de que o triunfo será em uma marcha de tempo prolongado. Todo esforço desaguará em uma verdadeira independência POPULAR.
Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mensalmente visibilizamos as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Áttila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião Lopes, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Anaíra Lobo, Bruna Weyll, Bete Dantas, Carolina Guimarães, Danilo Alves da Silva, Elias Santana Malê, Jamile Araújo, Jota Neto, Lorena Carneiro. Edição: Elen Carvalho (0005818/BA) | Revisão ortográfica: Júlia Garcia Diagramação: Diva Braga | Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
CHARGE
Brasil de Fato BA
GERAL l 3
Salvador, setembro de 2018
mandou
FRASE da semana
BEM
PH Reinaux
A única batalha perdida é a que não se faz Adi Spezia
Jaime Amorim, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no ato de encerramento da Greve de Fome por Justiça no STF, que durou 26 dias.
Como a chegada do metrô impactou sua rotina?
C
O
om o metrô os lugares mais longes se aproximaram. Porque é rápido, isso facilita pra quem tá com pressa. A dificuldade foi a retirada de algumas linhas de ônibus. Acho que tem mais vantagens do que desvantagens. Foi legal porque trouxe a integração, a gente gasta uma passagem só. Por ser rápido e não ter trânsito também contribuiu com nossa pontualidade. Faltaria só uma integração de metrô pra metrô.
metro acabou reduzindo algumas linhas de ônibus, esse é o ponto negativo. Porém facilitou a locomoção daqui para lugares distantes como Aeroporto e Rodoviária. A integração foi beneficente, principalmente para estudantes e trabalhadores, que pegam vários transportes por dia. Mas acho que não dá pra investir em uma área de locomoção e deixar outra carente, como os ônibus, que estão sujos e super lotados.
Lorena Reis, Estudante do Ensino médio
Dina Katiussa, estudante e cantora da Banda Nzingas
Curso de Extensão Marxismo e Panafricanismo I Ciclo do curso ocorreu entre os dias 20 e 24 de O agosto de 2018 na Faculdade de Direito da UFBA, na OAB Bahia e na Quadra do Ilê Aiyê. Com uma média de
250 cursistas por dia, foi organizado por setores do movimento negro, sindical, sociais, artistas e academia. Foram abordados os temas: Panafricanismo sob a perspectiva da mulher, Marxismo e Antirracismo, Marxismo e Panafricanismo. Teve também o Lançamento do Livro “O que é racismo estrutural?” de Silvio Almeida e uma homenagem a Luis Gama na OAB.
Troféu Mulher Imprensa
A
Jornalista Monyse Ravena ganhou no mês de agosto o Troféu Mulher Imprensa. Concorrendo com cinco jornalistas de outros veículos de comunicação, como a Revista Piauí e o jornal Folha de São Paulo, Monyse teve 50% do total de votos, na categoria “Repórter de Jornal ou Revista”. Monyse atua como comunicadora e é editora do Brasil de Fato Pernambuco, no qual contribui desde o lançamento no estado há dois anos. Vê o prêmio como uma oportunidade de dar visibilidade à comunicação popular.
mandou
MAL
Marcello Casal Jr-Agência Brasil
Entreguismo do setor elétrico pós golpe, o setor elétrico A brasileiro tem passado por um processo de privatização e
enfraquecimento da Eletrobrás. Desde 2016, empresas estrangeiras estão envolvidas em 95% das operações de fusão no setor, configurando um processo de desnacionalização do patrimônio público. A pouca regulamentação do setor aprofunda os efeitos negativos da concentração por um pequeno grupo de grandes capitais. Os eletricitários têm realizado paralisações como forma de protesto.
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Brasil de Fato BA
Salvador, setembro de 2018
Um Grito por Liberdade LUTA.
Ato marcante do dia 07 de setembro, O Grito dos Excluídos mostra a voz daqueles e daquelas para quem a independência ainda não chegou ASA
Carolina Guimarães
Q
uem participa dos desfiles tradicionais do dia 07 de setembro, certamente já deve ter visto a saída do “Grito dos Excluídos”. Em Salvador, o grupo se concentra em frente ao Teatro Castro Alves, no Campo Grande, e sai em marcha geralmente após a passagem do cortejo “oficial”. Uma iniciativa de Pastorais Sociais da Igreja Católica, inspirada pela Campanha da Fraternidade de 1995, o Grito se consolidou como um movimento que olha para o Dia da Independência de outro ponto de vista: daqueles e daquelas para quem o 07 de setembro não significou a verdadeira liberdade. “O dia que se fala de comemoração da independência é próprio para se pensar essa questão da soberania nacional”, aponta Thiago Correia, membro da equipe da articulação do Grito na ASA – Ação Social Arquidiocesana. “Dessa ótica, de que o eixo central do processo de independência é que ela não acontece para toda a população. O país pode ser independente no dia 07 de setembro, mas essa independência não faz com que os seus também tenham emancipação. E a gente vem nessa contracorrente dizendo que a precisamos avançar muito nessa questão”, observa. Contrapondo-se à militarização tradicional do desfile, o Grito propõe pensar o patriotismo de
Grito leva milhares de pessoas pelas ruas de Salvador todo dia 7 de setembro.
mando a atenção sobre o quanto o poder constituído não atende à população”, diz o Coordenador do movimento aqui Esse patriotismo precisa em Salvador, o Padre José “Nós queremos, estar antenado à luta do povo Carlos. sobretudo, valorizar a por terra, por voz, por vez, vida e a esperança de um melhor e tampor lugar nessa sociedade mundo bém denunciar todo tipo de opressão, de exclusão uma outra forma, como e sim político, cuja arti- dentro dessa sociedade, ação mobilizadora para culação envolve hoje di- de um projeto neoliberal”. Basta de privilégios! a inclusão de quem his- versas organizações, moO Grito não deixa de toricamente foi margina- vimentos sociais, sindiabordar temas que dializado ou marginalizada. catos, conforme explica “Enquanto muitos só es- Thiago “A Igreja Católica loguem com as mudantão ali comemorando os vem puxando um pouco ças estruturais que o país militares, a bandeira, a mais. Aqui em Salvador precisa, como a luta conótica de ordem e progres- tem a Cáritas, que esteve tra fome, por terra, sobeso, a gente vem falando muito tempo puxando o rania, direitos e particique esse patriotismo pre- Grito, a própria ASA, mas pação popular. No início, cisa estar antenado à luta existem vários segmentos em 1995, trouxe como do povo por terra, por voz, de movimentos sociais e tema “A vida em primeiro por vez, por lugar nessa movimentos populares lugar”, slogan que acomsociedade. Por isso que que vêm junto. Partidos panha o movimento até o 07 de setembro é um políticos também partici- hoje, acompanhado a dia tão emblemático. En- pam, mas o nosso papel cada ano de um lema diquanto as tropas passam é dar voz aos movimen- ferente. Esse ano, o lema de um lado, aqueles que tos comprometidos com é “Desigualdade gera vionão tem nada passam do a luta das mulheres, das lência: basta de priviléoutro”, afirma Thiago. pessoas em situação de gios!”. Thiago analisa que, Apesar da origem ser li- rua, das pessoas que es- especialmente nos últimos anos, o Grito tem gada à Igreja Católica, o tão à margem”. Grito não é necessaria“O Grito é uma oportu- se voltado a denunciar mente um ato religioso nidade de ir às ruas cha- questões ligadas aos de-
safios da construção de uma sociedade democrática: “Nos últimos três anos a gente vem falando principalmente das dificuldades que a gente enfrenta à luz da democracia. Então a gente fala sobre o sistema capitalista, que vem gerando exclusões, a marginalização, criminalização [lema de 2016: “Esse sistema é insuportável: exclui, degrada e mata]”. Depois a gente fala sobre esses direitos, que a luta por direitos é todo dia [2017: “Por direitos e Democracia, a luta é todo dia”] e, hoje, que basta de privilégios. No momento em que vivemos, com o desmonte de todos os direitos sociais da população, da saúde, da assistência social, da educação, da previdência... esse ano, falar sobre basta de privilégios é necessário”. A importância do Grito no momento atual também é um destaque do Padre José Carlos, que aponta a necessidade de estar nas ruas denunciando a escalada de retirada de direitos. “Nesse momento histórico é importante que o povo vá às ruas para mostrar a indignação com tudo que foi feito pelo governo que está estabelecido em Brasília, retirando direitos dos trabalhadores, das mulheres, negros e pobres da periferia. A Emenda que congela por 20 anos os gastos públicos compromete a educação, saúde, segurança, projetos sociais, é um absurdo! E a gente não pode concordar com isso, tem que ir para a rua brigar”.
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BAHIA I 5
Salvador, setembro de 2018
7 chapas concorrem ao Governo da Bahia
ELEIÇÕES.Conheça o perfil dos candidatos/a que concorrem ao governo do estado nas eleições 2018
N
Rui Costa (PT)
o dia 7 de outubro, o povo baiano irá para as urnas escolher o candidato ou candidata que irá governar o estado da Bahia nos próximos quatro anos. Nesta eleição, também serão eleitos Presidente (a) da República, Senadores (as), Deputados (as) Federais e Estaduais. São sete chapas concorrendo ao Governo. Em pesquisa realizada pelo IBOPE, divulgada em 22 de agosto, aponta os seguintes percentuais de intenção de voto para o governo da Bahia: Rui Costa (PT): 50%, José Ronaldo (DEM): 8%, João Henrique (PRTB): 3%, Marcos Mendes (PSOL): 2%; Célia Sacramento (Rede): 1%; João Santana (MDB): 1%; Orlando Andrade (PCO): 1%; Brancos/nulos: 22%; Não sabe/não respondeu: 12%. A pesquisa foi encomendada pela TV Bahia e foi o primeiro levantamento realizado depois da oficialização das candidaturas na Justiça Eleitoral. Conheça um pouco sobre o perfil dos candidatos e candidata que disputam o cargo:
ui Costa, atual governador da Bahia, nasceu em Salvador. É formado em Economia pela UFBA. Sua vida política começou no Polo Petroquímico de Camaçari, na década de 1980. Foi presidente do Sindiquímica [Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Química, Petroquímica, Plástica, Farmacêutica do Estado da Bahia] e ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2000, foi eleito Vereador de Salvador, e reeleito em 2004. Em 2007 foi nomeado Secretário de Relações Institucionais do estado. Em 2010, deixou o cargo para ser Deputado Federal. Dois anos depois, se tornou Secretário-Chefe da Casa Civil da Bahia. Assumiu o Governo do estado em 2015 e, agora disputa a reeleição.
Célia Sacramento
João Santana (MDB)
(Rede Sustentabilidade)
C
élia Sac r a mento é natural de São Paulo, mas mora em Salvador desde criança. É mestre em controladoria e contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Santa Catarina (UFSC). É professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2012, foi eleita vice-prefeita de Salvador na chapa com ACM Neto (DEM).
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J
oão Reis Santana Filho nasceu em Nazaré das Farinhas. É formado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia Eletromecânica da Bahia, atuou como Ministro da Integração Nacional no governo Lula, em 2010. Antes disso, ocupou o cargo de Secretário de Infraestrutura Hídrica, em 2007. Foi professor na Escola de Engenharia Eletromecânica da Bahia, Secretário Municipal de Serviços Públicos de Salvador, Superintendente do INSS na Bahia, Presidente URBIS e Presidente da Embasa.
José Ronaldo (DEM)
J
o s é R o naldo de Carvalho é natural de Paripiranga, no Nordeste da Bahia, mas mora em Feira de Santana desde os anos 60. Formado em Administração de Empresas pela UEFS, teve passagem por diversos órgãos, incluindo a Secretaria Estadual de Educação e Cultura. Em 1976 foi eleito Vereador de Feira, pelo partido Arena. Em 1986 foi eleito Deputado Estadual e reeleito nos anos de 1990 e 1994. No final dos anos 90, se elegeu Deputado Federal. Entre 2000 e 2008 foi prefeito de Feira de Santana.
Marcos Mendes (PSOL)
M
a r cos Mendes nasceu em S a l v a d o r. É formado em Geologia pela UFBA, com especialização em Meio Ambiente, pós-graduação em Gestão Pública Municipal e Governamental, Mestrado em Geologia Ambiental. Foi professor universitário no Instituto de Geociências da UFBA. Iniciou a vida política ainda como estudante na antiga Escola Técnica Federal da Bahia, atual Instituto Federal da Bahia (IFBA). Atualmente, é funcionário da Caixa Econômica Federal, Dirigente Estadual do PSOL na Bahia.
João Henrique (PRTB)
J
o ã o Henrique de Barradas Carneiro, filho do ex-governador João Durval Carneiro (PDT), nasceu em Feira de Santana. Foi Prefeito de Salvador por dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2013. É formado em economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com pós-graduação em Desenvolvimento Econômico e Administração de Cidades. João Henrique foi duas vezes vereador de Salvador, eleito pela primeira vez em 1988. Em 1994 foi eleito deputado estadual pelo PDT e reeleito nas duas eleições seguintes.
Orlando Andrade (PCO)
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rland o Andrade é natural de Feira de Santana e ocupa a função de carteiro nos Correios. Atua no movimento sindical da categoria no centro de distribuição da cidade. Foi estudante de escola pública. Atualmente é estudante da graduação em História. Em 2016, foi candidato a vice-prefeito pelo PCO em Feira de Santana, ao lado de Leonardo Pedreira de Oliveira.
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Brasil de Fato BA
Salvador, setembro de 2018
Juventude baiana acampa em Salvador e usa arte para defender a democracia ORGANIZAÇÃO. II Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude irá reunir 700 jovens de todo o estado Lorena Carneiro
Levante Popular da Juventude
scolas e univerE sidades ocupadas, atos nas ruas, mu-
ros pichados: diversas são as formas que a juventude tem encontrado para resistir ao golpe e à perda de direitos no governo Temer. É pensando nessa rebeldia aliada às diversas expressões da cultura popular que o Levante Popular da Juventude realiza em Salvador entre os dias 6 e 9 de setembro o seu 2º Acampamento Estadual. Com o lema “Organizar a rebeldia para defender a democracia”, um dos objetivos é fortalecer a organização coletiva. “O Levante quer se apresentar como uma ferramenta de esperança para a juventude, porque a principal forma de mu-
Nós existimos e vamos lutar
dar a situação atual é a organização popular”, afirma Elen Rebeca da Silva, Coordenação Nacional do movimento. Serão 700 jovens de
todo o estado acampando em Salvador numa programação que inclui oficinas culturais, debates, shows e, claro,
muita luta. “Levar esses jovens pro Acampa é construir um instrumento contra o golpe. A juventude alto-sertaneja não vai ficar de fora”, afirma Marta Mamédio, de Guanambi. Jorrane Quinto, de Itabuna, destaca a importância do Levante e como o acampamento contribui para luta de mulheres, negros(as) e LGBTs: “Há dois anos o Levante muda a minha vida e hoje em dia posso dizer que sou eu mesma. Sou mulher, lésbica, sou feliz. O Acampa vai reforçar quem somos e pra
que viemos. Nós existimos e vamos lutar”. Maria Júlia Soares, estudante do 3º ano do ensino médio em Salvador, reforça a participação dos secundaristas: “A importância dos secundas no Acampamento tem a ver principalmente com a luta pela vida da juventude, que tem direito a uma educação pública, gratuita e de qualidade.” As inscrições para o Acampamento são gratuitas e podem ser feitas a partir da página do Levante Bahia no Facebook.
BRASIL | 7
Salvador, setembro de 2018
Brasil de Fato BA
Entenda por que Lula pode concorrer às eleições de outubro
ELEIÇÕES. Em 2016, 145 candidatos a prefeituras disputaram eleições sob júdice; cerca de 70% deles reverteram o indeferimento
Lula Marques/Ag. PT
Lula pode participar de debates e conceder entrevistas
Da Redação pesar da pressão A para que o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) acelere o processo de julgamento de um possível pedido de impugnação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Justiça Eleitoral tem prazos legais a cumprir e, em última instância, a palavra final é do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas eleições de 2016, 145 candidatos concorreram com registros sob júdice e, finalizado o processo eleitoral, 70% deles conseguiram reverter o indeferimento das candidaturas. O PT registrou a candidatura de Lula na quarta-feira (15.08) no TSE, realizando um grande ato político em Brasília. Três colunas reuniram 5 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), que se encontraram na capital federal com membros de diversos movimentos sociais e lideranças políticas em defesa da liber-
Após TSE, questão de Lula pode ser levada ao STF.
Quem tem que decidir quem vai governar é o povo dade do ex-presidente e do seu direito de se candidatar. Foram mais de 50.000 pessoas neste ato. Para o advogado Fernando Amaral, especialista em Direito Eleitoral, a previsão do trânsito em julgado e a presunção de inocência, previstos na Constituição Federal, têm prevalência sobre os dispositivos contidos na Lei da Ficha Limpa, principalmente porque os recursos relativos à condenação no caso do triplex do Guarujá (SP) ainda não se esgotaram. Segundo Amaral, a possibilidade de a Justiça Eleitoral indeferir de
ofício ou mesmo rapidamente o pedido de registro da candidatura de Lula irá macular o processo eleitoral. “O Judiciário tem que ter muita responsabilidade no julgamento desse pedido de registro do presidente Lula porque não pode nesse caso ter um tratamento absolutamente diverso da tradição da jurisprudência que existe”, afirma ao defender que a Justiça Eleitoral, inclusive, leve em consideração as provas de inocência apresentadas pelos advogados de Lula em relação ao caso triplex. Ao fazer críticas ao ativismo do Judiciário, o advogado vai além e defende que a soberania popular, uma vez que Lula está em primeiro lugar disparado nas pesquisas de intenções de votos, seja levada em conta. “Quem tem que decidir quem vai governar é o povo, aquele que a Constituição determina que vai escolher quem
vai governar pelos próximos anos é o voto. Sem permitir esse debate, fica evidente que o presidente foi tolhido no direito de postular a sua candidatura”, acrescenta. “Se o presidente Lula vai para o segundo turno é um significativo importante […], não dá pra dizer que a população não sabe o que aconteceu, a população fez o seu juízo e aí a gente não vai discutir em nenhum momento a soberania popular?”, questiona. Por mais que o TSE seja célere, conforme parecer jurídico encomendado pelo PT, mesmo cumprindo os prazos mínimos, a decisão mais rápida possível ocorreria na metade da campanha, cerca de 25 dias após o registro. Os prefeitos que estavam sob júdice, no último pleito foram eleitos sem que sequer houvesse decisão sobre suas candidaturas. Houve casos em que a Corte demorou 150 dias para
apreciar. Com base nesses dados, o PT pretende levar a candidatura do ex-presidente Lula adiante, inclusive porque ele não está com seus direitos políticos cassados, o que é garantido pela Constituição. Vale lembrar, que mesmo durante o processo de julgamento da impugnação, ele pode fazer campanha e, a partir do registro, Lula pode participar de debates e conceder entrevistas. Caso o TSE decida barrar Lula com base na Lei da Ficha Limpa, o petista ainda tem o direito de recorrer ao STF, mas o partido terá uma encruzilhada pela frente, pois a legislação eleitoral determina o dia 17 de setembro, como o prazo final para a troca de candidatos à Presidência. Até essa data o partido vai ter que escolher entre substituir Lula ou recorrer. Na segunda hipótese, existe chance legal de o nome do petista, líder nas pesquisas, figurar nas urnas eletrônicas, mesmo preso. Em caso de vitória, um dispositivo previsto na Ficha Limpa assegura esse direito até a diplomação do candidato eleito. E essa deve ser a opção de Lula e do PT.
8 | ENTREVISTA
Brasil de Fato Bahia
Salvador, setembro de 2018
ENTREVISTA l 9
“Porque a vida das mulheres vale tão pouco?”, questiona Maíra Guedes
ABORTO. Criminalização do aborto, direitos sexuais e reprodutivos das mulheres estão entre as questões discutidas na entrevista desta edição Anaíra Lobo
Milena Palladino.
Anaíra Lobo
ste silêncio é en“E surdecedor”, define Maíra Guedes ao falar sobre
aborto. Atriz, professora, escritora e feminista, ela traz importantes reflexões sobre a questão do aborto no Brasil e relata sua experiência com o espetáculo teatral “Somos Todas Clandestinas”. A peça discute a criminalização do aborto, direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, assim como o papel do homem, do Estado e da religião neste debate. 28 de setembro é Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Descriminalização do Aborto. Data importante no contexto brasileiro, já que, aqui, cerca de 850 mil mulheres abortam por ano, estatística acompanhada de outro dado alarmante: os abortos clandestinos são uma das principais causas de mortalidade materna no país. Ou seja, apesar da proibição pelo Estado, as mulheres seguem abortando, como sempre fizeram, por inúmeras razões. Mas também, seguem morrendo por se verem obrigadas a recorrer a métodos inseguros, e por não receberem os cuidados necessários quando passam por processos de abortamento decorrente desses métodos. “Porque a vida das mulheres vale tão pouco?”, questiona Maíra. Precisamos falar sobre aborto e, para isso, é preciso falar sobre a vida das mulheres. Confira a entrevista.
Os abortos clandestinos são uma das principais causas de mortalidade materna no país
Maíra Guedes: Para mim, a questão central é: por que é tão importante para o Estado controlar a função reprodutiva das mulheres? Por que é necessário controlar o corpo, a sexualidade e o trabalho das mulheres? A questão do aborto está relacionada à divisão sexual do trabalho, e o controle da função reprodutiva das mulheres vem da necessidade de atrelar o exercer da vida sexual à maternidade. E tudo isso está ligado diretamente ao conservadorismo da burguesia interna, das elites brasileiras, que a depender do tempo permitem ou não a interrupção da gravidez. Por um tempo, foi permitido o aborto para as mulheres negras; em outro período, como na década de 90, esterilizar as mulheres negras e pobres era parte da política. Já em outro momento, quem desejava fazer a ligadura de trompas não podia fazer. Ou seja, a depender do que o Estado queira, a lei varia com relação ao controle Brasil de Fato: Qual é o do corpo da mulher. As muponto de partida para o lheres são responsabilizadas debate sobre aborto? desde o início, desde a con-
O feminismo precisa se tornar uma bandeira política de todo povo
“Somos Todas Clandestinas” dialoga sobre um tema ainda silenciado em nossa sociedade a partir do teatro político feminista.
cepção, e depois quando se tem um filho, ela é responsável pelo trabalho doméstico e de cuidados. Ou seja, toda essa cadeia do trabalho reprodutivo está sobre os ombros apenas das mulheres. Os homens decidem sobre nossos corpos, mas não se responsabilizam pelo trabalho reprodutivo. Então, o debate da legalização e descriminalização do aborto no Brasil enfrenta, para mim, esse cerne patriarcal e conservador do Estado e de seus principais agentes nos três poderes. BDF: Fica claro que essa questão precisa ser dis-
cutida profundamente na nossa sociedade. Esse seria o papel da peça Somos Todas Clandestinas? M.G.: A ideia desse espetáculo é construir com o teatro uma conversa, um diálogo. A peça é sobre uma mulher contando sobre seu processo de abortamento e refletindo sobre ele. É um convite para as pessoas refletirem sobre o porquê ela precisa ser presa por isso, porque é preciso sofrer tanto por ter abortado. Nesse sentido, eu acho que o teatro possibilita uma mobilização maior, mais interessante e politizada ao mesmo tempo, por-
que lá é possível que nos escutem, as pessoas estão ali para assistirem alguma coisa e para emitir sua opinião também. E, com o teatro político, a gente tenta, a partir do debate da legalização e descriminalização do aborto, colocar o patriarcado em cena. Com as metodologias de criação dessa vertente, é possível levar para a cena as contradições das relações sociais, as contradições do patriarcado e do capitalismo, falar sobre como esse sistema não serve às mulheres e porquê a forma como a sociedade está organizada hoje não nos beneficia.
BDF: E como foi esse processo de criação? M.G.: Eu acordei um dia pensando: “já posso falar sobre meu aborto?”. Fui pesquisar e descobri que não poderia mais ser presa e então, escrevi um relato sobre meu aborto. Recebi muitas mensagens de mulheres dizendo que tinham passado por processos parecidos. Até então, eu estava com medo de pensar um processo de criação sobre um tema tão delicado, que a gente tem tanta dificuldade de debater com as pessoas. É um tema tão silencioso, por-
que a gente precisa se proteger, já que podemos ser presas por abortar ou por ajudar uma mulher a abortar. É no submundo que a gente vai encontrar desde remédio até as clínicas clandestinas. Então, tem uma rede de sobrevivência silenciosa, mas também silenciada por não poder falar nisso abertamente. As mulheres que abortam existem no nosso cotidiano. Então criamos uma mulher-história, a partir de relatos, e o resultado foi maravilhoso. Todas as sessões foram lotadas, famílias inteiras indo assistir. A gente fez na rua também, em praças, em escolasf e universidades. BDF: E qual é o próximo passo deste projeto? M.G.: Estamos socializando a metodologia de criação do espetáculo e dos meios de produção teatrais, a partir de oficinas de teatro feminista popular para que as mulheres criem histórias para discutir o que elas acham interessante e importante. E queremos também voltar a cartaz, continuar gerando debate, desconforto, identificação.
A atriz e professora refletiu sobre sua experiência, compartilhada com milhares de mulheres, para construir o espetáculo.
Queremos chegar em lugares onde não chegamos para discutir a legalização e descriminalização do aborto, que está ligada diretamente ao enfrentamento a este Estado racista, patriarcal, que a todo tempo afirma que a vida das mulheres não vale nada. Ou vale somente para trabalho doméstico e de cuidados, vale enquanto é possível dominar este corpo, mas quando a gente subverte esta dominação, este corpo deve ser descartado, deve ser maltratado. BDF: Recentemente, na Argentina, assistimos a mobilização das mulheres que resultou na aprovação da legalização do aborto. O que esperar do cenário brasileiro? M.G.: No Brasil, sinto que precisaremos nos organizar ainda mais para o que virá, para a onda de criminalização que está chegando. Precisamos fortalecer essa rede entre nós, pensar politicamente e construir espaços para além dos atos e mobilizações. A arte ajuda a gen-
te a mobilizar, mas não organiza. Por isso precisamos assumir o desafio de construir o movimento feminista, construir um caminho para debater o direito ao nosso próprio corpo, à nossa própria vida e às nossas escolhas. Porque estamos falando de pessoas, nós mulheres, que vivemos com a violência marcando nossos dias. Quem já tem a consciência formada nesse sentido precisa romper a barreira do medo de dizer o que vive e o que já viveu, porque para um tema tão silencioso e tão silenciado como esse, é preciso escancarar que isso é real. Nesse momento que estamos debatendo os rumos do Brasil, a gente precisa exigir que a luta feminista e suas bandeiras políticas, como a legalização e descriminalização do aborto, sejam parte do projeto de desenvolvimento nacional. Não tem como desenvolver o Brasil, na real, sem acabar com a violência contra as mulheres, por exemplo. O feminismo precisa se tornar uma bandeira política de todo povo.
10 | OPINIÃO
Salvador, setembro de 2018
Artigo
Artigo
Medida Provisória 844 cria caos no saneamento básico e entrega as águas ao mercado Neotovitch Maia Duarte*
governo golpista de MiO chel Temer editou a MP 844, cujo objetivo é desestru-
turar a legislação atual, que regula os princípios do Saneamento Básico, para facilitar a privatização das empresas estaduais de água e esgotos, principalmente nos municípios maiores, por grandes empresas internacionais que objetivam o lucro com a transferência de dividendos para seus acionistas. A consequência dessa desastrosa medida é prejudicar a saúde da população como um todo, principalmente as populações mais carentes das periferias das grandes cidades e da imensa maioria dos municípios de pequeno porte. A MP 844, que estimula a privatização dos grandes municípios, acaba com a política de subsídios cruzados dos grandes municípios para os menores. A política de subsídio cruzado cria condições de avançar nas metas de universalização dos serviços de água potável e coleta e tratamento dos esgotos sanitários, visando atingir toda a população. As companhias estaduais de Saneamento Básico adotam essa política de subsídios cruzados mantendo tarifas acessíveis aos mais pobres (tarifa social) e, para os demais usuários, tarifas iguais em todos os municípios, planejadas e calculadas pelas companhias estaduais de Saneamento e submetidas à análise em audiên-
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“O redemoinho não leva o pilão”: Visibilidade Lésbica na Bahia e no Brasil *Amélia Tereza Santa Rosa Maraux e * Zuleide Paiva da Silva
A consequência dessa desastrosa medida é prejudicara saúde da população como um todo cia pública com posterior aprovação pela ARPB (Agência Reguladora da Paraíba). Caso essa MP 844 seja aprovada pelo Congresso Nacional, com a privatização dos serviços de água e esgotos, as empresas multinacionais ou nacional visarão exclusivamente o lucro dos seus acionistas (distribuição de dividendos), elevando, para isso, as tarifas a preços abusivos, transferindo seus lucros para sua matriz ou utilizando-os para outros fins que não Saneamento Básico. Diferentemente, as companhias estaduais de Saneamento reinvestem seus superávits na melhoria da qualidade dos serviços e na expansão, objetivando a universalização da prestação dos serviços de água e esgotos. Água é vida! Água é saúde pública preventiva, portanto, deve ser visualizada como bem social e cultural e não como uma mercadoria com fins lucrativos. O acesso à água potável e ao Saneamento Básico é essencial à garantia dos direitos humanos; promove a dignidade e a sobrevivência da humanidade. *É Engenheiro Civil na Paraíba.
mês de agosto para O as lésbicas e mulheres bissexuais não é o mês
do desgosto, como dito popularmente. É o mês que marca a nossa luta pela visibilidade! Foi em 1996, na primeira edição do SENALE - Seminário Nacional de Lésbicas, realizado no Rio de Janeiro, que o 29 de agosto foi instituído como o dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A nossa história de organização, entretanto, se inicia na década de 1970, período de resistência à ditadura militar. Ainda sobe a sigla de MHB - Movimento Homossexual Brasileiro, lésbicas e mulheres bissexuais na Bahia e no Brasil se organizaram contra opressão do capital e do sistema patriarcal, enfrentando a violência e exigindo o direito ao amor entre as iguais. Desde então nos organizamos em redes, associações, coletivos, grupos, etc, tendo como princípio o enfrentamento ao racismo, a heterossexualidade obrigatória, o capitalismo e o sexismo. Esse ano, em especial, o mês da visibilidade lésbica na Bahia foi marcado pela realização do VI ENLESBI – Encontro Estadual de Lésbicas e Mulheres Bissexuais e o X SENALESBI – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais. Esses eventos se cons-
Esses eventos se constituem em uma política de visibilidade tituem em uma política de visibilidade, sendo um esforço coletivo, participativo e colaborativo de discussão de diferentes questões referentes à conjuntura política e aos eixos de opressão que estruturam a sociedade. Entendemos dessa forma, que auto-organização das lésbicas e mulheres bissexuais, para além da força agregadora, produz políticas de sociabilidade feministas baseadas no afeto e na luta cotidiana como caminho de empoderamento, enfrentamento e superação. É com essa certeza que seguimos na luta, exigindo justiça por Marielle Franco, por Luana Barbosa, e por todas as mulheres mortas em função do gênero, da raça e da sexualidade não heterossexual. Amélia Tereza Santa Rosa Maraux – Centro de Estudos em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidades – Diadorim/Uneb, Pró-Reitoria de Ações Afirmativas/Uneb e Liga Brasileira de Lésbicas Zuleide Paiva da Silva - Centro de Estudos em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidades – Diadorim/Uneb e Liga Brasileira de Lésbicas
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Variedades| l 11 11 CULTURA
Salvador, setembro de 2018
Cosme e Damião: tradição, agradecimento e fé
FÉ. Oferta de caruru e doces durante o mês de setembro é manifestação da cultura popular Por Jamile Araújo
Cáritas Regional Nordeste
osme e Da“C mião vem comer seu caruru. Cosme
e Damião, vem que tem caruru pra tu” O mês de setembro chega e se inicia a agenda de ofertas de carurus e doces para Cosme e Damião. 26 de setembro é o dia dos santos gêmeos médicos na Igreja Católica, conhecidos por serem protetores das crianças, que teriam vivido na Ásia e cuidavam da saúde das crianças gratuitamente. Já na Umbanda e no Candomblé, é no dia 27 de setembro que são oferecidos carurus para as crianças em forma de agradecimento e de novos pedidos. O caruru, comida feita com quiabo cortado, camarão seco, azeite de dendê entre outros temperos, é oferecido para homenagear diversos santos e santas tanto dentro da religião católica e dos orixás no Candomblé e na Umbanda ao longo do ano. A exemplo do Caruru de Santa Bárbara no dia 4 de dezembro ou da Festa da Boa Morte, que ocorre no mês de agosto em Cachoeira, no Recôncavo Baiano. O Caruru de sete meninos, oferecido em setembro, tem acompanhamentos no prato que variam de feijão fradinho, arroz, farofa de dendê, ovos cozidos, frango cozido, banana da terra fri-
são em termos da hierarquia que há no Candomblé. Se em outros momentos quem se serve primeiro são os mais velhos, com maior idade ou maior tempo de iniciação, desta vez são as sete crianças, ou sete meninos(as),
que comem primeiro. “Tem o momento que as crianças vão comer primeiro. Mas todo mundo vai comer e se alimentar. Também tem a questão de comer com as mãos e limpar as mãos na saia de quem ofertou o caruru”, conclui.
Ofertar o Caruru de 7 meninos a São Cosme e Damião: uma missão de vida
A
Mesa de doces é tradicionalmente oferecida nesta data.
São oferecidos carurus para as crianças em forma de agradecimento e de novos pedidos ta, rapadura, cana-de-açúcar e pipoca. Segundo Diogo Linhares Fernandes, estudante de Licenciatura em Ciências Sociais da UFRB, São Cosme e Damião no Candomblé é associado ao orixá Ibeji, que significa gêmeos na cultura Iorubá, mas há outras divindades associadas a crianças a depender da nação. O nascimento de gêmeos, na cultura Iorubá, é considerado como um fenômeno divino e sagrado, e a simbologia do caruru vem daí. “Há uma diferença entre o orixá Ibeji e os
erês. Os erês representam espíritos de crianças que foram escravizadas, viveram em situação de fome e abandono. Por isso geralmente estão associados a comida. Como o 27 de setembro é dia de São Cosme e Damião, setembro é o mês associado aos erês, às crianças. Como se eles fossem “padroeiros” ou “patronos” delas, das crianças abandonadas e das que sofreram durante a escravização ou no pós escravização”, pontua Diogo. Diogo conta que há algo bem interessante nessa data: uma inver-
riadne Santos, que nasceu no dia 27 de setembro e que a família por parte de mãe tem como base religiosa a Umbanda, conta que sua história com o dia de Cosme e Damião vem desde quando estava na barriga de sua mãe. Antes mesmo de seu nascimento. “Uma senhora, que vendia lanches próximo da clínica onde minha mãe ia para a consulta com o Obstetra, falou que ela ia ter uma filha que ia nascer no dia 27 de setembro. Eu nasci no dia 27. E a senhora disse a minha mãe que ela ia ter a missão de todo dia 27 honrar São Cosme e Damião com o Caruru”, complementa. Ela ressalta que a mãe e a avó já faziam caruru, mas com o seu nascimento esse compromisso se reforçou. “Um ano era caruru e outro mesa de doces, e alguns anos, os de ‘vacas gordas’, eram os dois. Desde criança que venho todos os anos, até a vida adulta, dando o caruru”. Ariadne comenta ainda que, no último ano, teve muita dificuldade para realizar o caruru, por vários imprevistos, mas conseguiu fazer e foi muito bonito. Apesar da dificuldade maior que há, hoje em dia, para encontrar crianças para participar do caruru. “Por conta do preconceito das pessoas, e devido à grande inserção das Igrejas evangélicas”, pontua. Mas mesmo assim, a fé e a tradição se mantiveram. Seus pedidos, escritos na carta que vai junto com a oferenda do caruru, se concretizaram. “Os pedidos foram acontecendo e eu fiquei admirada com o poder e a força que eles têm. Claro que abaixo de Deus, de realmente cuidar e fortalecer, e atender aos pedidos das pessoas que têm fé e acreditam. Dar o caruru é uma forma de honrar, agradecer e de pedir também. E quando as coisas acontecem, você acredita naquilo cada vez mais, você começa a ter a fé como algo que move montanhas mesmo”, finaliza.
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12 | CULTURA
Percorrendo nossos sabores Comunicação MST
Da África para o Brasil: O dendê e suas faces
Bahia Meu País
dendezeiro (Elais guinunsis), assim O como os negros que foram escravizados no Brasil, tem suas origens no continente afri-
cano. Originário do golfo de Guine adaptou-se bem ao clima tropical Latino Americano. Em terras brasileiras, o azeite de dendê, principal produto de seu fruto alaranjado, tornou-se indispensável nas moquecas, no acarajé e no preparo de comidas oferecidas aos orixás. Atualmente seu uso vai além da culinária, estando presente na indústria de cosméticos, farmacêutica e alimentícia. Com uma produção média de 6 a 8 toneladas hectare/ano. O uso do azeite de dendê como biodiesel é uma ferramenta importante para geração de emprego e renda. Ainda há muito para ser aproveitado do dendezeiro. A Bahia é o principal estado consumidor. E o território da “Costa do Dendê”, que fica no baixo sul, tem na fabricação e comercialização do dendê uma de suas principais atividades econômicas.
Agenda Cultural Música
Exposição
Exposição “Mariana” alvador recebe a exposiS ção “Mariana”, do fotógrafo baiano Christian Cra-
vo, com 28 fotografias retratando a maior tragédia ambiental do país: o rompimento da barragem do Fundão, que vitimou fatalmente 19 pessoas e desabrigou centenas de famílias em Mariana (MG), em 2015. A exposição ficará na Caixa Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro), entre 15/08 e 21/10/2018, de terça a domingo, das 9h às 18h, classificação livre e entrada gratuita.
Exposição multimídia “Nosso Amor Sapatão – 10 anos de Revolução”
O
casal de artistas Roberta Nascimento e Talitha Andrade transformará a própria casa em galeria, para a exposição multimídia “Nosso Amor Sapatão – 10 anos de Revolução”. Aberta no dia 29 de agosto, Dia da Visibilidade Lésbica, com encerramento para o dia 7 de setembro, a mostra terá também exposição fotográfica de Brenda Matos e Milena Palladino. O público pode conferir das 10h às 19h, na Rua direta da Piedade, 35. A entrada é gratuita.
Festival de Jazz do Capão conhecido Festival de O Jazz do Capão, realizado no Capão, na Chapada
Diamantina, neste ano será nos dias 21 e 22 de setembro. O evento foi idealizado pelo músico Rowney Scott e chega a sua 20° edição. Na chamada para o festival, os organizadores chamam atenção para as belezas naturais e para o trânsito e o lixo como problemas crônicos e graves para a comunidade. Assim, fazem um convite para minimizar impactos ambientais durante o Festival.
Wir Caetano
Arraial d’Ajuda rraial d’Ajuda é um dos A distritos do município de Porto Seguro, situado no
extremo sul da Bahia, na Costa do Descobrimento. É uma península que pode ser acessada via terrestre ou via balsas, que saem da Porto Seguro e atravessam o Rio Buranhém, que dura de 10 a 15 minutos. É um território presenteado com belas praias de águas mornas e calmas. Além disso, o território é historicamente ocupado por indígenas Pataxós. Apesar dos preços caros do turismo tradicional, é possível acessar locais mais baratos, organizar pernoite em camping e hóstels. Há grande diversidade de restaurantes, atrações artísticas e lojas onde se pode conhecer o artesanato e a ancestralidade típicas dessa região da Bahia, que reservam serviços e atendimentos de alta qualidade, acompanhado de um forte acolhimento e de um povo que, muito mais que hospitaleiro, demonstra ser solidário e lutador. Bruna Weyll
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Solução química para alvejar Conterroupas râneo do ator encardidas Malvino Salvador
© Revistas COQUETEL
Conta-(?): mostra a velocidade de rotação do motor (Mec.)
to-questionamentos. Onde suas decisões te levarão a atitudes na área profissional e amorosa. Cultive a paciência e vá em frente.
♉️TOURO-20/04 a 20/05: Mês propício para mudar seus hábitos e de se abrir para o novo. Terá influência dos astros para inspirações de novas ideias. Aproveite, pois você pode se beneficiar de oportunidades inéditas e imprevistas.
Elogios (fig.) Árvore de paisagismo "Em (?)": placa de construções
Bom, em italiano
(?)-da-índia, fibra de móveis rústicos
Sábado de (?), dia de malhação de judas
Fora, em inglês Conquista de Senna
Apenas Foco da rinoplastia (Med.) (?) financeira: um dos motivos da inadimplência
Fúria Barulho feito por mosquitos
Código para ligações internacionais
♋️CÂNCER -22/06 a 22/07: Mês de muita harmonia, com uma vontade imensa de mudar as coisas. Terá vontade de sair da rotina cotidiana. Aproveite para sair da zona de conforto e partir para a descoberta das riquezas externas e satisfações internas.
(?) Agassi, tenista dos EUA
Movimento como a ola E, em francês
(?) Hari, dançarina considerada espiã
A feição da máscara da tragédia (Teat.)
♌️LEÃO - 23/07 a 22/08: Você deverá tomar decisões importantes de domínio financeiro, que terão consequências por um longo período. Então apele para apoios sólidos e sérios, que o ajudará em suas decisões. Tente descarregar seu estresse em uma atividade física.
Letra da placa de "Proibido estacionar"
O natural da Inglaterra (p. ext.)
Mapa (?): traça o perfil do signo (Astrol.)
Dispositivo usado no Cindacta Gracejar
A cor da bochecha da criança saudável "Tensão", em TPM
Medo excessivo
Junta; liga
Escola (?): forma oficiais da Marinha em postos iniciais da carreira Tapa desferido nas orelhas de alguém (gíria)
♍️VIRGEM - 23/08 a 22/09: Você demonstrará criatividade e terá vontade de mudar as coisas. Aproveite as oportunidades do presente, mas mantenha seus pés no chão. Oportunidade de uma viagem inesperada.
Conectado à web Saudação latina O natural é extraído da camada pré-sal
Anita Malfatti, pintora paulista (?) chi chuan, arte marcial
2/et. 3/caá — nor — out. 5/buono. 6/on-line. 18/pessoa de referência.
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Solução P M D B
A M G I U O A L S O A N A I F T E A T R O I A U N T E
A S T R A L T R I C A R N E
Z O N E O S L O O B L U I A O U T G I R I Z A C U L D O N D A I R A D A O N L A G A V A L E F O N
T R I S T E C A N A N O R
A I M A NC
P S E A S A S R O A A D D RE D E I F E I R N E
BANCO
♊️GÊMEOS - 21/05 a 21/06: Você pode sentir vontade de jogar tudo para o alto. Mas use a sabedoria e se fortaleça internamente para encontrar as soluções certas. Pois só assim as coisas terão um efeito positivo. Com calma você os resolverá e tudo voltará à ordem. Algo novo te deixará bem animado.
Erva, em tupiguarani
Torben Grael, iatista Carinho
HORÓSCOPO DO MÊS DE SETEMBRO ♈️ÁRIES - 21/03 a 19/04 :Setembro será uma mês que você fará au-
Alimento não con- Ilha de (?), Nova nomenclatura para "chefe de sumido pelo vegano local do família", segundo o IBGE (Econ.) Atração da Quinta da exílio de Nem, em Deserto atravessado Napoleão inglês pelo rio Nilo Boa Vista (Rio)
A parte mais macia do pão francês
VARIEDADES | 13
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♎️LIBRA -23/09 a 22/10: Algo surpreendente pode tentar tirar o seu equilíbrio, onde terá que tomar uma posição que talvez preferisse ignorar. No silêncio do seu coração e no calor da sua casa, conseguirá resolver tudo com diplomacia. Se mantenha confiante, porque é hora de receber os prêmio pelas boas ações do passado. ♏️ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11: Um mês de escolhas e decisões. Mas cuidado com as palavras para não aborrecer pessoas que estão sempre por perto. Terá tudo a favor de abrir uma nova página na sua vida. Depende exclusivamente de você. ♐️SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12: Mês de reflexão. Momento para desacelerar seu ritmo, sem deixar de cumprir suas tarefas. Renove-se para recomeçar. Concentre-se apenas no que for essencial, e prepare-se para as mudanças. ♑️CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/01: Tempo de colocar seus pensamentos em ordem. Despertará ideias inovadoras. Procure colocá-las em pratica. Teu horizonte se ampliará, e então você vai ter a oportunidade de ver os seus valores. Aproveite esse período. ♒️AQUÁRIO - 20/01 a 18/02: Finalmente você vai ter energia para se libertar dos problemas mais antigos. E então vai poder se concentrar em novos projetos e novos planos. Para isso é preciso tirar uns dias para descansar, repondo sua energia. Vida nova. ♓️PEIXES - 19/02 a 20/03: Mês para expandir seus conhecimentos e adquirir mais sabedoria. Ficará mais introspectivo, e isso trará uma transformação pessoal, trazendo equilibro, confiança e coragem.
Ivete Andrade (Alta Sacerdotisa das Tradições Wicca)
VARIEDADES | 14
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Salvador, setembro de 2018
Direitos de Fato Tenho 22 anos e acho que já fui vacinado contra sarampo. Devo tomar outra dose? Bruno Felipe, operador de caixa.
lá, Bruno! Estamos vivendo um surto de saO rampo no norte do Brasil. Essa doença é altamente contagiosa, sendo transmitida de forma pa-
recida com a gripe. Diante disso, é ainda mais importante que todos estejam com as vacinas em dia para se proteger. As crianças com idade entre 1 e 5 anos devem tomar uma dose adicional da vacina contra o sarampo, independente da situação vacinal. O esquema básico é de duas doses para pessoas entre 1 e 29 anos. Para quem tem entre 29 e 49 anos, a dose é única. Para as pessoas acima de 49 anos não há vacina disponível no SUS. Se você acha que tomou, mas não tem nenhum comprovante, é melhor se vacinar novamente e solicitar o registro. É mais seguro. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barboa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde | Coren MG 159621-ENF
Dimensões da presunção de inocência: Lula tem direito de ser candidato? omo discutido na coluna passada, no julgamento do Habeas C Corpus do ex-presidente Lula, o STF relativizou o princípio da presunção de inocência, cuja previsão constitucional é a de que “nin-
guém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Para enfrentar tal decisão jurídica arbitrária e de exceção, visto que impacta também mais de 300 mil pessoas hoje presas antes do trânsito em julgado, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) lançou no mês de julho a Campanha em Defesa da Presunção de Inocência, tendo como uma de suas ações a coleta de assinaturas de cidadãos em abaixo-assinados, os quais serão levadas e entregues ao STF em setembro, na ocasião da posse do novo presidente, Min. Dias Toffoli. Como amplamente debatido, essa relativização feita pelo STF teve por objetivo retirar o ex-presidente Lula das eleições deste ano, violando assim também o seu direito político de ser candidato. Com a campanha eleitoral já em curso, é notório como a manutenção de seu encarceramento ilegal o tem impedido de participar de entrevistas, debates e rodar o país fazendo campanha, apesar do apoio popular ao seu nome só crescer nas pesquisas de opinião. O impedimento de Lula participar das eleições deste ano, portanto, também é uma forma de afronta à presunção de inocência e de rompimento de nossa ordem democrática, pois esse impedimento está baseado na sua condenação ainda não transitada em julgado. Todos são inocentes até que se prove o contrário, de forma que Lula também tem direito de ser candidato. Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação *André Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
Nossa cozinha: Bolo da alegria INGREDIENTES:
PREPARO
2 ovos 3 colheres de manteiga ou óleo 3 bananas nanica 300 gramas de farelo de aveia 1 colher de fermento em pó 1 colher de sobremesa de corante ou páprica picante 1 xícara de leite Açúcar a gosto, uma pitada de sal Gergelim a gosto
Bata os ovos, açúcar, banana, leite e manteiga no liquidificador até virar um creme. Depois junte aveia, gergelim e sal ao creme. Acrescente o fermento mexa devagar até misturar. Unte a forma e coloque para assar em forno médio pré-aquecido. Pronto! Um delicioso bolo que ajuda o seu intestino a funcionar bem! Por Alexandra Braga
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ESPORTES | 1515
Salvador, setembro de 2018
Maior campeonato amador do Brasil acontece na Bahia
FUTEBOL. Esta é a 63° edição do Intermunicipal, que é conhecido por revelar grandes atletas do futebol brasileiro. Carlos Santana/FBF
Atual campeã do torneio, a seleção de Eunápolis vai em busca do bi.
Elias Santana Malê
A
bola está rolando no maior campeonato amador do Brasil. O Campeonato Intermunicipal de Futebol Amador chega a sua 63ª edição com 63 equipes em busca do título. Anteriormente chamado de Torneio Intermunicipal de Futebol Amador, o campeonato foi disputado pela primeira vez em 1946, quando a seleção de Ilhéus conquistou o primeiro de seus quatro títulos na competição. No ano seguinte, a seleção de Santo Amaro sagrou-se campeã e, após esta edição, o torneio enfrentou nove anos de hiato, só voltando a ser disputada
As maiores vencedoras do Intermunicipal são as cidades de Itabuna e Cachoeira, com oito conquistas cada em 1957, quando Santo Amaro voltou a conquistar o certame. Para a atual edição, 64 municípios inscreveram suas seleções e foram divididos em 16 grupos regionalizados de quatro equipes cada. Porém, a seleção de Senhor do Bonfim desistiu de participar do torneio, já que o estádio da cidade, o Municipal Pedro Amorim, passa
por reformas e não ficou pronto a tempo da disputa. Sendo assim, a Federação Bahiana de Futebol (FBF) decretou que as equipes que atuariam contra Senhor do Bonfim, no Grupo 2, seriam declaradas vencedoras pelo placar de 1 a 0. Na primeira fase, as seleções jogam entre si em partidas de ida e volta e passam as
três melhores seleções de cada grupo. A partir da segunda fase, o certame assume formato de mata-mata, com os confrontos sendo decididos em partidas de ida e volta, sendo que as seleções com a melhor campanha jogam a segunda partida em casa. Na segunda fase, se classificam as seleções vencedoras dos 24 confrontos e as oito seleções eliminadas de melhor campanha. A partir da terceira fase, passam as seleções vencedoras de cada confronto, sendo assim até a final. As maiores vencedoras do Intermunicipal são as cidades de Itabuna e Cachoeira, com oito conquis-
tas cada. A seleção do Sul do estado, dona da maior sequência de títulos do campeonato – oito títulos, entre 1958 e 1965 –, sagrou-se campeã pela última vez em 1965, enquanto a seleção do Recôncavo foi campeã pela última vez em 2014. Logo atrás delas, estão as seleções de Santo Amaro, com cinco conquistas, e Ilhéus e Conceição do Coité, com quatro cada. A atual campeã é a seleção de Eunápolis, que conquistou, em 2017, seu primeiro título, em cima da seleção de Euclides da Cunha, que coleciona três vice-campeonatos. Ambas as seleções chegam como algumas das favoritas ao título.
Celeiro de craques Intermunicipal é conhecido por reveO lar grandes atletas do futebol brasileiro e, cada vez que uma nova edição se inicia, a ex-
pectativa é grande sobre quem será a grande revelação. O torneio, em suas edições passadas, já revelou nomes como Bobô (Senhor do Bonfim, 1983-84), campeão brasileiro com o Bahia, em 1988, Júnior Baiano (Poções, 1987), vice-campeão mundial com a Seleção Brasileira, em 1998, Edílson (Castro Alves, 1988-89) e Júnior Nagata (Santo Antônio de Jesus, 1993), campeões mundiais com a Seleção Brasileira, em 2002, Liédson (Valença, 1991-93), campeão da Copa Libertadores com o Corinthians, em 2012, e Neto Berola (Buerarema, 2008), campeão da Copa Libertadores com o Atlético Mineiro, em 2013.
Transmissão omo vem acontecendo desde 2016, o torC neio é transmitido pela TVE (Canal 10.1). A emissora transmite um jogo por rodada. As transmissões acontecem aos domingos, às 15h.
ESPORTES | 16
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Salvador, agosto de 2018
NA GOL DE PLACA GERAL Esportes nos planos de governo Markus Schreiber / AP
Kelly Cestari / WSL
O
site “Portal da Educação Física” listou as propostas esportivas presentes nos planos de governo dos 13 candidatos à presidência e somente Lula, Guilherme Boulos, Marina Silva e Ciro Gomes apresentaram, entre suas propostas, uma proposta concreta para o esporte no Brasil. Em entrevista à publicação, o advogado, professor de Direito Desportivo da FGV e Professor Visitante da Universidade de Harvard, Pedro Trengrouse, destacou as propostas de Lula e Boulos como as melhores para a situação do esporte no país.
Águas brasileiras
O Azerbaijão é logo ali
O
s seleções brasileiras de judô femiA nino e masculino estão na reta fi- GOL nal da preparação para o Campeonato
Brasil vem dominando o circuito mundial de surfe masculino. Em sete etapas disputadas, o Brasil venceu seis, sendo que conta com três surfistas nas cinco primeiras posições do ranking: Filipe Toledo (1º), Gabriel Medina (2º) e Ítalo Ferreira (4º). O desempenho nesta temporada já igualou a melhor marca do país no circuito – em 2015, o Brasil também venceu seis das sete primeiras etapas e terminou o ano com o título, conquistado por Adriano de Souza, o Mineirinho. O Brasil é o país com maior número de representantes no campeonato.
Mundial da categoria, a ser disputado em Baku, no Azerbaijão, entre os dias 20 e 27 de setembro. Foram convocados 21 judocas para as competições individuais e por equipes mistas. Entre os nomes convocados, se destaca o da carioca Rafaela Silva, medalha de ouro nas olimpíadas do Rio, em 2016. Já entre as ausências, se destaca a piauiense Sarah Menezes, medalha de ouro nos jogos olímpicos de Londres, em 2012.
Paciência é a chave do sucesso por Elias Santana Malê
epois de péssimo início, quando perD deu duas e empatou três das cinco primeiras partidas, o Bahia parece tomar
o rumo certo sob o comando do técnico Enderson Moreira. O tricolor consegue apresentar o mesmo padrão de jogo, seja dentro ou fora de casa, e não teme adversário algum. Porém, o aproveitamento continua baixo, muito por conta da grande quantidade de empates que o Esquadrão vem acumulando. O ponto chave para melhorar isso é aperfeiçoar seu desempenho no último terço do campo. O Bahia vem pecando tanto no último passe, quanto na finalização. Temos que aprimorar isso para ir em busca de vôos maiores.
A
CONTRA
Guerrero não joga em 2018
Suprema Corte suíça decidiu revogar o efeito suspensivo concedido pelo Tribunal Federal do país e, o atacante Paolo Guerrero, não poderá mais jogar em 2018. O peruano, que foi anunciado como reforço do Inter há alguns dias, não tem mais opções jurídicas para tentar reverter a decisão. Ele foi condenado por um ano, em 2017, por doping causado por um metabólito da cocaína. Nesse ano, o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte) ampliou a suspensão para 14 meses, mas Guerrero conseguiu a redução para seis meses junto à Fifa.
Diretoria de Segunda Divisão por Bete Dantas
Vitória vem amargando uma fase O incompatível com a grandeza do clube. Os gritos de insatisfação ecoam da arquibancada por uma torcida que mesmo ferida não abandona. Acostumado a vencer com facilidade o estadual e ser favorito no regional, não levou nenhum dos torneios. Na Copa do Brasil, chegou apenas às oitavas. Enquanto no Brasileiro, os resultados não têm sido positivos. O elenco é tecnicamente limitado e se mostra apático em campo. Para piorar, o silenciamento da diretoria abre espaço para mercenários que rebaixaram o clube ao se apresentarem como “solução”. Dessa forma, exigimos raça e comprometimento de todos!
Jipão retorna a elite do futebol por Danilo Alves da Silva
pós um longo hiato de 20 anos A a Associação Desportiva Jequié (ADJ), retornou a elite do futebol baia-
no. Depois de uma campanha quase perfeita, o jipão conseguiu o título e o consequente acesso ao campeonato baiano da 1º divisão. Com desempenho abaixo da expectativa, criada pela própria diretoria e de boa parte da torcida, o time ainda amargou duas vexatórias goleadas para o Vitória (5x1) e para o Bahia (6x1). Para 2019, a única certeza que o torcedor jequieense tem é de que ADJ celebrará 50 anos de fundação com alguns projetos que ainda não saíram do papel, como o da construção do centro de treinamento.