ENTREVISTA | 9 HISTÓRIA
O ator Leno Sacramento, que refletiu sobre o 13 de maio e os desafios dos negros no Brasil
Divulgação
Ladeira da Preguiça: cores da luta e da resistência
Vaguiner Braz
CULTURA | 05 ORGANIZAÇÃO
BA
Bahia
Salvador, maio de 2019 ano 2 edição 10 distribuição gratuita
DE PERTO, NINGUÉM É NORMAL BAHIA | 05 RELIGIOSIDADE
“A oração precisa ser acompanhada de ação e de luta”
BRASIL |07 APOSENTADORIA
Sob protestos, CCJ da Câmara aprova relatório a favor da PEC da Previdência
ESPORTES |15 FUTEBOL
O que os torcedores esperam do Vitória para 2019?
Maio é o mês da luta antimanicomial, movimento que defende o respeito à autonomia das pessoas com transtornos mentais ou dependência química
OPINIÃO | 2
Brasil de Fato BA
Salvador, maio de 2019
EDITORIAL
Porque Bolsonaro fala tanto de um tal Paulo Freire? EDUCAÇÃO. A educação popular proposta por Paulo Freire nos ensina que educar é um ato político.
Esse método de alfabetização consciente e politizada foi fundamental para organizar os movimentos populares que destruíram a ditadura militar nos anos 1980
P
aulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife, capital de Pernambuco. Assim como o Brasil de hoje, o Brasil de sua época era dominado por uma pequena elite racista, machista e a serviço dos Estados Unidos. Na década de 60, Freire participou do Movimento de Cultura Popular e lançou as bases daquilo que se conhece como método Paulo Freire de alfabetização: não basta apenas aprender a ler e escrever a partir do bê-á-bá; é necessário sobretudo conhecer e transformar a realidade ao redor. Desta forma, em apenas 40 horas, um grupo liderado por Paulo Freire conseguiu alfabeti-
Freire e a educação popular são ideias presentes e que precisam ser cada vez mais resgatadas e colocadas em prática no país
zar cerca de 300 trabalhadores na cidade de Angicos-RN, em 1963. Esse método de alfabetização consciente e politizada foi fundamental para organizar os movimentos populares que destruíram a ditadura militar nos anos 1980 e ajudaram a eleger governos favoráveis ao povo na América Latina a partir de 1998, e, no Brasil em 2002, com a eleição de Lula. Ele faleceu em São Paulo no dia 02 de maio de 1997, vítima de ataque cardíaco. Entretanto, aqueles ideais de ampliação e popularização do acesso à educação fo-
Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mensalmente visibilizamos as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Áttila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião Lopes, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Anaíra Lobo, Carolina Guimarães, Elias Santana Malê, Jamile Araújo, Lorena Carneiro,Guilherme Ribeiro, Dani da Gama. Edição: Elen Carvalho (0005818/BA) Revisão ortográfica: Júlia Garcia Diagramação: Diva Braga Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
ram se projetando. Em se tratando de universidade, programas como o FIES, o PROUNI, o Plano Nacional de Assistência Estudantil e a valorização dos profissionais da educação fizeram com que 15% dos jovens entrassem na universidade até 2015, algo muito diferente dos 1% do seu tempo. Bolsonaro tem uma ideia completamente diferente. Para ele, o governo não deve investir em universidades públicas e as escolas devem ser todas militarizadas. Já disse que é a favor de cobrança de mensalidade nas universidades públicas e que os estudantes só devem aprender o básico nas escolas. Seu ministro da educação falou certa vez que “as universidades do nordeste devem ter apenas cursos de agronomia”, insinuando que não temos capacidade de fazer outras coisas. A educação popular proposta por Paulo Freire nos ensina que educar é um ato político. Para Bolsonaro, “nós queremos uma garotada que comece a não se interessar por política”. É aí que se encaixa aquela conhecida frase “quem não gosta de política é dominado por quem está na política”. Se for pela vontade de Bolsonaro, todos os li-
vros de Paulo Freire seriam queimados em praça pública. Aliás, Bolsonaro nunca leu nada sobre Freire, apesar de falar tão mal do educador. Freire e a educação popular são ideias presentes e que precisam ser cada vez mais resgatadas e colocadas em prática no país. Por isso é que fazemos a defesa das escolas e universidades públicas e do direito dos estudantes também acessarem o ensino superior nas universidades privadas por meio de bolsas e financiamento de baixo custo; a defesa da autonomia universitária, da liberdade de ensino e da valorização dos profissionais da educação; e a erradicação do analfabetismo com base na educação popular.
Você sabia? Paulo Freire é o terceiro pensador mais citado em trabalhos pelo mundo. De acordo com o Google Scholar, ‘Pedagogia do Oprimido’ é uma referência constante em estudos na área de humanas. Este mesmo livro, publicado em 1968, é o único livro brasileiro a figurar entre os 100 mais lidos pelas universidades de língua inglesa.
Brasil de Fato BA
GERAL l 3
Salvador, maio de 2019
FRASE do mês
mandou
BEM
Mas o que me mantém vivo, e é isso que eles têm que saber, eu tenho um compromisso com este país, com este povo
reprodução
E
Ex-presidente Lula em entrevista concedida na última sexta-feira (16) aos jornais El País e Folha de São Paulo.
studantes de medicina da Universidade do Cariri (UFCA), em Barbalha, interior do Ceará, orientados pela professora Sally de França, estão aliando cordel e medicina tradicional para informar e educar comunidades sobre saúde e cuidados com o corpo. O projeto “Cordel e Saúde” já tem três anos e mais de 40 folhetos publicados, além de oficinas realizadas em escolas e unidades de saúde.
Atividades físicas gratuitas Q
mandou
MAL
uem mora próximo ao centro de Salvador e está interessado em fazer atividades físicas gratuitas deve ficar atento ao projeto Esporte e Lazer da Cidade - PELC. A iniciativa oferece aulas de Zumba, Dança Afro, Treinamento Funcional, Ginástica, Futsal, Capoeira, além de aulas de percussão. As atividades acontecem em dias e horários variados, no Ginásio dos Bancários, localizado na Ladeiras dos Aflitos. Para mais informações: (71) 96644 - 9595.
reprodução
1° de maio contra a Reforma da Previdência N
a última quarta-feira (01), foram realizados atos em comemoração ao Dia De Luta dos Trabalhadores por todo o Brasil. Em decisão inédita, todas as centrais sindicais decidiram realizar atos unificados. Com posições historicamente divergentes sobre determinados temas, a proposta de reforma da Previdência e o crescente nível de desemprego motivaram a unidade. Em Salvador, o ato aconteceu no Farol da Barra pela tarde.
Triste notícia
A
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a primeira iniciativa de construção de uma comunicação pública no país, vem sofrendo sucessivos ataques. Na gestão Bolsonaro, contínuas ameaças de cortes e extinção convivem com mudanças que ferem a ideia principal da empresa. Recentemente o governo desferiu novo golpe: na programação, quem ganha novos programas e séries são as Forças Armadas, aquelas que foram responsáveis por um dos períodos mais sombrios da nossa história.
4 I CIDADES
Salvador, maio de 2019
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De perto, ninguém é normal DIREITOS. Maio é o mês da luta antimanicomial, movimento que defende o respeito à autonomia das pessoas com transtornos mentais ou dependência química Carolina Guimarães o dia 11 de abril, o presidente Jair N Bolsonaro assinou o De-
creto Nº 9.761, que estabelece mudanças na Política Nacional sobre Drogas, em vigor desde 2002. Em resumo, o decreto revoga a política de redução de danos no tratamento de usuários de substâncias psicoativas, colocando o foco na abstinência e internações em comunidades terapêuticas e religiosas. A mudança foi duramente criticada por entidades e movimentos sociais que atuam em saúde mental, como o Conselho Federal de Psicologia e o Movimento Nacional de Luta Antimanicomial. “Isso nada mais é do que a defesa do retorno e do fortalecimento da lógica manicomial, além de legitimar a violação de direitos básicos das pessoas usuárias de drogas, que estão em situação de vulnerabilidade”, afirma a psicóloga Laís Mendes militante do Coletivo Baiano da Luta Antimanicomial e da Consulta Popular.
Sabemos que acabar com os manicômios significa mexer em interesses de determinados grupos econômicos e numa lógica conservadora
em ambientes terapêuticos, da forma menos invasiva e com a finalidade de reinserção social. Conforme explica Laís, a lei “é fruto da luta de trabalhadores, usuários e familiares para mudar o modelo de cuidado e pelas condições de trabalho, lá no período de
Por um país sem manicômios Em 1990, o Brasil assinou a Declaração de Caracas, um marco da Reforma Psiquiátrica do país, que apontava mudanças na assistência psiquiátrica, com a desativação gradual os manicômios. Mas somente em 2001 foi promulgada a Lei 10.216, chamada de lei antimanicomial, que resguarda os direitos das pessoas com transtornos mentais e estabelece que o tratamento deve se dar
redemocratização do país. Mas ela só aparece 12 anos depois porque sabemos que acabar com os manicômios significa mexer em interesses de determinados grupos econômicos e numa lógica conservadora”. A partir de então, o tratamento passou a ser feito prioritariamente pelos Caps
tem apenas 20 centros, que atendem 73.465 pessoas, e somente um deles, o Caps AD III Gey Espinheira, em Pirajá, possui leitos. “A Emenda constitucional 95 [teto de gastos públicos] vem sendo um problema para a saúde de um modo geral, inclusive da saúde mental, em que os serviços estão cada vez mais sucateados, precarizados. Se pensarmos mais profundamente, nos damos conta de que a queda dos investimentos não tem só impactos econômicos, a saúde do povo também é diretamente impactada, principalmente a saúde mental”, alerta Laís.
– Centros de Atenção Psicossocial, “que oferta um cuidado com base no reconhecimento dos direitos das usuárias e dos usuários, diferente dos manicômios, que são lugares de violação de direitos e exclusão social”. Existem vários tipos Maio é um mês de Caps, alguns voltade luta dos para o tratamento de transtornos Reverter essa lógica de mentais c o m o manicômios, pensando justamente, que a loucura e a normalidade são construções sociais e históricas é um dos pilares do movimento antimanicomial, que agora em maio, realiza diversas atividades de luta, como a Marcha do Orgulho Louco, que acontece anualmente em várias cidades do país. É um movimento que se torna ainda mais importante diante dos retrocessos atuais, como o Decreto de Bolsonaro, que, segundo Laís “sige s q u i - nifica uma ameaça à Rez o f r e n i a , forma Psiquiátrica brat r a n s t o r n o s sileira e à dignidade hucomportamentais ou de mana. Principalmente, humor, e outros dire- é um ataque direto a decionados a pessoas com terminados grupos sodependência quími- ciais, tendo em vista que ca. A maioria funciona ele fortalece práticas como uma “casa”, onde perversas, higienistas e o usuário recebe assis- racistas. Por isso, nos cotência médica, psicoló- locamos em resistência gica, realiza atividades pela defesa da política culturais e é livre para ir de saúde mental e da ree vir. Em Salvador, exis- dução de danos”.
BAHIA | 5
Salvador, maio de 2019
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Trabalho informal e precário cresce na Bahia Agência Brasil
Historicamente, 60% dos trabalhadores no Brasil não são formalizados e, em cenários de crise, aumenta o trabalho considerado precário.
EMPREGO. Redução de direitos trabalhistas vulnerabilizou trabalhadores formais e não gerou ofertas de trabalho Dani da Gama provada em 2017, A no governo Temer, a Reforma Trabalhista
flexibilizou direitos dos trabalhadores, acenando com perspectivas de geração de empregos e redução da informalidade no país. A gestão de Bolsonaro tem seguido a mesma política de “menos direitos e mais empregos”. Pesquisas mostram, porém, que a redução de direitos não tem gerado aumento na oferta de vagas de trabalho. Ao contrário, crescem os
A defesa da flexibilização em nome da geração de vagas é mais um discurso ideológico do que uma situação real. percentuais de trabalhadores na informalidade – que trabalham por conta própria (sem CNPJ), empregados sem carteira assinada e trabalhadores familiares. Na falta de vagas, são estratégias que os cidadãos criam para sobreviver. Mesmo os empregos com carteira assinada tornam-se vulneráveis, incluindo-se o regime de horista,
criado pela nova lei, que permite a remuneração por hora de trabalho. O professor doutor Luis Flavio Godinho, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), estudioso da sociologia do trabalho, diz que criar empregos “é muito mais profundo do que flexibilizar direitos”. E afirma que, para estudiosos, a defesa da flexibilização em nome da geração de vagas “é mais um discurso ideológico do que uma situação real”. Ele explica que, historicamente, 60% dos trabalhadores no Brasil não são formalizados e, em cenários de crise, aumenta o trabalho considerado precário. “É só você comparar o centro de Salvador entre 2003 e 2012 com o centro de Salvador entre 2014 e 2019. Há um nítido crescimento de vendedores de marmita, de motoristas de Uber e de várias outras atividades informais ligadas à venda de alimentos”, ilustra. De acordo com o Boletim de Conjuntura da SEI (Superintendência de Estudos Econômicos
e Sociais da Bahia), em 2018 o estado gerou novos postos de trabalho (elevação de 1,7% em empregos com carteira assinada em relação a 2017), mas, ainda assim, encerrou o quarto trimestre com 17,4% de desocupação. A taxa é superior à do Brasil (11,6%) e à do Nordeste (14,4%) – que já é a mais alta entre as regiões brasileiras, o dobro da região Sul (7,3%). Só em Salvador trata-se de meio milhão de desempregados. No setor privado na ca-
pital, em relação ao 4º trimestre de 2017, houve perda nas vagas com carteira assinada (-1,9%, redução de 14 mil empregos) e aumento de postos sem carteira (15,2%, um acréscimo de 15 mil empregados). A Bahia se manteve com a segunda maior taxa de subutilização no país (que inclui pessoas com insuficiência de horas trabalhadas) e o maior contingente de desalentados: pessoas que desistiram de buscar emprego somam mais de 800 mil.
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6 | BAHIA
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Salvador, maio 2019
“A oração precisa ser acompanhada de ação e de luta” José Brito
Não dá pra ver o povo de Deus sofrendo e ficar na Igreja apenas orando
Católicos utilizam fé e religião como instrumento para transformação social em Feira de Santana Lorena Carneiro m sua pregação no II Dia Mundial dos E Pobres, realizado em no-
vembro de 2018, Papa Francisco afirmou: “A injustiça é a raiz perversa da pobreza. O grito dos pobres torna-se mais forte a cada dia, e a cada dia é menos ouvido, porque é abafado pelo barulho de poucos ricos, que são sempre menos e sempre mais ricos.” A defesa do Papa por uma igreja que reflita sobre a realidade social e esteja ao lado dos excluídos é tomada como referência por grupos organizados do catolicismo para atuar nas suas comunidades utilizando o evangelho como instrumento de libertação. “Não dá pra ver o povo de Deus sofrendo e ficar na Igreja apenas orando, a oração precisa ser acompanhada de ação e de luta”, afirma Reginaldo Dias, presidente da
A Igreja progressista toma partido pelos pobres e oprimidos, sendo uma igreja em saída que clama por misericórdia, libertação e justiça social Cáritas Brasileira em Feira de Santana. A Cáritas é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e há mais de 60 anos atua em projetos e ações de organização popular e assistência social. Em Feira, desenvolve projetos como os de economia solidária, de prevenção à violência sexual e atua em comunidades tradicionais, fortalecendo as identidades étnico-raciais, e também com a população em situação de rua. Segundo Reginaldo, “a
Igreja tem dentre tantas missões e funções na sociedade os cuidados com todos e todas, lutando por transformações reais e uma missão que inclua, acolha, fortaleça e aplique na prática o Evangelho na busca por justiça social”. A Cáritas também se compromete com ações gerais dentro e fora da igreja, como o Grito dos Excluídos, a Campanha da Fraternidade e a luta contra a Reforma da Previdência.
A missão é ir onde o povo está “O Papa Francisco nos chama a assumir o compromisso pelos pobres, excluídos, marginalizados”. É o que reafirma Silvano Alves, um dos membros da equipe de articulação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da arquidiocese de Feira de Santana. “Seguimos a opção da igreja pelos pobres. Como grupo de articulação, ligado a movimentos sociais, às comunidades da periferia, tentamos reforçar essa ideia”. As CEBs atuam na região, tanto no campo quanto na periferia das cidades, como um grupo de articulação com atualmen-
te 12 coordenadores(as) de diversos municípios a partir de ações como as Santas Missões Populares. Realizadas no país desde os anos 90, as Santas Missões são uma iniciativa das CEBs para debater o evangelho com a comunidade a partir da sua realidade e de seus problemas, convidando o povo a ser sujeito protagonista. “O nosso bispo, Dom Zanoni, está estimulando a arquidiocese a sair dos espaços da igreja e ir onde
está o povo, onde estão as pessoas que precisam de apoio e acompanhamento”, afirma Silvano. Durante a campanha para presidente no ano passado, a Cáritas e as CEBs, junto a representantes de outras religiões, realizaram a Vigília pela Democracia, que buscou resgatar o papel da fé para a luta concreta. “A Vigília acendeu nos setores da Igreja o desejo de contribuir pela luta da Democracia e Justiça Social, denunciando um projeto de morte que estava explícito na proposta de eleição do atual presidente com os Projetos de Reformas e privatizações”, destaca Reginaldo. “A Igreja progressista toma partido pelos pobres e oprimidos, sendo uma igreja em saída que clama por misericórdia, libertação e justiça social, de um povo impaciente que anseia mudanças e transformações sociais”, enfatiza ele.
Salvador, maio 2019
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BRASIL | 7
Sob protestos, CCJ da Câmara aprova relatório a favor da PEC da Previdência APOSENTADORIA. Durante a sessão, relator apresentou mudanças periféricas no parecer Mídia Ninja
Da Redação
Comissão de A Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados aprovou, na noite da terça-feira (23), o relatório a favor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019, nome técnico da reforma da Previdência. O parecer teve 48 votos a favor, 18 contra e nenhuma abstenção, em votação que foi finalizada pouco antes da meia-noite. O projeto segue agora para avaliação de mérito em uma comissão especial. Durante a sessão, o relator da proposta no colegiado, Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), apresentou uma complementação de voto com alterações no parecer anteriormente apresentado por ele em favor da admissão da constitucionalidade da PEC. As alterações no texto vieram após uma negociação de aliados do governo com membros do grupo tradicionalmente chamado de “Centrão”, que aglutina partidos do campo da direita liberal que não são oficialmente da base governista na Câmara. No novo documento, foram incluídas quatro alterações. Uma delas trata da retirada do trecho do relatório que previa a eliminação do pagamento de multa do FGTS a aposentados. Outra mantém a Justiça Federal como foro para o julgamento de ações contra o INSS, diferentemente do que propõe a PEC. “Foi uma mudança pe-
Defesa pediu absolvição e, de forma alternativa, que caso seja anulado e encaminhado para Justiça Eleitoral.
É o trator de quem quer de todo jeito retirar direitos do povo brasileiro à força – nesse caso específico, o desmonte da seguridade social brasileira, pra que as pessoas não consigam se aposentar quena. Na verdade, não se negociou nada do que era mais importante. O que está por trás disso é que o governo usou cargos e emendas para convencer deputados do Centrão a fechar acordo para votar a reforma”,
criticou o líder da bancada do PSOL, Ivan Valente (SP). As principais críticas à PEC que vinham sendo apresentadas por partidos do Centrão nas últimas semanas não foram contempladas na nego-
ciação costurada pelo governo. Os pontos diziam respeito à retirada das mudanças propostas pela PEC para os trabalhadores rurais e para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a idosos. Durante a tarde, a oposição tentou, por meio de um requerimento, suspender a tramitação da proposta na Casa por conta da ausência de cálculos atuariais e pareceres técnicos que tenham sido utilizados para embasar a formulação da medida. Durante a semana, a polêmica em torno do sigilo que o governo impôs aos dados articulou opositores. Aliados do presidente
Jair Bolsonaro (PSL) tentaram, ao longo da sessão, rechaçar o requerimento da oposição sob o argumento de que a reforma precisaria ser votada com agilidade. “É o trator de quem quer de todo jeito retirar direitos do povo brasileiro à força – nesse caso específico, o desmonte da seguridade social brasileira, pra que as pessoas não consigam se aposentar”, reagiu o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Após a apresentação do pedido, o presidente do colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR), negou a solicitação, alegando que dez das 103 assinaturas não teriam sido reconhecidas.
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Salvador, maio de 2019
“Condenação de Lula é uma loucura histórica”, diz Celso Bandeira de Mello
JULGAMENTO. “Deve-se esperar mais do STF”, diz jurista. Para criminalista, ministros se apegaram a “falas prontas”
Emerson Leal/STJ
A prisão do Lula é um absurdo e [os ministros do STJ] perderam a oportunidade de absolvê-lo
Jamile Araújo
om o julgamento C que reduziu a pena do ex-presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva de 12 anos e um mês para 8 anos, 10 meses e 20 dias de prisão pelo caso do tríplex de Guarujá, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) perdeu a chance de fazer história e justiça. A opinião é do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e do advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco, conselheiro seccional da Or-
dem dos Advogados do Brasil (OAB). “A prisão do Lula é um absurdo e [os ministros do STJ] perderam a oportunidade de absolvê-lo. A condenação é uma loucura sem prova. Enfim, reduzir a pena é o mínimo diante do que deveria ser feito”, diz Bandeira de Mello. Lula está preso há mais de um ano, desde 7 de abril de 2018. O criminalista ressalta
que não conhece o processo e que novas estratégias cabem aos advogados de defesa de Lula. Mas, em sua opinião, em tese, seria possível contestar a decisão “em sede de embargos declaração”. Esse recurso serve para sanar omissões, contradições ou obscuridades de uma decisão. “O acordão de hoje foi omisso ao não se pronunciar sobre a questão da pena. Já há pena cumpri-
da e isso tem que se levado em consideração para fins de progressão de regime”, afirma o advogado. Além do pedido principal, a anulação da condenação de 12 anos e um mês pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e a liberdade que decorreria dessa anulação, os ministros da Quinta Turma rejeitaram a maioria dos pedidos dos advogados de Lula, entre os quais a prescrição dos
crimes ou a argumentação de que o processo deveria ser enviado e julgado pela Justiça Eleitoral. Para Bandeira de Mello, a manutenção da prisão de Lula é “uma coisa que só seria possível num país onde já não há Poder Judiciário”. O jurista acredita que, no Supremo Tribunal Federal, os rumos da situação de Lula podem mudar. O criminalista André Lozano tinha expectativa que o STJ barrasse, pelo menos, a acusação de corrupção contida na condenação. “A lei diz que corrupção é a pessoa solicitar vantagem indevida para praticar ou deixar de praticar ato de ofício. Isso significa que o ato de ofício precisar ser apontado no processo, e os ministros foram muito claros: não existe um ato de ofício para ser indicado”, explica Lozano.
Governo da Venezuela anuncia que pode reabrir fronteira com Brasil YURI CORTEZ / AFP
Joaquín Piñero
fronteira do BraA sil com a Venezuela segue fechada para o
tráfego de veículos desde o dia 21 de fevereiro de 2019 por determinação do governo da Venezuela. O fechamento aconteceu após o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciar que reconhecia o autoproclamado presidente interino da Venezuela Juan Guiadó. Além disso, Bolsonaro também sinalizou que apoiaria os Estados Unidos (EUA) e os países do chamado “Grupo de Lima” nas ações desestabilizadoras internas e externas com o objetivo de derrubar o presidente eleito democraticamente Nicolás Maduro.
Governo Maduro acena com possível reabertura da fronteira com Brasil.
Essa posição do governo Bolsonaro abala os princípios históricos da diplomacia brasileira que sempre buscaram preservar a harmonia, a paz e as boas relações com os nossos vizinhos. Sempre quando houve algum tipo de conflito ou crise entre os países da região, o Brasil, até pelo seu peso econômico e político, exerceu o papel de me-
diador, conciliador e nunca optou por um lado do conflito, como está fazendo agora ao se posicionar ao lado dos EUA que tem interesses muito claros na Venezuela, que são as gigantescas reservas de petróleo e gás. Passados quase dois meses do fechamento da fronteira, o presidente Nicolás Maduro e seu governo seguem se fortalecen-
do, ampliando um leque de alianças que vai desde a Rússia, China, Índia, Irã, Turquia, além de Cuba. A ameaça de invasão pelos EUA, trouxe inclusive apoio ao governo de uma oposição que não concorda com a posição golpista de Guaidó. Quem não está nada satisfeita com essa posição beligerante do governo Bolsonaro é a população do estado fronteiriço de Roraima. Dos 15 municípios do estado, 13 dependem do fornecimento de energia elétrica da Venezuela. Os setores mais afetados são o de transporte e cargas, do comércio e turismo e segundo dados da Receita Federal, houve uma queda de 15% das exportações de produtos básicos e manufa-
turados nesse primeiro trimestre em comparação com o ano anterior. A pressão da população de Roraima é tão grande que o senador Telmário Mota (PROS), um antigo defensor do fechamento da fronteira, esteve recentemente em Caracas negociando com o governo venezuelano a abertura da mesma. Os movimentos sociais da região também atuam para dissipar uma matriz de opinião fomentada pelos meios de comunicação empresariais locais e nacional contrária aos venezuelanos e avaliam que a sinalização do governo Maduro favorável à abertura da fronteira possa pôr fim aos impactos políticos, sociais e econômicos gerados por essa situação.
Brasil de Fato BA
ENTREVISTA l 9
Recife, maio de 2019
Ator Leno Sacramento reflete sobre o 13 de maio e os desafios dos negros no Brasil Divulgação
HISTÓRIA. Data marca o dia da abolição da escravatura no país e recebe reflexões sobre seu real significado para o povo
3. O Bando de Teatro Olodum está perto de completar 30 anos de existência e a temática racial é centralmente abordada nos espetáculos. Quais são as dificuldades e os desafios que enfrentam sendo uma companhia formada de artistas negros e de repertório antirracista?
Jamile Araújo
dia 13 de maio é O marcado pela abolição da escravatura no
Brasil. A data merece reflexão e é mote para debates em torno do seu significado real para a sociedade brasileira. Nesta edição, entrevistamos Leno sacramento, artista soteropolitano que faz parte do Bando de Teatro Olodum, sobre a data e os desafios dos negros e do teatro negro. O Bando de Teatro Olodum completará 30 anos de atividade e é um dos grupos de teatro negro mais conhecidos do país. Confira a entrevista: 1. Em 13 de maio completam 131 anos da abolição da escravatura.Militantes e movimentos sociais costumam dizer que a abolição não libertou de fato o povo negro escravizado e deixou marcas que perduram até hoje. Como você avalia isso? A escravidão não acabou. O dia 13 de maio é para ser visto como um luto. A gente não tem o que comemorar neste dia. Ela continuou naquele momento e ela continua até hoje. Só mudou o nome,
fica mais fraco. O desafio é juntar todo mundo, a missão de ajudar todo mundo é uma estratégia.
Temos 30 anos de Bando de Teatro Olodum na resistência, falando de genocídio, de preconceito, de discriminação e o que temos como resposta são 30 anos sem patrocínio
continuamos morrendo mais jovens por conta de esforço dos trabalhistas, nós pretos continuamos morrendo assassinados, nós pretos continuamos sendo escravizados, indo transportados no camburão, que é o considerado Navio Negreiro, da nossa casa para as celas. A escravidão não acabou. 2. Uais são os principais desafios dos negros e negras no atual momento?
Não sei se é desafio, estratégia ou missão, mas temos que conscientizar os nossos para que não pensemos que somos nós que estamos discriminando a nós mesmos. É triste quando a gente vê um negro dizendo que quem discrimina mais é o negro, porque se você se conscientiza de fato você descobre que não é isso. Então eu acho que o desafio é conscientizar os nossos. E a gente descobre que a gente tem todo poder na mudou a lei e mudaram mão. Enquanto a gente as armas, mas a escravi- achar que é moreno, cabo dão continua. Nós pretos verde, mulato, aí a gente
Temos 30 anos de Bando de Teatro Olodum na resistência. Falando de genocídio, de preconceito, de discriminação e o que temos como resposta: 30 anos sem patrocínio. Não estamos brincando. Mas queremos levar conscientização para as comunidades. Então para que patrocinar um espetáculo que fala tão sério, que briga tanto? Aí vem aquela questão da escravidão e do castigo. Se a gente não está falando o que eles querem, que é catequizar a comunidade para o voto, para alienação, eles não dão patrocínio para a gente. E o que acontece com a gente? A gente morre de depressão, a gente fica psicologicamente abatido, abalado e a gente para. Mas, como o Bando de Teatro Olodum tem essa questão que é uma coisa ancestral - a resistência -, a gente se mantém. A gente ficou 30 anos lutando e vamos continuar por muitos anos. Agora os obstáculos estão sempre: locais para apresentar, editais para passar, grana para ganhar.
Só mudou o nome, mudou a lei e mudaram as armas, mas a escravidão continua antirracista e na transformação da realidade?
Eu acho que a gente tá indo para um lado da cultura errado. Cultuando a cultura da bala. As televisões colocam a tragédia como um sensacionalismo, as pessoas ligam as televisões meio-dia dia e as pessoas pagam para ver aquilo. E tem uma cultura que vai salvar: a cultura da arte. Eu acredito muito na dança, no teatro, na música. Essas culturas elas estão sem dinheiro ainda. Os espetáculos deixaram de ser só um espetáculo e viraram um ato político, indo para comunidade, mostrando seu trabalho e conscientizando jovens. Se cada polo, se cada bairro que tem uma sede tivesse música, teatro e dança as coisas podemos ser melhor. Eu acho que a cultura da música, da dança, da cultura da arte, essa cultura que vai salvar o mundo. Então é um ato político, é uma arma que a gente tem. Essa arma atira em muito mais pessoas 4. Como avalia o papel do que a gente pensa, tem da arte [teatro, música, muito mais força e a gente dança, poesia] na luta ainda não sabe.
10 | OPINIÃO
Salvador, maio 2019
Brasil de Fato BA
Artigo
Quando comer é perigoso: pesticidas ameaçam alimentação no Brasil Marcos Costa Lima *
egundo a Agência NacioS nal de Vigilância Sanitária (Anvisa), a quantidade de agro-
tóxicos ingerida no Brasil é tão alta que o país está na liderança do consumo mundial desde 2008. Enquanto nos últimos 10 anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, o que já é excessivo, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados também pela Anvisa. O governo brasileiro, ao invés de estabelecer rigoroso controle sobre o uso dos pesticidas, faz o contrário: não é só leniente, como, no afã de estimular o agronegócio, concede redução de impostos à produção e comércio dos pesticidas. É fundamental que a população brasileira faça uma séria reflexão sobre os impactos da política governamental favorável ao “agrobusiness”, que afeta
O governo Bolsonaro não tem o menor interesse e apoiar a agricultura camponesa também a saúde humana, com efeitos muito graves sobre o meio ambiente, além das questões agrárias que envolvem expulsões e assassinatos de camponeses e grupos indígenas. O governo Bolsonaro não tem o menor interesse de apoiar a agricultura camponesa e familiar que produz comida saudável, sem venenos, agrotóxicos e transgênicos para o nos-
so povo. A opção extrativista é hoje vitoriosa na América Latina, indo do México a Argentina, e representa a apropriação irresponsável tanto dos recursos naturais não-renováveis, através da mineração, que é controlada por grandes grupos econômicos nacionais e internacionais – vide os desastres de Mariana e Brumadinho; como da terra, vide as grandes fazendas de gado e da monocultura da soja, que geram pouquíssimo emprego, sendo a soja responsável por um grande movimento de importações de máquinas e venenos. Uma das consequências do extrativismo tem sido ainda a explosão de graves conflitos ambientais, pois as populações que vivem no campo e do campo não têm outra forma de defender-se senão através de mobilizações e participação cida-
dã em defesa da biodiversidade, das matas, dos rios. O Brasil, importante produtor de commodities agrícolas em escala planetária, aceitou ser empurrado, na divisão mundial do trabalho, para um papel majoritariamente “extrativista”. É o maior importador de veneno e admite o uso de mais de 500 tipos de agrotóxicos, 30% deles proibidos na União Europeia. Entre os venenos agrícolas mais vendidos aqui, ao menos 14 estão proibidos no mundo em razão de seus efeitos comprovados de danos à saúde e causadores de câncer. *Marcos Costa Lima é professor do Departamento de Ciência Política da UFPE e pesquisador do Instituto de Estudos da Ásia (IEASIA).
Artigo
Nossos Direitos, nossos sonhos, nossa luta Silvano Mendes*
ornada de Trabalho de 8 J horas, férias remuneradas de 30 dias, 13° salário, FGTS,
aviso-prévio, direito à Greve, irredutibilidade salarial, licença-maternidade, faltas justificadas e seguro desemprego. Todos esses direitos são avanços da classe trabalhadora, foram conquistados tendo como ferramentas a união e a luta. Muitos perderam a vida por acreditar e lutar por melhores condições de trabalho. O fizeram pensando em seus filhos e companheiros. Estamos vivendo um presente de ataques às conquistas dos trabalhadores, e a tática usada é a de recusar os fatos do passado, desconstruindo assim a História e a luta dos trabalhadores. A recusa ao passado é uma característica dos governos autoritários.
Como diz o samba enredo da Estação Primeira de Mangueira: [...] Deixa eu te contar/ A história que a história não conta/ O avesso do mesmo lugar/ Na luta é que a gente se encontra
Hoje eles atacam a unidade dos trabalhadores, elegeram o sindicato como inimigo pessoal do governo, alegando que essa instituição atrapalha o desenvolvimento do país. Aprovaram a lei que flexibiliza as relações trabalhistas no Brasil, tirando o poder de negociação dos sindicatos e colocando o trabalhador diretamente para negociar com quem o emprega. Os banqueiros, industriais, latifundiários e outros que detém uma grande parte da riqueza que nós trabalhadores produzimos estão unidos com os representantes do atual “governo” para defender os seus interesses e, assim, atacar os trabalhadores e os representantes sindicais e sociais. Querem um trabalhador submisso e sem direitos. Estamos vivendo um momento único. É necessário olhar
para o trabalhador ao nosso lado e enxergar nele o nosso passado de luta e conquistas, ser solidário. Querem nos dividir, roubar nossos direitos e apagar as nossas conquistas. No decorrer da História a resistência e consciência dos trabalhadores foram e continuam sendo a única “arma” poderosa que nós possuímos para garantir nossos direitos e um futuro digno para os que estão por vir. *Cientista social e professor da rede estadual de ensino de São Paulo.
Brasil de Fato BA
Salvador, maio 2019
CULTURA | 11
Ladeira da Preguiça: cores da luta e da resistência Vaguiner Braz/Coletivo Cutucar/Centro Cultural que Ladeira é Essa?
aqui tem vida, as nossas vidas importam, a gente também gosta do colorido xxxxx
ORGANIZAÇÃO. Moradores de uma das primeiras ladeiras de Salvador resistem a abandono e especulação imobiliária Por Jamile Araújo
“Essa ladeira, que ladeira é essa? Essa é a ladeira da preguiça”. Ladeira da PreguiA ça é uma das primeiras ladeiras da cida-
de de Salvador. Localizada no centro histórico ou centro antigo de Salvador, no bairro Dois de Julho, a Ladeira da Preguiça foi musicada por Gilberto Gil e interpretada por Elis Regina. Porém, o que chegava sobre a ladeira para os soteropolitanos por muito tempo faltava poesia e sobrava racismo: a forma que o local era retratado pela mídia era recheada de preconceitos e criminaliza-
ção da pobreza . Mas a comunidade vem lutando para mudar este olhar e resistindo para se manter. Nesse sentido, em 2013 surge o ‘Centro Cultural Que ladeira é essa?’, como uma proposta de mecanismo de resistência e de defesa para a comunidade da Ladeira da Preguiça, como nos conta Marcelo Teles, idealizador do Centro Cultural que nasceu na Ladeira, na qual moram cinco gerações de sua família. Desde o surgimento do movimento, a pintura dos casarões foi uma forma de trabalhar a autoestima dos moradores e a valorização da Ladeira. “A ideia da pintura surge como resposta ao abandono do poder público. A gente está dentro do centro histórico, do centro antigo de Salvador. Entendemos que a história do Brasil começa nesta ladeira, e existe de forma proposital um abandono, antigamente atrelado a um poder midiático muito negativo, uma enxurrada de reportagens muito negativas. E a gente demorou um tempo para
entender que isso era um plano de gentrificação do bairro”, afirma Marcelo. Suzany Varela Felix, moradora da ladeira, reclama sobre o abandono do poder público, pois como patrimônio histórico, os casarões deveriam ser conservados. “Mas a gente entende que esse abandono é justamente para expulsar as pessoas que tem aqui, para que a gente queira sair daqui e vá para os locais longe do Centro. É mais um fator de higienização social. Então a pintura das casas da Ladeira foi, ao mesmo tempo, uma resposta e um grito de resistência: aqui tem vida, as nossas vidas importam, a gente também gosta do colorido”, pontua.
Cores da luta e da resistência Para Eliene Dias, moradora da ladeira, a pintura dos casarões representa empoderamento. “A gente se empodera dizendo ‘estamos aqui, lu-
tando pelo que é nosso, cuidando de nossas casas, nossa rua, enquanto os governantes no abandona’. Isso para mim é uma forma de empoderamento, não só dos homens, como de todos os moradores e principalmente das mulheres, que tiveram muito a frente da pintura”, afirma. Marcelo Teles ressalta que a luta ganha musculatura política por estar atrelada a instituições importantes do movimento negro, entre elas o Coletivo de Entidades Negras - CEN; o movimento Nosso Bairro é Dois de julho, entre outros; o movimento artístico presente
dentro da ladeira foi instrumento fundamental. As pinturas começaram em 2013 após os MUSAS - Museu Street Artes de Salvador pintar a primeira sede do ‘Centro Cultural Que Ladeira é Essa?’. “Após a ação de grafite enxergamos uma possibilidade de pintar toda comunidade. A ideia naquele momento era deixar a Ladeira da Preguiça, antes lugar degradado e esquecido pelo poder público, colorido. Isso aumentaria a autoestima dos moradores e seria uma ação contra especulação imobiliária e a gentrificação. Para além da transformação social, a pintura nos oportuniza a mudar o olhar da mídia que por muitas décadas expôs a ladeira da Preguiça ao estigma de Cracolândia e ao contexto de marginalidade”, conclui. O projeto da pintura das casas ultrapassa o território da Ladeira. Ao todo foram pintadas, até hoje, cerca de 900 casas, contando com a renovação anual das pinturas na Ladeira da Preguiça, em 12 bairros, alguns municípios e outros estados.
Vaguiner Braz/Coletivo Cutucar/Centro Cultural que Ladeira é Essa?
12 | CULTURA
O que
tu indica
Elen Carvalho
ançado mundialmente no L Festival Internacional de Berlim em 2012, tendo ganhado
Salvador, maio 2019
Documentário
“Audre Lorde - Os Anos em Berlim - 1984 a 1922”
diversos prêmios, o documentário “Audre Lorde - Os Anos em Berlim - 1984 a 1922” chegou ao Brasil em abril. O lançamento aconteceu em Salvador no dia 12 e contou com a pre-
sença da diretora Dagmar Schultz e a co-roteirista Ika Hugel-Marshall. O longa conta a história de Audre Lorde, negra, lésbica, escritora, ativista política e feminista, no tempo que viveu na Alemanha e ajudou no crescimento do movimento afro-alemão, além de dar contribuições nas atividades políticas e culturais daquele país. Ela encorajou mulheres negras alemãs a escreverem e publicarem como uma reposta a uma sociedade que as silenciava. A obra também traz depoimentos de amigos, colegas e alunos de Lorde, e imagens inéditas do arquivo pessoal da própria diretora.
Brasil de Fato BA
Bahia Meu País
Rita Barreto
MANGUE SECO Thais Conceição
a divisa da Bahia com o N Sergipe, a pequena localidade de Mangue Seco se des-
Percorrendo nossos sabores Maniçoba olhas de mandioca como base, F carnes, verduras, ervas e temperos variados compõem a recei-
ta de uma prato famoso na Bahia: a maniçoba. A iguaria remonta a tradições indígenas e é bastante consumida, principalmente, em Santo Amaro e Cachoeira, Recôncavo baiano. Durante o ano todo é possível consumir a maniçoba e, nas festas típicas destas cidades, a comida ganha destaque. O preparo é longo: as folhas de mandioca são trituradas e cozidas por cerca de uma semana, para que o ácido cianítrico, que é venenoso, saia da planta.
taca! Pertencente ao município de Jandaíra, a 200 km de Salvador, o Mangue já foi cenário da novela Tieta do Agreste com suas belas paisagens e uma atmosfera de paz e calmaria. As dunas de areia branca com divertidos passeios de bugre, praias de água doce e de água salgada, divididas pela foz do rio Real são algumas das possibilidades de visita para quem busca um destino para descansar. A culinária caseira, deliciosa e tipicamente praiana é mais um atrativo na cultura local. O vilarejo de pescadores tem pouco menos de 200 habitantes, e o acesso é feito por bugre para ultrapassar as dunas ou de barco pelo mar. Bruna Faustino Neybergh
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Seu estômago é dividido em 3 ou 4 câmaras (Zool.) Sabor de pizzas
© Revistas COQUETEL
Técnica de cultivo que se vale da Informática para maximizar a produção Local da festa junina
O "florão da América" do Hino Nacional
(?) Bana, ator australiano Estrela "Socorro!", em morse Etapa
Ar, em inglês
República Árabe do Egito Sucursal
Divisão de ferrovia Título da dívida pública (Econ.)
Lágrima, em inglês Sufixo de "cardíaco" Água, em francês Joe Cocker, pela voz
Deseja; almeja
TOURO-20/04 a 20/05 Período propício para abrir seu coração em todas as áreas. Tenha mais flexibilidade e boa vontade. Motive-se!
"O Tronco do (?)", de José de Alencar
21/05 a 21/06 Mês de reflexão. Aproveite para resolver problemas que se arrastam. Faça um balanço e retome sua vida a todo vapor.
Camarão fluvial Pertencente a ti (fem.)
CÂNCER -22/06 a 22/07 Não force o destino. Tudo tem seu tempo. Dará tudo certo de você for claro e jogar limpo com todos. Reflita mais!
Rapaz, em inglês Trajeto; itinerário Oneroso Resultado final da partida
LEÃO - 23/07 a 22/08 Em maio você será mobilizado pela correria na vida profissional.Mas não deixe de cuidar do seu relacionamento. Uma coisa não anula outra. Fique atento!
Eva Perón, mito argentino Realce Possuir
Fabulista grego de "A Raposa e as Uvas"
Oferta no leilão Destino do animal no matadouro
Réptil que é alvo dos coureiros no Pantanal
VIRGEM - 23/08 a 22/09 Este é um bom momento para refletir sobre seus planos. Tire tempo para entender completamente suas aspirações e decidir seu futuro.
Condição da água no solo de Marte Unidade monetária da Romênia
LIBRA -23/09 a 22/10 Cabe a você saber jogar e vencer. Use a sua diplomacia. Depois disso, cante e encante.Evite excessos.
(?) Vegas: a Capital do Jogo (EUA) Tolo (pop.) Condição usual do personagem que avista um óvni, nos filmes de ficção científica
Profissional como a rendeira cearense
3/air — eau — lad — leu. 4/tear. 5/bônus.
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BANCO
HORÓSCOPO - maio de 2019 ÁRIES - 21/03 a 19/04 Esse mês a sua capacidade de inovar, atrairá olhares. Deixe boas impressões. Tempo de brilhar.
Construção de portos
"Onde há (?), há fogo", dito
VARIEDADES | 13
Salvador, maio 2019
ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Seja mais compreensivo e redobre sua boa vontade. Busque sempre ouvir o outro. Encha seu reservatório de ternura. SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Aproveite esse mês para viver com o que há de melhor. Mas não ultrapasse os limites da razão. Faça ajustes necessários. CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/01 Maio trará mais conforto, bem-estar e segurança, mas não fique em sua zona de conforto. Fique atento porque o amor está no ar. AQUÁRIO - 20/01 a 18/02 Mês de criatividade e inspiração no seu trabalho. Mas não deixe de se dedicar a sua família. Busque o equilíbrio que tudo da certo. PEIXES - 19/02 a 20/03 Use sua habilidade na vida profissional. Momento de construção, fortalecimento estabilidade financeira. Aproveite. Ivete Andrade (Alta Sacerdotisa das Tradições Wicca)
VARIEDADES | 14
Brasil de Fato BA
Salvador, maio 2019
Amiga da Saúde
Direitos de Fato Reforma da Previdência pode trazer mudanças na aposentadoria por invalidez esta semana, seguimos com a série especial Direitos de Fato sobre N os pontos da Reforma da Previdência, proposta pelo Governo Bolsonaro, que poderão gerar impactos a direitos sociais dos trabalhadores brasileiros. Abordaremos aqui as mudanças propostas na PEC 06/2019, nesta semana em debate na CCJ da Câmara de Deputados, sobre a Aposentadoria por invalidez. Este tipo de aposentadoria é devido ao cidadão incapaz de trabalhar e que não possa ser reabilitado em outra profissão, ou seja, é um benefício concedido ao trabalhador permanentemente incapaz de exercer qualquer trabalho, de acordo com a avaliação da perícia médica do INSS. Atualmente, o valor desse benefício é calculado sobre a média dos 80% maiores salários do trabalhador. É a forma de cálculo do seu valor a grande mudança prevista na “Reforma da Previdência”: passaria a ser sobre 60% da média de todos os salários se o tempo de contribuição for igual ou menor que 20 anos, havendo o incremento de mais 2% do valor a cada ano trabalhado a mais que 20 anos. Apenas nos casos de aposentadoria por incapacidade permanente resultante de acidente ou doença do trabalho é que o seu valor seria a média de todas as contribuições ao longo da vida. Entendemos que o principal efeito dessa mudança de regra será a redução do valor do benefício, ignorando o caráter solidário presente na definição de seguridade social. * André Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação leira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Bebê que tem intolerância à lactose pode mamar no peito da mãe? Roberta Silva, 36 anos, representante comercial
O
i Roberta, pode sim! A intolerância é causada pela dificuldade na digestão da lactose, pela baixa quantidade da enzima que atua nesse processo (lactase). Ela é mais comum em adultos e pode causar sintomas intestinais como diarreia, cólicas, gases, distensão abdominal (barriga estufada). O leite materno também tem lactose, porém ele possui outros componentes que facilitam a digestão, por isso não provoca esses sintomas no bebê. O ideal é que o bebê se alimente exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade.
Brasi-
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
Nossa Cozinha: Moqueca Ingredientes 1 kg de posta de peixe como robalo ou cação 1 limão 1 colher de chá de sal 1 cebola grande fatiada 1 pimentão amarelo fatiado 1 pimentão vermelho fatiado 2 tomates fatiados 200 ml de leite de coco 1 colher de sopa de azeite de dendê 3 colheres de sopa de coentro picado
Modo de Preparar empere as postas de peixe com o sal e o suco T de limão. Espalhe bem e reserve. Em uma panela de ferro ou barro média faça uma camada com
metade da cebola, dos tomates e dos pimentões. Por cima, coloque as postas do peixe, salpique metade do coentro, cubra com o restante da cebola, tomate e pimentões. Acrescente o caldo de limão da marinara, o leite de coco e o azeite dendê. Leve a panela ao fogo alto até ferver com a panela tampada, quando levantar fervura abaixe o fogo e cozinhe por aproximadamente 15 minutos, ou até que o peixe fique macio ao toque do garfo. Desligue o fogo e salpique o restante do coentro. Sirva em seguida com farofa e arroz.
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Salvador, maio 2019
ESPORTES | 1515
O que os torcedores esperam do Vitória para 2019?
Maurícia da Matta/ Divulgação EC Vitória
que resgate o orgulho de sermos Vitória, um orgulho pelo jogar bonito, pelos triunfos e conquistas dentro e fora de campo O “novo” antigo presidente
FUTEBOL. O time começou o ano carregando baixo desempenho e o rebaixamento para a série B do Campeonato Brasileiro Jamile Araújo
beira de completar À 120 anos no mês de maio, o Esporte Clu-
be Vitória é um dos times que divide os corações e a paixão dos baianos. O rubro-negro veio de um ano complicado, com descontentamento da torcida pelo baixo desempenho e um rebaixamento para a série B do campeonato brasileiro. Recentemente, houve eleição de nova diretoria do clube com um resultado que dividiu opiniões. Conversamos com alguns torcedores do leão para saber suas expectativas e avaliações para o
ano de 2019. Para Tácio Caldas, estudante de Jornalismo, o Vitória terá um ano difícil. “Temos um elenco fraco, despreparado, com um treinador que é uma incógnita. Não demonstramos, até então, enquanto torcedores, vontade de fazer a mudança. E essas novas eleições não demonstram isso, porque não é de política que eu falo, mas sim em relação, por exemplo, da associação do torcedor. Fora isso, dentro de campo não vimos vontade, esforço, raça, algo que nos motivasse a levantar a cabeça e seguir em frente”, afirma. Sobre o campeonato Brasileiro na série B, Tácio avalia que será equilibrado, nivelado por baixo entre a qualidade e o financeiro dos times. “Com os pés no chão, eu não creio no acesso, pois ainda vejo a necessidade de um longo caminho a ser trilhado para que possamos chegar neste nível, mas por outro lado, vejo
Temos um elenco fraco, despreparado, com um treinador que é uma incógnita potencial para ser surpreendido. Minha expectativa era de sermos campeões nacionais pela série B, mas sabendo das baixas chances disso acontecer, mesmo após as eleições e das mudanças imediatas que deveremos ter, mudei minhas expectativas para um time que infelizmente ficará no meio da tabela”. Tácio acredita que o time precisa melhorar a sua gestão em todos os aspectos. “Da diretoria ao marketing, dos gandulas aos funcionários da segurança, buscar o torcedor e resgatá-lo de volta junto
ao clube. O primeiro passo já foi dado, mas ainda é pouco. Precisa melhorar a qualidade em campo, melhorar as divisões de base, usar a base, dispensar quem não será utilizado, pagar o que se deve, e fazer contratações pontuais. Agora é trabalhar, melhorar e resgatar o torcedor. O Barradão é a nossa casa, o nosso caldeirão e é necessário que ele seja revitalizado”, conclui. Já Lucas Nogueira, estudante e soldador, tem a expectativa que o time volte para a primeira divisão do brasileiro, “lugar que jamais deveria ter saído”. Ele acredita que para melhorar, “é preciso deixar de muita vaidade que existe dentro do clube, e ter pessoas ao seu comando que pensem o time. O Vitória tem se cercado de pessoas que só querem se aproveitar do time e pensa em benefícios próprios. No dia que isso parar de existir, com certeza o Vitória melhora”, ressalta.
No final de abril ocorreu eleição da nova diretoria do clube. Paulo Carneiro, após 14 anos, volta à presidência do Vitória. Em 2005, após estar no comando do ECV desde 1991, Paulo Carneiro renunciou ao cargo após o clube ser rebaixado para a série C do brasileiro. Tácio Caldas espera que o novo presidente faça uma boa gestão, apesar de não ter sido o candidato de sua preferência. “Que resgate o orgulho de sermos Vitória, um orgulho pelo jogar bonito, pelos triunfos e conquistas dentro e fora de campo”, pontua. Vinicius Silva, empreendedor, tem expectativas com a nova direção. “Que tenha organização, planejamento e que o clube suba pra série A. O torcedor voltou acreditar. Mas o time precisa de reforços em todos os setores. Com um bom trabalho, salários em dias, torcedor se associando e indo aos jogos o Vitória vai voltar a ser um time competitivo”, finaliza.
ESPORTES | 16
Brasil de Fato BA
Salvador, maio 2019
GOL
NA GERAL
Parceria entre UFBA e Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) Divulgação
Esquadrão contra o Racismo
U
GOL
CONTRA
Machismo e lesbofobia no álbum de figurinhas da Copa do Mundo reprodução twitter /Facebok
Panini lançou em mais um A ano seu álbum de figurinhas. Nesta edição, as figurinhas foram
da Copa do Mundo feminina, que será realizada na França. O álbum gerou entusiasmo por parte de muitas pessoas, mas, infelizmente, também gerou comentários machistas e lesbofóbicos contra as jogadoras de futebol da Seleção Brasileira de Futebol.
UM PRESIDENTE MISÓGINO!
DA MASSA por Ezio Sales
A
UFBA colocou a dispoA sição a infraestrutura esportiva da Universidade,
além do espaço da própria Reitoria para realizar outras atividades que tenham relação com os jogos. A parceria foi celada em reunião com a presença da Reitoria da UFBA, representada pelo Vice-Reitor Miguez e organizadores do evento, um deles era o atual diretor-geral da Sudesb, Vicente Neto.
ma parte da torcida do Bahia, chamada de Frente Esquadrão Popular, realizou, no último sábado (27), um debate intitulado “O Racismo no futebol”. O objetivo do debate era estimular a discussão em torno do racismo e dos seus impactos dentro e fora do Futebol. Foram convidados para contribuir no debate Cássia Maciel, pró-reitora de Ações Afirmativas da Universidade Federal da Bahia; Elton Serra, jornalista e comentarista esportivo; Milena Brito, ex-atleta profissional e secretária da comissão de esportes da OAB-BA e Henrique Sena Santos, historiador e autor do livro “Pugnas Renhidas: futebol, cultura e sociedade em Salvador”. O evento gratuito aconteceu no Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae). ”Lula nós te
s novas vagas no “Bermuda e Camiseta” e a criação do setor “Bahia da Massa” permitem que torcedores, sobretudo os de baixa renda, possam se associar a valores baixos. Hoje, o valor do ingresso mais barato é R$50 (inteira) e a mensalidade do “Bahia da Massa” é R$60 e dá acesso a todos os jogos, além de outros benefícios, como o direito ao voto nas eleições e descontos nos chamados “Parceiros de Aço”. Se o orgulho de alguns times é a alta renda de cada jogo, conseguida através de tickets caríssimos, o orgulho do Esquadrão é conseguir popularizar cada vez mais suas arquibancadas.
DE PLACA
Declaração da Semana
por Bete Dantas
A
gora é lei! Se outrora as mulheres eram proibidas de praticar esportes “incompatíveis com a natureza feminina”, os clubes são hoje obrigados a manter times femininos adulto e de base. Quem parece não ter acompanhado o avançar da história é o atual presidente do Vitória, Paulo Carneiro, que durante campanha fez declarações extremamente misóginas sobre o destino das nossas Leoas. Anacrônico, Carneiro mais uma vez envergonhou a Nação tal qual o fez ao vestir camisa do rival. No Barradão sempre haverá espaço para as Leoas, o que não cabe é o machismo.
“Lula nós te amamos e sempre te agradeceremos. Obrigado e tenha força,os canalhas não vencerão o tempo e a verdade. Força ETERNO PRESIDENTE!!!” Escreveu o atleta Juninho Pernambucano nas suas redes socais, após divulgação da entrevista de Lula.