ENTREVISTA | 09
SindipetroBA
Por que me sindicalizar? SindipetroBA
Para entender qual papel dos sindicatos para os trabalhadores e para a sociedade, conversamos com Jairo Batista e Jailza Barbosa, membros do Sindpetro BA
Bahia
Salvador, julho de 2019 ano 2 edição 12 distribuição gratuita
POVOS DE TERREIRO RESISTEM AO RACISMO RELIGIOSO
Matheus Alves
CIDADES | 04
DENÚNCIA
Moradores da Ilha de Maré lutam contra racismo ambiental
OPINIÃO | 10
ARTIGO
Para entender qual a importância da Copa de futebol feminina
CULTURA |11
LUTA
Movimentos e organizações se manifestam no Dois de Julho
Brasil de Fato BA
Salvador, julho de 2019
OPINIÃO | 2 EDITORIAL
Mulheres negras são protagonistas nas lutas por justiça social no Brasil HISTÓRIA. Dia 25 de julho marca o dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha
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condição da mulher negra no passado, e ainda nos dias atuais, diz muito sobre a maneira que o Brasil se formou do ponto de vista social e econômico: com bases machistas, racistas e ausência de qualquer projeto que pensasse o desenvolvimento de uma nação para seu povo. Desde o tráfico negreiro, trabalho nas lavouras e na casa grande. No caso das mulheres negras e indígenas daquela época, em que a miscigenação que deu origem ao povo brasileiro foi realizada através do estupro, a exploração e vio-
Relembrar a história é importante para que não esqueçamos jamais que luta e resistência permeiam toda a nossa trajetória lência não se dava apenas na exploração do trabalho, mas também do abuso sexual. Porém, esse processo não se deu sem resistência. Nossa história é repleta de levantes, revoltas e formas coletivas de organização para resistir e lutar. Como a conformação de Quilombos, venda de quitutes para alforrias coletivas, das revoltas como Búzios, Revolta dos Malês, e o processo de luta pela Independência da Bahia, o Dois de Julho; entre outras tantas maneiras de sobrevivência e preservação da cultura africana. No dia 25 de julho se comemora o dia da Mulher
Negra Latinoamericana e Caribenha. Esta data surgiu em 1992, após o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, na República Dominicana. No Brasil, durante o governo de Dilma Rousseff, o 25 de julho foi instituído como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em homenagem a líder quilombola Tereza de Benguela, que liderou o Quilombo do Quariterê. Se olharmos hoje, tempos de trabalho “livre”, após 131 anos de uma abolição que não libertou, as desigualdades sociais são absurdas e temos grandes desafio. Mulheres
Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mensalmente visibilizamos as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Áttila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião Lopes, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Caroline Anice, Elias Malê, Gabriela Gardenia, Jamile Araújo, Lorena Carneiro, Rafel Lucas. Edição: Elen Carvalho (0005818/BA) Diagramação: Diva Braga Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
negras graduadas recebem uma média salarial equivalente a 43% dos salários dos homens brancos segundo a PNAD; são as maiores vítimas de violência doméstica, obstétrica e feminicídio. Mas mulheres negras latinoamericanas e caribenhas “levam a vida nos cabelos” como disse Galeano sobre a fuga de mulheres escravizadas no Suriname. Carregam a vida nos traços dos rosto, na pele cor da noite, no sorriso, na dança, na firmeza, na leveza, no amor e estratégia de luta ancestrais.
Salve! Nortistas, caribenhas, clandestinas Salve! Negras da América Latina
Trazem a força das guerreiras, como Maria Felipa, que na Ilha de Itaparica, com outras mulheres surrava os portugueses com cansanção e incendiava os barcos. Ou ainda, as “Caretas do Mingau”, de Saubara no Recôncavo, mulheres que se vestiam de fantasma para assustar os homens do exército português e poder levar mingau e outras comidas para maridos e filhos que estavam na trincheira próximo da cidade. Vivemos um momento delicado no país, no qual direitos adquiridos e todas as políticas de inclusão, distribuição de renda, e iniciativas de desenvolvimento nacional estão sendo desmontadas. Relembrar a história é importante para que não esqueçamos jamais que luta e resistência permeiam toda a nossa trajetória, e que para sair desse quadro devemos nos inspirar em nossas heroínas e guerreiras negras, que muito tem a nos ensinar sobre estratégias de organização e sobrevivência, Viva às mulheres negras.
Charge
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GERAL l 3
FRASE do mês Sérgio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos evidências e os fatos.
mandou
BEM
Diário do centro do mundo
Karine Zambrana - Fotos Públicas
O
Glenn Greenwald, editor do The Intercept, sobre áudios e mensagens divulgadas que comprometem imparcialidade do Juiz Sérgio Moro na Lava Jato
O que aprendemos com nossas jogadoras da seleção nesta Copa do Mundo de Futebol Feminino?
izemos históF ria no futebol feminino no Brasil,
principalmente pela visibilidade, bandeira que há muito tempo lutamos. Esperamos que não pare por hoje, nem por aqui. Que se invista na base, na técnica, no patrocínio, na estrutura, nas meninas, nas mulheres, no esporte feminino em todo Brasil. Feliz pela raça e ação das mulheres. Um futebol lindo, honesto, técnico.. um futebol de mulher! Maria Angélica Lima, professora de Educação Física
Nota
SERVIÇ0S
Nordeste com mais saúde
s mulheres da seA leção brasileira deram um show, dentro
governador do Maranhão, Flávio Dino, revelou que uma das propostas para o Consórcio Nordeste é a retomada da parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para viabilizar a contratação de médicos estrangeiros, em sua maioria cubanos, para atuarem na região. Diferente do programa Mais Médicos, a contratação não seria através do Governo Federal, mas pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, que permite mais cooperação entre os estados em várias áreas.
mandou
MAL
e fora do campo. O futebol feminino precisa ser valorizado, precisa de investimentos significativos para que mulheres tenham mais oportunidades e possam brilhar. Isso também é uma ferramenta de enfrentamento ao patriarcado, pois esse foi um espaço que sempre nos foi negado, um espaço que aprendemos, desde muito pequenas, que não era nosso.
Antônio Costa - Fotos Públicas
Ana Almeida, professora
COMUNICAÇÃO POPULAR EM PAUTA Reprodução Brasil de Fato
m busca de uma comunicação mais plural e E democrática, a ABRAÇO-BA realiza em Salvador o 13º Congresso Estadual de Radiodifusão
Comunitária e Rede de Comunicação Popular. O evento, que acontece nos dias 16 e 17 de agosto na Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), tem como objetivo refletir com as comunidades rurais e urbanas baianas a necessidade de se conquistar o direito coletivo à informação e comunicação. O Congresso tem vagas limitadas e as inscrições podem ser feitas gratuitamente até o dia 06 de agosto. Para mais informações, envie e-mail para abraco.ba@gmail.com.
Se o Agro é pop, por que dá calote?
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ados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) mostram que as 50 empresas ligadas ao agronegócio que mais devem tributos à União acumulam R$ 205 bilhões em débitos. Dentre elas, agrupam-se 19 corporações, como empresas do grupo Parmalat, JB Duarte e Dolly. Para se ter uma ideia, o valor devido representa 20% do montante que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, projetava economizar inicialmente em dez anos com a Reforma da Previdência.
4 I CIDADES
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Moradores da Ilha de Maré lutam contra racismo ambiental
DENÚNCIA. Comunidade que tem na pesca forma de sobrevivência denunciam contaminação química na Bahia de Todos os Santos Jamile Araújo
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No fim do mês de maio, a Coordenação da Colônia de Pescadores da Ilha de Maré de Salvador apresentou uma denúncia ao Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) relatando a contaminação química realizada por atuação de grandes empresas, desde o período da ditadura militar, e a omissão do Estado brasileiro quanto à situação. A Ilha de Maré está localizada na Baía de Todos os Santos, em Salvador, e é conhecida como “Caribe soteropolitano” pelas belas praias. Possui uma população de dez mil remanescentes quilombolas, que tem como principal atividade de sobrevivência na pes-
CESE
Comunidade com 10 mil remanescentes quilombolas em Salvador vive com adoecimento da população devido à contaminação
ca. Na carta a apresentada ao CNDH, a comunidade ressalta: “Além da exclusão social que impõe desigualdade racial para os moradores, a comunidade é afetada por grave poluição química, gerada por poderosas indústrias internacionais instaladas nas proximidades da comunidade durante a ditadura militar. A comunidade está exposta à grave violência, sofrendo uma contaminação química crônica, com danos irreparáveis à saúde e ao modo de vida tradicional, com mortes e doenças, afetando especialmente crianças e idosos”. Eliete Paraguassu, moradora de Ilha de Maré, explica que a partir de
A comunidade está exposta à grave violência, sofrendo uma contaminação química crônica 2001 a comunidade iniciou a luta para identificar porque morria tanto peixe, que não morre com bomba, como caramuru, baiacu, pocoman
e outros. Foi quando começaram a associar aos empreendimentos que tinham no território. Além das mortes estranhas que o território começou a apresentar, como as mortes por câncer. Sem ter como comprovar de início, foi somente a partir de pesquisas científicas e parcerias com entidades que a comunidade foi encorpando a luta. Como a pesquisa realizada por Neuza Miranda, professora da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Neuza procurou a comunidade para fazer pesquisa em crianças e confirmou o que a gente já dizia, que nosso povo está doente. A pesquisa chega pra gente como mais uma ferramenta de luta, com mais incidência, porque ali tinha uma prova, da UFBA”, afirma Eliete. Ela diz que as denúncias internacionais tem ajudado muito. Cita também o documentário “No Rio e no Mar”, lançado em 2016, que consegue demonstrar a vulnerabilidade dos moradores da Ilha. Além da inalação da fumaça, não houve assistência do Estado para a comunidade. Tiveram dificuldade de vender o
pescado. “Um dos procedimentos foi descartar todo o produto na água, no mar, e a gente ficou seis meses passando dificuldade. O descarte do produto afetou o meio ambiente, que até hoje não se recuperou com tantos danos que tem vivenciado desde a chegado do porto”, observa a moradora. Os impactos são atribuídos às atividades no Porto de Aratu, e seguem sem investigação. “A gente está falando de uma população que respira e se alimenta do pescado. A gente quer algum estudo que comprove que o pescado está contaminado ou não, com os corpos negros que estão ali. Se a gente não tivesse contaminado, quem mais saía feliz com essa história se não fosse a gente?”, questiona. Eliete afirma ainda que se trata de racismo ambiental, uma vez que a população da Ilha é negra, sofre com a ausência de políticas públicas e com o descaso frente à contaminação química que está matando a população. Entre as reivindicações da carta estão investigação da gravidade da contaminação nas pessoas, políticas públicas de saúde e cumprimento das leis ambientais.
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BAHIA | 5
Por que Racismo Religioso e não apenas Intolerância Religiosa?
Roger Cipó
RESISTÊNCIA. Povos de terreiro resistem ao racismo religioso ao longo de séculos no Brasil e enfrentam grandes desafios ainda hoje Por Diogo Fernandes e Jamile Araújo
esde um suposto inofensivo ‘chuta que D é macumba’, olhares tortos por usar branco e guias no pescoço, até ações mais
violentas como apedrejamentos: o racismo religioso é uma realidade no Brasil. Vimos no último semestre na Bahia, alguns casos denunciados. Como o ocorrido em Alagoinhas no final de maio, no Ilê Axé Oyá L’adê Inan, onde um grupo de religiosos evangélicos foram para a porta gritando e batendo com
Por que Racismo religioso e não apenas Intolerância Religiosa?
Se dependesse do projeto de genocídio que está em curso neste país desde 1500, não estaríamos mais com nenhum terreiro de Candomblé com as portas abertas bíblias no portão dizendo que “Satanás iria sair”. Ou ainda sobre os 100 quilos de sal jogados na Pedra de Xangô em Cajazeiras, local tombado pela prefeitura como monumento natural, que faz parte da área também tombada do antigo Quilombo do Tatu.
“Ao falar de intolerância religiosa a gente acaba tratando dos sintomas e não da doença. A gente acaba lidando com as manifestações e não com a estrutura em si. E eu acho que não adianta a gente lidar o tempo todo com os casos, mesmo que juridicamente, se a gente não consegue chegar na estrutura racializada do nosso país, do Estado, e a partir disso enfrentar o problema que é desestruturar esse racismo”, ressalta Gabriela Ramos, Advogada, Yá Leyn do Ilê Axé Abassá de Ogum. Gabriela explica que ao usar o termo intolerância religiosa em casos de terreiros apedrejados ou verbalmente ofendidos por algum evangélico, se coloca uma dimensão pontual e que muitas vezes se acaba individualizando uma questão que faz parte do racismo estrutural. “Eu gosto de pensar inclusive, nesse sentido, quando as pessoas de candomblé são ofendidas, ou passam por situação de discriminação em que lidam com pessoas
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Eloi Correa/ GOVBA de objeto de estudo para sermos agora as pessoas que fazem os estudos”. Segundo Dhay Borges, do Coletivo de Entidades Negras - CEN, a ancestralidade e os valores praticados entre os povos de terreiros são elementos fundamentais para a resistência. “Os povos de terreiros têm uma forma própria de subsistência e uma engenharia de proteção intrinsecamente voltadas a sua fé e aos seus valores relacionados a natureza e o cuidado ao outro. Dito isto, podemos colocar que a ancestralidade e a proteção ao outro são os elementos de proteção e manutenção. Uma religião que tem na sua essência o matriarcado como maior referenseguidoras de outra religião, normalmente cial”, ressalta. há um enfrentamento individual para essas Na foto, Busto de Mãe Gilda, homenageada no dia 21 de Janeiro como dia de pessoas. E eu falo, na condição jurista, a genCombate à Intolerância Religiosa. te deveria começar a fazer um enfrentamento às instituições, porque elas são responsáveis pela formação valorativa dos fiéis. Tenho que procurar a que templo religioso este indivíduo está vinculado para responsabilizar civilmente para buscar a fonte do problema”, pontua Gabriela. organização sócio religiosa das casas de candomblé, dos povos de terreiro, enfrentam desafios que dizem respeito a sua existência e permanência enquanto Como os povos de matrizes espaço sagrado e de organização de famílias historicamente negra. africanas exercem a sua orgaGabriela Ramos chama atenção para dois fenômenos que observa e que em sua nização social e desenvolve a opinião devem ser melhor compreendidos: a massificação de pessoas negras nas Igrejas Neopentecostais e o aumento de pessoas brancas no Candomblé. “Como é sua resistência: que esses dois fenômenos dialogam, e o que é que isso quer nos dizer, o que isso vai trazer de repercussão pra gente no longo prazo, será que vai rolar um epistemicídio? Mesmo diante de um cenário de violência Será que isso é parte do projeto de genocídio? É algo que a gente precisa prestar as religiões de matrizes africanas seguem reatenção. E não digo isso porque eu acho que a gente tem que interditar a presença sistindo e existindo através das famílias amde pessoas brancas no candomblé, mas acho que a gente deve compreender porque pliadas existentes nas casas de candomblé. esse fenômeno está acontecendo”, afirma. Para Gabriela Ramos existem diversas maGabriela também comenta sobre a prática de mercantilização que atinge a relação neiras de resistir. “Acho que inclusive o fato entre os povos de terreiro e a sua fé com o encarecimento dos elementos fundade ainda estarmos com nossas casas de Canmentais de diálogo e comunicação dos religiosos e o seu sagrado, através dos rituais domblé abertas, raspando Iyawos, confirnecessários. Ao lidar com os altos custos que tem se tornado os materiais do canmando Ogans e Ekedis, fazendo obrigações é domblé, afasta o envolvimento dos povos negros historicamente atingidos pelo dea nossa forma mais ‘rudimentar’, quanto mais semprego ou trabalhos com baixa remuneração, diferentemente das classes médias eficaz de fazer enfrentamento, de fazer resisque estão em vantagem por conseguir financiar esses materiais. tência. Porque se dependesse do projeto de Diante do cenário político, econômico e social atual, Gabriela Ramos afirma que genocídio que está em curso neste país desde repercute justamente essa fragilização dos corpos e subjetividades. “Nós estamos, 1500, não estaríamos mais com nenhum terembora resistindo, com as forças muito menos potentes do que poderíamos estar. reiro de Candomblé com as portas abertas”. Nosso grande desafio é desatar esses nós para conseguir refazer laços que nos susA Advogada fala ainda sobre a utilização de tente, tanto para passar por esse momento, quanto pelas outras armadilhas que o mídias sociais, e sobre recorrer a ferramentas projeto de genocídio que esse país arquitetou para nos colocar, e seguir em frente”, institucionais de denúncia para reparar ou finaliza. cessar as violações, além de pensar o uso da Dhay Borges afirma a importância das religiões de matrizes africanas ao longo de arte e da literatura como formas de diálogo uma história de dor, perseguições e lágrimas, profundamente marcada pela relação e sensibilização acerca do racismo religioso. continuada com a escravidão. “Apesar de todo esse quadro de penúria e abandono Além disso, “as ferramentas políticas de majurídico a população negra enxergou na fé e na ancestralidade a sua ferramenta de nifestações de rua, e visibilidade do que é o resistência, fazendo com que estrategicamente se ampliassem os laços de afetividaCandomblé, a educação com a acentuação de, pois o esfacelamento das famílias deflagraram, por certo, a dizimação do povo do ingresso de estudantes negras e negros negro. Daí, temos papel fundamentalmente importante das religiões de matrizes nas universidades também possibilitou que africana que surge para devolver aos negros esse sentimento de família”, finaliza. a academia fosse obrigada a lidar com outras narrativas, com a nossa saída dessa condição
A população negra enxergou na fé e na ancestralidade a sua ferramenta de resistência, fazendo com que estrategicamente se ampliassem os laços de afetividade
Principais desafios
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Lava Jato só aceitou delação da OAS quando Léo Pinheiro incriminou Lula Nelson Almeida / AFP
PERSEGUIÇÃO. Empreiteiro era tratado com descrédito pela força-tarefa e só acusou Lula após um ano de negociação com procuradores Da Redação ovas conversas reveN ladas a partir do conteúdo obtido pelo site The
Intercept Brasil, publicadas em parceria com o jornal Folha de S. Paulo, na madrugada deste domingo (30), demonstram a forma como procuradores da força-tarefa da Lava Jato tratavam as negociações com advogados da construtora OAS para pactuar um acordo de delação premiada para Léo Pinheiro, ex-presidente da empresa. “Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guarujá”, escreveu numa conversa de Telegram o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes a outros integrantes da equipe de negociação com a empreiteira: “[Os advogados] diziam q não tinha crime”. “Léo Pinheiro, que ao longo do processo nunca havia incriminado Lula, foi pressionado e repentinamente alterou sua posição anterior em troca de benefícios negociados com procuradores de Curitiba, obtendo a redução substancial de sua pena’’, declarou a defesa do ex-presidente no caso, em nota
O triplex no Guarujá apontado como suposto pagamento de propina da OAS ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As mensagens publicadas mostram que os relatos apresentados pela empresa foram mudando até que os procuradores aceitassem assinar um termo de confidencialidade com os advogados da OAS divulgada na manhã deste domingo, assinada pelos advogados Cristiano Zanin e Valeska Martins. As negociações entre a OAS e a Lava Jato começaram em fevereiro de 2016. As mensagens acima datam de agosto do mesmo ano. Léo Pinheiro só apresentou a versão sobre o triplex no Guarujá que permitiu a acusação e condenação de Lula em abril de 2017.
Meses antes, em junho de 2016, os jornais brasileiros noticiavam que Léo Pinheiro negava ter pago qualquer propina ao ex-presidente. As mensagens publicadas mostram que os relatos apresentados pela empresa foram mudando até que os procuradores aceitassem assinar um termo de confidencialidade com os advogados da OAS. O período de negociações foi contur-
bado, envolveu episódios de vazamentos do conteúdo das delações à imprensa, e culminou com a prisão de Léo Pinheiro. O depoimento do ex-empreiteiro, no dia 24 de abril de 2017, foi crucial para que o Ministério Público Federal (MPF) estabelecesse conexões entre o apartamento e os casos de corrupção na Petrobras, essencial para que o caso fosse mantido em Curitiba e julgado por Moro. O MPF pediu a redução da pena de Pinheiro pela metade. Em julho, Sergio Moro condenou o empresário a 10 anos e 8 meses de prisão, mas autorizou sua soltura após 2 anos e 6 meses de detenção. Preocupado com a imagem da operação, Deltan Dallagnol disse na época em conversa com colegas pelo Telegram: “Não pode parecer um prêmio pela condenação de Lula”. O acordo de delação
Tais elementos mostram que jamais houve intenção de apurar a verdade dos fatos, mas apenas a de impor a Lula uma condenação sem qualquer prova de culpa premiada com a OAS foi firmado no fim de 2018, mas não foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal até hoje. A defesa do ex-presidente Lula divulgou nota comentando esse novo vazamento, na qual, entre outras afirmações, disse: “[...] Tais elementos mostram que jamais houve intenção de apurar a verdade dos fatos, mas apenas a de impor a Lula uma condenação sem qualquer prova de culpa e desprezando as provas de inocência que apresentamos durante o processo. As novas revelações se somam a tantas outras que mostram a necessidade de ser anulado todo o processo e a condenação imposta a Lula, com o restabelecimento de sua liberdade plena”.
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Argentina se prepara para eleição presidencial; entenda panorama político
Alejandro Pagni/AFP
AMÉRICA LATINA. Primeiro turno acontecerá em 27 de outubro; debate em torno de economia e legalização do aborto devem dominar país Da Redação
correrá, em 27 de O outubro, o primeiro turno das eleições pre-
sidenciais da Argentina. Legenda: Segundo pesquisa, chapa Frente de Todos, composta por Fernández e Cristina tem 45% das intenções de voto. Nove chapas se inscreuma conformidade entre ronista pró-aborto, tam- moeda nacional frente veram para concorrer às as tendências políticas, o bém foi escolhido como ao dólar e com uma inprimárias, marcadas para peronismo se divide en- vice de Macri para apa- flação que fechou 2018 11 de agosto. O pleito já tre diversas ramificações, ziguar o clima de polari- em 47,6%, o maior índice é marcado por reviravolindo da direita à esquerda zação. Hoje senador, Pi- dos últimos 27 anos. tas envolvendo uma das do espectro político e ge- chetto chegou a criticar o principais candidaturas O endividamento púrando confusão mesmo mandatário publicamen- blico do país também é e por discussões em tor- Além das entre os argentinos. te após o Senado barrar a um problema, tendo a no da grave crise econôaprovação da lei sobre in- Argentina inclusive remica que atingiu o país eleições Surpresas terrupção voluntária da corrido a um empréstiem cheio desde que Mau- presidenciais, gravidez. O candidato à mo de US$ 57,1 bilhões ricio Macri assumiu, em Até agora, a maior sur- vice disse que o presiden- junto ao Fundo Monetádezembro de 2015, o pos- os argentinos presa da corrida presi- te não se colocou à fren- rio Internacional. Espeto mais alto da nação. As irão renovar dencial foi a decisão de te do debate como pode- cialistas já afirmam que primeiras pesquisas de Cristina Kirchner de con- ria. As discussões em tor- o país pode ter que deintenção de voto dão con- parcialmente correr à vice. A ex-presi- no da economia argenti- clarar moratória novata de uma disputa aperta- a composição dente era a favorita para na devem dominar a cor- mente. da que poderá ser resolvivencer o pleito. A sena- rida eleitoral. Isso porque da somente em segundo do Congresso dora concorrerá em uma o país passa por sua maior Congresso turno. chapa com Alberto Fer- crise desde que declarou As primeiras pesquisas Além das eleições prenández, ex-chefe de gabi- moratória às vésperas do de intenção de voto mossidenciais, os argentinos tram um cenário bastante para Fernández e 32 e nete durante o mandato natal de 2001. irão renovar parcialmende Néstor Kirchner e, dupolarizado na Argentina. 35% para Macri. te a composição do ConDe acordo com o siste- rante um ano, do governo Temas Segundo pesquisa do insgresso, casa em que os tituto Isonomia, a chapa ma eleitoral Argentino, da própria Cristina. governistas não contam O anúncio inesperado dominantes Frente de Todos, compos- vence a corrida no pricom maioria. O pleito irá ta por Alberto Fernández meiro turno quem con- gerou surpresa em toda a As discussões em tor- preencher 130 cadeiras e sua vice, a ex-presidente quistar 45% dos votos ou classe política. A estratéCristina Kirchner, está em 40%, caso haja uma di- gia tem como objetivo di- no da economia argenti- na Câmara dos Deputaprimeiro lugar com 45% ferença de de ao menos minuir a polarização que na devem dominar a cor- dos e 24 no Senado. Também estão pro10% com relação ao se- começa a ganhar força no rida eleitoral. Isso porque das intenções de voto. país. A ex-presidente não o país passa por sua maior gramadas eleições proEm segundo lugar, com gundo colocado. Dos seis membros das escondeu o fato de que crise desde que declarou vinciais em Buenos Ai43%, aparece o governista Juntos pela Mudança, três chapas mais bem co- ela e Fernández tiveram moratória às vésperas do res, Catamarca e La Rioja, além de disputas para do atual presidente, Mau- locadas, cinco são pero- diferenças no passado, natal de 2001. O próximo mandatário eleger prefeito e legislaricio Macri, e Miguel Pi- nistas. Macri é a exceção. mas defendeu que elas já terá que lidar com a cres- dores locais da capital do chetto. Outras pesquisas Embora esse dado pas- foram superadas. Miguel Pichetto, um pe- cente desvalorização da país variam entre 35% e 43% se a impressão de que há
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POR QUE ME SINDICALIZAR? Sindpetro BA
ORGANIZAÇÃO. Para entender qual papel dos sindicatos para os trabalhadores e para a sociedade, conversamos com Jairo Batista e Jailza Barbosa, membros do Sindpetro BA Elen Carvalho
s sindicatos estão O entre as principais ferramentas de or-
ganização dos trabalhadores. Atualmente, contudo, eles vêm sofrendo uma série de ataques por parte do Governo, ao mesmo tempo que os direitos trabalhistas são retirados. Neste contexto, conversamos com Jailza Barbosa, diretora do jurídico e relações internacionais no Sindpetro e operadora na Petrobrás, e Jairo Batista, Coordenador geral no Sindpetro BA e inspetor de segurança na Petrobrás, para entender o papel dos sindicatos na sociedade e quais motivos para estar sindicalizado. 1 - Quando e por que você se sindicalizou? Jailza Barbosa: Assinei a ficha de filiação logo quando entrei na Petrobrás. Desde a época da formação, já conhecia o Sindpetro como um sindicato combativo. O meu interessa surgiu, porque eu entendia que estar sindicalizada era importante. Para mim significa fazer par-
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precarizada. Os trabalhadores têm dificuldade de se identificarem enquanto tal. Logo, os sindicatos precisam falar uma nova linguagem, descobrir novas formas de conquistar suas bases e se comunicar com essa nova categoria trabalhadora.
te de um grupo. Faz parte do que é ser trabalhadora. Jairo Batista: Eu me sindicalizei em 2008. Depois de várias conversas com os colegas de trabalho, notei que muito dos direitos que nós temos foram conquistados através da luta dos trabalhadores organizados em sindicatos. Identifiquei a importância destes para a preservação dos empregos e dos direitos. Como associado eu comecei a frequentar algumas reuniões, os debates e fui, cada vez mais, me identificando com a forma como as coisas eram decididas. 2- Qual a importância dos sindicatos para os trabalhadores? Jailza: Os sindicatos atuam como uma forma de organizar os trabalhadores, principalmente, na defesa dos seus direitos. Temos que lembrar o seguinte: de um lado você tem aqueles que detém os meios de produção e todo o dinheiro, e do outro lado você tem aquele que só tem sua mão de obra.
também está atuando na sociedade. Além disso, quando o sindicato é pensado como instru-
o sindicato possibilita aos trabalhadores o sentido de coletividade, de humanidade e solidariedade Então, se os trabalhadores não se unem, eles ficam fragilizados na hora da negociação. Além disso, o sindicato possibilita aos trabalhadores o sentido de coletividade, de humanidade e solidariedade, onde cada um é responsável pelo outro. 3- Qual o papel dos sindicatos na sociedade? Jairo: Ele vai para além de ser u m instrumento de luta e organiza- ção dos trabalhadores. É preciso considerar que estes são cidadãos e estão inseridos nas comunidades, nos bairros. Por isso, quando você organiza esse trabalhador, você
mento organizativo do povo e faz alianças com demais organizações, cria-se meios para que as pessoas se conscientizem e venham a reivindicar direitos, de modo que cada vez mais seja possível uma vida digna. 4- Quais os principais desafios dos sindicatos hoje? Jailza: O trabalho e a organização do trabalho passaram por uma série de transformações. A relação entre patrões e empregados mudou. Os sindicatos enfrentam o desafio de se reinventar. Hoje temos a uberização do trabalho, onde cada um é dono do seu próprio negócio, só que de forma muito mais
5- Por que os trabalhadores devem se sindicalizar? Jairo: O cidadão deve participar de forma plena do destino da sociedade. Quando o trabalhador resolve entrar para o sindicato, ele fortalece a organização, influencia e contribui para que toda sociedade seja fortalecida na luta pelos direitos. É um meio pelo qual a gente consegue estabelecer uma correlação de forças e fazer um enfrentamento ao capital. Neste momento específico, no qual há diversos ataques aos trabalhadores, movimentos sindicais e diversas organizações populares, é mais do que necessária a nossa união. 6- Como faz para entrar para o sindicato? Jailza: É basicamente você preencher a ficha de filiação do sindicato. Aconselhamos também conversar com o diretor de base. A partir do mês seguinte, em algumas bases como a da Petrobrás, a pessoa começa a pagar um boleto para a contribuição mensal ou pode fazer depósito ou transferência na conta destina a isso. Lembramos da importância da pessoa cerrar fileiras com os companheiros e fazer sua contribuição.
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Artigo
A importância da Copa feminina *Gabriela de Gardênia
I
r para a história esportiva do nosso país é um orgulho total; mas, fica sempre um questionamento: por que o futebol feminino não é valorizado? Confesso que chega a ser cansativo afirmar todos os motivos. O que escrever quando se espera uma mudança social e política no país com caos instaurado? “ah, vai agora misturar futebol e política?”. Sim, vou. Nós, feministas, temos uma frase usada com frequência: o pessoal é político, ou seja, tudo que diz respeito a vida humana e suas ações precisam
qual a nossa responsabilidade com a copa feminina? Pesquisar, entender, incentivar e divulgar serem vistas de forma geral e não individualizada. Por tal, convido vocês a pensar: qual a nossa responsabilidade com a copa feminina? Pesquisar, entender,
incentivar e divulgar. Por quê? Você não precisa, necessariamente, ter um fanatismo e dominar todo esquema tático. Mas ao menos saber que uma parcela de nossa maior riqueza patrimonial não tem os mesmos recursos que os homens que vestem a camisa do escudo em comum. Podemos a comparar as fotos em dias de jogos feminino e o masculino (Copa América) a quantidade de pessoas assistindo e as redes sociais em nível de seguidores. É importante pontuar que, enquanto movimento de mulheres que lutam a favor dos seus
direitos, nós não estamos em disputa com os homens, nem em campo fazemos isto, já que os torneios são distintos. Deseja-se, a nível social, de todos os sexos e identidades de gênero, é um apoio continuo a esta modalidade desportista. Em um aplicativo de desempenho em jogos de ambas as copas aqui citada, você saberia montar qual elenco com melhores destaques em campo? Um exemplo de apoio à copa aqui em Salvador-BA, foi a realização da Copa com As manas, criada pelo Criôla Criô, através da qual acompanhamos em alguns
espaços os jogos seguidos de debates por representações femininas, desde assessora de clube, torcedoras e jogadoras de times baianos. Já no Pelourinho, a banda Didá, feita por mulheres, marcou presença também. Sem fim, agora é momento de desejar parabéns as “jogadeiras” que deram o melhor e fizeram história. O jogo continua em outros campos. *Torcedora do Vitória e pesquisadora no PPGNEIM/UFBA.
Artigo
É preciso entender o Bolsonarismo, para combate-lo *Aristóteles Cardona
Governo Federal seO gue tropeçando em suas próprias pernas. Dia
após dia, afirmações são feitas, para rapidamente serem negadas e assim o governo segue sem acertos. O que alguns entendem como uma tática política, para mim não passa de bizarrice mesmo. Em resumo, um governo composto por figuras e ações patéticas. E a população já sente isso. Recente pesquisa divulgada pelo Ibope coloca que 48% da população brasileira já desaprova o governo de Bolsonaro. Número alto para um governo que sequer completou seis meses. Porém, por mais atrapalhado que se apresente o seu governo, não po-
Setores da extremadireita ocupam hoje o governo em países importantes demos nos esquecer de que a vitória de Bolsonaro não foi por acaso. Atribuir a vitória eleitoral desta extrema-direita no Brasil a um mero acaso seria das piores postu-
ras que poderíamos ter. Se não entendermos as raízes do que representa o Bolsonarismo, não saberemos construir as melhores formas de virar este jogo. É como se no meu dia-a-dia como médico, quisesse tratar alguma doença sem um diagnóstico correto. E este descuido pode carregar riscos por si. Setores mais ligados à extrema-direita ocupam hoje o governo em países importantes em todo o mundo. Além dos evidentes exemplos de Donald Trump, nos Estados Unidos, e de Bolsonaro, podemos citar países como Itália, Polônia, Hungria, Áustria, Filipinas, entre outros. Logo, seria ingênuo pensarmos
que a eleição de Bolsonaro se deu apenas por detalhes, ou por conta de uma ou outra rede social. Mais uma vez vou recorrer a um paralelo com a minha realidade como profissional de saúde: é preciso compreender o governo atual como uma grave e complexa doença que precisa ser estudada para que possamos lançar mão dos melhores tratamentos disponíveis. Não há remédio universal para qualquer doença que apareça em nossa frente. E, complicando ainda mais, esta doença está espalhada por todo o planeta e não será erradicada de uma hora para outra. Este “diagnóstico” não significa dizer que a solu-
ção é deitar-se em um leito hospitalar e aguardar uma solução divina. Precisamos desde já combater os sintomas e explorar as fraquezas desta doença. Nesta peleja, misturando metáfora com realidade, precisamos nos proteger e evitar que a doença nos mate, mas sem deixar de lado a necessidade de resistir cotidianamente para que tenhamos mais forças e mais anticorpos para combater o inimigo. * É Médico, professor e membro da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares
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Salvador, julho de 2019
CULTURA | 11
Movimentos e organizações se manifestam no Dois de Julho
LUTA. Data marca a independência do Brasil na Bahia e é comemorada em todo o estado há 196 anos Manu Dias/ Governo da Bahia
Elen Carvalho*
o Dois de Julho, duN rante todo o dia, o povo vai às ruas de Salvador, e de algumas cidades do interior, para participar das atividades que marcam esta data. A alvorada acontece na Lapinha logo no início da manhã, de onde o cortejo sai até chegar na Praça 2 de Julho, localizada no Campo Grande. No trajeto, as casas se enfeitam e podem concorrer no Concurso de Fachadas, promovida pela Fundação Gregório de Matos. A importância deste dia não se resume a Bahia, mas se estende para todo o país. Apesar da Independência do Brasil ter como marco reconhecido o grito do Ipiranga, datado de 7 de setembro de 1822, de fato esta independência só foi concretizada quase um ano após, na Bahia, onde o exército português foi derrotado e expulso do território. Foi um exemplo de luta que reuniu diversos setores da sociedade, indígenas [caboclos], negros [escravizados ou libertos], pescadoras e pescadores, artesãos, de diversos locais da Bahia, tendo a participação até de pessoas do Sertão, Chapada Diamantina e Caetité, em prol da libertação. É um dia de lembrar a história de luta. Movimentos sociais, coletivos e organizações levam suas pautas e demandas de maneiras diversas. É o caso da União dos Negros e Negras pela Igualdade (Unegro), que realiza o
do samba feito por mulheres e de lembrar o protagonismos feminino. Ângela presidenta da Foi um exem- Guimarães, Unegro pontua, que o obplo de luta que jetivo deste evento é “destacar o protagonismo das reuniu divermulheres, sobretudo nesos setores da gras e indígenas. Foi essa a inicial que orisociedade, in- motivação ginou a realização do 1° dígenas [cab- Caruru há 18 anos. Caruru Cabocla foi seu primeioclos], negros da ro nome justamente pra ti[escravizados rar da invisibilidade a contribuição de mulheres neou libertos], gras e indígenas ao procespescadoras e so de independência do Brasil na Bahia”. pescadores, Sobre o ano atual, ela obartesãos serva que é preciso atualizar os desafios “diante de tantos ataques sofridos seu 18° Caruru. É um mo- pelas mulheres, a partir mento de confraternizar das medidas do Governo comendo caruru e ouvin- Bolsonaro que intensifi-
as mulheres como principais beneficiárias, o crescimento da miséria e desemprego, bem como as ameaças contidas na malfadada Reforma da Previdência que atingirá sobretudo mulheres pobre’. Moisés Borges, integrante do Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), observa que “o 2 de julho é a luta pela independência, pela libertação do povo contra a opressão e a tirania dos portugueses. Olhando para os dias atuais estamos retomando para esses tempos, nossas riquezas sendo entregues para os estrangeiros, em especial os EUA, com o aval do Governo Bolsonaro. É isso que nós dos movimentos sociais denunciamos. Levamos a pauta da luta pela soberania do povo, onde a água e energia devem estar a serviço do povo bracaram o feminicídio, cei- sileiro e não nas mãos de fando sobretudo vidas de meia dúzia de capitalistas mulheres negras, os cor- que transformam a vida tes na Educação e pro- em lucro”. gramas sociais como Bol*Com colaboração de Jamile sa Familia e Minha Casa Minha Vida, que tinham Araújo. Manu Dias/ Governo da Bahia
12 | CULTURA
O que
tu indica
ste é um dos mais imE portantes grupos musicais de cultura popular do
Brasil. As Ganhadeiras de Itapuã vão comemorar seus 15 anos de atividade com a gravação do seu primeiro DVD, que acontece no Palco Principal do Teatro Castro Alves, no dia 31 de julho, às 20h. Os ingressos já estão sendo vendidos e custam R$40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada).
15 anos das Ganhadeiras de Itapuã
Neste show, que ficará de registro, ao lado das ganhadeiras estarão convidadas como Mariene de Castro, Margareth Menezes, Larissa Luz, além de Saulo, Malê de Balê e o sambista Seu Regi de Itapuã. No repertório, canções autorais das próprias integrantes do grupo e de compositores do bairro de Itapuã, além de músicas de Dorival Caymmi, prestando uma homena-
Percorrendo nossos sabores
Coco O
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s terrenos arenosos e sol forte na maior parte do litoral possibilitam que a Bahia seja o maior produtor de coco do Brasil, que, por sua vez, é o quarto maior produtor do mundo. Apesar de ser encontrado no país há centenas de anos, o cultivo do coco em escala comercial só começou na década de 1950. Na Bahia, exitem plantações nos 27 Territórios de Identidade, com destaque para o do Litoral Norte, especialmente em Conde, Jandaíra, Esplanada e Acajutiba. Para se refrescar ou fazer receitas, este é, sem dúvida, um alimento bastante consumido durante todo o ano e faz parte da cultura gastronômica brasileira.
gem ao lendário bairro de Salvador. Neste ano comemorativo, elas também ganham reconhecimento ao serem o tema do Carnaval da Unidos do Viradouro em 2020. Fica nossa dica para que ainda não conhece, ouvir e saber a história destas mulheres que tanto enriquecem nossa cultura.
Bahia Meu País
Prefeitura de Bom Jesus da Lapa.
BOM JESUS DA LAPA
T
ambém conhecida como Capital Baiana da Fé, Bom Jesus da Lapa está localizada a 800 km de Salvador e é banhada pelo rio São Francisco. O título se deve ao fato da cidade concentrar a segunda maior festa religiosa católica do Brasil, conhecida como a procissão ou romaria do Bom Jesus, que acontece no mês de agosto e reúne milhares de pessoas. Algumas das características marcantes do local é o morro em estilo gótico e as suas grutas, que dão a Bom Jesus da Lapa um clima místico e diferenciado. A cidade ficou conhecida através da existência do Santuário do Bom Jesus. Com o tempo, alguns devotos começaram a fazer suas moradias onde estava a imagem do Bom Jesus. Outro ponto turístico da cidade é a Lagoa Grande Para quem vai pela primeira vez a dica é fazer um passeio turístico de lancha pelo Rio São Francisco e conhecer a Gruta do Bom Jesus.
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Eclipses vão mexer com os signos neste mês
VARIEDADES | 13
Horóscopo - Julho 2019 ♈ÁRIES - 21/03 a 19/04 Finalmente as coisas começam a melhorar nesse segundo semestre. Aproveite pra priorizar sua vida interna. Você merece! ♉TOURO-20/04 a 20/05 Reduza o ritmo das suas atividades. Encontre tempo para descansar e relaxar seu corpo e mente. Cuide mais de você. ♊GÊMEOS - 21/05 a 21/06 Não deixe que a correria do seu dia a dia te sufoque. Se dedique mais a sua família e a sua casa. As recompensas virão!
Ivete Andrade ois eclipses e um Mercúrio retrógrado, que prometem meD xer com o nosso dia a dia no mês de Julho. 2 de julho - Eclipse solar total no signo de Câncer -deixando nos-
sas emoções afloradas. 6 de julho - Mercúrio retrógrado - maior dificuldade com a comunicação 16 de julho - Eclipse lunar com Sol em Câncer - Haja emoções
♋CÂNCER -22/06 a 22/07 O canceriano passará por algumas transformações. Não se reprima e deixe seus desejos fluírem. Faça aquilo que lhe fizer feliz! ♌LEÃO - 23/07 a 22/0 Momento de maior independência pessoal. Aproveite para focar nos seus projetos e sonhos. Sucesso! ♍VIRGEM - 23/08 a 22/09 Hora de mudanças! Concentre suas energias em concretizar coisas construtivas. Acredite mais em você. ♎LIBRA -23/09 a 22/10 O librianos terá a chance de alcançar seus principais objetivos. Hora de colocar a mão na massa. Sucesso é a palavra do momento. ♏ ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Você entrará num período de independência social. Assuma o controle sobre sua vida. Faça as coisas do seu jeito e, se as circunstâncias forem desconfortáveis, mude-as! ♐SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Sagitário não é um dos signos mais pacientes, mas julho será um mês muito propício para que você aprenda a desenvolver essa virtude. Momento de aprendizado. ♑CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/01 A energia emocional terá grande poder nesse momento da sua vida. Quando tiver de lidar com situações delicadas, defenda seu ponto de vista, mas com sensibilidade. Use o bom senso. ♒AQUÁRIO - 20/01 a 18/02 Pise no freio e diminua o ritmo do seu cotidiano, evitando atividades estressantes. Lembre-se que as mudanças são de dentro pra fora. ♓PEIXES - 19/02 a 20/03 Momento de bem-estar e harmonia. Se puder, tire suas tirar suas férias. Do contrario, diminua seu ritmo Ivete Andrade (Alta Sacerdotisa das Tradições Wicca)
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Amiga da Saúde
Direitos de Fato Moro: Investigador, acusador e julgador esde 2014 a Lava Jato se utilizou da mídia e do judiciário para forD jar uma opinião pública – no mínimo – desinformada a respeito das consequências do uso de ilegalidades no processo penal. De
2014 para cá foram aproximadamente 160 condenações assinadas pelo atual Ministro Sérgio Moro em um total de penas que – somadas – chegam a dois milênios (cerca de 2.294 anos de pena). Antes os excessos nas condenações eram justificados como uma mera “guinada” ao punitivismo estatal. Defendia-se a legalidade das manobras penais realizadas pelo ex-Juiz Sério Moro se destacando a imparcialidade de suas ações. Ao ser interrogado pelo então em Juiz, o ex-Presidente Lula, no ano de 2017, questionou a suposta imparcialidade de Moro. A resposta do Ministro ali foi tão vazia quanto as declarações prestadas após os recentes vazamentos dos diálogos em que se prova as suas ações enquanto Chefe da Operação Lava Jato. Investigador, acusador e julgador, Moro tornou o STF refém de suas artimanhas políticas e fez da Suprema Corte Federal órgão incapaz de cumprir seu papel principal: proteger as garantias constitucionais e defender o Estado Democrático de Direito contra os abusos dos inimigos da democracia.
* Clarissa Nunes é advogada criminalista e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)
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PEQUENAS LIÇÕES DE AUTO-CUIDADO PARA O JULHO DAS PRETAS
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ara nós, mulheres negras, o auto-cuidado é uma necessidade coletiva para a destruição do racismo. Sabendo o quanto o racismo está presente em nossas vidas, constrói o ódio a nós mesmas, a nossa aparência e de que forma as jornadas de trabalho acabam até por negar o nosso tempo-cuidado, é preciso afirmarmos que se cuidar é um ato político. Para o mês de julho, que carrega no dia 25 o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, fica a lição sobre a necessidade do amor próprio e do auto-cuidado, a partir de uma perspectiva de que “saúde é nossa capacidade de lutar” e se não nos amamos nem nos cuidamos, adoecemos e aí é que a “máquina de moer gente” acaba vencendo sobre nossas vidas. Auto-cuidado é construção diária e coletiva, um processo que envolve também a família, os amigos, o trabalho, as relações sociais. Nós somos a arma prioritária para transformar a realidade dura que estamos vivendo, para atravessar este momento cinzento da nossa história. Afinal, aprendi com uma companheira, “a esperança é terapêutica” e auto-cuidado é rebeldia. E sim, nossas vidas importam! Caroline Anice é escritora, psicóloga em formação e militante do Levante Popular da Juventude.
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde
NOSSA COZINHA: Munguzá de doce de leite INGREDIENTES: 1 ½ xícara de milho para canjica • 1L de água • 2L de leite integral • 2 caixas de leite condensado
• 3 colheres de açúcar • 300 gramas de coco fresco ralado • 3 colheres de açúcar • 200 gramas de amendoim cru • canela (a gosto)
MODO DE FAZER 1. Em uma panela de pressão: derreta o açúcar, quando estiver todo derretido acrescente o leitefacebook.com/ condensado e o leite e deixe na pressão por 30 min 2. Cozinhe o milho na água por, aproximadamente, uma hora ou até ficar mabrasildefatopernambuco cio. 3. Abra a panela com o leite e veja que ele está engrossando e corado como um doce de leite e acrescente o milho cozido; acrescente o amendoim (batido no liquidificador) e o coco ralado grosso. 4. Acrescente um pouco de água, se perceber que está muito grosso, e cozinhe em fogo baixo, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo. 5. Salpique a canela e sirva quente
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ESPORTES | 15
JUVENTUDE É PROTAGONISTA NOS CAMPOS E NA LUTA Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
Na etapa final, vão disputar dez times femininos e dez masculinos
FUTEBOL. Copa da Reforma Agrária acontece desde maio unindo futebol e política Elen Carvalho
ais de 200 times M de futebol, entre masculinos e femininos, disputam a primeira Copa da Reforma Agrária na Bahia. A iniciativa é do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e acontece desde maio deste ano. Além dos jogos, a Copa também vem realizando debates sobre temas impor-
tantes para a juventude e a sociedade como um todo. Victor Passos Lopes, 26 anos, joga no time do assentamento Bela Manhã, em Teixeira de Freitas. Ele explica que “a partir do planejamento anual, começamos a fazer a discussão nas nossas áreas de assentamento e instigar a nossa juventude a participar da copa estadual. Ela vem de um processo de organização de mais ou menos três meses. Toda a juventude dos acampamentos e assentamentos está mobilizada”. Iza Paim, 21 anos, joga no time do assentamento Jaci Rocha, localizado no Extremo Sul baiano. Ela conta que, desde o começo do ano, elas vêm se preparando. “Estamos treinando toda a nossa juventude, com um olhar especial para as nossas meninas, que, normalmente, são excluídas desse espaço, que também pertence a nós. Em algumas áreas, temos times que participam de campeonatos munici-
praticar a coletividade. “Nós temos nos empenhado bastante pra que não só o jogos aconte-
A copa vem para dar protagonismo a juventude nesse período que estamos vivendo pais e torneios”, explica. Victor avalia que a experiência tem sido maravilhosa, “porque nós temos discutido muito da importância da juventude Sem-Terra no processo da luta. A copa vem para dar protagonismo a juventude nesse período que estamos vivendo. A gente tira os jovens da ociosidade dos acampamentos e assentamentos e traz pro protagonismo”. Iza observa que o esporte é uma forma de
çam, mas também os momentos de debates. Apesar do momento que estamos passando de extrema retirada de direitos, o extermínio da juventude negra só aumentando, nós juventude Sem-terra não nos damos por vencidas. Essa copa vem com um sentido de unirmos forças com todos os movimentos sociais”. Victor reforça a importância do diálogo com a sociedade a partir da copa. Dois dias antes da
cada jogo, acontecem os debates. Os temas giram em torno da questão racial, extermínio da juventude negra, cotas, educação, Congresso do Povo entre outros. Iza explica que os temas foram decididos nacionalmente. “Os temas foram pensando através do coletivo Nacional juventude para a preparação da nossa jornada nacional. O encaminhamento era fazer os debates nos estados, então decidimos politizar os jogos com os debates e fazermos momentos de formação pra agitação e propaganda”. Os cerca de 200 times jogam em três etapas. Primeiro disputam nas brigadas, depois vão para as regionais e, por último, a etapa estadual. A última fase vai acontecer dos dias 9 a 12 de outubro no Estádio de Pituaçu, em Salvador. Dez times masculinos e dez times femininos disputarão. Todos os participantes da Copa devem comparecer aos jogos e demais atividades.
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16 | ESPORTES
NA GERAL Fernando Frazão/ Agência Brasil
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GOL DE PLACA
Marta protesta contra desigualdades Reprodução
o jogo Brasil x AustráN lia, durante a Copa do Mundo de Futebol Femi-
Rainhas das cestas Federação InternaA cional de Basquete das Américas confir-
mou San Juan, capital de Porto Rico, como a cidade-sede da Copa América de Basquete Feminino de 2019. A competição acontece entre 21 e 29 de setembro e qualifica as oito melhores equipes para o torneio pré-olímpico da FIBA, em novembro. São dez países na disputa, e a seleção feminina do Brasil é a maior campeã desta competição, com cinco títulos em quatorze edições. O sorteio dos grupos acontece dia 22 de julho.
Futebol desde cedo
Rumo ao Pan
O
s Jogos Pan-Americanos estão chegando! O evento multiesportivo será realizado entre os dias 26 de julho e 11 de agosto em Lima, capital do Peru. Ao todo, 6.690 atletas de 41 países das Américas se preparam para a disputa, que inclui 39 esportes e 62 modalidades, como boxe, vôlei, handebol e judô. O Brasil já tem mais de 350 atletas classificados para o Pan e sonha ficar entre os primeiros colocados no quadro de medalhas.
Não dá pra errar
omeçou dia 29 de juC nho e vai até o dia 10 deste mês a 11ª Copa 2 Julho de Futebol Sub 15. Com o intuito de revelar jogadores, a Copa se tornou o principal torneio sub 15 do país. Nesta edição, participam 40 equipes entre clubes brasileiros, uma equipe dos Estados Unidos e seleções municipais da Bahia. Os jogos serão realizados em oito cidades-sede: Salvador, Lauro de Freitas, Cachoeira, Mata de São João, São Francisco do Conde, Saubara, Maragojipe e Feira de Santana.
nino, a brasileira Marta, maior artilheira de todas as Copas, jogou com uma chuteira preta, sem marca de patrocinadores, para protestar contra a desigualdade entre homens e mulheres no esporte, sobretudo em relação aos salários. A chuteira trazia apenas um símbolo rosa e azul, que faz parte de uma campanha por igualdade de gênero.
GOL
CONTRA
Jogadora francesa sofre racismo Franck Fife - AFP
jogadora francesa A Wendie Renard foi vítima de racismo por
parte de brasileiros que assistiam ao jogo Brasil x França na Copa do Mundo de Futebol Feminino. Apesar de ser uma das jogadoras mais prestigiadas do mundo, foram o seu cabelo e o fato de ser negra que se tornaram assunto de comentários preconceituosos nas redes sociais. Em entrevista aos UOL Esporte, ela afirma que desde criança teve que lidar com o preconceito: “Mesmo naquela época, sem entender o que me esperava, eu já sabia que precisava jogar duas vezes melhor e ser duas vezes mais esperta para ter respeito”.
Declaração da Semana
Torcedor não se vê
Fernando Frazão/ Agência Brasil
Por Ezio Sales
Q
ualquer período sem jogos deixa o torcedor num ócio tão grande que o faz rezar por qualquer tipo de movimentação. Não é novidade para ninguém que o Bahia carece de reforços. A zaga e o meio de campo são as posições que merecem mais atenção. Entretanto, é preciso cautela na hora de contratar, já que o Tricolor não dispõe de dinheiro sobrando. A cobrança por agilidade nas negociações pode até ser válida, mas o voto de confiança se faz mais necessário, até porque um cara como Gilberto chegou na parada para a Copa do Mundo. Sem cuidado, apostando somente no nome, pode chegar um novo Freddy Adu.
Por Rafael Lucas clube peleja na incerteza e afastaO mento de sua torcida. Obviamente os resultados em campo são favoráveis ao distanciamento. Compreender a necessidade de campanhas identitárias que aproximem à torcida, mesmo nos momentos difíceis, sempre foi tarefa improvável para gestores do clube. Não bastasse não captar esta deficiência, a atual gestão insiste em discursos contrários à popularização do Vitória, num nítido saudosismo a um clube aristocrático. Desconsiderar dados estatísticos que traduzem a identidade do(a) torcedor(a) e sua importância manterá os mesmos resultados na contribuição da torcida à instituição.
“A
gente está sorrindo aqui e acho que é esse o primordial, ter que chorar no começo para sorrir no fim. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Pensem nisso, valorizem mais.”
Marta, após jogo que eliminou Brasil da Copa do Mundo de Futebol Feminino