ENTREVISTA | 08
Lucas Mascarenhas Bahia , 05 de dezembro de 2017
CULTURA | 12 Brasil de Fato BA
Carlos Augusto Marighella
Resistência
Manifestações culturais do povo negro são expressões de luta e resistência Bahia
A história do comunista e poeta baiano Carlos Marighella contada pelo seu filho.
Bahia, 05 de dezembro de 2017
ano 1
edição 0
distribuição gratuita
Edição Zero
Bahia sofre cerco do governo federal
Áreas como educação, saúde e infraestrutura são afetadas com a retenção de verba. Mais de 200 municípios do semiárido são atingidos.
CIDADE | 05 MOBILIDADE
BAHIA | 05 LUTA
Em Salvador integração do metrô População de Correntina se com reestruturação das linhas de mobiliza contra os abusos ônibus afeta população do agronegócio no uso da água
BRASIL | 10 REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Aposentadoria de 45 milhões de pessoas será prejudicada, segundo dados do Boletim Estatístico da Previdência Social
Bahia , 05 de dezembro de 2017
2 | OPINIÃO
Brasil de Fato BA
EDITORIAL
Animai-vos Povo Bahiense, o Brasil de Fato chegou!
“
Homens, o tempo é chegado para a vossa ressurreição, sim para ressuscitareis do abismo da escravidão, para levantareis a sagrada Bandeira da Liberdade.”
ano era 1798. PalaO vras que denunciavam as opressões e anun-
ciavam a esperança. Trechos dos chamados “boletins sediciosos”. Panfletos pelas ruas da “cidade da Bahia” (como Salvador era conhecida), afixados em locais estratégicos, como forma de preparar o levante popular que ficou conhecido como Revolta dos Búzios ou dos Alfaiates. À época, a opinião escrita e a imprensa eram proibidas. Mesmo assim, há 219 anos, o povo baiano, organizado em luta, utilizou-se dos seus “jornais” para reivindicar independência, democracia, igualdade de direitos e o fim da escravidão. Assim como na Revolta dos Búzios, em outros momentos os impressos foram utilizados pelo povo baiano para expor
os seus ideais, como no “Sentinela da Liberdade”, jornal produzido pelo jornalista e médico do povo, Cipriano Barata. Acredi-
tro cantos da Bahia. Ruas e ladeiras, campo e cidade, fábricas e escolas. Um jornal distribuído gratuitamente para a popula-
O nosso desejo é de estar nos quatro cantos da Bahia. Ruas e ladeiras, campo e cidade tamos que esses sejam, de alguma forma, os antepassados desse que chega a suas mãos, o Brasil de Fato Bahia. Uma iniciativa construída por movimentos populares e sindicatos, num esforço coletivo para amplificar as vozes, rostos e cores do povo brasileiro. O nosso desejo é de estar nos qua-
ção. Para enfrentar o monopólio da mídia e contrapor a narrativa dominante sobre os fatos. Sabemos que não será missão fácil. Ainda mais em um estado onde o monopólio da comunicação foi, e é, parte dos entulhos da ditadura. O neoliberalismo incorporou e reproduziu todas as mar-
Expediente Brasil de Fato BAHIA O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais em, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro. Em breve, quinzenalmente, na Bahia! Queremos visibilizar as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Colaboração: Jamile Araújo, Edmilson Barbosa, Vitor Alcantara, Carolina Guimarães, Ivo Saraiva, Moisés Borges, Elias Malê, Gabriel Oliveira, Julia Garcia, Lorena Carneiro, Wesley Lima, Maíra Gomes, DJ Bonfim, João Salles, Allan Hayama, Gabriela Barros, Anaíra Lobo, Attila Barbosa, Rita Serrano, Magno Costa, Camila Mudrek. Edição: Monyse Ravenna (DRT/CE 1032), Elen Carvalho Revisão: Júlia Garcia Diagramação: Diva Braga Apoiadores: Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB), Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente na Bahia (Sindae), Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento Pela Soberania Popular na Mineração, Levante Popular da Juventude, Partido dos Trabalhadores, Marcha Mundial das Mulheres, Consulta Popular, Deputado Federal Valmir Assunção, Deputado Estadual Suplente Mário Jacó Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
cas e heranças do escravagismo e patriarcado. E o autoritarismo é prática e costume da nossa elite. Contudo, a nossa herança e legado são de resistência. Temos uma cultura viva e diversa. E um povo que aprendeu, desde cedo, a lutar por sua liberdade. Vivemos uma contraofensiva neoliberal e sofremos uma derrota estratégica. Um golpe que faz crescer o entreguismo e o conservadorismo. O povo e a nação acumulam perdas diárias. A desigualdade aumenta e o país se encontra em uma encruzilhada. Coloca-se diante de nós o dilema de nos realizar ou não como uma nação soberana. São tempos nos quais acumulamos derrotas e, as vitórias, são manter o que conquistamos. Tempos de resistência e unidade. Contudo, as condições de vida do povo e a crise política que se agrava, criam um
potencial explosivo imprevisível. Contrariando os planos dos nossos inimigos, Lula segue aumentando o apoio no seio do povo. Construímos a maior greve geral da história do Brasil e precisamos reconquistar a nação para um projeto de país. Desse modo, inspirados pelos anseios de 1798, o Brasil de Fato Bahia, se coloca à disposição para fortalecer um projeto soberano, democrático e popular para o Brasil. Numa manhã de domingo, 12 de agosto de 1798, o boletim anunciava a esperança ao povo bahiense: “Animai-vos, ó povo bahiense. Está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade. O tempo em que todos seremos irmãos. O tempo em que todos seremos iguais”. Carregaremos os nossos sonhos, na forma de imagens e palavras. Esse é o Brasil de Fato!
Brasil de Fato BA
GERAL l 3
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Frase da Seman a
mandou
BEM
Ainda vamos precisar fazer muita briga e aí é que entra a importância da eleição de 2018, de votar num Congresso comprometido com os direitos dos trabalhadores
Manu Dias
Mída Ninja
Ex-presidente Lula em entrevista para o jornal Brasil de Fato.
Como você acha que a reforma da previdência vai afetar a sua vida?
“A
cho que estou ferrada. Já trabalho feito condenada e vou ter que trabalhar mais. Perdemos muito. Não acho que deveria ser aprovada, tem que haver mudanças sim, mas não que beneficie somente o patrão.”
Juliane Amorim, Auxiliar Administrativa
“C
om a legislação atual tenho que trabalhar até os 57 anos para poder ter a aposentadoria integral. Com a reforma, terei que trabalhar até os 76 anos. Isso se conseguir emprego regular. Provavelmente eu e outros jovens vamos morrer trabalhando.”
Inaugurado primeiro hospital de alta e média complexidade da região da Chapada
No
dia 01 de dezembro foi inaugurado o Hospital Regional da Chapada, na cidade de Seabra. Ele conta com 101 leitos, centro cirúrgico e de bioimagem, UTIs e atendimento de urgência e emergência 24h. A expectativa é atender cerca 223 mil pessoas de onze municípios. O Hospital atende há uma demanda antiga da população da Chapada Diamantina.
mandou
MAL
Itana Scher, Estudante de Farmácia
Reprodução/Internet
Fórum Alternativo Mundial da Água acontece em março de 2018 ebater as políticas públicas, controle social e acesD so democrático às fontes de água, combatendo a privatização desse bem essencial é o principal objetivo
do Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA, que acontecerá entre os dias 17 e 22 de março de 2018 em Brasília. Com o lema “Água é um direito, não mercadoria”, o FAMA, é uma reação de movimentos sociais, sindicais e ambientais ao 8º Fórum Mundial da Água, marcado para o mesmo período, no qual prevalece a lógica de mercantilização dos recursos hídricos. Na Bahia, a seção local do FAMA foi lançada no dia 25 de agosto, na reitoria da UFBA, e também no dia 01 de dezembro no município de Correntina.
Presidente da EBC ironiza declaração de Taís Araújo sobre racismo
L
aerte Rimoli, atual presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), usou sua conta no Twitter para fazer piadas sobre a declaração da atriz Taís Araújo a respeito do racismo no Brasil. Apesar de ter apagado as postagens após a repercussão, Rimoli foi convocado a prestar explicações à Comissão de Ética da República.
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CIDADES I 4
Mudanças no transporte público afetam a população de Salvador
MOBILIDADE. Integração do metrô com reestruturação das linhas de ônibus divide opiniões Divulgação CCR Metrô Bahia Jamile Araújo com colaboração de Edmilson Barbosa e Carolina Guimarães
pós mais de 14 anos A de espera, a população soteropolitana, viu
realizar o projeto de funcionamento do metrô de Salvador, que se iniciou no fim dos anos 1990. Com três milhões de habitantes e investimentos realizados pela prefeitura e governo do estado, Salvador deu um salto de qualidade no quesito mobilidade. Entre as capitais, a cidade ocupa o terceiro lugar em extensão de linha do sistema metroviário. A perspectiva é de que até março de 2018 a Linha 02, que ligará a Estação Acesso Norte até o Aeroporto, seja concluída (atual-
roporto ao terminal rodoviário. Após um longo período de tentativas de negociação entre governo do estado e prefeitura, o sistema de integração entre metrô e ônibus foi efetivada. Porém, uma nova polêmica dividiu a opinião da população: a retirada de linhas nos bairros. Foram mais de 40 linhas modificadas, criadas ou extintas, gradativamente, em um processo que irá até fevereiro de 2018, para atender ao sistema intermodal na cidade. Para Eliane da Cruz, moradora do bairro do Cabula, a chegada do metrô e da integração foi boa, mas, a retirada de parte das linhas do bairro dificultou o translado. “Depois que a
Foram mais de 40 linhas modificadas, criadas ou extintas, gradativamente, em um processo que irá até fevereiro de 2018 mente a linha vai até a Estação Mussurunga). Então, o metrô passará a ter 45 km de extensão e Salvador será a primeira capital a dispor do transporte de trem interligando o ae-
gente pega o metrô e chega ao ponto de ônibus, demora muito tempo esperando, melhora em uma coisa e piora em outra”, afirma Eliane. Já no caso da estudante Jocileide Coelho, moradora do bairro de Nova Brasília, a implantação do sistema metroviário foi positiva, o fluxo do ônibus do bairro para a Estação Pituaçu foi favorável. “Depois da integração foi criada uma linha até a Estação Pituaçu, que tem muito mais veículos que antes e torna mais rápido a chegada”, comenta Jocileide. Segundo o cozinheiro Fagner Ataíde, morador do bairro da Boca do Rio, o metrô veio para ajudar as pessoas. “Mas, em algumas localidades, como eu mesmo que moro na orla, a retirada de algumas linhas prejudicou, fico esperando ônibus da região metropolitana para ir para o trabalho”.
Retenção de verbas do Governo Federal
A
pesar de algumas verbas federais aprovadas para o estado estarem retidas, a exemplo dos R$ 335 milhões que seriam investidos nas obras do metrô, o Secretário da Casa Civil, Bruno Dauster afirma que não haverá atrasos na finalização da linha 2. Através do fundo garantidor e de recursos próprios a obra será finalizada. “100 milhões já foram cobertos pelo nosso Fundo Garantidor e os outros acabaremos pagando, se for necessário, para a obra não parar”, disse Dauster.
Depois que a gente pega o metrô e chega ao ponto de ônibus, demora muito tempo esperando
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BAHIA l 5
Guerra da água no Oeste da Bahia
LUTA. Trabalhadores ocupam fazendas e 12 mil vão às ruas em denúncia aos abusos do agronegócio no uso da água Comunicação MAB
Andréia Neiva militante do MAB. Os rios Carinhanha, Corrente, Grande e Preto são os principais contribuintes do rio São Francisco na Bahia, responsáveis por até 80% de suas águas, no período seco.
Criminalização da luta
População segue mobilizada e participa de audiência pública que discutiu o uso da água da Bacia do Rio Corrente.
do agronegócio Igarashi, exportadora de algodão e grãos, as duas fazendas município de Corren- consomem, aproximatina, na região oes- damente, 100 vezes mais te da Bahia, não é mais o água do que toda a popumesmo desde o dia 02 de lação da sede municipal. novembro, quando, cerca O Instituto Estadual do de mil trabalhadores e tra- Meio Ambiente (INEMA) balhadoras se manifesta- concedeu à fazenda japonesa, em janeiro de 2015, o direito de retirar do rio Arrojado um montante de 182.203 m³ por dia. As empresas A outorga é uma das estrangeiras que centenas concedidas atuam na região em todo o oeste baiaroubam as terras, no. Segundo a Comissecam os rios e são Pastoral da Terra levam para seus (CPT) este volume de países o lucro das água é suficiente para exportações abastecer mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16.000 litros na reram em defesa das águas gião do semiárido. Agravado rio Arrojado (afluente -se a situação ao se condo rio Corrente) ocupan- siderar a crise hídrica do do as fazendas Rio Claro e rio São Francisco, quanCuritiba. do, neste momento, a barOs camponeses denun- ragem de Sobradinho, enciam a destruição do Cer- contra-se com o volume rado para o plantio de mo- útil de apenas 2,84%. noculturas e o consumo Guerra pela água desproporcional de água. A disputa pela água não Propriedades da empresa é isolada em Correntina. Maíra Gomes
de Correntina (BA)
O
Toda a região do Oeste da Bahia passa pelos mesmos problemas desde a década de 1970, com o início da expansão do agronegócio, tendo se agravado com a chegada das empresas estrangeiras. Além do capital japonês, há americanos, holandeses e portugueses que, com o uso da violência somado à omissão dos órgãos competentes, realizam grilagem de terras que já chegam a mais de 2 milhões de hectares retirados dos camponeses e ribeirinhos. O Movimento dos/as Atingidos/as por Barragens (MAB) denuncia que a consequência do modelo do agronegócio gera conflitos com alto índice de assassinatos de trabalhadores, 106 mil hectares de cerrado desmatados e mais de 15 rios e riachos que já secaram. “As empresas estrangeiras que atuam na região roubam as terras, secam os rios e levam para seus países o lucro das exportações. Nossa luta é em defesa das nossas águas e por nossa soberania” afirma
Além de omisso, o governo do estado da Bahia cedeu às pressões da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e diversas Associações de Irrigantes, que, através da
Correntina e região no dia 11 de novembro, quando mais de 12 mil pessoas saíram às ruas contra a criminalização da luta e em defesa das águas. Em um município com população de 33 mil habitantes, um ato com tamanha participação é algo marcante. “As ruas cobertas de pessoas vestidas de preto em luto pelo rio, cartazes com frases fortes e muita coragem foi um exemplo pra todo o país”, afirma Andréia Neiva. Dizeres contra a violência, em defesa do cerrado, da água e da vida eram facilmente vis-
As ruas cobertas de pessoas vestidas de preto em luto pelo rio, cartazes com frases fortes e muita coragem foi um exemplo pra todo o país Polícia Civil e Militar, tentam criminalizar a manifestação do dia 02 de novembro fortalecendo a narrativa da grande mídia de que houve um ato terrorista. Em nota pública, o Comitê Brasileiro de Defensores(as) de Direitos Humanos denuncia o abuso policial no município: “Tem chegado até nós relatos de abusos por arte da Polícia Militar que, na tentativa de obter informações das comunidades, tem pressionado as pessoas em suas residências e locais de trabalho, sem sequer ter uma intimação formal”, diz.
12 mil respondem nas ruas Tal tratamento teve resposta da população de
tos na manifestação. No dia 01 de dezembro o Ministério Público Federal realizou uma Audiência Pública no município, com o apoio do MAB, da CPT e AATR, a fim de debater o uso da água na Bacia do Rio Corrente. “A luta no Oeste da Bahia nos dá ânimo. Em momentos de desalento na conjuntura nacional, acreditar no povo, na sua ousadia e disposição de se levantar contra a exploração das multinacionais demonstra ser a condição para garantir nossos direitos e mudar nossa realidade” finaliza Moisés Borges militante do MAB. o compromisso do movimento em contribuir para a reinvenção de práticas pedagógicas na luta pela emancipação humana.
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BAHIA l 6
Brasil de Fato BA
Governo Temer atrasa mais de R$ 1 bilhão em repasses ao Estado da Bahia
BOICOTE. Atrasos seriam retaliação política, articulada com o prefeito de Salvador ACM Neto Elói Corrêa
do. “Se estabeleceu um cerco do governo federal à Bahia”, afirmou. Tanto o partido De-
sos mecanismos de garantias, através do Fundo Garantidor e de recursos próprios permitiram que nós continuássemos tocando a obra apesar desse dinheiro não ter sido transferido. 100 milhões já foram cobertos já pelo nosso Fundo Garantidor e os outros acabaremos pagando, se for necessário, para a obra não parar”, disse. Fora de Salvador, são mais de 200 municípios do semiárido atingidos pela retenção de verbas. De acordo com Dauster, há atraso de R$ 25 milhões que seriam para a realização do abastecimento de água com carros-pipa em áreas atingidas pela seca.Pelo menos R$ 15 milhões já deveriam ter chegado. Outras áreas atingidas são o saneamento básico e o sistema de esgotamento (atraso de R$ 24,7 milhões), impactando municípios como São Félix do Coribe, Itaberaba e Feira de Santana e Reforma Agrária (R$ 53 milhões). “Em resumo, nós temos algum valor da ordem de 1 bilhão. No detalhe, eu poderia te dizer que é um valor de 1 bilhão e 37 milhões, entre os quais os 600 milhões do Banco do Brasil, que nós estaríamos utilizando. Ao mesmo tempo, se você abrir o diário oficial diariamente há liberação para vários estados e vários municípios”, disse o secretário.
a retenção dos recursos seria uma retaliação política
Obras do metrô de Salvador, cujo repasse de R$ 335 milhões ainda não foi realizado pelo governo Federal
Carolina Guimarães
Bahia já deveria ter A recebido R$ 1,7 bilhão em repasses do go-
verno federal para investimentos em áreas como mobilidade, infraestrutura, saneamento básico e até combate à seca. De acordo com denúncias feitas por parlamentares baianos como o senador Otto Alencar (PSD) e a senadora Lídice da Mata (PSB) em discursos no Congresso, a retenção dos recursos seria uma retaliação política. “Depois de ter assinado o empréstimo da Bahia de R$ 600 milhões, de ter saído no diário oficial, de já ter uma assinatura do Banco do Brasil com o governador Rui Costa, até agora o Banco do Brasil ainda não depositou esses recursos e as notícias que temos é que o DEM [partido do prefeito de Salvador ACM Neto] ameaça romper com o
governo se ele não barrar o empréstimo da Bahia”, denunciou a senadora Lidice da Mata. Os R$ 600 milhões de
teve nenhuma vantagem. O que foi que o governo acertou? Um empréstimo do Banco do Brasil de R$ 600 milhões de reais. Esse
Fora de Salvador, as regiões do semiárido também têm sido atingidas pela retenção de verbas empréstimos, via Banco do Brasil, seriam utilizados para investimentos em infraestrutura, saúde e educação. Ainda de acordo com o senador Otto Alencar, seria uma contrapartida à Bahia, que não teve nenhuma vantagem no processo de renegociação das dívidas dos estados. “A Bahia, naquela renegociação não
empréstimo foi assinado pelo presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli”, disse o parlamentar em discurso na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele cobrou a liberação dos recursos que havia sido publicada no dia Diário Oficial da União no dia 21 de agosto, porém, não foram creditados na conta do Esta-
mocratas (DEM) quanto o governo Federal negam qualquer tentativa de boicote e atribuem o atraso no empréstimo à burocracia e dificuldades técnicas. Entretanto, o Secretário da Casa Civil do Estado Bruno Dauster, reafirmou ao Brasil de Fato que todas as justificativas técnicas para liberação do empréstimo foram cumpridas: “recentemente, numa vinda a Salvador, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tentou dar como desculpa que estaria faltando alguma justificativa técnica. Isso não é verdade, porque já tinha sido recebida uma resposta do Banco do Brasil onde era dito que já estava completa toda a parte de exposição técnica relativa ao contrato”. Além dos R$ 600 milhões, segundo o Secretário, há outros valores retidos a exemplo dos R$ 335 milhões que seriam investidos nas obras do metrô de Salvador. Dauster afirma, porém, que não haverá atrasos nessa obra: “não houve interrupção porque os nos-
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BRASIL/MUNDO l 7
Reforma da Previdência vai prejudicar aposentadoria de 45 milhões de pessoas
GOLPE. Temer corre contra o tempo para aprovar PEC, mas sofre muita resistência nas ruas e no Congresso Nacional Fabio Rodrigues Pozzebom
As maiores centrais sindicais do país convocaram uma greve geral para o próximo dia 5 de dezembro
Da Redação m setembro, o presiE dente não-eleito Michel Temer (PMDB) abriu
os cofres públicos para distribuir mais de R$ 32 bilhões em emendas parlamentares e se livrar de investigação por corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, ele negocia cargos na Esplanada dos Ministérios para
tentar conseguir votos a favor da reforma da Previdência que, se aprovada, vai impactar diretamente o direito de aposentadoria de mais de 45 milhões de trabalhadores. Apesar das afirmações de que a proposta de reforma da previdência sofreu mudanças para se tornar mais enxuta, ela ainda mantém a essência original, que na prática vai tor-
nar o acesso à aposentadoria extremamente difícil no país. Apresentado na última semana de novembro
Só com povo unido e nas ruas mobilizados conseguiremos derrotar a reforma da previdência pelo relator na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA), o novo texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) reforma da Previdência fixa uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres. Mas não se trata apenas
da idade mínima. O tempo de contribuição que será exigido para a aposentadoria dos trabalhadores privados, pelo Regime Geral da Previdência Social (RGPS), será de 15 anos, enquanto o do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), dos servidores públicos, será de 25 anos. Para o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Floriano Martins de Sá Neto, a proposta ataca direitos sociais dos trabalhadores. “Essa reforma tem um viés de retirada do acesso à aposentadoria e o desgaste parlamentar em torno de sua aprovação se mantém”, analisa. A votação estava prevista para o dia 5 de dezembro, mas foi adiada. O anúncio da mudança de data foi feito pelo presidente
da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no dia 30 de novembro. De acordo com Maia, caso o governo consiga o número necessário de votos, a reforma será votada ainda neste ano. Com a mudança, algumas centrais sindicais cancelaram suas atividades previstas para o Dia Nacional de Atos e Protestos em Defesa da Aposentadoria, que aconteceu na última terça (05). Contudo, movimentos populares e entidades que integram a Frente Brasil Popular (FBP) mantiveram suas ações em todo país. “Só com povo unido e nas ruas mobilizados conseguiremos derrotar a reforma da previdência e garantir aposentadoria digna para todas e todos brasileiros”, afirma a nota da FBP.
Sete Fatos para entender o que está acontecendo na Venezuela
SOBERANIA. Não faltam críticas na imprensa ao governo venezuelano. Mas você sabe o que realmente acontece no país? Da Redação
Twitter Prensa Presidencial
morte de Hugo CháA vez, a crise internacional capitalista e a queda no
preço do petróleo, fizeram com que situação econômica da Venezuela entrasse em dificuldades. Após uma tentativa fracassada de golpe em 2002, a direita do país tentou uma nova estratégia para desestabilizar o governo: guerra econômica, inflação provocada e estoque de produtos.
agravou-a deliberadamente especulando com o dólar e provocando alta da inflação, além de estocar e esconder produtos básicos como papel higiênico, pasta de dente, óleo e farinha. Neste contexto, conseguiram eleger a maioria no Parlamento em 2015.
2. A queda no preço do barril de petróleo impôs à Venezuela, quarta maior produtora de petróleo do mundo, grande perda de recursos. A oposição se utili3. De lá para cá, praticazou da crise econômica e mente todas a medidas de
Twit-recuperação
econômica enviadas pelo poder executivo ao congresso foram automaticamente rejeitadas e, assim, aprofundam e atrasam qualquer possibilidade de recuperação da economia, gerando enormes sacrifícios ao povo venezuelano. 4. Uma nova escalada do conflito teve início em 9 de janeiro de 2107, quando a Assembleia venezuelana decidiu não reconhecer o presidente eleito como chefe da nação. A partir de então, o conflito entre poderes passa a ser um fator constante e o TSJ – Tribunal Su-
premo de Justiça -, equivalente ao STF no Brasil, passou a atuar para a sua resolução.
país para que a renda petroleira seja apropriada apenas por uma minoria. O próprio governo golpista brasileiro reuniu às pressas o Mercosul 5. O TSJ já havia solicitado para expulsar e isolar a Veque a Assembleia não no- nezuela. measse os três deputados eleitos cometeram crimes 7. Devemos ter conseleitorais. Por se tratarem de ciência e acompanhar com três opositores ao governo, atenção as dificuldades de a Assembleia descumpriu a um processo que pretenordem do TSJ, que conside- dia construir uma sociedade rou a Assembleia incapaz de igualitária, mas enfrenta um cumprir suas funções e as- estado dominado por uma sumiu o controle dessa. pequena burguesia acostumada com as propinas do 6. A grande mídia con- Petróleo. E, finalmente, detinental, empresas e os Es- fender um projeto de sobetados Unidos têm interes- rania popular e as conquisses na instabilidade da Ve- tas obtidas pelo o povo. nezuela, pois desejam a volinformações da Articulação dos ta ao modelo servil e de ex- Com movimentos populares hacia ALBAploração que reinava no Brasil
ter Prensa Presidencial
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ENTREVISTA l 8
IV Assembleia o Nacional Carlos Marighella: negro baiano
que incendiou o mundo
MEMÓRIA. História do comunista, poeta e homem solidário que deixou um legado de luta e resistência para o povo brasileiro Por Jamile Araújo essa edição, o Brasil de N Fato Bahia homenageia Carlos Marighella, um negro
baiano que dedicou a vida para lutar pela liberdade e por uma nova sociedade. Um homem a frente do seu tempo, que deixou um legado de luta e resistência. No último dia 5 de dezembro completou-se 106 anos de seu nascimento.. Entrevistamos seu filho, Carlos Augusto Marighella, que contou um pouco do Marighella filho, irmão e pai amável, solidário, aluno brilhante, poeta e amante das manifestações populares.
Ele tinha certeza que estava lutando por um povo preparado para viver a felicidade em um mundo diferente daquele Marighella Conversando com trabalhador da linha Férrea na na hora do almoço
A ORIGEM DE MARIGHELLA
arlos Marighella era uma pessoa comum, uma C pessoa do povo. A nossa família é fruto da união de um operário italiano, Augusto Marighella, que
veio para Salvador e trabalhou como mecânico, e uma negra hauçá vinda de Santo Amaro, Maria Rita do Nascimento. Eles casaram em Salvador, formando uma família com oito filhos. Moravam na Baixa dos Sapateiros, na Rua Barão do Desterro, onde meu avô tinha uma oficina. Meu pai foi o filho mais velho deles. Quando meu avô chegava de noite em casa, trazia o jornal que meu pai gostava de ler. Trazia uma vela, porque Salvador não tinha luz à noite. Meu pai dizia que aguardava ansiosamente, porque era o momento que tinha pra ler e tomar conhecimento das
UM ALUNO BRILHANTE
Doutor, a sério falo, me permita, Em versos rabiscar a prova escrita. Espelho é a superfície que produz, Quando polida, a reflexão da luz. Há nos espelhos a considerar Dois casos, quando a imagem se formar.
ó Mocinha, uma das minhas avós “postiças”, V contava que, desde pequeno, meu pai demonstrou ser uma pessoa especial e inteligente. Ela dizia que quando o levava para a escola, ele ia segurando a mão dela e lendo os letreiros de ônibus, anúncios em postes, e parava na frente da banca de revistas e lia os jornais. Essa foi a primeira grande marca de meu pai. A ponto de, na escola secundária, responder a prova de física em versos e isso foi uma coisa inusitada. A prova ficou exposta no Colégio Central, como uma homenagem ao “aluno brilhante”.
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DE ESTUDANTE DE ENGENHARIA AO PARTIDO COMUNISTA
risco?”. Mas ele foi ao Convento porque queria tirar os padres de lá. Imaginava que estavam correndo sério risco. Ele tinha esse senso de responsabilidade e de solidariedade. A morte dele foi comemorada pela ditadura, pois era considerado seu “inimigo nº 1”. Não pela ameaça material que representava, mas pelo exemplo. Ele foi uma pessoa que deu exemplo, se sacrificou para ser coerente com sua postura politica. Era um incentivo a luta de resistência. A ditadura temia que o exemplo se propagasse.
C
omo estudante na Escola de Engenharia da Bahia, Marighella foi correspondente da Revista Brasileira de Matemática, uma revista cientifica que discutia problemas de matemática. A Escola de Engenharia, recentemente, me chamou porque selecionaram os 100 engenheiros mais importantes da Escola. Marighella consta como um dos nomes mais brilhantes, por seu desempenho e suas notas. Ele foi o único desses 100 que não se formou. Um dia lhe perguntam: “Mas Marighella por que você, com um futuro tão brilhante, abandonou essa carreira, que lhe daria muita glória?”. Ele disse: “Abandonei a carreira para me dedicar à atividade politica, porque não via honra em ser engenheiro num país em que as crianças precisam trabalhar para comer”. O Brasil tinha mais da metade da população analfabeta. E foi isso, provavelmente, que fez Marighella ingressar no partido comunista.Ele sempre teve esse espirito libertário, essa vontade transformadora. Entrou no PCB - Partido Comunista do Brasil e saiu da Bahia para ser o “Guerrilheiro que incendiou o mundo”. E dedicou toda a sua vida a luta politica a partir daí.
DEFENSOR DA LIBERDADE E INIMIGO DA DITADURA m 1932, foi preso por um E poema sarcástico sobre o governador Juracy Ma-
galhães, um interventor nomeado por Getúlio. Ainda na ditadura Vargas, foi preso novamente, passando nove anos. Saiu da prisão e se elegeu deputado Constituin-
ENTREVISTA l 9
APRECIADOR DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES te. Foi eleito em 1946 e em 1947 o PCB foi cassado, com o acirramento da disputa entre EUA e URSS. Era
Não via honra em ser engenheiro num país em que as crianças precisam trabalhar para comer como uma democracia de “araque”. Então, Marighella foi para a clandestinidade até 1955, quando Juscelino foi eleito e passaram a uma semilegalidade. Nasci em 1948 e só conheci meu pai quando tinha sete anos, apesar de conviver com a família. Minha mãe não con-
seguia me registrar como Marighella. E a escola ficava “aporrinhando” minha mãe para mandar o documento. Fiquei até essa idade sem documento. Veio o golpe de 64. Foi terrível para nós. Fui separado de meu pai novamente. Morava com ele no Rio de Janeiro. A polícia invadiu o apartamento que morávamos, e levou tudo, até livros e roupas. Meu pai e Clara [a esposa dele] conseguiram fugir. Ele foi preso e sua foto saiu nos jornais. Aí fui identificado como um Marighella. Fui comunicado que não poderia estudar mais na escola por ser filho de um subversivo e voltei para a Bahia. Naquela época ser um Marighella era não poder trabalhar. Eu mesmo passei na Petrobras e fiquei um ano até que descobriram que eu era filho de Marighella e me demitiram. Em 1969, meu pai foi assassinado em uma emboscada em um Convento em São Paulo. E muita gente dizia: “Como que ele foi ao convento, sabendo que o momento era de
pesar do estigma de A subversivo e terrorista, meu pai era cari-
nhoso, uma pessoa risonha, fazia poemas, gostava de música e carnaval. Você via na expressão dele que gostava das manifestações populares. Tem uma história do dia que foi na Mangueira e ficou extasiado com o samba. Achava impressionante um povo pobre que vivia em barracos e conseguia se reunir pra cantar e dançar. Acho que se via naquelas pessoas. Ele que veio de uma família pobre e negra. Chegou ao Rio e viu esses mesmos pretos ali sambando, alegres. Eu acho que ele via nessa expressão de felicidade um incentivo para ele lutar. É melhor lutar com pessoas alegres do que tristes, não é? A luta era a mesma, mas ele tinha certeza que estava lutando por um povo preparado para viver a felicidade, um mundo diferente daquele que essas pessoas viviam.
O LEGADO DE MARIGHELLA arighella foi uma M pessoa grandiosa. Ao resgatar a memória
dele, estamos prestando um grande serviço. São símbolos que podem nos inspirar para realizar as transformações na sociedade, fazer do Brasil um país novo, com um novo homem e nova mulher. A família Marighella gostaria que a casa na Baixa dos Sapateiros, que hoje está em ruínas, virasse um memorial, permitindo que todos que reconhecem e tem orgulho de Marighella tivessem esse espaço vivo. Em um evento que de-
Era um incentivo a luta de resistência. A ditadura temia que o exemplo se propagasse bateu a importância das eleições no Brasil, uma estudante do Colégio Carlos Marighella disse que, assim como meu pai, tinha vindo de uma família negra, pobre e da periferia e que o via como uma inspiração. Ela afirmou que, seguindo os seus passos, poderia realizar os sonhos que ele não conseguiu, que também eram os sonhos dela. Isso para mim foi uma síntese do porque devemos resgatar a memória de Marighella.
OPINIÃO l 10
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Artigo
Brasil de Fato BA
Artigo
Lutar contra a privatização é defender o Brasil e os direitos do povo
A luta pela universidade necessária
Rita Serrano*
João Carlos Salles*
esde o golpe praticado por D Temer e seus aliados no Congresso (empresários, ruralistas, banqueiros), o Brasil vive uma retrospectiva sombria que tem nos levado a valores arcaicos, em que os direitos humanos são ignorados e excluídos da vida dos cidadãos. Conservadorismo, autoritarismo e intolerância somam-se às condi-
A lógica é precarizar, desmontar e vender ções estruturais, como a liquidação que o governo tenta promover nas empresas e serviços públicos, junto aos cortes nos investimentos por 20 anos (abrindo espaço para o capital privado atuar nas áreas de educação, saúde e diversas outras). A lógica é precarizar, desmontar e vender. No pacote anunciado pelo golpista constam 57 privatizações: empresas centenárias como a Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Banco do Brasil e a Casa da Moeda. De pesquisa e desenvolvimento, afetando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e do
setor energético, como no caso da Eletrobras e Petrobras. Todas nacionais, com milhões de trabalhadores e trabalhadoras, que correm o risco de ficar sem emprego e já sentem a retirada de seus direitos essenciais – não somente pela reforma trabalhista, mas, também, porque o governo enxuga seus orçamentos. No descaramento do toma lá dá cá, que vem caracterizando esse triste período, não só parlamentares ganham para votar com o governo, mas governadores são ameaçados de ficar sem verba se não concordarem em privatizar. O desenho que vai se fazendo do Brasil do futuro não passa de uma caricatura do grande país que poderia ter se tornado com os recursos do pré-sal, aplicados nos programas sociais de redução da pobreza, de igualdade de oportunidades, na educação e saúde. Foi para se opor ao projeto privatista, nasceu, em janeiro de 2016, o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. Inicialmente, voltado à reação ao PLS 555, que tornava as estatais sociedades anônimas. Hoje, suas ações são uma ampla frente de resistência a todas as ameaças imbrincadas na privatização. Nossa luta é contínua, na promoção de manifestações, de centenas de debates pelo País, na campanha “Se é público, é para todos”, no engajamento de parlamentares e na criação de novos núcleos de enfrentamento. Uma luta que interessa e depende de todos, porque defender as empresas públicas é defender o Brasil. Rita Serrano é coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa e diretora da Fenae e Contraf- CUT e mestra em Administração.
investimento na educação básica, que jamais poderá ter qualidade sem a pesquisa e o ensino de nível superior. A muitos também parece absurdo conciliar excelência acadêmica e compromisso social. Mas esse é exatamente o cerne de um projeto de universidade necessária. Cabe-nos assim mostrar, com políticas e omo toda instituição, a uniC versidade pública comporta vícios e virtudes. Pode ser lo-
cal de mera repetição de saberes, reprodução de diferenças de classe e competição por posições ou recursos; porém, mais ainda, é lugar de criatividade, superação de desigualdades e rica colaboração científica e expressão artística. Assim, diante do ataque atual, devemos escolher qual universidade queremos defender, qual pode ter uma função emancipadora e ser o lugar de produção de conhecimentos e formação cidadã. O desafio é enorme, pois mesmo defensores da ampliação de direitos nem sempre têm um projeto autêntico de universidade ou conhecem sua natureza específica. Não podemos apenas querer mais do mesmo; para servir a interesses mais elevados da ciência, da formação acadêmica e de nosso povo, a universidade tem que ser pensada para além de sua condição atual. O discurso de ataque à universidade insiste que ela não é um bom negócio e que o Estado deve desobrigar-se do compromisso com seu financiamento, concentrando-se na educação básica. Ora, bom ou mau, a universidade simplesmente não pode ser um negócio. Ela tem uma dinâmica pela qual o aporte de recursos, caso destinados ás suas atividades fins e bem controlados por instâncias autônomas, não se torna desperdício e, sem paradoxo, é também
devemos escolher qual universidade queremos defender propostas, que uma inclusão efetiva eleva o nível de qualidade geral do sistema universitário e faz com que, enriquecido de povo, ele cresça no ensino, na pesquisa e na extensão, em novos talentos e conhecimentos. Também é fundamental que os defensores da ampliação de direitos acreditem na importância da excelência acadêmica. Reacionários pensam ser o mérito um direito de classe, de raça ou de gênero, reduzindo a universidade a lugar de preservação de privilégios. Para nós, ao contrário, o verdadeiro mérito prepondera, mas, não como um dado absoluto, e sempre anterior à universidade. A qualidade deve ser construída a cada dia, ao criarmos as melhores condições para a pesquisa científica e o ensino superior, mas também condições múltiplas para uma inclusão efetiva, aprofundando ações afirmativas, combatendo resquícios de discriminação institucionalizada e superando, enfim, as desigualdades pelo brilho mais forte e intenso de nossa gente. João Carlos Salles, reitor da UFBA*
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CRÔNICA
Por Roberto Efrem Filho* Abro as janelas. Nos pés de cana-de-açúcar, o fogo persegue a própria sombra. Dentro do carro, aponto os faróis contra a escuridão. O incêndio se precipita às margens da rodovia e avermelha as nuvens e adensa a voz de Gal, nas caixinhas de som, cantando “Três da madrugada”. Centenas de
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Sua falta felina brasas flutuam [ou dançam, ou se esquecem de si] sobre o canavial. Volto a música, aumento o volume. As brasas não intencionam o céu. Flertam, indecorosas, com sua distância. Penso que nem tudo, nem todos procuram o céu. Um fiat velho me ultrapassa a cento e quarenta por hora. Lanterna direita queimada, cano de escape furado, barulho, barulho. Recomeço a canção. Alguns, como eu, querem apenas o gosto da sua profundidade. Minha língua percorrendo os seus vazios. Meus dedos reconhe-
cendo as suas reentrâncias. Como o fogo sobre as folhas, mas lentamente, um afago que somente se insinua à dor. Tarde de sábado. Eu, nua, sentada à mesa da sala com uma xícara de chá de carqueja e um romance de Lygia Fagundes Telles às mãos; você, nua, adiando as provas a corrigir, repetindo compulsivamente a mesma canção, achando excessivamente triste a crônica nova de Roberto no jornal; e Gal, quero crer, nua, alardeando a todo a vizinhança que “essa rua não tem mais nada de mim” e entre nós duas resta aquela espécie de calor espesso que sobra sempre que dois corpos, há pouco embaraçados, afastam-se
para arfar [ou se sorrir, ou se esquecer de si]. Avisto um gato atravessar a estrada. Os olhos do bicho se agigantam e revertem dois faróis contra mim. Freio a tempo de permitir a sua passagem. Ele foge do fogo. Eu sinto sua falta. E sinto uma massa negra de fuligem se deslocar do canavial até a nossa rua, dezenas de quilômetros além, explodindo marcas de cinzas nas paredes da casa que, em janeiro, pintamos juntas, você preferiu azul claro, por conta da visita de seus pais. Passo pelo posto da polícia rodoviária. O incêndio parece saltar das palhas de cana para o interior do carro. Centenas de gatos se agarram às camadas de minha alma. Arra-
nham, ronronam, miam. Uma manada de angorás, siameses, persas, vira-latas cravando as unhas em sua ausência. Não me machucam, sequer me atrapalham. O que me atrapalha nesta escuridão de estrada, nestas nuvens vermelhas, é a voz de Gal, fora da qual já não consigo afiar os dentes [ou as palavras, ou me esquecer de mim]; é eu só haver compreendido a sua partida na noite em que você deixou a ração do gato terminar. É esta falta, esta falta, esta falta. * Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.
AGENDA CULTURAL
Lavagem do Bonfim tem novidade em 2018
Virada do ano na capital baiana cheia de atrações
Dia 2 de fevereiro é para Yemanjá
Entre os artistas estão Ivete Sangalo, Gilberto Gil, Cláudia Leite e Luan Santana, Margareth Menezes, Daniela Mercury e Dj Alok. O público poderá aproveitar as apresentações musicais de forma gratuita. Diferente dos anos anteriores, o palco será montado na orla do bairro Boca do Rio, próximo ao antigo Aeroclube.
Yemanjá. O local já é certo: a Casa do Peso, na colônia de pescadores, do bairro do Rio Vermelho. Já na madrugada as pessoas começam a oferendar pentes, espelhos, sabonetes, perfumes, flores e outros objetos. O cortejo com embarcações, que levam mais presentes para alto- mar, sai ao fim da tarde.
Exposição conta os 10 anos do Gamboa Nova
tradicional lavagem das esA cadarias do Bonfim aconShow da Virada, em Salvauristas, devotos e adeptos do tecerá no dia 11 de janeiro. ConO dor, acontece do dia 28 de T candomblé separam o dia 2 egue até o dia 17 de dezemsiderada a segunda maior fesdezembro até o dia 1 de janeiro de fevereiro para colocar as suas S bro a exposição dos 10 anos ta popular da Bahia, perdene já tem as atrações confirmadas. oferendas e fazer pedidos para do Gamboa Nova. Uma seleção do apenas para o Carnaval, terá uma novidade em 2018: os fiéis poderão amarrar as fitinhas no andor de madeira com o santo. O percurso começa na Igreja da Conceição da Praia, no Comércio, e vai até a Colina Sagrada, no Bonfim. O andor vai ficar exposto para amarrar as fitinhas a partir do dia 29 de dezembro.
de fotografias e criações gráficas foram utilizadas como tema visual de cada mês para contar sobre as conexões artísticas promovidas pelo Teatro nesse período. As imagens estão na Galeria Jayme Fygura e o público pode conferir gratuitamente, de quarta a domingo, duas horas antes dos espetáculos.
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CULTURA | 12
A cultura negra: luta e resistência de um povo EXPRESSÕES. Afoxé, capoeira, samba de roda e os blocos afros são exemplos das manifestações culturais do povo negro brasileiro Lucas Mascarenhas
Lorena Carneiro e Wesley Lima
história brasileira é A marcada por vários episódios de luta popu-
lar em defesa de direitos, que garantem dignidade, respeito e, acima disso, a vida. É neste contexto, que o povo negro, vítima da diáspora que os retirou do seu continente de origem - África -, conduziu o enfrentamento cotidiano na defesa de todas as dimensões sociais e culturais que reafirmam o lugar de protagonismo na construção de uma identidade e representatividade social. Na Bahia, estado brasileiro cuja população é majoritariamente composta por negros e negras, a professora Railma Souza explica que a resistência passa, em primeiro lugar, pelo enfrentamento à visão eurocêntrica. “Infelizmente, ainda enchemos a boca para dizer que pessoas cultas são as que ouvem alguns tipos de música, leem muitos livros [...] o que constitui uma hierarquização da cultura”, pontua. Nesse sentido, Railma considera fundamental romper com essas noções estereotipadas e tentar compreender a complexidade das expressões da cultura do povo negro, do povo indígena, rural, periférico. “Enxergar a poesia de rua como poesia, o reggae, o rap, o hip hop, o funk e mesmo o pagode enquanto estilos musicais”, explica. Ao compreender essas questões, a yalorixá Jaciará Ribeiro, afirma que o racismo tem matado homens, mulheres, jovens
Milhares de pessoas se reúnem durante as festas populares e religiosas, como o Dia de Yemanjá, comemorado no dia 2 de fevereiro.
e o processo de organização e valorização do candomblé, enquanto um instrumento de resistência e reafirmação de uma identidade de luta, tem trabalhado no resgate da autoestima, no acolhimento de famílias, jovens e mulheres. “Somente com os terreiros de candomblé, quilombolas e de resistência, que teremos o compasso para continuarmos lutando”, reflete Jaciará.
Arte que faz luta Um exemplo desse processo de resistência e do papel histórico que as lutas antirracistas possuem, os afoxés, têm protagonismo por serem uma manifestação artístico-religiosa vinculada às práticas do candomblé. Segundo o projeto Afreaka, essa foi a primeira manifestação negra a desfilar pelas ruas da Bahia, em 1885. Dentre
os afoxés mais tradicionais baianos estão o Fi-
território nacional e em mais de 160 países, se-
Somente com os terreiros de candomblé, quilombolas e de resistência, que teremos o compasso para continuarmos lutando lhos de Gandhy, em Salvador, e o Filhos da Luz, em Feira de Santana. Importante destacar também a capoeira, originada no século XVII, desenvolveu-se como uma estratégia dos povos africanos escravizados para cultivarem a sociabilidade e lidarem com a violência do período escravista, presente em todo o
gundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); e o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, que é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, por ser uma das expressões musicais, coreo-
gráficas, poéticas e festivas mais importantes de nossa cultura. Uma festa que mobiliza multidões de todo estado é a “Boa Morte”, que é organizada pela Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte, confraria que reúne apenas mulheres negras e que surgiu nas primeiras décadas do século XIX, em Salvador, e depois migrou para Cachoeira, no Recôncavo. Ao problematizar o papel político dessas manifestações artísticas, Ivannide Santa Bárbara, do Movimento Negro Unificado (MNU), destaca que o racismo promove uma “folclorização” da cultura negra: “os racistas nos veem como pessoas folclorizadas, fantasiadas mesmo. Viramos objeto de observação, como se fossemos vitrines, e não pessoas comuns que se assumiram como são dentro das suas origens”. Neste contexto, Hely Pedreira, professora de escolas em áreas quilombola de Feira de Santana, fala sobre a Lei 10.639/03, que trata do ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas como uma conquista, ainda que tenha seus limites. Para ela, a cultura tem um importante papel na sala de aula. “Com certeza a questão cultural é um aliado de muito peso, pois traduz a questão identitária dos sujeitos e suas representações. Acredito que a valorização cultural pode ser a ponta de lança na efetivação de uma educação que emancipa e empodere os seus sujeitos”, afirma.
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Slams movimentam as periferias de Salvador POESIA. Nas rimas, os problemas sociais são trazidos ao público pela juventude de forma criativa e potente Slam das Minas BA
V edição do Slam das Minas BA movimentou o Conjunto ACM, no Cabula, em julho deste ano
Elen Carvalho
as periferias de Salvador, as batalhas de poesia são N momentos de criação e resis-
tência cultural e política. Popularizadas como Slams desde a década de 1990, essas disputas remontam aos griots, aos movimentos pelos direitos civis e afirmação negra norte-americana, às performances literárias contemporâneas e ao hip hop. A potencialidade desses espaços está no diálogo entre as diferenças, na troca de conhecimentos, na irreverência e na livre expressão de cada participante. Slam da Onça, Slam da Raça e Slam das Minas são alguns exemplos que acontecem na capital baiana. O Sarau da Onça, coletivo que promove atividades culturais no bairro de Sussuarana, realiza o Slam da Onça desde 2014. A produtora Brenda Gomes expli-
ca que a vontade de organizar o Slam surgiu quando integrantes do Sarau participaram de uma edição em São Paulo. “A gente percebeu que aqui ainda não tinha esse processo e decidimos
É um espaço gostoso, de sentir a poesia das pessoas fazer a primeira edição, depois fizemos a segunda e foi acontecendo. A comunidade tem participado cada vez mais, porque é uma proposta nova de poesia. É um espaço gostoso, de sentir a poesia das pessoas”, relata. Em março deste ano aconteceu o primeiro Slam das Minas – Bahia. Batalha de poesia feminina idealizada por Dricca Silva,
Fabiana Lima, Jaqueline Nascimento e Ludmila Laísa que ocorre no bairro do Cabula. A ganhadora dessa primeira edição foi Amanda Rosa. Ela reflete sobre os temas recorrentes das poesias autorais recitadas nestes encontros: “A juventude negra, as/os LGBTs têm se inserido, cada vez mais, neste espaço. E o que mais as poesias têm pautado são temas como o racismo, a importância do feminismo. Porque a poesia que se faz é a poesia marginal, que vai trabalhar os elementos da realidade dessas populações”. De acordo com Amanda Rosa esse “tem sido um espaço onde as mulheres têm conseguido estar à frente do processo. Inclusive, através dos Slams, elas têm conseguido se inserir no rap. Através desse lugar, a juventude tem começado a se organizar e a participar de coletivos. Começa a enxergar os problemas sociais”. Nesse mesmo sentido, Brenda Gomes afirma que “a batalha de poesia, assim como a batalha de rima, assim como a batalha de break e todos esses movimentos periféricos são fundamentais na constituição da nossa sociedade. A gente percebe as escolas cada vez mais fechadas para esse tipo de cultura. E, sem esses movimentos, a gente não conseguiria penetrar na cabeça dos jovens, a gente não conseguiria despertar um interesse para essa conquista de direitos”.
Variedades CULTURA l| 13 13
Bahia Meu País
aulo Afonso, emancipada P em 1953 (antes distrito do município de Glória), é uma ci-
dade “filha” da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), que iniciou a construção das suas usinas, no local, em 1949. Historicamente, a região habitada por indígenas, foi também povoada por bandeirantes chefiados por Garcia D’avila no séc. XVIII. Em meio ao semiárido, Paulo Afonso se transformou em uma ilha devido às 5 hidrelétricas instaladas na região. Banhada pelo rio São Francisco, proporciona deliciosos banhos além de surpreendentes belezas naturais. O passeio pelo Canyon do São Francisco, que começa em Paulo Afonso e vai até a barragem do Xingó, reserva um cenário incrível. Também em Paulo Afonso é possível que os turistas visitem o interior das usinas, conhecendo por dentro essas grandes obras. Além de poderem conhecer um pouco mais sobre a história do cangaço. Já que na região, fica a casa em que nasceu a cangaceira Maria Bonita, a casa de Dona Generosa (que abrigou o bando de Lampião), conformando a rota do cangaço, no Raso da Catarina.
Percorrendo nossos sabores Chocolate de Pilão m dos símbolos da Bahia, imortalizado nas páginas dos romances de Jorge Amado, e U até hoje presente no imaginário da região de Ilhéus, o cacau e seu delicioso derivado – o chocolate - ganha uma versão diferente graças ao trabalho do Movimento dos Trabalhado-
res Rurais Sem Terra - MST na região da Costa do Dendê, nos assentamentos que ficam entre os municípios de Igrapiúna e Ituberá. O “chocolate de pilão” é produzido a partir do cacau orgânico, acrescido de açúcar mascavo, leite e amêndoas e passa por um processo de fermentação natural. A particularidade do doce está justamente no não cozimento da matéria prima: a mistura é batida no pilão por 50 minutos até ganhar uma textura pastosa e cheirosa que, para muitos Sem Terra, tem um aspecto de terra fértil.
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14 | VARIEDADES
Apresentacao
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
Revistas COQUETEL Dewww.coquetel.com.br 2015 a 2017, um grupo de mulheres© agricultoras do Polo da Variedade de coqueiro baixo Exercício Planalto Borborema participou do Projeto de Melhoramento dasà Cozinhas para o recomendado nordestino Arbusto Mapa (?): descreve pessoa idosa com ornamental a personalidade do beneficiamento de produtos da Agricultura Familiar. acervo de jardins indivíduo (Astrol.)
Hiato de "teor" paleontológico Durante Dança esses anos, foram realizados diagnósticos, encontros municipais cubana e territoriais, onde as mulheres puderam resgatarO receitas que foram (?) e sal(?) Social, invasor vo: ileso proposta de prédios aprendidas com suas mães ou avós. As mulheres tiveram a oportunidade Interjeição política abandoJanaína, 26 anos, atendente. de lembrar o sabor da infância, resgatando com elenados os momentos em gaúcha de Lula Função do quehashi saboreavam as histórias de família e como Fora de aprenderam aquela no ara Janaína, nosso intestino funciona bem através de três ingre(?): desrestauranreceita. norteado dientes fundamentais: 1) Beber muita água, cerca de 2 litros por te chinês Equipe dia. Se você bebe pouca água, suas fezes ficam secas e têm dificulà qual Bolo de macaxeira, pé-de-moleque pertence assado na palha de bananeira,dade de se locomover no intestino. 2) Praticar exercícios regulares. Wolverine farofa d’água e bolo deEles ajudam na movimentação do intestino e melhoram a circulação colorau, beiju assado debaixo da farinha, Bebida Uma das O livro profissõessão só algumasmais alcoólica jerimum dascurto muitas receitas apresentadas, que carregamsanguínea. 3) Ingerir alimentos ricos em fibra e evitar massas. As fide Chico do Antigo bras absorvem água e por isso deixam as fezes mais moles, facilitanSul Anysio lembranças e um grande conhecimento associado (abrev.) aos seus processos de Testamento
Amiga, será que você poderia me ajudar? Tenho intestino preso e sofro muito com isso. O que eu faço?
C
do o trânsito intestinal. São alimentos ricos em fibras: verduras, frutas, legumes,castanhas, sementes, etc. Tomar água ou alimentar-se assim que levanta da cama pela manhã ajuda a potencializar a movimentação inEsta pretende socializar os momentos de troca e de Cobalto Órgãocartilha que Peças que (símbolo) congrega testinal e costuma ser um bom estímulo. Persista na mudança de háformam a aprendizagem entre as mulheres. advogados Eu, em corrente bitos que terá bons resultados. (sigla) italiano produção.
Metal usado em fibras óticas
Tipo de eleição Pão, em inglês
(?) moral: efeito da calúnia (jur.)
Pergunta comum ao ascensorista "O (?) cego é o que não quer ver" (dito)
Lado da moeda Item do gabarito de provas Altura do andar do edifício medindose do piso ao teto BANCO
A 9ª letra do alfabeto
Título (abrev.)
Receita Bode com farofa
Animal de tração do arado primitivo
2/io. 4/x-men. 5/bread — érbio — licor — pacto. 7/azaleia. 8/habanera. 10/radialista.
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facebook.com/brasildefatobahia
Foto ilustrativa de bode assado
Ingredientes:
Solução
VISITE NOSSA PÁGINA
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa | Aqui você podeperguntar o que quiser para nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-ENF
(5 porções) - 1kg de filé de pernil de bode - 50-75g de proteína de soja - 200ml de óleo de soja - Meio pacote (30g) de creme de cebola - 1 dente de alho amassado - Farinha de mandioca - Sal grosso
PREPARO DO BODE
- Corte bifes de cerca de 100g de bode, tempere com sal grosso a gosto e leve à brasa. - Vire o lado da carne de acordo com o ponto desejado.
FAROFA
- Aqueça o óleo de soja numa frigideira e em seguida coloque o alho e a proteína de soja já hidratada. - Mexa até dourar, cuidando para que não queime. - Junte o creme de cebola e mexa mais um pouco. - Com fogo baixo, acrescente a farinha de mandioca, mexa até incorporar e desligue. OBS.: Uma salada vinagrete acompanha muito bem! Bom apetite!
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ESPORTES l 15
Esquema de fraude envolvendo instituições de futebol e de comunicação começa a ser revelado DEMOCRATIZAÇÂO. Globo é delatada por pagamento de propinas para obter direitos de transmissão de torneios sul-americanos. Mídia Ninja
reitos de transmissão com pagamento da propina. Burzaco ainda incluiu em seu depoimento a participação de Ricardo Teixeira e José Maria Marin, ex-mandatários da CBF, e Marco Polo Del Nero, atual presidente da mesma, no esquema de corrupção. Duas semanas após a delação de Burzaco, no dia 30, seu principal funTorcida do Atlético Mineiro em manifestação contra a Globo, no dia 3 de dezembro, no Estádio Independência (MG). cionário, Eladio Elias Santana Malê Rodríguez, tame Gabriel Oliveira tebolísticas. No dia 14/11, bém citou a Globo em seu o ex-presidente da empre- depoimento. Rodríguez m um efeito dominó, sa de eventos esportivos afirmou que uma offshore caem todas as peças, Torneos y Competencias da TyC foi aberta na Holanuma a uma, do jogo cor- (TyC), o argentino Alejan- da com o objetivo de recerupto da entidade máxi- dro Burzaco, afirmou em ber pagamentos de gruma do futebol, a FIFA. Um delação premiada à justiça pos de comunicação, engrande esquema de fraude estadunidense que a Rede tre eles a Globo. Segundo começou a ser desmonta- Globo pagou propinas para ele, após as propinas serem do quando, ainda em 2015, conseguir direitos de trans- depositadas na conta da 18 pessoas e 02 empresas missão de torneios de fu- empresa holandesa, os vaforam indiciadas, inclu- tebol ligados à Conme- lores eram repassados aos dirigentes das federações. Assim como seu antigo patrão, Rodríguez também citou Teixeira, Marin e Del em seu depoimenDemocratizar o futebol implica Nero to. A TyC possuía planilnecessariamente em constituir has contábeis paralelas, uma agenda de democratização nas quais aparece o nome da Globo quatro vezes e da própria mídia no Brasil sempre associada à repasses referentes à transmissão de torneios sul-americanos indo a prisão de sete diri- bol, como a Libertadores e que somam mais de R$ 40 gentes da entidade. Entre a Copa América. Além da milhões. Nessas planilhas, eles, o brasileiro José Ma- empresa brasileira, Bur- os presidentes da CBF esria Marin, ex-presidente da zaco citou algumas das tavam identificados com o Confederação Brasileira de principais redes televisiv- codinome “Brasileiro”. Futebol (CBF). Dentre as as dos Estados Unidos, do O caso ainda está em proacusações estavam fraude México, da Espanha e da cesso de investigação, mas, eletrônica (uso de tecno- Argentina. Segundo o de- a revelação de Burzaco delogia da informação para lator argentino, o então di- senha, de maneira níticometer fraude), extorsão retor do departamento es- da, como os oligopólios e lavagem de dinheiro. portivo da Globo, Marcelo de comunicação no munEm novembro, mais um Campos Pinto, que deixou do estão intimamente ligaescândalo abalou as estru- a empresa ainda em 2015, dos aos negócios lucraturas das instituições fu- era quem negociava os di- tivos e pouco republica-
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nos que envolvem o mundo esportivo. No Brasil, há anos, nenhuma outra rede televisiva consegue competir com a Globo nas transmissões dos jogos dos principais torneios esportivos no país. Um monopólio que, negociado diretamente com a CBF, permite que uma única empresa de comunicação engorde suas contas através de contratos publicitários que superam em muito o valor do repasse que ela faz aos clubes brasileiros. Segundo levantamento da organização Intervozes, apenas durante o Campeonato Brasileiro de 2017 a Globo faturou cerca de R$ 1,7 mi com publi-
cidade. Em grande medida, as vantagens da Globo na disputa pelos direitos de transmissão dos jogos no Brasil têm relação direta como o próprio monopólio exercido pela empresa na comunicação em todas as suas esferas de difusão. A delação de Burzaco deixa sinais concretos, não apenas sobre o modo pouco republicano como o futebol é organizado, mas, também revela como qualquer pretensão de democratizar o futebol implica necessariamente em constituir uma agenda de democratização da própria mídia no Brasil.
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DIA DO ENGENHEIRO: CONCRETIZANDO IDEIAS E CONSTRUINDO O FUTURO HOMENAGEM DO SENGE BA AO DIA DO ENGENHEIRO 11 DE DEZEMBRO
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16 | ESPORTES
GOL
Sem sustos
Tomaz Silva/Agência Brasil
o último dia 1, aconteceu, na N Rússia, o sorteio dos grupos para a Copa 2018. O Brasil ficou no
Grupo E, junto com Suíça, Costa Rica e Sérvia. Apesar de não ser o grupo dos sonhos, os três adversários não deverão ser uma ameaça para a primeira colocação da Seleção, que, passando para as oitavas de final, poderá enfrentar a atual campeã Alemanha.
Bahia no topo do mundo
C
omo já virou costume, a nadadora baiana Ana Marcela Cunha conquistou o título de melhor nadadora do mundo em águas abertas. Em Sanya, na China, a atleta recebeu seu quarto prêmio da Federação Internacional de Natação (FINA). Em julho, Ana Marcela se tornou a primeira atleta a ganhar três medalhas individuais no Campeonato Mundial da categoria.
Por Elias Santana Malê
Grêmio não toO mou conhecimento da pressão no
Estádio La Fortaleza e bateu o Lanús, da Argentina, por 2x1, conquistando o tricampeonato da Copa Libertadores. O atacante Luan foi escolhido o melhor jogador da competição, além de ser o vice-artilheiro. Agora, o tricolor gaúcho se prepara para viajar para Abu Dhabi, para a disputa do Mundial de Clubes.
GOL
Bruno Cantini/Atlético - MG
Satiro Sodré
Precisamos discutir a relação
DE PLACA Tiago Camilo
NA GERAL
contra O
atacante Robinho, do Atlético/MG, foi condenado a nove anos de prisão pela justiça italiana por estuprar uma jovem albanesa numa casa noturna de Milão, em 2013. Essa não foi a primeira acusação deste tipo contra o jogador, que já havia sido acusado de agressão sexual na época em que jogava no Manchester City.
A “dedada” que fala sobre o que ainda somos Por Bete Dantas
Para se consolidar no mapa do futebol brasileiro Por Vinícius Sobreira
m tempos de eleição de diretoria é eso domingo (26) uma situação chamou om apenas 11 anos de fundação, a SociedaE sencial que cada candidato tenha em N atenção durante a partida entre Ponte Cde Desportiva Juazeirense já alcançou feitos seu horizonte uma discussão com o conPreta x Vitória: não bastasse a virada espe- de dar inveja aos torcedores de outros clubes do sórcio Fonte Nova Negócios e Participações para rever as atitudes que este grupo vem tomando com a torcida tricolor. O torcedor do Esquadrão já não suporta o modo com o qual é tratado na arena. Problemas na compra de ingressos, problemas nos valores cobrados, tanto no ingresso, quanto na venda de produtos em seus quiosques, problemas na organização... Enfim, se não houver mudanças, dificilmente voltaremos a ter a média de público de 10 anos atrás, quando, em cada partida, cerca de 40.410 pessoas empurravam o Bahia, que na época estava na Série C.
tacular do time baiano, a “dedada” do zagueiro Rodrigo no atacante rubro-negro Tréllez ganhou destaque nos jornais. Embora a maioria tenha encarado o fato como “brincadeira”, outros o instrumentalizaram na tentativa de desmoralizar o atleta do Vitória. A repercussão evidencia o que está por trás da atitude do zagueiro: não apenas antidesportiva, o toque retal desautorizado escancara o machismo e a homofobia ainda presentes no futebol e em toda a sociedade. Ante o resultado, fica o aprendizado de como só se tem a perder com a manutenção de práticas violentas no esporte. A Macaca que o diga...
interior baiano. Após participações nas Séries D 2013 e 2016, a equipe sertaneja conseguiu, neste ano de 2017, se classificar para a Série C do Brasileirão, eliminando o tradicional América de Natal. O Cancão é o primeiro clube do estado a ascender da 4ª para a 3ª divisão, coroando um curto – mas vitorioso – trajeto que conta ainda com participações em duas Copas do Nordeste (2016 e 2017) e duas Copas do Brasil (2014 e 2016). Como este ano a Juazeirense foi apenas a 7ª colocada no Baiano, o Adauto Morais não receberá jogos do Nordestão ou Copa do Brasil em 2018. Isso reduz os recursos que entram no clube, deixando-o em desvantagem no estadual e, principalmente, diante dos adversários da Série C.