ENTREVISTA | 12
ESPECIAL | 05
HISTÓRIA
Lula:
inocente e favorito 220 anos da nas eleições. Revolta dos Búzios, ainda pouco conhecida, O ex-presidente recebeu inúmeras visitas e cartas com desejos de uma República Democrática de apoio do povo
Instituto Lula
Bahia
Salvador, agosto de 2018
ano 1
e d i ç ã o 01
distribuição gratuita
Congresso do Povo propõe protagonismo popular
CIDADES | 04 Povo baiano se organiza para discutir os seus problemas, encontrar saídas para o momento atual e construir um projeto para o Brasil
CIDADES | 04
GENOCÍDIO
População negra e pobre está na linha de tiro e é vítima do racismo e violência institucionais
Barbara de Lima
CULTURA | 10
MEMÓRIA
Tradição se mantém viva após dois séculos da Independência da Bahia
ESPORTES | 15
COPA
Final do mundial confirma tendências: a seleção campeã seria uma das favoritas e a mistura do futebol com política
OPINIÃO | 2
Brasil de Fato BA
Salvador, agosto de 2018
EDITORIAL
Da Revolta dos Búzios à Lula
RESGATE. Sobre revoltas, contrarevoltas e aprendizados nascimento do O Brasil de Fato Bahia é marcado pela
Revolta dos Búzios. Na edição zero resgatamos os exemplos dos “boletins sediciosos” utilizados na Revolta e, agora, sete meses depois, cá estamos, iniciando as nossas edições periódicas. Em agosto de 1798, há 220 anos, a Revolta dos Búzios acontecia. Aqueles foram tempos marcados por crises e revoltas. Em 1776 a Independência dos EUA, em 1789 a Revolução Francesa e em 1791 a Revolução Escrava em São Domingos. No Brasil foram tempos marcados por conflitos entre o progresso e o atraso. Entre os progressistas estiveram brancos, livres, proprietários poderosos, “mulatos”, soldados, trabalhadores e escravizados. Entre esses, haviam interesses diferentes, apesar da
Conseguimos transformar o impeachment em golpe, a reforma da previdência em greve geral e, a prisão de Lula, na farsa que ela sempre foi unidade contra a Coroa Portuguesa e tudo que vinha com ela. Quando a revolta foi desmontada, os “proprietários revoltosos” decidiram colaborar com a justiça e entregar os líderes. O resultado foi o enforcamento e esquartejamento de quatro homens livres, pobres e mulatos na Praça da Piedade. O autoritarismo é, sem dúvida, uma das principais marcas da nossa
elite que, independente de conflitos entre si, sabem muito bem qual o lugar do povo no seu projeto. Não hesitam em criminalizar líderes populares e apagar da nossa memória as nossas histórias de luta e resistência. Assim foi, e continua sendo, de Búzios à Lula. Em tempos de crise – como os que vivemos hoje –, a nossa elite se unificou rapidamente para desmontar
Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais em, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba e Rio de Janeiro. Agora, chegará mensalmente na Bahia! Queremos visibilizar as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Átila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Aguinaldo Almeida, Anaíra Lobo, Bianca Almeida, Carolina Guimarães, Elias Malê, Jamile Araújo, Kilvia Gadelha, Lorena Carneiro, Naiade Britto, Vinícius Sobreira, Vitor Alcantara. Edição: Elen Carvalho | Revisão: Júlia Garcia |Diagramação: Diva Braga Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
a democracia e criminalizar líderes populares. Deixando de lado as divergências entre si para desmoralizar e desmontar os instrumentos de luta do povo. Esse tem sido o modelo aplicado não apenas no Brasil, mas, em toda a América Latina. O plano inicial das nossas elites, tendo como protagonistas o judiciário e a mídia, era de transformar o nosso maior líder popular – Lula – em um corrupto que chegou ao poder. Uma narrativa construída todos os dias, a de que o poder corrompe, ganharia um exemplo histórico, num julgamento, considerado por eles como espetacular. Contudo, o plano não saiu como pensado. Os setores democráticos e populares, organizados a partir da Frente Brasil Popular, em unidade e mobilização, conseguiram ir desmontando a narrativa que vinha sen-
do construída. Com a ajuda de todo o desgaste que o Projeto Neoliberal aplicado de maneira avassaladora (como tem sido) gera por si só. Conseguimos transformar o impeachment em golpe, a reforma da previdência em greve geral e, a prisão de Lula, na farsa que ela sempre foi. É certo que, desde o golpe, as nossas derrotas têm sido maiores do que as nossas vitórias. Contudo, também é verdade, que o Judiciário, um poder antes da maior respeitabilidade, hoje coleciona grandes insatisfações, aprofundando a nossa Crise Republicana – algo terrível para o nosso país. Contudo, como a história se “move” de maneira contraditória, a crise que vivemos hoje tem ensinado muito ao nosso povo. Temos aprendido em dias o que não aprendemos em anos.
CHARGE
Brasil de Fato BA
GERAL l 3
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FRASE da semana
mandou
Divulgação
Wikimedia Commons
Vou me esforçar para que mulheres e meninas de todo o mundo tenham as mesmas oportunidades que os homens e os meninos para desenvolver seu potencial
México elege primeiro presidente de esquerda novo presidente do MéO xico, López Obrador, eleito com o dobro de votos do se-
Disse a atacante Marta a respeito de seu novo cargo de embaixadora da ONU em busca de igualdade de gênero no esporte
Como o aumento dos preços do gás tem afetado o seu bolso?
O
aumento do preço do gás afetou muito no meu bolso pelo fato da família ser grande e no mês a gente ter que comprar até dois botijões de gás. Com esse aumento, a gente teve que reduzir algumas coisas, principalmente na carne, no frango, no feijão. E isso pesa muito, a alimentação é muito importante e, por isso, o gás também. Maria Isabel Souza Simões, 60 anos, contadora, Vera Cruz - Ilha de Itaparica
BEM
O
preço do gás afeta de mal a pior. Do jeito que as coisas estão caras, o pessoal sem dinheiro, o dinheiro não está circulando, aí a gente compra o gás caro, mas não pode aumentar o preço da refeição porque senão os clientes deixam de vir. A gente tá trabalhando para sobreviver a pulso, mas nós estamos no limite, tá tudo muito caro. Estamos todos sofrendo muito. Quitéria Maria da Conceição, 58 anos, cozinheira, Salvador
MST comemora a prisão de assassinos de liderança do Movimento ábio Santos foi uma das principais lideranças do MST F no Sudoeste da Bahia. Em 2 de Abril de 2013, na cidade de Iguaí, ele foi assassinado com 15 tiros na frente de
sua esposa e filha. As investigações chegaram a um desfecho, após 5 anos, em 11 de julho de 2018, depois de muita pressão realizada pelo movimento. Na operação, foram presos um fazendeiro, um comerciante e dois vaqueiros. Outros dois acusados estão foragidos. O MST continuará cobrando os órgãos competentes até que todos os responsáveis sejam presos.
gundo colocado, apresentou 12 propostas para mudar o país. Dentre elas está a redução de salários dos funcionários públicos – incluindo dele mesmo, reverter o decreto responsável pela privatização da água, garantir o direito à educação pública e gratuita em todos os níveis e aumentar o salário mínimo em 100% na zona fronteiriça ao Norte do país.
mandou
MAL
EDH/ Arquivo saúde Popular
Mortalidade infantil aumentou
o Brasil, a taxa de mortaliN dade infantil vinha caindo desde 1990, quando a mé-
dia era de 47,1 mortes a cada mil crianças. Após 26 anos de queda contínua, em 2016, as taxas voltaram a subir para 14 a cada mil, em parte por causa epidemia do vírus zika, o que, junto com o planejamento familiar, diminuiu a taxa de nascimentos. O Ministério da Saúde reconheceu os impactos da crise nos últimos dois anos, afirmando que: “as crianças são as que mais sofrem com as mudanças socioeconômicas”.
CIDADES I 4
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Na linha de tiro
Brasil de Fato BA
GENOCÍDIO. Racismo e violência institucionais vitimam população negra e pobre no Estado Carolina Guimarães
tiro não foi de raspão”, “O fez questão de ressaltar Leno Sacramento, ator do
bando de Teatro Olodum, alvejado por policiais no dia 13 de junho, a caminho do trabalho, no centro de Salvador. Leno levou um tiro na panturrilha porque, segundo a polícia, foi “confundido” com um assaltante. “Eu estava na minha bicicleta”, conta ele, “ando muito com fone de ouvido, mas, por acaso, naquele dia estava sem. Parei quando eles disseram. Não deu tempo nem de colocar o pé no chão. E se eu tivesse uma deficiência auditiva? ”, questiona. “Chegaram a dizer que o tiro tinha sido de raspão, que tinham atirado para o chão... não foi. Fui atingido por trás”. Em outubro de 2014, a mãe do adolescente Davi Fiúza, de 16 anos, denunciava seu desaparecimento após ser levado do bairro de São Cristóvão, onde morava, por policiais. Antes, em agosto do mesmo ano, Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, foi visto pela última vez sendo colocado dentro de uma viatura da Rondesp (Rondas Especiais da Polícia Militar), no bairro da Calçada. Seu corpo decapitado e carbonizado foi encontrado no Parque São Bartolomeu dias depois. Em 2015, a mesma Rondesp realizou uma incursão na Vila Moisés, no Cabula, que resultou em 12 mortos, atingidos por 88 disparos. As vítimas tinham entre 16 e 27 anos. No dia seguinte ao atentado contra Leno, o Bando de Teatro Olodum publicou um Manifesto questionando a letalidade da polícia baiana e denunciando a falência da segurança pública no estado. Diz o texto: “além de Leno Sacramento e Garlei Souza [que acompanhava o ator no momento do disparo], quantas outras vítimas
As histórias e os números mostram que jovens negros são a população mais propensa a ser vítima de assassinato inocentes poderiam ser atingidas por essa ação desastrosa? Como se sente alguém que está na linha de tiro? Quantos jovens negros são vitimados diariamente desta mesma forma? ”
Na ponta do lápis De acordo com dados apresentados pelo Atlas da Violência de 2018 – uma publicação produzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea - 71,5% das pessoas assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas. O Atlas revela que, de 2006 a 2016, enquanto a taxa de homicídios de não negros teve queda de 6,8%, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. Também entre 2006 e 2016, na Bahia, o número de assas-
sinatos de jovens entre 15 e 29 anos foi de 218,4 para cada 100 mil habitantes, num aumento percentual de 22,5%. Entre negros, a variação foi de 104,4% no mesmo período. Ainda no Estado, somente em 2016, foram registradas 364 mortes decorrentes de ações policiais. O relatório, porém, considera que há riscos de subnotificação deste dado, por existirem casos sem a apuração adequada das circunstancias envolvendo uso da força letal. Já o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2017, registra que entre 2009 e 2016, 21.892 pessoas morreram no país em decorrência de ações policiais. Dessas, 99,3% eram homens, 81, 8% tinham entre 12 e 29 anos e 76,2% eram negros. Vale destacar que a mortalidade de policiais civis e militares também é elevada, tendo crescido 23,1% entre 2015 e 2016. Entre eles, 56% eram negros.
tra, mas para a forma como ele se reproduz nas diversas instituições. “Essas instituições não têm o objetivo de oferecer um serviço racialmente equitativo, elas não são neutras”, explica a promotora do Ministério Público da Bahia, Lívia Sant’Ana Vaz, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (GEDHDIS). “O racismo institucional é muito mais perverso, é a reprodução, nas instituições públicas e privadas, da hierarquização da sociedade conforme a raça”. Visto que o racismo está entranhado na estrutura e funcionamento das instituições, como enfrenta-lo? Em março desse ano, durante uma mesa do Fórum Social Mundial, Lívia chamou a atenção para a necessidade de aprovação do Projeto de Lei 4471, de 2012, que propõe a obrigatoriedade de instauração de inquérito sempre que o uso da força na ação poNa resistência licial resultar em morte ou lesão corporal. A última tramiAs histórias e os números tação do projeto foi em 2017. mostram que jovens negros Enquanto isso, corpos negros são a população mais propen- continuam tombando. “Sem sa a ser vítima de assassinato. dúvida nenhuma foi um caso Mais do que isso, demonstram de racismo institucional”, reatambém uma faceta do cha- firma Leno Sacramento. “Não mando racismo institucional – é pessoal, eu já disse em muiconceito que olha para o racis- tas entrevistas. Qualquer nemo para além das ações indi- gro, ali, naquela situação, seviduais de uma pessoa ou ou- ria baleado”.
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Consultas populares discutem com baianos os rumos para políticas públicas
MOBILIZAÇÃO. Congressos municipais já foram realizados em 25 cidades do estado da Bahia Comunicação MPA
Aguinaldo Almeida
esde a sua origem, D o Estado brasileiro sempre serviu aos inte-
resses da elite colonialista, produzindo um imenso fosso de desigualdade social. Construir um outro Estado, passa, fundamentalmente, por fortalecer a democracia e garantir a participação da população brasileira na discussão permanente sobre a situação política do país e na tomada de decisão sobre as políticas públicas. Neste cenário, o Congresso do Povo, convocado pela Frente Brasil Popular, e o Programa de Governo Participativo (PGP) de Rui Costa são ações emblemáticas na garantia da escuta popular. As duas iniciativas configuram-se como importantes consultas populares que tem possibilitado um amplo processo pedagógico sobre a democratização do Estado; garantido aos baianos participação ampla e ativa ao definir as ações prioritárias para o desenvolvimento social e econômico. Frente a sua pré-candidatura ao Governo da Bahia, o petista Rui Costa convocou a população a construir mais uma vez o Programa de Governo Participativo (PGP), um extenso processo de escuta com o objetivo de apontar os compromissos de governo. Durante todo o mês de julho o PGP tem realizado uma agenda intensa de plenárias e debates temáticos, que irão percorrer todos os territórios de identidade, garantindo, por meio do diálogo direto, a mais ampla
Seminário Regional do Congresso do Povo do Centro Norte da Bahia, realizado em CaPim Grosso
Construir um outro Estado, passa por fundamentalmente fortalecer a democracia negociação com os movimentos sociais. O objetivo é colher propostas para as mais de dezenove áreas de política pública do programa, que englobam desde desenvolvimento social à infraestrutura. As contribuições serão consolidadas no documento apresentado no registro da candidatura, no dia 15 de agosto. A realização do PGP é a reafirmação do projeto popular do Partido dos Trabalhadores, que confirma Rui Costa como o governador que mais cumpriu os compromissos definidos no programa de governo em 2014. Segundo levantamento divulgado recentemente pelo G1, em três anos e meio, Rui executou, total
e parcialmente, 74 promessas registradas em seu programa de governo. Mesmo contando apenas as 54 ações completamente executadas, Rui permanece na frente do segundo colocado por 16 propostas, um amostra do compromisso com o respeito à vontade popular.
Congresso do Povo Num cenário de crise institucional generalizada, sob um governo golpista que tem vendido o patrimônio nacional e retirado direitos dos trabalhadores, o Congresso do Povo busca fomentar a conscientização política da população e propiciar espaços de
debates que apresentem horizontes para a superação da crise. Para tanto, em abril, a Frente Brasil Popular realizou uma jornada de seminários de formação de formadoras e formadores do Congresso do Povo, com o objetivo de capacitar militantes para a realização dos congressos municipais. Atualmente, já foram re-
alizados Congressos municipais em 25 cidades de mais de 50 mil habitantes, que servem de pontos de irradiação, para a convocação de mais congressos municipais. Em setembro, ocorrerá a realização da etapa estadual do Congresso do Povo. Segundo a mobilizadora social da Frente Brasil Popular, Elen Rebeca, “o processo tem sido muito rico e tem deixado cada vez mais nítido que o povo tem interesse em discutir o que está acontecendo no país, como também encontrar saída para os problemas”, afirma. Entre as principais demandas que vêm surgindo no diálogo com a população, está a necessidade da participação popular nas decisões do rumo do país, mais direitos sociais e não ao retrocesso dos mesmos, nas áreas de saúde, educação e cultura.
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Artigo
Artigo Política de privatização da Petrobrás tem afetado a região Nordeste Radiovaldo Costa*
E
ntre 2015 e 2017, a Petrobras colocou à venda nove campos de águas rasas de produção de petróleo e gás na Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará, bem como divulgou a compra por parte da Mitsui de participação da Gaspetro nas distribuidoras estaduais de gás natural. No fim daquele ano, foi anunciado o encerramento das atividades da usina de biodiesel de Quixadá, no Ceará, além da venda do Terminal de Regaseificação da Bahia de To-
do nordeste que, na prática, colocava à venda uma participação elevada das refinarias da Bahia (Landulpho Alves) e de Recife (Abreu e Lima) e os terminais terrestres e marítimos ligados a esses ativos. É importante destacar que cada uma dessas vendas afeta de alguma forma a região Nordeste e, particularmente, a Bahia. Sem os biocombustíveis, perde-se boa parte do fomento ao desenvolvimento da agricultura familiar. O fim dos fertilizantes torna o parque industrial e agrícola baiano totalmente dependente das importações, ampliando os riscos em termos de custos logísticos. A saída da estatal dos campos de terra não tem sido substituída com a mesma capacidade pelo setor privado, provocando desemprego e perda de renda para
Sem os biocombustíveis, perde-se boa parte do fomento ao desenvolvimento da agricultura familiar dos os Santos e duas térmicas baianas para a francesa Total. Em 2017, foi a vez da Petrobras aprovar a venda da Petroquímica Suape e da Citepe para a mexicana Alpek. Além disso, a estatal brasileira anunciou que faria uma interrupção permanente das fábricas de fertilizantes (na Bahia, no Paraná e em Sergipe) e elaborou um modelo de “parceria” do seu parque de refino e logística
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vários municípios do estado. Mais desigualdade e desemprego, menos renda e soberania. Chegou o momento de juntarmos a nossa força e continuarmos a luta de forma ainda mais veemente em busca da defesa da Petrobras. . *Radiovaldo Costa, Diretor licenciado do Sindipetro Bahia
As mulheres negras e os desafios contemporâneos Fabya Reys*
ʋ 25 de julho, Dia InterO nacional da Mulher Afro Latino-Americana e Caribe-
nha, descortina trajetórias de lutas históricas, desafios e perspectivas das mulheres negras. Reconhecido pela ONU como marco da luta e da resistência da mulher negra, a data contribui para o debate sobre nossa vida econômica, social e política. As desigualdades persistem e constata-se que a equidade racial e de gênero estão longe de serem alcançadas. Levantamento do IBGE aponta que a renda média da mulher negra é 42% da de um homem branco, por exemplo. Seria preciso aguardar 80 anos para equiparar as rendas. No lugar do enfrentamento a estes problemas estruturais, percebemos a redução ou extinção de políticas raciais e de gênero, reflexo do golpe misógino de 2016. É o desmantelamento de programas de transferência de renda, de acesso e permanência nas universidades, do Minha Casa Minha Vida, projeto Cisternas, titularidade de terras, Casa da Mulher Brasileira e outras medidas de combate à violência, todas elas fortalecedoras das mulheres negras. Não há, então, outro sentimento que nos move, a não ser o desejo de continuar a luta. De se insurgir contra a retirada de direitos dessa política desastrosa implementada no país. O golpe atingiu em cheio o povo brasi-
leiro, que passou a assistir ao esvaziamento das secretarias de Políticas para as Mulheres e de Promoção da Igualdade Racial. E, lamentavelmente, quem mais sofre são as mulheres, a população negra, LGBTs, os sem terra, além das mulheres das águas, campo e florestas. É imprescindível garantir os direitos das mulheres, sobretudo as mulheres negras, a sua saúde integral; ocupação do poder; acesso ao território; valorização dos saberes tradicionais; preservação de um modelo que respeite a sociobiodiversidade, a alimentação saudável e o bem viver. Seguimos em marcha pelo reestabelecimento da democracia, por uma nação forte que recoloque as políticas afirmativas na centra-
Não há, então, outro sentimento que nos move, a não ser o desejo de continuar a luta lidade. Salve Tereza de Benguela, Maria Felipa, Dandara, Luiza Mahin! *Fabya Reis é secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial da Bahia e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
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Tradição se mantém viva após 195 anos de Independência do Brasil na Bahia MEMÓRIA. Quase dois séculos após o levante popular que expulsou de vez o exército português do Brasil manifestações culturais e lutas permanecem vivas. Bárbara Lima
lho, Santo Antônio e Pelourinho. Músicas, cartazes e faixas mostram que o Dois de Julho, além de um dia de comemoração pela vitória contra o exército Português, é um dia de luta. Dia de relembrar a garra, bravura e participação popular na luta pela Independência, que se efetivou no segundo dia do mês de julho de 1823. Também é dia de trazer novas e velhas bandeiras por libertação e direitos.
As mulheres no fronte pela independência Jovens relembram os heróis e as heroínas do levante que derrotouu o exército Português. Por Jamile Araújo
asce o sol a dois “N de Julho, brilha mais que no primeiro, é
sinal que neste dia até o Sol é brasileiro. Nunca mais o despotismo regerá nossas ações, com tiranos não combinam, brasileiros corações”. É assim que inicia o hino da Independência da Bahia. E não foi diferente no desfile do Dois de Julho deste ano. O brilho não vinha apenas do sol. Vinha da chama do fogo simbólico que vem todos os anos de Cachoeira para Salvador, passando por várias cidades no ca-
minho, representando a união do povo que travou a luta pela independência. Nas ruas, o som e a beleza das fanfarras das escolas, dos grupos de cultura, batucadas de movimentos populares. No caminho, famílias que enfeitam as casas para o concurso de fachadas que foi retomado em 2018. Este é o cenário encontrado por quem faz o trajeto que sai do bairro da Lapinha em direção à Praça Dois de Julho, mais conhecida como Praça do Campo Grande, passando antes pelos bairros do Barba-
Ao contrário do que é contado nos livros, nas escolas, na “história oficial”, o papel das mulheres nas lutas e mobilizações por transformações foi e é muito importante. Não tem lugar para “sexo frágil” quando se fala em mulheres do povo. Na história da luta pela independência da Bahia não foi diferente. Maria Felipa, Joana Angélica, Maria Quitéria e inúmeras mulheres desconhecidas e anônimas são símbolos de resistência e luta de um povo que buscava a liberdade. Maria Felipa, da Ilha de Itaparica, liderança de um grupo de mulheres que queimou
Maria Felipa, Joana Angélica, Maria Quitéria e inúmeras mulheres desconhecidas e anônimas são símbolo de resistência e luta de um povo que buscava a liberdade embarcações portuguesas, ficou conhecida por um episódio em que deu uma surra de cansanção nos portugueses. A freira Joana Angélica, por outro lado, do Convento da Lapa, que resistiu e se lançou na frente da tropa portuguesa, tentando impedi-los de entrar no Convento em busca de combatentes baianos pró-independência, foi assassinada pelo exército português. E ainda, Maria Quitéria, uma jovem de Feira de Santana, que pegou o uniforme do cunhado e fugiu de casa, se disfarçando de homem para poder lutar junto ao exército baiano. Ficou conhecida como
soldado “Medeiros” e foi a primeira “Soldado” mulher do Brasil.
Independência do brasil na bahia O Dois de Julho não representa apenas um evento local. Sua relevância vem do fato de que a Independência do Brasil, embora tenha seu marco conhecido como o grito do Ipiranga em 7 de setembro de 1822, só se concretizou quase um ano após, na Bahia, onde de fato o exército português foi derrotado e expulso do território. Foi um exemplo de luta que reuniu diversos setores da socie-
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Salvador, agosto de 2018 Helói Corrêa/ Governo da Bahia
Bahia Meu País
Morro do Chapéu A cabocla e o caboclo representam os povos indígenas originários que participaram da luta pela Independência.
dade, indígenas [caboclos], negros [escravizados ou libertos], pescadoras e pescadores, artesãos, de diversos locais da Bahia, da Ilha, região metropolitana, recôncavo, tendo a participação até de pessoas do Sertão, Chapada Diamantina e Caetité, em prol da libertação. Aila Santos, estudante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB e moradora de Cruz das Almas, participou pela primeira vez do desfile em Salvador. Para ela foi uma
grande experiência, ver quantidade de pessoas nas ruas, reafirmando e relembrando o que foi o Dois de Julho. “Ver tudo isso nas ruas, das mais diversas formas de representações, foi um momento de reflexão e motivação para seguir na luta que os meus antepassados começaram”, afirma Aila. Aila comenta que é possível observar no recôncavo o quanto o processo de luta na Independência influenciou na sua estrutura e o quanto representou na vida das pessoas. “É
visível através da quantidade de quilombos que aqui temos, outro exemplo é a residência da UFRB de Cachoeira que leva o nome de Maria do Paraguaçu, mulher quilombola, conclui.
o papel das mulheres nas lutas e mobilizações por transformações foi e é muito importante
ituado na zona oriental e Piemonte da S Chapada Diamantina, o município de Morro do Chapéu ou, como é chamada pelos moradores, “Morrão” era historicamente habitada pelos povos indígenas payayas, e depois por bandeirantes que passaram ocupar a região. Com forte tradição coronelista, quando ainda era arraial, transita-se Fazenda Gameleira para cidade, fundada em 1909. De clima agradável, com temperatura média anual de 20°C, é acompanhada de forte acolhimento dos morrenses. A cidade apresenta uma diversidade de grutas, pinturas silvestres, trilhas e cachoeiras, como Ferro Doido, e a do Agreste, banhada pelo Rio Jacuípe a 24 km da sede do município. Além desses lugares propícios para prática de rapel, os turistas podem desfrutar das pousadas ecológicas, bebidas artesanais e das praças aconchegantes com orquídeas e bromélias, bem como a rica cultura local de grupos de teatro,músicas e leituras populares.
Percorrendo nossos sabores O Licuri onsiderado o “ouro verde do sertão”, o Licuri é o fruto de uma palmeiC ra típicado centro-norte baiano que está presente na mesa dos sertanejos, contribuindo para uma rica alimentação nutricional e o sustento das famílias, com a produção de alimentos e artesanato. O Licuri recentemente vem passando por um processo de revalorização, onde cooperativas e instituições vêm trabalhando na organização da produção e comercialização do mesmo. Produzindo iguarias que são verdadeiras maravilhas para o paladar de quem as saboreia, como cocadas, granolas, petiscos doces e salgados, sorvetes, azeite, licores, paçocas, dentre outros produtos que, com certeza, fazem do Licuri uma referência nos sabores e saberes sertanejos.
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Conjuração Baiana: a Revolta dos “entes da liberdade” Arquivo Pessoal
HISTÓRIA. 220 anos de uma revolta ainda pouco conhecida em sua essência, com desejos de uma República Democrática.
projeto coletivo. Pela primeira vez na história dos motins e sedições, houve o “xingamento”, o Príncipe Regente foi chamado de “indigno coroado”.
Relação com os ideais da Revolução francesa
Jamile Araújo
N
esta primeira edição, o Brasil de Fato Bahia entrevistou Patrícia Valim, professora do Departamento de História do Brasil e da Bahia Colonial e Imperial da Universidade Federal da Bahia, sobre a Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios. Patrícia começou a pesquisar sobre Conjuração Baiana durante a graduação. Este foi também seu objeto de estudo no mestrado, doutorado e pós-doc. No mês de agosto, em que a Revolta completa 220 anos, irá lançar um livro pela Editora da UFBA. Confira a entrevista na íntegra.
O que foi a Conjuração baiana A Conjuração Baiana foi um movimento que teve a participação de pelo menos 36 pessoas, que foram presas. Foi diferente de todos que aconteceram, tanto na
Patrícia Valim lançará livro sobre a Revolta dos Búzios neste mês de agosto.
Entra como legado a capacidade e necessidade das pessoas se organizarem e lutarem por suas demandas capitania da Bahia durante o período colonial, quanto em outras localidades do território brasileiro. O poder local na época chamou de “Sedição dos Mulatos”. Ocorreu em 1798, e iniciou a partir da elaboração de 11 boletins manuscritos. Bilhetes colocados em locais públicos da cidade de Salvador. Só temos acesso a dez deles, tudo leva a crer que um foi queimado.
Participantes O primeiro boletim afirma a participação de 676 pessoas. As mulheres aparecem apenas como testemunhas.
Mais da metade deles eram milicianos, responsáveis pela ordem e segurança na capitania. Além de padres e religiosos, homens do comércio de grosso trato, homens do ofício e homens principais.
Reivindicações As principais reivindicações eram o “soldo diário de 200 mil reis” [salário dos milicianos], naquela época as condições de vida do miliciano se assemelhava a de um escravo, com recrutamento a força. Abertura dos Portos, fim do jugo da escravidão, sem necessariamente o fim da escravidão como
Durante muito tempo a Conjuração Baiana foi considerada a versão da Revolução Francesa na Bahia. Discordo dessa leitura. Estamos falando de um movimento que usa palavras como república, revolução, liberdade, igualdade em termos de comércio. Assinam os boletins como “Entes da liberdade” ou “republicanos”. Os termos que elaboram as demandas são radicais, porém as demandas são reformistas. Eles queriam espaço naquela sociedade, não mudar as estruturas.
A simplificação nos livros Didáticos No livro didático a revolta entra como “não evento”. Entra o enforcamento e esquartejamento de quatro homens pobres e negros. Dizem que estavam pedindo aumento de soldo [salário], não é mentira, mas está longe de ser só isso. Eles queriam fundar uma República Bainense, democrática, mas pensar isso no antigo regime era subverter a ordem.
Legado Entra como legado a capacidade e necessidade das pessoas se organizarem e lutarem por suas demandas. As alianças: aliaram-se aos mais poderosos para ter melhores condições de luta. De alguma maneira há um projeto de igualdade ainda que seja de um grupo, mas a igualdade é um horizonte. A propaganda política, através dos boletins manuscritos e como se tem uma formação oral, também é importante. Desde tempos coloniais o poder criminalizou a luta política de várias formas. Os quatro homens que foram enforcados foram chamados de bêbados e loucos. Quando a classe trabalhadora faz política é chamada de louca e desvairada por querer o conflito.
O trabalho Virou livro No livro faço um apanhado historiográfico, tem o prefácio do jornalista e professor Emiliano José e posfácio do Professor José Sergio Gabrielli. Será lançado em agosto pela EDUFBA, na melhor hora possível, em que a Conjuração Baiana completa 220 anos. Vai ter lançamento em Salvador, no Rio Grande do Norte, São Paulo e Rio de Janeiro. Estou muito feliz com o lançamento, é o trabalho da minha vida.
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VARIEDADES | 13
JORNAL DO SINTÁXI - set/2010 - www.sintaxi.com.br
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
sis ios São uita luz res ee zes sa. ingar
aé ên-
mo ois
e
© Revistas COQUETEL 2010
Profissional como o malabarista Tribunal Superior do Trabalho (sigla)
Terminar a costura Tema de biografias
Baixar os preços
A professora de crianças
Carvão aceso Ponto direto de saque, no vôlei
Ente fabuloso de contos
Complexo vitamínico
Matar (gado)
Sentido do toque
Sugerir (?) noturna: boate
Passar (do interior para o exterior)
Querido, em inglês Chega; regressa
Memória de micros Mãe de Caim (Bíblia) Suspendi; levantei
Sensação auditiva Biscoito retorcido Há pouco
A cor do enxoval da menina
Exibe; apresenta
e Porto
tura
Sufixo (?) Carioca, criação nominal de de Dis“doçura” ney (HQ)
A maior das aves Período de 90 dias
as para
ete; via
(?) das Cruzes, cidade de São Paulo
Doença dentária prevenida pelo uso de flúor
Lista; relação
amos começar nosso papo falando sobre V aquele signo que quase todo mundo conhece, que a gente identifica como o nosso. O signo
Murmúrio; cochicho
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a BANCO
r
Grito de lutas marciais
Interjeição que indica saudação
2/zé. 3/ram — rol — tst — vem. 4/dear — mogi.
b
Solução RA
R E S T M E S A T T O A B A R C RA E O M E RE MO G S S U O T I
A R T I S T A D E C I R C O
R R O O S L A EM
U Z R E A B E R S A S V A
vra?
B A V T R I F A D T A E S A I R N S I N U A R
a palavra. mente na rar vai
CA R O S C B A
Como
Você sabe o que significa pertencer a um determinado signo? Ana Lúcia Vaz
Confusos; desordenados Botequim
o chegou,
Ouvir Estrelas |
ela vigiasse os portões naquele dia. esqui bateu na minha cabeça e cá NOSSA estou eu. Como faço para entrar, Para surpresa VISITE dela, o marido apare- PÁGINA ceu. querida? - Oi! Que surpresa! - Disse - Eu vou falar uma paela. Como você está? lavra. Se você soletrá-la corre- Ah, eu tenho estado muito tamente na primeira você entra, bem desde que você morreu. Casei- senão vai para o inferno. me com aquela bela enfermeira que E ele respondeu: cuidou de você, ganhei na loteria - Tá, qual é a palavra? - ARNOLD SCHWARe fiquei milionário. Vendi a casa onde vivemos e comprei uma manZENEGGER.
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que é definido pelo dia e mês do nosso nascimento. Na verdade, astrologicamente, este é o signo solar. Ou seja, quando digo o meu signo, estou dizendo que no dia em que nasci, o Sol transitava por aquele signo. Os signos são os equivalentes astrológicos das constelações que a gente vê no céu. Então, esse signo diz apenas a posição do Sol quando nasci. As pessoas me perguntam sempre: como podem existir piscianos ou virginianos tão diferentes? É porque quando a gente traça o mapa, não olha só a posição do Sol, mas também a posição da Lua, de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Alguns astrólogos ainda olham a posição de alguns asteróides. O que o mapa astral mostra é o desenho do céu, visto a partir da terra, no momento em que a pessoa nasceu. Por isso, nós temos vários signos no nosso mapa. No entanto, temos o foco no signo solar porque o Sol é o centro do sistema solar. E como centro do sistema solar, simboliza o nosso centro. O centro ao redor do qual todo o resto gira, mas para saber como gira, vamos ter que analisar os outros aspectos do mapa.
VARIEDADES | 14
Brasil de Fato BA
Salvador, agosto de 2018
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Direitos de Fato Trabalhador e trabalhadora tem direito a férias s férias são direito constitucionalmente assegurado A a todos os trabalhadores, como período destinado à recuperação das forças, descanso e lazer. De acordo
com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), as férias devem ser concedidas pelo empregador no ano seguinte (período concessivo) àquele em que o trabalhador completar um ano de serviço e pagas até dois dias antes do início das férias, caso contrário, isto é, férias gozadas após o período concessivo ou sem o pagamento na época correta, deverão ser pagas em dobro, incluído o terço de férias, por expressa previsão do Tribunal Superior do Trabalho, na Súmula 450. Cumpre ressaltar que caso o contrato de trabalho seja rescindido antes de que seja completo o período aquisitivo (cada 12 meses de trabalho), o trabalhador terá direito às férias proporcionais acrescidas do terço constitucional, mesmo em caso de pedido de demissão, demissão sem justa causa ou acordo com o empregador, modalidade criada pela Reforma Trabalhista. * Bianca Almeida é advogada em Recife (PE) e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
O que são as ditas “viroses”? s infecções causadas por vírus são as mais comuns, já que é imenso o número de tipos de vírus existentes, como os A vírus da gripe, da dengue e o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Todas elas podem ser consideradas viroses, mas o termo é mais utilizado nos casos de infecções virais mais simples com sintomas inespecíficos, como febre bai-
xa, mal-estar, diarreia ou vômitos. Receber o diagnóstico de “virose” é comum e pode causar insatisfação. Porém, os sintomas inespecíficos, a não alteração ou alterações discretas do hemograma e os inúmeros tipos de vírus não permitem dizer com certeza qual o tipo causador. Além disso, saber exatamente não muda o tratamento, já que essas são doenças autolimitadas em pessoas saudáveis, sendo o cuidado de todas o mesmo: medicações para aliviar os sintomas; hidratação; aguardar o tempo de resolução, que é em torno de três dias de febre baixa, seguidos de melhora parcial e depois melhora completa em sete dias; e retornar em caso de mudança dessa evolução esperada. Mande sua dúvida: avilatbruna@gmail.com Bruna Teixeira Ávila - Médica da Família e Comunidade - CRM PB 8471
Brasil de Fato BA
ESPORTES | 1515
Salvador, agosto de 2018
Um favorito e uma Copa política Divulgação
Homero Baco
ntes do Mundial, A este espaço já havia adiantado duas ten-
dências que se comprovaram durante a Copa do Mundo de futebol da Rússia: de que o campeão seria um dos favoritos e a mistura do futebol com política. Era difícil que o campeão escapasse do favoritismo da França, Espanha, Alemanha e Brasil,
a política também esteve presente durante todo o mundial mesmo com as decepções da eliminação dos três últimos pelo caminho. Enquanto isso, Croá-
cia, Bélgica e Inglaterra apareceram como fortes candidatos surpresa. A equipe comandada pelo craque da Copa, Modric, sofreu até a final inédita, passando por três prorrogações. A jovem equipe inglesa superou o trauma de eliminações precoces em Copas anteriores e chegou às semifinais. Já os diabos vermelhos venceram seis dos sete jogos. Mesmo assim não foi o suficiente para superar a França. A equipe
francesa acabou ficando com o título, o segundo de sua história. Destaque para o volante Kanté, o meia Pogba e os atacantes Mbappe e Griezman, além do técnico Deschamps, campeão como jogador em 1998 e como treinador agora. Além das questões dentro do campo, a política também esteve presente durante todo o mundial. Desde a comemoração dos gols da Suíça, quando jogadores comemoraram fa-
zendo gestos em referência à Albânia na vitória contra a Sérvia, passando pela festa mexicana pela classificação, eliminando a Alemanha enquanto o povo elegia um presidente de esquerda, até a seleção islandesa, com seus jogadores em sua maioria amadores, mostrando que o esporte poderia ser apenas uma prática de integração entre os povos e não um negócio. Os exemplos são os mais diversos. Era en-
trar na internet que, entre uma piada com as quedas de Neymar e outra, os assuntos que mostravam o lado político da Copa apareciam. A final da Copa mesmo foi recheada de polêmicas. De um lado, croatas eram chamados de fascistas por conta de vídeos vazados mostrando alguns de seus jogadores comemorando com cânticos que faziam referência à Ustasa, movimento que liderou a Croácia durante a Segunda Guerra e matou mais de 400 mil pessoas, na maioria sérvios e judeus. Em contrapartida, a França era criticada por relegar a seus descendentes de africanos apenas o esporte como oportunidade de um lugar ao sol. Ao mesmo tempo, a maioria negra de sua seleção colocou em xeque os movimentos anti-imigração no país, mostrando que tal miscigenação deve ser um ideal não apenas de uma equipe vencedora, mas também de um país inclusivo.
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ESPORTES | 16
Brasil de Fato BA
Salvador, agosto de 2018
NA GOL DE PLACA GERAL Mais um penta pra conta Javier Regueros/ONCE
Divulgação
Divulgação/LNB
m junho, a Seleção Brasileira de Futebol de 5, modalidade destinada a atletas com deficiência E visual, sagrou-se pentacampeã mundial, após bater
O melhor do mundo é da Bahia
D
ono de um cartel de 14 lutas (13 vitórias e uma derrota), o lutador baiano Marcus Amaral, o Marcote, foi eleito pelo site Fight Matrix, em abril passado, o melhor peso-palha (até 52,2 kg) do mundo. Há cinco anos lutando profissionalmente, ele está em contagem regressiva para sua estreia no Pancrase, um dos principais eventos de MMA do Japão e um dos mais antigos do mundo, contra o japonês Ryo Hatta, no dia 05 de agosto. Para conseguir viajar, o peso-palha fez uma campanha de arrecadação de fundos.
a Argentina pelo placar de 2x0, gols de Ricardinho e Nonato. Com o gol na final, Ricardinho foi o artilheiro do torneio, com 10 gols.
A China é logo ali
A
seleção masculina de basquete se classificou para a próxima fase das Eliminatórias americanas para a Copa do Mundo de Basquete, que será disputada em 2019, na China. Na primeira fase, a seleção esteve no grupo B, juntamente com Venezuela, Chile e Colômbia, e perdeu apenas uma das seis partidas. A derrota foi para a Venezuela, líder do grupo, fora de casa. Na segunda fase, o Brasil estará no grupo F, juntamente com Chile, Canadá, Rep. Dominicana, Venezuela e Ilhas Virgens. A nova fase da competição ocorrerá entre setembro e fevereiro, e o Brasil estreará contra o Canadá, dia 13/09, fora de casa.
Protesto, sim. Violência, não por Elias Santana Malê
o último dia 20, quando chegavam N de Chapecó do Sul, os jogadores do Bahia foram recepcionados com ofensas,
além de agressões a dois jogadores, por um grupo de torcedores uniformizados que protestavam por conta da sequência de resultados ruins. O episódio escancara a realidade em que vive a sociedade brasileira, onde o discurso de ódio impera e tudo parece ser resolvido com ofensas e agressões. Vale ressaltar que o direito à livre manifestação deve ser respeitado, porém deve-se saber o limite entre manifestação e agressão.
GOL
CONTRA
Racismo no país da copa
Divulgação/Torpedo Moscow
Futebol, Política e Cidadania por Bete Dantas:
m um contexto de perda de direitos E sociais e de criminalização das Torcidas Organizadas (T.O’s), nada mais oportuno que destacar o trabalho social realizado pelas T.O’s, que reflete o compromisso político para além das arquibancadas. É o que faz o Grupo de Ação Social da Torcida Os Imbatíveis (GAS/ TUI) ao promover ações junto às pessoas em situação de rua, mulheres vítimas de violência, idosos, crianças e adolescentes institucionalizados, etc. Importante tirar da invisibilidade iniciativa tão positiva. Parabéns, TUI!
Torpedo Moscou, que O disputa a terceira divisão russa, cancelou o contra-
to do zagueiro Erving Botaka-Yoboma, apenas uma semana após a assinatura, por conta de protestos racistas da torcida. Botaka-Yoboma é russo e descendentes de congoleses.
FATOR DA CASA por Vinícius Sobreira
ais do que nunca o Cancão de Fogo M precisa fazer valer o fator casa. Na Série C a equipe teve aproveitamento ex-
cepcional em Juazeiro. A temporada será decidida nos próximos 3 jogos, 2 serão no Adauto Moraes. O time vai precisar do apoio da torcida. A começar por este sábado (28), quando enfrenta o Salgueiro, adversário direto na luta contra o rebaixamento. Após cumprir essa tarefa, fica a uma vitória ou talvez a um empate de se garantir na Terceirona de 2019. Precisa vencer o Santa Cruz para não jogar no desespero diante do Botafogo-PB na última rodada.